Post on 04-Jan-2020
CONTRIBUICcedilOtildeES DO SOROBAN NA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMAacuteTICA A INCLUSAtildeO DE ALUNOS CEGOS
Wilma Odete Buchholzsup1
Denise Therezinha Rodrigues Marques Wolskisup2
RESUMO Atualmente um dos maiores desafios da escola eacute fazer com que a inclusatildeo de alunos com
necessidades especiais realmente se efetive no acircmbito escolar Para tanto eacute indispensaacutevel o envolvimento de todos os profissionais da educaccedilatildeo fazendo adaptaccedilotildees fiacutesicas metodoloacutegicas e curriculares Muitos professores afirmam natildeo estarem preparados ou capacitados para trabalhar com alunos que necessitam de atendimento diferenciado e mais especificamente na aacuterea de Matemaacutetica Os mesmos afirmam natildeo ter conhecimento de recursos didaacuteticos como o Soroban que eacute o instrumento de caacutelculo utilizado pela maioria dos alunos cegos Diante de tal situaccedilatildeo constatamos a necessidade de oferecer aos docentes da aacuterea de Matemaacutetica do estabelecimento de ensino em que atuamos e demais interessados materiais explicativos e oficinas para o conhecimento baacutesico deste instrumento de caacutelculo No desenvolvimento deste trabalho foram abordados o histoacuterico a estruturaccedilatildeo confecccedilatildeo e manipulaccedilatildeo do Soroban para o caacutelculo das operaccedilotildees fundamentais adiccedilatildeo subtraccedilatildeo multiplicaccedilatildeo e divisatildeo Durante a implementaccedilatildeo pedagoacutegica do projeto na escola procuramos refletir com os participantes sobre como a utilizaccedilatildeo do Soroban pode contribuir para o ensino da Matemaacutetica natildeo somente para o aluno cego pois sua manipulaccedilatildeo envolve habilidades como caacutelculo mental coordenaccedilatildeo motora domiacutenio do sistema de numeraccedilatildeo decimal requisitos fundamentais para um bom desempenho na aprendizagem desta disciplina
Palavras-chave Soroban Inclusatildeo Aluno cego Matemaacutetica Formaccedilatildeo continuada de professores
1 INTRODUCcedilAtildeO
O projeto Contribuiccedilotildees do Soroban na Formaccedilatildeo Continuada de Professores
de Matemaacutetica a inclusatildeo de alunos cegos apresentado ao Programa de
Desenvolvimento Educacional ndash PDE eacute parte integrante das atividades de formaccedilatildeo
continuada da Rede Estadual de Educaccedilatildeo do Paranaacute O referido projeto foi
desenvolvido no periacuteodo de marccedilo a maio de 2013 com professores do Coleacutegio
Estadual do Campo Professor Estanislau Wrublewski localizado no distrito de
Santana municiacutepio de Cruz Machado Nuacutecleo Regional de Uniatildeo da Vitoacuteria Aleacutem de
__________________________ 1 Especialista em Metodologia do Ensino de Matemaacutetica em Educaccedilatildeo Especial e em Educaccedilatildeo
Ambiental pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciecircncias e Letras de Uniatildeo da Vitoacuteria Professora do Coleacutegio Estadual do Campo Professor Estanislau Wrublewski - SEEDPDE 2012 wilmabuchholzhotmailcom
sup2Doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa Mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal do Paranaacute Professora Colaboradora do Departamento de Meacutetodos e Teacutecnicas de Ensino da Universidade Estadual de Ponta Grossa denisewolskihotmailcom
professores deste coleacutegio tambeacutem participaram professores do Coleacutegio Estadual
Baratildeo do Cerro Azul localizado no centro do mesmo municiacutepio e ainda docentes da
Rede Municipal de Educaccedilatildeo totalizando 18 participantes
As leis asseguram o acesso agrave escola regular para todas as pessoas
independente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas sensoriais ou intelectuais Para
compreender estas limitaccedilotildees e fazer as adaptaccedilotildees necessaacuterias no cotidiano
escolar destes sujeitos os docentes e demais envolvidos neste processo precisam
buscar constantemente capacitaccedilatildeo e informaccedilotildees que possam auxiliaacute-los Partindo
desta constataccedilatildeo este projeto teve como objetivo principal oportunizar aos
docentes da disciplina de Matemaacutetica e demais interessados formaccedilatildeo continuada
sobre o uso do Soroban material manipulativo que auxilia alunos cegos ou com
baixa acuidade visual no registro de quantidades e realizaccedilatildeo das operaccedilotildees
fundamentais adiccedilatildeo subtraccedilatildeo multiplicaccedilatildeo e divisatildeo
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
No entanto a maioria dos docentes da aacuterea natildeo recebeu em sua graduaccedilatildeo ou
capacitaccedilotildees posteriores o conhecimento baacutesico a respeito da sua estrutura e
manipulaccedilatildeo
Como professora de matemaacutetica atuante no atendimento de um aluno cego e
seis com baixa acuidade visual no Centro de Atendimento Especializado ao
Deficiente Visual ndash CAEDV buscamos oferecer capacitaccedilatildeo para que outros
professores possam desenvolver conhecimentos baacutesicos para auxiliar neste
processo de inclusatildeo na disciplina de matemaacutetica
2 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS
A globalizaccedilatildeo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e outras descobertas da
humanidade nas uacuteltimas deacutecadas proporcionaram grandes transformaccedilotildees na
sociedade e consequentemente na educaccedilatildeo pois a escola tem o dever de preparar
os indiviacuteduos para serem agentes ativos nessa nova realidade
Paralelamente ao que foi descrito acima a partir da obrigatoriedade do ensino
e do direito ao acesso por parte dos alunos com necessidades educativas especiais
a este ensino a escola passou a vivenciar muitas desconstruccedilotildees e adaptaccedilotildees e o
professor principal mediador na construccedilatildeo de uma aprendizagem significativa se
depara diariamente com situaccedilotildees nunca antes vivenciadas Tais situaccedilotildees exigem
dele encaminhamentos diferenciados e a procura de respostas a muitas indagaccedilotildees
a respeito de como promover a inclusatildeo efetiva de todos os educandos respeitando
seus limites e capacidades em outras palavras poderiacuteamos dizer que inclusatildeo e
diversidade satildeo temas primordiais em todas as discussotildees no acircmbito da educaccedilatildeo
atualmente
Deste modo eacute fundamental que nos empenhemos nessa busca procurando
sempre saber mais sobre as caracteriacutesticas de cada necessidade especial Parte
destas respostas deveriacuteamos encontrar nos cursos de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo
continuada o que nem sempre acontece Esta intervenccedilatildeo se daacute neste sentido
3 A EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL ATRAVEacuteS DOS TEMPOS E O MOVIMENTO DE INCLUSAtildeO
Durante muito tempo as pessoas com necessidades especiais ficaram
excluiacutedas dos sistemas de ensino ou seja natildeo lhes era permitido o acesso agrave escola
e nem ao conviacutevio em sociedade pois eram consideradas incapazes e vistas muitas
vezes como ameaccedilas agrave sociedade Mais tarde criaram-se escolas especiais onde
estas pessoas eram ldquodepositadasrdquo para o atendimento de suas necessidades
baacutesicas por se considerar que elas tinham poucas possibilidades de aprendizagem
em relaccedilatildeo aos alunos ditos ldquonormaisrdquo Acreditava-se que se fossem inseridos em
classes comuns essas possibilidades eram praticamente nulas como se destaca
nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para a Construccedilatildeo de Curriacuteculos
Inclusivos
A organizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Especial sempre esteve determinada por um criteacuterio baacutesico a definiccedilatildeo de um grupo de sujeitos que por inuacutemeras razotildees natildeo corresponde agrave expectativa de normalidade ditada pelos padrotildees sociais vigentes Assim ao longo da histoacuteria ela constitui uma aacuterea da educaccedilatildeo destinada a apresentar respostas educativas a alguns alunos ou seja agravequeles que supostamente natildeo apresentariam possibilidades de aprendizagem no coletivo das classes comuns que foram entre outras denominaccedilotildees estigmatizantes rotulados como excepcionais retardados deficientes (SEED-PR 2006 p 17)
Ao longo do seacuteculo XX e mais especificamente na deacutecada de 1960 ocorreram
