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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE
REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Izabelly Capilleacute Beloto
DOURADOS
2019
Izabelly Capilleacute Beloto
DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE
REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave
Faculdade de Engenharia da Universidade
Federal da Grande Dourados como requisito
para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em
Engenharia Civil
Orientaccedilatildeo Profordf Drordf Locircide Angelini Sobrinha
DOURADOS
2019
DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE REJEITOS DE MINERCcedilAtildeO
Izabelly Capilleacute Beloto1 Locircide Angelini Sobrinha2
izabellybeloto19gmailcom1 loidesobrinhaufgdedubr2
RESUMO ndash Este trabalho apresenta um breve diagnoacutestico da situaccedilatildeo do Rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem de rejeitos de mineacuterio do Coacuterrego do Feijatildeo em 25012019 Os dados de monitoramento utilizados para compor este diagnoacutestico foram obtidos do conjunto dos documentos do Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e SOS Mata Atlacircntica Analisou-se 5 paracircmetros de qualidade da aacutegua temperatura pH condutividade eleacutetrica oxigecircnio dissolvido e turbidez aleacutem da concentraccedilatildeo de metais na aacutegua A anaacutelise final dos dados obtidos demonstrou que as aacuteguas da Bacia do Rio Paraopeba encontram-se inapropriadas para o uso principalmente pelos altos niacuteveis de turbidez no periacuteodo de cheia Apesar dos niacuteveis de OD natildeo apresentarem desconformidade com os limites previstos pela legislaccedilatildeo este paracircmetro responde lentamente agraves cargas poluidoras Contudo a presenccedila de sedimentos e metais no leito do rio altera as condiccedilotildees baacutesicas de fluxo do rio responsaacuteveis pelos processos ecossistecircmicos Palavras-chave Qualidade da aacutegua rejeitos de mineraccedilatildeo Bacia do rio Paraopeba ABSTRACT ndash This paper presentes a brief diagnosis of the Paraopeba River situation after the rupture of the Feijatildeo Stream ore tailings dam on 01252019 The monitoring data used to composse this diagnosis were obtained from the set of documents from Mining Institute of water management Mineral Resources Research Company and SOS Mata Atlantica Five water quality parameters were analyzed temperature pH eletrical conductivity dissolved oxygen and turbidity as well as the concentration of metals in the water The final analysis of obtained data showed that the waters of the Paraopeba river basin are inappropriate for use especially due to the high levels of turbidity in the flood period Although the DO levels do not conform to the legal limits this parameter responds slowly to the polluting load However the presence of sediments and metals in the riverbed alters the basic conditions of river flow responsible for ecosystem processes Keywords Water quality mining tailings Paraopeba River Basin
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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1 INTRODUCcedilAtildeO
Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para
suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens
permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de
promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada
para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica
navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo
Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo
XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem
ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua
liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou
controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos
extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ
PORTO e PINHEIRO 2017)
Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos
de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes
contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem
oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua
Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos
hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil
O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade
(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para
os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar
(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os
anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio
(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no
aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras
circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ
et al 2015)
De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)
aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de
barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)
Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de
mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)
o uacuteltimo desastre ocorrido
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio
do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no
Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era
responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA
2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de
abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)
O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que
toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se
necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo
Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de
mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral
eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado
pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)
Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua
do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento
da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais
2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO
21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES
O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da
aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e
de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de
fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse
contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas
bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem
durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)
Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas
(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito
da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido
(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)
concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)
O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo
(21)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o
peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados
Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas
baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser
influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB
2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute
responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em
conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a
concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)
Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz
devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB
2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez
eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade
dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como
organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute
causada por metais pesados
Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e
soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica
em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os
organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)
Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas
de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico
ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro
importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na
precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais
importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de
organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua
sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando
encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)
Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de
espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua
nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos
constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao
analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Izabelly Capilleacute Beloto
DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE
REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave
Faculdade de Engenharia da Universidade
Federal da Grande Dourados como requisito
para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em
Engenharia Civil
Orientaccedilatildeo Profordf Drordf Locircide Angelini Sobrinha
DOURADOS
2019
DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE REJEITOS DE MINERCcedilAtildeO
Izabelly Capilleacute Beloto1 Locircide Angelini Sobrinha2
izabellybeloto19gmailcom1 loidesobrinhaufgdedubr2
RESUMO ndash Este trabalho apresenta um breve diagnoacutestico da situaccedilatildeo do Rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem de rejeitos de mineacuterio do Coacuterrego do Feijatildeo em 25012019 Os dados de monitoramento utilizados para compor este diagnoacutestico foram obtidos do conjunto dos documentos do Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e SOS Mata Atlacircntica Analisou-se 5 paracircmetros de qualidade da aacutegua temperatura pH condutividade eleacutetrica oxigecircnio dissolvido e turbidez aleacutem da concentraccedilatildeo de metais na aacutegua A anaacutelise final dos dados obtidos demonstrou que as aacuteguas da Bacia do Rio Paraopeba encontram-se inapropriadas para o uso principalmente pelos altos niacuteveis de turbidez no periacuteodo de cheia Apesar dos niacuteveis de OD natildeo apresentarem desconformidade com os limites previstos pela legislaccedilatildeo este paracircmetro responde lentamente agraves cargas poluidoras Contudo a presenccedila de sedimentos e metais no leito do rio altera as condiccedilotildees baacutesicas de fluxo do rio responsaacuteveis pelos processos ecossistecircmicos Palavras-chave Qualidade da aacutegua rejeitos de mineraccedilatildeo Bacia do rio Paraopeba ABSTRACT ndash This paper presentes a brief diagnosis of the Paraopeba River situation after the rupture of the Feijatildeo Stream ore tailings dam on 01252019 The monitoring data used to composse this diagnosis were obtained from the set of documents from Mining Institute of water management Mineral Resources Research Company and SOS Mata Atlantica Five water quality parameters were analyzed temperature pH eletrical conductivity dissolved oxygen and turbidity as well as the concentration of metals in the water The final analysis of obtained data showed that the waters of the Paraopeba river basin are inappropriate for use especially due to the high levels of turbidity in the flood period Although the DO levels do not conform to the legal limits this parameter responds slowly to the polluting load However the presence of sediments and metals in the riverbed alters the basic conditions of river flow responsible for ecosystem processes Keywords Water quality mining tailings Paraopeba River Basin
