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DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA BIODIVERSIDADE DO BENTOS MARINHO DO BRASIL
Autor: LUCINICE F. BELÚCIO - UFPA e-mail: lbelucio@amazon.com.br Colaboradores: Daniela Natalie B. Cardoso - UFPA Márcio Silva Souza - UFPA Roseane Pinto Bittencourt - UFPA Edilene Goes - UFPA
Belém - PA 1999
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I. APRESENTAÇÃO.......................................................................................... 3
II. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4
III. OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 4
IV. METAS ........................................................................................................... 5
V. METODOLOGIA............................................................................................. 5
VI. DIAGNÓSTICO .............................................................................................. 6
VI.1. Esforço de estudo ................................................................................... 6
VI.2. Caracterização da biodiversidade........................................................... 9
VI.2.1. Diversidade de Ecossistemas e ambientes......................................... 9
VI.2.2. Os agrupamentos ecológicos do zoobentos ..................................... 11
VI.2.3. A Biodiversidade de taxa biológicos.................................................. 12
VI.3. Quantificação e Avaliação..................................................................... 43
VI.4. Levantamento de espécies chave (raras, endêmicas, introduzida, ...); 45
VI.5. Levantamento dos principais tipos de pressão (intervenção) antrópica
na Costa Brasileira;.......................................................................................... 46
VI.6. Coleções e Áreas de Conservação....................................................... 48
VII. RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 49
VIII. Indicativos................................................................................................. 53
IX. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................... 53
X. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 54
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I. APRESENTAÇÃO O Programa Nacional da Diversidade Biológica (PRONABIO) do Ministério do
Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) foi delineado após
a Convenção sobre Biodiversidade Biológica, resultante da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), ratificada pelo Brasil e
em vigor desde 1994. O Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da
Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO, implementado neste contexto, abrange os
grandes biomas nacionais: Cerrado e Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos,
Amazônia, Caatinga e Zona Costeira e Marinha.
A conservação e o uso sustentável dos recursos biológicos existentes na Zona
Costeira e Marinha é um dos principais temas de debate a nível mundial. Esse fato
implica na demanda por uma estratégia nacional de biodiversidade para o Bioma. O
subprojeto “Avaliação e Ações Prioritária para a Zona Costeira e Marinha” foi, assim,
delineado para subsidiar o preenchimento dessa lacuna; sendo a área temática “Bentos
da Zona Costeira e Marinha do Brasil, aqui apresentada, direcionada a levantar e
consolidar informações sobre a biodiversidade do Bentos marinho brasileiro.
Foram considerados como integrantes deste bioma a plataforma continental
brasileira (incluindo as 12 milhas náuticas ao largo do continente) e as imediações das
ilhas costeiras e oceânicas.
As comunidades bentônicas são de difícil estudo por ser trabalhosa a obtenção
de amostras apropriadas para censos e pela grande riqueza sistemática dos grupos
envolvidos, que exige a necessidade de vasta gama de pesquisadores para estudá-los.
Além da riqueza em espécies, há que se levar em consideração os
Ecossistemas presentes no Bioma estudado, o grau de comprometimento destes (que
de certo modo condiciona a natureza da biodiversidade bentônica), as possíveis
intervenções antrópicas, assim como, as medidas de preservação e recuperação já
adotadas.
4
II. INTRODUÇÃO Os organismos marinhos desempenham funções importantíssimas no processos
biogeoquímicos que sustentam a biosfera e fornecem um variedade de produtos e
serviços , que são essenciais para a vida na Terra, incluindo a produção trófica, de
substâncias naturais, a assimilação de resíduos e a regulação do clima no mundo.
A taxa de eficiência de quaisquer destes processos mediados por organismos
vivos, assim como a amplitude do benefícios e serviços , que fornecem, são
determinadas pelas interações que entre os organismos e as interações entre
organismos e ambiente e portanto pela biodiversidade.
A descrição e caracterização das comunidades bênticas implica em levantar as
espécies e caracterizá-las, de modo a obter parâmetros para avaliá-las em ambientes
impactados. Baseado nestes parâmetros utilizados preliminarmente, poder-se-ia
determinar o efeito de mudança de longo prazo e larga escala causadas pelo homem.
O bentos representa a biota dos organismos ligados aos fundos e de interface
da água com materiais sólidos como algas, corais, esponjas, etc., constituído de uma
ampla variedade de filos, envolvidos no ciclo dos materiais no mar. Portanto, de
reconhecida importância no fluxo de energia nas cadeias tróficas dos ambientes
marinhos e estuarinos.
A identificação de prioridades nacionais, regionais e locais na área de Bentologia
representa um grande desafio, uma vez que há cerca de 250.000 espécies marinhas
descritas e não descritas e, destas, uma minoria (aproximadamente 2%) habita a
coluna d'água propriamente dita. A maioria das espécies, portanto, está associada aos
sedimentos do fundo, constituindo o BENTOS.
III. OBJETIVO GERAL
Levantamento e consolidação das informações sobre a biodiversidade de
organismos bentônicos da Zona costeira e marinha do Brasil, com subseqüente
5
caracterização da biodiversidade desse Bioma, e dos mecanismos para sua
conservação e uso sustentável.
O diagnóstico do nível de conhecimento científico sobre os diferentes grupos
taxonômicos e das condições de infra-estrutura para a conservação é,
indiscutivelmente, uma das etapas primordiais para qualquer programa de conservação
da biodiversidade.
IV. METAS
• Diagnóstico do estado atual do conhecimento específico sobre os diversos grupos
taxonômicos;
• Diagnóstico das intervenções e grau de alterações a que estão sujeitos os
organismos bentônicos;
• Sistematização das informações relevantes sobre os organismos bentônicos da
costa brasileira;
• Recomendações de ações prioritárias para a conservação da biodiversidade
bentônica.
V. METODOLOGIA
Com o propósito de realizar um levantamento das espécies do Zoobentos
registradas para a costa brasileira, utilizou-se como principal fonte de referências
bibliográficas, a revisão recente "O Bentos da Costa Brasileira" realizada por Lana et al.
(1996). A referida revisão contem cerca de 3.500 referências, dentre livros, capítulos de
livros, artigos em periódicos, dissertações, teses e resumos publicados sobre esse
grupo no Brasil. As referências contidas foram atualizadas, até o ano de 1998,
utilizando o Biological Abstracts e Aquatic Sciences and Fisheries Abstracts.
Uma vez que uma parcela significativa dos periódicos brasileiros não é
indexada, foram realizados levantamentos em bibliotecas especializadas, com
6
destaque para as do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo,
Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Pernambuco, Museu
Paraense Emílio Goeldi e Laboratório de Hidrobiologia da Universidade Federal do
Maranhão.
Foram principalmente considerados os trabalhos completos publicados ou as
monografias, dissertações e teses por permitirem uma melhor avaliação de
metodologia e maior segurança na determinação das espécies.
Procurou-se, assim, identificar trabalhos que continham informações sobre
espécies do bentos brasileiro, especialmente levantamentos faunísticos, relatórios de
cruzeiros, etc. na tentativa de elaborar uma listagem dos principais grupos citados para
o Brasil, avaliando o que está sendo estudado pelo pesquisadores nacionais, bem
como os ambientes e ecossistemas em que são encontrados. Não sendo possível a
realização de um levantamento exaustivo, procurou-se sistematizar um grande número
de trabalhos que representassem o esforço de pesquisa em cada região do país, ou
em cada área geográfica.
As informações obtidas foram planilhadas de modo a, sempre que possível,
disponibilizar informações taxonômicas sobre a espécie registrada, o ambiente, a
localização geográfica, assim como outros dados considerados relevantes. A partir
destas informações foram calculadas o número de espécies para cada grupo do bentos
encontrado e para cada região geográfica, bem como levantadas informações sobre
endemismos e novos registros e registro únicos.
Foram considerados, de outro modo, os pesquisadores e suas linhas de
pesquisa no país, de modo a obter um indicativo do esforço do grupo realizado.
VI. DIAGNÓSTICO
VI.1. ESFORÇO DE ESTUDO
(foi ou vem sendo realizado por instituições) A partir da listagem abaixo de pesquisadores do bentos do Brasil, apresentamos
os dados para cada região geográfica:
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Figura 1 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na região Norte.
Figura 1 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na
região Nordeste.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
CRUSTACEA
MOLLUSCA
SIPUNCULA
BRIOZOARIO
S
PORIFERA
CNIDARIA
ANNELIDA
ECHINODERMATA
TUNICADOS
PLATYELM
INTHES
PROTOZOA
NEMATODA
ASCIDIA
CEA
FORAMINIFERA
PANTOPODA
PHORONIDA
ECHIURA
INDEFIN
IDOS
Grupos
Nº R
elat
ivo
de P
esqu
isad
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MOLLUSCA
SIPUNCULA
BRIOZOARIO
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CNIDARIA
ANNELIDA
ECHINODERMATA
TUNICADOS
PLATYELM
INTHES
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NEMATODA
ASCIDIA
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FORAMINIFERA
PANTOPODA
PHORONIDA
ECHIURA
INDEFIN
IDOS
Grupos
Nº R
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ivo
de P
esqu
isad
ores
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Figura 3 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na região Central.
Figura 4 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na região Sul.
0
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CRUSTACEA
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SIPUNCULA
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CNIDARIA
ANNELIDA
ECHINODERMATA
TUNICADOS
PLATYELM
INTHES
PROTOZOA
NEMATODA
ASCIDIA
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FORAMINIFERA
PANTOPODA
PHORONIDA
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IDOS
Grupos
Nº R
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CRUSTACEA
MOLLUSCA
SIPUNCULA
BRIOZOARIO
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PORIFERA
CNIDARIA
ANNELIDA
ECHINODERMATA
TUNICADOS
PLATYELM
INTHES
PROTOZOA
NEMATODA
ASCIDIACEA
FORAMINIFERA
PANTOPODA
PHORONIDA
ECHIURA
INDEFIN
IDOS
Grupos
Nº R
elat
ivo
de P
esqu
isad
ores
(%)
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Fica claro a partir desses dados, a enorme diferença no esforço já efetuado nas
regiões, com uma distribuição mais homogênea de espécies por grupo na região Sul.
Fato que certamente se deve ao maior número de pesquisadores atuando em áreas
mais diversificadas. Um outro fato marcante é a carência de pesquisas sobre
biodiversidade na região norte do país, que carece também de investimentos em
recursos humanos. As outras 2 regiões encontram-se em estado intermediário, já
possuindo quadros técnicos formados, mas necessitando ainda de diversificação nas
áreas de atuação.
VI.2. CARACTERIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
VI.2.1. Diversidade de Ecossistemas e ambientes
A margem continental brasileira ocupa uma área de 1.850.000 km2. Segundo
Lana et al. (1996), a plataforma continental brasileira pode ser definida, em
comparação com outras plataformas tropicais, como relativamente rasa e pouco
produtiva, apesar de enriquecimentos localizados por intrusões intermitentes de águas
de ressurgência ou convergência ricas em nutrientes e/ou pelo material orgânico
detrítico ou dissolvido exportado de estuários ou secundariamente de recifes de coral.
Não há evidências de que esteja submetida a processos anóxicos extensivos e
intensivos, presumidamente responsáveis pelas marcadas variações temporais na
abundância e diversidade do bentos tropical, como sugerido por Alongi (1990), com
base no conhecimento de plataformas do noroeste da África e do Golfo de Bengala.
De acordo com os estudos morfológicos (Série Projeto REMAC, n. 7) e
estrural (neste volume) da margem continental brasileira, nela podemos
distinguir três regiões, para os fins deste trabalho denominadas Norte, Leste e
Sul.
Região Norte A região Norte caracteriza-se pela plataforma continental larga (mais de
300 km na foz do Amazonas). Ali, o controle da progradação sedimentar resultou
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de barreiras estabelecidas pelos prolongamentos das zonas de fratura
equatoriais. O sopé, bem definido e relativamente estreito, é confinado pela
Cadeia Norte Brasileira.
As principais feições morfológicas e estruturais da região Norte
compreendem o Cone do Amazonas, as Planíces Abissais de Demarara e do
Ceará, a elevação do Ceará, a Cadeia Norte Brasileira, a Cadeia de Fernando
de Noronha e as zonas de fratura equatoriais (São Paulo, Romanche e
Fernando de Noronha). A região está limitada, respectivamente ao norte e ao
sul, pela Planície Abissal de Demarra e pela Zona de Fratura de Fernando de
Noronha.