profundas transformaccedilotildees no campo da educaccedilatildeo especial Como relata Fernandes
(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia
comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo
social
Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo
tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais
trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que
estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em
que vivem
No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que
impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu
a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em
1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades
Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias
principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em
niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo
inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com
necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e
saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)
[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)
Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive
em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com
necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei
de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de
1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a
modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)
Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos
afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional
no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de
aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva
demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento
de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos
Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013
Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas
como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma
forma pois segundo Menezes (2009)
Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)
Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de
avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e
flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um
todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando
31 A inclusatildeo do aluno cego
Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos
sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos
proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a
realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva
olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que
levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade
Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno
aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos
alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende
apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas
adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em
parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente
Visual - CAEDV
O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos
pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando
inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade
visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos
necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais
como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do
coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)
O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)
Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado
tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores
especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees
direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais
32 Formaccedilatildeo continuada de professores
As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de
aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades
educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser
considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de
vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para
promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais
consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido
Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)
destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
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KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
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MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
professores deste coleacutegio tambeacutem participaram professores do Coleacutegio Estadual
Baratildeo do Cerro Azul localizado no centro do mesmo municiacutepio e ainda docentes da
Rede Municipal de Educaccedilatildeo totalizando 18 participantes
As leis asseguram o acesso agrave escola regular para todas as pessoas
independente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas sensoriais ou intelectuais Para
compreender estas limitaccedilotildees e fazer as adaptaccedilotildees necessaacuterias no cotidiano
escolar destes sujeitos os docentes e demais envolvidos neste processo precisam
buscar constantemente capacitaccedilatildeo e informaccedilotildees que possam auxiliaacute-los Partindo
desta constataccedilatildeo este projeto teve como objetivo principal oportunizar aos
docentes da disciplina de Matemaacutetica e demais interessados formaccedilatildeo continuada
sobre o uso do Soroban material manipulativo que auxilia alunos cegos ou com
baixa acuidade visual no registro de quantidades e realizaccedilatildeo das operaccedilotildees
fundamentais adiccedilatildeo subtraccedilatildeo multiplicaccedilatildeo e divisatildeo
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
No entanto a maioria dos docentes da aacuterea natildeo recebeu em sua graduaccedilatildeo ou
capacitaccedilotildees posteriores o conhecimento baacutesico a respeito da sua estrutura e
manipulaccedilatildeo
Como professora de matemaacutetica atuante no atendimento de um aluno cego e
seis com baixa acuidade visual no Centro de Atendimento Especializado ao
Deficiente Visual ndash CAEDV buscamos oferecer capacitaccedilatildeo para que outros
professores possam desenvolver conhecimentos baacutesicos para auxiliar neste
processo de inclusatildeo na disciplina de matemaacutetica
2 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS
A globalizaccedilatildeo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e outras descobertas da
humanidade nas uacuteltimas deacutecadas proporcionaram grandes transformaccedilotildees na
sociedade e consequentemente na educaccedilatildeo pois a escola tem o dever de preparar
os indiviacuteduos para serem agentes ativos nessa nova realidade
Paralelamente ao que foi descrito acima a partir da obrigatoriedade do ensino
e do direito ao acesso por parte dos alunos com necessidades educativas especiais
a este ensino a escola passou a vivenciar muitas desconstruccedilotildees e adaptaccedilotildees e o
professor principal mediador na construccedilatildeo de uma aprendizagem significativa se
depara diariamente com situaccedilotildees nunca antes vivenciadas Tais situaccedilotildees exigem
dele encaminhamentos diferenciados e a procura de respostas a muitas indagaccedilotildees
a respeito de como promover a inclusatildeo efetiva de todos os educandos respeitando
seus limites e capacidades em outras palavras poderiacuteamos dizer que inclusatildeo e
diversidade satildeo temas primordiais em todas as discussotildees no acircmbito da educaccedilatildeo
atualmente
Deste modo eacute fundamental que nos empenhemos nessa busca procurando
sempre saber mais sobre as caracteriacutesticas de cada necessidade especial Parte
destas respostas deveriacuteamos encontrar nos cursos de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo
continuada o que nem sempre acontece Esta intervenccedilatildeo se daacute neste sentido
3 A EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL ATRAVEacuteS DOS TEMPOS E O MOVIMENTO DE INCLUSAtildeO
Durante muito tempo as pessoas com necessidades especiais ficaram
excluiacutedas dos sistemas de ensino ou seja natildeo lhes era permitido o acesso agrave escola
e nem ao conviacutevio em sociedade pois eram consideradas incapazes e vistas muitas
vezes como ameaccedilas agrave sociedade Mais tarde criaram-se escolas especiais onde
