Post on 10-Jan-2019
totornar
acadêmica
acultura
demassas.
Osestudos
culturaisna
América
têmpoucas
dasligações
commovim
entospolíticos
queenergizaram
osestudos
culturaisna
Grã-Bretanha
epoderiam
servistoscom
osendo
prin-cipalm
enteum
estudocheio
derecursos,
interdisciplinar,mas
aindaaca-
dêmico,
depráticas
culturaiserepresentação
cultural.Osestudos
cultu-rais
"têmaobrigação
deser"
radicais,mas
aoposição
entreestudos
cul-turais
ativistaseestudos
literáriospassivos
podeser
mero
otimism
o.Osdebates
sobrearelação
entreliteratura
eestudos
culturaisestão
cheiosde
queixasde
elitismo
eacusações
deque
oestudo
dacultura
po-pular
traráamorte
daliteratura.
Emtoda
aconfusão,
ajudaseparar
doisconjuntos
dequestões.
Oprim
eiroconjunto
envolvequestões
sobreovalor
dese
estudarum
tipode
objetocultural
ououtro.
Ovalor
dese
estudarShakespeare
aoinvés
denovelas
nãopode
mais
seraceito
semdiscussão
eprecisa
serdiscutido:
oque
tiposdiferentes
deestudos
podemconseguir,
noque
dizrespeito
aotreinam
entointelectual
emoral,
porexem
plo?Tais
argumentos
nãosão
fáceisde
propor:oexem
plode
comandantes
decam
-pos
deconcentração
alemães
queeram
conhecedoresde
literatura,arte
emúsica
complicou
tentativasde
defenderos
efeitosde
tiposespecíficos
deestudo.
Mas
essasquestões
deveriamser
encaradasde
frente.Um
conjuntodiferente
dequestões
envolveos
métodos
paraoestu-
dode
objetosculturais
detodos
ostipos
-as
vantagensedesvantagens
dediferentes
modos
deinterpretação
eanálise,
taiscom
oainterpretação
dosobjetos
culturaiscom
oestruturas
complexas
ousua
leituracom
osin-
tomas
detotalidades
sociais.Em
boraainterpretação
apreciativatenha
sidoassociada
aosestudos
literárioseaanálise
sintomática,
aosestudos
culturais,cada
umdos
doismodos
podecom
binarcom
cadaum
dostipos
deobjeto
cultural.Aleitura
cerradada
escritanão-literária
nãoimplica
valorizaçãoestética
doobjeto;
tampouco
fazerperguntas
culturaisa
respeitodas
obrasliterárias
implica
queelas
sãoapenas
documentos
deum
período.No
próximo
capítulo,desenvolvo
aindamais
oproblem
ada
interpretação.
;)1{
4inguagem
")Sentidoe
Interpretação
Aliteratura
éum
tipoespecial
delinguagem
ouéum
usoespecial
dalinguagem
?Élinguagem
organizadade
maneiras
distintasou
élinguagem
aque
seconcedem
privilégiosespeciais?
Argumentei,
noCapítulo
2,que
nãoadiantará
escolherum
aopção
ououtra:
aliteratura
envolvetanto
aspropriedades
dalinguagem
quantoum
tipoespecial
deatenção
àlin-
guagem.
Como
essedebate
indica,as
questõessobre
anatureza
eos
papéisda
linguagemesobre
como
analisá-Iasão
centraispara
ateoria.
Algumas
dasprincipais
questõespodem
serenfocadas
atravésdo
proble-mado
sentido.Oque
estáenvolvido
nareflexão
sobreosentido?
Tomem
osos
versosque
tratamos
anteriormente
como
literatura,um
poema
dedois
versosde
RobertFrost'9:
THESEC
RET
SITS
Wedance
roundinaring
andsuppose,
Butthe
secretsits
inthe
middle
andknow
s.
Oque
é"sentido"
aqui?Bem
,há
uma
diferençaentre
indagara
respeitodo
sentidode
umtexto
(opoem
acom
oum
todo)eosentido
deum
apalavra.
Podemos
dizerque
dancesignifica
"realizarum
asucessão
de
39"O
SEGREDO
SENTA/Dançam
osem
CÍrculo
esupom
osJMas
oSegredo
sentano
meio
esabe",
(N,T.)
.'5<)
movim
entosrítm
icosepadronizados",
mas
oque
significaesse
texto?Ele
sugere,você
poderiadizer,
afutilidade
dosatos
humanos:
damos
voltase
andamos
emtorno;
podemos
apenassupor.
Mais
doque
isso,com
suarim
aeseu
arde
conhecimento
sobreoque
estáfazendo,
essetexto
envolveoleitor
numprocesso
dedeslindam
entoda
dançaeda
suposição.Esse
efeito,oprocesso
queotexto
consegueprovocar,
éparte
deseu
sen-tido.
Assim,tem
ososentido
deum
apalavra
eosentido
ouas
provocaçõesde
umtexto;
então,no
meio,
háoque
poderíamos
chamar
desentido
deum
aelocução:
osentido
doato
deproferir
essaspalavras
emcircunstân-
ciasespecíficas.
Que
atoessa
elocuçãoestá
realizando:está
advertindoou
admitindo,
lamentando
ouse
vangloriando,por
exemplo?
