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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAO FSICA
GRADUAO EM LICENCIATURA EM DANA
Marcela dos Santos Delabary
DANA E FLEXIBILIDADE: Interferncias na Qualidade de Vida de Adultos
Porto Alegre
2014
1
Marcela dos Santos Delabary
DANA E FLEXIBILIDADE: Interferncias na Qualidade de Vida de Adultos
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Dana da Escola de Educao Fsica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial obteno do Grau de Licenciado em Dana.
Orientadora: Professora Dr. Aline Nogueira Haas
Porto Alegre
2014
2
Marcela dos Santos Delabary
DANA E FLEXIBILIDADE: Interferncias na Qualidade de Vida de Adultos
Conceito Final:
Aprovado em .......... de ..................................... de ................
BANCA EXAMINADORA:
______________________________
Prof. Ms Rubiane Falkenberg Zancan UFRGS
______________________________
Orientador Prof. Dr Aline Nogueira Haas UFRGS
3
Dedico este trabalho minha famlia e s
pessoas queridas que compartilham
momentos importantes da minha vida,
torcendo, vibrando e aplaudindo a cada
sonho realizado.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus pelo dom da vida e por ter me presenteado com uma famlia
to especial, por ter colocado pessoas incrveis em meu caminho e pelas
oportunidades maravilhosas que me foram oferecidas.
Aos meus pais, Rogrio e Gldis, pela educao que me deram, da qual me
orgulho muito. Pela dedicao, amor e carinho. Por sempre me incentivarem na
busca pelos meus sonhos e, paralelamente, me proporcionarem uma base slida e
uma tima estrutura para que eu me desenvolvesse, nos mbitos pessoal e
profissional.
Ao meu irmo, Henrique, que sempre foi motivo de orgulho e um exemplo de
perseverana a ser seguido pela irm caula. Sempre pronto e disponvel a ajudar
em qualquer dvida, desde os tempos de escola. Antes de qualquer coisa: amigo,
parceiro e protetor.
Ao meu namorado, Maycon, que me acompanhou durante quatro anos dos
cinco em que estive na graduao. Que se interessou pelo mundo da dana e se
esforou para estabelecer uma relao harmnica com as frequentes
apresentaes. Mas que, acima de tudo, soube ser compreensvel e companheiro
nesta fase da minha vida acadmica.
Aos meus avs: Geny, Salvador e Cacilda, que lutam para assistir todos os
momentos importantes da vida dos netos. Pelos mimos e carinhos que recebo
sempre de vocs. A minha grande, unida e divertida famlia, que me prestigia nos
espetculos, torce por mim e comemora comigo a cada conquista.
Aos mestres que trouxeram a dana at mim de uma forma apaixonante, em
especial a minha primeira professora, Tia Kitty, e a minha grande inspirao do Jazz,
Tia F. Aos queridos professores da Escola de Dana Kitty e da UFRGS que
dividiram sua sabedoria com tanto carinho e de forma generosa, atravs de
correes especficas em momentos pontuais e frases motivadoras.
Agradeo a todas as amizades que este mundo da dana me proporciona. s
minhas amadas colegas de Ballet e Jazz com as quais compartilho o frio na barriga
durante as rodas de orao na coxia, minutos antes da apresentao, e com as
quais tenho o maior orgulho de poder dividir o palco. s colegas da turma Dana
UFRGS/2010, que compartilharam momentos nicos e especiais de descobertas,
trocas, vivncias e aprendizados ao longo destes cinco anos de faculdade. Aos
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colegas de trabalho da Dullius Dance, que se tornaram amigos e companheiros do
dia a dia.
Tambm aos amigos que fiz fora do mundo da dana, com os quais
compartilho momentos felizes, de confraternizao e sorrisos. Amigos que torcem
pela felicidade dos outros.
s minhas iluminadas borboletas Maranathas, por compreenderem meus
momentos de ausncia neste ano e, ainda assim, continuarem conectadas comigo,
me acolhendo sempre.
Ao querido grupo que se formou a partir dos onze participantes deste estudo,
com o qual vivi momentos muito divertidos, prazerosos e inspiradores. Foi
gratificante, como professora e pesquisadora, a motivao e participao destes
alunos to especiais durante as aulas. E, acima de tudo, a amizade que se formou
entre os participantes.
minha estimada professora Aline, pelo empenho e entusiasmo com que
orientou meu estudo. Pela ateno, disponibilidade e motivao que apresenta em
relao a minha vida acadmica e ao meu desenvolvimento profissional.
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A maior limitao est na mente, no nos
membros atrofiados do corpo. Quem
dana por dentro, rebola por fora.
(Antnio Francisco)
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RESUMO
O pblico adulto geralmente encontra-se exposto a situaes de tenso e imobilidade que causam desconfortos musculares e, muitas vezes, um desinteresse pelo corpo em movimento. Dessa forma, o presente estudo visa analisar como a prtica regular de dana, ligada a uma proposta de flexibilidade, pode interferir na qualidade de vida de indivduos adultos. A pesquisa em questo caracteriza-se por ser de ordem quantitativa com estudo semi-experimental. Foram aplicadas 30 aulas de dana com proposta de flexibilidade em um grupo de dez adultos entre 40 e 65 anos. As aulas tinham durao de uma hora e frequncia de duas vezes por semana, sendo divididas em prtica inspiradas em cinco gneros da dana de salo: bolero, salsa, forr, soltinho e samba; e, propostas de relaxamento e mobilizao articular. A flexibilidade foi avaliada atravs do aparelho Gonimetro e, a qualidade de vida, a partir do questionrio SF-36. Esses instrumentos de coleta de dados foram aplicados antes e depois do perodo de prtica. Foram observadas as alteraes na mobilidade articular da coluna vertebral e do quadril, bem como, as alteraes na qualidade de vida dos indivduos participantes dessa pesquisa, aps a aplicao de trinta aulas de dana, juntamente com uma proposta de flexibilidade. Os resultados apontaram ganho significativo de flexibilidade em todas as articulaes analisadas e melhora significativa em sete dos oito domnios que medem a qualidade de vida. Sendo assim, concluiu-se que a prtica regular de dana, ligada a uma proposta de flexibilidade, pode interferir na qualidade de vida de indivduos adultos.
PALAVRAS-CHAVE: Dana. Idade Adulta. Qualidade de Vida. Flexibilidade.
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ABSTRACT
The adult audience usually is exposed to situations of tension and immobility that cause muscle discomfort and, often, a detachment about the body in motion. Thus, this study aims to analyze how the regular dance practice, linked to a proposal of flexibility, can interfere in the adults quality of life. This research is characterized by being of a quantitative semi-experimental study. 30 dance classes with flexibility proposal were applied to a group of ten adults between 40 and 65 years. Classes had lasted one hour, twice a week, and were divided into five dance styles: bolero, salsa, forr, samba and swing; and proposals for relaxation and joint mobilization. Flexibility was assessed using the goniometer device and the quality of life, from the SF-36. These instruments of data collection were applied before and after the practice period. We observed changes in the joint mobility of the spine and hip and in the quality of life of the subjects, after thirty dance classes with a proposal for flexibility. The results showed significant gains in flexibility in all joints examined and significant improvement in seven of eight quality of life domains. Thus, we concluded that regular dance practice, linked to a proposal of flexibility, can interfere in adults quality of life. KEYWORDS: Dance. Adulthood. Quality of Life. Flexibility.
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SUMRIO
1 INTRODUO ...................................................................................................................... 11
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................ 12
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 13
1.2.2 Objetivos Especficos ............................................................................................ 13
1.3 HIPTESES ............................................................................................................................ 13
1.4 DEFINIO OPERACIONAL DAS VARIVEIS ................................................................. 13
2 REFERENCIAL TERICO ................................................................................................... 14
2.1 FLEXIBILIDADE E VIDA ADULTA ....................................................................................... 14
2.2 QUALIDADE DE VIDA ATRAVS DA DANA NA IDADE ADULTA .............................. 16
3 ABORDAGEM METODOLGICA ....................................................................................... 20
3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA ................................................................................... 20
3.2 CARACTERIZAO DA AMOSTRA ................................................................................... 20
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................... 20
3.3.1 Avaliao da Flexibilidade .................................................................................... 21
3.3.1.1 Flexo do Quadril ..................................................................................................... 22
3.3.1.2 Flexo Lateral da Coluna Vertebral ....................................................................... 23
3.3.1.3 Flexo da Coluna Cervical ...................................................................................... 24
3.3.1.4 Flexo Lateral da Coluna Cervical ......................................................................... 25
3.3.1.5 Rotao da Coluna Cervical ................................................................................... 26
3.3.2 Teste de Qualidade de Vida SF-36 ....................................................................... 26
3.4 PROPOSTA DE INTERVENO ......................................................................................... 29
3.4.1 Propostas para a Mobilizao Articular .............................................................. 29
3.4.1.1 Trabalho de flexibilizao com a utilizao de cadeiras ..................................... 30
3.4.1.1.1 Descrio da proposta coreografada de flexibilizao com cadeiras ........ 30
3.4.1.2 Trabalho de flexibilizao com a utilizao de colchonetes ............................... 32
3.4.1.2.1 Descrio da proposta coreografada de flexibilizao com colchonetes .. 32
3.4.2 Propostas para o Relaxamento Muscular ........................................................... 34
3.5 ANLISE DOS DADOS ......................................................................................................... 35
3.6 ASPECTOS TICOS .............................................................................................................. 35
4 RESULTADOS ...................................................................................................................... 37
5 DISCUSSO DOS RESULTADOS ...................................................................................... 39
6 CONSIDERAES FINAIS .................................................................................................. 44
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APNDICE A Termo de Consentimento ................................................................................. 48
APNDICE B Planos de Aula ................................................................................................... 50
APNDICE C Tabelas dos resultados individuais de flexibilidade ...................................... 88
APNDICE D Tabelas dos resultados individuais de qualidade de vida ........................... 91
ANEXOS ................................................................................................................................... 94
ANEXO 1 Verso Brasileira do Questionrio de Qualidade de Vida SF-36 ...................... 94
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1 INTRODUO
O pblico adulto geralmente encontra-se exposto a situaes de tenso e
imobilidade que causam desconfortos musculares e, muitas vezes, um desinteresse
pelo corpo em movimento. A idade adulta talvez seja a fase de maior atividade e
responsabilidades, em diferentes ncleos, na vida de uma pessoa. O grande nmero
de compromissos em diversos mbitos traz consigo, preocupao e esgotamento.
