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GUSTAVO ZOMER JUNG
DESCONFORTO CORPORAL EM CUIDADORES OCUPACIONAIS DE CRIANÇAS
NEUROLÓGICAS
Tubarão, 2006
GUSTAVO ZOMER JUNG
DESCONFORTO CORPORAL EM CUIDADORES OCUPACIONAIS DE CRIANÇAS
NEUROLÓGICAS
Trabalho de Conclusão de Curso julgado e adequado à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Fisioterapia.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientadora Profª Fabiana Durante de Medeiros
Tubarão, 2006
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, que lutaram durante
estes anos para que conseguisse concluir esta fase tão
importante da minha vida, a minha namorada, Monique,
que esteve presente e torcendo pela minha vitória e aos
meu amigos, principalmente Marcelo e Tiago, além é
claro do Caiano, que estará sempre presente.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente, à Deus, por iluminar meus passos e pensamentos, dando-me
paciência para ultrapassar muitas barreiras, me concedendo saúde para prosseguir nesta longa e
difícil jornada.
Aos meus pais, pela vida, carinho, incentivo e dedicação.
A minha orientadora, Fabiana, pela idéia do trabalho, por toda sua dedicação, e pelo
tempo que concedeu para esclarecimento de dúvidas, sugestões e correções. Muito Obrigado!
Aos membros da banca, principalmente a professora Luci que nos ajudou e esclareceu
alguns caminhos na pesquisa.
Aos professores Paulo Madeira e Agostinho pela disponibilidade de nos atender.
Aos meus amigos, desde a época do ensino fundamental, ensino médio, e graduação,
afinal eles são de fundamental importância.
Além é claro da Universidade do Sul de Santa Catarina que nos deu embasamento
teórico e prático para entrarmos no mercado de trabalho, pela estrutura única na clínica escola de
Fisioterapia.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Vias ascendentes de reconhecimento da dor.................................................................16
Figura 2: Vias descendentes que modulam a transmissão de informações sensoriais da medula espinhal ao córtex cerebral (via descendente da dor)...................................................................16 Figura 3: Representação esquemática da pele e de seus receptores. Os receptores estão localizados nas três camadas da pele: epiderme, derme e camada subcutânea.............................17 Figura 4: Diagrama das teorias da facilitação e da convergência para explicar a dor referida...........................................................................................................................................20 Figura 5: Inervação visceral da dor. Os aferentes da dor provenientes das estruturas localizadas acima da linha da dor torácica e abaixo da linha da dor pélvica percorrem as vias parassimpáticas..............................................................................................................................21 Figura 6: Ilustração simples da teoria da comporta de controle da dor.........................................22
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Distribuição da amostra em relação ao grau de parentesco para com as crianças........36 Gráfico 2: Distribuição das crianças paralisadas cerebrais em relação à distribuição do tônus...............................................................................................................................................40 Gráfico 3: Distribuição das crianças paralisadas cerebrais em relação à gravidade.......................41 Gráfico 4: Distribuição da amostra em relação à presença de desconforto....................................43 Gráfico 5: Distribuição da amostra em relação ao período do dia de maior percepção da dor......45 Gráfico 6: Distribuição das atividades realizadas pelos cuidadores com as crianças em relação à maior prevalência de dor................................................................................................................47 Gráfico 7: Distribuição da amostra em relação aos movimentos de maior desconforto................48 Gráfico 8: Distribuição dos cuidadores em relação ao procedimento realizado na ocorrência da dor...................................................................................................................................................49 Gráfico 9: Distribuição dos cuidadores em relação à prática de exercício físico regular...............50 Gráfico 10: Distribuição da amostra em relação a prevalência de dor por segmento do corpo...............................................................................................................................................52 Gráfico 11: Distribuição da amostra em relação a prevalência de dor por região do corpo..........53 Gráfico 12: Distribuição da amostra em relação a intensidade da dor...........................................56 Gráfico 13: Correlação entre a intensidade da dor em relação ao tempo de exercício profissional.....................................................................................................................................59 Gráfico 14: Correlação entre a intensidade da dor em relação às regiões do corpo...............................................................................................................................................60
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição dos cuidadores em relação ao tempo de trabalho......................................37
Tabela 2: Distribuição dos cuidadores em relação a carga horária diária de trabalho...................38
Tabela 3: Distribuição das crianças em relação a sua patologia....................................................39
Tabela 4: Distribuição das crianças paralisadas cerebrais em relação à qualidade do tônus.........42
Tabela 5: Distribuição dos cuidadores em relação ao tempo de presença da dor..........................45
Tabela 6: Distribuição da amostra em relação a frequência da dor................................................46
Tabela 7: Correlação entre a idade dos cuidadores ocupacionais e a intensidade da
dor..................................................................................................................................................58
RESUMO
A dor é um mecanismo de proteção do corpo, ocorre sempre que qualquer tecido estiver sendo lesado e faz com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso. O cuidar significa o ato ou tarefa de zelar pelo bem estar de alguém, prestando-lhe assistência, assumindo a responsabilidade e os encargos inerentes a esse ato. A fisioterapia é uma área da saúde onde estuda os movimentos do corpo humano e suas conseqüentes disfunções, nos últimos anos vem se expandindo com sua atuação em fins terapêuticos e preventivo, amenizando os desconfortos que podem ser ocasionados por uma má postura e permanência da mesma ou até pela sobrecarga de trabalho, apresentando, geralmente, algum sinal de dor. Este estudo tem como objetivo verificar o nível de desconforto em cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas. A pesquisa é classificada como exploratória, onde foi aplicado um questionário e uma escala de desconforto corporal para diferentes partes do corpo em trinta cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas pertencentes à APAE de Tubarão-SC. A pesquisa nos mostrou que dos trinta cuidadores ocupacionais questionados, vinte e oito relataram algum desconforto, onde 50% da amostra sofrem de dor intensa. Com relação à frequência do desconforto, 50% da amostra demonstrou de forma esporádica, onde a região de maior acometimento se deu na coluna vertebral, mais precisamente na região lombar. Não só as crianças neurológicas necessitam de suporte, os cuidadores ocupacionais também precisam, afinal, se o cuidador estiver com um corpo e uma mente equilibrada, consequentemente, a qualidade de vida tanto da criança como do cuidador estará elevada. Palavras-chave: Cuidadores Ocupacionais, dor, fisioterapia
ABSTRACT
Pain is a mechanism of protection of the body, occurs whenever any fabric will be being injured and makes with that the alone reacts to remove the stimulaton painful. Taking care of means the act or task to watch over for the welfare of somebody, giving to it to aid, assuming the inherent responsibility and incubencies to this act. The physiotherapy is an space of the health where it studies the movements of the human body and its consequent without function, in recent years it comes if expanding with its performance in therapeutical ends and preventive, brightening up the discomforts that even can be caused by an bad position and permanence of the same one or by the overload of work, presenting, generally, some signal of pain. This study it has as objective to verify the level of discomfort in occupational to take care of neurological children. The research is classified as to explore, where it was applied a questionnaire and a scale of in the body discomfort for different parts of the body in thirty occupational to take care of pertaining neurological children to the APAE of Tubarão-SC. The research in showed them that of the thirty questioned occupational to take care of, twenty and eight they had told some discomfort, where 50% of the sample suffers from intense pain. With regard to the frequency of the discomfort, 50% of the sample demonstrated of sporadical form, where the region of bigger to acometer if gave in the vertebral column, more necessarily in the lumbar region.The neurological children not only need support, the occupational to take care of also need, after all, if the to take car of one will be with a body and a balanced mind, as result, the quality of life in such a way of the child as of the to take care of it will be raised. Key words: To take care of Occupational, pain, physioterapy
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÂO.........................................................................................................................11
2 DOR E OS CUIDADORES OCUPACIONAIS.....................................................................14
2.1 Dor...........................................................................................................................................14
2.1.1 Conceito................................................................................................................................14
2.1.2 Anatomia da Dor...................................................................................................................15
2.1.3 Receptores da Dor................................................................................................................16
2.1.4 Fisiologia da Dor...................................................................................................................17
2.1.5 Bioquímica da Dor................................................................................................................18
2.1.6 Tipos de Dor.........................................................................................................................18
2.1.6.1 Dor Rápida.........................................................................................................................19
2.1.6.2 Dor Lenta...........................................................................................................................19
2.1.7 Dor Referida..........................................................................................................................19
2.1.8 Dor Visceral..........................................................................................................................20
2.1.9 Teoria da Comporta da Dor..................................................................................................21
2.1.10 Anormalidade clínicas da Dor............................................................................................22
2.1.11 Psicologia da Dor...............................................................................................................23
2.1.12 Tratamento da Dor.............................................................................................................24
2.2 Cuidadores.............................................................................................................................25
2.2.1 O Cuidar...............................................................................................................................25
2.2.2 Os Cuidadores de crianças...................................................................................................26
2.2.3 Caracterização dos cuidadores.............................................................................................27
2.2.4 Problemas e conseqüências dos cuidadores familiares........................................................28
2.2.5 O cuidador ocupacional e a Ergonomia...............................................................................30
2.2.6 Cuidadores ocupacionais e a Assistência Social .................................................................31
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA......................................................................................32
3.1 Tipo de pesquisa...................................................................................................................32
3.1.1 Classificação quanto ao nível..............................................................................................32
3.1.2 Classificação quanto à abordagem......................................................................................32
3.1.3 Classificação quanto ao procedimento...............................................................................33
3.2 População/Amostra..............................................................................................................33
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados...................................................................34
3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados.................................................................35
3.5 Procedimentos para análise e interpretação dos dados....................................................35
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS.............................................................36
4.1 Quanto aos cuidadores e sua atividade..............................................................................36
4.2 Quanto aos indivíduos cuidados.........................................................................................39
4.3 Quanto ao desconforto corporal.........................................................................................42
4.4 Quanto à saúde....................................................................................................................50
4.5 Quanto à localização e intensidade da dor........................................................................51
4.6 Correlação entre a idade dos cuidadores ocupacionais e a intensidade da dor no período de junho de 2006.......................................................................................................................58 4.7 Correlação entre a intensidade da dor em relação ao tempo de exercício ocupacional no período de junho de 2006.........................................................................................................59 4.8 Correlação entre a intensidade da dor em relação às regiões do corpo no período de junho de 2006............................................................................................................................60
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................61
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................63
APÊNDICES.............................................................................................................................70
ANEXO......................................................................................................................................78
1 INTRODUÇÃO
A fisioterapia é uma área da saúde onde estuda os movimentos do corpo humano e
suas conseqüentes disfunções, nos últimos anos vem se expandindo com sua atuação em fins
terapêuticos e preventivos, amenizando os desconfortos que podem ser ocasionados por uma má
postura e permanência da mesma ou até pela sobrecarga de trabalho, apresentando geralmente
algum sinal de dor.
Este estudo é direcionado aos cuidadores de crianças neurológicas atendidas na
Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Tubarão – SC, onde os mesmos têm
um importante papel social de formar cidadãos. Os cuidadores freqüentemente, enfrentam
problemas como longas jornadas de trabalho associado à difícil tarefa de educar e cuidar dessas
crianças especiais.
