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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIAREVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 133.3.52.O
DATA: 16/06/05
TURNO: Vespertino
TIPO DA SESSÃO: Solene - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
INÍCIO: 12h06min
TÉRMINO: 13h58min
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO
Hora Fase Orador
Obs.:
CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 133ª Sessão, em 16 de junho de 2005
Presidência dos Srs. ...................................................................
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ÀS 12 HORAS E 6 MINUTOS COMPARECEM À CASA OS SRS.:
Severino Cavalcanti
José Thomaz Nonô
Ciro Nogueira
Inocêncio Oliveira
Nilton Capixaba
Eduardo Gomes
João Caldas
Givaldo Carimbão
Jorge Alberto
Geraldo Resende
Mário Heringer
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I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Declaro aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
II - LEITURA DA ATA
O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Fica dispensada a leitura da ata da
sessão anterior.
O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Passa-se à leitura do expediente.
O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,
procede à leitura do seguinte
III - EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Finda a leitura do expediente,
passa-se à
IV - HOMENAGEM
O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Esta sessão solene destina-se a
homenagear a imigração japonesa no Brasil.
Convidamos, para compor a Mesa, o Exmo. Sr. Takahiko Horimura,
Embaixador do Japão (palmas.); o Exmo. Sr. Deputado Takayama, Secretário-Geral
do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, autor do requerimento da presente sessão em
homenagem à imigração japonesa no Brasil (palmas.); o Exmo. Senador Eduardo
Siqueira Campos (palmas), representante do PSDB do Tocantins; o Exmo. Sr.
Emiliano Pereira Botelho, Presidente do Grupo Companhia de Promoção Agrícola.
(Palmas.)
Convido todos a ouvirem, de pé, o Hino Nacional.
(É executado o Hino Nacional.)
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O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Convidamos para compor a Mesa a
Sra. Liane Mühlenberg, produtora do filme Gaijin 2, representante da cineasta Tizuka
Yamasaki. (Palmas.)
Assistiremos agora a trechos do filme Gaijin 2, da cineasta Tizuka Yamasaki,
sobre o retorno dos descendentes de japoneses ao Japão. O filme será lançado em
breve em circuito nacional.
(Exibição de vídeo.)
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O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Agora assistiremos à apresentação do
Grupo Folclórico Miyako Daiko, de Brasília, que fará uma demonstração de taiko,
tambores japoneses.
(Apresentação do Grupo Folclórico Miyako Daiko.)
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O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - Convidamos para fazer uso da palavra
o Exmo. Sr. Deputado Takayama, autor do requerimento desta sessão de
homenagem.
O SR. TAKAYAMA (PMDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente;
Sras. e Srs. Deputados; Exmo. Sr. Embaixador do Japão, Takahiko Horimura; Exmo.
Sr. Senador Siqueira Campos; Sr. Emiliano Pereira Botelho, Presidente do Grupo
Campo; Sra. Liane Mühlenberg, produtora do filme Gaijin 2, que representa nesta
ocasião o símbolo da miscigenação das culturas, a cineasta tão conhecida Tizuka
Yamasaki; senhoras e senhores, é com uma ponta de orgulho — não no sentido
pecaminoso — que ocupo hoje esta tribuna e, ao mesmo tempo, com o sentimento
de enorme responsabilidade que recai sobre meus ombros em saber que hoje, no
Parlamento brasileiro, sou o único descendente das raízes nipônicas, num País
onde há mais de 1,5 milhão de japoneses, desde isseis a nisseis.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é extremamente complexo, neste
momento, analisar o sentimento dos primeiros imigrantes que, há 98 anos, saíram
do Japão, um país de cultura milenar, para o desconhecido, o chamado Terceiro
Mundo. Fico imaginando o sentimento de dor de uma pessoa que deixa sua pátria,
suas raízes, seus ancestrais. A hora da partida é muito difícil, como também o
momento de aportar em outro país, uma terra alheia. Porém, ambas situações — a
partida e a chegada — são instantes únicos que se constituem num ato heróico,
principalmente quando se trata de culturas totalmente diferenciadas, a cultura
milenar oriental, tradicional japonesa, e um país completamente novo, sem
praticamente tradições culturais. E, àquela época, os navios levavam meses para
chegar em outro país, como o primeiro que aportou aqui, o navio Kasatu-Maru.
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Nesta oportunidade, registro que a corrente imigratória para o Brasil teve
maior impulso no início do século XIX. No período de 1827 a 1874, a Província de
São Paulo recebeu mais de 11 mil estrangeiros. De 1875 até o início do século XX,
houve uma diretriz do governo objetivando substituir a mão-de-obra escrava pelo
trabalhador livre, como todos nós conhecemos a história, recrutando indivíduos
naturais de regiões distantes do solo brasileiro. Entre 1875 e 1886, vieram mais de
42 mil imigrantes.
Sabe-se que as 165 primeiras famílias de imigrantes, compostas por 781
japoneses, chegaram a nosso País, no Porto de Santos, no navio Kasatu-Maru, às
9h, em 18 de junho de 1908, e que vieram de 11 províncias diferentes do Japão, a
maior parte de Tóquio, de Fukushima, de Okinawa, Kagoshima e Yamaguchi. Em
1958, eram 140 mil imigrantes, isseis, a primeira geração, e 300 mil filhos de
japoneses, os nisseis, que constituíram a conhecida e tradicional colônia japonesa.
É inegável. Nenhum cidadão brasileiro pode negar a contribuição grandiosa
— ainda que de origens éticas, traços fisionômicos e estruturas ósseas
completamente diferentes — que a comunidade japonesa deu a este País, tanto na
agricultura quanto na área da tecnologia e na determinação de tornar forte este País.
No início, eles dedicavam seus esforços à agricultura e respondiam, em 1960,
por 6% da produção de café, 11% da produção de algodão, 27% da produção de
batata, 39% da produção de amendoim e 61% da produção de tomate, além de
contribuir no cultivo de hortaliças, das frutas, rami, erva-mate. Também
desenvolviam a criação do bicho-da-seda e de aves produtoras de ovos.
Registra-se que, em 1908, pelo trato de mil pés de cafés, os isseis recebiam
80 mil réis; em 1922, eram pagos entre 150 a 200 mil réis e a diária do trabalhador
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japonês avulso era de 2.000 a 2.500 réis, enquanto que os brasileiros e imigrantes
de outras nações, que laboravam em estabelecimentos da redondeza da cidade de
São Paulo, não alcançavam nem a metade.
Então, havia, vamos dizer, um fator que determinava a força do seu trabalho,
a responsabilidade e, evidentemente, isso trazia um maior ganho a essas pessoas.
Os nipônicos labutavam no pesado diuturnamente, regando nossas terras
com saudade, com esperança, com personalidade vocacionada a superar os
obstáculos e, principalmente, vencer.
No ano de 1958, 57% da população trabalhavam na agropecuária, 8% na
indústria e 35% no comércio. Em 1967, 50% dos isseis, nisseis e de seus filhos, os
sanseis, continuavam no setor primário, 12% no secundário e 38% no setor terciário,
preferindo trabalho e domicílio no Estado de São Paulo e depois no interior do
Paraná.
Neste momento, recordo-me das palavras do poeta Sêneca, contemporâneo
de Jesus Cristo — 4 a.C. e 65 d.C. —, que escreveu: “O vento é favorável para
quem sabe onde ir”. E os isseis e os nisseis sabiam o que mais queriam: demonstrar
a seus parentes do Japão que eles estavam vencendo, progredindo e contribuindo
para o progresso nacional. Vale registrar que, apesar das chuvas sobre seus
ombros, da terra virgem, da mata virgem, mas cheia de surpresas: insetos, doenças,
pragas desconhecidas no Japão, numa terra nova, do sol causticante, da poeira
vermelha e também da lendária escuridão, no caminho do trabalho ou da escola,
onde receberam aulas de português, divulgação dos costumes e dos hábitos
nacionais, como também a difusão de seus direitos legais em motivação,
conseguiram adequar e melhorar os entendimentos entre brasileiros e japoneses.
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É relevante ressaltar que não basta apenas conhecer as virtudes pelas lições
diárias dos anciãos ou por meio de leituras. É necessário, Srs. Parlamentares, que
haja a prática daquilo que foi anunciado por Jesus Cristo ou também por outros
grandes líderes que passaram pela Terra e deixaram seus apontamentos anotados
por iluminados escribas. Em nossos países, irmãos isseis e nisseis, ao lado da
efetiva liderança dos brasileiros, escreveram inconteste parte da história desta
Nação.