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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1 INTRODUCcedilAtildeO
Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para
suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens
permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de
promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada
para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica
navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo
Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo
XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem
ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua
liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou
controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos
extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ
PORTO e PINHEIRO 2017)
Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos
de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes
contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem
oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua
Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos
hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil
O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade
(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para
os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar
(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os
anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio
(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no
aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras
circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ
et al 2015)
De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)
aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de
barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)
Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de
mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)
o uacuteltimo desastre ocorrido
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
3
O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio
do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no
Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era
responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA
2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de
abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)
O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que
toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se
necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo
Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de
mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral
eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado
pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)
Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua
do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento
da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais
2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO
21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES
O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da
aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e
de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de
fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse
contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas
bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem
durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)
Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas
(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito
da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido
(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)
concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)
O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo
(21)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
4
Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o
peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados
Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas
baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser
influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB
2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute
responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em
conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a
concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)
Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz
devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB
2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez
eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade
dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como
organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute
causada por metais pesados
Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e
soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica
em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os
organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)
Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas
de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico
ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro
importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na
precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais
importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de
organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua
sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando
encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)
Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de
espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua
nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos
constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao
analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
5
ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
6
Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE REJEITOS DE MINERCcedilAtildeO
Izabelly Capilleacute Beloto1 Locircide Angelini Sobrinha2
izabellybeloto19gmailcom1 loidesobrinhaufgdedubr2
RESUMO ndash Este trabalho apresenta um breve diagnoacutestico da situaccedilatildeo do Rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem de rejeitos de mineacuterio do Coacuterrego do Feijatildeo em 25012019 Os dados de monitoramento utilizados para compor este diagnoacutestico foram obtidos do conjunto dos documentos do Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e SOS Mata Atlacircntica Analisou-se 5 paracircmetros de qualidade da aacutegua temperatura pH condutividade eleacutetrica oxigecircnio dissolvido e turbidez aleacutem da concentraccedilatildeo de metais na aacutegua A anaacutelise final dos dados obtidos demonstrou que as aacuteguas da Bacia do Rio Paraopeba encontram-se inapropriadas para o uso principalmente pelos altos niacuteveis de turbidez no periacuteodo de cheia Apesar dos niacuteveis de OD natildeo apresentarem desconformidade com os limites previstos pela legislaccedilatildeo este paracircmetro responde lentamente agraves cargas poluidoras Contudo a presenccedila de sedimentos e metais no leito do rio altera as condiccedilotildees baacutesicas de fluxo do rio responsaacuteveis pelos processos ecossistecircmicos Palavras-chave Qualidade da aacutegua rejeitos de mineraccedilatildeo Bacia do rio Paraopeba ABSTRACT ndash This paper presentes a brief diagnosis of the Paraopeba River situation after the rupture of the Feijatildeo Stream ore tailings dam on 01252019 The monitoring data used to composse this diagnosis were obtained from the set of documents from Mining Institute of water management Mineral Resources Research Company and SOS Mata Atlantica Five water quality parameters were analyzed temperature pH eletrical conductivity dissolved oxygen and turbidity as well as the concentration of metals in the water The final analysis of obtained data showed that the waters of the Paraopeba river basin are inappropriate for use especially due to the high levels of turbidity in the flood period Although the DO levels do not conform to the legal limits this parameter responds slowly to the polluting load However the presence of sediments and metals in the riverbed alters the basic conditions of river flow responsible for ecosystem processes Keywords Water quality mining tailings Paraopeba River Basin
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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1 INTRODUCcedilAtildeO
Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para
suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens
permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de
promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada
para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica
navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo
Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo
XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem
ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua
liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou
controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos
extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ
PORTO e PINHEIRO 2017)
Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos
de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes
contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem
oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua
Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos
hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil
O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade
(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para
os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar
(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os
anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio
(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no
aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras
circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ
et al 2015)
De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)
aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de
barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)
Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de
mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)
o uacuteltimo desastre ocorrido
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
3
O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio
do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no
Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era
responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA
2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de
abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)
O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que
toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se
necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo
Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de
mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral
eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado
pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)
Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua
do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento
da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais
2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO
21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES
O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da
aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e
de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de
fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse
contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas
bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem
durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)
Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas
(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito
da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido
(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)
concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)
O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo
(21)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o
peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados
Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas
baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser
influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB
2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute
responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em
conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a
concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)
Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz
devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB
2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez
eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade
dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como
organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute
causada por metais pesados
Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e
soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica
em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os
organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)
Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas
de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico
ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro
importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na
precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais
importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de
organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua
sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando
encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)
Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de
espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua
nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos
constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao
analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
8
Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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1 INTRODUCcedilAtildeO
Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para
suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens
permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de
promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada
para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica
navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo
Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo
XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem
ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua
liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou
controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos
extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ
PORTO e PINHEIRO 2017)
Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos
de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes
contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem
oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua
Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos
hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil
O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade
(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para
os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar
(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os
anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio
(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no
aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras
circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ
et al 2015)
De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)
aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de
barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)
Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de
mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)
o uacuteltimo desastre ocorrido
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
3
O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio
do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no
Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era
responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA
2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de
abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)
O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que
toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se
necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo
Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de
mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral
eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado
pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)
Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua
do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento
da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais
2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO
21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES
O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da
aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e
de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de
fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse
contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas
bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem
durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)
Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas
(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito
da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido
(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)
concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)
O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo
(21)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
4
Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o
peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados
Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas
baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser
influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB
2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute
responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em
conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a
concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)
Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz
devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB
2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez
eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade
dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como
organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute
causada por metais pesados
Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e
soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica
em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os
organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)
Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas
de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico
ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro
importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na
precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais
importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de
organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua
sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando
encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)
Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de
espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua
nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos
constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao
analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
5
ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
6
Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
7
Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
8
Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
3
O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio
do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no
Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era
responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA
2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de
abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)
O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que
toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se
necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo
Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de
mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral
eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado
pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)
Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua
do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento
da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais
2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO
21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES
O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da
aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e
de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de
fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse
contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas
bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem
durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)
Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas
(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito
da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido
(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)
concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)
O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo
(21)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
4
Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o
peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados
Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas
baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser
influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB
2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute
responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em
conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a
concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)
Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz
devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB
2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez
eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade
dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como
organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute
causada por metais pesados
Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e
soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica
em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os
organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)
Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas
de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico
ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro
importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na
precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais
importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de
organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua
sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando
encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)
Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de
espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua
nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos
constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao
analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
5
ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
6
Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
7
Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
8
Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o
peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados
Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas
baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser
influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB
2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute
responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em
conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a
concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)
Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz
devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB
2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez
eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade
dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como
organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute
causada por metais pesados
Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e
soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica
em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os
organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)
Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas
de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico
ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro
importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na
precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais
importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de
organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua
sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando
encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)
Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de
espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua
nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos
constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao
analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos
patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)
22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO
Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas
devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo
responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente
alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do
corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar
e qualificar tal alteraccedilatildeo
Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a
concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do
despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as
caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio
sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e
a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)
As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as
cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido
a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute
uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e
a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico
para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)
Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua
a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de
cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de
Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute
correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para
que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado
um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)
O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas
aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica
119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
8
Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em
compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as
bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD
pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme
Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo
acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)
Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam
ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado
lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de
penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica
ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui
acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e
no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de
demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos
parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de
oxigecircnio (VON SPERLING 2014)
A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa
liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas
velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o
chamado revolvimento da camada de lodo
22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO
Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de
processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse
econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo
eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50
em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo
plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais
fina como as lamas (VALE 2019)
Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas
contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a
granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera
metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio
geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
7
Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
8
Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
7
Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e
bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico
(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados
causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos
seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas
perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002
SAMPAIO 2003)
Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos
quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse
contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos
de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para
detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as
propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de
extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto
ambiental (SAMPAIO 2003)
24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430
Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual
a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede
puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430
estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor
A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros
padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua
(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17
de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o
enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)
Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm
02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites
para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no
presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a
norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes
tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato
primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
8
Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o
mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade
constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites
inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado
corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro
Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2
PARAcircMETRO UNIDADE VALOR
pH - 60 - 90
Turbidez NTU 100
Oxigecircnio dissolvido (OD)
Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)
mg L-1 5
5
Fonte adaptado CONAMA 2005
Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de
40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta
sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem
condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo
ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua
conforme a Tabela 2
Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2
ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)
Ferro (Fe) 300
Manganecircs (Mn) 100
Cromo (Cr) 50
Cobre (Cu) 9
Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de
pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a
montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do
rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais
A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio
Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises
119898119892 119871minus1
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
9
apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de
Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da
situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente
(CONAMA)
A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do
Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a
pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees
diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos
acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de
mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas
pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de
qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e
condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso
de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5
Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os
escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto
atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de
descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2
dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen
para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do
avanccedilo do rejeito ao longo da bacia
31 AacuteREA DE ESTUDO
A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central
de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510
km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios
sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao
sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de
Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do
abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)
A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a
montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea
de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio
Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600
Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
10
Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante
ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua
elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com
a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito
na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da
barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados
Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1
Fonte Google Earth 2019
32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM
As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com
base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute
3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento
representados na Quadro 1
Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba
COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA
(km2) LAT LONG
DIST DA
BARRAGEM
40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante
40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km
40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km
- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km
Fonte adaptado CPRM2019
A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos
diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A
estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo
Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
11
confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da
pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio
Paraopeba
Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba
Fonte Adaptado CPRM2019
33 DADOS DE ESTUDO
O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em
conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de
diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com
base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados
necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3
Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
12
Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
13
Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Fonte Autoria proacutepria 2019
Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute
situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a
vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de
retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a
jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do
Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154
m3s (CPRM 2019)
A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos
de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de
correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)
Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de
117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado
mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do
rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)
Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das
Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade
da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de
propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da
barragem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
14
Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
15
De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
17
influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees
realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o
deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de
2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da
aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras
de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a
partir de 2m de profundidade (SOS 2019)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que
teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados
na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua
com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos
de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees
fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes
e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo
Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de
Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)
QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO
PARAcircMETROS
CONAMA
VALORES
ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)
DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103
Alberto Flores
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Maacuterio Campos
Ponte Nova do
Paraopeba
Ponte Taquaraacute
Temperatura da aacutegua (Cdeg)
Maacutex
2650 2750 2690 3120 2970 3070
40
Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460
OD (mgL)
5 Maacutex
970 971 914 820 768 780
Miacuten
714 360 475 625 533 529
pH
60 - 90 Maacutex
823 823 814 782 737 766
Miacuten
607 607 675 608 661 652
Condutividade eleacutetrica (μscm)
- Maacutex
12810 16100 15690 12700 13070 13060
Miacuten
4380 2420 3650 2940 7370 4770
Turbidez (NTU)
100 Maacutex
76400 75000 38100 2103120 1326450 168190
Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140
Fonte Autoria proacutepria 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na
seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013
a 2018 (CPRM 2019)
De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute
justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis
Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km
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justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto
de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo
um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de
reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)
A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas
e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua
(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os
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Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou
queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na
Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte
Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe
2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL
O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda
de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos
como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem
compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na
faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o
pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH
aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as
moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por
serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o
processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)
Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os
limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a
ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a
Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se
210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e
apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite
previsto
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e
2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de
alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
16
paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
19
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da
bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o
limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido
de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos
erosivos
A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na
aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que
provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON
SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo
oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo
aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4
Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem
Fonte REUTERS 2019
Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e
resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os
soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos
niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no
leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde
lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)
Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo
possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento
dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
18
O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABDEL-BAKI A S DKHIL M A AL-QURAISHY S Bioaccumulation of some heavy metals in tilapia fish relevant to their concentration in water and sediment of Wadi Hanifah Saudi Arabia African Journal of Biotechnology v 10 ndeg 13 p 2541-2547 2011 ANA- Agecircncia Nacional de aacuteguas Ministeacuterio do Meio Ambiente Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens 2017 Brasiacutelia Cedoc 2018 84 p ANDRADE L N Autodepuraccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua 2010 Dissertaccedilatildeo-Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria 2010 ARAUacuteJO C B Contribuiccedilatildeo ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de mineraccedilatildeo de ferro 2006 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 Disponiacutevel em https wwwcocufrjbr Acesso em 18 out 2019 AZAM Shahid LI Qiren Tailings Dam Failures A Review of the Last One Hundred Years Geotechinal News Canadaacute v 7 n 3 p50-53 summer 2010 BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 1 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2002 332 p