Ao conquistar sua independncia, geralmente a partir dos trinta anos de
idade, o indivduo assume maiores ocupaes em diferentes nveis de prioridade. As
atividades e responsabilidades parecem diminuir apenas na fase de aposentadoria,
na qual os filhos tambm tendem a conquistar sua independncia.
Durante a fase adulta, facilmente, o indivduo exposto a situaes de
estresse. Presses dirias no setor profissional, responsabilidades domsticas,
problemas financeiros, transtornos do trnsito e falta de tempo so aspectos
agravantes para este contexto usual de tenso. Alm da carga de responsabilidade
e preocupao, o adulto enfrenta tambm, nessa etapa, adaptaes naturais de
ordem fisiolgica no corpo e do contexto social.
No processo de envelhecimento, surgem alteraes biolgicas, psicolgicas e
sociais. Com o aumento da idade, percebe-se uma reduo nas aptides fsicas, um
declnio das capacidades funcionais, uma diminuio da massa ssea e muscular,
diminuio da elasticidade e da amplitude de movimentos nas articulaes,
alteraes na circulao, aumento de peso, maior lentido e doenas crnicas.
(CIPRIANI, 2010; SEBASTIO, 2008; KESSLER, s/n)
Este trabalho observa com maior nfase a perda da mobilidade articular que
surge na idade adulta e vai sendo agravada com o processo de envelhecimento. A
diminuio da flexibilidade gera dificuldades na realizao de tarefas fundamentais e
pode causar dores musculares oriundas de pontos de tenso. A imobilidade , por
vezes, um aspecto negativo da vida profissional. Muitos cargos exigem uma jornada
de oito horas dirias em frente ao computador, o que h alguns anos era feito de
forma similar com a mquina de escrever.
O resultado desse processo que, hoje, existem muitos adultos que passam
um tempo considervel de seu dia sentados por vezes at com uma postura
desfavorvel absorvendo o estresse natural do trabalho somado a tenso causada
12
pela imobilidade do corpo em geral, m acomodao e movimentos repetitivos
geralmente executados pelos membros superiores.
Nesse sentido, a flexibilidade, determinada pela mobilidade articular, pode ser
um fator bastante positivo para a qualidade de vida desses indivduos. Desde o
menor risco de leses em atividades habituais at a ampliao do bem estar fsico e
mental.
Dessa forma, esta pesquisa defende a importncia do movimento corporal
para a sade fsica e mental de adultos inseridos neste contexto de estresse, tenso
e responsabilidades, buscando estabelecer uma relao entre a prtica de dana,
ligada a uma proposta de flexibilidade, com a qualidade de vida de indivduos
adultos. Acredita-se que o hbito de executar alongamentos ou de realizar com certa
frequncia alguma prtica corporal ldica, no caso a dana, pode auxiliar na
diminuio da tenso muscular e no bem estar do indivduo. O desafio desse estudo
ser perceber de que forma a prtica de dana, ligada a uma proposta de
flexibilidade, pode influenciar na qualidade de vida de adultos que so expostos ao
estresse dirio da independncia e de responsabilidades sobre diversos mbitos.
Destaca-se ainda a relevncia do estudo para o campo cientfico, pois muitas
so as pesquisas encontradas nesse campo, relacionando a prtica de dana com
grupos de terceira idade e a melhoria de valncias fsicas, como fora, flexibilidade,
equilbrio, memria, etc., ou a qualidade de vida. Porm, poucos so os estudos que
buscam estudar as interferncias da dana, juntamente com um trabalho de
flexibilidade, na qualidade de vida de adultos.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
De acordo com as consideraes apresentadas acima, esse estudo
pretende responder aos seguintes questionamentos: De que forma a prtica de
dana, ligada a uma proposta de flexibilidade, pode interferir na qualidade de vida de
indivduos adultos? Qual o ndice de flexibilidade e o nvel de qualidade de vida
dos participantes do estudo antes e depois do perodo de prtica da dana? De que
forma as aulas de dana, ligada a uma proposta de flexibilidade, podem interferir na
qualidade de vida dos participantes do estudo?
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar como a prtica regular de dana, ligada a uma proposta de
flexibilidade, pode interferir na qualidade de vida de indivduos adultos.
1.2.2 Objetivos Especficos
- Comparar os ndices de flexibilidade e o nvel de qualidade de vida dos
participantes do estudo antes e depois do perodo de prtica;
- Identificar de que forma as aulas de dana, ligadas a uma proposta de flexibilidade,
podem interferir na qualidade de vida dos participantes do estudo.
1.3 HIPTESES
A prtica regular de dana, ligada a uma proposta de flexibilidade, interfere na
qualidade de vida de indivduos adultos.
1.4 DEFINIO OPERACIONAL DAS VARIVEIS
As variveis foram classificadas como dependentes e independentes conforme
Gaya et al. (2008). As variveis independentes so as aulas de dana e a proposta
de flexibilidade, consideradas como o programa de treinamento realizado. As
variveis dependentes so a flexibilidade e a qualidade de vida, pois estas podem
ser modificadas por interferncia da varivel independente.
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2 REFERENCIAL TERICO
2.1 FLEXIBILIDADE E VIDA ADULTA
A flexibilidade demarcada pelo grau de amplitude das diversas articulaes
do corpo humano. Uma grande amplitude de movimento, alm de prevenir leses,
economiza energia. (ALMEIDA e JABUR, 2006, p. 338).
O aumento da flexibilidade e da amplitude articular pode ser atingido atravs
da prtica de alongamentos. Um corpo que apresenta ampla mobilidade articular, de
forma moderada, sobretudo em articulaes muito solicitadas pelo estilo de vida do
indivduo, pode ter maior facilidade na prtica e realizao das atividades cotidianas,
bem como prevenir determinadas dores e leses. Bandaro et al. (2007) defendem a
relevncia do alongamento:
O conhecimento e a prtica do alongamento garantiro uma boa flexibilidade que permitir a execuo de movimentos com amplitudes articulares dentro de suas necessidades especficas, diminuindo a suscetibilidade de leses e permitindo a obteno de arcos articulares mais amplos, possibilitando a execuo de movimentos que de outra forma seriam limitados. (BANDARO et al.,
2007, p. 32)
Dentre as formas de treinamento de flexibilidade, Hume e Reid (2011)
apontam os seguintes tipos de alongamento: passivo esttico, passivo com ajuda de
um colega, ativo, dinmico, balstico, e com facilitao neuromuscular
proprioceptiva. O presente estudo utiliza propostas de relaxamento e de
flexibilizao a partir da aplicao de alongamentos passivos, estticos e dinmicos.
Hume e Reid (2011) caracterizam o alongamento esttico pela permanncia
imvel em uma posio por um perodo de tempo mnimo de 5 segundos, podendo
variar at 60 segundos. J o alongamento dinmico, segundo os autores, envolve
um movimento, que pode ser lento ou rpido, gerado em uma articulao, como
resultado de uma contrao dos msculos antagonistas.
O pblico adulto apresenta geralmente uma diminuio da sua amplitude
articular devido a fatores fisiolgicos naturais e imobilidade do mundo moderno.
Com o passar dos anos, o nvel de flexibilidade tende a diminuir e com isso
aumentam os riscos de leses (como distenses musculares), dores, problemas
posturais, e a realizao de atividades dirias. (ALMEIDA; JABUR, 2006, p. 340).
Apesar do conhecimento que se tem sobre estas mudanas naturais que
ocorrem a partir da fase adulta, estudos buscam afirmar o importante papel do
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exerccio fsico como um agente capaz de minimizar as perdas nas capacidades
funcionais oriundas do processo de envelhecimento. Entre estes, pode-se citar o
estudo de Cipriani et al. (2010) no qual foi identificado melhora no ndice de Aptido
Funcional Geral de um grupo de 225 idosos que participaram de um programa de
atividades fsicas durante dez meses. Neste estudo, foi verificado aumento
significativo na agilidade, no equilbrio dinmico e na coordenao dos participantes,
ao passo que a flexibilidade, a fora e a resistncia aerbica foram mantidas.
importante salientar que, na populao idosa, a manuteno de capacidades
funcionais e automaticamente a no diminuio destas, que seria o processo
natural, j pode ser considerado um ganho bastante relevante.
No estudo de Sebastio et al. (2008), aps aplicar um programa de dana de
48 sesses em um grupo de 21 mulheres acima de 50 anos, foram identificadas
melhoras significativas nos nveis de resistncia de fora de membros superiores e
na coordenao motora, enquanto a agilidade, o equilbrio dinmico, a flexibilidade e
capacidade aerbia permaneceram em manuteno.
Em ambos os estudos (CIPRIANI et al. 2010; SEBASTIO et al. 2008), a
flexibilidade foi mantida, porm, pode-se perceber que no foram aplicados
treinamentos de flexibilidade ou propostas especficas de alongamento nas aulas
observadas. O alongamento surge nestas pesquisas, da mesma forma que aparece,
muitas vezes, nas aulas de dana, como uma rpida preparao do corpo para a
prtica.
Um fator importante a destacar que, antes dos exerccios de alongamento,
so feitos sempre aquecimentos gerais, visando lubrificao das articulaes do
corpo e a prtica da dana de salo, para um completo aquecimento e elevao da
temperatura corporal. Foi demonstrado que o aquecimento local do tecido muscular
melhora a flexibilidade ao promover relaxamento e complacncia do tecido. (HUME;
REID, 2011, p. 217).
