Post on 03-Dec-2018
Para falar o ser humano necessita que osórgãos sensoriais, motores e de articulação,estejam perfeitos, caso contrário a fala torna-sedefeituosa. Na criança essa problemática é maior,pois além de torná-la desajustada ao seu meio,essa deficiência provoca reflexos na aprendizageme no desempenho escolar. Sendo assim alinguagem parece preceder a fala, tendo em vistaa criança se comunicar mesmo antes de adquiri-laatravés de gestos, mímicas e olhares.
Ambientais: A forma da fala dos pais é muitoimportante para o desenvolvimento dalinguagem e da fala da criança. Em geral oambiente onde a criança vive fornece o climaemocional, os modelos verbais e asexperiências infantis. A descontração e asegurança afetiva desse meio influenciapositivamente no desenvolvimento das fasesiniciais de vocalização e balbucio.
Biológicos: São considerados sob os aspectos hereditários e o estado de saúde. Hereditariedade: Fornece maior ou menor potencialde aprendizagem das regras e do vocabulário dalíngua. As diferenças individuais formam uma escalaonde na média se encontra a maioria, e nos extremosestão os altamente privilegiados de um lado e no outroos que apresentam inabilidade congênita para alinguagem; O estado de saúde é extremamente importante,especialmente até os 3 anos. Doenças e carêncianutricional nesse período são os principais obstáculospara a aquisição da linguagem.
Durante as 5 ou 6 semanas de vida, a fala aparece com gritos ou choros, onde a criança expressa fome, sede, dor ou desconforto;
A partir de 2m inicia a fase do balbucio, pois os bebêsouvem tanto seus sons como os dos outros edesenvolvem sua capacidade de discriminação;(criançasurda não balbucia)
Aos 12 m a criança usa palavras isoladas; Aos 21m associa 2 palavras; Aos 2 anos usa orações curtas; Aos 3 anos , já pode dominar 500 ou 600 palavras; Aos 5 anos o mecanismo da emissão deve estar
desenvolvido e a linguagem se apresenta estruturada.
Os problemas na área da linguagem e da fala apresentam os aspectos psicológico (ou emocional) e o orgânico e ora um é causa, e ora um é consequência:
Alguns distúrbios cerebrais impedem a passagem dafase do choro e do balbucio.
Há fatores físicos que prejudicam a falaimpossibilitando a comunicação (lábio leporino, defeitono céu da boca)
Fatores emocionais presentes em algumas formas demutismo; A falta de oportunidade prejudica a evolução da falada criança (ficar muito tempo sozinha, ou malacompanhada, sem estimulação e o afeto necessários);
Mudez: Incapacidade de articular palavras, geralmentedecorrente de transtorno do SNC, que atinge a coordenação dasideias e impedindo a sua transmissão em forma de expressãoverbal. Em grande parte decorre por problemas na audição. Quando a criança fica surda antes da idade de adquirir alinguagem, ela não aprende a falar, a não ser com tratamentoespecializado. Se a surdez ocorre antes dos 5anos, mesmo parcial,provocará dificuldades na fala, porque ela esquece o que adquiriu.É necessário então um novo aprendizado com base na visão e notato. A fala não desaparece quando a criança fica surda após os9anos, mas a voz se modifica, torna-se grave e alta, quando onervo auditivo sofre lesão e baixa e monótona se o problema forno ouvido médio.
Voz débil; Baixa inteligibilidade da fala devido a má articulação; Baixa inteligibilidade da fala por lapsos de gramática
(léxicos ou de sintaxe); Fala desagradável ao ouvinte; Características da fala que incomodam pois
apresentam diferença em relação aos padrões deidade e sexo;
Fala acompanhada de sons que perturbam, de gestose caretas.
Na escola qualquer distúrbio da fala toma grandeproporção e deve ser detectado muito cedo, pois osproblemas em geral se transferem para a escrita
Mudez psicológica ou emocional é a eletiva, onde acriança nega a fala somente em algumas situaçõesou na presença de determinadas pessoas ;
Silêncio por tensão excessiva devido a grande sustoou ataque sexual;
Silêncio total como arma contra seus educadores(pais muito perfeccionistas e ansiosos);
Esquizofrenia infantil, quando a criança fala sóconsigo mesma, vive isolada do exterior, conversasó com seres imaginários.