Confesso que me sinto profundamente honrado por ter sido autor do
requerimento desta augusta sessão solene, Sr. Presidente, em homenagem à
imigração japonesa, organizada pelos dirigentes da Mesa Diretora, comandada pelo
nobre Presidente Severino Cavalcanti, e por eficientes servidores desta Casa.
Aproveito a oportunidade para agradecer ao cerimonial a colaboração.
Diante de V.Exas., Sras. e Srs. Deputados, das senhoras e senhores que nos
honram com sua presença, ressalto minha honra de ser descendente de uma família
japonesa da região de Kumanoto e Fukuoka, distante aproximadamente 900
quilômetros de Tóquio, na região sul, cerca de 5 horas de trem-bala — veículo que
inspira o crescimento do setor ferroviário mundial de alta tecnologia.
Acredito que, neste ano, ao comemorarmos o 97º aniversário da imigração
japonesa no Brasil e mais de 18 anos do início da onda emigratória dos dekasseguis
— filhos e netos de japoneses —, do Brasil para o Japão, para o Sol Nascente,
ambos acontecimentos engrandecem o relacionamento nipo-brasileiro, que, pela
vontade mútua de nossos povos, tende a prosperar em clima de respeito e de
harmonia.
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Se os isseis e os nisseis deixaram no passado seus tatames, glórias militares,
conceitos culturais seculares, a imagem das ilhas longínquas do Oceano Pacífico,
seus irmãos de alma sã num corpo são, eles nunca deixaram de admirar o povo
brasileiro e seu ofício pela contribuição à grandeza do nosso País, que, em 2030,
poderá assumir a liderança mundial em inúmeros setores e em diversos segmentos
econômicos.
Os nossos isseis, nisseis, sanseis e seus filhos, yonseis, que constituem a
nossa colônia japonesa no Brasil, estão sempre dispostos a oferecer seus esforços
pelos avanços do nosso País em diversos campos — econômico, político,
educacional, social, desportivo, filosófico-religioso —, desde o judô ao paisagismo,
da pintura à culinária e do silêncio da meditação ao Karaokê.
É importante observar que nossos imigrantes japoneses não praticaram atos
de invasão de terra, ocupação, posse ilegal, nem a japonização. Pelo contrário, com
humildade, trabalho, temperança e prudência, eles adubaram e hoje fertilizam nosso
solo com suor e, por isso mesmo, contribuem para o engrandecimento da nossa
Pátria.
Pela passagem do 97º aniversário da imigração japonesa no Brasil, certifico
que os nossos ancestrais sempre reconheceram que a riqueza frívola endurece o
coração e turva a inteligência. Todavia, deve existir a vontade humana de possuí-la,
de forma equilibrada e equânime, para que possa ser compartilhada com todos.
O Sr. Gilberto Nascimento - Permite V.Exa. um aparte?
O SR. TAKAYAMA - Com muita honra, ouço V.Exa., Deputado de um dos
Estados onde há maior descendência nipo-brasileira: mais de 1 milhão de nisseis.
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O Sr. Gilberto Nascimento - Nobre Deputado Takayama, parabenizo V.Exa.
pela feliz iniciativa de realização desta sessão solene. Tem sido V.Exa. um
Deputado brilhante nesta Casa, eleito pelo tão forte Estado do Paraná, onde a
colônia japonesa é realmente muito grande. O início do desenvolvimento desse
Estado foi também calcado pelos japoneses que ali chegaram muito cedo.
Parabenizo V.Exa. pelo fato de nunca ter se esquecido de suas raízes, de seus pais,
os quais tive alegria de conhecer. Mesmo no Brasil, mantiveram todas as tradições
oriundas do Japão. Portanto, mais uma vez, parabenizo V.Exa. e toda a comunidade
japonesa, por trazer aqui dados tão interessantes demonstrando o que já
representavam os anos da década de 60 no Brasil, principalmente na agricultura,
área que tanto se desenvolveu no Brasil. Que Deus possa realmente abençoá-los e
orientá-los. Tive oportunidade de acompanhar pela TV Globo e por outras emissoras
a viagem do Presidente ao Japão. Em todas as aparições do Presidente, estava lá
V.Exa., naquela nação, mostrando alegria e satisfação em estar no berço onde
nasceram seus pais. Repito: parabéns a V.Exa.. (Palmas.)
O SR. TAKAYAMA - Agradeço a V.Exa. o aparte que abrilhanta meu
pronunciamento. Gostaria de dizer a todos com enorme felicidade que V.Exa. tem
esse vínculo com a colônia porque sua nora, Érica, é nissei.
Foi um grande prazer ter viajado com o Presidente ao Japão. Este é um
momento histórico entre o Japão e o Brasil.
Sabem V.Exas. que, a partir da década de 70, o Japão, pela sua forma
metódica, distanciou-se do Brasil na questão comercial, por causa das inconstâncias
econômicas e planos que vieram e acabaram atrapalhando. Contudo, a ida do
Presidente Lula ao Japão foi um momento histórico, que vai reaquecer esses laços
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econômicos, mesmo porque aquela nação se distanciou na questão econômica, mas
nunca deixou de se aproximar em termos de investimento, como é o caso da
Campo, resultado de uma aproximação do Japão, por intermédio da JAICA, da
JETRO, sempre investindo na área social no Brasil.
Deixo aqui registrado esse momento histórico de alegria para todos nós. Ou
seja, essa reaproximação. Hoje o Brasil é o País que mais japoneses tem.
Queremos, neste momento, fazer um parêntese no nosso pronunciamento e
pedir o empenho de todos os companheiros desta Casa para um importante
acontecimento. Em 2008, estaremos celebrando o centenário desse acontecimento.
O Presidente Lula comprometeu-se, no Japão, a fazer a maior festa japonesa no
Brasil. Espero a participação de todos, a divulgação da nossa mídia. Com certeza, a
comunidade japonesa no Brasil merece esse destaque, pelo que tem contribuído.
Registramos, com pesar, a perda, este ano, de dois símbolos da comunidade
nipo-brasileira: os Deputados Federais Paulo Kobayashi e Diogo Nomura e, em um
passado um pouco mais distante, o Deputado Homero Oguido, representante do
Paraná.
Os companheiros Paulo Kobayashi e Diogo Nomura prestaram grandes
serviços à comunidade nipo-brasileira, composta hoje por mais de 1 milhão e 200 mil
pessoas, e receberam inúmeras condecorações, simbolizando o mérito de suas
ações em favor da nacionalidade brasileira.
Houve outros ícones aqui, como o companheiro Antonio Ueno, um dos
Deputados que mais mandatos teve nesta Casa — onze. S.Exa. encerrou suas
atividades de Parlamentar, mas não de sacerdote cívico, pois muito tem contribuído
nas relações comerciais da Câmara de Comércio Brasil-Japão.
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Vejo com muito prazer neste plenário os Senadores Siqueira Campos e
Magno Malta, cuja presença muito nos honra. Nos próximos dias estará entrando na
pauta de votação daquela Casa projeto de lei de minha autoria e do Deputado Paulo
Kobayashi, que determina a data de 18 de junho como o Dia da Migração Japonesa.
Peço o empenho dos dois Senadores aqui presentes no sentido de que esse projeto
seja aceito no Senado, como o foi na Câmara dos Deputados.
Quero dizer, na condição de único representante da colônia japonesa neste
Parlamento, que muito me honra continuar os valiosos trabalhos de Kobayashi e
Nomura.
Para finalizar, rendo minhas sinceras homenagens aos isseis, minha gratidão
aos nisseis, minha fraternidade aos sanseis e minha amizade aos yonseis, aqui
representados pelo ilustre Embaixador do Japão, Takahiko Horimura, e demais
membros, os quais têm o compromisso de efetuar tarefas em favor do progresso
nacional e, com grande esmero, fortalecem os laços de fraternidade entre nossos
povos.
Externo meu profundo sentimento de alegria, orgulho e responsabilidade de
poder, acima de tudo, contribuir não apenas pelo estreitamento de relações, mas
pelo crescimento desta grande Pátria.
Muitas vezes, por causa de minha cara, há uma tendência de não me
considerarem brasileiro. Sou brasileiro de coração e de alma, nasci nesta terra, mas
é evidente que não posso esquecer minhas tradições e raízes culturais.
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que meu pronunciamento seja divulgado
pelos órgãos de comunicação desta Casa Legislativa.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Carlos Willian) - O Presidente da Casa, Deputado
Severino Cavalcanti, pede que eu transmita aos senhores suas desculpas por não
estar presidindo esta sessão. S.Exa. deixa um abraço a todos os imigrantes
japoneses no Brasil, por quem tem respeito e profunda admiração, assim como o
tem pelo Deputado Takayama.