Ou seja, todo esse contexto gera um desequilíbrio na população em estudo, tanto
psíquico como físico, ocasionando uma sobrecarga emocional e física que lhes podem causar
inúmeros desconfortos, dentre eles, a dor.
Através da análise sobre os cuidadores, a pesquisa pretende estabelecer quais os níveis
de desconforto em cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas?
Segundo a World Healht Organization (2006), 14% da população brasileira apresenta
algum tipo de deficiência, segundo dados do Censo 2000.
Segundo o Centro de Oncologia Campinas (2005), a dor crônica é uma situação muito
comum nos dias de hoje. Estudos demonstram que 50% dos adultos brasileiros sofrem de pelo
menos um tipo de dor recorrente.
Em APAEs há um grande número de crianças neurológicas, nas quais muitas possuem
uma renda familiar e nível cultural baixo, incluindo as famílias desta pesquisa, ou seja, os
cuidadores não tem conhecimento científico para saber o que é certo e o que é errado, qual a boa
postura, enfim, tudo isso irá resultar em uma piora na qualidade de vida tanto do cuidador como
da criança.
As crianças neurológicas precisam de suporte, afinal, geralmente, as mesmas são
totalmente dependentes, ou seja, se o cuidador não estiver com um corpo e uma mente
equilibrada, a relação cuidador/criança estará prejudicada, resultando em um déficit de atenção e
cuidado para com a criança.
O presente estudo justifica-se pela importância de que, conhecendo esta realidade
proporcionará aos fisioterapeutas a possibilidade de adotarem condutas preventivas e
terapêuticas, bem como orientações específicas ao programa de tratamento tanto da criança
quanto do cuidador. Além disso, existem poucos estudos na área de cuidadores ocupacionais em
crianças neurológicas.
Neste estudo, a meta geral é verificar o nível de desconforto em cuidadores
ocupacionais de crianças neurológicas. Esta pesquisa tem ainda como objetivos específicos,
verificar a intensidade do desconforto, verificar a frequência do mesmo, verificar a região mais
comumente acometida, verificar o perfil dos cuidadores, verificar correlação entre a idade dos
cuidadores ocupacionais e a intensidade da dor, verificar correlação entre a intensidade da dor em
relação ao tempo de ocupação e verificar correlação entre a intensidade da dor em relação às
regiões do corpo mais acometidas.
Esta pesquisa foi dividida em cinco capítulos, sendo que o primeiro refere-se a
introdução, relatando um breve comentário geral sobre o assunto a ser tratado neste estudo e os
objetivos a serem alcançados pelo mesmo. O segundo capítulo está direcionado ao referencial
teórico, descrevendo detalhadamente sobre o assunto pesquisado. O terceiro capítulo cita a
caractezição desta pesquisa, expondo o tipo de pesquisa, a população/amostra utilizada e o
procedimento e instrumentos de coletas dos dados. Já o quarto capítulo relata a apresentação dos
resultados obtidos na pesquisa e discutindo os mesmos. E o quinto capítulo refere-se as
considerações finais e sugestões feitas pelos autores do estudo.
2 DOR E OS CUIDADORES OCUPACIONAIS
2.1 Dor
2.1.1 Conceito
“A dor é sobretudo um mecanismo de proteção do corpo; ocorre sempre que
qualquer tecido estiver sendo lesado e faz com que o indivíduo reaja para remover o estímulo
doloroso.” (GUYTON; HALL, 1997, p.551).
Para Knoplich (1986), a dor é um dos fenômenos mais dramáticos, complexos e
universalmente difundidos. Há inúmeras dificuldades em defini-la, na espécie humana, porque
está relacionada com grande número de fatores inerentes à própria personalidade de quem a
sente e de fatores originários do ambiente em que vive o indivíduo sofredor. Além disso, há
por parte de quem está sentindo a dor dificuldade de qualificá-la e quantificá-la, advindo daí a
impossibilidade de medi-la, pois trata-se de um fenômeno puramente subjetivo.
A International Association for the Study of Pain (1994) define dor como “[...] uma
experiência sensório e emocional desagradável, associada à lesão tecidual real ou potencial, ou
descrita em termos dessa lesão.”
O uso geral e o elevado grau de intersubjetividade tornam muito útil o conceito de dor para a maioria das pessoas. Entretanto, mesmo se a maioria das pessoas usasse a palavra dor mais ou menos da mesma forma, ainda assim haveria algumas diferenças oriundas da experiência pessoal e da cultura do indivíduo. Isso é particularmente verdadeiro para o significado dos graus de dor, quando fazemos comparações entre indivíduos. (BORG, 2000, p. 12).
2.1.2 Anatomia da Dor
Para Knoplich (1986), toda sensação dolorosa aguda é geralmente produzida ou por
um agente externo, ou por um distúrbio orgânico interno. Por ação desse estímulo nocivo,
nociceptivo, as terminações nervosas enviam impulsos ao sistema nervoso central, o qual
determina várias reações, emoções ou respostas que contribuem para uma adaptação ou
restabelecimento do equilíbrio orgânico momentaneamente alterado.
Segundo Jacob, Francone e Lossow (1990), as fibras dos neurônios sensitivos, que
transmitem dor, entram na medula através da raiz dorsal e fazem conexões sinápticas com
neurônios de segunda ordem, que dão origem aos tratos espinotalâmicos. As fibras que
formam os tratos espinotalâmicos decussam e ascendem ao tálamo na coluna lateral e na
coluna anterior. Cita-se geralmente que o trato espinotalâmico lateral transmite principalmente
as sensações de dor e de temperatura.
Figura 1: Vias ascendentes da dor. Figura 2: Vias descendentes da dor.
Fonte: Cohen (2001, p.84). Fonte: Cohen (2001, p.89).
A dor difusa em queimação, ao contrário da dor em pontada, possui, frequentemente, dimensões emocionais ou fortemente adversas. De acordo com alguns pesquisadores, existe uma base neural para esse fenômeno. Acredita-se que, no tálamo, o terminal das fibras que transmitem a dor em queimação está situado na região medial, enquanto as fibras que levam a dor em pontada terminam nas regiões mais laterais. As fibras que transmitem a dor em queimação também ascendem da formação reticular ao hipotálamo. (JACOB; FRANCONE; LOSSOW, 1990, p. 262).
Segundo O’Sullivan e Schmitz (1993), os três principais tratos do sistema
espinotalâmico são: trato espinotalâmico anterior ( ventral) que transporta as sensações da
pressão e tato grosseiramente localizado; trato espinotalâmico lateral, que transporta a dor e a
temperatura; e trato espinorreticular, que está envolvido com as sensações difusas de dor.
2.1.3 Receptores da Dor
Para Guyton (1993), todos os receptores de dor são terminações nervosas livres. Os
receptores de dor, na pele e em outros tecidos, são terminações nervosas livres. Apresentam-se
distribuídos difusamente nas camadas superficiais da pele, e, também, em determinados
tecidos internos, como o periósteo, as paredes arteriais, as superfícies articulares e a foice e o
tentório da calota craniana.
Figura 3: representação da pele e seus receptores.
Fonte: Schmitz (1993, p.92).
Três diferentes tipos de estímulos excitam os receptores de dor – mecânicos, térmicos e químicos. A maioria das fibras sensíveis à dor pode ser excitada por tipos múltiplos de estímulos. Entretanto, algumas fibras têm maior tendência a responder ao estiramento mecânico excessivo, outras a extremos de calor ou frio, e ainda outras, a substâncias químicas específicas, nos tecidos. Elas são classificadas, respectivamente, como receptores mecânicos, térmicos e químicos de dor. Em geral, a dor rápida é produzida pelos receptores dos tipos mecânico e térmico, enquanto a dor lenta pode ser produzida por todos os três tipos. ( GUYTON, 1993, p. 115).
2.1.4 Fisiologia da Dor
“Existem diferentes mecanismos fisiológicos relacionados aos diferentes tipos de
cursos cronológicos da dor; por exemplo, fibras aferentes primárias A-beta, A-delta e
C.”(BORG, 2000, p.13).
Relatou Knoplich (1986), que o organismo agredido, com dano tecidual, sente a
dor aguda e responde com uma variedade grande de mecanismos de defesa fisiológica que
estão ligados ao funcionamento do córtex supra-renal, produzindo a reação de “luta ou fuga”,
e na fase seguinte que é a de resistência ou compensação orgânica, se o fator causal inicial
continuar, existindo quer seja real ou não, haveria um mecanismo de adaptação que poderá ser
descompensado ou entrar em exaustão, surgindo uma moléstia de adaptação.
Experimentos de pesquisas sugerem que as terminações das fibras da dor do tipo C que entram na medula espinhal possam secretar tanto o transmissor glutamato quanto o transmissor que é a substância P. O transmissor glutamato age instantaneamente e dura apenas alguns milissegundos. Por outro lado, a substância P é liberada muito mais
lentamente [...]. Apesar dos detalhes ainda desconhecidos, parece claro que o glutamato é o neurotransmissor mais implicado na transmissão da dor rápida para dentro do sistema nervoso central, enquanto a substância P ( e outros peptídeos relacionados) estão envolvidos com a dor lenta e crônica. (GUYTON; HALL, 1997 p. 553).
2.1.5 Bioquímica da Dor
Para Knoplich (1986), a destruição celular ocasiona a liberação de substâncias
intracelulares. Vários fatos permitem afirmar que a excitação dos algoceptores (receptores da
dor) se faça por meio de substâncias produzidas ou liberadas, neurotransmissoras, tanto nos
tecidos lesados como nas próprias terminações nervosas, que são conhecidas como mediadores
químicos da dor.
Bradicinina, serotonina, acetilcolina, 5-hidroxitriptamina, histamina, íons
hidrogênio e potássio, prostaglandinas e outros polipeptídeos similares e mesmo os
metabólitos ácidos (ácido lático) seriam incluídos nessa categoria.
2.1.6 Tipos de dor
2.1.6.1 Dor Rápida
Para Guyton e Hall (1997), a dor rápida é sentida em cerca de 0,1s depois que o
estímulo doloroso é aplicado. A dor rápida também é designada por muitos outros nomes ,
como dor em pontada, dor em alfinetada, dor aguda e dor elétrica. A dor rápida, aguda, não é
sentida na maioria dos tecidos mais profundos do corpo. “A dor crônica não tem nenhum
propósito benéfico para o organismo.”(KNOPLICH, 1986, p.115).
2.1.6.2 Dor Lenta
“A dor lenta começa apenas após 1s ou mais e, depois, aumenta lentamente durante
muitos segundos e, às vezes, até minutos.”(GUYTON; HALL, 1997, p.551).
A dor lenta também tem muitos outros nomes, como dor em queimação lenta, dor
surda, dor latejante, dor nauseante e dor crônica. Este tipo de dor está geralmente associado à
destruição dos tecidos. Pode levar a sofrimento insuportável, prolongado. Pode ocorrer tanto
na pele quanto em qualquer tecido ou órgão profundo.