O alongamento dos msculos retrados aps seu aquecimento geral uma das precaues a serem tomadas para reduzir o risco de leso. [...] Um grupo muscular forte e alongado mais funcional, podendo trabalhar mais intensamente com menos possibilidade de leses. (ALMEIDA e JABUR, 2006, p. 339).
De acordo com questes j abordadas anteriormente, diariamente o adulto
enfrenta situaes de exposio ao estresse, imobilidade e movimentos repetitivos,
em diferentes contextos: sociais, familiares, profissionais e pessoais.
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A adultez, fenmeno do desenvolvimento humano, apresenta-se com novas responsabilidades, em novos referenciais de existencialidade, em novas conquistas, em busca de um maior entendimento desta importante e mais abrangente etapa da vida humana. Por ser a fase mais longa da existncia do ser humano, merece especial ateno [...]. (SANTOS; ANTUNES, 2007, p.150)
Em meio a tantas responsabilidades e prazos curtos para atingir objetivos nos
mais diversos mbitos, o adulto geralmente reserva pouco ou quase nenhum tempo
para o cuidado de si. A constante presso psicolgica reflete em problemas de
sade como: estresse, desgastes emocionais, crises estomacais, enxaquecas e
tenses musculares.
Este excesso de atividades e responsabilidades geralmente reflete em
tenses musculares e estresse. A regio cervical, os ombros e a coluna em geral,
acabam sendo alvos desta tenso vinda de trabalhos repetitivos com os membros
superiores, geralmente em computadores, falta de hbitos de mobilidade e
enrijecimento da musculatura local.
A tenso no pescoo especialmente deletria para o movimento coordenado, pois o pescoo onde o corpo (com a ajuda dos fusos musculares) mensura a relao entre cabea e o resto do corpo. Se estiver tenso, toda a coordenao do corpo prejudicada. (FRANKLIN, 2012, p. 69)
Franklin (2012) tambm destaca que o excesso de tenso faz com que o
indivduo contraia suas articulaes e estruturas de forma mais rgida do que o
necessrio para realizar determinados movimentos. Para o autor:
Cada rea que excessivamente contrada no corpo prejudica o alinhamento, o padro de respirao e o equilbrio. Uma vez liberado o excesso de tenso na tenso rea, muitos locais que voc vinha tentando alongar se tornaro mais flexveis [...]. (FRANKLIN, 2012, p. 51)
2.2 QUALIDADE DE VIDA ATRAVS DA DANA NA IDADE ADULTA
Para alm das responsabilidades que a fase adulta gera e o estresse,
causado pelas mesmas, um fator preocupante na atualidade a hipocinesia. A
populao no geral, independente da faixa etria, est exposta a facilidades da vida
moderna que eventualmente podem apresentar alguma tendncia ao sedentarismo.
(GLANER, 2003)
O limite entre a eficincia das invenes que surgiram para trazer praticidade
ao cotidiano das pessoas e o acomodamento pela imobilidade bastante tnue e
preocupante. Muitas vezes, at os momentos de lazer das pessoas so em frente
17
televiso, ao computador, ao videogame. Em relao a este tema, Martins e Barreto
(2007) sugerem:
Apesar de dispormos de inmeros confortos materiais, trabalhamos em um ritmo alucinante, altamente estressante, repetitivo e quantitativamente limitado que estimulam o sedentarismo e influenciam negativamente a qualidade de vida no trabalho, e fora dele. (MARTINS; BARRETO, 2007, p. 216).
Neste contexto, percebe-se uma gerao de crianas que no brincam ao ar
livre, em atividades que movimentam o corpo. E, por vezes, sentem maior prazer em
passar horas sentadas sobre o sof com um tablete, a brincar de jogos esportivos e
ldicos. Como salienta Glaner (2003, p. 76) O prprio lazer sedentrio. Contudo,
apesar desta tendncia ao no movimento, ainda existe a importante ferramenta da
Educao Fsica escolar que procura estimular crianas e jovens ao movimento
corporal e a prtica desportiva.
Por outro lado, percebe-se um engajamento da populao idosa em grupos
de terceira idade com diferentes propostas de atividade fsica. Com este mesmo
avano tecnolgico, concomitante ao avano da medicina, a populao idosa e a
expectativa de vida esto crescendo e esta parcela da populao busca atividades
que melhoram aspectos fisiolgicos, sociais e psicolgicos. (KESSLER et al., s/n;
GLANER, 2003)
Sendo assim, os adultos em fase de atividade profissional tendem a ser os
principais atingidos por uma inatividade fsica. Esta, somada ao estresse, s
responsabilidades e imobilidade, dirios, tende a gerar tenses que refletem no
corpo e na mente.
Neste vis, poucos foram os estudos encontrados, relacionando a qualidade
de vida ao indivduo adulto. Martins e Barreto (2007) inseriram um programa de
Ginstica Laboral em um grupo de 13 funcionrios de uma empresa e apontaram
resultados positivos para os participantes nas capacidades funcionais avaliadas
como a flexibilidade, por exemplo, tendo em vista que no programa eram enfatizados
movimentos de alongamento e compensao e tambm melhorias na qualidade de
vida.
Qualidade de vida um tema to amplo e subjetivo que torna-se difcil definir
um conceito capaz de abranger seus diversos significados. Para cada pblico, em
contextos e interesses especficos, pode surgir um diferente sentido para o termo.
18
Porm, a expresso remete a um bem estar, geralmente oriundo de hbitos e
condies de vida, mesmo que este se altere para cada indivduo.
A manifestao da qualidade de vida pode ser associada a diversos enfoques como: o acrscimo de experincias relevantes depois que as necessidade bsicas esto satisfeitas; a oportunidade de praticar atividades fsicas regulares visando sade e ao combate ao estresse; o estabelecimento de conhecimentos necessrios ao consumo de produtos e servios culturais; ou mesmo pela construo de um novo estilo de vida, em que vivncias interiores significativas constituem-se fator de satisfao e felicidade. (SIMES, 2001, p. 170)
Nesta linha de pensamento, Szuster (2011) afirma que a percepo da
qualidade de vida subjetiva, sendo influenciada pelo estado de sade do indivduo
e pela sua capacidade de realizar atividades cotidianas.
Tambm neste final de milnio se fala em qualidade de vida aliada obteno de sade, melhores condies de trabalho, aperfeioamento da moradia, boa alimentao, uma educao satisfatria, liberdade poltica, proteo contra a violncia, usufruir as horas de lazer, participar de atividades motoras e esportivas, necessidade de conviver com o outro ou ento almejar uma vida longa, saudvel e satisfatria. (SIMES, 2001, p.176)
O presente trabalho aborda a importncia da qualidade de vida, conquistada a
partir da vivncia de hbitos saudveis para o bem estar fsico e mental, inseridos no
contexto de indivduos adultos em atividade profissional. Devido falta de tempo
para o cuidado de si, muitas vezes, esta parcela da populao no realiza
investimentos para o bem estar pessoal no tempo presente, adiando seus momentos
de lazer, sade e descanso para um futuro que tende a ser cada vez mais distante.
Qualidade de vida tambm um conceito que deve ser aplicado a todas as idades do ser humano, e no apenas associado ao idoso. Qualidade de vida deve ser objeto de preocupao no tempo de trabalho e no tempo de no-trabalho, pois, caso contrrio, teremos um tempo de no-trabalho apenas compensando a falta de qualidade do tempo de trabalho, numa funo de mera reposio de energias perdidas ou desperdiadas. (MOREIRA, 2001, p 20)
Oliveira et al. (2009) verificaram, em seu estudo com um grupo de 103
indivduos expostos a prtica de Dana Snior ao longo de quatro meses que os
participantes, atravs do preenchimento do questionrio SF-36 antes e depois do
perodo de prtica, apresentaram melhorias. Sendo assim, os autores concluram
que a Dana Snior mostrou-se eficiente como possibilidade teraputica na melhora
da qualidade de vida dos idosos. (OLIVEIRA et al., 2009, p.103).
19
Ultrapassando os benefcios teraputicos, sociais e afetivos, a qualidade de
vida depende tambm da sade motora e de nveis satisfatrios das capacidades
funcionais. Varejo et al. (2007) ressaltam a importncia da manuteno das
qualidades fsicas a fim de contribuir para uma boa qualidade de vida em um
envelhecimento normal e saudvel.
Neste estudo, pretendeu-se abordar uma possvel relao entre a prtica de
dana e de alongamentos a qualidade de vida de indivduos adultos. Tendo em vista
que a dana uma atividade ldica e que estimula o convvio social, devido ao seu
carter grupal, esta pode ser considerada uma prtica corporal capaz de promover
diverso e bem estar fsico e mental.
A dana influencia diretamente trs domnios da natureza humana: o fisiolgico, o afetivo e o cognitivo. Funciona como agente motivador para manter ou recuperar a vida, a alegria pessoal e coletiva, por seu aspecto ldico e sua versatilidade. (SZUSTER, 2011, p.26)
Kessler et al. (s/n) apontam que a prtica dana de salo pode gerar
importantes benefcios que contribuem na diminuio das perdas oriundas do natural
processo de envelhecimento ao qual o adulto est inserido. Dentre as melhorias
encontradas em seu estudo esto as diminuies de dificuldades em executar as
tarefas da vida diria, as melhorias no convvio social e tambm as contribuies da
dana para a manuteno da autoestima e do bem estar psicolgico.
20
3 ABORDAGEM METODOLGICA
3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA
Esta pesquisa caracteriza-se por ser do tipo semi-experimental e de anlise
quantitativa (GAYA et al., 2008).
3.2 CARACTERIZAO DA AMOSTRA
A amostra do estudo foi do tipo no-probabilstica intencional (GAYA e cols.,
2008, p. 86) a qual se caracteriza pelo emprego de critrios previamente definidos
[...], mediante a incluso de reas tpicas ou grupos supostamente capazes de
fornecer as informaes necessrias investigao.