Quem
éo
nósaqui
eoque
significadançar,
nessaelocução?
Nãopodem
osapenas
indagararespeito
do"sentido",
portanto.Há
pelomenos
trêsdim
ensõesou
níveisdiferentes
desentido:
osentido
deum
apalavra,
deum
aelocução
ede
umtexto.
Ospossíveis
sentidosdas
palavrascontribuem
paraosentido
deum
aelocução,
queéum
atode
umfalante.
(Eos
sentidosdas
palavras,por
suavez,
vêmdas
coisasque
elaspoderiam
fazernas
elocuções).Finalm
ente,otexto,
queaqui
representaum
falantedesconhecido
proferindoessa
elocuçãoenigm
ática,éalgo
queum
autorconstruiu,
eseu
sentidonão
éum
aproposição
mas
oque
elefaz,
seupotencial
deafetar
osleitores.
Temos
tiposdiferentes
desentido,
mas
umacoisa
quepodem
osdizer
emgeral
éque
osentido
sebaseia
nadiferença.
Nãosabem
osaquem
o"nós"
serefere
nessetexto:
apenasque
éum
"nós"que
seopõe
aum
"eu"sozinho
ea"ele",
"ela","você"
e"eles".
"Nós"éalgum
grupoplural
indefinidoque
incluiqualquer
falanteque
pensamos
estarenvolvido.
Estáoleitor
incluídoem
"nós"ou
não?"Nós"
étodo
mundo
excetooSegredo,
ouéum
grupoespecial?
Essasperguntas,
quenão
têmrespostas
fáceis,surgem
emqualquer
tentativade
interpretaçãodo
poema.
Oque
temos
sãocontrastes,
diferenças.Omesm
opoderia
serdito
de"dançar"
e"supor".
Oque
dançarsignifi-ca
aquidepende
daquilocom
queocontrastam
os("dançar
emcírculos"
emoposição
a"prosseguir
diretamente"
ouem
oposiçãoa"ficar
parado");e"supor"
seopõe
a"saber':
Pensarsobre
osentido
dessepoem
aéum
aquestão
detrabalhar
comoposições
oudiferenças,
dando-Ihesconteúdo,
extrapolandoapartir
delas.Um
alíngua
éum
sistema
dediferenças.
Assimodeclara
Ferdinandde
()O
I
Saussure,um
lingüistasuíço
doinício
doséculo
XXcuja
obrafoi
crucialpara
ateoria
contemporânea40•
Oque
tornacada
elemento
deum
alíngua
oque
elaé,o
quelhe
dásua
identidade,são
oscontrastes
entreele
eou-
troselem
entosdentro
dosistem
ada
língua.Saussure
ofereceum
aanalo-
gia:um
trem-digam
osoexpresso
Londres-Oxford
das8:30h
-depende,
parasua
identidade,do
sistema
detrens,
talcom
odescrito
nohorário
fer-roviário.
Assim,oexpresso
Londres-Oxford
das8:30h
sedistingue
doexpresso
Londres-Cambridge
das9:30h
edo
tremlocal
deOxford
das8:45h.
Oque
contanão
sãoquaisquer
dascaracterísticas
físicasde
umtrem
específico:alocom
otiva,os
vagões,arota
exata,os
funcionários,etc.,
podemtodos
variar,assim
como
oshorários
departida
echegada;
otrem
podechegar
epartir
atrasado.Oque
dáao
tremsua
identidadeéseu
lugarno
sistema
detrens:
éesse
trem,em
oposiçãoaos
outros.Com
odiz
Saussures,obre
osigno
lingüística:"Sua
característicamais
precisaéser
oque
osoutros
nãosão':
Igualmente,
aletra
bpode
serescrita
emqual-
quernúm
erode
maneiras
diferentes(pense
nacaligrafia
depessoas
dife-rentes),
contantoque
nãoseja
confundidacom
outrasletras,
taiscom
oI,
k,oud.O
queécrucial
nãoéqualquer
forma
ouconteúdo
específico,mas
asdiferenças,
quelhe
permitem
terum
significado.Para
Saussure,alíngua
éum
sistema
designos
eofato-chave
éoque
elecham
ade
naturezaarbitrária
dosigno
lingüístico.Isso
significaduas
coisas.Prim
eiro,osigno
(porexem
plo,um
apalavra)
éum
acom
binaçãode
uma
forma
(o"significante")
ede
umsentido
("osignificado")
ea
relaçãoentre
forma
esentido
sebaseia
naconvenção,
nãona
semelhança
natural.Aquilo
sobreoque
estousentado
secham
aum
achair
(cadeira)-
mas
poderiaperfeitam
entebem
tersido
chamado
deoutra
coisa-wab
oupunce.
Éum
aconvenção
ouregra
dalíngua
inglesaque
sejaum
aenão
aoutra;
emoutras
línguas,teria
nomes
bastantediferentes.
Oscasos
emque
pensamos
como
sendoexceções
sãoas
palavras"onom
atopéicas"em
queosom
pareceimitar
oque
elarepresenta,
comobow
-wow
oubuzz.
Mas
essasdiferem
deum
alíngua
paraoutra:
emfrancês,
oscachorros
dizemoua-oua
ebuzz
ébourdonner'.