O Deputado Severino Cavalcanti foi chamado pelo Presidente da República
para uma reunião de emergência. Deve retornar daqui a pouco.
Convido o Exmo. Sr. Senador Magno Malta para fazer parte da Mesa.
Aproveito a oportunidade para passar a Presidência ao Deputado Takayama,
autor do requerimento de realização da presente sessão solene.
O Sr. Carlos Willian, § 2º do art. 18 do Regimento
Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada
pelo Sr. Takayama, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Agradecemos ao companheiro Carlos
Willian por ocupar brilhantemente a Presidência desta sessão solene.
Devido ao atraso da sessão anterior, teremos, lamentavelmente, de limitar
nosso horário. Segundo a assessoria da Casa, esta sessão solene tem de ser
encerrada às 13h45min. Como há diversos oradores que querem se pronunciar em
nome de seus partidos, peço a compreensão de S.Exas. para se aterem ao tempo
regimental.
Cada orador disporá de 5 minutos.
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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Vamos ouvir, neste momento, a brilhante
Deputada Telma de Souza, ex-Prefeita de Santos, representante do PT.
A SRA. TELMA DE SOUZA (PT-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr.
Presidente, Deputado Takayama, meus cumprimentos pela iniciativa de realização
desta sessão de homenagem aos 97 anos da imigração japonesa no Brasil.
Cumprimento o Senador Eduardo Siqueira Campos, que faz parte da Mesa; o
Senador Magno Malta; o Sr. Embaixador do Japão, Takahiko Horimura, em nome de
quem saúdo toda a comunidade japonesa; as senhoras e os senhores presentes.
Sr Presidente, venho da cidade de Santos. Torno-me, assim, de alguma
maneira, cúmplice da chegada dos imigrantes japoneses à minha terra.
No dia 18 de junho de 1908 chegou ao cais de Santos, vindo de Kobe, o
navio Kasato-Maru, com 781 imigrantes japoneses — os primeiros vinculados a um
acordo migratório estabelecido entre o Brasil e o Japão —, além de 12 passageiros
independentes, numa viagem que durou exatamente 52 dias.
Embora o Japão tenha enviado seus primeiros imigrantes ao Brasil em 1908,
os primeiros japoneses a pisar no solo brasileiro foram os 4 tripulantes do barco
Wakamiya Maru, em 1803 — portanto 105 anos antes —, que afundou na costa
japonesa. Os náufragos foram salvos por um navio de guerra russo, que, não
podendo desviar-se de sua rota, levou-os em sua viagem. No retorno, a embarcação
aportou, para conserto, em Porto de Desterro, atual Florianópolis, em Santa
Catarina, no dia 20 de dezembro, ali permanecendo até 4 de fevereiro de 1804. Os 4
japoneses fizeram importantes registros da vida da população local e da produção
agrícola da época.
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Outros japoneses estiveram de passagem pelo País incidentalmente, mas a
primeira visita oficial para se buscar um acordo diplomático e comercial ocorreu em
1880. No dia 16 de novembro desse ano, o Vice-Almirante Artur Silveira da Mota,
mais tarde Barão de Jaceguai, iniciou em Tóquio as conversações para o
estabelecimento de um tratado de amizade, comércio e cooperação entre os 2
países.
O esforço nesse sentido prosseguiu em 1882, com o Ministro Eduardo
Calado, mas o acordo só se teria concretizado 13 anos mais tarde. No dia 5 de
novembro de 1895, em Paris, Brasil e Japão assinaram o Tratado de Amizade,
Comércio e Navegação, exatamente 13 anos depois da chegada do Kasato-Maru.
Pedi a meu partido que me concedesse a honra de fazer parte desta sessão
solene, falando pelo Partido dos Trabalhadores, porque, na minha cidade, Santos,
existe uma casa onde funcionou uma escola construída pelos imigrantes japoneses.
Lamentavelmente, em 1946, o Governo brasileiro, em função até do momento
de guerra, transferiu para sua posse vários bens que representavam as culturas
italiana, alemã e japonesa.
Projeto do ex-Deputado Koyu Iha, relatado pelo Deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh, há um ano e meio recebeu parecer favorável à devolução dessa casa à
comunidade japonesa. No dia 18 estarei em Santos, onde se apresentará também
um grupo de taiko, numa atividade de quase um dia inteiro, para levar essa mesma
expressão, que é importante. A Casa da Cultura Japonesa é um marco.
Hoje à tarde a bancada do PT estará com o Presidente Lula, a quem levarei
uma carta — farei com que ela chegue novamente a V.Exa., Deputado Takayama,
ao Sr. Embaixador e às entidades ligadas à comunidade japonesa —, reiterando a
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excepcional oportunidade de fazer voltar à comunidade japonesa um espaço que
representa a sua origem e a sua cultura.
Sras. e Srs. Parlamentares, senhoras e senhores, penso que só poderemos
saber para onde vamos se fortalecermos as nossas origens. Perguntei aos meninos
do taiko a idade deles. Eles me responderam: “One, two, three, four”. Perguntei-lhes
por que responderam em inglês e eles disseram que é a modernidade. Eu lhes
disse, então, que a primeira maneira que o homem usou para se comunicar foi por
meio da percussão, dos tambores.
Não sei tanto da cultura dos tambores nem da cultura do taiko. Mas sei que,
para olharmos fortalecidos para o futuro, devemos ter nossas origens, nossos
alicerces.
Na frente de minha casa, em Santos, tenho um bambu-mossô. A fortaleza do
bambu e a sua extrema flexibilidade não o deixam quebrar perante os ventos. Ele
resiste às tempestades.
Quando era Prefeita, tive a honra de visitar o Japão. Estive em Shimonoseki,
cidade-irmã de Santos, e também em Hiroshima, Nagasaki, Kobe, Tóquio e na
tradicional Kyoto. Aprendi o valor da terra, da mãe-terra, que faz germinar em um
país onde são grandes as dificuldades, devido às inúmeras ilhas existentes. Entendi
o significado do jardim japonês; entendi, possivelmente, o significado do calor e do
delicado trato com as árvores; e tive a honra de plantar uma cerejeira em minha
terra natal.
É em função de todos esses aprendizados que aqui rememoro e cultivo a
cultura japonesa, a modernidade e também as origens de todos nós.
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Saúdo o 18 junho, que faz com que, cada vez mais, os laços entre nossas
nações sejam mais fortes, independentemente do formato de nossos olhos, como
disse o Deputado Takayama. Pela solidariedade alcançaremos a integração, que
fará do mundo um só país.
Parabéns à comunidade japonesa.
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Muito obrigado, Deputada Telma de
Souza.
Informo a V.Exa. que a Frente Parlamentar Brasil-Japão, com certeza,
somará esforços, a fim de que seja resgatado esse edifício símbolo da chegada da
colônia japonesa ao Brasil.
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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Concedo a palavra ao Deputado Jefferson
Campos, natural de Sorocaba, onde também a comunidade japonesa se instalou,
para falar pelo PMDB. S.Exa. dispõe de 5 minutos.
O SR. JEFFERSON CAMPOS (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, nobre Deputado Takayama, V.Exa., neste momento, engrandece toda a
colônia japonesa com a realização desta sessão solene. Parabenizo-o pelo laborioso
trabalho que realiza nesta Casa em favor dos evangélicos, dos japoneses e do povo
do Paraná. Cumprimento o nobre Senador Eduardo Siqueira Campos, amigo,
companheiro, que tanto tem engrandecido o Estado do Tocantins e o Brasil. Quero
cumprimentar o nobre Senador Magno Malta, que também, de maneira brilhante,
tem efetuado seu trabalho parlamentar. Da mesma forma, cumprimento o Sr.
Takahiko Horimura, Embaixador do Japão; o Sr. Emiliano Pereira Botelho,
Presidente do Grupo Campo, Companhia de Promoção Agrícola; a Sra. Liane
Mühlenberg, produtora do filme Gaijin 2, que representa neste ato a cineasta Tizuka
Yamasaki.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, entre a chegada ao Brasil de Ryochi
Kodama e Hirotaka Isawa transcorreram 74 anos.