Dessa forma, a amostra foi composta por um grupo de 10 indivduos adultos,
com idade mdia de 52 5 anos, de ambos os sexos, no praticantes de dana.
Os critrios de incluso na amostra foram: ter idade entre 40 e 65 anos;
participar das aulas de dana ligada a uma proposta de flexibilidade e mobilizao
articular duas vezes por semana; dar continuidade a sua rotina atual de atividade
fsica, no acrescentando ou interrompendo qualquer prtica corporal paralela ao
projeto; aceitar participar do estudo.
Os critrios de excluso foram: possuir mais de oito faltas (25% do total das
aulas); iniciar outra atividade fsica durante a realizao da pesquisa.
Segundo Gaya e cols. (2008), quando a amostra for no-probalistica, os
mtodos estatsticos no so pertinentes para determinar o tamanho da amostra (p.
87). Nos estudos experimentais com o design intra-sujeitos (pr e ps teste com um
mesmo grupo de sujeitos), onde se enquadra esse estudo, h maior consistncia
interna dos resultados, podendo ser uma amostra menor que a exigida para outros
tipos de design.
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada em dois momentos: a primeira, no incio das
aulas; e, a segunda, aps a aplicao das 30 aulas.
Os participantes da amostra foram avaliados em uma sala adequada para a
realizao dos testes, de 20 metros quadrados, preparada especialmente para a
realizao dos mesmos, com todos os objetos e aparelhos necessrios. As datas de
avaliao ocorreram nos mesmos horrios e dias planejados para a realizao das
21
aulas. Dessa forma, foram planejados trinta e seis encontros: os trs inicias e os trs
finais, referentes realizao da coleta de dados inicial e coleta de dados final.
Os instrumentos de coleta de dados utilizados neste estudo foram: o Teste
SF-36, desenvolvido por Ware e Sherbourne (1992), sendo traduzido e validado
para o portugus, em 1999, por Ciconelli, para medir a Qualidade de Vida (ANEXO
A); e, o aparelho Gonimetro (Gonimetro 20A Flexiometer 180 TKK Model 1216
Serial 75CC Takei Kiki Kagyi Co Ltd), para medio da flexibilidade.
3.3.1 Avaliao da Flexibilidade
O gonimetro um aparelho que possui um corpo circular, onde feita a
medio dos ngulos, atravs de dois braos: um mvel e um fixo. O termo
Goniometria refere-se medida de ngulos articulares presentes nas articulaes
dos seres humanos (MARQUES, 2003, p.1).
Segundo Hume e Reid, o gonimetro um aparelho de aplicabilidade simples
e confivel, que deve ser utilizado apenas em medies de ADM esttica, pois h
necessidade de manuteno esttica no final da trajetria da articulao para que o
testador possa ler o ngulo no aparelho. (2011, p. 219).
O brao fixo do gonimetro deve ficar imvel em um determinado marco
corporal previamente definido, ao passo que o brao mvel acompanha outro
segmento do corpo. O movimento do brao mvel acarretar uma mudana angular
medida por um ponteiro no interior do corpo do gonimetro.
Quando os braos fixo e mvel esto unidos, no incio da medio, o
aparelho aponta o ngulo articular como sendo zero. Ao passo que o movimento
realizado, e o brao mvel afasta-se do fixo, a medida angular aumenta. Quando o
indivduo chegar amplitude mxima do seu movimento, o gonimetro apontar a
flexibilidade da articulao analisada.
FIGURA 1 Aparelho Gonimetro
22
As articulaes abordadas neste trabalho foram: Flexo do Quadril; Flexo
lateral da Coluna Vertebral; Flexo, Flexo lateral e Rotao da Coluna Cervical.
3.3.1.1 Flexo do Quadril
FIGURA 2 Flexo do Quadril
A medio da flexibilidade dos indivduos para a flexo do quadril realizada
em um colchonete, no qual os participantes, deitados em decbito dorsal, puxam a
perna flexionada, referente lado em avaliao, em direo ao tronco, enquanto a
outra perna permanece estendida junto ao cho.
O brao fixo do gonimetro colocado paralelo ao cho, em direo parte
inferior do corpo do indivduo, ocupando o lugar em que a perna de ao estaria se
estivesse estendida lateralmente paralelo perna estendida que est em repouso.
O brao mvel do gonimetro colocado sobre a superfcie lateral da coxa
em direo ao cndilo lateral do fmur.
O eixo, representado pelo corpo circular do gonimetro, colocado
aproximadamente no nvel do trocanter maior do fmur.
Segundo Marques (2003), a amplitude angular deste movimento varia entre 0
e 125.
23
3.3.1.2 Flexo Lateral da Coluna Vertebral
FIGURA 3 Flexo lateral da coluna vertebral
A medio da flexibilidade dos indivduos para a flexo lateral da coluna
vertebral feita de modo que o participante fica em p, com os ps paralelos e
afastados na mesma distncia do quadril. Ento, lentamente, o tronco flexionado
para um lado de forma que no haja flexo da coluna para frente nem hiperextenso
da mesma. O movimento deve acontecer apenas na parte superior do corpo, no
deslocando quadril e membros inferiores.
O brao fixo do gonimetro colocado na vertical, perpendicular ao cho,
paralelo coluna vertebral na posio inicial, antes da flexo lateral da coluna
vertebral.
O brao mvel do gonimetro colocado tambm paralelo coluna vertebral,
porm, na posio final, com a coluna vertebral flexionada ao lado.
O eixo, representado pelo corpo circular do gonimetro, colocado entre as
espinhas ilacas pstero-superiores sobre a crista sacral mediana.
Segundo Marques (2003), a amplitude angular deste movimento varia entre 0
e 40.
24
3.3.1.3 Flexo da Coluna Cervical
FIGURA 4 Flexo da coluna cervical
A medio da flexibilidade dos indivduos para a flexo da coluna cervical
feita com o participante sentado em uma cadeira ou banco, sobre os squios, sem
descansar a coluna vertebral no encosto nem flexion-la. Os ps ficam apoiados
sobre o cho, paralelos e afastados na mesma distncia do quadril. Sem mover o
restante do corpo, leva-se a cabea para baixo, flexionando a coluna cervical at
sua mxima amplitude.
O brao fixo do gonimetro colocado na vertical, perpendicular ao cho, ao
lado da orelha do participante na posio inicial, antes da flexo da coluna cervical.
O brao mvel do gonimetro acompanha a orelha do participante
paralelamente, durante o movimento.
O eixo, representado pelo corpo circular do gonimetro, colocado
aproximadamente sobre a clavcula do lado em avaliao.
Segundo Marques (2003), a amplitude angular deste movimento varia entre 0
e 65.
25
3.3.1.4 Flexo Lateral da Coluna Cervical
FIGURA 5 Flexo lateral da coluna cervical
A medio da flexibilidade dos indivduos para a flexo lateral da coluna
cervical feita com o participante sentado em uma cadeira ou banco, sobre os
squios, sem descansar a coluna vertebral no encosto nem flexion-la. Os ps ficam
apoiados sobre o cho, paralelos e afastados na mesma distncia do quadril. Sem
mover o restante do corpo, levar uma orelha em direo ao ombro respectivo,
flexionando lateralmente a coluna cervical at sua mxima amplitude.
O brao fixo do gonimetro colocado na vertical, perpendicular ao cho. Na
posio inicial, fica na linha mdia da coluna cervical, dirigido para a protuberncia
occipital externa da cabea.
O brao mvel do gonimetro colocado, ao final do movimento, paralelo
linha mdia da coluna cervical, dirigido para a protuberncia occipital externa da
cabea.
O eixo, representado pelo corpo circular do gonimetro, colocado sobre o
processo espinhoso da stima vrtebra cervical.
Segundo Marques (2003), a amplitude angular deste movimento varia entre 0
e 40.
26
3.3.1.5 Rotao da Coluna Cervical
FIGURA 6 Rotao da coluna cervical
A medio da flexibilidade dos indivduos para a rotao lateral da coluna
cervical feita com o participante sentado em uma cadeira ou banco, sobre os
squios, sem descansar a coluna vertebral no encosto nem flexion-la. Os ps ficam
apoiados sobre o cho, paralelos e afastados na mesma distncia do quadril. Sem
mover o restante do corpo, olhar para um lado, com rotao unicamente da coluna
cervical, at sua mxima amplitude.
O brao fixo do gonimetro colocado no centro da cabea, paralelo sutura
sagital.
O brao mvel do gonimetro colocado, ao final do movimento, paralelo a
sutura sagital.
O eixo, representado pelo corpo circular do gonimetro, colocado no centro
da cabea.
Segundo Marques (2003), a amplitude angular deste movimento varia entre 0
e 55.
3.3.2 Teste de Qualidade de Vida SF-36
A avaliao da qualidade de vida dos indivduos participantes deste estudo foi
dada atravs da aplicao do questionrio SF-36, The Medical Outcomes Study 36-
27
item Short Form Health Survey (ANEXO 1). Os dados foram coletados antes do
incio da prtica e os testes repetidos aps o trmino das 30 aulas de dana, com
proposta de flexibilidade.
O SF-36 um instrumento validado composto por 36 itens, divididos em oito
domnios: capacidade funcional (DCF), limitao por aspectos fsicos (DLAF), dor
(DD), estado geral de sade (DEGS), vitalidade (DV), aspectos sociais (DAS),
limitao por aspectos emocionais (DAE) e sade mental (DSM). (CICONELLI et al.,
1999).
O clculo do SF-36 avaliado a partir da transformao das questes em
domnios. Para cada um destes domnios existe um clculo diferente que varia em
uma escala de zero a cem. (FERNANDES et al., 2009).