40Ferdinand
deSaussure
(1857-]913).
Lingüistasuíço,
cujasidéias
sobreaestrutura
dalinguagem
lançaramas
basesdas
ciênciaslingüísticas
noséculo
XX.Aobra
aque
Culler
serefere
éCurso
deLingüÍstica
Geral.
puhlica<!npela
primeira
vezem
1916por
doisde
seusalunos,
quereconstruíram
seupensam
entoapartir
desuas
notasde
aul;1
coutros
materiais.
(N.T.)41
BOll':\l'O
\I":latido
decao:
1m:.:.,
zumbido
oubarulho
decam
painha.(N.T.)
61
II,
Aindamais
importante,
paraSaussure
epara
ateoria
recente,éose-
gundoaspecto
danatureza
arbitráriado
signo:tanto
osignificante
(for-ma)
quantoosignificado
(sentido)são
elespróprios
divisõesconven-
cionaisdo
planodo
somedo
planodo
pensamento,
respectivamente.
Aslínguas
dividemoplano
dosom
eoplano
dopensam
entode
modo
dife-rente.
Alíngua
inglesadivide
"chair","cheer"
e"char"42,no
planodo
som,
como
signosseparados
comsentidos
diferentes,mas
nãoprecisa
fazerisso
-eles
poderiamser
pronúnciasvariantes
deum
únicosigno.
Noplano
dosentido,
alíngua
inglesadistingue
"chair"de
"stool"(um
acadeira
semencosto)
mas
permite
queosignificado
ouconceito
"chair"inclua
assen-tos
comesem
braçosetanto
assentosduros
quantoassentos
macios
eluxuosos
-duas
diferençasque
poderiamperfeitam
entebem
envolverconceitos
distintos.
Umalíngua,
insisteSaussure,
nãoéum
a"nom
enclatura"que
forneceseus
própriosnom
espara
categoriasque
existemfora
dalinguagem
.Essa
éum
aquestão
comram
ificaçõescruciais
paraateoria
recente.Tendem
osapresum
irque
temos
aspalavras
cachorroe
cadeiraafim
denom
earcachorros
ecadeiras,
queexistem
forade
qualquerlinguagem
.Mas,
argu-menta
Saussure,se
aspalavras
substituíssemconceitos
preexistentes,teriam
equivalentesexatos
emsentido
deum
alíngua
paraoutra,
oque
nãoéabsolutam
enteocaso.
Cada
línguaéum
sistema
deconceitos
ede
formas:
umsistem
ade
si.gnosconvencionais
queorganiza
omundo.
Com
oalíngua
serelaciona
aopensam
entoéum
aquestão
importante
paraateoria
recente.Num
extremo,
estáavisão
desenso
comum
deque
alingua
apenasfornece
nomes
parapensam
entosque
existemindepen-
dentemente;
alíngua
oferecemaneiras
deexpressar
pensamentos
pre-existentes.
Num
outroextrem
o,está
a"hipótese
Sapir-Whorf",
nomeada
apartir
dedois
lingüistasque
afirmavam
quealíngua
quefalam
osdeter-
mina
oque
conseguimos
pensar.Por
exemplo,
Whorf
argumentava
queos
índiosHopi
têmum
aconcepção
detem
poque
nãopode
sercom
preendi-da
eming
lês(e
portantonão
podeser
explicadaaq
uii).Parece
nãohaver
ummodo
dedem
onstrarque
hápensam
entosde
uma
línguaque
nãopodem
serpensados
ouexpressos
numaoutra,
mas
temos
provasmaciças
deque
uma
línguatorna
"naturais"ou
"normais"
pensamentos
queexi-
gemum
esforçoespecial
numa
outra.
42Cadeira,
aplaudirecarbonizar,
respectivamente.
(N,T.)(,2
I,
I~
ocódigo
lingüísticoéum
ateoria
domundo.
Línguasdiferentes
divi-dem
omundo
diferentemente.
Falantesde
inglêstêm
"pets"(anim
aisde
estimação)
-um
acategoria
quenão
temnenhum
correspondenteem
francês,em
boraos
francesespossuam
quantidadesimoderadas
decachorros
egatos.
Alíngua
inglesanos
obrigaaaprender
osexo
deum
bebêde
modo
ausar
opronom
ecorreto
parafalar
sobreele
ouela
(nãopodem
oscham
arum
bebêde
"it"43);nossa
línguadesse
modo
sugereque
osexo
écrucial
(daí,sem
dúvida,apopularidade
dasroupas
decor
rosaou
azul,para
sinalizararesposta
corretaaos
falantes).Mas
essamarca
lingüísticado
sexonão
éde
modo
alguminevitável;
nemtodas
aslínguas
fazemdo
sexoacaracterística
crucialdos
recém-nascidos.
Asestruturas
gramaticais,
também
,são
convençõesde
uma
língua,não
naturaisou
inevitáveis.Quando
olhamos
paraocéu
evem
osum
movim
entode
asas,nossa
línguapoderia
perfeitamente
bemperm
itir-nosdizer
algocom
o,"Está
asando"(do
modo
quedizem
os"Está
chovendo"),ao
invésde
"pás-saros
estãovoando".