Região Leste Tem por características a plataforma continental estreita (40 km, em
média), o talude íngreme (25º) e o sopé continental mal definido, mas amplo e
livre de barreiras estruturais. Algumas zonas de fratura são pouco visíveis por
métodos sísmicos, sob a cobertura sedimentar, e reconhecidas localmente rumo
ao continente, espalhadas em margens das regiões Norte e Sul.
Na região leste se encontram os Platôs Marginais do Rio Grande do Norte
e de Pernanbuco, os Montes Submarinos da Paraíba, de Pernabuco e da Baía,
os Bancos dos Abrolhos e Royal Charlotte, a Cadeia de Vitória/Trindade, as
Bacias de Pernanbuco/Paraíba, Sergipe/Alagoas, Recôncavo, Jequitinhonha,
Almada e Espiríto Santo, e as Zonas de Fratura de Maceió, de Sergipe, de
Salvador e de Vitória/Trindade(*).
Ao norte, a região é limitada pela Zona de Fratura de Fernando de
Noronha. O limite sul, sob o aspecto morfológico, é a Zona de Fratura de
Vitória/Trindade, e sob o aspecto estrutural, a Zona de Fratura do Rio de Janeiro
(*).
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Região Sul A região Sul distingüe-se por sua plataforma continental larga (150 km, em
média) e mais progradante do que a da região Norte. O talude e o sopé são
largos e mostram mergulhos suaves. As bacias marginais ultrapassam a borda
da plataforma e são bastantes profundas (8 km em Pelotas, RS), refletindo,
talvez, um controle estrutural em sua formação, a qual se realizou por reflexura
da crosta continental, e não por basculamento de blocos, como ocorreu na
região Leste. A elevação do Rio Grande, com os seus quase 400000km de área,
mascara as zonas de fratura, que no entanto, são razoavelmente identificáveis
no restante da região.
Esta região envolve as seguintes feições: Platô de São Paulo, Elevação
do Rio Grande (incluindo a porção leste), Cone do Rio Grande, Bacias de
Pelotas, Santos e Campos, e Zonas de Fratura (*) do Rio de Janeiro, de
Florianópolis, de Porto Alegree do Chuí. Seu limite norte é a Zona de Fratura
(atual Lineamento) de Vitória/Trindade, e o limite sul, Planície Abissal da
Argentina.
As características básicas dos ecossistemas tropicais, entre os quais se inclui
em grande parte a plataforma continental brasileira, são a elevada diversidade de
espécies e a baixa biomassa de cada uma. Estas características ecológicas têm óbvias
implicações pesqueiras. Ao contrário do que ocorre em águas mais frias e mais
produtivas, onde estoques de elevadas biomassas podem ser explorados de forma
mais uniforme e eficiente, estoques tropicais de pequenas biomassas exigem uma
correspondente diversidade de métodos e petrechos de captura, o que torna a pesca
uma atividade muito heterogênea e de eficiência e resultados muito variáveis.
No entanto, com exceção dos trabalhos de Capitoli & Bonilha (1990, 1991) e
Sumida (1994), a fauna bêntica da quebra de plataforma e do talude permanece
virtualmente desconhecida, até mesmo do ponto de vista taxonômico.
Em cada ambiente foram listados uma diversidade de tipos de fundo, aqui
neste documento ainda não disponíveis (serão colocados em anexo).
12
VI.2.2. Os agrupamentos ecológicos do zoobentos
Os animais do bentos têm sido tradicionalmente estudados considerando-se,
principalmente sua compartimentalização em tamanhos. Apesar de ter se dado
principalmente em função de limitações metodológicas, alguns autores discutem a
validade dos grupos estudados representarem unidades funcionais da fauna bêntica.
MACROFAUNA
As afirmações de Lana et al. (1996) sobre o macrobentos continuam válidas:
Embora as informações sobre o macrobentos sejam mais numerosas e referidas com
maior detalhe, são ainda insuficientes para a estimativa confiável de densidades
populacionais ou biomassas e consequentemente do potencial de captura de muitas
das espécies que constituem recursos naturais diretamente utilizados pelo homem. A
maioria das informações disponíveis trata da denominada megafauna (Tommasi et al.,
1988; Pires-Vanin, 1989, 1992, 1993), como equinodermas, corais, moluscos e alguns
peixes demersais ou espécies com algum tipo de valor econômico. O mais abrangente
e integrado estudo da macrofauna de plataforma foi o Projeto “Utilização racional dos
ecossistemas costeiros da região tropical brasileira: Estado de São Paulo” (Pires-Vanin
& Matsuura, 1993; Pires-Vanin et al., 1993).
MEIOFAUNA
Os animais que compõem a meiofauna só foram considerados como parte de
uma comunidade característica por Remane (1933), o qual utiliza pela primeira vez o
termo “fauna intesticial”. Até à metade dos anos 60, a maioria dos trabalhos ficou
restrita a taxonomia dos grupos de meiofauna e a estudos ecológicos descritivos.
Alguns estudos indicam que a biomassa da meiofauna nos estuários e no mar profundo
pode ser correspondente à da macrofauna e que as mudanças associadas à variação
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da maré são fatores principais que limitam a fauna intersticial, onde geralmente ocorre
predominância do grupo Nematoda (Coul, 1988; Giere, 1993).
Posteriormente se desenvolveram estudos experimentais de laboratório, o uso
da meiofauna como bioindicador da conservação de comunidades e/ou de mudanças
ambientais e ainda trabalhos de ecologia experimental no ambiente natural.
Agravante o fato da maioria dos dados ecológicos disponíveis estarem
apresentados na forma de resumos em eventos científicos, Monografias, Dissertações
ou Teses, observa-se que, a grande concentração de informações nos estados de
Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
O conhecimento do bentos das plataformas continentais tropicais e subtropicais
permanece insatisfatório, ainda mais no que se refere à micro- e meiofauna. Isto é
particularmente verdadeiro para a costa brasileira, onde os estudos sobre a meiofauna
estão restritos ao norte-nordeste (Aller & Aller, 1986; Fonseca-Genevois et al. 1989,
1990, 1991; Houllou & Fonseca-Genevois, 1989; Lucena & Fonseca-Genevois, 1980,
1995; Fonseca-Genevois & Almeida, 1990; Fonseca-Genevois & Lucena, 1990;
Oliveira, 1994) e sudeste (Medeiros, 1987; Corbisier, 1991, 1993, 1995).
Estudos sobre o bacteriobentos de plataforma são extremamente escassos ao
largo da costa brasileira (Aller & Aller, 1986).
VI.2.3. A Biodiversidade de taxa biológicos
A riqueza em termos de biodiversidade na região é de difícil estimativa, pois não
estão todas identificadas. Muitas espécies bênticas ou associadas de alguma forma
aos fundos marinhos têm importância econômica direta, como é o caso dos crustáceos,
moluscos. Outras constituem o principal item alimentar de peixes demersais, que vivem
sobre a superfície dos sedimentos. Por outro lado, não se deve subestimar o papel
desempenhado por organismos bênticos na aeração e remobilização dos fundos
marinhos, acelerando os processos de remineralização de nutrientes e
consequentemente os próprios processos de produção primária e secundária.
Aqui é apresentada uma síntese do conhecimento da biodiversidade da fauna
bentônica do litoral brasileiro, sendo enfocados 42 grupos taxonômicos com
representantes marinhos.
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CILIATA OU CILIOPHORA
Existem aproximadamente 8.000 espécies de CILIATA OU CILIOPHORA no
globo. Não é possível estimar o número de espécies bentônicas para o mundo; para o
Brasil são mencionadas cerca de 83 espécies registradas. Os primeiros trabalhos sobre
os ciliados no Brasil, referentes a protozoários do plâncton, foram realizados no Rio de
Janeiro no início do século. Somente na década de 70 são encontrados os primeiros
trabalhos de ciliados BENTÔNICOS psamófilos, comensais e simbiontes de
organismos bentônicos (Kattar, 1970, 1982; Eston, 1985; Clamp, 1993). Estes autores
registraram respectivamente 65 espécies mesopsâmicas, 1 espécies comensal no
ouriço-do-mar Lytechinus variegatus e 17 espécies colonizando substratos artificiais,
todas para São Paulo. Todos os levantamentos concentram-se em praias e regiões
costeiras rasas.
Os ciliados bentônicos brasileiros são pouco conhecidos. Excetuando-se o Rio
de Janeiro, não existem coleções ou mesmo especialistas pesquisando o filo. É
portanto impossível avaliar alterações de suas populações em função de mudanças
ambientais, a existência de introduções ou espécies endêmicas e ameaçadas.
PLACOZOA
Apesar de autores como Pearse & Pearse (1991) considerarem a coleta de
organismos do grupo uma tarefa simples e de suporem que são abundantes em água
tropicais e subtropicais, não temos conhecimento de qualquer registro de Placozoa na
costa brasileira, ou mesmo de pesquisadores que se dediquem ao estudo do Filo. Não
sabemos, portanto, se representam algum papel ecológico nos ecossistemas marinhos
brasileiros.
MESOZOA
Mundialmente são conhecidas cerca de 85 espécies de Mesozoa. (Meglitsch &
Schram, 1991). Não há na literatura referências sobre Mesozoa do Brasil, exceto o
trabalho de Mendes (1940). Este autor confirma a ocorrência do grupo para o litoral do
estado de São Paulo, apesar não ter conseguido coletá-los. Também não é possível
diagnosticar o papel deste grupo no bentos marinho do Brasil.
15
PORIFERA
São conhecidas no mundo cerca de 6.000 a 7.000 espécies viventes de Porifera.
(Hooper & Lévi, 1994; Van Soest, 1994). Foram listadas para o Brasil 112 espécies de
poríferos e estima-se que existam mais de 200 espécies marinhas.
Segundo Hajdu et al. (1996), a maior parte dos registros originais de esponjas
para a costa brasileira foi gerada por especialistas estrangeiros trabalhando material
dragado por expedições estrangeiras de história natural, como as dos navios "Alert"
(Ridley, 1881) e "Challenger" (Poléjaeff, 1884; Ridley & Dendy, 1887; Sollas, 1888).
A costa brasileira está dentre as menos estudadas com referência a sua
espongofauna marinha (de Laubenfels, 1956; Boury-Esnault, 1973; Hechtel, 1976;
Cuartas, 1985; Hajdu et al., 1992, 1995; Hajdu & Desqueyroux-Faúndez, 1994). Os
levantamentos existentes são em grande parte de natureza qualitativa e muitas vezes
não visavam diretamente a espongofauna (p. ex. Duarte & Morgado, 1983; Almeida et
al., 1996; Berlinck et al., 1996; Chehade et al., 1997).
Nestes levantamentos algumas classes estão muito mal representadas, como a
classe Calcarea, uma vez que inventários realizados em localidades restritas
contribuíram com elevado número de espécies(Muricy et al., 1991), é provável que
muitas outras venham a ser encontradas na costa brasileira.
Alguns trabalhos de cunho quantitativo foram realizados em localidades de
Santa Catarina e Rio de Janeiro (Lerner, 1996; Muricy, 1989; Muricy et al., 1991).
No mais, a maior parte das espécies são citadas para os estados de xxxxxxx,
xxx. Mesmo nestes, não existem inventários completos para os diversos ambientes
marinhos rasos ou para água profundas, assim como, não existem acompanhamentos
temporais das populações dessas regiões. A maior parte do material é oriundo de
ambientes praianos.
Em função do pouco conhecimento de aspectos biológicos básicos e dos
padrões de distribuição espacial dos poríferos, não é possível apresentar a status de
espécies como endêmica, invasora, rara ou em extinção para a costa brasileira.
Existem coleções de esponjas no Museu de Ciências Naturais (Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul, RS); Museu de Zoologia (Universidade de São
Paulo, SP); Departamento de Zoologia (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ) e
no Museu Nacional do Rio de Janeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ).
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Outras pequenas coleções já existiram em Instituições de estados costeiros do
Nordeste brasileiro, como por exemplo a do LABOMar (Universidade Federal do Ceará,
CE), mas não sabemos o estado atual das mesmas.
CNIDARIA
O filo possui cerca de 11.000 espécies descritas no mundo (Bouillon, 1994),
distribuídas nas classes: Hydrozoa (4.000), Scyphozoa (200), Cubozoa {16) e Anthozoa
(6.500). No Brasil estão registradas cerca de 470, destas grande parte são pelágicas e
algumas dulcícolas. É muito difícil quantificar o porcentual de espécies bentônicas. Em
nosso levantamento, registramos 204 espécies de Cnidaria bentônicas para a costa
brasileira.