O domnio Capacidade Funcional referente questo de nmero trs do
questionrio SF-36. O domnio Limitao por Aspectos Fsicos determinado pela
quarta questo. O domnio Dor definido a partir das questes sete e oito. O
Domnio do Estado Geral de Sade composto pelas questes um e onze do
questionrio. O domnio Vitalidade corresponde aos itens a, e, g e i da
questo nove, enquanto que o domnio da Sade Mental dado pelos outros itens
desta mesma questo: b, c, f e h. O domnio dos aspectos sociais formado
atravs das questes seis e dez. E o domnio Limitao por Aspectos Emocionais
se d pela quinta questo do questionrio. (FERNANDES et al., 2009)
Cada questo pontuada de forma especfica conforme est explicitado no
quadro a seguir (Figura 7).
FIGURA 7 - Pontuao dos itens do Questionrio SF-36 (SF36, 2009)
QUESTO PONTUAO 01 Se a resposta for
1; 2; 3; 4; 5
Pontuao 5,0; 4,4; 3,4; 2,0; 1,0 (respectivamente)
02 Manter o mesmo valor 03 Soma de todos os valores 04 Soma de todos os valores 05 Soma de todos os valores 06 Se a resposta for
1; 2; 3; 4; 5
Pontuao 5; 4; 3; 2; 1 (respectivamente)
07 Se a resposta for
1; 2; 3; 4; 5
Pontuao 6,0; 5,4; 4,2; 3,1; 2,0; 1,0 (respectivamente)
28
08 A resposta da questo 8 depende da nota da questo 7: Se 7 = 1 e se 8 = 1, o valor da questo (6); Se 7 = 2 6 e se 8 = 1, o valor da questo
(5); Se 7 = 2 6 e se 8 = 2, o valor da questo (4); Se 7 = 2 6 e se 8 = 3, o valor da questo (3); Se 7 = 2 6 e se 8 = 4, o valor da questo
(2); Se 7 = 2 6 e se 8 = 5, o valor da questo (1)
Se a questo 7 no for respondida, o escore da questo 8 passa a ser o seguinte: Se a resposta for (1), a pontuao ser (6); Se a resposta for (2), a pontuao ser (4,75); Se a resposta for (3), a pontuao ser (3,5); Se a resposta for (4), a pontuao ser (2,25); Se a resposta for (5), a pontuao ser (1,0)
09 Nesta questo, a pontuao para os itens a, d, e ,h, dever seguir a seguinte orientao: Se a resposta for 1, o valor ser (6); Se a resposta for 2, o valor ser (5); Se a resposta for 3, o valor ser (4); Se a resposta for 4, o valor ser (3); Se a resposta for 5, o valor ser (2); Se a resposta for
6, o valor ser (1). Para os demais itens (b, c,f,g, i), o valor ser mantido o mesmo
10 Considerar o mesmo valor. 11 Nesta questo os itens devero ser somados, porm os itens b e d
devero seguir a seguinte pontuao: Se a resposta for 1, o valor ser (5); Se a resposta for 2, o valor ser (4); Se a resposta for 3, o valor ser (3); Se a resposta for 4, o valor ser (2); Se a resposta for 5, o valor ser (1)
Aps a pontuao dos itens do questionrio de Qualidade de Vida, aplica-se
uma frmula, a fim de transformar estes valores, em uma escala que varia de zero a
cem, denominada Raw Scale, na qual zero corresponde ao pior estado e cem, ao
melhor. Na frmula so somados os valores das questes ou itens referentes a cada
domnio e sobre este valor subtrai-se o chamado limite inferior, que varia para cada
domnio. O valor obtido multiplicado por 100 e dividido pela variao
correspondente ao domnio. O limite inferior e a variao so dados fixos pr-
estabelecidos que so apresentados na Tabela 1.
TABELA 1 - Valores de aplicao na Frmula (FERNANDES, 2009; SF 36, 2009)
Domnio Pontuao das questes correspondidas
Limite inferior Variao
DCF 03 10 20 DLAF 04 4 4
DD 07 + 08 2 10 DEGS 01 + 11 5 20
DV 09 (itens a + e + g + i) 4 20 DAS 06 + 10 2 8 DLAE 05 3 3 DSM 09 (itens b + c + d + f + h) 5 25
29
3.4 PROPOSTA DE INTERVENO
As aulas ministradas foram divididas em quatro momentos. Primeiramente,
era ministrado um aquecimento geral e articular do corpo (durao de 5 a 10
minutos), utilizando msicas do ritmo que seria abordado na parte principal da aula.
Em seguida, introduzia-se a prtica de determinados passos referentes ao gnero
da dana de salo (bolero, salsa, forr, soltinho e samba), que ocupava
aproximadamente 20 a 25 minutos. Neste momento da aula, os alunos aprendiam
alguns passos e sequncias coreogrficas simples, bem como, vivenciavam e
exploravam os mesmos em duplas ou com diferentes deslocamentos. O terceiro
momento da aula, com durao de 20 a 25 minutos, era composto por um trabalho
de flexibilidade com mobilizao articular para liberar tenses musculares do corpo,
com presses, podendo utilizar materiais para tal, buscando uma maior
conscientizao e concentrao. A finalizao da aula, nos ltimos 5 minutos, era
feita em roda, com massagem e palavras positivas para aumento da autoestima e do
bem estar do grupo.
Nas ltimas dez aulas, foi inserido um trabalho de relaxamento com bolas de
tnis para diminuir as tenses de determinados grupos musculares, anterior
proposta de mobilizao articular.
3.4.1 Propostas para a Mobilizao Articular
O trabalho de flexibilidade a fim de ampliar a mobilidade articular dos
participantes do grupo foi realizado em todas as aulas propostas, portanto com
frequncia de duas vezes na semana, e com durao de aproximadamente vinte
minutos.
As articulaes mais enfatizadas no estudo foram tambm,
consequentemente, as mais exploradas neste momento da aula. Conforme a
percepo j abordada anteriormente, em relao s necessidades cotidianas do
indivduo adulto, as articulaes analisadas nesta pesquisa foram: a cintura plvica,
na flexo de quadril; a coluna vertebral, na flexo lateral; e a coluna cervical, na
flexo, flexo lateral e rotao.
A partir da determinao das regies a serem enfatizadas, foram aplicadas
duas propostas de relaxamento e flexibilizao coreografadas, que eram executadas
ao longo de quinze aulas cada uma. A primeira proposta foi feita com o auxlio de
cadeiras, a segunda, com a utilizao de colchonetes.
30
O tempo de permanncia nos alongamentos variou de vinte segundos a um
minuto, de acordo com a progresso das aulas, utilizando-se tambm de recursos
para o relaxamento. O auxlio da respirao correta pode ser um importante
elemento na ampliao do movimento a cada expirao, por exemplo. Os
alongamentos foram sendo sutilmente aprofundados a cada sesso.
3.4.1.1 Trabalho de flexibilizao com a utilizao de cadeiras
O trabalho de flexibilizao a partir da utilizao de cadeiras, relatado abaixo,
foi aplicado nas primeiras quinze aulas. Foram realizados movimentos que
trabalham a flexibilidade do indivduo com o auxlio de uma cadeira por aluno.
Sentados sobre os squios, o enfoque era dado ao trabalho de tronco e membros
superiores, enquanto que, em p, com o apoio da cadeira, a nfase era aplicada ao
trabalho de membros inferiores.
3.4.1.1.1 Descrio da proposta coreografada de flexibilizao com cadeiras
Os alunos, sentados em uma cadeira, com as pernas paralelas na linha do
quadril, realizavam a flexo lateral da coluna cervical quatro vezes, alternando os
lados. Nessa posio, os alunos puxavam a cabea para o lado direito com o auxlio
da mo direita e empurravam a mo esquerda em direo ao cho. Realizavam,
ento, a flexo lateral da coluna vertebral para o lado direito e, aps o perodo de
permanncia nessa posio, deitavam o tronco sobre as pernas e soltavam as mos
em direo ao cho; retornavam a posio inicial desenrolando as vrtebras da
coluna e recomeando a sequncia pelo lado esquerdo.
Ainda sentados sobre a cadeira, os alunos colocavam os braos estendidos
em direo ao teto, alongando-os alternadamente, por oito repeties. Alongavam o
brao direito acima da cabea e com o auxlio da mo esquerda, puxavam o brao
direito em direo ao teto. Aps o tempo de permanncia nesta posio,
flexionavam lateralmente a coluna para o lado esquerdo com o brao direito
alongado acima da cabea, deitavam o tronco sobre as pernas e soltavam as mos
em direo ao cho. Retornavam a posio inicial, alongando a coluna com os
braos estendidos paralelamente a posio da cabea, e recomeavam a sequncia
para o lado esquerdo.
Os alunos, cuidando o contato dos squios com o assento da cadeira,
realizavam quatro vezes, alternadamente, a rotao lateral da coluna cervical.
31
Permanecendo com o olhar para o lado direito, rodavam o tronco, controladamente,
para a direita (neste momento, a rotao da coluna deveria acontecer entre as
vrtebras T12 e L1); abriam o brao direito estendido para o lado, na linha do ombro,
acompanhando a mo com a cabea. Aps o tempo de permanncia na posio,
retornavam o brao direito estendido at a frente do corpo, puxando-o com a mo
esquerda. Ento, a mo esquerda escorregava at o cotovelo direito e puxava o
brao direito flexionado por trs da cabea. Aps, a mo direita segurava a cabea
pela nuca e os alunos realizavam uma flexo da coluna cervical na diagonal direita,
com o olhar para o joelho direito. Depois do tempo de permanncia nessa posio,
realizavam a flexo da coluna vertebral na diagonal direita, aproximando o nariz do
joelho. Em seguida, os alunos centralizavam sua coluna sobre as pernas, com os
braos soltos em direo ao cho e retornavam a posio inicial, desenrolando as
vrtebras da coluna, para repetir a sequncia pelo lado esquerdo.
