Contos gauchescos

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Contos GauchescosSimões Lopes Neto

Simões Lopes Neto (1865 – 1916)Simões Lopes Neto (1865 – 1916)

• Estância

• Colégio Abílio

• Faculdade de Medicina

• Pelotas

ObrasObras

• Cancioneiro Guasca (1910)

• Contos Gauchescos (1912)

• Lendas do Sul (1913)

• Casos do Romualdo (escrito em 1914, mas

publicado pela primeira vez em 1952)

APRESENTAÇÃO

Patrício, apresento-te Blau, o vaqueano.

Eu tenho cruzado o nosso Estado em caprichoso ziguezigue. Já senti a ardentia das areias desoladas do litoral; já me recreei nas encantadoras ilhas da lagoa Mirim; fatiguei-me na extensão da coxilha de Santana; molhei as mãos no soberbo Uruguai; tive o estremecimento do medo nas ásperas penedias do Caverá...

Genuíno tipo — crioulo — rio-grandense (hoje tão modificado), era Blau o guasca sadio, a um tempo leal e ingênuo, impulsivo na alegria e na temeridade, precavido, perspicaz, sóbrio e infatigável; e dotado de uma memória de rara nitidez brilhando através de imaginosa e encantadora loquacidade servida e floreada pelo vivo e pitoresco dialeto gauchesco.

(...) entre o Blau — moço, militar — e o Blau — velho, paisano —, ficou estendida uma longa estrada semeada de recordações — casos, dizia —, que de vez em quando o vaqueano recontava, como quem estende, ao sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca.

ApresentaçãoApresentação

• Blau Nunes, apresentador e leitor

• Saudosismo

• Vaqueano do leitor

GuerrasGuerras

• Cisplatina (1825 – 1828)

– “Anjo da vitória”, “Melancia e Coco Verde”

• Farrapos (1835 – 1845)

– “Duelo de farrapos”, “Os cabelos da china”

• Paraguai (1865 – 1870)

– “Chasque do imperador”

NARRADOR

“DUELO DE FARRAPOS”“DUELO DE FARRAPOS”

Já um ror de vezes tenho dito — e provo — que fui ordenança do meu general Bento Gonçalves.

(...)

Tenho que contar pelo miúdo, pra se entender bem. Em agosto de 42, o general, que era o presidente da República Rio-Grandense — vancê desculpe… estou velho, mas inté hoje, quando falo na República dos Farrapos, tiro o meu chapéu!... — o general fez um papel, quechamavam-lhe — decreto — mandando ordens pr’uma eleição grande, para deputados; estes tais é que iam combinar as leis novas e cuidar de outras cousas que andavam meio à matroca, por causa da guerra.

• 1ª pessoa (Exceção: Batendo orelha)

• Fluxo narrativo – memória e fala

• Parcialidade narrativa

DIÁLOGO OU

MONÓLOGO?

“O ANJO DA VITÓRIA”“O ANJO DA VITÓRIA”

Foi depois da batalha de Ituzaingo, no passo do Rosário, pra lá de São Gabriel, do outro lado do banhado de Inhatium. Vancê não sabe o que inhatium?

É mosquito: bem posto nome!Banhado de Inhatium... Virge,, Nossa Senhora!...

Mosquito, aí, fumaceia, no ar!Eu era gurizote: teria, o muito, uns dez anos; e

andava na companha do meu padrinho, que era capitão, para carregar os peçuelos e os avios do chimarrão.

• Trata-se de um diálogo porque a narração de Blau é dirigida a um ou mais interlocutores.

LINGUAGEM

• Vocabulário gaudério

• Mudanças na ortografia:

– Escuite, peor, alimal, vancê, entrevero, despacito...

DESCRIÇÃO

“NO MANANTIAL”“NO MANANTIAL”

Descrição de paisagem

Está vendo aquele umbu, lá embaixo, à direita do coxilhão?

(...)Mais pra baixo, como umas três quadras, há uns olhos-

d’água, minando das pedras, e logo adiante uns coqueiros; depois pega um cordão de araçazeiros.

“O NEGRO BONIFÁCIO”“O NEGRO BONIFÁCIO”

Descrição de personagem

Face cor de pêssego maduro; os dentes brancos e lustrosos como dente de cachorro novo; e os lábios da morocha deviam ser macios como treval, doces como mirim, frescos como polpa de guabiju...

VALORES

ValoresValores

• Ótica do homem do povo

• Coragem e honra

• “Jerivá torto não dá ripa”

• Homem do campo superior ao homem da cidade

• Gaúcho superior ao estrangeiro

• Machismo