“A dor aguda pode atuar, e com frequência atua, como um sinal de alarme de
perigo ou doença.”(KNOPLICH, 1986, p.115).
2.1.7 Dor Referida
Para Guyton (1993), frequentemente, uma pessoa sente dor em parte de seu corpo
bastante distante dos tecidos de origem da dor. Essa dor é denominada dor referida. Em geral,
a dor é iniciada em um dos órgãos viscerais e referida a uma área da superfície corporal.
Também, a dor pode ser referida a outra área profunda do corpo que não coincide, com
exatidão, à localização da víscera que produz a dor. O conhecimento desses diferentes tipos de
dor referida é extremamente importante no diagnóstico clínico, porque várias doenças
viscerais não produzem outros sinais além da dor referida.
Quando as fibras viscerais de dor são estimuladas, os sinais de dor das vísceras são
conduzidos por, no mínimo, alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais da dor da
pele, e a pessoa tem a sensação de que os sinais têm origem na própria pele.
Os parênquimas dos órgãos internos não estão supridos com receptores de dor, nem o próprio cérebro ou a medula. A dura-máter tem receptores de dor, assim como todas as membranas que envolvem os órgãos, por exemplo, a pleura, pericárdio, peritônio, etc., e o periósteo que envolve o osso. Mas a dor que vem dos órgãos internos, por exemplo, das próprias estruturas ósseas ligamentares da coluna, é vagamente localizada e sentida pela pessoa às vezes como longe da estrutura originária da dor [...]. Geralmente a referência da dor é feita ao nível de dermátomo. (KNOPLICH, 1986, p. 113).
Figura 4: Teorias da facilitação e convergência para a dor referida.
Fonte: Ganong (2000, p.106).
2..1.8 Dor Visceral
Para Jacob et al (1990), na maioria, os impulsos de dor visceral são conduzidos por
fibras correndo em nervos simpáticos. Estas fibras entram na medula pelas raízes dorsais por
ramos comunicamentes brancos. Alguns impulsos de dor visceral são transmitidos pelos
nervos cranianos e parassimpáticos sacrais.
“Uma das principais diferenças entre dor superficial e dor visceral é que tipos
altamente localizados de lesões às vísceras raramente causam dor intensa.”(GUYTON; HALL,
1997, p.556).
Figura 5: Inervação visceral da dor.
Fonte: Ganong (2000, p.105).
Para o diagnóstico clínico, a dor a partir de diferentes vísceras do abdome e do tórax é um dos poucos critérios que podem ser usados para diagnosticar inflamação, doença e outros distúrbios viscerais. Em geral, as vísceras não têm outros receptores sensoriais para qualquer outra modalidade de sensação além da dor [...]. (GUYTON; HALL, 1997, p. 556).
2.1.9 Teoria da Comporta da Dor
Segundo Cohen (2001), relata que no corno posterior, onde as fibras aferentes
grandes e pequenas entram em contato, as fibras Aalfa e Abeta (tato e propriocepção), grandes
e mielinizadas, exercem um controle inibidor sobre as fibras C (dor), pequenas e não-
mielinizadas. Consequentemente, o equilíbrio entre a atividade das fibras aferentes
mielinizadas e não-mielinizadas nesses locais de convergência poderia modular o sinal aos
centros cerebrais superiores.
Figura 6: Teoria da comporta da dor.
Fonte: Cohen (2001, p.82).
2.1.10 Anormalidades clínicas da dor
Existem várias anormalidades clínicas relacionadas à dor, dentre elas podemos
citar a Hiperalgesia, a Síndrome Talâmica, Herpes Zoster (Cobreiro), Tic Doulourex,
Síndrome de Brown-Séquard.
Com relação à hiperalgesia, Guyton e Hall (1997), relata que às vezes, uma via de
dor torna-se excessivamente excitável, dando origem à hiperalgesia, que significa
hipersensibilidade à dor. As causas são sensibilidade excessiva dos próprios receptores da dor,
o que é chamado de hiperalgesia primária e facilitação da transmissão sensorial, o que é
chamado de hiperalgesia secundária.
A síndrome talâmica se dá quando, ocasionalmente, o ramo póstero-lateral da
artéria cerebral posterior, uma pequena artéria que supre a porção póstero-ventral do tálamo, é
bloqueado por trombose, de modo que os núcleos dessa área do tálamo degenerem, enquanto
os núcleos medial e anterior do tálamo permanecem intactos.
Já a herpes zoster se dá quando um vírus do herpes infecta um gânglio da raiz
dorsal. Isso causa dor intensa no segmento do dermátomo normalmente servido pelo gânglio,
provocando assim um tipo segmentar de dor que contorna a metade do corpo.
Ainda segundo Guyton e Hall (1997), em algumas pessoas ocorre dor lancinante
sobre um lado da face na área da distribuição sensorial do quinto ou do nono nervo; esse
fenômeno é chamado de tic doulourex.
Os mesmos ainda comentam que se a medula espinhal for inteiramente seccionada,
todas as sensações e funções motoras distais ao segmento da transição são bloqueadas, mas, se
apenas uma metade da medula espinhal for seccionada, ocorre a chamada síndrome de Brow-
Séquard.
2.1.11 Psicologia da Dor
Com frequência, observam-se pacientes que apresentam uma queixa de dor que é desproporcional à lesão orgânica. É usual denominar psicogênico ou funcional esse tipo de dor, com isso significando-se que é possível
identificar dois tipos de dor: uma orgânica e portanto real, legítima, associada a um distúrbio orgânico, palpável, comprovado por exame; e outra psicogênica, irreal, ilegítima, em que não se encontra lesão orgânica nítida, portanto de pequena importância.(KNOPLICH, 1986, p. 119).
Segundo Knoplich (1997), nesses pacientes, desenvolve-se um comportamento em
relação à dor que tende a se tornar mais complexo, independente da presença ou não de
doença inicial que gerou a dor. Nesses casos, o paciente converte a dor em meio de expressão,
e obtém vantagens emocionais e securitárias, que não conseguiria obter de outra forma. Nesses
casos, o mecanismo condicionador da dor tem pequena ou mesmo nenhuma relação com
fatores patológicos.
2.1.12 Tratamento da Dor
Jacob, Francone e Lossow (1990), comenta sobre o uso do estímulo elétrico,
através do estimulador transcutâneo, no tratamento da dor crônica, onde eletrodos são aderidos
a pele sobre a área dolorida e ligados e desligados à vontade pelo próprio paciente, com o
objetivo apenas de analgesia.
Outro método de tratamento citado pelos autores é com relação a prática chinesa da
acupuntura. Tem sido ressaltado que os pontos da acupuntura ilustrados nos atlas chineses
tradicionais encontram-se localizados próximo a grupos de nervos periféricos.
Jacob, Francone e Lossow (1990) ainda comenta sobre a cirurgia para o controle da
dor, onde envolve a interrupção da transmissão dos impulsos da dor em três áreas principais
do sistema nervoso: o sistema nervoso autônomo; nervos periféricos, raízes espinhais e
medula espinhal; e o encéfalo.
Outro fator importante no tratamento são os fármacos, onde eles podem ser
realizado como tratamento principal ou então apenas como complemento medicamentoso.
Um dos instrumentos ou ferramenta mais utilizados na área da saúde em relação à
dor é a fisioterapia, onde irá trabalhar além do sintoma importante da dor também o que pôde
ter ocasionado a lesão, ou seja, a fisioterapia trabalha com as duas variáveis, a causa e a
consequência da dor.
Ou seja, como tratamento temos várias opções, várias técnicas a serem utilizadas,
termoterapia, crioterapia, eletroterapia, cinesioterapia, farmacologia, cirurgias, acupuntura,
entre outras.
2.2 Cuidadores
2.2.1 O Cuidar
Fornecer ajuda, proteção, auxílio e cuidado é um aspecto central das relações
familiares, ao longo de todo o curso de vida de seus membros. Costumes, valores, educação e
situação econômica interagem reciprocamente com a idade e o gênero das pessoas que cuidam e
das que são cuidadas e, além disso, respondem pela desejabilidade e aceitabilidade do papel e dos
desempenhos associados ao cuidar, ajudar, auxiliar e proteger.
Segundo Vieira (1996), cuidado significa o ato ou tarefa de zelar pelo bem estar de
alguém, prestando-lhe assintência, assumindo a responsabilidade e os encargos inerentes a esse
ato. Agora é fundamental saber que só faz sentido cuidar de alguém quando este não consegue
desempenhar mais suas atividades cotidianas, ou seja, for incapaz de cuidar de si próprio, ou não
consegue desempenhar suas tarefas diárias sem ajuda de terceiros.
Menezes (1994), relata que, cuidar lembra, a princípio, uma situação que envolve a
emoção de um indivíduo e reflete em proteção e segurança de outro. Por outro lado, “cuidar” é
um verbo transitivo indireto, implicando na existência de um sujeito agente e um objeto passivo,
envolvido assim numa relação, onde um primeiro desenvolve uma ação e o segundo recebe
passivamente ou exerce uma atividade indireta ao delegar uma responsabilidade de execução ao
primeiro.
Segundo Whitlatch e Noelker (1996), o conceito da prestação de cuidados ou cuidar é
amplamente definido como o ato de prover assistência ou cuidado a um membro da família,
amigo ou cliente, permitindo a manutenção de um bom nível de independência. Mas deve ficar
claro que esta assistência pode ser de ordem instrumental, de mão-de-obra, afetiva, financeira ou
qualquer necessidade que requerer a pessoa que recebe cuidado.
2.2.2 Os cuidadores de crianças
Segundo Vieira (1996), os cuidadores são pessoas que se dedicam à tarefa de
cuidar de uma criança, sejam elas membros da família que, voluntariamente ou não, assumem
esta atividade, ou pessoas contratadas pela mesma para este fim. Os cuidadores de crianças
têm assumido um perfil próprio e tarefas específicas e complexas, que precisam ser
desenvolvidas por pessoas qualificadas e treinadas para o desempenho da assistência que a
mesma precisa para manter o seu bem estar.
Gonçalves e Sell (2002), relatam que é possível dizer que existem três tipos de
cuidadores: o cuidador institucional, que é solicitado pela instituição em que a criança se
encontra, mas é contratado pela família; o cuidador domiciliar contratado também pela família
por sugestão do médico ou fisioterapeuta que acompanha a criança ou pela dificuldade da
família em atender às necessidades dele, e o cuidador familiar, que são os cônjuges, pais, avós
ou qualquer membro da família que, voluntariamente ou não, assume a tarefa de cuidar da
criança.
Segundo Stanovik (1999), quando o cuidador é um membro da família, a situação
não é menos dificultada. É importante lembrar que a dependência psico-funcional da criança
modifica significamente a rotina, a dinâmica familiar e as relações de troca entre seus
membros.