Defeitos anatômicos ou funcionamentofisiológico anormal dos maxilares, da língua e odo véu palatal;
Sentimentos, emoções ou atitudesperturbadoras;
Conceitos inadequados do eu;
Dificuldade de adaptação ao ambiente.
A partir dos 14meses a criança já é capaz depronunciar palavras com significado, espera-se queela tenha sua linguagem estruturada. Quando isso nãoacontece pode-se definir uma forma de atraso nalinguagem. Em algumas crianças esse atraso ésuperado a partir dos 4 anos em outras, o problema setransforma num distúrbio específico de articulaçãoresolvido bem mais tarde naturalmente ou comtratamento especializado.
Características: Deficiência do vocabulário; Deficiência na capacidade de formular ideias; Desenvolvimento retardado da estruturação de
sentenças.
Só por volta dos 7ou 8 anos é que os órgãos dafala têm maturidade para produzir todos ossons linguísticos.
Idade Consoantes que articula3 anos4 anos5 anos6 anos7 anos
M-n-pB-k-g-lNg-dL-r-t-ch-cr-dr-cl-bl-glV-j-s-z-tr-st-sl-sp
Após os 7 anos se a criança não consegue pronunciarcorretamente todas as consoantes com suas combinações,então se apresenta o que chamamos de problema dearticulação. Esse distúrbio da fala se manifesta de váriasformas de acordo com suas características:
Dislalia – Omissão, substituição, distorção ou acréscimo desons na palavra falada. Essa falha da articulação pode terorigem orgânica como defeitos na arcada dentária, lábioleporino, freio da língua curto, língua de tamanho acima donormal; ou origem funcional, quando a criança não sabemudar a posição da língua e dos lábios.
A dislalia funcional ocorre com frequência em filhos caçulas efilhos de estrangeiros. Ela interfere no processo deaprendizagem da escrita.
Disartria – É o distúrbio do ritmo e de entoação. Origem: 1º - Lesões no sistema nervoso alterando a estimulação
e o controle dos nervos, provocando a má articulação, quandosevera, dificulta o reconhecimento da palavra;
2º - Perturbações nos músculos que produzem os sonslinguísticos, resultante de paresia (paralisia incompleta),paralisia ou ataxia dos músculos articulatórios.
A disartria é frequente nos casos de paralisia em geral,associada a outros distúrbios de linguagem. É muito comum empessoas com paralisia periférica do nervo hipoglosso,pneumogástrico e facial, e naquelas que apresentam esclerose emplacas ou intoxicação alcoólica. Também em pessoas com tumoresno cérebro, cerebelo ou tronco encefálico, ou com lesõesvasculares encefálicas.
Chamados de disfonias, podem ser funcionaisquando impedem o controle dos sons e envolvem só osórgãos periféricos; ou orgânicos, quando hácomprometimento do SNC.
Na criança, a disfonia funcional tem a ver com adesarmonia e insegurança no lar (fator psicológico): asque gritam têm voz alta e rouca; as que são manhosas emimadas têm a voz anasalada; a criança tímida tem avoz soprosa e, infantilizada, a voz da criança que imita oirmão menor ou os pais incentivam essa fala.
Voz em falsete – caracteriza-se pelo timbre elevado,às vezes com tom de choro, é comum nos meninosdurante a adolescência (contração exagerada domúsculo cricotireóideo). Nas meninas durante a adolescência costuma ocorrera afonia. A voz monótona é uma disfonia de origem orgânicacausada por doenças no SNC. Apresenta incapacidadede inflexão e pode vir junto com um enfraquecimentoda capacidade auditiva. Os problemas de fonação também podemapresentar-se com pronúncia defeituosa de algunssons como m em vez de b e n em vez de d.
Caracteriza-se pela fala produzida com repetições de sílabas,palavras ou conjunto de palavras, prolongamento de sons,hesitações e bloqueios. Desvios de assunto e a desorganizaçãode relatos também podem se juntar às disfluências. As disfluências patológicas ocorrem por dificuldadesperceptivomoras orais ou por falhas linguísticas presentes emdisfunção cerebral mínima, paralisia cerebral e deficiênciamental e em determinada etapa do desenvolvimento dalinguagem. As de origem emocional são associadas a distúrbios depersonalidade e a conflitos nas relações afetivas. As resultantesde fortes traumas acontecem em crianças e adultos, mas as quese instalam de forma abrupta ocorrem quase exclusivamenteantes dos 8 anos.