Excetuando-se os Hydrozoa, existem cerca de 80 espécies de cnidários
bentônicos descritos para o Brasil, sendo 3 cifopólipos (RJ e SP), 40 octocorais, 17
anêmonas-do-mar (SP) e 15 corais hermatípicos coloniais. Além de vários corais
solitários, não hermatípicos, que foram recentemente registrados na plataforma
continental brasileira, ao largo do litoral norte do estado de São Paulo (Pires, 1997). É
provável, ainda, a existência de mais 3 espécies de cubozoa, cuja fase medusóide já
foi encontrada em coletas de plâncton, em redes de pesca ou jogadas na praia
(Cornelius & Silveira, 1997).
Os primeiros estudos dos cnidários brasileiros realizados por Steenstrup (1854),
Müller (1858, 1861; complementações em Corrêa, 1966), Verrill (1868), Allman (1888),
Ritchie (1909), Verrill (1912), Cordero (1939), e Oliveira (1949, 1950), tratavam de
descrições e registros pontuais de algumas espécies. Trabalhos mais extensivos de
cunho faunísticos e sistemático foram desenvolvidos a partir da década de 40,
abordando hidrozoários bentônicos (Vannucci Mendes, 1946; Vannucci, 1949, 1950,
1951, 1954); corais pétreos (Laborel, 1969a, b); anêmonas-do-mar {Corrêa, 1964) e
antozoários (Tixier-Durivault, 1970; Tommasi, 1971; Pires, 1988).
Dentre os trabalhos mais recentes, na mesma linha, podemos citar: Castro
(1990a, b); Bouillon & Grohmann (1994); Pires et al. (1992); Amaral (1994, 1997);
Marques-Paraense (1996); Migotto {1996); Silveira & Morandini (1995, 1997a). Com
abordagem ecológica: Haddad (1992), para costões rochosos do Paraná; Pittombo et
17
a1. (1989), para corais de Abrolhos e Rosso & Marques (1997), para zona entremarés
de São Paulo.
A sistemática e a biologia do grupo no Brasil ainda é incipiente. A estimativa de
Bouillon (1985) de que apenas 25% das espécies de hidróides tinham seus ciclos de
vida conhecidos e que existiam famílias inteiras cuja fase de pólipo ou de medusa era
ignorada, continua válida.
A maioria dos trabalhos existentes são sobre organismos de costões rochosos
(entremarés e inframarés). Existem também levantamentos realizados na plataforma
continental do sul e sudeste do Brasil e alguns registros para estuários e manguezais
de São Paulo (Vannucci, 1949, 1951, 1954; Rosso & Marques, 1997).
Permanece quase totalmente desconhecida a fauna de cnidários de substratos
consolidados e inconsolidados, do talude continental brasileiro como um todo e da
plataforma continental do nordeste e norte do país, bem como das ilhas oceânicas.
Em geral, os cifozoários, cubozoários e hidrozoários têm ampla distribuição
geográfica, sendo cosmopolitas, circuntropicais ou de zonas subtropicais. Distribuições
restritas e endemismos são relativamente mais freqüentes entre os antozoários. Os
endemismos presentes na costa brasileira para os Hydrozoa e Scyphozoa devem,
portanto, ser resultantes da carência de dados sobre a distribuição das espécies: A
existência de espécies endêmicas é maior entre os Anthozoa. No Brasil são registradas
8 espécies endêmicas (dentre as 15 existentes) de corais hermatípicos.
O filo possui uma alto potencial de dispersão, uma vez que as medusas livre-
natantes podem percorrer grandes áreas e, acredita-se que pólipos e colônias
bentônicas, vivos ou em estágios de dormência ou de resistência, podem ser
transportados por distâncias muito maiores, soltos na água ou em substratos
flutuantes. Em vista desses fatos, agravados pelo transporte de colônias em casco de
navios e pelo despejo de água de lastro de grandes embarcações (atividade não
controlada nos portos nacionais), há grande possibilidade de existirem espécies
introduzidas, embora não registradas.
Não constatamos pressão de coleta sobre as espécies de cnidários bentônicos
no Brasil, com exceção de corais pétreos, corais-de-fogo e gorgonáceos, coletados
com maior intensidade para sourvenir, por turistas e aquaristas. Esta atividade
representa uma maior pressão no Rio de Janeiro, Pernambuco e sul da Bahia.
18
A poluição e a extinção de ambientes são a maior ameaça aos cnidários, assim
como à maioria dos invertebrados marinhos, podendo responder por extinções locais
de espécies, ou diminuição drástica de populações.
Segundo Migotto (1997) a poluição e mudanças ambientais globais têm sido
responsabilizadas por uma série de doenças observadas em corais pétreos. O
branqueamento é um destes fenômenos que se difundiu drasticamente em todas as
regiões coralinas, a partir da década de 80, e que, em 1994 e 1996, afetou o litoral
norte do estado de São Paulo. Kikuchi, R. et al. (1999), observaram um evento de
branqueamento de corais no litoral norte da Bahia causado pelo El Nino.
Até o momento não foi possível obter informações sobre este tipo de fenômeno
para outras regiões do país.
No Brasil, o maior número de exemplares encontram-se depositados no Museu
Nacional (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ). Pequenas coleções regionais e
didáticas podem ser encontradas em outras instituições de pesquisa e de ensino.
CTENOPHORA
O filo está representado por 90 espécies exclusivamente marinhas no
mundo. No Brasil, foram registradas somente 4 espécies, sendo 2 duvidosas,
todas pelágicas. Não havendo registro de espécies da Ordem Platyctenida
(epibentônica). Devido à extrema dificuldade de captura e conservação de espécimes, os
estudos sistemáticos encontram-se em estágio incipiente, sendo possível a ocorrência
de espécies bentônicas. Dadas às características do filo, é possível que introduções de
espécies exóticas, venham a ocorrer em regiões portuárias.
GNATHOSTOMULIDA
No mundo são reconhecidas de 80 a 100 espécies, estima-se em cerca de 1.000
espécies atuais (Margulis & Schwartz, 1988). Na costa brasileira, no entanto, não foram
encontrados referências em relação ao número de espécies e distribuição destes
animais.
19
Com exceção de Gioia (1987) não existem referências sobre o filo para o Brasil.
Devem existir espécies endêmicas, porém não estão estudadas. Não existem coleções
do grupo, uma vez que a dificuldade de manuseio dos espécimes é um entrave para a
montagem.
PLATYHELMINTHES
O grupo apresenta cerca de 7.900 espécies marinhas bentônicas no mundo. No
Brasil estima-se que existem 350 de Turbelaria marinhos bentônicos e não há registro
de Cestóideos parasitos de animais bentônicos.
Os turbelários marinhos brasileiros foram estudados por: Marcus (1947, 1948,
1949, 1950, 1951, 1952, 1954); Marcus, E. du B.-R. (1954, 1955, 1957, 1958, 1965,
1970) e Marcus, E. du B.-R. & Marcus (1951, 1968); Corrêa (1949, 1956, 1964); Hyman
(1955) e Smith (1960). Pesquisas de cunho ecológico desenvolvidas por Morgado
(1980); Duarte (1980); Dutra (1989); Duarte & Nalesso (1996) registram a presença do
grupo, sem no entanto identificá-lo a nível específico.
Existe um pequeno número de trabalhos sobre a subclasse Cestodaria marinha
brasileira. Os trabalhos disponíveis preocupam-se principalmente com aspectos da
biologia do parasitismo. A literatura sobre a subclasse Eucestoda trata principalmente
de populações de parasitos associadas a espécies de peixes de interesse comercial
(Rego, 1977; São Clemente, 1986a; São Clemente & Gomes, 1989a, b; 1992; Amato et
al., 1990; Pereira Júnior, 1993; Takemoto et al., 1996).
Para os turbelários, a maioria das espécies registradas no Brasil é proveniente
da costa de São Paulo, sendo aparentemente endêmicas. No entanto, este fato pode
ser apenas devido ao desconhecimento da fauna de áreas adjacentes.
Em relação ao Cestoides, os trabalhos brasileiros da subclasse Eucestoida
tratam na grande maioria da ordem Trypanorhyncha, havendo, assim, uma lacuna no
conhecimento sobre outras ordens (Tetraphyllidea e Pseudophyllidea).
É provável que, com a intensificação dos estudos, encontremos também
representantes dessa ordem infestando animais bentônicos, uma vez que formas
imaturas destes vermes podem ser encontradas em invertebrados e/ou vertebrados
(hospedeiros intermediários), dependendo do grupo de cestóide considerado.
20
A falta de novos levantamentos e de dados sobre a flutuação natural das
populações das espécies conhecidas não permite avaliar potenciais ameaças de
extinção.
O padrão de distribuição das diversas espécies de eucestóides marinhos está
diretamente associado ao padrão de distribuição geográfica e temporal dos seus
respectivos hospedeiros, sejam estes intermediários ou definitivos.
Não há coleções organizadas sobre Platelmintos marinhos.
GASTROTRICHA
O filo contém cerca de 240 espécies marinhas no mundo. Estes organismos
ainda não foram estudados a nível específico, no Brasil.
Os trabalhos sobre o grupo para o Brasil resumem-se aos trabalhos de Forneris
(1972, 1985), desenvolvidos em região entremarés de São Paulo
A nível mundial é reconhecida a relação entre a presença de gastrótricos com a
granulometria do sedimento. Forneris (1972), reconheceu a presença desses animais
em baixas densidades populacionais em praias do estado de São Paulo. A existência
de espécies endêmicas é muito provável, embora não confirmada.
Não existem coleções do grupo no Brasil. A dificuldade de manuseio dos
espécimes é um obstáculo para a organização de coleções. As poucas espécies
reconhecidas foram documentadas através de desenhos e registros fotográficos e, em
raros casos, por montagem lâmina-lamínula.
ROTIFERA
Existem cerca de 50 espécies marinhas deste grupo no mundo, não sendo
possível estimar, até o momento, o número de espécies brasileiras bentônicas
ou mesmo marinhas. O estudo dos rotíferos, no Brasil, iniciou-se com pesquisadores estrangeiros do
final do século XIX, que aqui estiveram ou que analisaram material proveniente de
expedições científicas. Na década de 50, teve início o estudo de rotíferos límnicos, nas
instituições brasileiras. As pesquisas ainda hoje estão voltadas para estes ambientes.
21
Com relação às formas bentônicas, Hadel (1997) observou formas associadas
holotúrias no Estado de São Paulo. Rotíferos meiobentônicos são, portanto,
praticamente desconhecidos no Brasil, não há listas de espécies, conhecimento sobre
padrões de distribuição ou endemismos.
ACANTHOCEPHALA
Não é possível avaliar o número de espécies de Acanthocephala, no Brasil, que
parasitam animais marinhos bentônicos, mas é provável a existência dessas espécies,
uma vez que os Acanthocephala acompanham os hábitats de seus hospedeiros. Eles
têm sido encontrados principalmente em peixes.
LORICIFERA
O filo compreende aproximadamente 50 espécies pertencentes a cinco gêneros,
porém, cerca de 60 ainda aguardam descrição formal (Kristensen, 1991). Não há
registros da ocorrência de Loricifera para o Brasil. Em vista de serem aparentemente
cosmopolitas, é provável que sejam encontrados na costa brasileira.
KINORHYNCHA
São conhecidas cerca de 150 espécies no mundo (Ruppert & Barnes, 1994).
Apenas uma espécie (Cateria styx) foi encontrada no Brasil, oriunda do Rio de Janeiro
(Gerlach, 1956), posteriormente encontrada em São Paulo (Higgins, 1968), e até o
presente registrada apenas para a costa brasileira. Um exame mais criterioso das
amostras pode levar a descoberta de um maior número de espécimes e espécies.
Atualmente, é impossível estimar a biodiversidade do filo no Brasil. É provável que os
representantes desse grupo sejam seriamente afetados em locais sujeitos à
degradação ambiental.
22
Não existem coleções do filo, mas apenas exemplares, montados em lâminas,
depositados em coleções do Departamento de Zoologia e no Instituto Oceanográfico,
ambos da USP.
PRIAPULA
Existem 16 espécies de Priapula marinhas bentônicas descritas mundialmente.
Apenas 1 espécie (Acanthopriapulus horridus), é citada para a costa brasileira, no
Estado do Rio de Janeiro (Tommasi, 1968). Não é possível estimar o número total de
espécies marinhas bentônicas viventes no Brasil, bem como de espécies endêmicas,
invasoras, introduzidas e/ou ameaçadas de extinção.
NEMATODA
Foram descritas mais de 4.000 espécies marinhas de vida livre. No Brasil
existem 225 espécies de Nematoda, não sendo possível estimar o número total de
espécies existentes.