2.2.3 Caracterização dos cuidadores
Winogrond et al. (1987 apud GONÇALVES; SELL 2002, p.10), referem-se ao
cuidador primário como a pessoa responsável pelos cuidados com o domicílio, trabalho físico,
companhia e supervisão. Já Poulshock e Deimiling (1984) caracterizam o cuidador como
aquele que ajuda em cuidados pessoais dentro de casa. Matthews e Rosner (1988), diferenciam
vários tipos de participação de diferentes cuidadores, porém somente aqueles que
rotineiramente dão assistência à parentes podem ser definidos como cuidadores.
De acordo com Stone; Cafferata e Sangl (1987), o atributo “primário” é usado para
designar o cuidador que tem responsabilidade total em relação ao fornecimento da ajuda.
Consideram ainda os casos em que existe um cuidador que tem a maior parte da
responsabilidade pelo cuidado, mas pode ser auxiliado por outros familiares, por voluntários
ou então por profissionais. Neste caso ele é um cuidador “principal” e os demais são
“secundários”. Os cuidadores familiares, primários ou secundários, prestam cuidado
“informal” assim, como os voluntários provenientes da comunidade.
Ou seja, o “cuidador informal” é aquele elemento da família da criança ou a ela
relacionado, sem formação específica necessária, que passa então a ser responsável pelo
desenvolvimento das ações cuidativas. Já o “cuidador formal” seria aquele elemento
contratado pela família da criança para exercer essas ações cuidativas ou de reabilitação.
A literatura em geral traz várias formas de classificar o cuidador: por grau de
parentesco com a criança; pelo tipo de ajuda proporcionada; pela frequência dessa ajuda,
dentre outros.
Matthews e Rosner (1988), diferenciam vários tipos de participação de diferentes
cuidadores, porém “somente aqueles que rotineiramente dão assistência a suas parentes
crianças podem ser definidos como cuidadores.
Segundo Neri (1999), o papel do cuidador, entre outras razões, pode ser fruto de
expectativas sociais baseadas na relação de parentesco, de gênero e idade, expectativas essas
típicas do grupo social, o que muitas vezes pode conferir a este cuidador oportunidades de
reconhecimento e respeito pelo grupo, assim como de adaptação individual para si mesmo.
Na maioria das vezes, ou geralmente, a demanda de cuidados recai principalmente
em um único membro da família, ou seja, o cuidador primário, que acaba por dividir-se entre
responsabilidades profissionais, conjugais, sociais e familiares. É claro que outros membros da
família podem ajudar, porém, essa ajuda não é de forma regular.
2.2.4 Problemas e conseqüências dos cuidadores familiares
Segundo Gonçalves e Sell (2002), para existir sucesso em cuidar de uma criança,
muitas necessidades devem ser supridas. As necessidades se estabelecem após
questionamentos que passam pela cabeça do cuidador familiar, quando do planejamento de
suas atividades como cuidador.
De acordo com Pearlin et al (1990), ser cuidador compreende vários papéis
desenvolvidos ao longo do curso de vida e que se reestruturam quando as situações de
incapacidade e dependência emergem. O estresse deve ser visto como um processo que deriva
de várias condições que vão se desenvolvendo e se modificando ao longo do tempo.
Segundo Zarit (1990) a caracterização das pressões e efeitos negativos sobre a vida
do cuidador está baseada na sua própria avaliação. O julgamento de que esta situação
determina distúrbios na sua vida pessoal e social, na sua saúde, nas suas finanças e no seu
bem-estar emocional é um dos determinantes do estresse em cuidadores.
Prover cuidados pode causar estresse fisiológico. As atividades de higiene pessoal,
como dar banho, pentear os cabelos, escovar os dentes, locomover a criança, alimentá-la,
requerem energia e podem cansar qualquer pessoa, somando-se ainda as atividades exercidas
pelo cuidador.
Segundo Gonçalves e Sell (2002), cuidar de enfermo também envolve dimensões
financeiras, causando outro tipo de estresse. Para aqueles serviços que não dependem somente
da família, para cuidados médicos, farmacêuticos, terapêuticos, etc. há necessidade de
decisões de como conseguir pagar por estes serviços. Se o dinheiro é limitado, outras pessoas
da família terão que ajudar com os custos dos cuidados, o que causa, muitas vezes, cargas a
todos os membros da família.
Gonçalves e Sell (2002) relatam que um outro estresse que ocorre é o chamado
estresse ambiental, afinal, o cuidar de uma criança requer um ambiente adequado, terão de ser
feitas modificações ou adaptações, como corrimão, rampas, barras de apoio, etc. A criança
morando na casa do cuidador, além de vários ajustes no local, ajustes também no estilo de vida
e padrões tanto da criança quanto do cuidador e sua família o que pode gerar conflitos e
estresse.
Cuidados por vinte e quatro horas por dia pode causar estresse social ao cuidador
por levar ao afastamento, muitas vezes, da sua própria família, dos amigos e da vida social. O
cuidador pode ficar muito cansado ou sentir-se incapaz de desfrutar de uma saída semanal. Ou
seja, acumulam-se ressentimentos, mesmo que inconscientes, quanto à criança, já que a
mesma acaba sendo o motivo da falta de contato social.
Em todas essas formas de estresses citadas acima podem acontecer uma série de
conseqüências aos cuidadores, e consequentemente, à criança. Rio (1998), diz que como o
estresse diminui a resistência orgânica, predispõe o organismo a infecções respiratórias, de
pele, diabetes, hipertensão, angina e infarto do coração, úlceras pépticas, asma e tantas outras
doenças diretamente influenciadas pelo estado de ansiedade, depressão e os diversos distúrbios
do funcionamento mental estão também intimamente relacionados com ele.
Catanach e Tebes (1991), dividem as dependências que requer cuidados em duas
categorias: primariamente físico-funcionais ou primariamente cognitivas. As limitações
funcionais podem ser definidas pelo grau de incapacidade em realizar atividades de vida
diária, o que resulta em um aumento de tarefas domésticas e de trabalho físico para o cuidador.
As limitações cognitivas são definidas como o grau de incapacidade para realizar certas tarefas
intelectuais. Comparativamente são dois tipos de limitações diferentes, e assim são também
experimentadas de forma distinta pelos cuidadores.
2.2.5 O cuidador Ocupacional e a Ergonomia
Grunewald (1997), diz que a ergonomia não se ocupa somente com a situação de
trabalho remunerado, evoluiu e aplica-se também a atividades que não são consideradas um
trabalho, bem como, às condições de atividade do homem, preocupando-se em criar condições
para que as pessoas cheguem à velhice com mais saúde, no caso, os cuidadores.
De acordo com Ferreira, Maciel e Paraguay (1993), a contribuição da ergonomia
aos cuidadores familiares destaca-se a partir de algumas definições importantes quanto: ao
caráter multidisciplinar dos conhecimentos que estão na base da ergonomia; ao caráter
aplicado destes conhecimentos, que visam mudanças na situação de trabalho; e aos objetivos
da ergonomia, que introduz, como critério de avaliação, ao lado da eficácia e da produtividade,
o conforto dos trabalhadores.
2.2.6 Cuidadores Ocupacionais e a Assistência Social
Segundo Wanderley (1998), ao se colocar a discussão do papel da Assistência
Social no apoio aos cuidadores domiciliares, três pressupostos básicos emergem:
1. As políticas devem ser convergentes com a tendência à desinstitucionalização ou
desinternamento de pessoas dependentes de cuidados especiais;
2. A atividade do cuidado domiciliar deve ser articulada numa ação triangular entre a família,
a comunidade e o Estado.
3. A família deve ser considerada como núcleo estratégico de promoção da qualidade de vida
do dependente, do cuidador e dela própria.
DELINEAMENTO DA PESQUISA
O delineamento da pesquisa, segundo GIL (1995, p. 70), “[...] refere-se ao
planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla [...]”, ou seja, neste momento, o
investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se os instrumentos e os
procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados. O delineamento também considera o
ambiente em que são coletados os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas.
Considera ainda, que o delineamento da pesquisa ocupa-se do contraste entre a teoria e os fatos e
sua forma é a de uma estratégia ou plano geral que determine as operações necessárias para fazê-
lo.
3.1 Tipo de pesquisa
3.1.1 Classificação quanto ao nível
Esta pesquisa caracteriza-se, sendo do tipo exploratória
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal
o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. (HERDT, 2000, p.49).
3.1.2 Classificação quanto à abordagem
A pesquisa em estudo é quantitativa porque vai analisar números. Para Richardson
(1999) a pesquisa é quantitativa porque emprega técnicas estatísticas como média.
Para Almeida e Ribes (2000) a pesquisa quantitativa é aquela que utiliza
instrumentos de coleta de informações numéricas, medidas ou contatos, para fornecer
resultados probabilístico, numérico e estatístico.
3.1.3 Classificação quanto ao procedimento
A pesquisa é do tipo levantamento, onde estabelece, claramente, critérios de
composição da amostra. Para Gil (2002), são informações obtidas de um grupo de pessoas que
se quer estudar, e com uma análise quantitativa pode-se obter as conclusões necessárias com
bases nos dados pesquisados. É uma pesquisa de levantamento de frequência de doenças,
onde a mesma não apresenta caráter epidemiológico.
3.2 População / Amostra
A população em estudo foram cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas
atendidas na APAE, localizada no município de Tubarão-SC.
A atividade dos cuidadores consiste na assistência às crianças vinte e quatro horas por
dia, exceto os instantes em que as mesmas comparecem e permanecem na APAE, sendo que
alguns cuidadores permanecem na instituição.
A amostra foi constituída por 30 cuidadores de crianças neurológicas atendidas na
APAE de Tubarão-SC. Como critérios de inclusão na amostra, foram estabelecidos os
seguintes fatores: disponibilidade do cuidador a participar da pesquisa, estar atualmente
vinculado com a instituição e ser encontrado na mesma pessoalmente. Os cuidadores que não
estiverem presentes na instituição serão convocados por telefone para comparecimento na
instituição.
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados
Para a realização deste estudo, os seguintes instrumentos foram utilizados:
• Escala de desconforto corporal para as diferentes partes do corpo (Anexo)
A escala de desconforto adaptada por Lida (2000), consiste em graduar o nível de
desconforto manifesto sob a forma de dor em cada parte do corpo, numa escala representada
por cores, sendo “verde” nenhuma dor, “amarelo” dor suportável: dor que caracteriza-se por
um leve desconforto, consegue trabalhar mesmo sentindo-a, “alaranjado” dor intensa: dor que
obriga por instantes parar o trabalho e manter-se em repouso ou mudar de posição para aliviar
a dor possibilitando depois continuar com o trabalho e “vermelho” dor insuportável:
caracteriza a incapacidade de continuar o trabalho obrigando-o a parar. A escala divide o
corpo humano em segmentos e, para cada um deles registra-se o nível de desconforto relatado
através da escala ao final de um período de trabalho, (MORAES, 2002).