Gagueira ou tartamudez é uma das principais disfluências,inicia-se entre os 3 e 4 anos, aos 7 anos e na puberdade. Atinge mais o sexo masculino. Envolve bloqueios, hesitações,prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras oufrases, é acompanhada também de tensão muscular, rápidopiscar de olhos, irregularidades respiratórias e caretas. Sua origem tem uma base genética (maior incidência emfamília de gagos); mais comum em pessoas canhotas; associadaa nascimento de gêmeos e à prematuridade. Entre os gagos há incidência maior de distúrbio do SNC. Como causas funcionais tem-se a perda de um ente querido,um acidente ou quando a pessoa sobre uma severa repreensão. Em geral os pais de gagos são perfeccionistas e têm altonível de aspiração para os filhos.
Primária: Quando a criança de 2 a 4 anos ainda nãotem consciência de sua dificuldade, mesmoapresentando bloqueios, hesitações e repetições desons. Nesse momento é bom não criticar a criança, falarbaixo e devagar com ela, importância da pré-escola. Secundária: Crescente tensão muscular, medo eesforço. Aqui a pessoa já tem consciência de que égago, o que gera ansiedade ao falar certas palavras. É importante ensinar técnicas de respiração, controledo ritmo e articulação das silabas palavras e aconstruir gradualmente a sua fluência.
Auditivos (queda-d’água, trem em movimento, música)
Impedem que pessoa escute a sua voz, diminuem a ansiedade;
Proporcionam aumento da voz , distraem a pessoa e a fazem falar mais devagar.
Rítmicos Ajudam a regular a respiração; absorvem a atenção da pessoa, facilitam a sincronização dos movimentos da fala.
Canto Atenua a vocalização da consoante, tem efeito rítmico;provoca mudança de tonalidade, altera a intensidade da voz e tem efeito relaxante.
Murmúrio Simplifica e coordena a respiração e a articulação, facilitando a fluência.
Mudança de tonalidade
Baixar a intensidade
Provoca o esquecimento da gagueira, fazendo a pessoa manter seu novo tom de voz.
Facilita a fluência e a pessoa pode aprender a falar em tons sussurrantes.
É associada à perturbação da linguagem decorrentede distúrbios no funcionamento cerebral e semanifesta por uma incapacidade para relacionar o queé percebido com o seu significado. Ou de transformaro pensamento em expressão. Os sintomas envolvem os setores emocional, sistemavisomotor, linguagem (falada, escrita, auditiva, visual). Na afasia incluem-se a agnosia e a apraxia. A agnosia é a incapacidade de ligar a palavrapercebida a seu significado (ligada aos sentidos visão,tato e audição; A apraxia é a incapacidade de relacionar qualquerexperiência com o ato motor correspondente.
Sensorial ou receptiva – a pessoa ouve e vê mas nãocompreende; Motora ou expressiva – É incapaz de falar ou escreveradequadamente; Conceitual – Não consegue encontrar as palavras nemformular conceitos; Global ou mista – Apresenta todas as formas delinguagem afetadas; Não-fluente – Tem dificuldade para dar início à fala epara produzir as sequências articulatórias e gramaticais; Fluente – Articula e produz sequências grandes depalavras em construções gramaticais variadas, mas temdificuldades para encontrar os vocábulos.
A fala, a leitura e a escrita fazem parte do sistema funcionalde linguagem.
O ser humano apresenta três sistemas verbais o auditivo(palavra falada), o visual (palavra lida) e o escrito.
A aprendizagem da fala demanda uma linguagem interna. Osprocessos de linguagem interna são os que possibilitam atransformação da experiência em símbolos. Nesse sentido, arecepção antecede a expressão.
Quando a criança entra na escola espera-se que ela já tenhavivenciado as etapas de compreensão e expressão da palavrafalada para que na sua alfabetização esteja apta adesenvolver os estágios de compreensão da palavra impressa(leitura) e sua expressão (escrita).