Com a coluna ereta, e novamente cuidando para que o peso do corpo esteja
distribudo sobre os squios, realizavam duas vezes a circunduo da cabea de
forma lenta, para cada lado. Ento, flexionavam a coluna cervical, entrelaando os
dedos e depositando o peso das mos sobre a nuca. Aps o tempo de permanncia
nesta posio, desenhavam, de forma imagtica1, o smbolo do infinito com o nariz
no ar, realizando pequenos movimentos com o pescoo para diferentes direes.
Em seguida, relaxavam o tronco sobre as pernas, e retornavam lentamente para a
posio inicial.
Finalizando a sequncia realizada, ainda sentados sobre a cadeira,
flexionavam o quadril, atravs da elevao das pernas com o joelho flexionado,
alternadamente, quatro vezes. Ento, com o auxlio dos braos, os alunos
seguravam a perna direita por trs da coxa, executando pequenos balanos, para
lubrificao da articulao coxofemoral. Cruzavam a perna direita sobre a esquerda
com o joelho flexionado e com o quadril em rotao externa, girando o tornozelo nos
dois sentidos (direita e esquerda), com o auxlio da mo. Ento, os alunos relaxavam
o tronco sobre as pernas cruzadas e retornavam a posio inicial, desenrolando as
vrtebras da coluna. Em seguida, abraavam a perna esquerda e repetiam a
movimentao pelo outro lado.
1 O termo Forma imagtica empregado, neste estudo, em relao ao uso de figuras mentais ou
vetores de inteno espacial imaginrios, a fim de provocar a representao destas imagens no corpo durante a execuo de certos movimentos.
32
Em p, ao lado da sua respectiva cadeira, os alunos realizavam o
alongamento do quadrceps, aproximando o p do quadril com o auxlio da mo.
Ento, puxavam a perna flexionada na frente do corpo (flexo do quadril e do joelho)
segurando-a com o brao do mesmo lado da perna. Depois, elevavam a perna
frente do corpo oito vezes, flexionando o quadril e o joelho simultaneamente.
Recomeavam a sequncia pelo lado esquerdo.
Atrs da cadeira, com as pernas paralelas na largura do quadril, seguravam
no encosto da mesma e flexionavam o quadril, levando o tronco frente, alongando
at seu limite individual. Relaxavam a coluna vertebral, deixando os braos soltos
em direo ao cho e retornavam, desenrolando as vrtebras sequencialmente.
3.4.1.2 Trabalho de flexibilizao com a utilizao de colchonetes
O trabalho de flexibilizao com a utilizao de colchonetes foi aplicado nas
ltimas quinze sesses do estudo, aps as primeiras quinze aulas com a utilizao
de cadeiras. Foram realizados movimentos com nfase na coluna vertebral e nos
membros superiores sentados sobre o colchonete com as pernas cruzadas; e
movimentos com nfase nos membros inferiores sentados sobre o colchonete com
as pernas estendidas e em decbito dorsal. Tambm foram feitos exerccios de
respirao em quatro apoios.
3.4.1.2.1 Descrio da proposta coreografada de flexibilizao com colchonetes
Sentados sobre os squios no colchonete, com as pernas cruzadas e a coluna
vertebral alongada nas curvaturas naturais, os alunos faziam duas circundues
completas da cabea, lentamente para o lado direito, emendando em seguida em
um movimento de flexo lateral da coluna vertebral para o lado esquerdo. O brao
direito estendido, em uma abduo do ombro, acompanha o movimento da coluna
para o lado esquerdo. Aps o perodo de permanncia nesta posio, os alunos
deitavam o tronco sobre as pernas em uma flexo de quadril e retornavam,
desenrolando as vrtebras. Executavam a sequncia, iniciando o movimento da
cabea para a esquerda.
Ainda na mesma posio utilizada na sequncia anterior, os alunos faziam
quatro vezes o movimento de flexo lateral da coluna cervical, alternando os lados.
Permanecendo na flexo lateral da cervical para o lado direito e enfatizando a
respirao, para auxiliar no aumento da amplitude a cada expirao, com o auxlio
33
da mo direita, puxavam a cabea para o lado direito e empurravam a mo
esquerda em direo ao cho. Alongavam o brao direito em direo ao lado oposto,
realizando a flexo lateral da coluna vertebral para a esquerda. Aps o tempo de
permanncia na posio anterior, desenhavam um crculo bem amplo no ar com o
brao direito, retornando a coluna para a posio inicial. O brao direito seguia no
desenho do crculo, at ser colocado na frente do tronco e puxado pela mo
esquerda. Em seguida, os alunos deslizavam a mo esquerda at o cotovelo direito
e puxavam o brao direito flexionado atrs da cabea, alongando os extensores do
cotovelo. Ento, as mos eram entrelaadas e depositadas atrs da nuca
provocando uma presso, puxando a cabea para baixo em uma flexo da coluna
cervical. Durante o tempo de permanncia nesta posio, enfatizava-se a
respirao, para que os alunos aumentassem a cada expirao a amplitude do seu
movimento. De forma imagtica, os alunos desenham o smbolo do infinito no ar
com o seu nariz. Repetiam a sequncia iniciando pelo lado esquerdo.
Ainda sentados sobre os squios, porm, com as pernas estendidas frente
do corpo, realizavam um trabalho de alongar a coluna como se os braos quisessem
alcanar o teto, espreguiando-se, e, em seguida arredondando a coluna no formato
da letra C maiscula. Repetiam quatro vezes este movimento bilateral do corpo.
Depois, com a coluna alongada, espreguiavam os braos oito vezes
alternadamente em direo ao teto, alongando a lateral do tronco. Ento, com os
braos alongados, flexionavam o quadril, levando o tronco frente, sem flexionar a
coluna, como uma tbua, at o seu limite individual, mantendo a isometria do
movimento, podendo flexionar levemente os joelhos. Relaxavam o tronco frente,
flexionando a coluna, soltando a coluna cervical e permitindo que a cabea pesasse
em direo aos membros inferiores; retornavam o tronco, desenrolando as
vrtebras.
Neste momento, os alunos flexionavam a perna direita e a cruzavam sobre a
esquerda, abraando a primeira com o brao contrrio, enquanto a segunda
permanecia estendida. Mantendo os squios no colchonete, faziam uma rotao da
coluna cervical para o lado direito com trabalho de respirao e relaxamento do
msculo trapzio do lado direito e do lado esquerdo, estimulando a ampliao da
rotao da coluna vertebral, que deve rotar entre as vrtebras T12 e L1. Com o
tronco rotado para o lado direito, o brao direito era estendido na altura do ombro.
Com ampla inteno espacial, o brao voltava, alongando os dedos e, auxiliando no
34
retorno do tronco. Em seguida, apoiavam a perna direita aberta e flexionada, sobre a
perna esquerda que permanecia estendida. Nesta posio, os alunos circundavam
os tornozelos, auxiliando com as mos e deitavam o tronco sobre as pernas.
Repetiam a flexo do quadril com alongamento da musculatura posterior dos
membros inferiores, com as duas pernas frente estendidas ou levemente
flexionadas. Ento, os alunos retornavam o tronco, lentamente, desenrolando as
vrtebras e recomeavam a sequncia para o lado esquerdo.
Em decbito dorsal, sobre o colchonete, as duas pernas eram abraadas
flexionadas flexo de quadril enquanto os alunos realizavam pequenos balanos
do corpo todo para os lados a fim de alongar e massagear a coluna lombar.
Estendiam a perna esquerda apoiada no colchonete, enquanto abraavam a direita.
Aps o tempo de permanncia na posio, a perna direita era levada para o lado
esquerdo sem tirar o brao e o ombro direito do cho, torcendo o tronco e
estabelecendo uma relao de oposio entre cintura escapular e cintura plvica.
Ento, retornavam as pernas e o tronco para o centro do colchonete, apoiavam os
ps no cho, com os joelhos flexionados e faziam uma elevao do quadril, tirando
as vrtebras do cho de baixo para cima e recolocando-as de cima para baixo.
Repetiam a mesma sequncia para o outro lado e novamente as pernas eram
abraadas e a coluna lombar era alongada e massageada.
Para finalizar a proposta de flexibilizao e relaxamento, os alunos rolavam
de barriga para baixo, apoiando os joelhos sobre o colchonete e o quadril sobre os
calcanhares, pesando a cabea em direo ao colchonete. E nesta posio, faziam
uma mobilizao da coluna aliada a um trabalho de respirao.
3.4.2 Propostas para o Relaxamento Muscular
O trabalho de relaxamento muscular foi realizado atravs de atividades
utilizando bolas de tnis, a partir de presses e massagens circulares com o
material. Este momento da aula foi inserido apenas nas ltimas dez sesses e tinha
durao de cinco a dez minutos.
As principais regies do corpo abordadas nas atividades de relaxamento com
a utilizao das bolas de tnis foram os ps, especialmente as plantas dos mesmos,
as colunas lombar, torcica e cervical, e a articulao coxofemoral.
Bertherat e Bernstein (2010) defendem que a planta do p pode ser
relacionada a uma miniprojeo de um corpo inteiro:
35
O p dividido por uma linha horizontal que corresponde cintura. A colocao das projees dos rgos sobre a planta do p a rplica da colocao dos rgos no corpo. O corao, que fica esquerda do corpo, projeta-se no p esquerdo; o fgado, que fica direita, projeta-se no p direito. (BERTHERAT e BERNSTEIN, 2010, p. 113)
Neste vis, as bordas laterais dos ps podem atingir a regio da coluna e do
quadril, e, por este motivo, foram as zonas mais exploradas nesta atividade, tendo
em vista a nfase destas articulaes no presente estudo. Desta forma, pretendeu-
se utilizar a massagem e presso nos ps, a fim de atingir tambm outros pontos do
corpo destes participantes.
3.5 ANLISE DOS DADOS
Para a anlise dos dados foi utilizado o software SPSS verso 18. Foi
realizada a estatstica descritiva e a normalidade dos dados foi verificada atravs do
Teste Shapiro-Wilk. Para as variveis que rejeitaram a hiptese de normalidade da
distribuio de diferenas foi utilizado o Teste Wilcoxon para dados no
paramtricos, com o intuito de comparar o antes e o depois. J para as variveis que
no rejeitaram a hiptese de normalidade, puderam ser utilizadas tcnicas
paramtricas para tal comparao, atravs do Teste t pareado.