• Questionário (Apêndice A)
Estruturado com questões fechadas de autoria de Nascimento e Moraes (2000) e
adaptado pelo autor do estudo, com a finalidade de coletar dados com relação à frequência de
desconforto e também de conhecermos o perfil do cuidador ocupacional de crianças
neurológicas da APAE de Tubarão-SC.
3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados
A coleta de dados se deu através da aplicação da escala de desconforto e do
questionário, realizado na própria instituição em estudo, onde foram aplicados os mesmos
pessoalmente. Foi realizado o contato por telefone com os cuidadores que não permaneciam
na instituição, apresentando o objetivo da pesquisa e disponibilidade destes para a mesma,
marcando então a data para a aplicação do questionário e da escala de desconforto.
Com relação às variáveis da paralisia cerebral (gravidade, distribuição do tônus e
qualidade do tônus), os dados foram obtidos através de um levantamento nas fichas de
avaliações das crianças. Outro dado levantado foi em relação às patologias apresentadas pelas
mesmas.
O termo de consentimento foi entregue antes da aplicação dos mesmos (Apêndice B).
3.5 Procedimentos para análise e interpretação dos dados
Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva e apresentados através de
gráficos e tabelas, agrupados a partir das informações provenientes da coleta de dados.
Foi utlilizado também o teste de correlação de Spearman, com 5% de significância
mediante ao software Statdisk.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Neste capítulo será exposto a análise e discussão dos dados, referentes ao questionário e
a escala de desconforto para as diferentes partes do corpo, onde será relatada a porcentagem
das respostas obtidas no questionário e correlações entre algumas variáveis.
4.1 Quanto aos cuidadores e sua atividade
Gráfico 1 – Distribuição da amostra em relação ao grau de parentesco para
com as crianças no período de junho de 2006.
Através do gráfico 1, pode-se verificar que dos 30 cuidadores primários presentes na
amostra, 100% são do sexo feminino, onde 28 são mães, uma é avó e uma é irmã.
93,4%
3,3% 3,3%
Mãe
Irmã
Avó
Em estudo realizado com 15 pacientes adultos e idosos neurológicos, Felício et al
(2005), observaram que 38,70% dos cuidadores eram filhos ou filhas. Outro dado importante é
em relação ao gênero do cuidador, onde a pesquisa apontou que 87,09% dos cuidadores era do
gênero feminino. Cerqueira e Oliveira (2002) e Karsch (2003), realizaram estudos relativos e
apresentaram também uma maior incidência do gênero feminino atuando como cuidador.
Ricci, Kubota e Cordeiro (2005), em um estudo com assistência domiciliar em idosos,
também apresentou uma amostra de cuidadores maior do gênero feminino com 92,50%.
Gonçalves e Sell (2002), realizaram uma pesquisa com cuidadores de idosos atendidos
na clínica escola de fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, onde dos 19
cuidadores, 17 é do sexo feminino e 2 do sexo masculino.
González et al (2004), realizaram um estudo com relação à sobrecarga dos cuidadores
de pessoas com lesões neurológicas, onde 82,20% dos cuidadores era do sexo feminino.
Todos esses estudos citados são com relação à cuidadores de adultos ou idosos, mas
podemos observar concordância com cuidadores de crianças neurológicas como vemos em nosso
estudo no gráfico 1.
Tabela 1 – Distribuição dos cuidadores em relação ao tempo de trabalho no período de
junho de 2006.
Tempo de Ocupação f (frequência) % (percentual) 3 meses.................................. 0 0 6 meses.................................. 1 3,4 1 ano... ................................... 0 0 1 à 3 anos............................... 4 13,3 3 à 5 anos....... ....................... 4 13,3 5 à 8 anos....... ....................... 7 23,4 mais de 8 anos........................ 14 46,6 Total...................................... 30 100,00
Quando questionados quanto ao tempo de cuidador, 46,6% dos entrevistados
desenvolvem suas atividades a mais de oito anos, 23,4% entre cinco e oito anos, 13,3% entre três
e cinco anos, 13,3% entre um e três anos e 3,4% há 6 meses.
Com relação aos resultados apresentados acima, podemos observar que a maior
prevalência foi de cuidadores trabalhando num período maior de oito anos, ou seja, 46,6% da
amostra possuem uma intensidade e uma frequência das atividades realizadas por maior tempo,
afinal, o tempo de sobrecarga que o corpo está suportando é muito grande se compararmos com
cuidadores com tempo de trabalho abaixo de um ano, deixando claro que tudo vai depender,
também do grau de dependência da criança.
Tabela 2 – Distribuição dos cuidadores em relação a carga horária diária de trabalho no
período de junho de 2006.
Carga horária (horas) f % menos de 3............................. 0 0 entre 3 e 5.............................. 3 10,00 entre 5 e7............................... 1 3,4 entre 7 e 9.............................. 3 10,00 mais de 9................................ 23 76,6
Total...................................... 30 100,00
Com relação à carga horária diária de trabalho, 76,6% dos entrevistados trabalham
mais de nove horas, 10% entre sete e nove horas, 10% entre três e cinco horas e 3,4% trabalham
entre cinco e sete horas diária.
Gonçalves e Sell (2002), realizaram uma pesquisa com cuidadores de idosos atendidos
na clínica escola de fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, onde 57,90% é
cuidador entre 18 a 24 horas, 31,60% entre 12 a 18 horas e 10,50% entre 6 e 12 horas. Esses
dados se relacionam com os cuidadores de crianças neurológicas da nossa pesquisa, onde a
maioria tem uma carga horária de desempenho da função acima de 9 horas, afinal tanto as
crianças como os idosos necessitam de auxílio.
Garrido e Menezes (2004), realizaram uma pesquisa com relação ao impacto em
cuidadores de idosos atendidos em um serviço psicogeriátrico, onde a mesma apresentou que
57,10% tem uma carga horária de cuidado de mais de oito horas, o que corrobora com nosso
estudo onde na sua maioria apresentou acima de nove horas numa proporção ainda maior.
González et al (2004), realizou um estudo em adultos e idosos com relação à
sobrecarga dos cuidadores de pessoas com lesões neurológicas, onde 40% dos cuidadores tem
uma carga horária de trabalho entre 6 e 7 horas diária. Mostrando em nossa pesquisa que os
cuidadores de crianças neurológicas apresentam uma carga horária de jornada de trabalho um
pouco maior, mas temos que observar antes de qualquer coisa o grau de dependência tanto da
criança como do adulto ou do idoso, porque é isso que irá influenciar num estudo estatístico com
essas variáveis.
4.2 Quanto aos indivíduos cuidado Tabela III – Distribuição das crianças em relação a sua patologia no período de junho de
2006.
Patologia f %
Paralisia Cerebral...................... 22 73,5 Síndrome de Down................... 3 10,00 Síndrome de West..................... 1 3,3 Síndrome de Willians ............... 1 3,3 Síndrome de Rett...................... 1 3,3 Leucodistrofia ........................... 1 3,3 Mielomeningocele..................... 1 3,3 Total.......................................... 30 100,00
Gráfico 2 – Distribuição das crianças paralisadas cerebrais em relação à
distribuição do tônus no período de junho de 2006.
A tabela 3 demonstra a patologia pertencente à criança que recebe os cuidados, onde
das 30 crianças que recebem cuidados, vinte e duas (73,5%) são paralisadas cerebrais, três (10%)
apresentam Síndrome de Down, e as outras apresentam uma distribuição de uma (3,3%)
ocorrência apenas.
De acordo com Ratliffe (2000), a prevalência da paralisia cerebral é semelhante em
muitos países ocidentais, cerca de 2 em 1000 nascimentos com vida.
Segundo Bobath (1989), paralisia cerebral é uma desordem da postura e do
movimento devido à uma lesão ou defeito do cérebro imaturo, que interfere no crescimento e na
maturação da criança. Aires (2000), diz que a mesma é definida como um distúrbio motor não
progressivo, decorrente de lesão no cérebro imaturo. Como tal denomina-se encefalopatia crônica
não progressiva com distúrbio motor predominante.
O gráfico 2 nos mostra a distribuição das crianças paralisadas cerebrais de acordo com
à topografia, onde 86,4% apresentam uma quadriplegia e 13,6% apresentam diplegia.
Ekman (2000), define tônus muscular como uma quantidade ou grau de tensão do
músculo em repouso, sendo avaliado pela faixa de movimentação passiva.
13,6%
86,4%
Diplegia
Quadriplegia
Segundo Ratliffe (2000), a quadriplegia se caracteriza pela paralisia dos quatro
membros além do tronco, podendo também apresentar comprometimento facial. É o
comprometimento de maior incidência dentro da paralisia cerebral. Logo após, vem a diplegia,
que se classifica como paralisia dos membros inferiores e um leve comprometimento dos
membros superiores, além de um comprometimento de tronco.
Os dados da pesquisa tiveram relação com os autores, onde a mesma apresentou
resultados significativos em relação à incidência de quadriplegia e diplegia na paralisia cerebral.
Gráfico 3 – Distribuição das crianças paralisadas cerebrais em relação à
gravidade no período de junho de 2006.
De acordo com o gráfico 3, 54,5% das crianças paralisadas cerebrais são classificadas
como grave, 27,3% leve e 18,2% moderada.
Com relação à classificação quanto a gravidade da paralisia cerebral, Ratliffe (2000),
utiliza uma tabela com os três níveis aplicados na pesquisa, leve, moderada e grave, onde é
levado em consideração aspectos como habilidade motora grosseira, habilidades motora delicada,
QI, fala e grau de dependência.
27,3%
18,2%
54,5%
Leve
Moderada
Grave
Em nosso estudo, houve uma grande incidência de crianças paralisadas cerebrais
graves, o que nos faz analisar que os cuidadores das mesmas, necessitam de maior tempo de
assistência para com as crianças.
Tabela 4 – Distribuição das crianças paralisadas cerebrais em relação à qualidade do tônus
no período de junho de 2006.
Qualidade do Tônus f % Hipertônico.............................. 8 36,4 Espástico.................................. 1 4,5 Atáxico..................................... 1 4,5 Atetóide................................... 6 27,4 Hipotônico............................... 3 13,6 Misto........................................ 3 13,6 Total........................................ 22 100,00
Com relação à qualidade do tônus das crianças paralisadas cerebrais, 36,4%
apresentam uma hipertonia, 27,4% são classificadas com atetóide, 13,6% apresentam uma
hipotonia, 13,6% tônus misto, 4,5% apresenta uma ataxia e 4,5% apresenta uma espasticidade.
Foi constatado em nosso estudo uma prevalência da hipertonia em relação à qualidade
do tônus, a mesma é caracterizada com um aumento da resistência e uma diminuição da
amplitude de movimento. Outra característica comum em nosso estudo foi em relação à
incidência de atetose, que é apresentada com movimentos desajustados, incoordenados, a criança
apresenta mobilidade demais e estabilidade insuficiente.
4.3 Quanto ao desconforto corporal
Gráfico 4 – Distribuição da amostra em relação à presença de
desconforto no período de junho de 2006.