Um
poemafam
osode
PaulVerlaine44joga
comessa
estrutura:"11pleure
dansmon
coeur!Com
me
ilpleut
surIaville"
(Chora
nomeu
coração,com
ochove
sobreacidade).
Dizem
os,"está
chovendona
cidade";por
quenão
"estáchorando
nomeu
coração"?Alíngua
nãoéum
a"nom
enclatura"que
forneceetiquetas
paracate-
goriaspreexistentes;
elagera
suaspróprias
categorias.Mas
osfalantes
eleitores
podemser
levadosaenxergar
atravéseem
tornodas
configu-rações
dasua
língua,afim
dever
uma
realidadediferente.
Asobras
deliteratura
exploramas
configuraçõesou
categoriasdos
modos
habituaisde
pensarefreqüentem
entetentam
dobrá-Iasou
reconfigurá-Ias,mos-
trando-noscom
opensar
algoque
nossalíngua
nãohavia
previstoante-
riormente,
nosforçando
aatentar
paraas
categoriasatravés
dasquais
vemos
omundo
irrefletidamente.
Alíngua
é,dessamaneira,
tantoamani-
festaçãoconcreta
daideologia
-as
categoriasnas
quaisos
falantessão
autorizadosapensar
-quanto
oespaço
deseu
questionamento
oudes-
fazimento.
Saussuredistingue
osistem
ade
umalíngua
(Ia/angue)
deexem
plosparticulares
defala
eescrita
(paro/e).Atarefa
dalingüística
éreconstruir
osistem
asubjacente
(ougram
ática)da
línguaque
tornapossíveis
os
43"It"·
pronome
neutroem
inglês,usado
apenaspara
sereferir
aobjetos
ouanim
ais.(N.T.)
44Paul-!'vIarie
Verlaine
(1844-1896).Poeta
líricofrancês,
umdos
maiores
nomes
doSim
bolismo.
(N,T.)
(,:~
eventosde
falaou
poro/e.Isso
envolvemais
umadistinção
entreoestu-
dosincrânico
deum
alíngua
(queenfoca
alíngua
como
umsistem
anum
mom
entoespecífico,
presenteou
passado)eoestudo
diocrânico,que
examina
asmudanças
históricassofridas
porelem
entosespecíficos
dalíngua.
Compreender
umalíngua
comoum
sistema
quefunciona
éexam
i-ná-Ia
sincronicamente,
tentandoexplicar
detalhadamente
asregras
econvenções
dosistem
aque
tornampossíveis
asform
asesentidos
dalín-
gua.O
mais
influentelingüista
denossa
época,Noam
Chomsky,
ofun-
dadordo
queécham
adode
gramática
gerativa-transformacional,
vaialém
,argum
entandoque
atarefa
dalingüística
éreconstruir
a"com
-petência
lingüística"dos
falantesnativos:
oconhecim
entoou
habilidadeespecífica
queos
falantesadquirem
eque
oscapacita
afalar
eentender
atémesm
osentenças
queeles
nuncaencontraram
antes.Assim
,alingüística
começo
comfatos
sobreaform
aeosentido
queas
elocuçõestêm
paraos
falantesetenta
explicá-Ias.Com
oéque
asduas
sentençasaseguir
comform
assem
elhantes-John
iseoger
top/eose
eJohn
iseosy
top/eose4S
-têm
sentidosmuito
diferentespara
osfalantes
deinglês?
Osfalantes
sabemque,
naprim
eira,John
queragradar
eque,
nasegunda,
sãoos
outrosque
oagradam
.Um
lingüistanão
tentadesco-
briro"verdadeiro
sentido"dessas
sentenças,com
ose
aspessoas
tivessemestado
erradasotem
potodo
e,lá
nofundo,
assentenças
significassemoutra
coisa.Atarefa
dalingüística
édescrever
asestruturas
dalíngua
inglesa(aqui,
postulandoum
nívelsubjacente
deestrutura
gramatical)
demodo
aexplicar
diferençascom
provadasde
sentidoentre
essassentenças.
Aqui,há
uma
distinçãobásica,
negligenciadadem
asiadofreqüente-
mente
nosestudos
literários,entre
doistipos
deprojetos:
um,modelado
nalingüística,
consideraos
sentidoscom
oaquilo
quetem
deser
explica-do
etenta
resolvercom
oeles
sãopossíveis.
Ooutro,
porcontraste,
começa
comas
formas
eprocura
interpretá-Ias,para
nosdizer
oque
elasrealm
entesignificam
.Nos
estudosliterários,
esteéum
contrasteentre
apoética
eaherm
enêutica.Apoética
começa
comos
sentidosou
efeitoscom
provadoseindaga
como
elessão
obtidos.(O
quefaz
comque
essetrecho
numrom
ancepareça
irônico?Oque
nosfaz
simpatizar
comesse
personagemespecífico?
Porque
ofinal
dessepoem
aéam
bíguo?)Aher-
menêutica,
poroutro
lado,com
eçacom
ostextos
eindaga
oque
elessig-
45John
estáansioso
poragradar
'e101111é
f<ÍciJde
agradar.(N,T.)
64
11
IiIIIIfiIIj
nificam,
procurandodescobrir
interpretaçõesnovas
emelhores.
