Desenvolvimento humano

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Aula do dia 12 de Agosto

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Desenvolvimento Humano

Profa. Mª Eliza P. Finazzi, Ph.D.Faculdade de Filosofia São Bento

Curso de Filosofia

Disciplina Psicologia da Educação

2ª série - 3º sem. matutino

Agosto - 2010

Desenvolvimento Humano

Considerações sobre desenvolvimento humano

Desenvolvimento durante toda a vida;

É um processo contínuo e ininterrupto;

No qual os aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se interconectam, se influenciam reciprocamente;

E resulta em indivíduos com um modo de pensar, sentir e estar no mundo absolutamente singulares e únicos.

Desenvolvimento Humano

Área da Psicologia que estuda o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: físico-motor, afetivo-emocional e social;

Desde o nascimento até a idade adulta: idade em que todos estes aspectos atingem o o seu completo grau de maturidade e estabilidade;

Fenômeno do prolongamento da vida - inclui tb a idade pós-adulta.

(Bock et al., 2009)

Desenvolvimento Humano

Na Psicologia são várias as teorias do desenvolvimento;

Elaboradas a partir de observações , pesquisas com grupos de pessoas de diferentes faixas etárias e culturas, estudos de casos clínicos, acomapanhamento de indivíduos desde o nascimento até a idade adulta.

Desenvolvimento Humano

Organização estrutural: a ocorrência ou não de um acontecimento influencia e modifica todos os outros aspectos do desenvolvimento;

Momentos privilegiados para que certas coisas aconteçam de forma mais satisfatória;

Se a oportunidade ou o complemento ambiental ocorrer fora destes momentos, o desenvolvimento não ocorrerá da melhor forma, como ocorreria se fosse na hora certa (ex: alfabetização);

Necessidade de integração do aspecto em desenvolvimento com os outros aspectos da vida do indivíduo;

Sem a integração: risco de prejuízo do que foi conquistado. (Gorayeb, 1985):.

Desenvolvimento Humano

Importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento de uma estrutura de personalidade normal ou patológica e, portanto, fundamentais para a adaptação eficaz ao meio ambiente na vida adulta;

Os processos psicológicos e social ocorrem sempre paralelamente aos processos biológicos de base (desenvolvimento neuropsicomotor).

Psicologia do DesenvolvimentoHistórico

Infância era considerada um “período de felicidade”, tendo a criança apenas patologias físicas;

Crianças recebiam cuidados apenas até os 3 – 4 anos, sendo então tratadas como “mini-adultos” e participando de todas as atividades dos adultos, presenciando seus atos (íntimos e sociais);

Igreja (sec. XVII) afasta a criança do assunto sobre sexo, enfocando como inadequadas estas vivências para a formação do caráter, atribuindo as questões sexuais somente aos adultos;

Passam a ensinar religião e moral, além de leitura escrita aritmética etc…;

Crianças passam a ter um local específico para receber educação e cultura formais, mas também castigos severos: a escola;

Início séc.XIX: estudo científico da criança.

(Rappaport et al.; 1981)

Psicologia do DesenvolvimentoCiência

Primeiros trabalhos: descrição de comportamentos típicos de cada faixa etária e elaboração de escalasde desenvolvimento (Binet, Gesell)

Contribuição de várias vertentes teóricas, como:

Teorias analíticas de personalidade, como a embasada na análise de adultos (Freud) e, posteriormente, a análise de crianças (M.Klein – “A compreensão da personalidade é o fundamento para compreender a vida social”)

Teorias cognitivistas (Piaget)

Teorias de aprendizagem social (Vygotsky; Bandura)

(Rappaport et al.; 1981; Bock et al.; 2009)

Psicologia do DesenvolvimentoCiência

Teorias: conceitos que procuram explicar os comportamentos normais e patológicos;

Tendência atual: desenvolvimento emocional se prolonga muito além da adolescência (marcado por crises); a pessoa nunca cessa de crescer e sempre há possibilidade de reestruturações, modificações e reintegrações da personalidade (Caplan, Erikson);

Objetivo: descrição e explicação dos processos internos de desenvolvimento da personalidade e da cognição;

Método: pesquisas para obtenção de dados em situações naturais e de laboratório.

(Rappaport et al.; 1981)

Desenvolvimento Humano

Desenvolvimento

pressupõe

amadurecimento

Social

CognitivoAfetivo

Emocional

Físico

Desenvolvimento

A criança não é um ser humano em miniatura;

Apresenta características próprias da sua idade;

Existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo , próprias de cada faixa etária;

Existe uma assimilação progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodaçãodas estruturas mentais a um novo dado do mundo exterior.