As primeiras espécies de nemátodos marinhos bentônicos do Brasil foram
descritas para a Bahia, em 1920. Durante a década de 50, Gerlach e Meyl
descreveram diversas espécies de ambientes costeiros (praias e manguezais) de São
Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Pernambuco.
Infelizmente todos os dados existentes desse período são de natureza
qualitativa. Não havendo dados para as demais regiões do País e para ambientes de
água profundas. Exceção é registrada para a Plataforma continental interna de
Ubatuba, onde vem sendo desenvolvidos trabalhos (Corbisier, não publicado) de
natureza quantitativa.
Não há informações sobre endemismos, espécies introduzidas ou ameaçadas
de extinção. Boucher & Lambshead (1995), no entanto, acreditam que devido a grande
diversidade específica e sua alta adaptabilidade, os nemátoda não estão entre os
grupos em risco eminente de extinção.
Não existem coleções das espécies coletadas por Gerlach, no Brasil ou no
exterior.
23
CHAETOGNATA
Existem 125 espécies descritas mundialmente, das quais 18 são
encontradas no Brasil, nenhuma delas bentônicas. As primeiras coletas de espécimes deste filo em águas brasileiras foram feitas
por Charles Darwin, em 1844. Este como todos os demais trabalhos referem-se a
espécies pelágicas. Não há, portanto, como estimar o número de espécies bentônicas
para o Brasil, endemismos, introdução de espécies ou espécies ameaçadas.
MOLLUSCA
O número de espécies de Mollusca marinhas do globo está entre 80.000 e
120.000. No Brasil, 1.600 espécies marinhas estão registradas. Em nosso
levantamento, registramos 1568 espécies de bentônicas para a costa brasileira.
A literatura sobre o filo Mollusca no Brasil é extensa. Diversos pesquisadores
estudaram e descreveram espécies brasileiras, a partir do século 18, entre eles
destacam-se: Lamarck (1802-1835); Spix (1827); Sowerby (1830-1909); Orbigny (1835-
1848); Reeve (1841-1870); Martini & Chemnitz (1837-1911); Dall (1881-1927); Ihering
(1883-1932); Pilsbry (1889-1957; incluindo o "Manual of Conchology" de Tryon); Haas
(1916-1969); Scott (1934-1984); Morretes (1937) Carcelles (1938-1954); Parodiz (1942-
1974); Paraense (1940-1997); Clench {1942-1970); Abbott (1944-1982); Castellanos
{1948-1982); Marcus (1953-1983); Bonetto (1954-1986); Klappenbach (1961-1986);
Rios (1966-1994); Matthews (1968-1975); Narchi (1966-1996); Penna-Neme (1971-
1984); Oliveira (1974-1994) e Coelho (1979-1981).
Mollusca é um dos grupos mais inventariado na costa brasileira. Este filo desperta
o interesse seja pelas belíssimas conchas que produz, seja pela utilização econômica,
alimentar e industrial de seus componentes, ou ainda pela facilidade e disponibilidade
de coleta de exemplares. Assim, existem representantes do filo, citados para todos as
regiões do país, em todos os ambientes: de entremarés às profundidades abissais.
Devido à grande riqueza específica deste táxon, no entanto, acreditamos que mesmo
24
nas regiões mais bem inventariadas, ainda teremos um incremento no número total de
espécies, com o estudo mais detalhado das áreas e das espécies já catalogadas.
Os ambientes melhor conhecidos são os costões rochosos, as praias e os
ambientes de águas rasas. Os ambientes sublitorâneos ainda carecem de pesquisas
mais aprofundadas.
Nos manguezais, apesar de sua grande importância econômica, diversos grupos
têm sido negligenciados; é o caso dos Hydrobiidae, dos Pulmonata e mesmo de outras
espécies de gastrópodos (p. ex. Thais) e bivalves (p. ex. Chione), que têm se mostrado
endêmicas de certos estuários ao longo da costa brasileira e permanecem sem estudo
algum.
Mesmo espécies de bivalves de grande interesse econômico, precisam de mais
pesquisas para qualificar seu real status taxonômico. No Brasil existem coleções no
Museu de Zoologia (Universidade de São Paulo, SP); Museu Nacional (Universidade
Federal do Rio de Janeiro, RJ); no Museu Oceanográfico (Fundação Universidade do
Rio Grande, RS); no LABOMar (Universidade Federal do Ceará, CE); Universidade de
Mossoró (PB); Universidade Federal Rural de Pernambuco.
NEMERTINEA
São reconhecidas 1.149 espécies de Nemertinea a nível mundial e cerca de 40
espécies marinhas bentônica ocorrendo no Brasil.
Humes (1942) fez a primeira citação de uma espécie de Nemertinea para o
Brasil Carcinonemertes carcinophila, no Rio de Janeiro. Outros trabalhos, como de Corrêa (1948, 1950, 1953, 1954, 1957,1958,1961, 1964, 1966), Gibson (1973), Santos (1974);
Santos (1997) e Senz (1997), podem ser citados para o Brasil. O único estado brasileiro que foi inventariado é São Paulo. O levantamento de
espécies brasileiras, porém, está desatualizado. Assim, não há bases para relacionar
espécies invasoras, introduzidas ou ameaçadas de extinção.
A importância ecológica das espécies de nemertinea do Brasil (a maioria
endêmica) é desconhecida e coleções organizadas são inexistentes. Existem, no
entanto, pesquisadores atuando no Departamento de Zoologia do Instituto de
Biociências da USP.
25
SIPUNCULA
Estão descritas 150 espécies no mundo, destas 30 para o litoral brasileiro.
A literatura pertinente ao filo para a costa brasileira é muito reduzida, podendo
ser resumida aos trabalhos de De Jorge et a1. (1969, 1970), Cutler & Cutler (1980),
Ditadi (1976, 1981, 1982), Ditadi & Migotto (1981, 1982) e Migotto & Ditadi (1988).
Os ambientes mais conhecidos são a zona entremarés e infralitorâneas de São
Paulo. É provável que um número muito maior de espécies possa ser encontrado com
uma pesquisa mais intensa em outros ambientes e em todas as regiões do país.
Não é provável encontramos um grande número de espécies endêmicas, além
da já conhecida Sipunculus marcusi. Também não há registros de espécies invasoras,
introduzidas e/ou ameaçadas de extinção.
A impactação de praias de baixa energia, habitat onde estes organismos são
encontrados, pode representar uma ameaça às espécies conhecidas e desconhecidas
de nossa costa.
Não temos conhecimento de coleções formais do táxon no Brasil.
ECHIURA
Estão descritas 130 espécies no mundo, destas 9 para a costa do Brasil.
A literatura pertinente ao filo para a costa brasileira é muito reduzida, podendo
ser resumida aos trabalhos de Amor (1971), De Jorge & Ditadi (1969), De Jorge et al.
(1969), Ditadi (1970a, b, c, 1982, 1983, 1984, 1997, 1998), Ditadi & Mendes (1986),
Macha & Ditadi (1972) e Schaeffer (1972).
Os ambientes mais conhecidos são a zona entremarés e infralitoral raso,
especialmente da costa de São Paulo e Rio de Janeiro.
Não há, na literatura, indicação de espécies de Echiura endêmicas, invasoras
e/ou introduzidas na costa brasileira. Impactos causados em praias areno-lodosas
podem representar uma ameaça às espécies conhecidas e desconhecidas de nossa
costa.
Não temos conhecimento de coleções formais do táxon no Brasil.
26
POGONOPHORA
O grupo conta com cerca de 140 espécies descritas no mundo, não há registro
do táxon para a costa brasileira.
Acredita-se que sua ocorrência seja cosmopolita, em águas profundas e frias, e
em águas mais rasas nos mares polares (Southward, 1971, 1986; Margulis & Schwartz,
1988).
Como são animais de ocorrência aparentemente cosmopolita, é muito provável a
chance de existirem espécies ainda não coletadas nas águas profundas do extenso
litoral brasileiro.
ANNELIDA-POLYCHAETA
Acredita-se que o número de espécies de Polychaeta, no mundo, esteja entre
8.000 e 10.000 (Pettbone, 1982; Brusca & Brusca, 1990). Segundo Amaral & Morgado
(1997), na década de 70 a estimativa apontavam cerca de 400 espécies para a costa
brasileira e hoje este número está por volta de 600. Em nosso levantamento
registramos 593 espécies para a costa brasileira.
Os primeiros registros do grupo para o Brasil foram feitos por Müller (1858);
Hanse (1882) e por especialistas estrangeiros que usaram o material gerado por
grandes expedições estrangeiras de história natural, como as dos navios "Challenger" (
) ; "Eugenies" (Kinberg, 1865, 1910); "Meteor" (Friedrich, 1950) e Discovery (Tebble,
1960). Outros trabalhos importantes foram realizados Treadwell (1923, 1932); Luederwaldt
(1929) e Hartman (1948). Os primeiros trabalhos com uma série de espécies novas para
o Brasil foram publicados por Nonato (1958, 1963, 1965, 1966).
A partir da década de 70, grande interesse foi despertado pelo estudo, tanto o
sistemático como o ecológico, dos poliquetas no país e, conseqüentemente, um
razoável número de trabalhos, principalmente na costa sul-sudeste, foi realizado:
Zibrowius (1970), Orensanz & Gianuca (1974), Amaral (1975, 1980b), Rullier &
Amoureux (1979), Lana (1981, 1984), Bolivar (1986), Blankensteyn {1988), Morgado
(1988), Paiva (1990), Camargo (1993), entre outros. Estes trabalhos foram fortemente
27
impulsionados pela existência de chaves taxonômicas elaboradas por Amaral & Nonato
(1981, 1982, 1984, 1994). Recentemente, Amaral & Nonato (1996) publicaram chaves
atualizadas para a identificação das 57 famílias e 275 gêneros até então registrados
para a costa brasileira.
Apesar de constituir um dos grupos de maior abundância na macrofauna, pouca
informação existe sobre os poliquetos da costa brasileira. A maioria dos estudos
concentram-se principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e do Paraná,
uma vez que dispõem da maior parte dos esforços de coleta e dos sistematas. Porém,
mesmo nessas regiões os esforços de coleta são diferenciais com áreas mais bem
amostradas como o litoral norte de São Paulo e outras de pouca informação.
Em nosso levantamento registramos grande número de espécies registradas
para uma única localidade, o que demonstra o fato da carência de trabalhos realizados
no Brasil.
Apesar do grau de conhecimento, persiste o problema do reduzido número de
estudos taxonômicos e sinecológicos, sendo estes, em sua maioria, contribuições
isoladas.
A raridade de citações em escala mundial reflete as dificuldades em se constatar
espécies em extinção no ambiente marinho, devido, em parte, à inconspicuidade da
maioria dos organismos, e, principalmente, à falta de estudos populacionais e
monitoramento faunístico. Entretanto, há um consenso entre os especialistas, no
sentido de considerar motivo de preocupação, mais que a extinção isolada da espécie,
a extinção de hábitats, particularmente os costeiros, por sustentarem maior diversidade
de espécies e serem mais vulneráveis à ação antrópica. Neste contexto, têm sido
considerados potencialmente ameaçados o Arenicolidae Arenicola brasiliensis Nonato,
1958 e o Eunicidae Eunice sebastiani Nonato, 1965, espécies "comuns" em praias
arenosas. Como medida de proteção, recomenda-se, portanto, o emprego de
estratégias para a conservação dos hábitats, fortemente associadas à implantação de
programas de educação ambiental.
É provável que existam coleções, mantidas sob a guarda dos pesquisadores no
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP); no Departamento de
Zoologia e no Museu de História Natural da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) e na Universidade Federal do Paraná.
28
OLIGOCHAETA
Das 116 espécies de oligoquetas aquáticos e anfíbios do Brasil somente 14
foram registradas em ambientes salobros ou marinhos. (Gavrilov, 1981).
O estudo de oligoquetas aquáticos e anfíbios da região Neotropical teve seu
início no século XIX. F E. Beddard, W. Michaelsen, L. Cognetti de Martüs, C. Moreira, J.
Stephenson, H. Luederwaldt e L. Cernosvitov são, dentre outros, os pesquisadores
pioneiros do séc. XIX e do início do XX. A revisão do conhecimento a cerca do grupo foi
feita por Gavrilov (1977, 1981). O autor abordou aspectos da história, ecologia e
distribuição geográfica, além de inventariar as espécies, inclusive as marinhas.