Osmode-
losherm
enêuticosvêm
doscam
posda
leieda
religião,em
queas
pessoasprocuram
interpretarum
textolegal
ousagrado
autorizadoafim
dedecidir
como
agir.Omodelo
lingüísticosugere
queoestudo
literáriodeveria
escolhera
primeira
pista,ada
poética,tentando
entendercom
oas
obrasobtêm
seusefeitos,
mas
atradição
moderna
dacrítica
escolheuesm
agadoramente
asegunda,
fazendoda
interpretaçãodas
obrasindividuais
oclim
axdo
estu-do
literário.Na
realidade,as
obrasde
críticaliterária
freqüentemente
combinam
poéticaeherm
enêutica,indagando
como
umefeito
específicoéobtido
oupor
queum
finalparece
correto(am
basquestões
depoética).
mas
também
indagandooque
umverso
específicosignifica
eoque
umpoem
anos
dizsobre
acondição
humana
(hermenêutica).
Mas
osdois
pro-jetos
sãoem
princípiobastante
distintos,com
objetivosdiferentes
etipos
diferentesde
evidência.Adotar
ossentidos
ouefeitos
comoponto
depar-
tida(poética)
éfundam
entalmente
diferentede
buscardescobrir
osenti-
do(herm
enêutica).Se
osestudos
literáriosadotassem
alingüística
como
modelo,
suatarefa
seriadescrever
a"com
petêncialiterária"
queos
leitoresde
litera-tura
adquirem.
Uma
poéticaque
descrevesseacom
petêncialiterária
enfocariaas
convençõesque
tornampossíveis
aestrutura
literáriaeo
sentido:quais
sãoos
códigosou
sistemas
daconvenção
quepossibilitam
aosleitores
identificargêneros
literários,reconhecer
enredos,criar
"per-sonagens"
apartir
dedetalhes
dispersosfornecidos
notexto,
identificartem
asem
obrasliterárias
eiratrás
dotipo
deinterpretação
simbólica
quenos
permite
medir
aimportância
dospoem
asehistórias?
Essaanalogia
entrepoética
elingüística
podeparecer
desorientado-ra,
poisnão
conhecemos
osentido
deum
aobra
literáriada
mesm
amaneira
queconhecem
ososentido
deJohn
iseager
top/eose
e,portanto,não
podemos
tomar
osentido
comoum
dadomas
temos
debuscá-Io.
Essaécertam
enteum
arazão
pelaqual
osestudos
literáriosna
épocamoder-
nafavoreceram
aherm
enêuticaem
detrimento
dapoética
(aoutra
razãoéque
aspessoas
geralmente
estudamas
obrasliterárias
nãoporque
estãointeressadas
nofuncionam
entoda
literaturamas
porquepensam
queessas
obrastêm
coisasimportantes
adizer
edesejam
saberquais
são).Mas
apoética
nãoexige
queconheçam
ososentido
deum
aobra;
suatarefa
éexplicar
quaisquerefeitos
quepossam
oscom
provar-por
exem-
65
pio,que
umfinal
émais
bem-sucedido
queoutro,
queessa
combinação
deimagens
numpoem
afaz
sentidoao
passoque
outranão.
Alémdisso,
umaparte
crucialda
poéticaéum
aexplicação
decom
oos
leitoresfazem
parainterpretar
asobras
literárias-quais
sãoas
convençõesque
Ihespossibilitam
entenderas
obrascom
oeles
asentendem
.Porexem
plo,oque
chamei,
noCapítulo
2,de
"princípiocooperativo
hiperprotegido"éum
aconvenção
básicaque
tornapossível
ainterpretação
daliteratura:
asu-
posiçãode
queas
dificuldades,aaparente
faltade
sentido,as
digressõeseirrelevâncias
têmum
afunção
relevanteem
algumnível.
Aidéia
decom
petêncialiterária
focalizaaatenção
noconhecim
entoimplícito
queos
leitores(eescritores)
trazempara
seusencontros
comos
textos:que
espéciesde
procedimentos
osleitores
seguemao
responderàs
obrasda
maneira
querespondem
?Que
tipode
pressupostosdevem
serapropriados
paraexplicar
suasreações
einterpretações?
Pensarnos
leitoresena
maneira
como
elesentendem
aliteratura
levouao
queé
chamado
de"estética
darecepção",
queafirm
aque
osentido
dotexto
éaexperiência
doleitor
(umaexperiência
queinclui
hesitações,conjecturas
eautocorreções).
Seum
aobra
literáriaéconcebida
como
umasucessão
deações
sobreoentendim
entode
umleitor,
entãoum
ainterpretação
daobra
podeser
umahistória
desseencontro,
comseus
altosebaixos:
diver-sas
convençõesou
expectativassão
postasem
jogo,ligações
sãopostu-
ladas,eexpectativas
derrotadasou
confirmadas.
Interpretarum
aobra
écontar
umahistória
deleitura.
Mas
ahistória
quese
podecontar
arespeito
deum
adada
obradepende
doque
osteóricos
chamam
de"horizonte
deexpectativas"
doleitor.