Ryochi chega ao Porto de Santos em 18 de junho de 1908, no lendário vapor
de bandeira japonesa, o Kasato-Maru, com mais 780 imigrantes, os primeiros a aqui
chegarem, iniciando a altaneira saga japonesa no Brasil. Tinha apenas 13 anos e foi
o último dos primeiros imigrantes japoneses a falecer em terra brasileira, com mais
de 90 anos — com provecta idade, sinal de que o Brasil lhe fez bem. Foi um
verdadeiro símbolo da imigração nipônica.
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O último a chegar foi Hirotaka, que se radicou entre nós desde 1982. Seus
pais já se encontravam no Paraná, onde se dedicavam à cultura do rami, urticácea
provinda da Ásia tropical, planta utilizada na manufatura de tecidos e cordoalha, por
contar com a mais resistente fibra vegetal.
Fibra, aliás, é o que não faltou à destemida gente japonesa para fazer a
verdadeira revolução agrícola, que teve lugar em diversos Estados brasileiros.
Também não lhes faltou fibra quando reemigraram — agora, internamente — dos
campos para as cidades. Nelas, como se esperava, salientaram-se como
advogados, artistas, cientistas, empresários, engenheiros, médicos, professores e
políticos.
Na minha cidade, Sorocaba, o Vereador Francisco Moko Yabiku representa
muito bem a colônia japonesa.
Na USP há um desmedido número de universitários nipo-brasileiros. Basta
passear pelo campus da Universidade para comprová-lo. E a chamada colônia, cuja
população de há muito já passou dos 6 dígitos, é, em sua imensa maioria,
constituída de filhos, netos, bisnetos, trinetos, tataranetos dos imigrantes primitivos.
Sem falar da inacreditável mistura dessas notáveis estirpes com brasileiros extraídos
de linhagens outras.
Até porque, senhores, além de resistência, toda fibra, ao contrário do tronco,
tem também versatilidade. Cremos que a razão do sucesso absoluto da imigração
japonesa no País deve-se à indiscutível versatilidade cultural de ambas as partes.
Essa versatilidade levou à miscigenação cultural exatamente entre antípodas. Nosso
antipodismo, através das décadas, acabou por restar meramente geográfico. E a
integração cultural revelou-se por inteiro.
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O Sr. Neuton Lima - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. JEFFERSON CAMPOS - Deputado Neuton Lima, ouço V.Exa. com o
maior prazer.
O Sr. Neuton Lima - Muito obrigado, nobre Deputado Jefferson Campos.
Caro Deputado Takayama, que preside esta sessão solene, brilhante Parlamentar
que representa o Paraná; caro Embaixador do Japão no Brasil; demais membros
que compõem a Mesa; Sr. Senador; Sras. e Srs. Deputados; senhoras e senhores:
não poderia deixar de me manifestar nesta sessão solene, até porque represento
uma partícula da comunidade japonesa que reside na minha querida Indaiatuba.
Minha cidade tem uma colônia devidamente organizada, com clube, com time de
beisebol, com uma escola nipo-brasileira em que se ensina — não só aos
descendentes, mas também a toda a comunidade indaiatubana — a língua e a
cultura japonesas. E temos a felicidade de contar com a festa nipo-brasileira de
Indaiatuba, que transcorre no mês de abril, em que se reúnem de 30 a 40 mil
pessoas. Nela, pode-se saborear a comida e ver a dança típica do Japão. Portanto,
não poderia deixar de destacar, neste dia em que esta Casa homenageia a
imigração japonesa, a comunidade japonesa da cidade de Indaiatuba, no interior de
São Paulo. Parabenizo essa comunidade, que veio nos auxiliar a desenvolver nosso
País. Nobre Presidente, querido Deputado Jefferson Campos, grandes empresas
japonesas estão sediadas no Município indaiatubano, como a Toyota do Brasil, a
Yamaha do Brasil. Temos também a família Fuji em Indaiatuba. É uma família
grande. Além disso, há outras famílias conhecidas e até eleitores meus. Quero não
só parabenizá-los, mas também agradecer-lhes, pois trouxeram desenvolvimento ao
nosso País. Aproveito o momento, a exemplo do que disse V.Exa., Sr. Presidente,
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nobre Deputado Takayama, para destacar que este bom momento é oportuno para o
Brasil estreitar as relações e aumentar o entrelaçamento entre as autoridades
brasileiras e as autoridades japonesas, para receber maior apoio desse grande país
que é o Japão. Vemos, neste histórico trazido pela Embaixada Japonesa, que o
Japão é a segunda maior economia do mundo, à frente da Alemanha, da França e
de muitas outras. Os japoneses, com certeza, têm muito a nos ajudar. E queremos
sua ajuda. Ela é muito bem-vinda. Recebemos de braços abertos os investimentos,
a cultura, a tecnologia, o apoio econômico, não só na área industrial, mas também
nas áreas agrícola, comercial, enfim, em todas as áreas necessárias. O Brasil está
com as fronteiras abertas para receber os japoneses, no sentido de consolidar essa
relação. Afinal, o brasileiro ama o japonês e o japonês ama o Brasil. Muito obrigado,
nobre Deputado. (Palmas.)
O SR. JEFFERSON CAMPOS - Agradeço ao nobre Deputado Neuton Lima o
aparte. Peço à Presidência que o incorpore ao meu pronunciamento.
As diversas participações da nossa comunidade foram bastante citadas pelos
nobres Deputados.
Sr. Presidente, entre tantos efeitos da miscigenação cultural a que me referi,
cito a culinária. George Orwell disse que era o campo mais difícil de se mudarem os
costumes. Mas quem de nós ainda não experimentou o bolinho de arroz avinagrado
(sushi) ou a variedade de peixes crus (sashimi)?
Os encontros, de tão inumeráveis, são a regra. Entre tantos, poderíamos, por
exemplo, salientar o esporte, com destaque para as artes marciais, como o judô; ou
a medicina oriental, exemplificada pelo shiatsu, entre outras técnicas. Mas fiquemos
com as artes.
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Manabu Mabe e seu filho Yugo, Tikashi Fukushima e seu filho Takashi, Tomie
Ohtake e seu filho Ruy, mais que tudo, falam por si. São exemplos de artistas
plásticos brasileiros, de nível internacional, nascidos no Japão. Seus filhos são
artistas brasileiros nascidos no Brasil. A herdada vocação artística produziu obras
independentes, nada obstante. Rui, a propósito, seguiu a Arquitetura.
É ainda com a arte, pois que expressão máxima da cultura, que gostaríamos
de concluir — entre as 7, a sétima, em que nossa estimada Tizuka Yamasaki se
sobressai.
Aos 56 anos, Tizuka será sempre lembrada pela obra-prima Gaijin: Os
Caminhos da Liberdade, saga dos pioneiros nipônicos, em que a personagem Titoe
é mescla de sua avó com uma outra japonesa que chegou antes dela no já citado
transatlântico Kasato-Maru.
Não há maior homenagem à imigração homenageada, por sinal em vésperas
de um século de existência, que sua declaração, ao questionar o tema da identidade
cultural: “Só descobri que era brasileira no Japão, quando fui buscar os atores para
fazer o Gaijin”.
Quando um “outro valor mais alto se alevanta”, como este, de bom grado — e
emocionado — acatamo-lo.
Parabéns aos nossos irmãos japoneses imigrantes, que fazem do nosso
Brasil uma nação cada vez maior e melhor. Saúdo também o meu amigo Deputado
Takayama, que teve a brilhante idéia de realizar esta homenagem. Cumprimento
especialmente meu amigo, Deputado Hidekazu Takayama, pelo brilhante trabalho e
pela magnífica idéia de homenagear seu povo, a quem V.Exa. jamais envergonhou
ou envergonhará.
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Parabéns a todos os imigrantes japoneses, que já são brasileiros. Para
aqueles que virão, com certeza, esta terra os acolherá de braços abertos.
Que Deus abençoe a todos!
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que este pronunciamento seja divulgado
pelos órgãos de comunicação da Casa.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Concedo a palavra ao Deputado Luiz
Carlos Hauly, pelo PSDB. S.Exa. é oriundo de uma das cidades onde a comunidade
japonesa é bastante significativa e que serviu de cenário para o filme Gaijin 2.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente Takayama, V.Exa. é de origem japonesa e nos orgulha a todos os
brasileiros sua presença e também a miscigenação no Brasil; Sr. Takahiko Horimura,
Embaixador do Japão; Sr. Senador Siqueira Campos; Sr. Emiliano Pereira Botelho,
Presidente do Grupo Campo, Companhia de Promoção Agrícola; Sra. Liane
Mühlenberg, produtora do filme Gaijin 2, representante da cineasta Tizuka
Yamasaki, que, como disse o Deputado Takayama, fez o filme Gaijin 2 em Londrina;
neste momento, quero reverenciar também a figura do grande e eterno Deputado e
Embaixador brasileiro no Japão, Antonio Ueno, também da nossa região, de Assaí e
Londrina; lembro também, in memoriam, do Deputado Paulo Kobayashi,
recentemente falecido, amigo nosso; ainda há pouco liguei para o grande Vereador
Roberto Kanashiro, do PSDB de Londrina, também orgulho da colônia japonesa.