No Brasil, o estudo do grupo toma impulso com a criação da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1934). Os pesquisadores
Eveline Du Bois-Reymond Marcus & Ernst Marcus foram na década de 40 a 60 e
Gilberto Righi, década de 60, os nomes mais expressivos em termos de geração de
conhecimento sobre os oligoquetas aquáticos no Brasil. também merece destaque a
colaboração, embora esporádica, dos pesquisadores E.C.R Bittencourt, I. Ayres & E.
Kanner.
Nas duas últimas décadas, os oligoquetas marinhos brasileiros têm sido
esporadicamente estudados por pesquisadores estrangeiros e brasileiros destacando-
se Marcus (1950), Marcus (1965), Erséus (1980, 1983); Harman & Loaden (1984),
Medeiros (1989). Os estados que concentram a maioria dos inventários são São Paulo,
Rio de Janeiro e Santa Catarina, sendo o estado de São Paulo o que apresenta maior
número de registros (9 espécies). Contudo, os dados provêm de amostras pontuais e
nenhum setor do litoral paulista foi sistematicamente investigado. Muitas das espécies
assinaladas para São Paulo são, por ora, conhecidas somente de suas localidades-
tipo.
Tendo em vista a virtual inexistência de levantamentos de oligoquetas marinhos
e estuarinos, é prematuro cogitar sobre endemismos. Monopylephorus parvus
Ditlevsen, 1904 e Enchytraeus albidus Henle, 1837 têm distribuição cosmopolita, ou
quase cosmopolita. Pontodrilus bermudensis Beddard, 1891 tem distribuição
circumundial nas zonas tropical e subtropical. Peloscolex gabriellae ocorre também em
29
Aruba e Curaçao. Confusões na sistemática desta espécie tornam incertos os demais
registros nos EUA (Righi & Kanner, 1979).
Os exemplares das espécies descritas para o estado de São Paulo estão
depositados no Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências, Universidade de
São Paulo. Há exemplares das espécies descritas por Erséus e por Harman & Loden
no Museum National d'Histoire Naturelle (MNHN), Paris, e em outros museus.
HIRUDINEA
Não há registros recentes sobre o número de espécies de hirudíneos marinhos,
entretanto, esse deve ser ligeiramente superior a sessenta
Para o Brasil são conhecidas 3 espécies da família Piscicolidae (Weber, 1915;
Pinto, 1923; Cordero, 1937; Ringuelet, 1943) e 1 espécie da Família Ozobranchidae
(Schlenz, 1971).
É impossível afirmar qualquer coisa relativa a endemismo, espécies invasoras e
introduzidas ou ameaçadas quando se sabe tão pouco sobre esse grupo de animais
marinhos. O mesmo se aplica para as eventuais estratégias de preservação.
TARDIGRADA
Existe registro de 136 espécies de Tardigrada marinhos no mundo, no Brasil
existe registro de 6 espécies.
O número de referências bibliográficas encontradas para tardígrado é muito
limitado: Marcus, (1946); Marcus, E. du B.-R. (1952); Hõfling-Epiphanio (1972);
Medeiros (1987); Corrêa (1987); Renaud-Mornant (1990).
Estudos meiofaunísticos realizados em Pernambuco pela Profa. Dra. Verônica da
Fonsêca-Genevois e sua equipe forneceram material que foi descrito por.
a não ser por alguns registros de ocorrência de exemplares do filo em amostragens
realizadas em estudos de meiofauna. A despeito da possibilidade de existir uma grande
diversidade de Tardigrada no nosso litoral.
O maior número de registros do grupo foi feito para São Paulo, principalmente
da zona entremarés e infralitoral, como também na zona das cracas. Encontramos
também registros para os estados de Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro.
30
Trabalho de densidade por Medeiros (1987), em estudo sobre meiofauna realizado
na Praia Grande, SP.
No Brasil não existe material-tipo das espécies descritas e nem coleções de
Tardigrada.
SUBFILO UNIRAMIA
Existem cerca de 300 espécies marinhas no mundo, das quais cerca de
45 compõem a família Gerridae - exclusivamente neustônica. Não há registros
de espécies de Miriápodos marinhos descritos em ambientes da costa brasileira.
CHELICERIFORMES
Existem 65.000 espécies viventes de Cheliceriformes (bentônicas?). No
Brasil existem 70 espécies marinhas registradas. Quantas bentônicas? Um dos primeiros trabalhos relativos a queliceriformes bentônicos brasileiros
datam da década de 20, e trata-se um registro de uma espécie de aranha encontrada
na Praía de Icaraí (RJ) de Vellar (1924).
A literatura sobre pantópodos brasileiros é relativamente extensa. Na década de
40 Marcus deu um grande impulso a sistemática do grupo, publicando um conjunto de
trabalhos sobre os Pantopoda (Marcus, 1940a, b, c). Outros autores também
realizaram trabalhos sobre o grupo (Sawaya, 1941, 1945, 1947; Corrêa, 1948; Mello-
Leitão, 1945, 1946, 1949a,b e Hedgpeth, 1943, 1948). Na década seguinte
encontramos, ainda, os trabalhos de Sawaya (1951, 1952), Marcus (1952) e Mello-
Leitão (1955) Stock (1955). Na década de 60 se resume aos trabalhos de Marcus &
Marcus (1962) e Zilberberg (1963) e Forneris (1969) e Stock (1966). Outros trabalhos
realizados sobre pignogonida foram produzidos por: Zago (1970); Varoli {1981, 1996);
31
Ribeiro et al. (1982); Masunari (1983a); Coelho & Calábria (1983); Stock (1974, 1979
1986b, 1992); Varoli (1994); Montouchet (1979); Masunari, (1983b); Jacobi (1987);
Nalesso et al. (1995) e Duarte & Nalesso (1996).
No que diz respeito aos Pycnogonida existem registros de espécies coletadas
nas diversa regiões do país. Os registros incluem material provenientes da plataforma
brasileira, bem como de costões entremarés, bancos de mexilhão e fital.
Em relação à ordem Acarina são encontrados numerosos trabalhos: Biasi
(1964b); André & Naudo (1965); Grandjean (1968); André & Naudo (1965); Grandjean
(1968); Masunari (1983a) e Medeiros (1987). Nestes, no entanto, as espécies são
tratadas a nível de ordem.
No Estado de São Paulo, existem registros para ambientes de costão e
meiofauna de praias arenosas. Existem ainda registros para o litoral da Bahia e Foz do
Rio Amazonas.
Não existem registros para Pseudoscorpionida no Brasil.
Não existem dados sobre espécies de profundidades, espécies endêmicas ou
introduzidas.
No Brasil, existem exemplares depositados no Museu de Zoologia e no
Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (USP); no Museu Paranaense,
no Museu Nacional; no Instituto Oswaldo Cruz.
COPEPODA
Existem cerca de 10.000 espécies marinhas, estuarinas e dulcícolas. No Brasil,
foram registrados 434 táxons marinhos e estuarinos. Cerca da metade das espécies
conhecidas vive em associação com outros filos animais aquáticos. Bentônicas?
O estudo dos copépodes brasileiros teve início com as grandes expedições
oceanográficas do final do século passado. Os primeiros trabalhos publicados sobre
copépodes planctônicos costeiros e neríticos do Rio de Janeiro e São Paulo datam da
década de 40. A diversidade dos copépodes bentônicos marinhos, no entanto, é pouco
conhecida.
Os harpacticóides psâmicos e do fital dos estados de Santa Catarina, Paraná,
São Paulo e Pernambuco foram estudados principalmente nas décadas de 50 e 60, por
32
H. Jakobi e Rouch. Campaner (1977, 1978a, b, 1979) e Alvarez (1984, 1985a, b, c,
1986) descreveram 14 espécies de Calanóides e misofrióides epibênticos do sul e
sudeste do Brasil, em profundidades variando de aproximadamente 100 a 1.100m.
Descrições de ciclopóides bentônicos brasileiros forma feitas do por Herbst (1955).
Subseqüentemente, várias outras espécies foram descritas ou registradas nos estados
de Sergipe, Bahia e São Paulo (Rocha & Botelho, 1997). Copépodos parasitos foram
estudados por Carvalho (1940 e 1962) e Dias (1996).
As três ordens restantes de Copepoda (Platycopioida, Mormonilloida e
Gelyelloida) nunca foram registradas no Brasil.
Copépodos bentônicos brasileiros tem sido principalmente estudados em
ambientes no fital, estuarinos-lagunares, em produndidades variando de até cerca de
1000 m. Estes animais são principalmente citados para São Paulo, Rio de Janeiro,
Santa Catarina, Paraná, Sergipe e Bahia.
Ao contrário das espécies planctônicas, os copépodos bentônicos e associados
a outros organismos apresentam distribuição mais restritas, muito provavelmente
devido à falta de conhecimento que se tem sobre elas.
Existem alguns poucos registros de espécies planctônicas introduzidas,
especialmente em tanques de cultivos de outros animais comerciais. Não temos
conhecimento, porém de nenhuma espécie de copépodos bentônicos introduzida ou
ameaçada de extinção, supõe-se que a poluição por despejo de esgotos domésticos e
industriais sem tratamento e os derramamentos de petróleo em áreas portuárias
estejam alterando a composição específica de copépodes bentônicos, principalmente
os do intersticial de praias arenosas.
Existem exemplares de copépodos bentônicos na coleção de Crustacea do
Museu de Zoologia da USP, como também na coleção do Departamento de Zoologia do
Instituto de Biociências da USP.
MYSTACOCARIDA
Existem apenas 9 espécies descritas para o mundo. No Brasil, existem registros
de 3 espécies brasileiras.
33
As espécies conhecidas para a costa brasileira foram descritas nos trabalhos de
Renaud-Mornand (1976; 1978-1979). É provável que 2 destas espécies sejam
endêmicas, uma vez que não foram na listagem mundial fornecida por Zinn (1986) Não
temos conhecimento de nenhuma espécie de mystacocarida introduzida ou ameaçada
de extinção. Os tipos da espécies brasileiras encontram-se depositadas em museus no
estrangeiro.
BRANCHIURA
Existem cerca de 130 espécies de Branchiura incluindo espécies marinhas,
estuarina e dulcícolas. No Brasil, não há registro de espécies marinhas.
A literatura sobre os representantes brasileiros da subclasse Branchiura não é
extensa e foi compilada por Castro (1981, 1985) e Malta (1997). As publicações sobre
espécies brasileiras encontradas são trabalhos sistemáticos e sobre a relação
hospedeiro-parasito de branquiúros de água doce.
THECOSTRACA
No mundo existem cerca de 900 espécies de Thecostraca bentônicos e
epiparasitos. No Brasil, existe registro de 78 espécies.
Os trabalhos mais antigos sobre Thecostracos brasileiros enfocavam áreas
restritas da costa brasileira. Trabalhos recentes de Young (1984, 1995 e 1997),no
entanto, tratam de organismos de toda a costa brasileira.
Nos trabalhos mencionados, existem registros de animais da zona supralitoral
até profundidades além da plataforma continental. Para o grupo existem estudos de
distribuição espacial e correlação espécie-habitat. Há pouca informação sobre a fauna
de cirripédios de águas profundas (80 a l.000 m). A maior riqueza de espécies ocorre
entre 20° e 30° S.
Existe registro de 5 espécies endêmicas para a costa brasileira: Ascoscalpellum
boubalocerus Young, 1992; Litoscalpellum benriquecostai (Weber, 1960); Chthamalus
bisinuatus Pilsbry, 1916; Fistulobalanus citerosum (Henry, 1974) e Megabalanus
vesiculosus Darwin, 1854.
34
Como espécies introduzidas na costa brasileira são reconhecidas (Young, 1995):
Balanus reticulatus Utinomi, 1967; em Recife e Baía de Todos os Santos; Chirona
amaryllis (Darwin, 1854), uma espécie associada a cnidários, foi introduzida do Indo-
Pacífico ocidental no litoral do Piauí, Pernambuco e Bahia; Megabalanus coccopoma
(Darwin, 1854) é uma espécie introduzida do Pacífico norte oriental no litoral sul e sudeste
brasileiro.
Young (1995) acredita ainda que Balanus eburneus Gould, 1841, tenha sido
introduzida em baías portuárias poluídas do leste e sudeste brasileiro e que as
espécies cosmopolitas ou circunglobais, Balanus trigonus Darwin, 1854, B. improvisus
Darwin, 1854, B. amphitrite Darwin, 1854 e Megabalanus tintinnabulum (L. 1758),
teriam sido trazidas involuntariamente pelo homem, já há muito tempo.
Este grupo pode ser encontrado em coleções de diversas instituições nacionais,
especialmente no Museu Nacional do Rio de Janeiro (UFRJ).
TANTULOCARIDA
Existem 24 espécies em todo o mundo, não havendo registros para o Brasil.