Umaobra
éinterpretada
comoresposta
aquestões
postaspor
essehorizonte
deexpectativas
eum
leitordos
anos90
desteséculo
abordaHam
/etcom
expectativasdiferentes
dasde
umcontem
porâneode
Shakespeare.Toda
uma
gama
defatores
podeafetar
oshorizontes
deexpectativas
dosleitores.
Acrítica
feminista
temdiscutido
quediferença
faz,que
diferençadeveria
fazer,se
oleitor
éum
amulher.
Como,
pergun-ta
ElaineShowalter4G
,"a
hipótesede
uma
leitorafem
ininamuda
nossaapreensão
deum
dadotexto,
nosdespertando
paraaimportância
deseus
códigossexuais"?
Ostextos
literárioseas
tradiçõesde
suasinterpretações
parecemter
presumido
umleitor
masculino
einduzido
asmulheres
aler
46Umadas
expoentesda
críticafem
inistanorte-am
ericana.(N.T.)
66
~!In1I
como
umhom
em,apartir
deum
pontode
vistamasculino.
Damesm
aform
a,os
teóricosde
cinema
têmlevantado
hipótesesde
queoque
elescham
amde
olharcinem
ático(a
visãoapartir
daposição
dacâm
era)é
essencialmente
masculino:
asmulheres
sãoposicionadas
como
oobjeto
doolhar
cinemático
enão
como
oobservador.
Nosestudos
literários,as
críticasfem
inistastêm
estudadoas
diversasestratégias
pelasquais
asobras
tornamnorm
ativaaperspectiva
masculina
etêm
discutidocom
oo
estudodessas
estruturaseefeitos
deveriamudar
osmodos
deler
-para
asmulheres
assimcom
opara
oshom
ens.Ofoco
nasvariações
históricasesociais
dosmodos
deler
enfatizaque
interpretaréum
aprática
social.Osleitores
interpretaminform
almente
quandoconversam
comam
igossobre
livrosou
filmes;
interpretampara
simesm
osàmedida
quelêem
.Para
ainterpretação
mais
formal
queocorre
nassalas
deaulas,
háprotocolos
diferentes.Para
qualquerelem
entode
umaobra,
vocêpode
perguntaroque
elefaz,
comoele
serelaciona
comoutros
elementos,
mas
ainterpretaçâo
pode,em
última
análise,envolver
jogarojogo
do"sobre":
"então,sobre
oque
éessa
obrarealm
ente"?Essa
questãonão
éinspirada
pelaobscuridade
deum
texto;éainda
mais
apro-priada
paraos
textossim
plesdo
quepara
osperversam
entecom
plexos.Nesse
jogo,aresposta
devesatisfazer
certascondições:
nãopode
seróbvia,
porexem
plo;deve
serespeculativa.
Dizerque"
Ham
letésobre
umpríncipe
daDinam
arca"érecusar-se
ajogar
ojogo.
Mas"
Ham
letésobre
ocolapso
daordem
domundo
elizabetano",ou
"Ham
letésobre
omedo
queohom
emtem
dasexualidade
feminina",
ou"Ham
letésobre
anão
confiabilidadedos
signos"valem
como
possíveisrespostas.
Oque
écom
u-mente
vistocom
o"escolas"
decrítica
literáriaou
"abordagens"teóricas
daliteratura
são,doponto
devista
daherm
enêutica,disposições
dedar
tiposespecíficos
derespostas
àsquestão
desobre
oque,
emúltim
ainstância,
umaobra
é:"aluta
declasses"
(marxism
o)."a
possibilidadede
unificaçãoda
experiência"(New
Criticism
),"conflito
edipiano"(psicanálise),
"acon-
tençãode
energiassubversivas"
(novohistoricism
o),"a
assimetria
dasrelações
degênero"
(feminism
o)."a
naturezaautodesconstrutivista
dotexto"
(desconstrução),"a
oclusãodo
imperialism
o"(teoria
pós-colonial),"a
mÇltriz
heterossexual"(gay
andlesbian
studies).Osdiscursos
teóricosnom
eadosentre
parêntesesnão
sãoprim
aria-mente
modos
deinterpretação:
sãoexplicações
doque
consideramser
particularmente
importante
paraacultura
easociedade.
Muitas
dcss,ls
67
teoriasincluem
explicaçõesdo
funcionamento
daliteratura
oudo
discur-so
emgeral
eportanto
participamdo
projetoda
poética;mas,
comover-
sõesda
hermenêutica,
dãoorigem
atipos
específicosde
interpretaçãonos
quaisos
textossão
mapeados
numa
linguagem-alvo.
aque
éimportante
nojogo
deinterpretação
nãoéaresposta
quevocê
propõe-com
omi-
nhasparódias
mostram
,algum
asversões
daresposta
tornam-se,
pordefinição,
previsíveis.aque
éimportante
écom
ovocê
chegalá,
oque
vocêfaz
comos
detalhesdo
textoao
relacioná-Ioscom
suaresposta.
Mas
como
escolherentre
diferentesinterpretações?
Como
meus
exemplos
podemsugerir,
numdeterm
inadonível
nãohá
necessidadede
decidirse
Ham
letéem
"última
análisesobre",
digamos,
apolítica
renascentista,as
relaçõesdos
homens
comsuas
mães,
ouanão
confia-bilidade
dossignos.