Quando questionados quanto à presença de desconforto corporal, 28 dos 30
cuidadores pesquisados responderam que sim (93,4%), e 2 (6,6%) dos cuidadores da amostra,
referiram ausência de desconforto corporal, sendo estes dois excluídos de algumas análises da
pesquisa.
Em estudo com funcionários do setor de informatização da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL, Blaemer e Aguiar (2002) referiram que 78,57% dos funcionários
sentiam algum tipo de desconforto corporal em determinada região.
Em outro estudo, agora com odontólogos da cidade de Criciúma–SC, Spillere e
Aguiar (2002), relataram que 90% dos cirurgiões-dentistas apresentavam desconforto corporal.
Sá e Araújo (2003), realizaram uma pesquisa em relação aos desconfortos em
professores da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, onde 17 dos 25 professores
pesquisados apresentaram algum desconforto corporal.
93,4%
6,6%
Sim
Não
Estudo com trabalhadores do setor de televendas da cidade de Tubarão-SC, Estevam e
Figueiredo (2003)mostraram que 94,74% relataram sentir algum desconforto durante o trabalho.
O que chega bem próximo dos resultados encontrados nesta pesquisa.
Pesquisa realizada com coordenadores de curso de Graduação da Universidade do Sul
de Santa Catarina – UNISUL de Tubarão, Brito e Araújo (2004), apresentaram como resultado,
onde dos 21 coordenadores participantes da amostra, 19 apresentaram desconforto.
De acordo com Moraes (2002), indivíduos que adotam uma mesma posição corporal
durante a jornada de trabalho, podem gerar alterações significativas no alinhamento do corpo,
podendo apresentar desconforto na musculatura mais solicitada, o indivíduo acaba adquirindo
posturas viciosas além de outros problemas relacionados ao trabalho.
Filho e Júnior (1997), relatam que as síndromes dolorosas miofasciais são localizadas
e relacionadas à hiperatividade e sobrecarga mecânica primordial em virtude de sua frequência e
dos seus efeitos incapacitantes. É uma das principais causas de incapacidade, limitação de
atividades e perda econômica.
Os desequilíbrios posturais e como conseqüência as síndromes dolorosas, variam de
acordo com o modo de vida de cada indivíduo e também dependem da conscientização corporal
que cada um trás consigo (VERDERI, 2004).
Segundo Lida (1998), a contração contínua de determinados músculos para manter
uma determinada posição acaba levando ao aparecimento de dores e desconfortos. Isso ocorre,
porque o trabalho estático é altamente fatigante e, sendo assim, sempre que possível deve ser
evitado ou aliviado, através de mudanças de postura.
Tabela 5 – Distribuição dos cuidadores em relação ao tempo de presença da dor no
período de junho de 2006.
Tempo de Dor f %
3 meses................................. 4 14,3 6 meses................................. 1 3,6 1 ano..................................... 3 10,7 2 anos................................... 6 21,4 3 anos................................... 4 14,3 4 anos................................... 3 10,7 5 anos................................... 4 14,3 6 anos................................... 1 3,6 7 anos................................... 0 0,00 8 anos................................... 0 0,00 mais de 8 anos...................... 2 7,1 Total.................................... 28 100,00
A tabela 5 nos mostra o período de tempo de presença da dor, onde 21,4% sentem
desconforto há dois anos, 14,3% há três meses, 14,3% há três anos, 14,3% há cinco anos, 10,7%
há um ano, 10,7% há quatro anos, 7,1 há mais de oito anos, 3,6% há 6 meses e 3,6% há seis anos.
Gráfico 5 – Distribuição da amostra em relação ao período do dia de maior
percepção da dor no período de junho de 2006.
35,7%
17,9%
46,4%Manhã
Tarde
Noite
De acordo com o gráfico 5, a maior incidência de percepção da dor é no período da
noite (46,4%), seguido da manhã com 35,7% e finalmente durante à tarde com 17,9%.
Dziedzinski et al (2005), em um estudo do perfil epidemiológico dos pacientes com
dor lombar que procuram o serviço de traumatologia e ortopedia do Hospital São Lucas (HSL) da
Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresentou como resultado que 43,50%
dos pacientes relatavam maior frequência da dor no decorrer do dia (tarde).
Como vimos no estudo acima, o mesmo não apresentou resultado relativo com relação
à nossa pesquisa. Se observarmos o nosso estudo, veremos que 46,42% relataram maior
percepção da dor durante a noite, é considerável esse resultado se levarmos em consideração que
o cuidador passou o dia inteiro executando tarefas para com as crianças, ou seja, podemos pensar
num estresse tanto físico como psíquico, levando então ao desconforto.
Tabela 6 – Distribuição da amostra em relação a frequência da dor no período de junho de
2006.
Frequência da Dor f %
Inexistente............................... 2 6,6 Constante................................ 13 43,4 Esporádico............................... 15 50,00 Total........................................ 30 100,00
Com relação à frequência da dor, como já citamos acima, dois (6,6%) não apresentam
desconforto, dos vinte e oito que apresentam, quinze (53,6%) a dor se manifesta de forma
esporádica e treze (46,4%) de forma constante.
Gráfico 6 – Distribuição das atividades realizadas pelos cuidadores com as crianças
em relação à maior prevalência de dor no período de junho de 2006.
Quando questionados quanto às atividades realizadas com as crianças, 28,4%
relataram sentir dor durante as transferências e ao carregar, 23,3% relataram dor ao dar banho
(higiene em geral), 16,6% no vestir/despir e 3,3% durante a alimentação. Lembrando que podia
ser respondida mais de uma alternativa.
Em estudo com trabalhadoras de enfermagem, Gurgueira, Alexandre e Filho (2003),
foi verificado a prevalência de sintomas músculo-esqueléticos nas mesmas, onde as atividades
que causavam maior dor foram as que estavam relacionadas com a movimentação e transporte de
pacientes. Em nossa pesquisa foi justamente essas queixas que apareceram, isso porque o
trabalho da enfermagem e o trabalho dos cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas é
bastante comum, ou seja, quase todos tem que carregar, fazer transferências, movimentar.
28,4%
28,4%
16,6%
3,3%
23,3%
0 10 20 30
Dar Banho
Alimentação
Vestir/Despir
Carregar
Transferências
Gráfico 7 – Distribuição da amostra em relação aos movimentos de maior desconforto no
período de junho de 2006.
O gráfico 7 nos mostra os movimentos de maior desconforto realizados pelos
cuidadores, onde 43,2% relataram maior dor durante a flexão de tronco, 13,8% na flexão de
joelho, 11,8% na flexão de cotovelo, 9,9% na flexão de ombro, 5,9% na flexão da cervical, 3,9%
durante a abdução de ombro e flexão de quadril e 1,9% durante a realização da extensão de
tronco, rotação do mesmo, dorsiflexão de tornozelo e plantiflexão do mesmo.
43,2%
1,9% 1,9%
5,9%
9,9%
3,9%
11,8%
3,9%
13,8%
1,9% 1,9%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Flexão tronco Extensão
Tronco
Rotação
Tronco
Flexão
Cervical
Flexão
Ombro
Abdução
Ombro
Flexão
Cotovelo
Flexão
Quadril
Flexão
Joelho
Dorsiflexão Plantiflexão
Gráfico 8 – Distribuição dos cuidadores em relação ao procedimento realizado
na ocorrência da dor no período de junho de 2006.
Com relação ao procedimento realizado pelo cuidador na ocorrência da dor, o gráfico
8 nos mostra que 47,1% da amostra faz uso de medicamentos, 32,4% não realiza nada, 11,7%
fazem repouso e 8,8% buscam como tratamento a fisioterapia.
Em estudo com odontólogos da cidade de Criciúma-SC, Spillere e Aguiar (2002)
relataram que entre os profissionais com desconforto corporal, 33,33% realizaram fisioterapia.
Em nosso estudo com cuidadores de crianças neurológicas mostrou uma pequena procura em
relação à fisioterapia, vale salientar que o nível cultural e sócio-econômico das duas amostras é
bastante desproporcional, onde os odontólogos além de fazer parte da área da saúde e já conhecer
o trabalho da fisioterapia, os cuidadores da amostra fazem parte de um nível cultural e sócio-
econômico muito baixo.
Pesquisa realizada com trabalhadores do setor de televendas de uma empresa de
Tubarão-SC, Estevam e Figueiredo (2003), relataram que apenas 21,05% que apresentavam
algum desconforto corporal realizavam fisioterapia.
47,1%
11,7%
8,8%
32,4%Repouso
Medicamentos
Fisioterapia
Nada
Dziedzinski et al (2005), em um estudo do perfil epidemiológico dos pacientes com
dor lombar que procuram o serviço de traumatologia e ortopedia do Hospital São Lucas (HSL) da
Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresentou que 39,10% dos pacientes
utilizavam o procedimento medicamentoso para alívio da dor, e 10,80% realizava fisioterapia
para analgesia.
O repouso, segundo Cakmak et al (2004) é eficaz tanto nas lombalgias, como nas
ciatalgias. Ele não pode ser muito prolongado, pois a inatividade tem também a sua ação deletéria
sobre o aparelho locomotor.
4.4 Quanto à saúde
Gráfico 9 – Distribuição dos cuidadores em relação à prática de exercício físico
regular no período de junho de 2006.
Quando questionados se praticam alguma atividade física, dos trinta cuidadores da
amostra, vinte (66,6%) não praticam nenhuma atividade física e dez (33,4%) praticam
atividade física, como mostra o gráfico 9.
33,4%
66,6%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Sim Não
Em estudo com professores da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL,
Sá e Araújo (2003), relataram que dos 17 professores que apresentavam desconforto corporal,
9 praticavam alguma atividade física e 8 responderam que não, o que não se assemelha ao
nosso estudo, como mostra o gráfico acima.
Pesquisa realizada com trabalhadores do setor de televendas de uma empresa da
cidade de Tubarão-SC, Estevam e Figueiredo (2003), apresentaram que 68,42% realizam
algum tipo de atividade física.
Marques (2000), relata que pelo exercício físico, os neuromoduladores, entre eles a
endorfina, agem provocando analgesia, tanto em indivíduos sedentários como em indivíduos
treinados. O mesmo autor ainda enfatiza que a realização de exercício físico tem sido associada
também à sensação de bem estar e a diminuição da ansiedade, e da depressão, bem como melhora
da auto-estima e do humor.
Poi, Reis e Poi (1999), relata que o sedentarismo, mais a perda natural da elasticidade
muscular por desuso, adiposidade e a perda das estruturas articulares, somando as doenças
degenerativas, contribuem para agravar o desconforto corporal. Portanto, a atividade física pode
aumentar a capacidade cardiovascular e reduzir a demanda de oxigênio pelo miocárdio para um
dado nível de exercício.
Nieman (1999), ressalta a importância do tempo e a intensidade do exercício físico na
manutenção da saúde. Para o autor é aconselhável realizar 30 minutos ou mais de exercício físico
de intensidade moderada quase todos os dias da semana. Ele ainda confirma que essa quantidade
de exercício físico parece ser um nível básico que pode levar a melhorias na saúde e na prevenção
de doenças.