Uma vez que estes animais estão distribuídos em todos os oceanos, em
profundidades além de 300 m e que existem prováveis hospedeiros nos mares do
Brasil, é possível que venham a ser detectados na costa brasileira.
PERACARIDA
Existem 11.400 espécies no mundo incluindo Mictacea e Spelaeogriphaceae
(dulcícolas) e isópodos terrestres. Existem cerca de 500 espécies no Brasil, foram
catalogadas 464 marinhas bentônicas.
Os registros iniciais de Peracáridos da costa brasileira provêm da primeiras
expedições oceanográficas estrangeira que coletaram material na costa brasileira:
"U.S. Exploring Expedition" (1838-1842), "Plankton Expediton der Humboldt-Stiftung"
(1889); a "British Antarctic Expedition (Terra Nova)" (1910). A partir da década de 40
pesquisadores brasileiros como Oliveira (1940); Mello-Leitão (1941) e Lemos de Castro
35
( 1960) abordaram espécies de isopoda, anfípoda e tanaidacea marinhos bentônicos.
Os cumáceos foram, posteriormente, listados por Brum (1966, 1970, 1971).
Pesquisas mais recentes foram realizadas por Pires (1977a, b, 1980, 1982,
1987, 1996); Tararam et al., 1978; Tararam & Wakabara (1981); Masunari (1980, 1983);
Santos (1992); Wakabara et al. (1988); Roccatagliata (1985, 1986).
Pires (1997) considera que o grupos Amphipoda e Isopoda apresentam espécies
com ampla distribuição geográfica, indicando a grande capacidade destes animais de
colonizar os mais diversos ambientes e que ocorram espécies endêmicas dentre os
Cumacea, sem contudo listá-las.
Existe uma coleção de Isopodos marinhos depositada no Museu de Zoologia
(USP).
DECAPODA
Foram catalogados 801 espécies de decápodos marinhos bentônicos para o
Brasil.
Os primeiros estudos de decápodos brasileiros foram realizados Moreira (1901),
com a publicação dos "Crustáceos do Brasil". A partir da década de 60, merecem
destaque os levantamentos faunísticos realizados por: Forest & Saint Laurent (1967);
Coelho ?????Coelho & Ramos (1972); Fausto-Filho (1966, 1967, 1968, 1970. 1975);
Christoffersen (1979, 1982) e Melo (1985, 1996), versando sobre grupos particulares.
Mais recentemente, estudo de determinadas famílias e gêneros foram realizadas por:
Melo-Filho (1992, 1997); Calado (1995); D'Incao (1995) e Veloso (1996); Pita et al.
(1985). Dentre os levantamentos faunísticos e ecológicos mais recentes podem ser
citados: Gouvêa (1986a, b); Hebling & Rieger (1986}; Hebling et al. (1994); Branco
(1990); Fransozo et al. (1992); Pires-Vanin (1992); Cobo et al. (1993) e Santos et al.
(1994).
Foram estudados até o momento decápodos de toda a costa brasileira e de
todos os ambientes até os limites da plataforma. Isso não implica, no entanto, em um
completo entendimento dos padrões de biodiversidade dos decápodos brasileiros.
Mesmo em se considerando as regiões melhor levantadas (NE e SE), ainda restam
realizar levantamentos de habitats crípticos litorâneos e de grandes profundidades. Nas
36
demais regiões, os levantamentos são pontuais ou direcionados a espécies
economicamente exploradas.
Para o grupo existem grande número de estudo biogeográficos, de distribuição
espacial e correlação espécie-habitat.
Considerando que estes animais têm seus padrões de dispersão ligados a fase
de vida planctônica. Não existem muitas espécies com seus ciclos de vida
completamente conhecidos.
Tais estudos estão dirigidos aos aspectos do desenvolvimento larval (Fransozo &
Negreiros-Fransozo, 1997) e juvenil (Fransozo & Negreiros-Fransozo, 1987); da
reprodução (Santos & Negreiros-Fransozo, 1996); do crescimento (Pinheiro &
Fransozo, 1993); da distribüição ecológica {Mantelatto et al., 1995).
Existem coleções de decápodos no Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo; no Departamento de Oceanografia da UFPE; no Museu Nacional do Rio de
Janeiro. Além de outras de menor porte em Instituições da costa brasileira. Alguns
pesquisadores que trabalham com o grupo mantêm pequenas coleções de referência.
PHORONIDA
O número total de espécies de Phoronida no mundo é de 16 ; sendo que existem
4 ocorrem no Brasil.
A primeira referência, o primeiro registro e a primeira descrição de foronida no
Brasil foi feita por Marcus (1949). Outros trabalhos onde são encontradas registros do
grupo são: Forneris (1959, 1969, 1987); Nonato & Petti (1996).
No Brasil, encontramos referências apenas ao Estado de São Paulo,
especialmente em ambientes entremarés e poucos locais do sublitoral. As espécies
encontradas até o momento são de ampla distribuição. Não existem registros de
endemismos e há dúvida se as espécies encontradas são autóctones. A ocorrência de
espécies introduzidas é provável, uma vez que são espécies inscrustantes. Não
existem coleções do grupo no País, devendo existir alguns espécimes no Instituto
Oceanográfico de São Paulo.
37
ENTOPROCTA
São encontradas aproximadamente 150 espécies no mundo e 10 espécies no
Brasil.
Com exceção de Forneris (1964), as demais referências encontradas sobre
Entoprocta da costa brasileira são trabalhos realizados por Marcus (1937, 1938, 1939,
1941a, 1941b, 1949, 1955) e Marcus & Marcus (1968).
A espécies encontradas são oriundas do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e
Espírito Santo, geralmente de águas rasas (até 20 m).
Dentre estas espécies, é possível que as 3 espécies novas, descritas por
Marcus, sejam endêmicas. Não temos conhecimento de nenhuma espécie de
introduzida ou ameaçada de extinção. A ocorrência de espécies introduzidas, no
entanto, é provável, uma vez que são espécies inscrustantes. Não existem coleções do
grupo no País. Os tipos da espécies brasileiras encontram-se depositadas em museus
no exterior.
BRYOZOA
São encontradas aproximadamente 5.500 espécies no mundo e 284 espécies no
Brasil.
Dentre os mais antigos trabalhos que versam sobre o registro de espécies de
briozoários brasileiros, assim como sua biologia destacam-se: d'Orbigny (1847); Ridley
(1881); Kirkpatrick (1890); Meissner (1893); Gliesch (1925); Canu & Bassler (1928);
Guimarães & Rosa (1941); Marcus (1937, 1938a, b, 1939, 1941a, b, c, 1942a, b, 1944,
1949, 1955); Marcus & Marcus (1962); Luederwaldt (1929); Sawaya (1943), Corrêa
(1948); Villela (1948a, b); Forneris (1964); Braga (1967, 1968); Barbosa (1970); Buge
(1974, 1979). Estudos ecológicos mais recentes, revelaram a ocorrência de briozoários
entre os organismo encontrados (Morgado, 1980), Rocha (1993, 1995).
As espécies brasileiras, até o momento registradas, foram encontradas nos
estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, geralmente da zona entremarés até 20
metros de profundidade, habitando associadas a conchas e algas.
Não foram realizados estudos populacionais ou mesmo, levantamentos
atualizados das espécies brasileiras. Assim não existem registros sobre espécies
38
ameaçadas de extinção, invasões e introduções. A ameaça sobre algumas espécies
sensíveis pode ocorrer na medida em que os hábitats sejam perturbados.
Não existem coleções brasileiras de Briozoa. Os tipos das espécies brasileiras
também não se encontram depositadas em museus no exterior.
BRACHIOPODA
São encontradas 355 espécies, exclusivamente marinhas e bentônicas, no
globo. Somente 2 espécies, registradas para o Espírito Santo e Rio de Janeiro,
estão descritas para o Brasil e uma terceira ainda não descrita para a enseada
do Flamengo (Nonato & Petti, 1996).
ECHINODERMATA
Existem 7.000 espécies marinhas e estuarinas registradas no mundo e
329 no Brasil, somente 206 foram por nós catalogadas. O primeiro trabalho sobre os Echinodermata brasileiros foi a "História Natural do
Brasil (Marcgrave, 1942). Entre os trabalhos sobre espécies de Echinodermata
brasileiros destacam-se: Lütken (1864), Lyman (1875, 1878,1882),Verrill (1868),
Rathbun (1878, 1879), Ludwig (1881, 1882), Ihering (1897); Sluiter (1910), Luederwaldt
& Fonseca (1923), Luederwaldt (1929a, b),Oliveira (1949, 1950, 1951), Krau (1950),
Ancona Lopez & Sawaya (1955), Ancona Lopez (1957, 1964); Deichmann (1963),
Tommasi (1957, 1958a, 1959, 1963, 1964a, b1965a, b, c, 1966a, 1967a, 1967b, 1969a,
b, c, 1970a,b, 1971 a, 1971 b c, d 1972, 19741985), Oliveira (1940), Krau (1954), Brito
(1960, 1962, 1971), Buckup & Thomé (1962), Lima-Verde (1969), Tommasi & Lima-
Verde (1970), Nunes (1975), Tommasi & Abreu (1974), Tommasi & Hecht (1988),
Tommasi & Oliveira (1976), Camargo (1982),Avila-Pires (1983); Albuquerque
(1986),Tommasi & Aron (1988), Tommasi et al., (1988a, b); Clark & Downey (1992) e
Hendler et a1. (1995) .Tommasi (1970c), Boffi (1972), e Monteiro (1987, 1990a, b,
1992, 1993), Tommasi (1958b, 1962, 1964c) e Giordano (1986), sobre Echinoidea; e
Ancona Lopez (1957, 1962, 1963, 1965), Hadel (1997), Hadel et al. (1998) e Tiago
(1998) Tommasi et al. (1998).
39
A comparação do número de espécies registradas no mundo e no Brasil mostra
uma baixa ocorrência do grupo no nosso litoral, refletindo, provavelmente, uma falha no
conhecimento da distribuição e ocorrência destes animais na costa brasileira.
No estado de São Paulo, a fauna de Crinoidea, Echinoidea e Asteroidea
apresenta uma distribuição batimétrica com uma nítida área de mudança faunística
entre as isóbatas de 50 e 100m de profundidade, delimitando dois conjuntos de
espécies: o da plataforma interior (do mediolitoral até 50-100m de profundidade) e o da
plataforma exterior (de 50-100m até a borda da plataforma continental).
A maioria dos Ophiuroidea estudados na costa paulista foi amostrada no Litoral
Norte, em profundidades menores que 300m, com apenas algumas espécies coletadas
até cerca de 600m
Com relação aos ambientes, são poucas as informaçõés disponíveis, uma vez
que poucos estudos foram realizados focalizando apenas os Ophiuroidea. Além disso,
muitos dos projetos desenvolvidos não analisaram fatores ambientais com os quais a
ocorrência das diferentes espécies pudesse ser relacionada.
Os Holothuroidea constituem a classe menos estudada entre os Echinodermata
do Atlântico Sul-Ocidental , particularmente as espécies de grandes profundidades.
Embora a maior diversidade seja encontrada em águas tropicais rasas, apenas umas
poucas espécies das Ordens Aspidochirotida e Apodida têm sido estudadas nestes
ambientes. Quanto às poucas espécies de Holothuroidea do estado de São Paulo, a
maioria está representada por espécies da região entremarés e por algumas que
chegam a 65m de profundidade.
Existem coleções de Echinodermata no Instituto Oceanográfico e no Museu de
Zoologia da USP. Desconhecemos a existência de outras coleções no País. O estado
de São Paulo conta, atualmente, com apenas três instituições que abrigam coleções
parciais deste filo. No Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da UNESP,
campus de São José do Rio Preto, encontra-se depositada uma interessante coleção
de ofiuróides, com espécies amostradas no Brasil e em outras regiões do mundo.
HEMICHORDATA
Existem 90 espécies no mundo e 7 no Brasil.
40
Spengel (1893) iniciou o estudo do grupo no Brasil, pela descrição de
Balanoglossus gigas, com material oriundo de Santa Catarina (Müller, 1898), e de
Schizocardium brasiliensis, proveniente do Rio de Janeiro.
Os registros dessas espécies foram, posteriormente expandidos para outras
localidades da costa de São Paulo (Sawaya, 1950, 1951; Petersen, 1987; Nonato &
Petti, 1996) e Rio de Janeiro (Petersen, 1987). Outros trabalhos sobre Hemichordata
são os de Sawaya (1964)Sawaya & Forneris (1953); Bjôrnberg (1959 Burdon Jones &
Petersen (1964) e Petersen (1965, 1987) sob o nome Willeya loya, Petersen & Ditadi
(1967, 1971) em São Sebastião.