Avivacidade
dainstituição
dosestudos
literáriosdepende
dosfatos
duplosde
que(1)
essesargum
entosnunca
seresolvem
.e(2)devem
-seproduzir
argumentos
sobrecom
ocenas
oucom
binaçõesde
versosespecíficas
sustentamqualquer
hipóteseespecífica.
Nãose
podefazer
uma
obrasignificar
qualquercoisa:
elaresiste
evocê
temde
se,esforçar
paraconvencer
osoutros
dapertinência
desua
leitura.Para
acondução
dessesargum
entos,um
apergunta-chave
éoque
determina
osentido.
Voltamos
aessa
questãocentral.
aque
determina
osentido?
Àsvezes,
dizemos
queosentido
deum
aelocução
éoque
alguémquer
dizercom
ela,com
ose
aintenção
deum
falantedeterm
inasseosentido.
Àsvezes,
dizemos
queosentido
estáno
texto-você
podeter
pretendidodizer
x,mas
oque
vocêdisse
realmente
significay-com
ose
osentido
fosseoproduto
daprópria
linguagem.
Àsvezes,
dizemos
queocontexto
éoque
determina
osentido:
parasaber
oque
essaelocução
específicasignifica,
vocêtem
deexam
inaras
circuns-tâncias
ouocontexto
históricono
qualela
figura.Alguns
críticosafir-
mam
,com
omencionei,
queosentido
deum
textoéaexperiência
doleitor.
Intenção,texto,
contexto,leitor
-oque
determina
osentido?
Agora,ofato
deque
seproduzem
argumentos
paratodos
osquatro
fatoresmostra
queosentido
écom
plexoeesquivo,
nãoalgo
determina-
dode
umavez
portodas
porqualquer
umdesses
fatores.Um
adiscussão
delonga
datana
teorialiterária
dizrespeito
aopapel
daintenção
nadeterm
inaçãodo
sentidoliterário.
Umartigo
famoso
chamado
de"A
FaláciaIntencional"
argumenta
que,no
casodas
obrasliterárias,
asdis-
cussõessobre
ainterpretação
nãose
resolvemconsultando
ooráculo
(o
68
·1,f1
autor).asentido
deum
aobra
nãoéoque
oescritor
tinhaem
mente
emalgum
mom
entodurante
acom
posiçãoda
obra,ou
oque
oescritor
pensaque
aobra
significadepois
determ
inada,mas,
aocontrário,
oque
eleou
elaconseguiu
corporificarna
obra.Se,
naconversa
comum
,freqüente-
mente
tratamos
osentido
deum
aelocução
como
oque
oem
itenteten-
ciona,éporque
estamos
mais
interessadosno
queofalante
estápensan-
donaquele
mom
entodo
queem
suaspalavras,
mas
asobras
literáriassão
valorizadaspelas
estruturasespecíficas
depalavras
quecolocam
emcir-
culação.Restringir
osentido
deum
aobra
aoque
umautor
poderiater
tencionadoperm
aneceum
aestratégica
críticapossível,
mas
geralmente
nosdias
dehoje
essesentido
estáam
arradonão
aum
aintenção
interiormas
àanálise
dascircunstâncias
pessoaisou
históricasdo
autor:que
tipode
atoesse
autorestava
realizando,dada
asituação
domom
ento?Essa
.estratégiadenigre
respostasposteriores
àobra,
sugerindoque
aobra
respondeapreocupações
deseu
mom
entode
criaçãoeapenas
acidental-mente
àspreocupações
deleitores
subseqüentes.Oscríticos
quedefendem
anoção
deque
aintenção
determina
osen-
tidoparecem
temer
que,senegam
osisso,colocam
osos
leitoresacim
ados
autoresedecretam
osque
"valetudo"
nainterpretação.
Mas,
sevocê
propõeum
ainterpretação,
vocêtem
depersuadir
osoutros
arespeito
dapertinência
dela,ou
entãoela
serádescartada.
Ninguémafirm
aque
"valetudo".
Quanto
aosautores,
nãoémelhor
homenageá-Ios
pelopoder
desuas
criaçõesde
estimular
reflexãoinfinita
ede
darorigem
aum
avarie-
dadede
leiturasdo
quepelo
queimaginam
osser
osentido
originalde
umaobra?
Nadadisso
épara
dizerque
asdeclarações
deum
autorsobre
umaobra
nãotêm
interesse:para
muitos
projetoscríticos,
sãoespecial-
mente
valiosas,com
otextos
ase
justaporao
textoda
obra.Podem
sercruciais,
porexem
plo,na
análisedo
pensamento
deum
autorou
nadis-
cussãodas
maneiras
pelasquais
umaobra
poderiater
complicado
ousub-
vertidoum
avisão
ouintenção
anunciada.asentido
deum
aobra
nãoéoque
oautor
tinhaem
mente
emalgum
mom
ento,tam
poucoésim
plesmente
uma
propriedadedo
textoou
aexperiência
deum
leitor.asentido
éum
anoção
inescapávelporque
nãoéalgo
simples
ousim
plesmente
determinado.
Ésim
ultaneamente
uma
experiênciade
umsujeito
eum
apropriedade
deum
texto.Étanto
aquiloque
compreendem
oscom
ooque,
notexto,
tentamos
compreender.