Pronuncio este discurso em nome do PSDB, que rende merecidas
homenagens aos imigrantes japoneses e seus descendentes, reconhecendo a
inestimável contribuição prestada ao desenvolvimento do País na agricultura, bem
como em outras atividades, com influência marcante em diversos setores, nos
esportes, como judô, tênis de mesa, beisebol, nos hábitos alimentares, nas artes, na
transmissão de valores relativos a trabalho, na educação, na disciplina, no respeito
ao idoso e às tradições.
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Sem dúvida alguma, a integração japonesa é extraordinária na Medicina, na
Engenharia; em todas as áreas da atividade humana há presença marcante dos
descendentes japoneses no nosso País.
A lembrança do início da imigração japonesa para o Brasil nos remete à saga
de dificuldades, sacrifícios, perseverança, esforço, adaptação e inteligência de um
povo realmente notável.
Entre as primeiras e principais referências históricas dessa trajetória, cumpre
mencionar a assinatura do Tratado da Amizade, Comércio e Navegação, em 1895, e
a chegada dos primeiros imigrantes no vapor Kasato-Maru, em 1908.
Sr. Presidente, quero ressaltar que ainda está viva a única sobrevivente do
Kasato-Maru, a Sra. Tomie Nagagawa, que este ano completa 96 anos de idade.
Há 97 anos, então, teve início a fixação dos primeiros imigrantes japoneses
no Brasil, a partir da Região Sudeste. Embora no começo não tenham sido tão
animadores os resultados da imigração, com o passar do tempo, os obstáculos iam
sendo superados. Os imigrantes japoneses se radicaram em Assaí, Curitiba, Uraí,
Londrina, em várias cidades do norte do Paraná, Maringá e, em São Paulo, Mogi
das Cruzes, Bastos, Cotia, Indaiatuba, Sorocaba, Suzano e Pereira Barreto. Além do
papel que desempenharam na expansão da fronteira agrícola em São Paulo e no
Paraná, instalaram-se também em outras regiões, como Campo Grande, Belém,
Tomé-Açu, Manaus, Ivoti, no Rio Grande do Sul, terra de Júlio Redecker, e em
algumas colônias em Goiás, terra do Deputado João Campos, e em tantos lugares
do Brasil.
Em busca de terra para plantar, trabalharam em plantações de café, algodão
e, depois, como hortifrutigranjeiros.
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Os japoneses foram ainda responsáveis pela introdução do plantio de juta e
de pimenta-do-reino no Brasil. Na fase mais próspera da imigração japonesa, os
japoneses empenharam-se obstinadamente na aquisição de terras, e os núcleos por
eles constituídos alcançaram grande desenvolvimento.
Em 1926, na cidade de Cotia, por exemplo, os agricultores fundaram uma
cooperativa agrícola, que nos dá o exemplo do cooperativismo, para escoamento da
produção de batatas sem intermediário. Foi esse o embrião que viria estimular a
geração de muitas cooperativas e empresas agrícolas no Brasil. Deve-se aos
japoneses a implantação de novas técnicas na agricultura, área na qual se
distinguiram especialmente, revelando grande competência e criatividade.
Tornaram-se, sobretudo, reconhecidos como exemplo de extrema dedicação ao
trabalho.
Sofreriam, no entanto, uma série de perseguições e preconceitos,
especialmente, durante o Estado Novo e a Segunda Guerra Mundial, quando o
Brasil se aliou ao bloco oposto ao do Japão.
Muitos obstáculos tiveram de ser vencidos. Hoje, felizmente, fortes laços de
amizade unem o Japão e o Brasil, numa rica experiência caracterizada pelo apreço
e respeito mútuos, pela formação de uma comunidade próspera e diversificada,
perfeitamente integrada à vida brasileira. Vale notar que o Brasil abriga a maior
colônia japonesa fora do Japão. Cresce em volume e importância o intercâmbio
entre os 2 países. Outro dado significativo dessa relação refere-se aos dekasseguis,
brasileiros de origem japonesa que trabalham no Japão, e constituem uma das
maiores comunidades de estrangeiros naquele país.
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Desejamos, enfim, que sejam cada vez mais proveitosos o intercâmbio e a
cooperação entre o Brasil e o Japão, com benefícios recíprocos.
Ouço, com prazer, o nobre Deputado João Campos.
O Sr. João Campos - Agradeço a V.Exa. Quero cumprimentar o Sr.
Presidente desta sessão, Deputado Takayama, que se tem destacado nesta Casa
com brilhante atuação em favor do povo brasileiro; o Sr. Embaixador, meu amigo; o
Senador Eduardo Siqueira Campos e demais membros da Mesa. V.Exa. fala em
nome próprio e em nome do PSDB, portanto, fala também em meu nome. Quero
aproveitar este instante para também cumprimentar o Deputado Takayama pela feliz
iniciativa e a nação japonesa-brasileira. Ressalto o respeito que todos temos pelo
Japão e pelo povo japonês, que efetivamente contribuiu e contribui com a sociedade
brasileira em todas as áreas. É um povo que sempre mereceu o respeito do povo
brasileiro em função especialmente da sua cultura e dos valores que cultuam, um
povo que tem uma capacidade extraordinária para superar as dificuldades, para
construir apesar dos obstáculos que porventura se apresentem. Quero ser breve,
portanto, registro esses cumprimentos e agradeço ao Deputado Hauly pela brilhante
manifestação em nome do PSDB.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY - Agradeço a V.Exa. o aparte e o incorporo ao
meu pronunciamento.
Concluindo, o PSDB reitera, por fim, as merecidas saudações aos isseis
(imigrantes japoneses), aos nisseis (filhos dos imigrantes), aos jovens da terceira
geração (sanseis), aos da quarta geração (yonseis) e demais gerações, celebrando
a imensa e inestimável contribuição da imigração japonesa, sua história, as
conquistas, o trabalho em prol do progresso individual e coletivo, a comunhão de
interesses e a amizade entre os 2 países.
Banzai! Banzai! Banzai! (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Na abordagem que temos ouvido dos
nobres pares, pudemos perceber a importância da quarta e quinta gerações.
Também, agora, vemos o caminho inverso dos nossos dekasseguis.
Quero salientar a figura do Senador Eduardo Siqueira Campos, que se tem
empenhado para que possamos resolver o problema dos brasileiros nisseis ou
yonseis que trabalham no Japão.
Vemos a sensibilidade do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao
assunto. Nós tivemos a oportunidade de viajar com S.Exa. para tentar equacionar
esse problema, que se avoluma.
Só os dekasseguis mandam do Japão para o Brasil, companheiro Luiz Carlos
Hauly, 2,5 bilhões de dólares por ano — quase 7 bilhões de reais. Acho que só isso
já basta como argumento para ajudarmos esses heróis que trazem recursos ao País.
Gostaria que os companheiros se ativessem ao tempo, porque, infelizmente,
somos reféns de um tempo que nos foi dado e, pelo atraso da sessão anterior,
acabamos sendo prejudicados em nossa sessão comemorativa da imigração
japonesa.
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O SR. PRESIDENTE (Takayama) - Na seqüência, concedo a palavra ao
Deputado Reinaldo Betão, para falar pelo Partido Liberal. S.Exa. disporá de 5
minutos.
O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Saúdo o Sr. Presidente Takayama, de quem muito nos orgulhamos, pela iniciativa
de realização desta sessão solene. Cumprimento o Sr. Embaixador, o Sr. Senador e
os ilustres membros da Mesa.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comemora-se neste ano o transcurso
dos 97 anos do início da imigração japonesa no Brasil.
Desde 1908, quando aqui chegou, fugindo dos estragos econômicos
causados ao Japão na sangrenta guerra contra a Rússia, em 1905, o simpático povo
dos olhos rasgados foi instantaneamente acolhido pelos brasileiros de todas as
regiões. E a recíproca também é verdadeira, como comprova o fato de os japoneses
brasileiros constituírem a maior colônia de imigrantes do mundo. A melhor
homenagem, portanto, que poderíamos fazer a essa milenar cultura é relatar os
frutos do duradouro casamento nipo-brasileiro, iniciado há quase 100 anos.