(Bock et al.; 2009)

Desenvolvimento

Período sensível

Momento ideal para o desenvolvimento de uma aptidão/ capacidade, para o aprendizado e a incorporação harmônica de uma nova capacidade: assimilação (Piaget);

Período sensível próprio para cada capacidade.

Antecipação ou atraso

Fora do momento adequado: não existência ou perda do potencial para se desenvolver.

(Gorayeb; 1986)

Desenvolvimento

Período Crítico

Momento após o qual o potencial se esgota, caso a capacidade não teve condições de se desenvolver.

Nem sempre há tempo para recuperar o desenvolvimento.

(Gorayeb; 1986)

Desenvolvimento

O não aparecimento ou evolução de determinados atributos na estrutura mental:

Interfere no resto da organização mental, que não se estabelece igual à de outro indivíduo que contou com este atributo em sua estruturação.

No atraso:

Pode ocorrer a impossibilidade de introduzir em uma organização em funcionamento, o elemento que deveria ser inserido numa etapa anterior (ex: limitações do programa de alfabetização de adultos).

(Gorayeb; 1986)

Desenvolvimento

Reabilitação de aspectos do desenvolvimento:

Alguns são irrecuperáveis (ex: psicoses instaladas precocemente, comprometem a linguagem, mas também os outros aspectos do desenvolvimento) = Prejuízo

Prejuízo e Déficit

Prejuízo

É o que interfere no desenvolvimento, em uma ou mais áreas:

rendimento escolar;

comportamento na escola;

relacionamento interpessoais em casa, com pares, na escola e na comunidade;

no uso do tempo livre, e

no desenvolvimento do senso de self e de identidade (Kaplan e Sadok, 1999).

Prejuízo e Déficit

Déficit

Também interfere em uma ou mais áreas do

desenvolvimento;

Em grau de intensidade menor, com

possibilidade de reversibilidade parcial ou

total.

Psicopatologia da Infância e

da Adolescência

Definida como um transtorno em uma ou mais das seguintes áreas:

comportamento manifesto;

estados emocionais;

relacionamentos interpessoais;

função cognitiva (Kaplan e Sadok, 1999).

Psicopatologia da Infância e

da Adolescência

Áreas consideradas no estudo da psicopatologia da infância e da adolescência:

fenomenologia clínica (descrição dos fenômenos clínicos dos transtornos psicopatológicos da criança e do adolescente);

fatores psicossociais;

fatores demográficos;

fatores biológicos;

fatores genéticos;

fatores familiares;

história natural;

resposta à intervenção.

Psicopatologia da Infância e

da Adolescência

Operações Mentais envolvidas em um transtorno mental:

Funções neuropsicológicas (memória, atenção, funções executivas);

Outras atividades psíquicas (raciocínio, julgamento, emoções, consciência, percepções, sentimentos).

Psicopatologia da Infância e

da Adolescência

O diagnóstico é realizado através de:

Entrevista diagnóstica com os pais para realização de um questionamento sistemático, detalhado, e flexível;

Entrevistas lúdicas com a pessoa para avaliação do estado mental;

Relatórios escolares, pediátricos e da comunidade (sobre comportamento e rendimento específico);

Construção da história evolutiva;

Avaliação da adaptação do paciente;

Avaliação geral e o exame físico;

Psicopatologia da Infância e

da Adolescência

Avaliação psicológica, neuropsicológica e de rendimento escolar (avaliação de funções cognitivas considerando: nível de rendimento intelectual, linguagem,percepção, aptidões motoras, funções executivas, atenção, memória, nível de atividade);

Aplicação de escalas padronizadas de classificação dos sintomas;

Avaliações neurobiológicas (técnicas de imagem cerebral, EEG, avaliações neuroquímicas, neuroendócrilógicas e neurofarmacológicas).

Dificuldades no diagnóstico da infância e

da adolescência

Instabilidade dos sintomas;

Baixa concordância na descrição dos sintomas entre o paciente e o seu responsável;

A criança informa melhor sobre sintomas subjetivos(ex: ansiedade, humor, ideação suicida, prazer nas atividades), enquanto que o adulto responsável maior precisão na descrição dos problemas comportamentais(ex: dificuldades na atenção e concentração, alterações do sono, irritabilidade);

Dificuldades no diagnóstico da infância e

da adolescência

Influência de possíveis transtornos psiquiátricos e/ou

emocionais próprios, no relato dos adultos;

Existência de sintomas de significado especial:

potenciais indicadores de maus tratos (abuso

físico, emocional, sexual, negligência

física, negligência educacional), bem como intenções

suicidas e atos violentos .