O início da leitura e da escrita depende deuma complexa integração dos processosneurológicos e de uma harmoniosa evoluçãode habilidades básicas, como percepção,esquema corporal, lateralidade, etc.
A criança está pronta para ser alfabetizadaquando já tem um nível suficiente para iniciar oprocesso da função simbólica (leitura) e suatransposição gráfica (escrita).
A leitura envolve: a identificação dos símbolos impressos; A relação dos símbolos gráficos com os sons; A compreensão e análise crítica do que foi lido.
Quando a criança tem dificuldade paraaprender por meio da linguagem auditiva evisual, e não consegue reter e integrar na suaexperiência o que ouve e vê, ela podeapresentar distúrbio de leitura.
Memória: a criança apresenta dificuldade auditiva e visual na retenção de informações;
Orientação espaço-temporal: a criança não reconhece direita e esquerda;
Esquema corporal: conhecimento deficiente de seu esquema corporal;
Motricidade: Distúrbio secundário de coordenação motora ampla e fina, atrapalhando o equilíbrio e destreza manual;
Distúrbio topográfico: Incapacidade de algumas crianças em compreender legendas de mapas, gráficos e maquetes;
Soletração: Crianças que são incapazes de revisualizar e reorganizar de forma auditiva as letras.
Dislexia: A criança dislexa apresenta: Demora a aprender a falar, fazer laço nos sapatos, reconhecer as
letras, pegar e chutar bola, pular corda; Escrever números e letras corretamente; Ordenar as letras do alfabeto, meses do ano e sílabas de palavras
compridas; Distinguir esquerda e direita; Precisa de blocos, dedos ou anotações para cálculos; Dificuldade incomum para lembrar a tabuada; Tempo de compreensão de leitura e quatro operações mais lento
que o esperado; Faz confusões de instruções, nº de telefone, lugares, horários e
datas; Dificuldade para planejar e fazer redações.
O processo de escrita requer uma capacidade de conservarideia, ordenando-a numa sequência relacionada.
Podem ser encontrados três tipos básicos de distúrbios deescrita:
1º - Disgrafia: Dificuldade em passar o estímulo visual dapalavra impressa para a escrita. Apresenta lento traçado dasletras;
2º - Disortografia: Incapacidade de transcrever de forma corretaa linguagem oral, trocas ortográficas e confusão de letras;
3º - Erros de formulação e sintaxe: A criança não conseguepassar para a escrita o conhecimento da linguagem oral, emborapossa ler fluentemente e tenha uma linguagem oral perfeita.
Os distúrbios de aprendizagem da leitura e da escrita podem tervárias causas:
Orgânicas: cardiopatias, encefalopatias, deficiências sensoriais,deficiências motoras, deficiências intelectuais, disfunção cerebrale outras enfermidades de longa duração;
Psicológicas: desajustes emocionais provocados pela ansiedade,insegurança e baixa autoestima que a criança tem por suadificuldade de aprendizagem;
Pedagógicas: Métodos inadequados de ensino; Sócio-culturais: Ausência de estimulação, desnutrição, privação
cultural, marginalização das crianças com dificuldades deaprendizagem;
Dislexia: déficit na capacidade de simbolizar. Provoca umadificuldade específica na aprendizagem da identificação dossímbolos gráficos.
Discalculia: Os distúrbios de aritmética estãoligados aos distúrbios de leitura e escrita,tendo em vista que para a criança compreenderinstruções e enunciados matemáticos, assimcomo as operações aritméticas, faz-senecessário a superação das dificuldades acimamencionadas. Nesse sentido a criança comdiscalculia apresenta distúrbios de linguagemreceptivo-auditiva e aritmética, memóriaauditiva e aritmética, distúrbios de leitura earitmética e distúrbios de escrita e aritmética.
As principais questões envolvendo distúrbios de fala,sugere-se a avaliação otorrinolaringologia e se for ocaso também da fonoaudiologia.
Considera-se que a avaliação diagnóstica de dislexia,discalculia, etc. são avaliações clínicas, de processose comportamento.
Importante avaliar a responsabilidade do processoeducativo enquanto aceleração de ritmo.
Efetuar a crítica sobre as condições e aumentonúmero de casos na atualidade, buscando razõessociais também para entender o fenômeno.