Sr. Presidente, a mútua aceitação de 2 povos de costumes, à primeira vista,
totalmente antagônicos é um milagre de integração e tolerância, que só encontra
explicação no DNA que forma isoladamente cada um desses povos. O brasileiro é
naturalmente acolhedor; o japonês é geneticamente multiplicador. Se nós
convivemos com qualquer nacionalidade, os nipônicos, por seu lado, enriquecem os
traços culturais dos habitantes que os acolhem. E é isso o que constatamos no
Brasil de hoje. Nossos irmãos japoneses já se encontram profundamente enraizados
em nossa cultura, dinamizando-a, diversificando-a e fortalecendo-a.
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Sr. Presidente, a influência dos povos orientais em nosso modo tropical de
vida é notória em vários aspectos. A começar pelos hábitos alimentares: o sushi e o
sashimi já deixaram de ser pratos exóticos e hoje freqüentam a mesa de milhares de
brasileiros.
Na área cultural, temos as marcantes contribuições da pintora Tomie Ohtake
e da cineasta Tizuka Yamasaki, cuja criatividade muito acrescentaram, e ainda
acrescentam, à nossa nacionalidade.
Que dizer das práticas esportivas? Já conquistamos até medalhas olímpicas
de ouro e campeonatos mundiais em diversos esportes introduzidos ou
aperfeiçoados em nossa terra pelos japoneses. Judô, caratê, tae-kwon-do, beisebol,
tênis-de-mesa e voleibol são algumas das modalidades em que o Brasil vem
obtendo destaque no mundo.
Se hoje somos internacionalmente respeitados, principalmente no judô e no
voleibol, muito devemos às características de organização e determinação herdadas
dos japoneses.
Ilustres Parlamentares, se os filhos do Sol Nascente deixaram suas marcas
em nós, podemos dizer o mesmo da nossa influência em sua cultura tão peculiar.
Entre elas está a disseminação do nosso esporte mais popular, o futebol, lá pelas
bandas do Oriente. A esse respeito, segundo pesquisas recentes, o esporte está
próximo de se rivalizar em popularidade com o beisebol e o sumô. Um dos maiores
ídolos dos nipônicos de todas as idades é o atual treinador da seleção japonesa de
futebol, o ex-flamenguista Zico, que recentemente classificou a seleção para o
mundial. Tudo bem, nós emprestamos com muito gosto um de nossos maiores
esportistas, uma vez que muito já nos foi dado nessa área pelos atletas japoneses.
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Sr. Presidente, um outro sintoma da absorção japonesa de nosso jeito
particular é o relato de muitos dos 300 mil dekasseguis (descendentes de japoneses
aqui radicados, que vão à procura de trabalho na terra de seus pais e avós). Nossos
japoneses relatam que o primeiro choque cultural com que se deparam no Japão é a
extrema seriedade com que eles se portam no dia-a-dia. Os nisseis e sanseis
brasileiros, ao contrário, já incorporam nosso jeito descontraído de viver. E aos
poucos, com certeza, irão introduzindo na alma nipônica nosso jeitinho brasileiro; no
bom sentido, é claro.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parabenizo a imensa colônia
nipo-brasileira pelo seu quase centenário de radicação no Brasil. Nós outros, em
cujas veias corre sangue de diversas nacionalidades, agradecemos muito aos
nossos irmãos japoneses a contribuição dada ao Brasil, principalmente a inclusão no
caráter nacional das características tão japonesas de disciplina, determinação,
solidariedade e amor aos homens e à natureza.
Não posso deixar passar esta oportunidade sem mandar uma abraço para a
minha comadre japonesa, D. Rita, que faz sempre um broto de bambu com frango, a
especialidade dessa cultura.
Muito obrigado. (Palmas.)
Durante o discurso do Sr. Reinaldo Betão, o Sr.
Takayama, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Severino
Cavalcanti, Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Com a palavra o Sr. Deputado
Pastor Frankembergen, que falará pelo PTB.
O SR. PASTOR FRANKEMBERGEN (PTB-RR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, nobres Parlamentares presentes, Sr. Embaixador do Japão, é um prazer
estar nesta tribuna para falar sobre a imigração japonesa no Brasil.
Primeiramente, gostaria de cumprimentar a família Kato, do nosso Estado,
Roraima, a qual se instalou no extremo norte do Brasil e começou um
empreendimento na área de hortifrutigranjeiros. Hoje, são empresários de sucesso
que contribuem para o desenvolvimento daquele Estado.
Embora existam poucos japoneses ou descendentes naquela região, essa
família é uma semente do Japão florescendo dia após dia em Roraima.
No dia 18 de junho, vamos comemorar, junto com os japoneses e
descendentes, 97 anos da imigração japonesa no Brasil.
Japoneses e brasileiros convivem desde o ano de 1908, quando se iniciou a
imigração, com a chegada de cerca de 800 pessoas vindas de diferentes regiões do
Japão ao Brasil para trabalhar nas fazendas de café no interior do Estado de São
Paulo. Apesar das dificuldades enfrentadas no começo, como o preconceito e a falta
de estrutura nas fazendas, os japoneses foram atraídos pelo sonho de uma vida
melhor.
Esses imigrantes tiveram de aprender a conviver com uma cultura totalmente
diferente da sua e superar várias dificuldades, sobretudo, o preconceito . Mas
conseguiram provar que são vencedores: superaram todos os obstáculos e hoje
convivem como irmãos com os brasileiros.
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A vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi motivada por interesses
tanto do Brasil quanto do Japão. O Brasil necessitava de mão-de-obra para trabalhar
nas fazendas de café, principalmente em São Paulo e no norte do Paraná, e o Japão
precisava aliviar a tensão social no país, causada por seu alto índice demográfico.
Para tanto, o Governo japonês adotou uma política de emigração desde o princípio
de sua modernização, iniciada na era Meiji, em 1868.
Até a Segunda Grande Guerra estima-se que cerca de 190 mil emigrantes
japoneses chegaram ao Brasil.
Os japoneses traziam para o Brasil, além da bagagem, uma cultura milenar,
baseada em relatos de japoneses que haviam sido enviados ao Brasil antes do início
da imigração. Essas pessoas esperavam enriquecer em pouco tempo e voltarem
para sua pátria, já que as oportunidades oferecidas nas lavouras de café pareciam
promissoras.
Mas os emigrantes que desembarcaram no Porto de Santos descobriram
outra realidade. Eles foram enviados para trabalhar nos cafezais paulistas, não raro,
sem condições adequadas de higiene. Aos poucos, essas pessoas perceberam que
somente com luta, força e união conseguiriam conquistar sua independência.
Sr. Presidente, faço este relato histórico, onde podemos ver a realidade dos
primeiros povos emigrantes que vieram para o Brasil, demonstrando a sua força, o
seu poder na área do trabalho.
Hoje rendemos nossas homenagens, nesta sessão solene, aos primeiros
emigrantes que chegaram ao Brasil, a seus descendentes, como também em
memória dos que morreram, pois tiveram a coragem de permanecer em um país
cuja língua era totalmente diferente da deles.
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Agradecemos a Deus por eles, porque, com certeza, contribuíram e ainda
estão contribuindo para o engrandecimento e desenvolvimento do nosso País.
Quero finalizar, parabenizando o Deputado Takayama, autor do requerimento,
pelo seu trabalho nesta Casa, onde a comunidade japonesa tem um representante à
altura.
Muito obrigado a todos os japoneses.
Parabéns ao povo e aos descendentes de japoneses.
Obrigado, nobre Presidente, Deputado Severino Cavalcanti, pela sua
presença. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Sr. Takahiko Horimura,
Embaixador do Japão, e demais componentes da Mesa, algumas das mais belas
páginas da história do Brasil são as escritas pelos imigrantes — homens, mulheres e
crianças que deixaram a terra de origem para fazer maior e mais fraternal o povo
brasileiro.
Justa, pois, esta sessão solene em homenagem à imigração japonesa, que
engrandece o nosso País. Sessão solene não por acaso requerida pelo ilustre
Deputado Takayama, ele próprio descendente dos que vieram do Japão para
trabalhar por um Brasil melhor e por um mundo mais solidário.
Em 18 de junho de 1908, 781 japoneses chegaram ao Brasil, entre eles a Sra.
Tomie Nakagawa, que ainda está viva com seus 97 anos na cidade de Londrina.
Vinham, como se dizia na época, "fazer o Brasil". E realmente o fizeram: não apenas
no sentido pessoal, de vencer na vida, mas, sobretudo, pela notável contribuição
que deram anonimamente para a prosperidade da terra que adotariam como
segunda pátria.