As variveis Flexo do Quadril Perna Esquerda, Flexo do Quadril Perna
Direita, Flexo Lateral da Coluna Vertebral para Direita, Flexo Lateral da Coluna
vertebral para Esquerda, Flexo Lateral da Coluna Cervical para Direita, Flexo
Lateral da Coluna Cervical para Esquerda, Rotao Lateral da Coluna Cervical para
Direita, Rotao Lateral da Coluna Cervical para Esquerda, Flexo da Coluna
Cervical, Domnio da Vitalidade, Domnio da Limitao por Aspectos Emocionais e
Domnio da Sade Mental no rejeitaram a hiptese de normalidade. Sendo assim,
para estas variveis, foi utilizado o Teste t pareado.
J as variveis Domnio da Capacidade Funcional, Domnio dos Aspectos
Fsicos, Domnio Dor, Domnio Estado Geral de Sade e Domnio dos Aspectos
Sociais rejeitaram a hiptese de normalidade, e, dessa forma, foi utilizado o Teste
Wilcoxon.
O nvel de significncia adotado para ambos os testes foi de p
36
Nacional de Sade. O estudo foi submetido Comisso de Pesquisa da
ESEF/UFRGS e, aps a sua aprovao nesta instncia, foi tambm submetido ao
Comit de tica em Pesquisa da UFRGS.
Os indivduos participantes do estudo foram previamente esclarecidos sobre
a pesquisa a ser realizada e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APNDICE A). Nesse documento foram fornecidas todas as
informaes necessrias plena compreenso do estudo, assim como do resguardo
do sigilo e da proteo do anonimato. A partir do informado, os sujeitos tiveram a
autonomia de decidir sobre a participao ou no da pesquisa proposta. Os
participantes poderiam retirar seu consentimento a qualquer momento sem que isto
implicasse em qualquer prejuzo ou penalidade.
Os dados coletados nesta pesquisa sero armazenados e arquivados pelos
pesquisadores responsveis por cinco anos e aps sero destrudos.
Os participantes do presente estudo foram submetidos a riscos mnimos, no
maiores do que aqueles existentes durante as aulas de dana.
37
4 RESULTADOS
As tabelas 2 e 3 apresentam os resultados de mdia, mediana e desvio
padro dos testes de Flexibilidade e de Qualidade de Vida em todas as variveis
estudadas, comparando os valores obtidos antes e aps a aplicao das 30 aulas de
dana com proposta de flexibilidade.
A tabela 2 apresenta os dados referentes aos testes de flexibilidade: Flexo
do Quadril Perna Esquerda (FQE), Flexo do Quadril Perna Direita (FQD), Flexo
Lateral da Coluna Vertebral para Direita (FLCVD), Flexo Lateral da Coluna
vertebral para Esquerda (FLCVE), Flexo Lateral da Coluna Cervical para Direita
(FLCCD), Flexo Lateral da Coluna Cervical para Esquerda (FLCCE), Rotao
Lateral da Coluna Cervical para Direita (RLCCD), Rotao Lateral da Coluna
Cervical para Esquerda (RLCCE), Flexo da Coluna Cervical (FCC).
TABELA 2 Mdia, Mediana e Desvio Padro (DP) dos testes de Flexibilidade antes e
depois das 30 aulas.
ANTES DEPOIS
Mdia Mediana DP Mdia Mediana DP Valor P
FQD 123,90 122,00 12,808 135,50 137,00 8,746 0,001* FQE 123,40 125,00 14,961 135,00 137,00 9,649 0,002* FLCVD 27,00 26,00 5,850 42,40 43,00 6,222 0,001* FLCVE 28,60 28,50 4,904 44,10 44,50 6,607 0,001* FLCCD 29,50 28,50 7,778 41,00 42,50 6,683 0,001* FLCCE 30,90 29,00 8,386 41,40 42,00 5,758 0,001* RLCCD 59,70 59,00 8,782 67,40 70,00 8,140 0,001* RLCCE 59,10 60,00 8,130 68,90 71,00 8,491 0,001* FCC 39,70 40,50 11,757 54,60 56,00 8,113 0,001* * Diferena significativa (nvel de significncia de p
38
TABELA 3 Mdia, Mediana e Desvio Padro (DP) dos testes de Teste SF-36 antes e
depois das 30 aulas.
ANTES DEPOIS
Mdia Mediana DP Mdia Mediana DP Valor p
DCF 83,50 82,50 11,316 88,50 92,50 10,014 0,024* DAF 77,50 87,50 32,167 100,00 100,00 0,00 0,039*
DD 53,70 56,00 17,976 69,30 73,00 20,028 0,018*
DEGS 76,50 77,00 9,560 78,00 79,50 9,661 0,285
DV 63,00 65,00 11,106 74,00 75,00 7,746 0,005*
DAS 68,75 75,00 18,865 90,00 87,50 9,860 0,017*
DLAE 53,30 66,60 39,114 89,99 100,00 22,515 0,04*
DSM 64,00 64,00 14,727 75,60 78,00 9,879 0,034*
* Diferena significativa (nvel de significncia de p
39
5 DISCUSSO DOS RESULTADOS
Aps busca realizada em banco de dados cientficos, no foram encontrados
estudos que relacionassem a dana com o pblico adulto, analisando melhorias nos
nveis de flexibilidade e de qualidade de vida, simultaneamente. Desta forma foram
utilizados estudos com caractersticas semelhantes para se estabelecer um dilogo
e aprofundar a discusso.
A partir dos dados de flexibilidade coletados atravs do aparelho gonimetro,
anterior e posteriormente prtica das 30 aulas de dana, foi detectada diferena
estatstica em todas as articulaes avaliadas.
Cipriani et al. (2010) verificaram o aumento significativo na agilidade, no
equilbrio dinmico e na coordenao em uma amostra de 225 idosas participantes
de um programa de atividades fsicas durante dez meses. Porm, verificaram que a
flexibilidade, a fora e a resistncia aerbica foram mantidas.
Corroborando com a ideia acima citada, Sebastio et al. (2008) observaram
melhoras significativas nos nveis de resistncia de fora de membros superiores e
na coordenao motora, aps aplicar um programa de dana de 48 sesses em um
grupo de 21 mulheres acima de 50 anos. J a agilidade, o equilbrio dinmico, a
flexibilidade e a capacidade aerbia permaneceram em manuteno.
Observa-se, assim, em ambos os estudos que a prtica da dana no
ocasionou aumento na flexibilidade da amostra estudada, resultados estes que
diferem dos encontrados neste estudo.
Destaca-se que nestes estudos citados (CIPRIANI et al. 2010; SEBASTIO et
al. 2008), pode-se perceber que no foram aplicados treinamentos ou propostas
para o aumento da mobilidade articular. As atividades de alongamento propostas
nestas pesquisas surgem como uma rpida preparao corporal para a prtica,
somente na parte inicial da sesso e no como uma proposta de flexibilidade na
parte principal da aula.
Diferentemente de pesquisas onde so analisadas muitas qualidades fsicas
(equilbrio, fora, resistncia aerbica, entre outros), neste trabalho, a flexibilidade foi
a nica capacidade fsica em foco. Os exerccios de alongamento foram bastante
enfatizados nas aulas prticas, atravs da conscientizao corporal dos alunos, da
utilizao da respirao e do tempo de permanncia apropriado nas posies
propostas, a fim de potencializar o ganho de mobilidade articular em articulaes
40
especficas. A diminuio da tenso, buscada a partir de atividades de relaxamento,
tambm pode ter auxiliado na melhoria da flexibilidade da amostra estudada.
Outro fator a ser considerado que a perda da mobilidade articular um
processo natural que acontece no envelhecimento. Segundo Almeida e Jabur
(2006), o nvel de flexibilidade tende a diminuir com o passar dos anos, e, com isto,
podem aumentar os riscos de leso e a dificuldade da realizao de atividades
cotidianas, sendo comum tambm o aparecimento de dores e problemas posturais.
Nesse sentido, acredita-se que a manuteno e/ou o aumento da flexibilidade, em
indivduos adultos, torna-se relevante, considerando que nessa fase as pessoas
tendem a ter mais estresse, tenses musculares e hbitos de imobilidade.
No estudo de Varejo et al. (2007) notou-se melhora significativa na
flexibilidade geral dos participantes idosos, subdivididos em dois grupos, aps a
prtica de alongamento ou flexionamento. No trabalho de Coelho et al. (2000)
tambm foram verificados ganhos significativos na flexibilidade global dos
participantes inseridos em um programa de exerccio fsico supervisionado (PES).
Nestas intervenes, o trabalho de flexibilidade e alongamento teve grande
importncia nas aulas, bem como, nfase no objetivo dos estudos.
Desta forma, as prticas ministradas no presente estudo enfatizaram o
treinamento da flexibilidade, acreditando que o mesmo seja uma importante
ferramenta para a manuteno e aumento dessa qualidade fsica na fase adulta.
Foram propostos exerccios de alongamento com relaxamento e utilizao correta
da respirao como agente potencializador da mobilidade articular dos indivduos
participantes. Sendo assim, o aumento significativo na amplitude articular em
regies do corpo to necessrias para as atividades cotidianas, como a coluna
vertebral e a articulao coxofemoral, um resultado bastante positivo, para um
programa de 30 aulas de dana, ligadas a uma proposta de flexibilidade.
Assim, acredita-se que a relevncia dos exerccios de alongamento, como
mtodo para melhoria da flexibilidade, deve ser repensada nas aulas de dana, para
qualquer faixa etria. Esses exerccios no devem ser utilizados apenas como uma
preparao do corpo para a atividade que ser desenvolvida na parte principal da
aula de dana ou como forma de relaxamento; mas, tambm, como um importante
meio para a manuteno e/ou aumento da flexibilidade, enfatizando o trabalho das
articulaes necessrias para a realizao dos movimentos cotidianos.