As espécies brasileiras foram estudadas em Santa Catarina, São Paulo e Rio de
Janeiro, todas em região entremarés ou águas rasas de praias abrigadas. Não foram
realizados estudos populacionais dessas espécies, embora sejam conhecidos dados
sobre estágios larvais Bjõrnberg (1953, 1955. Assim não existem registros sobre espécies
ameaçadas de extinção, invasões e introduções. É possível que as espécies
encontradas em praias atualmente muito perturbadas, como a do Araçá - SP (Belúcio,
1995) sofram declínio consideráveis em suas populações.
Atualmente, não há, no Brasil, pesquisadores trabalhando com o grupo nem
coleções organizadas. As lâminas histológicas que serviram de base para a descrição
de W. loya encontram-se depositadas no Departamento de Ecologia Geral do Instituto
de Biociências da Universidade de São Paulo.
SUBFILO UROCHORDATA
Existem cerca de 2.600 espécies descritas no mundo e 100 espécies
brasileiras. As primeiras referências sobre Ascidias na costa brasileira estão relacionadas a
expedições oceanograficas do final do século XVIII (Gould, 1852; Herdman, 1880,
1886). Dentre os trabalhos que mencionam espécies de Ascídias estão: Traustedt,
1882, 1883; Michaelsen, 1907, 1923; Hartmeyer, 1912 de Van Name (1945 Moure et al.
(1954), Bjõrnberg (1956),,. Millar (1958, 1961, 1977), Rodrigues (1962, 1964, l966,
1977), Monniot (1969/70), Simões (1981), Aron & Sole ` Cava (1991), Rocha & Monniot
41
( 93, 1995), Rodrigues & Rocha (1993) e Lotufo (1997). Eston et al. (1986); Souza
(1989); Rocha {1993, 1995) e Nogueira (1995)
Estudos abordando aspectos essencialmente ecológicos de ascídias no Brasil
foram realizados por Rocha (1988, 1991, 1993, 1995) e por Lotufo (1997)..
Os levantamentos mais relevantes e completos foram feitos para o estado de
São Paulo.
Entretanto, já foram coletados vários exemplares que estão atualmente em processo
de identificação ou descrição, e algumas regiões ainda não foram exaustivamente
estudadas, como as ilhas costeiras e locais com profundidades superiores a 10m.
O grau de endemismo do estado de São Paulo é aparentemente baixo
(aproximadamente 10%) podendo, no entanto, aumentar ou diminuir, em função de
como evoluírem os critérios de delimitação específica e do incremento de estudos em
outras regiões do Brasil. A fauna brasileira, de maneira geral, é bastante similar à fauna
caribenha, isto é, trata-se de uma fauna essencialinente tropical.
Quanto à presença de espécies invasoras ou introduzidas, constata-se que o
número de espécies coloniais presentes no canal de São Sebastião (Rodrigues &
Rocha, 1993; Rocha & Monniot, 1995) é bem maior atualmente do que há 30 anos
(Rodrigues, 1962). Comparando os dados de Lotufo (1997) com os de Millar (1958) e
Rodrigues (1962), percebe-se também um aumento na Baía de Santos. Por outro lado,
algumas espécies de ascídias simples tornaram-se raras ou desapareceram destes
locais.
O aparecimento de espécies exóticas em muitos portos é um fenômeno mundial
(Monniot et al., 1991). Ascídias crescem com facilidade em cascos de navios que não
tenham sido recentemente pintados; muitas espécies são tolerantes a poluentes e a
variações de salinidade e temperatura. Leve-se em conta ainda que o ambiente
portuário apresenta águas ricas em detritos orgânicos e bactérias, favorecendo o
desenvolvimento de organismos filtradores. Por outro lado, ascídias são sensíveis tanto
às baixas salinidades como à quantidade de partículas em suspensão na água. e,
portanto, estarão ameaçadas por alterações ambientais desta natureza. Atualmente
não é possível identificar espécies ameaçadas de extinção, devido à escassez de
dados que indiquem as flutuações naturais das populações.
A principal coleção do grupo está depositada no Departamento de Ecologia
Geral do Instituto de Biociências da USP, onde Sérgio de Almeida Rodrigues tinha o
42
seu grupo de trabalho estabelecido. A coleção conta com espécies coletadas no Brasil
inteiro, além de outras, trazidas do exterior.
No Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, encontram-se
depositados alguns tipos. No Departamento de Zoologia da Universidade Federal do
Paraná existe uma coleção, sob a responsabilidade de Rosana Moreira da Rocha,
com material proveniente principalmente de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Nenhuma destas coleções se encontra atualmente informatizada.
Recentemente, foi elaborado um guia ilustrado para a identificação das
espécies do litoral paulista (Rodrigues et al., 1998b).
Uma lista das espécies reportadas para a costa do estado de São Paulo
encontra-se disponível em Rodrigues et. al. (1998a).
Em relação aos ambientes pouco estudados no estado de São Paulo, um
esforço de coleta deveria ser direcionado a fundos rochosos com profundidades
maiores que 10m, principalmente nas ilhas costeiras, e a fundos moles de todas as
profundidades.
CEPHALOCHORDATA
Existem 25 espécies registrada para o mundo e 2 para o Brasil.
43
VI.3. QUANTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO
O esforço de catalogação resultou em 4397 espécies bentônicas
encontradas na costa brasileira, sendo 1954 gêneros e 627 famílias (figura 5).
Pelo grande número de dados catalogados, no entanto, este número pode ser
considerado conservador em relação ao número real de espécies que devem
existir no Bentos brasileiro. Alguns grupos estão claramente mais bem
estudados que os demais, p. Ex. Crustáceos Decápodos e Mollusca. No entanto,
em função da alta riqueza de espécies deste grupos, muito ainda resta a fazer. Na área marinha, as espécies utilizadas como alimento e ambientes rasos e litorâneos
são mais bem estudadas que as de maiores profundidades.
Figura 5 – Número de espécies catalogadas por grupo.
O número exato de espécies de organismos permanece ainda desconhecido em
nível mundial. Há notáveis diferenças entre os números que somam as espécies já
descritas e atualmente entendidas como válidas. Além disso, a ignorância da
diversidade existente parece aumentar conforme diminui o tamanho dos organismos. As coletas de material foram realizadas de maneira pontual, ou seja, ao acaso
no tempo e no espaço (Figura 6), mas é possível destacar a influências das instituições
no número de espécies obtido por região. Há muito mais coletas realizadas nas regiões
central e sul, do que nas demais do país.
Nº de Espécies Catalogadas por Grupo
0
200
400
600
800
1000
Mollus
ca, G
astro
poda
Anneli
da, P
olych
aeta
Crustac
ea, A
mphipo
da
Echino
derm
ata, O
phiur
oidea
Porifer
a, Dem
ospo
ngiae
Crustac
ea, C
opep
oda,
Harpac
ticoid
a
Crustac
ea, T
heco
strac
a
Mollus
ca, P
olypla
coph
ora
Crustac
ea, S
tomato
poda
Echino
derm
ata, H
olothu
roide
a
Crustac
ea, C
opep
oda,
Cyclop
oida
Crustac
ea, M
ysida
cea
ni/ne
Pantop
oda
Briozo
a
Echiur
a
Porifer
a, Calc
area
Mollus
ca, C
epha
lopod
a
Crustac
ea, M
ystac
ocari
da
Crustac
ea, S
ynca
rida
Crustac
ea, B
ranch
iopod
a
Crustac
ea, C
ladoc
era
Nemato
da
Cepha
locho
rdata
Crustac
ea, C
opep
oda,
Siphon
ostom
atoida
Crustac
ea,Tan
aidac
ea
Platyh
elmint
hos,
Turbell
aria
Tardigr
ada
44
No entanto, tenho ressalvas, na qualidade de coordenador da especialidade,
quanto à aplicabilidade de extensas listagens de espécies ou mesmo de uma boa parte
dos dados primários, disponíveis ou efetivamente fornecidos,
Figura 6 – Número de espécies catalogadas por região geográfica.
VI.4. LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES CHAVE (RARAS, ENDÊMICAS, INTRODUZIDAS, ETC);
Os dados de endemismo são de difícil catalogação, no entanto, foi
possível listar as seguinte espécies citadas endêmicas do Brasil. Estes dados
devem ainda ser confrontados com os dados de registros para a costa brasileira.
Leucozonia ponderosa Vermeij & Snyder, 1998
Mithrodia victoriae Bell, 1822
Ophiosciasma attenuatum Lyman, 1878
Agaronia travassosi Morretes, 1938
Anachis fenneli Radwin, 1968
Artacama benedeni Kinberg, 1866
Asaphis deflorata (Linnaeus, 1758)
Bullata bullata (Born, 1778)
Bullata largillierti (Kiener, 1834)
24112299
1855
966
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
LE S NE N
45
Chicoreus carolynae Vokes, 1990
Chicoreus tenuivaricosus (Dautzenberg, 1927)
Collisella marcusi (Righi, 1966)
Collisella noronhensis (E. A. Smith, 1890)
Conella ledaluciae (Rios & Tostes, 1981)
Conus archetypus brasiliensis Clench, 1942
Conus clerii Reeve, 1844
Cyphoma macumba Petuch, 1979
Dentimargo janeiroensis (E. A. Smith, 1915)
Fissurella emmanuelae Métivier, 1970
Fusinus brasiliensis (Grabau, 1904)
Glycymeris tellinaeformis (Reeve, 1843)
Lepton cema (Narchi, 1966)
Limaria albicoma (Dall, 1886)
Lysilla pacifica Hessle, 1917
Lyssila loveni Malmgren, 1865
Malea noronhensis Kempf & Matthews, 1969
Melanella ephamilla (Watson, 1883)
Miltha childrenae (Gray, 1825)
Octobranchus longipes Blankensteyn & Lana 1987
Odontocymbiola americana (Reeve, 1856)
Olivella defiorei Klappenbach, 1964
Orthoyoldia scapania (Dall, 1889)
Terebellides anguicomus F. Muller, 1858
Terebellides koreni Hansen, 1882
Terebellides stroemi Sars, 1835
Terebra riosi Bratcher & Cernohorsky, 1985
Trichobranchus lobiungens Hessle, 1917
Voluta ebraea Linnaeus, 1758
Fusinus strigatus (Philippi, 1851)
Chasmagnathus granulata Dana, 1851
Xestospongia grayi (Hechtel, 1983)
Astraea latispina (Philippi, 1844)
46
Marginella fulminata (Kiener, 1841)
Turbinella laevigata Anton, 1839
Lophogorgia violacea (Pallas, 1766)
Morum matthewsi Emerson, 1967
Strombus gallus Linnaeus, 1758
Turbinella laevigata Anton, 1839
Strombus goliath Schroter, 1805
Voluta ebraea Linnaeus, 1758
VI.5. LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE PRESSÃO (INTERVENÇÃO) ANTRÓPICA NA COSTA BRASILEIRA;
No caso de organismos bentônicos inexistem listas de espécies
ameaçadas ou em declarado processo de extinção. Há, isto sim, ecossistemas
ameaçados ou já em franco processo de extinção. Algumas destas espécies,
como é o caso de Strombus goliath Schroter, 1805, vem sofrendo pressão de captura
constante em alguns estados da costa do Nordeste, merecem planos de estudo e
manejo urgente nas áreas de maior pressão.
Pressão antrópica
A degradação do meio ambiente costeiro e marinho ocorre em função de
poluição,a terro, dragagem, áreas portuárias, construção de estradas, etc.
De uso direto (extrativismo)
- coleta de moluscos,
- captura de crustáceos, principalmente de fêmeas, na época do defeso
Derivadas de uso indireto (ocupação social):
- Especulação imobiliária,
- Atividades portuárias,
- Adição de poluentes como óleos e metais pesados,
- Urbanização: geração de resíduos sólidos,
47
- Construção de estradas,
- Mergulho submarino
- O turismo desordenado vem descaracterizando a faixa litorânea, com a implantação
de condomínios, grandes empreendimentos hoteleiros e praias particulares além do
acúmulo de resíduos sólidos.
- coleta intensiva e seletiva sobre populações de uma espécie, geralmente com fins
ornamentais, alimentares ou para coleções.
- construção de portos, derrames de óleo, despejo de produtos, os quais causam
perda da biodiversidade local ou inversão de dominância das espécies presentes
em comunidades locais (Belúcio, 1995).