Ao longo de 6 anos, de 1908 a 1914, chegaram ao Brasil 14.886 japoneses,
quase todos trabalhadores modestos que nos deram uma singular lição de confiança
em si próprios e no futuro do país que os acolhia. Em uma terra totalmente estranha
e às vezes até hostil, de cuja língua não conheciam uma palavra, os imigrantes se
esforçaram para não perder a identidade cultural: a vila rural do Japão foi
transplantada para os trópicos, com suas casas de madeira e barro; no dia do
aniversário do Imperador, improvisavam apresentações do teatro clássico japonês, e
praticavam as famosas lutas corporais.
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Assim, discreta e silenciosamente, os japoneses trabalharam com
determinação, constituíram família, orientaram filhos e netos não apenas para fazer
fortuna, para acumular riquezas, mas, principalmente, para viver de acordo com os
princípios da dignidade, da decência, da moral e da honra.
Como exemplo, podemos citar o prezado Deputado Takayama, que
engrandece esta Casa e o Poder Legislativo. S.Exa. é uma dessas figuras que
engrandece qualquer Parlamento, mas o Parlamento brasileiro sente-se
engrandecido pela cooperação, pelo trabalho que ele tem prestado para dignificar
esta Casa e os seus companheiros de representação popular.
Dessa maneira, à custa de sacrifício e de obstinação, os japoneses se
integraram definitivamente ao Brasil, e hoje são fortíssimas as marcas do Japão em
inúmeros ramos da cultura nacional.
Aos imigrantes japoneses, a admiração e o reconhecimento da Câmara dos
Deputados. A história desses pioneiros, plena de heroísmo e emoção, faz parte, há
97 anos, da história do Brasil.
Portanto, Sr. Embaixador, fique certo de que esta homenagem que a Câmara
presta àqueles heróis que aqui chegaram e ajudaram a engrandecer este País
demonstra nossa gratidão pela convivência que tivemos.
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O SR. PRESIDENTE (Severino Cavalcanti) - Com a palavra o nobre
Deputado Ricardo Barros, que falará pelo PP.
O SR. RICARDO BARROS (PP-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
é uma honra poder falar em nome do Partido Progressista nesta solenidade.
Na minha cidade, Maringá, 7% da população é composta de japoneses e
descendentes. Eles têm lá importante participação econômica e cultural. A
Associação Cultural e Esportiva de Maringá — ACEMA promove um grande festival
anual, o Festival Nipo-Brasileiro. Milhares de pessoas participam desse festival, que
é um culto às tradições japonesas, tanto na área cultural quanto gastronômica. Esse
festival iniciou-se na minha gestão de Prefeito de Maringá, quando o Vice-Prefeito
Willy Taguchi participou de forma decisiva da construção desse evento, que hoje é
um dos maiores da cidade.
A cidade-irmã de Maringá, no Japão, é Kakegawa, onde estive quando
Prefeito, na comemoração dos 40 anos da nossa cidade-irmã. Hoje, meu irmão,
Silvio Barros, Prefeito de Maringá, encontra-se nessa cidade, em companhia de
empresários e assessores, tratando dessa irmandade entre o Brasil e Japão. O
Estado de Hiogo é o Estado-irmão do Paraná. Tudo isso é fruto do trabalho iniciado
pelo Deputado Ueno, que por diversos mandatos representou o Paraná na Câmara
dos Deputados e especialmente a colônia japonesa. Hoje, temos o Deputado
Takayama. Tivemos ainda o Deputado Homero Guido e Paulo Kobayashi, falecido
há pouco tempo, e que esteve no Festival Nipo-Brasileiro de Maringá, como tantos
outros. Temos também lá o Deputado Estadual Luiz Nishimori, de Maringá, que
representa a colônia japonesa no Paraná.
Ouço, com prazer, o nobre Deputado Moroni Torgan.
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O Sr. Moroni Torgan - Cumprimento o Sr. Presidente, em primeiro lugar, e o
Deputado Takayama pela iniciativa. Há quase 100 anos estamos recebendo os
nossos irmãos. Tenho certeza de que essa confraternização, até pelas palavras do
Deputado, é recíproca. Assim como amamos o povo japonês e o recebemos de
braços abertos em nosso País, os brasileiros lá são recebidos com todo carinho. Sr.
Embaixador, temos grande admiração pelo seu povo, que tem colaborado muito,
inclusive, para a industriosidade do nosso País, pela capacidade que tem. Somos
muito gratos a isso. Prezamos muito essa amizade. Agradeço ao Deputado Ricardo
Barros pelo aparte, porque não poderia deixar de dizer isso.
O SR. RICARDO BARROS - Faço minha homenagem ao Embaixador, ao
Cônsul do Japão e à representação diplomática do País do Sol Nascente, que
aprendemos a amar e a admirar.
Desde pequeno convivo com essa tradição. Foi o meu pai, Sílvio Barros,
Prefeito de Maringá, que assinou o Convênio de Irmandade com a cidade de
Kakegawa, com o então Prefeito Sadao Inaoka, que foi homenageado por nós ao
darmos seu nome a um posto de saúde que construímos na cidade.
Concedo um aparte ao Deputado Pedro Canedo.
O Sr. Pedro Canedo - Cumprimento o Presidente Severino Cavalcanti e o
nosso ilustre colega, Deputado Takayama, representante da grande e valorosa
colônia japonesa no nosso País. Eu não poderia deixar de trazer também as
homenagens do Estado de Goiás e da minha cidade de Anápolis ao povo japonês.
Houve um desenvolvimento muito grande com os japoneses que se instalaram no
Estado e na minha cidade, pois trata-se de um povo trabalhador, que vive para o
trabalho e para a educação. E é dessa forma que vejo o povo japonês. Agradeço e
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reverencio a colônia japonesa no meu querido Estado de Goiás. Não temos nenhum
reparo a fazer. É difícil e quase impossível abrir o jornal e encontrar nas páginas
policiais a presença de um japonês ou de uma japonesa. Muito pelo contrário, os
japoneses e as japonesas do nosso Estado são motivo de orgulho para nós,
goianos. Aproveito a presença do Embaixador do Japão em nosso País para fazer
esta homenagem, em nome do Estado de Goiás e da minha querida cidade de
Anápolis. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. RICARDO BARROS - Sr. Presidente, concluindo o meu
pronunciamento, rendo as minhas homenagens. O Deputado Takayama está de
parabéns por essa iniciativa. Pode ter certeza de que vamos comemorar de forma
grandiosa os 100 anos da imigração japonesa, com a presença do Imperador e do
Príncipe, que já estiveram em Maringá. Teremos um enorme prazer em recebê-los
novamente. Estamos preparando uma grande festa. O Prefeito Sílvio Barros
começará a construir um grande parque em homenagem à imigração japonesa no
País, que deverá ser inaugurado justamente na comemoração do seu centenário.
Parabéns. (Palmas.)
Durante o discurso do Sr. Ricardo Barros, o Sr.
Severino Cavalcanti, Presidente, deixa a cadeira da
presidência, que é ocupada pelo Sr. João Caldas, 4º
Secretário.
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O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Concedo a palavra ao Deputado
Cláudio Magrão, que falará pelo PPS.
O SR. CLÁUDIO MAGRÃO (PPS-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de mais nada quero parabenizar o
companheiro Deputado Takayama pela iniciativa desta homenagem.
Em 18 de junho de 1908, 168 famílias japonesas desembarcaram no Porto de
Santos e deram início a mais um processo de inclusão cultural que iria compor esse
esplêndido vitral que é a cultura brasileira.
Os dois países, àquela época, viviam situações paralelas. O Japão, há pouco
mais de 30 anos, abandonara de vez o regime feudal e abrira sua economia para o
mundo. Vencera, no início do século XIX, uma guerra contra a Rússia, ainda
czarista, e dava início a um processo vertiginoso de industrialização que, em pouco
tempo, colocaria o país entre as maiores potências industriais do mundo.
O Brasil, 20 anos antes da chegada dos primeiros colonos japoneses, tinha
abolido a escravatura. Seguiu-se a República, depois a definição de suas fronteiras,
com a anexação do Território do Acre. O novo Governo republicano, sentindo a
necessidade de estar presente em toda a imensidão brasileira, adquiriu metade das
ações do Banco do Brasil e fez instalar suas primeiras agências fora do Rio de
Janeiro: em Santos e Manaus, exatamente junto aos portos de onde saíam para o
mundo nossas maiores riquezas de então, o café e a borracha. Pensava-se em
industrialização. Pensava-se em modernizar os métodos de cultura agropecuária,
ainda determinados pelos hábitos de mais de 300 anos de escravidão.