estas pessoas eram ldquodepositadasrdquo para o atendimento de suas necessidades
baacutesicas por se considerar que elas tinham poucas possibilidades de aprendizagem
em relaccedilatildeo aos alunos ditos ldquonormaisrdquo Acreditava-se que se fossem inseridos em
classes comuns essas possibilidades eram praticamente nulas como se destaca
nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para a Construccedilatildeo de Curriacuteculos
Inclusivos
A organizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Especial sempre esteve determinada por um criteacuterio baacutesico a definiccedilatildeo de um grupo de sujeitos que por inuacutemeras razotildees natildeo corresponde agrave expectativa de normalidade ditada pelos padrotildees sociais vigentes Assim ao longo da histoacuteria ela constitui uma aacuterea da educaccedilatildeo destinada a apresentar respostas educativas a alguns alunos ou seja agravequeles que supostamente natildeo apresentariam possibilidades de aprendizagem no coletivo das classes comuns que foram entre outras denominaccedilotildees estigmatizantes rotulados como excepcionais retardados deficientes (SEED-PR 2006 p 17)
Ao longo do seacuteculo XX e mais especificamente na deacutecada de 1960 ocorreram
profundas transformaccedilotildees no campo da educaccedilatildeo especial Como relata Fernandes
(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia
comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo
social
Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo
tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais
trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que
estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em
que vivem
No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que
impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu
a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em
1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades
Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias
principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em
niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo
inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com
necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e
saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)
[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)
Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive
em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com
necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei
de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de
1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a
modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)
Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos
afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional
no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de
aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva
demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento
de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos
Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013
Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas
como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma
forma pois segundo Menezes (2009)
Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)
Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de
avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e
flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um
todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando
31 A inclusatildeo do aluno cego
Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos
sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos
proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a
realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva
olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que
levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade
Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno
aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos
alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende
apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas
adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em
parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente
Visual - CAEDV
O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos
pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando
inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade
visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos
necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais
como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do
coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)
O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)
Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado
tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores
especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees
direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais
32 Formaccedilatildeo continuada de professores
As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de
aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades
educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser
considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de
vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para
promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais
consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido
Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)
destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
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MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
a este ensino a escola passou a vivenciar muitas desconstruccedilotildees e adaptaccedilotildees e o
professor principal mediador na construccedilatildeo de uma aprendizagem significativa se
depara diariamente com situaccedilotildees nunca antes vivenciadas Tais situaccedilotildees exigem
dele encaminhamentos diferenciados e a procura de respostas a muitas indagaccedilotildees
a respeito de como promover a inclusatildeo efetiva de todos os educandos respeitando
seus limites e capacidades em outras palavras poderiacuteamos dizer que inclusatildeo e
diversidade satildeo temas primordiais em todas as discussotildees no acircmbito da educaccedilatildeo
atualmente
Deste modo eacute fundamental que nos empenhemos nessa busca procurando
sempre saber mais sobre as caracteriacutesticas de cada necessidade especial Parte
destas respostas deveriacuteamos encontrar nos cursos de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo
continuada o que nem sempre acontece Esta intervenccedilatildeo se daacute neste sentido
3 A EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL ATRAVEacuteS DOS TEMPOS E O MOVIMENTO DE INCLUSAtildeO
Durante muito tempo as pessoas com necessidades especiais ficaram
excluiacutedas dos sistemas de ensino ou seja natildeo lhes era permitido o acesso agrave escola
e nem ao conviacutevio em sociedade pois eram consideradas incapazes e vistas muitas
vezes como ameaccedilas agrave sociedade Mais tarde criaram-se escolas especiais onde
estas pessoas eram ldquodepositadasrdquo para o atendimento de suas necessidades
baacutesicas por se considerar que elas tinham poucas possibilidades de aprendizagem
em relaccedilatildeo aos alunos ditos ldquonormaisrdquo Acreditava-se que se fossem inseridos em
classes comuns essas possibilidades eram praticamente nulas como se destaca
nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para a Construccedilatildeo de Curriacuteculos
Inclusivos
A organizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Especial sempre esteve determinada por um criteacuterio baacutesico a definiccedilatildeo de um grupo de sujeitos que por inuacutemeras razotildees natildeo corresponde agrave expectativa de normalidade ditada pelos padrotildees sociais vigentes Assim ao longo da histoacuteria ela constitui uma aacuterea da educaccedilatildeo destinada a apresentar respostas educativas a alguns alunos ou seja agravequeles que supostamente natildeo apresentariam possibilidades de aprendizagem no coletivo das classes comuns que foram entre outras denominaccedilotildees estigmatizantes rotulados como excepcionais retardados deficientes (SEED-PR 2006 p 17)
Ao longo do seacuteculo XX e mais especificamente na deacutecada de 1960 ocorreram
profundas transformaccedilotildees no campo da educaccedilatildeo especial Como relata Fernandes