Cabe a nós fisioterapeutas indicar, estimular e acompanhar esses cuidadores na prática
de exercícios físicos, afinal, além de trazerem benefícios fisiológicos em relação à dor, também
atua no setor psicológico do cuidador, levando a uma qualidade de vida muito mais efetiva.
4.5 Quanto à localização e intensidade da dor
Gráfico 10 – Distribuição da amostra em relação a prevalência de dor por segmento do
corpo no período de junho de 2006.
De acordo com o gráfico 10, 39,3% dos cuidadores relataram dor na coluna lombar,
13,8% nos joelhos, 9,9% na cervical, 7,9% nos ombros, 6,0% nos cotovelos, 5,9% relataram dor
9,9%
7,9%
5,9%
6,00%
3,7%
39,3%
5,9%
13,8%
1,9%
1,9%
1,9%
1,9%
0,00% 5,00% 10,00
%
15,00
%
20,00
%
25,00
%
30,00
%
35,00
%
40,00
%
45,00
%
Cervical
Ombros
Torácica
Braços
Cotovelos
Antebraços
Punhos
Lombar
Quadris
Coxas
Joelhos
Pés
nos quadris e na coluna torácica, 3,7% nos antebraços e 1,9% nos pés, nas coxas, nos punhos e
nos braços.
Em estudo com trabalhadoras de enfermagem, Gurgueira, Alexandre e Filho (2003),
foi verificado a prevalência de sintomas músculo-esqueléticos nas mesmas, onde foi encontrado
que 31,40% sentiam dor na região lombar, 19,20% nos ombros. O artigo também destacou a alta
incidência de dores nos joelhos e punho e mãos. Em nossa pesquisa, além da alta incidência de
dores lombares também foi encontrado desconfortos em joelhos e ombros. Esses resultados
demonstraram bastante equivalência em relação ao nosso estudo, afinal, as trabalhadoras de
enfermagem, também não deixam de ser cuidadoras, ou seja, os movimentos, a sobrecarga, a
funcionalidade do trabalho se relacionam, encontrando sinais e sintomas parecidos.
Gráfico 11 – Distribuição da amostra em relação a prevalência de dor por
região do corpo no período de junho de 2006.
Com relação ao gráfico 11, a maior prevalência de dor encontrada por região corporal
foi na coluna vertebral (54,9%), seguido dos membros inferiores (MMII) com 23,5% e
finalmente os membros superiores (MMSS) com 21,6%.
23,6%54,9%
21,5%MMSS
MMII
Coluna Vertebral
A lombalgia, segundo Moraes, Marini e Lacourt (2004), constitui um problema de
saúde relevante, por tratar-se de uma afecção extremamente comum na população. De 80% a
90% da população adulta sofrerá com lombalgia em algum momento da sua vida, sendo a causa
mais comum de incapacidade em pacientes com menos de quarenta anos de idade e, em cerca de
80% a 90% dos casos, a origem da dor não é identificada.
Payán (2000), em estudo com problemas de saúde dos cuidadores de pessoas
incapacitadas, relataram que dos 26 cuidadores 14 apresentavam lombalgia.
Em estudo com funcionários do setor de informatização da UNISUL, Blaemer e
Aguiar (2002), apresentaram resultados em relação também à região mais acometida, onde os
mesmos não tiveram relação com o nosso estudo, já que a região de maior prevalência de
desconforto foram os MMSS com 45,45% seguido dos MMII e coluna vertebral com 27,27%.
Karsch (2003), realizou um estudo com os idosos dependentes, tendo como pesquisa a
família e os cuidadores, onde os mesmos apresentaram uma prevalência de 40,70% de dores
lombares.
Spillere e Aguiar (2002), realizaram um estudo em relação aos desconfortos
encontrados em odontólogos da cidade de Criciúma-SC, onde a coluna vertebral apareceu como a
região do corpo de maior incidência de desconforto, o que corrobora os achados da nossa
pesquisa. Mas outro dado coletado pelos pesquisadores foi que a região da coluna com maior
prevalência de desconforto foi a cervical com 26,66%, o que não relaciona com o nosso estudo,
como mostra o gráfico 11.
Pesquisa realizada com professores da Universidade do Sul de Santa Catarina –
UNISUL, Sá e Araújo (2003), encontraram maior prevalência de desconforto em relação à coluna
lombar, o que corrobora com os achados da nossa pesquisa.
Estevam e Figueiredo (2003), realizaram uma pesquisa com trabalhadores do setor de
televendas de uma empresa de Tubarão-SC, onde a região de maior acometimento foram os
MMSS, seguido da coluna vertebral. Vale salientar que esses trabalhadores tem como seu
principal recurso funcional a utilização dos MMSS.
Moraes (2002) ao executar uma pesquisa sobre as cadeias musculares
comprometidas em motoristas de transporte coletivo e sua relação com o posto de trabalho,
verificou percentuais significativos de desconforto na coluna vertebral, sendo a região lombar
mais acometida.
Brito e Araújo (2004) ao realizar um estudo sobre os desconfortos corporais em
coordenadores de curso de Graduação da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus
Tubarão-SC, verificaram maior prevalência de desconforto nos ombros e coluna cervical. Os
dados encontrados no presente estudo não tem relação com os achados da pesquisa acima citada,
provavelmente devido às atividades diferentes que os coordenadores realizam.
Segundo Campbell e Muncer (2005), a dor lombar é a principal causa de afastamentos
do trabalho entre os segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) no Brasil,
merecendo portanto, um estudo mais aprofundado dos profissionais interessados nesta área.
Knoplich (2003), relata que dores na coluna vertebral são resultantes do uso
inadequado da postura corporal, tanto na forma estática como no movimento. Em termos
biomecânicos, a coluna se adapta à posição, atitude ou postura que o corpo adota. Em pacientes
com dores crônicas na coluna lombar foi observado que tem um controle postural menos eficaz e
uma resposta muscular mais lenta que os normais.
Dentre todas as causas etiológicas apontadas de dores da coluna cervical, a mais
freqüente, em 90% das vezes, é a artrose, que inclui a osteofitose, a discopatia degenerativa,
porém raramente hérnia de disco. Todas as outras causas em conjunto não ultrapassam 10% do
total de pacientes, (KNOPLICH, 1983).
Como a coluna torácica é menos móvel do que a coluna cervical e lombar, com menor
frequência ela é um local de uma lesão primária. Por outro lado, a dor nessa região geralmente é
refletida das vísceras [...], (LEWIT, 2000).
A dor no ombro é um sintoma comum, porém não é sempre uma manifestação de
doença intrínseca do ombro. A dor, embora sentida no ombro, pode ser também referida ou
irradiada de uma grande variedade de distúrbios extrínsecos [...], (SALTER, 2001). Em nosso
estudo, conforme o gráfico 11, 21,5% relataram dor em MMSS, essas dores possivelmente estão
relacionadas ao excesso de peso que os cuidadores necessitam utilizar, ou seja, há uma
sobrecarga tanto na articulação do ombro, como nos cúbitos e punhos.
Segundo Camanho (1996), o joelho é o segmento corporal mais vulnerável ao trauma,
e por se situar nos extremos de dois importantes braços de alavanca, o fêmur e a tíbia, os
traumatismos se transmitem de maneira indireta, porém ampliada a essa articulação.
Malone, McPoil e Nitz (2000), afirmam que a dor é um dos sintomas mais freqüentes
nos pacientes que sofrem de afecções crônicas ou agudas no joelho.
Couto (1996), diz que toda vez que o corpo tem de sair de sua posição normal de
equilíbrio, a musculatura do dorso passa a atuar no sentido de contrabalançar a ação da gravidade
sobre a parte que se desequilibrou. Se a modificação postural permanece por mais tempo, a
musculatura do dorso sentirá hipóxia de uma contração estática prolongada, com dor localizada.
A coluna lombar, segundo Richardson (2002), é uma importante região corporal para
estabilização de cargas. Sua estabilidade abrange 3 aspectos principais: a estabilização passiva
pelas estruturas osteoligamentares, a sustentação ativa pelo sistema muscular e o controle
muscular pelo sistema nervoso central.
Esses resultados em relação à coluna lombar vêm de encontro com o que os autores
relatam em livros e artigos, onde a coluna lombar por ser a área que sustenta a maior parte do
peso corporal é a região com mais frequência de desconforto e lesões.
Gráfico 12 – Distribuição da amostra em relação a intensidade da dor no período de
junho de 2006.
Através da escala de desconforto pôde-se mensurar a intensidade do desconforto
apresentado pelos cuidadores, onde 50% apresentaram dor intensa, 40% dor suportável, 3,4% dor
insuportável e 6,6% não apresentaram dor, como mostra o gráfico 12.
González et al (2004), realizou um estudo com relação à sobrecarga dos cuidadores de
pessoas com lesões neurológicas, onde 25% relataram dor intensa, 30% dor leve e 45% nenhuma
dor.
Em estudo com professores da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Sá
e Araújo (2003), relataram que dos 17 professores que apresentavam desconforto, 10 foi
classificada como moderada, 7 como leve e nenhuma como intensa. O que não mostra relação
6,6%
40,00%
50,00%
3,4%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
Ne
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sa
Do
r
Insu
po
rtá
ve
l
com o nosso estudo, já que 50% apresentou dor intensa, é justificável já que o trabalho dos
cuidadores ocupacionais é muito mais intenso.
Pesquisa com coordenadores de curso de Graduação da Universidade do Sul de Santa
Catarina - UNISUL, Tubarão-SC, Brito e Araújo (2004), relataram que 10 coordenadores dos 19
participantes da amostra referiram grau de desconforto suportável.
Comparando professores, coordenadores e cuidadores ocupacionais, podemos
observar em relação à intensidade do desconforto que os cuidadores apresentam um grau maior
de desconforto. Se pararmos para analisar os três profissionais, veremos que os cuidadores são os
que utilizam maior intensidade de trabalho durante a sua ocupação, afinal, grande parte dos
cuidadores da amostra cuidam de crianças que necessitam de máximo auxílio.
4.6 Tabela 7 – Correlação entre a idade dos cuidadores ocupacionais e a intensidade da dor
no período de junho de 2006.
Intensidade da Dor Média de Idade (anos) Nenhuma Dor............................. 44,50 Dor Suportável........................... 34,66 Dor Intensa................................. 43,66 Dor Insuportável......................... 48,00
Foi utilizado o teste de correlação de Spearman, com 5% de significância mediante
recurso ao software Statdisk, que revelou a existência de correlação positiva entre as variáveis
idade e dor, o que evidencia que pessoas mais idosas tendem a apresentar um maior grau de
dor. Como valor científico e estatístico, podemos desconsiderar na tabela 7 as variáveis
“nenhuma dor” e “dor insuportável”, afinal, a primeira apresenta uma amostra de dois
cuidadores e a segunda uma amostra de um cuidador. Devemos levar em consideração apenas
as variáveis “dor suportável” com 34,66 e “dor intensa” com 43,66 anos em média. Podemos
perceber que a medida que a média de idade sobe a intensidade da dor também é maior com
relação às segundas e terceiras variáveis presentes na tabela.