41
Algo que deve ser considerada e observada a conscincia corporal dos
participantes no momento do teste de flexibilidade, com o gonimetro. Na coleta de
dados inicial, alm da tenso corporal, os alunos no tinham real noo das
possibilidades de seus corpos. Apesar da maioria dos participantes no ser
sedentria, havia neles, intrinsecamente, um hbito de no realizar os movimentos
propostos at a mxima amplitude. Este um costume usual das pessoas quando
se pensa, por exemplo, que muito mais fcil virar o corpo inteiro para olhar algo
que est para trs de voc, do que realizar uma rotao do coluna cervical de
grande amplitude, at por receio de leso. No significa que no houvesse
mobilidade articular antes da aplicao das 30 aulas de dana, porm, existiam
alguns fatores contrrios que levavam o indivduo a no usufruir por completo de sua
capacidade de movimento, dentre eles, o hbito da economia de movimento.
J na segunda coleta de dados, os indivduos tinham um maior conhecimento
das possibilidades de movimento que seus corpos eram capazes de fazer. Alm das
propostas de flexibilizao realizadas ao longo do programa, a conscincia corporal
e a intimidade entre alunos e a professora podem ter sido agentes que auxiliaram na
realizao de movimentos com maior amplitude. Foi perceptvel a concentrao dos
alunos, na segunda coleta, a fim de atingir sua amplitude mxima para a realizao
do teste de flexibilidade.
Em se tratando da qualidade de vida, atravs da anlise dos resultados do
questionrio SF-36 respondido pelos participantes, antes e depois das 30 aulas, foi
verificada melhora significativa em sete dos oito domnios abordados.
Oliveira et al. (2009) verificaram, em um grupo de 103 indivduos idosos
expostos a prtica de Dana Snior, durante quinze sesses, realizadas em quatro
meses, a partir do preenchimento do questionrio SF-36, a melhora do sentimento
de depresso e ansiedade, a diminuio da limitao fsica para realizao das
tarefas cotidianas e da fadiga, o aumento da energia e da disposio para participar
de outras atividades sociais, contribuindo assim para o bem estar geral com melhora
da qualidade de vida.
Em outro estudo realizado por Martins e Barreto (2007) foi observado, a partir
da aplicao de um programa de Ginstica Laboral, em um grupo de 13 funcionrios
adultos de uma empresa, resultados positivos na flexibilidade e melhorias na
qualidade de vida. Para a coleta de dados, estes autores utilizaram um questionrio
42
investigativo sobre as dores decorrentes do trabalho dirio, o teste de sentar e
alcanar, o flexiteste e um questionrio de satisfao com o programa.
Kessler et al. (s/n), atravs de uma reviso de literatura, concluiram que a
dana de salo possui um potencial para melhorar as condies fsicas, psicolgicas
e sociais dos idosos, a partir da diminuio das dificuldades de execuo de tarefas
da vida diria, de melhorias no convvio social e tambm das contribuies desta
prtica para a manuteno da autoestima e do bem estar psicolgico.
Os resultados obtidos nesses estudos abordados, ainda que em populaes
com outras caractersticas e com metodologias diferentes, vem ao encontro dos
resultados deste estudo.
Destaca-se aqui que nenhum estudo foi encontrado, relacionando o ganho de
amplitude articular melhora da qualidade de vida, como acontece na presente
pesquisa. Devido aos diversos aspectos positivos secundrios que a prtica da
dana influencia, torna-se difcil afirmar que a melhoria significativa da qualidade de
vida, observada a partir dos resultados obtidos com o instrumento SF-36, tenha sido
decorrente do aumento da flexibilidade.
Ainda assim, buscando relacionar a flexibilidade e a qualidade de vida da
amostra estudada, pode-se analisar os resultados obtidos para os domnios dos
aspectos fsicos (DAF), da dor (DD) e da capacidade funcional (DCF). Os trs
domnios citados apresentaram melhorias significativas e podem estar relacionados
a melhora significativa da flexibilidade.
O domnio da vitalidade (DV), dos aspectos sociais (DAS), dos aspectos
emocionais (DAE) e da sade mental (DSM) tambm obtiveram melhoras
significativas no teste de qualidade de vida. Possivelmente os aspectos sociais,
ldicos e divertidos que aulas de dana proporcionam auxiliaram na melhoria destes
domnios. (SEBASTIO et al., 2008; SZUSTER, 2011; KESSLER et al. s/n)
O domnio do estado geral de sade (DEGS) foi a nica varivel que no
obteve melhora significativa, aps o perodo de prtica. Os participantes j haviam
apresentado um bom resultado nesse domnio na primeira coleta de dados, anterior
as 30 aulas. Dessa forma, houve manuteno na qualidade desse domnio, com
aumento na mdia final (Tabela 4), mas que no foi significativo.
importante ressaltar que os resultados positivos obtidos neste estudo
dependeram do tipo de aula e do programa aplicado. A metodologia abordada neste
estudo foi pensada especialmente para o grupo de participantes, para proposta e
43
para o problema de pesquisa. As aulas aplicadas no grupo foram planejadas
especialmente para o objetivo deste estudo, obtendo-se, assim, um resultado
significativo em quase todos os aspectos avaliados.
44
6 CONSIDERAES FINAIS
Aps a anlise e discusso dos resultados verificou-se que 30 aulas de dana
influenciaram significativamente no aumento da flexibilidade articular e na melhoria
da qualidade dos indivduos participantes do estudo. Sendo assim, conclui-se que a
prtica regular de dana, ligada a uma proposta de flexibilidade, pode interferir na
qualidade de vida de indivduos adultos.
Este foi um estudo relevante no sentido de agregar conhecimento para
profissionais da rea da dana interessados em trabalhar com o pblico adulto,
proporcionando, desta forma, uma maior compreenso a respeito da importncia da
melhoria da amplitude articular e sobre a prtica do movimento corporal para essa
faixa etria.
Apesar dos aspectos positivos do estudo, acredita-se que o presente trabalho
apresenta algumas limitaes em sua metodologia. Entres estes esto: a ausncia
de um grupo controle, o pequeno nmero amostral composto por dez indivduos, a
presena de participantes de ambos os sexos, a heterogeneidade do grupo quanto
quantidade de prtica de exerccio fsico habitual, e a escolha no randomizada da
amostra.
Sugere-se que mais estudos sejam realizados nesta rea, principalmente
relacionados a adultos em idade profissional, tendo em vista que h uma grande
produo de trabalhos com o pblico idoso e h pouca produo com o pblico
adulto. Neste sentido, a flexibilidade tambm um tema que poderia ser melhor
explorado em estudos que relacionam a prtica da dana a melhorias nas
capacidades fsicas e funcionais de indivduos adultos.
45
REFERNCIAS
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47
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48
APNDICES
APNDICE A Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Ttulo da
pesquisa:
Dana e flexibilidade: interferncias na qualidade de vida de
indivduos adultos
Pesquisador
responsvel:
Profa. Dra. Aline Nogueira Haas e acadmica
Marcela dos Santos Delabary
Nome completo do
participante:
Voc est sendo convidado como voluntrio a participar desta pesquisa,
por ter o perfil da populao necessria para que a mesma se realize. O estudo
tem por objetivo analisar como a prtica regular de dana, ligada a uma proposta
de flexibilidade, pode interferir na qualidade de vida de indivduos adultos.
Se voc aceitar participar da pesquisa, voc dever realizar testes que
iro avaliar sua qualidade de vida e sua flexibilidade, antes do incio das aulas de
dana e aps 30 sesses. Com relao Qualidade de Vida, ser aplicado o
questionrio SF-36. Para avaliar a flexibilidade ser utilizado o aparelho
gonimetro que verificar alguns ngulos articulares: flexo do quadril; flexo
lateral da coluna vertebral; flexo, flexo lateral e rotao da coluna cervical.
Os pesquisadores envolvidos neste estudo trataro sua identidade com
padres profissionais de sigilo. Seus dados sero mantidos em anonimato. Seu
nome ou o material que indique sua participao no ser liberado sem
permisso por escrito, exceto se exigidos por lei. Voc no ser identificado em
nenhuma publicao que possa resultar deste estudo, sendo mantida a
privacidade de seus dados.
Os dados coletados nesta pesquisa sero de propriedade do pesquisador
responsvel e voc ter acesso, se necessitar, apenas s suas informaes
individuais. Os mesmos sero armazenados e arquivados pelo pesquisador
responsvel por 5 (cinco) anos e aps sero destrudos.
Voc livre para recusar-se a participar ou retirar seu consentimento a
qualquer momento. A sua participao voluntria e a recusa em participar do
estudo no acarretar em qualquer penalidade ou perda de benefcios.
49
Durante o decorrer deste estudo, novos resultados, positivos ou negativos,
podero surgir. Neste caso voc ser informado. Se esses novos resultados
tornarem necessrio reavaliar a sua situao individual ou interromper a sua
participao no estudo, o pesquisador responsvel pelo projeto ir discutir isto
exclusivamente com voc.
Os procedimentos de coleta de dados deste estudo sero fornecidos
gratuitamente, voc dever se responsabilizar pelos deslocamentos ao local das
atividades e por manter sua rotina atual. No ser disponibilizada nenhuma
compensao financeira adicional.
DECLARAO DO PARTICIPANTE:
Eu,______________________________________________________, fui
informado dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara, tendo tempo para
ler e pensar sobre a informao contida no termo de consentimento antes de
participar do estudo. Recebi informao a respeito dos procedimentos de
avaliao realizados, esclareci minhas dvidas e concordei voluntariamente em
participar deste estudo. O pesquisador responsvel pela pesquisa certificou-me
tambm de que todos os dados coletados sero mantidos em anonimato e de
que minha privacidade ser mantida. Tambm sei que caso existam