Em praias mais freqüentadas por banhistas, como as do sudeste brasileiro coletas
"esportivas" predatórias do caranguejo-fantasma Callichirus spp. (Crustacea,
Decapoda) "corrupto" pode causar danos a populações locais de moluscos.
A introdução de espécies exóticas através de transporte em casco de navios ou na
água de lastro, pode acarretar o desaparecimento de espécies nativas, através da
ocupação de seus nichos e o crescimento desenfreado da espécie invasora (Gould,
1993). O reconhecimento deste fenômeno é difícil pela deficiência de inventário da
fauna nacional e de sua dinâmica de população.
A impactação de praias de baixa energia, habitat onde estes organismos são
encontrados, pode representar uma ameaça às espécies conhecidas e desconhecidas
de nossa costa.
VI.6. Coleções
Não existe ainda no Brasil um levantamento adequado das coleções
existentes de organismos mortos (museus e herbários) e vivos. Também não se
conhece quais são as coleções destinadas apenas a estudo e quais as de
referência, pois ambas devem ser tratadas de modo diferente. As maiores e
melhores coleções são, em nosso país, de propriedade dos governos federal,
estadual e mesmo municipal.
Os centros (museus e herbários) atuais, que têm especialistas dedicados
ao levantamento da diversidade biológica, encontram-se, como regra geral, mal
48
equipados para a tarefa que vêm desempenhando. Neles, as áreas físicas
destinadas a alojar as coleções são precárias ou se encontram em precário
estado de conservação, a ponto de até colocar em risco a integridade de seus
acervos.
Um dos mecanismos mais tradicionais utilizados no mundo para a
conservação de biodiversidade é o estabelecimento de um sistema de unidades
de conservação, geralmente parques e reservas, acrescidos de áreas em outras
categorias de manejo, protegendo frações de ecossistemas naturais sem a
interferência do homem. Cerca de 130 países já criaram um total aproximado de
8.000 áreas protegidas, equivalentes a 3% da extensão territorial dos países
(WRI et al., 1992; McNeely, 1992; Noss, 1996a).
O Brasil possui hoje um sistema de unidades de conservação
relativamente extenso, com mais de 900 unidades de conservação (293
federais, 178 RPPNs e 451 estaduais), em várias categorias de manejo,
totalizando cerca de 70 milhões de hectares. Esse dado implica em que,
teoricamente, 8% do território nacional esteja hoje sob alguma forma de
proteção oficial (MMA, 1998). Considerando somente as unidades de
conservação de uso indireto, que em virtude das restrições de uso constituem-se
naquelas de maior relevância para a conservação da biodiversidade, menos de
3% da superfície do território brasileiro se encontra dedicado oficialmente a esse
objetivo (520 unidades, totalizando 22 milhões de hectares). Deve ser ressaltado
que essa fração reduzida não encontra-se distribuída segundo critérios de
representatividade ao longo das diferentes regiões biogeográficas, resultando
pois em grandes lacunas no sistema.
De modo geral o conhecimento do bentos dentro dessas unidades de
conservação é muito precário.
Estima-se que grande parte do país está fortemente modificada por efeito
antrópico, sendo que este processo é mais acentuado nos estados de SP, RJ,
PE e BA.
49
VII. RECOMENDAÇÕES
EXPANSÃO DOS LEVANTAMENTOS DAS ESPÉCIES PARA OS DEMAIS ESTADOS DA COSTA
BRASILEIRA:
Ciliata, Platyhelminthes - Turbellaria, Gastrotricha, Rotifera, Kinorhyncha,
Priapula, Nematoda, Nemertinea, Sipuncula, Echiura, Pogonophora, Annelida-
Polychaeta, Annelida-Oligochaeta, Copepoda, Peracarida, Entoprocta,
Echinodermata, Subfilo Urochordata
INTENSIFICAÇÃO DO LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES NOS ESTADOS MENOS ESTUDADOS DA
COSTA BRASILEIRA:
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Mystacocarida, Phoronida, Briozoa, Brachiopoda,
Hemichordata
MELHORAR O LEVANTAMENTO DE RAMOS DO GRUPOS COM MENOR REPRESENTAÇÃO NAS
COLEÇÕES EXISTENTES:
Porifera, Platyhelminthes
MELHORAR A DIFUSÃO DE TÉCNICAS MODERNAS DE COLETA E/OU FIXAÇÃO PARA O GRUPO:
Mesozoa, Porifera, Cnidaria, Gastrotricha, Pogonophora (águas profundas)
MELHORAR O ENTENDIMENTO DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DO GRUPO:
Porifera, Nematoda, Mollusca, Cheliceriformes, Peracarida, Phoronida, Briozoa,
Brachiopoda, Hemichordata, Subfilo Urochordata
EXPLORAR AMBIENTES MENOS CONHECIDOS COMO ESTUÁRIOS E MANGUEZAIS:
Ciliata, Porifera, Cnidaria, Nematoda, Subfilo Urochordata
MELHOR O ENTENDIMENTO DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DO GRUPO:
50
Ciliata, Porifera, Cnidaria, Mollusca, Pogonophora, Thecostraca, Decapoda,
Briozoa, Echinodermata, Subfilo Urochordata
ESTÍMULO À REALIZAÇÃO DE PESQUISAS DE CUNHO QUANTITATIVO EM TODAS AS REGIÕES DA
COSTA BRASILEIRA:
Ciliata, Porifera, Nematoda, Phoronida, Briozoa
PROVER RECURSOS PARA MANUTENÇÃO DAS COLEÇÕES EXISTENTES:
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Thecostraca
MELHORAR A INFRA-ESTRUTURA DAS COLEÇÕES E VIABILIZAR A INFORMATIZAÇÃO DAS
MESMAS:
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Decapoda, Echinodermata,
Subfilo Urochordata
PROVER RECURSOS PARA CRIAÇÃO DE COLEÇÕES:
Ciliata, Mesozoa (pelo menos uma), Gnasthostomulida (pelo menos uma),
Platyhelminthes, Kinorhyncha, Priapula, Nematoda, Nemertinea, Sipuncula,
Echiura, Annelida-Oligochaeta, Tardigrada, Mystacocarida, Phoronida,
Entoprocta, Briozoa, Brachiopoda, Hemichordata
FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS NA ÁREA DE CURADORIA:
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Decapoda, Briozoa, Subfilo
Urochordata
FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS NO TÁXON:
Para a Meiofauna: A preocupação atual e relevante com o estudo e manutenção
da biodiversidade, associada à situação do conhecimento sobre taxonomia da
meiofauna, por si também preocupante, nos permite apenas colocar em
51
evidência a real e urgente necessidade de formação de pesquisadores na área
de sistemática e solicitar à comunidade científica um maior empenho no sentido
de cobrar dos órgãos de fomento uma maior atuação através de políticas ou
programas de indução que permita um rápido desenvolvimento de nossos
conhecimentos na área de biodiversidade, em especial no meiobentos.
ESTIMULAR A FORMAÇÃO DE COLEÇÕES NAS DEMAIS ÁREAS GEOGRÁFICAS DO PAÍS E/OU O
INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES ENTRE INSTITUIÇÕES DE PESQUISA:
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Copepoda, Decapoda,
Echinodermata
FINANCIAMENTO DE PUBLICAÇÕES (DIAGNOSES, GUIAS, CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO) DOS
GRUPOS DO BENTOS:
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Nemertinea, Annelida-Polychaeta, Copepoda,
Decapoda, Echinodermata
INTERCÂMBIO DE CONHECIMENTOS INTERDISCIPLINARES, ENRIQUECENDO OS CONHECIMENTOS
DO FILO EM ÁREA COMO A FISIOLOGIA, QUÍMICA, GENÉTICA E FAMACOLOGIA, DE MODO A
POSSIBLITAR A UTILIZAÇÃO RACIONAL DA BIODIVERSIDADE EM BIOTECNOLOGIA ( APLICAÇÕES
INDUSTRIAIS, ALIMENTÍCIAS):
Porifera, Cnidaria, Mollusca, Decapoda
FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS NA ÁREA:
Ciliata, Mesozoa, Gnasthostomulida, , PRIAPULA, Nematoda, Nemertinea,
Sipuncula, Pogonophora, Annelida-Oligochaeta, Tardigrada, Cheliceriformes,
Mystacocarida, Phoronida
REALIZAR LEVANTAMENTOS MAIS CUIDADOSOS PARA DETECTAR A POSSÍVEL PRESENÇA DO
GRUPO NA COSTA BRASILEIRA:
52
Placozoa, Ctenophora, Gnasthostomulida, Platyhelminthes - Cestoides,
Acanthocephala, Loricifera, Chaetognata, Subfilo Uniramia, Branchiura,
Tantulocarida
ESFORÇOS PARA MELHORAR O ENTENDIMENTO DA SISTEMÁTICA DO GRUPO, AINDA EM ESTÁGIO
INCIPIENTE:
Cnidaria, Ctenophora, Gastrotricha, Rotifera, Tardigrada
INTEGRAR OS CONHECIMENTOS SOBRE OS CICLOS DE VIDA (FASE BENTÔNICA X PLANTÔNICA):
Cnidaria, Pogonophora, Decapoda
PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
Cnidaria, Mollusca, Decapoda
IMPLEMENTAÇÃO DE POLITICAS PÚBLICAS:
Cnidaria, Mollusca, Decapoda
Sipuncula, Echiura - destruição do habitat
Estudados apenas ocasionalmente - Hirudinea
CRIAÇÃO DE PROJETOS PRIORITÁRIOS PARA PESQUISA, CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL
DOS ECOSSISTEMAS MARINHOS BRASILEIROS.
CRIAÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA INVENTÁRIO BIOLÓGICO EM REGIÕES ONDE O
CONHECIMENTO DA BIOTA É INSATISFATÓRIO.
ESTUDO DA FAUNA ACOMPANHANTE DAS ESPÉCIES PESCADAS DEVIDO AO ELO EXISTENTE NA
CADEIA ALIMENTAR.
ESTUDO ECOLÓGICO E BIOLÓGICO DE ESPÉCIES EXPLORADAS COM MAIOR FREQÜÊNCIA.
53
ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UCS (UNIDADES DE CONSERVAÇÃO)
VIII. Indicativos
Muitas questões teriam e têm de ser equacionadas e resolvidas. Citando
algumas das mais importantes:
•desigualdade nos esforços aplicados para conservação dos principais biomas
brasileiros;
•acesso limitado à informação sobre diversidade biológica;
•participação limitada de comunidades locais e de ONGs, e do setor empresarial
nos projetos governamentais; e
•número limitado de parcerias entre setor público e privado visando à
sustentabilidade da diversidade biológica:
estudo do real status das espécies na costa brasileira:
IX. Bibliografia Consultada
LANA, P. Et al. 1996. O Bentos da costa brasileira. REVIZEE/MMA.
MIGOTTO, A.E. & TIAGO, C.G. (eds.). 1997. Biodiversidade do Estado de São Paulo: Síntese do Conhecimento do Século XX - 3: Invertebrados Marinhos. FAPESP, São Paulo, 310p.
RIOS, E. 1994. Seashells of Brazil. 2ª ed. Editora da FURG, Rio Grande, 344p.
pranchas 1-113
YOUNG, P.S. (ed.) 1998. Catalogue of Crustacea of Brazil. Série Livros 6.
Museu Nacional, Rio de Janeiro. 717p.
54
X. Referências Bibliográficas COULL, B. C. 1988. 3. Ecology of the marine meiofauna. In: R. P. Higgins & H. Thiel
(eds), Introduction to the marine meiofauna. Smithsonian Inst. Press.
Washington, DC. p. 18-38.
GIERE, O. 1993. Meiobenthology: the microscopic fauna in aquatic sediments. Springer-Verlag, Berlin, 328 pp.
BEZERRA, T. N. C., FONSÊCA-GENOVOIS, V. & GENOVOIS, B. 1996. Distribuição
horizontal e vertical da meiofauna em uma região tropical intermareal (Istimo de
Olinda – Pernambuco- Brasil). Trab. Oceanog. UFPR, Recife, 24: 249-264.
Agradecimentos: Agradeço aos que participaram da compilação e digitalizaçãoo de informações:
Biólogos Lúcia de Fátima Almeida; César França Braga; Walber Teixeira Paula;
Marcelo Cunha Bahia; Marcelo Menezes Rodrigues e Márcia Francineli B.
Cunha (Laboratório de Biologia/UFPA - Programa REVIZEE); assim como os
estudantes Mauro Renan P. Costa, Leidiane Santos; Michel Moraes, Kléber
Sousa, Maria Bentes, Rousemar Foro; Susana Bittencourt e Michelle Benício.