Silva, Fassa e Valle (2004), realizaram uma pesquisa com relação à prevalência e
fatores associados de dor lombar crônica em adultos do sul do Brasil, onde observou-se que a dor
lombar crônica foi significativamente maior no sexo feminino e, conforme aumentava a idade dos
indivíduos, houve uma tendência de aumento linear da intensidade e frequência da dor.
A nossa pesquisa apresentou o mesmo resultado do estudo acima, ou seja, durante o
envelhecimento ocorrem processos degenerativos de um modo geral, podendo trazer
conseqüências como o desgaste das estruturas ósteo-musculares e orgânicas, por isso que é
freqüente o aumento de casos de desconforto num grau maior no avançar da idade.
4.7 Gráfico 13 – Correlação entre a intensidade da dor em relação ao tempo de exercício
ocupacional no período de junho de 2006.
0,00% 0,00%
40,00%
81,8%
28,6%
40,00%
64,3%
18,2%20,00%
7,1%
0,00% 0,00%0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
0 a 3 anos 3 a 8 anos > 8 anos
0 - Nenhuma Dor
1 - Dor Suportável
2 - Dor Intensa
3 - Dor Insuportável
Quanto à intensidade do desconforto corporal relacionado ao tempo de trabalho,
obteve-se que entre 0 e 3 anos de trabalho, 40% não apresentaram dor, 40% dor suportável e 20%
dor intensa. Entre os cuidadores com tempo de trabalho de 3 a 8 anos, 81,82% apresentaram dor
suportável e 18,2% dor intensa. E aqueles com mais de 8 anos de trabalho, 28,6% apresentaram
dor suportável, 64,3% dor intensa e 7,1% dor insuportável, como mostra o gráfico 13.
Podemos perceber que a medida que o tempo de trabalho aumenta a intensidade da
dor também aumenta, exceto no grau 1 (dor suportável) que não, mas como principal indicador
temos o grau 2 (dor intensa). Já em um estudo com odontólogos da cidade de Criciúma-SC,
Spillere e Aguiar (2002) não relataram correlação entre a intensidade da dor e o tempo de
ocupação.
4.8 Gráfico 14 – Correlação entre a intensidade da dor em relação às regiões do corpo no
período de junho de 2006.
25,00%
63,6%
66,6%
36,4%
71,4%
33,4%
3,6%
0,00%
0,00%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%
MMSS
MMII
Coluna Vertebral
3 - Dor Insuportável
2 - Dor Intensa
1 - Dor Suportável
Analisando os dados do gráfico 14, verificou-se que na coluna vertebral 71,4%
apresentam dor intensa, 25% dor suportável e 3,6% dor insuportável. Já nos MMII, 66,6%
relataram dor suportável e 33,4% dor intensa. E nos MMSS, 63,6% apresentaram dor suportável
e 36,4% dor intensa.
Dados relativos foram apresentados em um estudo com funcionários do setor de
informatização da UNISUL, onde 85,71% dos funcionários que apresentaram dor na coluna,
classificaram como sendo uma dor forte. O que potencializa os resultados apresentados em nossa
pesquisa, onde 71,42% dos cuidadores apresentaram dor intensa na coluna vertebral, o que é
facilmente entendido, afinal, as atividades realizadas pelos cuidadores necessitam de uma grande
estabilidade dessa região.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período estudado houve uma prevalência de 54,9% de cuidadores
ocupacionais de crianças neurológicas com queixas de desconforto corporal na coluna vertebral,
onde 39,3% relataram dor na coluna lombar.
A dor intensa, aquela dor que obriga por instantes parar o trabalho e manter-se em
repouso ou mudar de posição para aliviar a dor possibilitando depois continuar com o trabalho,
foi a intensidade mais prevalente no período estudado, onde 50% apresentaram a mesma.
Com relação à frequência do desconforto corporal ou à dor, 50% relatou a mesma de
forma esporádica e 43,4% de forma constante.
O perfil dos cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas demonstrou que o grau
de parentesco cuidador/criança prevalente foram do sexo feminino, sendo as mães as cuidadoras
primárias. O tempo de profissão ou de ocupação se deu por mais de 8 anos, onde os cuidadores
apresentam uma carga horária além de 9 horas de trabalho. O diagnóstico fisioterapêutico em
relação à criança foi a Paralisia Cerebral, quadriplegia, grave e hipertonia. A incidência de
desconforto foi bastante elevada, onde dos 30 cuidadores, 28 referiram o mesmo, resultando
como período de maior dor durante a noite. As atividades relatadas com maior prevalência de
desconforto foram em relação às transferências e o ato de carregar a criança. Com relação aos
movimentos que os cuidadores executam, o que apresentou maior dor foi a flexão de tronco, onde
os mesmos relataram que o principal procedimento utilizado para o alívio da dor foi o
medicamentoso. O perfil ainda contou com a prática de exercício físico, onde a amostra
demonstrou uma baixa prevalência na realização do mesmo, com 33,4% de adeptos.
A idade dos cuidadores ocupacionais demonstraram correlação com a intensidade da
dor, onde houve uma tendência a graus mais elevados de dor a medida que a idade também
aumenta.
O tempo de ocupação dos cuidadores ocupacionais demonstraram correlação com a
intensidade da dor, já que a medida que a primeira variável citada aumenta, a segunda variável
também teve um aumento, principalmente se levarmos em consideração o grau 2 de dor (dor
intensa).
A intensidade da dor dos cuidadores ocupacionais demonstraram correlação em
relação às regiões do corpo mais acometidas, onde a coluna vertebral foi a que apresentou a
maior prevalência de grau 2 e 3 de dor.
Dessa forma, os cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas não podem serem
substituídos, mas podemos realizar formas de prevenção e tratamento desses desconfortos para
que os cuidadores e as próprias crianças propiciem de uma melhor qualidade de vida.
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ANEXO A
QUESTIONÁRIO – APÊNDICE A
Iniciais do
nome:___________________________________________________________
Sexo: masculino( ) feminino( ) Idade:____ anos 1 QUANTO Á ATIVIDADE OCUPACIONAL 1.1 Há quanto tempo você é cuidador?
( ) 3 meses ( ) 6 meses ( ) 1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) 3 a 5 anos ( ) 5 a 8 anos ( ) mais de 8 anos
1.2 Qual a duração de sua jornada como cuidador(a)?
( ) menos de 3 horas ( ) entre 3 e 5 horas ( ) entre 5 e 7 horas ( ) entre 7 e 9 horas ( ) mais de 9 horas
2 QUANTO AO INDIVÍDUO CUIDADO 2.1 Qual a patologia do indivíduo cuidado?
( ) Paralisia Cerebral ( ) Síndrome de Down ( ) Mielomeningocele ( ) Leucodistrofia ( ) Síndrome de Rett ( ) Síndrome de West ( ) Síndrome de Willians
2.2 Qual o diagnóstico fisioterapêutico do indivíduo cuidado?
a) ( ) Monoplegia b) ( ) Leve c) ( ) Hipertônico ( ) Diplegia ( ) Moderada ( ) Espástico ( ) Triplegia ( ) Grave ( ) Atáxico ( ) Quadriplegia ( ) Atetóide ( ) Hemiplegia ( ) Hipotônico ( ) Dupla hemiplegia ( ) Misto ( ) Paraplegia
3 QUANTO AO DESCONFORTO CORPORAL 3.1 Você sente algum desconforto durante sua atividade como cuidador?
( ) Sim ( ) Não
Se Sim: preencher escala de desconforto. 3.2 Há quanto tempo você percebeu este desconforto?
( ) 3 meses ( ) 6 meses ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ( ) 6 anos ( ) 7 anos ( ) 8 anos ( ) mais de 8 anos
3.3 Qual o período do dia que percebe maior desconforto?
( ) manhã ( ) tarde ( ) noite
3.4 Qual a frequência desse desconforto?
( ) constante ( ) esporádico
3.5 Em que atividade como cuidador percebe maior desconforto?
( ) dar banho ( higiene em geral ) ( ) alimentação ( ) vestir/despir ( ) carregar ( ) transferência de posição
3.6 Qual posição você adota, ou movimento que faz, que apresenta maior desconforto?
( ) Flexão de tronco ( ) Extensão de tronco ( ) Flexão lateral de tronco ( ) Rotação tronco ( ) Flexão cervical ( ) Extensão cervical ( ) Flexão lateral cervical ( ) Rotação cervical ( ) Flexão ombro ( ) Extensão ombro ( ) Abdução ombro ( ) Adução ombro ( ) Flexão cotovelo ( ) Extensão cotovelo ( ) Flexão punho ( ) Extensão punho ( ) Flexão quadril ( ) Extensão quadril ( ) Abdução quadril ( ) Adução quadril ( ) Flexão joelho ( ) Extensão joelho ( ) Dorsiflexão tornozelo ( ) Plantiflexão tornozelo ( ) Outros
3.7 O desconforto chega a interferir na sua ocupação?
( ) Sim ( ) Não
3.8 Como se manifesta esse desconforto?
( ) repouso ( ) movimentos repetitivos ( ) excesso de peso
3.9 O que você faz quando sente o(os) desconforto(s)?
( ) repouso ( ) medicamentos ( ) fisioterapia ( ) nada
4 QUANTO Á SAÙDE 4.1 Pratica algum exercício físico regular?
( ) Sim ( ) Não
4.2 Caso afirmativo, há quanto tempo? Com orientação?
a) ( ) semanas b) ( ) Orientação profissional ( ) meses ( ) Sem orientação profissional ( ) anos
4.3 Com que frequência pratica o exercício físico? ( ) 1 vez semanal ( ) 2 vezes semanais ( ) 3 vezes semanais ( ) 4 vezes semanais ( ) 5 vezes semanais ( ) 6 vezes semanais ( ) todos os dias
4.4 Qual a duração do exercício físico?
( ) 15 minutos ( ) 15 à 30 minutos ( ) mais de 30 minutos ( ) mais de 1 hora
TERMO DE CONSENTIMENTO – APÊNDICE B
Nome cuidador(a): RG: Foi informado sobre os objetivos e a metodologia na pesquisa de cunho acadêmico
intitulada “ Níveis de desconforto em cuidadores ocupacionais de crianças neurológicas”,
realizada pelo acadêmico Gustavo Zomer Jung, sob a orientação da professora Fabiana Durante
de Medeiros.
Os dados coletados referente ao analisado(a) serão utilizados de forma privativa, sigilosa e
confidencial, sendo que o(a) mesmo(a) poderá solicitar informações durante todas as fases da
pesquisa, inclusive após a publicação da mesma
Está garantido ao participante a possibilidade de desistência a qualquer momento,
bastando para isso informar sua decisão ao pesquisador.
Concordo plenamente com os procedimentos a que serei submetido, e para tornar válido
o presente instrumento, assino-o conscientemente:
__________________________________________
Assinatura do participante do estudo
Tubarão(SC), de de 2006.