Discussõessobre
osentido
sãosem
prepossíveis
e,sendoassim
,oscnliilo
69
éimpreciso,
estásem
preaser
decidido,sujeito
adecisões
quenunca
sãoirrevogáveis.
Sedevem
osadotar
algumprincípio
oufórm
ulageral,
poderíamos
dizerque
osentido
édeterm
inadopelo
contexto,já
queo
contextoinclui
regrasde
linguagem,
asituação
doautor
edo
leitore
qualqueroutra
coisaque
poderiaser
concebivelmente
relevante.Mas,
sedizem
osque
osentido
estápreso
aocontexto,
entãodevem
osacrescen-
tarque
ocontexto
éilim
itado:não
sepode
determinar
deantem
ãooque
poderiacontar
comorelevante,
queaam
pliaçãodo
contextopoderia
con-seguir
alteraroque
consideramos
comoosentido
deum
texto.Osentido
estápreso
aocontexto,
mas
ocontexto
éilim
itado.As
grandesmudanças
nainterpretação
daliteratura
provocadaspelos
discursosteóricos
poderiam,na
realidade,ser
pensadascom
ooresultado
doalargam
entoou
redescriçãodo
contexto.Porexem
plo,Toni
Morrison47
argumenta
quealiteratura
norte-americana
foiprofundam
entemarcada
pelamuitas
vezesnão
reconhecidapresença
históricada
escravidão,eque
oscom
promissos
dessaliteratura
comaliberdade
-aliberdade
dafron-
teira,da
estradaaberta,
daimaginação
semgrilhões
-deveria
serlida
nocontexto
daescravidão,
apartir
doqual
elesadquirem
importância.
EEdward
Said48sugeriu
queos
romances
deJane
Austendeveriam
serinter-
pretadoscontra
umpano
defundo
queéexcluído
deles:aexploração
dascolônias
doImpério
queproporciona
ariqueza
parasustentar
umavida
decorosano
planodom
ésticona
Grã-Bretanha.
Osentido
estápreso
aocontexto,
mas
ocontexto
éilim
itado,sem
preaberto
amutações
soba
pressãode
discussõesteóricas.
Asexplicações
daherm
enêuticafreqüentem
entedistinguem
uma
hermenêutica
doresgate,
quebusca
reconstruirocontexto
originalde
produção(as
circunstânciaseintenções
doautor
eos
sentidosque
umtexto
poderiater
tidopara
seusleitores
originais)de
umaherm
enêuticada
suspeita,que
buscaexpor
ospressupostos
nãoexam
inadoscom
osquais
umtexto
podecontar
(políticos,sexuais,
filosóficos,lingüísticos).
Aprim
eirapode
celebrarum
textoeseu
autoràmedida
quebusca
tornarum
amensagem
originalacessível
aosleitores
hoje,enquanto
diz-semuitas
vezesque
asegunda
negaaautoridade
dotexto.
Mas
essasasso-
47Pseudônim
ode
Chloe
Anthony
Wodard
(1931-).Romancista
norte-americana,
conhecidapor
suasondagem
da
experiênciados
negros(principalm
entedas
mulheres
negras).Ganhadora
doPrêm
ioNobeI.
(N.T.)
48Edw
ardSaid
(1935).Intelectual
eativista
árabe-palestino,éum
dosprincipais
teóricosdateoria
culturaledo
dis-curso
colonialepós-colonial.
(N,T.)
70
ciaçõesnão
sãofixas
epodem
muito
bemser
invertidas:um
aherm
enêu-tica
doresgate,
aorestringir
otexto
aalgum
sentidosupostam
enteorigi-
naldistanté
denossas
preocupações,pode
reduzirseu
poder,enquanto
umaherm
enêuticada
suspeitapode
valorizarotexto
pelamaneira
pelaqual,
semoconhecim
entode
seuautor,
elenos
envolveenos
ajudaare-
pensarquestões
mom
entosashoje
(talvezsubvertendo
ospressupostos
deseu
autorno
processo).Mais
pertinenteque
essadistinção
podeser
uma
distinçãoentre
(1)ainterpretação
queconsidera
otexto,
emseu
fun-cionam
ento,com
otendo
algovalioso
adizer
(issopoderia
serherm
enêu-tica
reconstrutivaou
suspeitosa)e(2)
ainterpretação
"sintomática"
quetrata
otexto
como
osintom
ade
algonão-textual,
algosupostam
ente"mais
profundo",que
éafonte
realde
interesse,seja
elaavida
psíquicado
autorou
astensões
sociaisde
umaépoca
ouahom
ofobiada
sociedadeburguesa.
Ainterpretação
sintomática
negligenciaaespecificidade
doobjeto
-éum
signode
outracoisa
-eportanto
nãoémuito
satisfatóriaenquanto
ummodo
deinterpretação,
mas,
quandoenfoca
aprática
cul-tural
daqual
aobra
éum
exemplo,
podeser
útilpara
uma
explicaçãodaquela
prática.Interpretar
umpoem
acom
oum
sintoma
ouum
casoilus-
trativode
característicasda
lírica,por
exemplo,
poderiaser
hermenêutica
insatisfatóriamas
umacontribuição
útilàpoética.
Aisso
mevolto
agora.
71