(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia
comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo
social
Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo
tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais
trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que
estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em
que vivem
No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que
impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu
a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em
1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades
Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias
principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em
niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo
inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com
necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e
saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)
[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)
Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive
em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com
necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei
de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de
1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a
modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)
Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos
afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional
no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de
aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva
demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento
de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos
Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013
Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas
como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma
forma pois segundo Menezes (2009)
Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)
Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de
avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e
flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um
todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando
31 A inclusatildeo do aluno cego
Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos
sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos
proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a
realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva
olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que
levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade
Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno
aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos
alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende
apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas
adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em
parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente
Visual - CAEDV
O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos
pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando
inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade
visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos
necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais
como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do
coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)
O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)
Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado
tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores
especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees
direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais
32 Formaccedilatildeo continuada de professores
As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de
aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades
educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser
considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de
vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para
promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais
consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido
Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)
destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia
comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo
social
Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo
tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais
trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que
estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em
que vivem
No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que
impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu
a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em
1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades
Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias
principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em
niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo
inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com
necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e
saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)
[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)
Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive
em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com
necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei
de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de
1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a
modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)
Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos
afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional
no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de
aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva
demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento
de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos
Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013
Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas
como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma
forma pois segundo Menezes (2009)
Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)
Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de
avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e
flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um
todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando
31 A inclusatildeo do aluno cego
Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos
sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos
proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a
realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva
olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que
levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade
Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno
aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos
alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende
apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas
adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em
parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente
Visual - CAEDV
O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos
pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando
inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade
visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos
necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais
como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do
coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)
O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)
Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado
tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores
especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees
direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais
32 Formaccedilatildeo continuada de professores
As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de
aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades
educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser
considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de
vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para
promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais
consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido
Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)
destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de
aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva
demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento
de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos
Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013
Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas
como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma
forma pois segundo Menezes (2009)
Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)
Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de
avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e
flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um
todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando
31 A inclusatildeo do aluno cego
Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos
sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos
proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a
realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva
olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que
levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade
Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno
aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos
alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende
apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas
adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em
parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente
Visual - CAEDV
O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos
pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando
inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade
visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos
necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais
como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do
coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)
O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)
Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado
tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores
especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees
direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais
32 Formaccedilatildeo continuada de professores
As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de
aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades
educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser
considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de
vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para
promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais
consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido
Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)
destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas
adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em
parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente
Visual - CAEDV
O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos
pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando
inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade
visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos
necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais
como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do
coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)
O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)
Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado
tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores
especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees
direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais
32 Formaccedilatildeo continuada de professores
As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de
aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades
educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser
considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de
vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para
promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais
consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido
Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)
destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas
atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais
Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os
professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas
incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho
Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os
subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola
inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e
outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas
vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal
funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as
identidades dos professores
Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer
com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo
suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso
que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de
responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo
33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego
Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e
efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos
tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para
efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa
Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos
destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde
recebeu o nome de Soroban
Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan
Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda
no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do
cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de
concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da
informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom
desempenho de qualquer funccedilatildeo
No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes
japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em
1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo
deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde
ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em
httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012
Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo
mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em
estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste
instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal
desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e
autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de
Educaccedilatildeo Especial - MEC
O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)
Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa
no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente
visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido
emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e
ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes
numeacutericas
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos
Fonte Soroban na escola 2012
Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma
retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas
separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois
retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma
conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo
ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes
Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27
hastes
Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado
Fonte Acervo proacuteprio 2013
O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da
portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo
de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de
desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um
instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras
o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo
do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos
atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de
nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma
4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO
A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando
oito encontros conforme descrito a seguir
No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das
accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica
produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da
Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas
que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo
de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)
Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor
Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com
um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um
acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei
natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular
Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou
seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje
no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem
para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais
Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas
famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de
normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire
posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente
No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de
acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo
Especial pode ser definida como
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)
Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo
A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)
Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa
visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico
das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala
geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo
de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo
Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos
cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe
desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos
satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada
caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como
algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como
algumas pessoas enxergam
O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do
histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo
aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao
desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais
Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar
caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de
Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)
o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades
luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban
Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)
encontramos que
Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo
classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo
sequecircncia Loacutegica
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
contagem (em diferentes bases)
inclusatildeo de Classe
intersecccedilatildeo de Classe
conservaccedilatildeo (p 35)
Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e
atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos
dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o
desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo
apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees
fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas
memorizando regras
No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos
Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral
Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro
Figura 5 - Soroban artesanal
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo
entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente
efetuar caacutelculos tais como
contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo
passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar
reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior
eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na
parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo
pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7
classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e
C (centena)
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban
Fonte Acervo proacuteprio 2013
Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e
ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma
em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade
e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o
mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas
conheccedilam e utilizem
Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave
implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso
tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a
educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente
temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo
Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por
noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo
universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola
pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada
para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com
algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante
para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas
trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido
que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa
visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo
Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A
inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode
proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar
momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o
R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado
para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles
podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o
aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode
potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo
Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os
alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes
(niacutevel meacutedio)
Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar
o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de
Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo
Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como
vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do
Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de
Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais
alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo
As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram
quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes
de dois coleacutegios do municiacutepio
Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana
pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando
a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de
Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro
horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs
coleacutegios estaduais do municiacutepio
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas
percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos
participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de
avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das
avaliaccedilotildees
ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o
ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante
poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees
de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo
ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo
grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente
encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute
comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas
concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo
Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior
que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os
quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de
outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios
da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma
diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos
REFEREcircNCIAS
ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013
lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009
KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012
MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em
lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012
MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009
NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006
PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013