Sistemas Diagnósticos Atuais

Algumas considerações

Dúvidas sobre o melhor modelo a ser aplicado nos sistemas de diagnóstico e de classificação psiquiátricapara transtornos na criança e no adulto:

1. modelo categorial ou dimensional;

2. etiológico ou descritivo;

3. formar um sistema híbrido aplicado para cada transtorno ou um modelo q melhor o descrevesse;

4. modelo mais restritivo (lumping) ou com a ampliação do número de categorias (splitting);

5. se deveria incluir somente casos evidentes ou também casos limítrofes.

Sistemas Diagnósticos Atuais

Importante:

O processo diagnóstico, seus resultados e as taxas de prevalência (morbidade) são influenciados conforme o modelo teórico utilizado;

Anos 60 e 70, a psicopatologia da criança e do adolescente contava apenas com avaliações não padronizadas:

Insatisfação com os sistemas de diagnóstico e classificação vigentes;

Baixa concordância entre os psiquiatras na elaboração de um diagnóstico;

Dificuldade no reconhecimento e descrição dos quadros.

Sistemas Diagnósticos Atuais

Desenvolvimento de critérios operacionais:

uniformização dos procedimentos diagnósticos, na confirmação ou não da presença de um transtorno;

aumento da confiabilidade entre os avaliadores;

os critérios vieram de estudos que estavam sendo realizados com adultos.

Sistemas Diagnósticos Atuais

Sistemas diagnósticos atuais:

Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM IV-TR, 2000) (mais

utilizado em pesquisa)

Classificação Internacional das Doenças (CID-

10) (para avaliação clínica)

Sistemas Diagnósticos Atuais

– Critérios operacionais consideram o conjunto dos

sintomas apresentados pelo paciente (critérios

descritivos);

– Não é necessário que todos os sintomas

pertencentes a uma categoria estejam presentes;

– A classificação descritiva e categorial dos

transtornos mentais é hierárquica e multiaxial;

Sistemas Diagnósticos Atuais

– Critérios descritivos operacionais aumentam a

confiabilidade e a validade do diagnóstico;

– Úteis e aceitos pelos clínicos, em pesquisa e na

academia;

– Seu uso é mais indicado para pesquisa;

Sistemas Diagnósticos Atuais

– Na clínica ocorre perda significativa de informação (Rutter e Shaffer, 1980; Brasil, 2003);

– Risco de deixar de lado a psicopatologia, enquadrando o paciente em um ou outro diagnóstico, e definindo o grupo de pacientes que caracteriza uma determinada categoria diagnóstica (Tucker, 1998; Brasil, 2003);

– Os manuais diagnósticos atuais apenas fornecem parte das informações que necessitamos, e a outra parte é a história do indivíduo e sua narrativa(Tucker, 1998; Brasil, 2003);

Sistemas Diagnósticos Atuais

– Apresentação dos sintomas em variadas dimensões (falta de atenção, medo, raiva, impulsividade, irritabilidade, disforia e mau humor) e ocorrem em vários contextos: desenvolvimento normal, reações a eventos ambientais e nítido estado psicopatológico.

– O quadro clínico da criança e do adolescente pode ser mais um processo, pois existe a possibilidade de respostas emocionais e de comportamentos resultantes da interação entre temperamento, desenvolvimento e ambiente

(McClellan e Werry, 2000; Brasil, 2003).

Referências para Leitura

1. Bock , AMB; Furtado,O e Teixeira, MLT. Psicologias: Uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva,Cap.8 pg. 117-129.2009.

2. Gorayeb, R: Psicopatologia Infantil. In: Rappaport, C. R. Temas Básicos de Psicologia. São Paulo: EPU, 1985.

3. Rappaport, CR, Fiori,WR e Davis,C. Psicologia do Desenvolvimento.Teorias do Desenvolvimento: conceitos fundamentais. Vol 1. São Paulo: Ed. Pedagógica Universitária (EPU) Cap.1 pg. 1-10.1981.

4. Brasil HH. Desenvolvimento da versão brasileira da Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia for School Aged Children Present and Lifetime Version (K-SADS-PL) e estudo de suas propriedades psicométricas [tese]. São Paulo - Brasil: Universidade Federal de São Paulo; 2003.

5. Assumpção Jr, F B e Kuczynski ,E (Eds). Tratado de Psiquiatria da Infância e Adolescência. São Paulo: Atheneu, cap.3 pg 21-27, 2003. (recomenda-se a leitura dos capítulos 1 e 2 deste tratado).

6. Kaplan, H.I; Sadok, B.J: Tratado de Psiquiatria. Porto Alegre:ArtMed , Vol 3; capítulos: 33 e 34.

Histórico do Desenvolvimento Infantil

Créditos

Profa. Maria Inês Falcão(Serv. de Psicologia e Neuropsicologia – IPq

HCFMUSP)

PSICOLOGIA EVOLUTIVA DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

Obrigada!

elizafinazzi@uol.com.br