É quando chegam os colonos japoneses, vindos exatamente para nos ajudar
a levar adiante os ideais republicanos, que consistiam, antes de mais nada, em
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inserir o Brasil no século novo, um século que se prenunciava, como de fato o foi, de
inenarráveis conquistas em todos os campos: da economia, da ciência e da
tecnologia.
Hoje, mais de 1,5 milhão de descendentes japoneses permeiam a vida
nacional. A formação celular da nossa cultura tem sido motivo de admiração mundo
afora. A aceitação do outro, seja do que veio de longe, seja do que já encontramos
aqui, deu-se de forma que não se rompessem todas raízes dessas tantas culturas,
para que, juntas, formassem nosso mosaico cultural. E a aceitação dos costumes
japoneses se deu de forma harmônica. Assim, nossa convivência comum jamais se
definiu por isolamentos ou separações, mas, é certo, pela incorporação de hábitos
que hoje estão no nosso cotidiano como se tivessem chegado com a frota de Cabral.
O Sr. Adelor Vieira - Deputado Cláudio Magrão, V.Exa. me concede um
aparte?
O SR. CLÁUDIO MAGRÃO - Pois não.
O Sr. Adelor Vieira - Deputado Cláudio Magrão, também quero associar-me
às homenagens hoje rendidas à colônia japonesa pelos 97 anos da migração
japonesa para o Brasil. Caros convidados, componentes da Mesa, Deputado
Takayama, o Estado de Santa Catarina deve muito aos japoneses. Firmamos com a
Província de Aomori uma parceria que vem dando grandes resultados: a maçã fuji,
produzida em Santa Catarina, tem origem em laboratórios japoneses. É muito
importante a união entre Brasil e Japão para a integração e o desenvolvimento dos
nossos povos.
O SR. CLÁUDIO MAGRÃO - Deputado Adelor Vieira, agradeço a V.Exa. o
aparte, que incorporo ao meu pronunciamento.
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Concluo, Sr. Presidente, seria ocioso, neste instante, falarmos sobre a
importância da presença japonesa em nossas plagas. Sua participação em
absolutamente todos os campos da cultura, da ciência e da economia do País não
permite que se façam distinções. Não as fazemos, pois. Mas temos que agradecer
àquele contingente de menos de 200 famílias que, aqui aportando, trouxe em sua
bagagem não apenas a esperança, a esperança de brasileiros e japoneses num
grande futuro, mas a certeza de que esse futuro pode, em conjunto, ser construído.
Foi para mim uma honra ter sido escolhido pela bancada de meu partido, o
Partido Popular Socialista, para, em seu nome, saudar todos os que, há quase um
século, vieram a este outro lado do mundo para dar um grande exemplo de
convivência e harmonia.
Sr. Presidente, parabenizo o Deputado Takayama e saúdo o Embaixador do
Japão. Sou da cidade de São Paulo e bem sei o que sempre significaram os
japoneses para este País.
Parabéns aos japoneses! (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado
Amauri Gasques, pelo Bloco Parlamentar PL/PSL.
O SR. AMAURI GASQUES (Bloco/PL-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sr. Embaixador, Deputado Takayama, é uma satisfação muito grande
poder fazer esta importante homenagem em nome do Bloco Parlamentar PL/PSL.
O Brasil sempre recebeu bem todos os estrangeiros que aqui chegaram, mas
sem dúvida os japoneses desfrutam de um conceito muito especial neste País. Se
no período da grande imigração para o Brasil houve alguns momentos difíceis, é
evidente que, ao longo do tempo, eles granjearam uma imagem de talento,
aplicação e perseverança, que tanto corresponde à realidade, como demonstra o
apreço com que foram acolhidos entre nós.
De certa forma, essa integração é digna de nota, pois o idioma, a cultura
peculiar e até as características fisionômicas diferentes permitiram supor uma
adaptação mais complicada. Nos primeiros tempos surgiram incompreensões,
porém todas foram superadas sem maiores traumas. De modo geral, os imigrantes
se incorporaram muito bem à nossa sociedade e hoje chegam a ver alguns de seus
hábitos transformados em moda.
Sushi e sashimi tornaram-se pratos consumidos cotidianamente, e não
apenas em restaurantes típicos orientais, pois são oferecidos até em churrascarias.
Histórias em quadrinhos e desenhos animados de origem japonesa conquistaram
popularidade entre os jovens brasileiros de classe média. As técnicas de bonsai e
origami atraem milhares de apreciadores.
Portanto, temos por essa população que chegou ao Brasil uma estima muito
grande.
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Estima-se que residam no Brasil atualmente 1,4 milhão de japoneses e
descendentes. É a maior colônia japonesa fora do seu país, mas de tal modo
integrada que, conforme pesquisa feita há alguns anos, embora os nascidos no
Japão representassem na época mais de 12% dela, apenas 0,23% continuavam
falando sua língua original.
Outro aspecto interessante é que a colônia ainda é vista por muitos como
especialmente dedicada à agricultura, pois sua contribuição a esse setor tem sido
extraordinária. Mas, desde o final dos anos 80, menos de 20% dos nipo-brasileiros
residem fora de zonas urbanas; logo, a imensa maioria está em profissões diversas,
participando ativamente da vida das cidades.
A imigração viria a produzir, também, um fenômeno socioeconômico até
então desconhecido no País, uma espécie de caminho de volta, manifestado pela
mudança temporária de descendentes para o Japão, em busca de trabalho com
melhor remuneração. Chamados dekasseguis, eles são estimados em 300 mil, um
número altamente expressivo.
Um traço marcante de todo esse processo é que ele não se limitou à vinda de
um grande contingente de imigrantes e, anos mais tarde, à saída de milhares de
descendentes. Paralelamente ao vaivém de japoneses e dekasseguis, Brasil e
Japão desenvolveram uma relação muito mais próxima do que seria possível
imaginar se consideradas as distâncias geográficas e culturais.
Nos anos 60, por exemplo, iniciou-se uma onda de instalação de filiais de
indústrias japonesas no Brasil, trazendo recursos e tecnologia que nosso País não
dispunha. Nas décadas seguintes, capitais japoneses participaram ativamente da
expansão de nossa fronteira agrícola, com a ocupação do Cerrado, e também
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chegaram às demais áreas da economia, como a de mineração. Por outro lado,
produtos brasileiros passaram a ser encontrados com muito mais freqüência no
Japão.
Atualmente, a balança comercial brasileira com o Japão é da ordem de R$5,6
bilhões, o que já significa uma parceria importante. E ainda pode crescer muito, pois
itens como o álcool combustível e o biodiesel têm despertado cada vez mais
interesse entre os países orientais.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, embora esta sessão solene assinale
especificamente os 97 anos de imigração japonesa no Brasil, estou certo de que
podemos comemorar hoje tudo o que a saga daqueles primeiros colonos, chegados
de navio em 1908, propiciou — ou seja, uma bela convivência entre dois povos tão
diferentes, mas dispostos a valorizar o que cada um tem de melhor.
Por fim, presto homenagem póstuma a um grande brasileiro que influenciou
de forma decisiva a minha formação. Sou médico e, antes mesmo de ingressar na
faculdade, tive a satisfação de ter sido aluno do Prof. Paulo Kobayashi, que foi
também professor do Deputado Takayama e de tantos outros profissionais de
diversas áreas. É com muito carinho que falo do meu mestre, meu e de tantos
outros.
Em meu nome e em nome do Partido Liberal, cuja bancada represento nesta
oportunidade, parabéns a todos os nipo-brasileiros e muito obrigado pela
contribuição que têm dado ao desenvolvimento de nosso País.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - A Mesa agradece a presença ao
Embaixador Takahiko Horimura, lembrando que, quando estivemos no Japão, o
Embaixador Horimura, o Parlamento japonês, o Primeiro-Ministro e o Imperador do
país amigo trataram a comitiva presidencial brasileira com muito carinho e respeito.
Fomos muito bem recebidos pelo povo japonês. Na oportunidade, muitos acordos
bilaterais foram firmados.
Homenageio a todos na pessoa do Deputado Takayama, Presidente da
Frente Parlamentar Brasil-Japão, e na memória do nosso querido e saudoso
companheiro Deputado Paulo Kobayashi. Esperamos ansiosos a grande festa de
comemoração pelo centenário da imigração japonesa no Brasil.
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V - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar a sessão.