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 2 Ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2005 332 p BRASIL Lei ndeg 9433 de 8 de janeiro de 1997 Institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo de corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e de outras providecircncias Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 18 mar 2005 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=459 Acesso 17 ago 2019 BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as condiccedilotildees de padrotildees de lanccedilamento de efluentes complementa e altera a Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 16 mai 2011 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=646 Acesso 17 ago 2019 BROWN David et al 501 Desastres mais devastadores de todos os tempos 1Ed Satildeo Paulo Editora Lafonte 2012 544 p CAIRNS JR J Mc CORMICK P V NIEDERLEHNER B R A proposed framework for developing indicator of ecosystem health Hydrobiologia v 263 p 1-44 1993 CARVALHO W A MINCATO R L SILVA L A S Tratamento e Disposiccedilatildeo Final de Resiacuteduos Revista Tecnoloacutegica Satildeo Paulo vol 25 ndeg3 p4-6 dez 2016 Disponiacutevel em httpabes-dnorgbrpublicacoesrbciambPDFs05-07_artigo_4_artigos96pdf Acesso em 1 de nov de 2019 CBDB- Comitecirc Brasileiro de Barragens Comitecirc Brasileiro de Barragens Apresentaccedilatildeo das Barragens Rio de Janeiro 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwcbdborgbr5-38Apresentac3a7c3a3o20das20Barragensgt Acesso em 11 ago 2019 CBHSF- Comitecirc Bacia Hidrograacutefica do Rio Satildeo Francisco Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraopeba 2019 Disponiacutevel em httpscbhsaofranciscoorgbrcomites-de-afluentescbh-do-rio-paraopeba-sf3-minas-gerais Acesso em 17 ago 2019 CERON L P Efluentes Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 o que mudou 2012 Disponiacutevel em httpmeiofiltrantecombrinternasaspid=12652amplink=noticias Acesso em 2 nov 2019 CETESB- Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Fundamentos do Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas 1 Ed Sacirco Paulo Etgd 2018 COPASA- Companhia de Saneamento de Minas Gerais Abastecimento regiatildeo Rio Paraopeba Minas Gerais 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwcopasacombrparaopebagt Acesso em 25 mar 2019 CPRM- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Monitoramento Especial da Bacia do Rio Paraopeba Relatoacuterio 04 monitoramento hidroloacutegico e sedimentaloacutegico julho de 2019 Belo Horizonte 2019 Disponiacutevel em httpwwwcprmgovbrsaceconteudoparaopebaRT_04_2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e
apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo
Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada
situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de
Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de
Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o
IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o
tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute
considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento
convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados
Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)
citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a
legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos
obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo
da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que
recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas
de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem
transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida
(EMBRAPA 2004)
A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute
apresentada na Tabela 4
Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da
barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica
PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA
METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO
PERMITIDO (mgL)
Ferro 6065 03
Cobre 357 0009
Manganecircs 2145 01
Cromo 1145 005
Fonte Autoria proacutepria 2019
A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo
com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a
extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se
concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABDEL-BAKI A S DKHIL M A AL-QURAISHY S Bioaccumulation of some heavy metals in tilapia fish relevant to their concentration in water and sediment of Wadi Hanifah Saudi Arabia African Journal of Biotechnology v 10 ndeg 13 p 2541-2547 2011 ANA- Agecircncia Nacional de aacuteguas Ministeacuterio do Meio Ambiente Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens 2017 Brasiacutelia Cedoc 2018 84 p ANDRADE L N Autodepuraccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua 2010 Dissertaccedilatildeo-Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria 2010 ARAUacuteJO C B Contribuiccedilatildeo ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de mineraccedilatildeo de ferro 2006 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 Disponiacutevel em https wwwcocufrjbr Acesso em 18 out 2019 AZAM Shahid LI Qiren Tailings Dam Failures A Review of the Last One Hundred Years Geotechinal News Canadaacute v 7 n 3 p50-53 summer 2010 BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 1 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2002 332 p
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 2 Ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2005 332 p BRASIL Lei ndeg 9433 de 8 de janeiro de 1997 Institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo de corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e de outras providecircncias Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 18 mar 2005 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=459 Acesso 17 ago 2019 BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as condiccedilotildees de padrotildees de lanccedilamento de efluentes complementa e altera a Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 16 mai 2011 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=646 Acesso 17 ago 2019 BROWN David et al 501 Desastres mais devastadores de todos os tempos 1Ed Satildeo Paulo Editora Lafonte 2012 544 p CAIRNS JR J Mc CORMICK P V NIEDERLEHNER B R A proposed framework for developing indicator of ecosystem health Hydrobiologia v 263 p 1-44 1993 CARVALHO W A MINCATO R L SILVA L A S Tratamento e Disposiccedilatildeo Final de Resiacuteduos Revista Tecnoloacutegica Satildeo Paulo vol 25 ndeg3 p4-6 dez 2016 Disponiacutevel em httpabes-dnorgbrpublicacoesrbciambPDFs05-07_artigo_4_artigos96pdf Acesso em 1 de nov de 2019 CBDB- Comitecirc Brasileiro de Barragens Comitecirc Brasileiro de Barragens Apresentaccedilatildeo das Barragens Rio de Janeiro 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwcbdborgbr5-38Apresentac3a7c3a3o20das20Barragensgt Acesso em 11 ago 2019 CBHSF- Comitecirc Bacia Hidrograacutefica do Rio Satildeo Francisco Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraopeba 2019 Disponiacutevel em httpscbhsaofranciscoorgbrcomites-de-afluentescbh-do-rio-paraopeba-sf3-minas-gerais Acesso em 17 ago 2019 CERON L P Efluentes Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 o que mudou 2012 Disponiacutevel em httpmeiofiltrantecombrinternasaspid=12652amplink=noticias Acesso em 2 nov 2019 CETESB- Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Fundamentos do Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas 1 Ed Sacirco Paulo Etgd 2018 COPASA- Companhia de Saneamento de Minas Gerais Abastecimento regiatildeo Rio Paraopeba Minas Gerais 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwcopasacombrparaopebagt Acesso em 25 mar 2019 CPRM- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Monitoramento Especial da Bacia do Rio Paraopeba Relatoacuterio 04 monitoramento hidroloacutegico e sedimentaloacutegico julho de 2019 Belo Horizonte 2019 Disponiacutevel em httpwwwcprmgovbrsaceconteudoparaopebaRT_04_2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p
Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al
2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros
controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis
por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos
Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se
aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs
Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo
de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas
devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em
contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns
casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas
(VON SPERLING 2000)
Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP
e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem
causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem
assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas
orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode
produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos
Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees
hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)
5 CONCLUSAtildeO
O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do
Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois
segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo
em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH
e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute
classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados
para o abastecimento puacuteblico
Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio
deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema
aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao
formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a
qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de
autodepuraccedilatildeo
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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba
foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de
monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba
ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre
qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico
Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel
pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em
mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves
condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de
recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos
sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos
responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos
quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso
hiacutedrico
6 RECOMENDACcedilOtildeES
Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem
ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em
consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender
afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento
de barragens
6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ABDEL-BAKI A S DKHIL M A AL-QURAISHY S Bioaccumulation of some heavy metals in tilapia fish relevant to their concentration in water and sediment of Wadi Hanifah Saudi Arabia African Journal of Biotechnology v 10 ndeg 13 p 2541-2547 2011 ANA- Agecircncia Nacional de aacuteguas Ministeacuterio do Meio Ambiente Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens 2017 Brasiacutelia Cedoc 2018 84 p ANDRADE L N Autodepuraccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua 2010 Dissertaccedilatildeo-Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria 2010 ARAUacuteJO C B Contribuiccedilatildeo ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de mineraccedilatildeo de ferro 2006 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 Disponiacutevel em https wwwcocufrjbr Acesso em 18 out 2019 AZAM Shahid LI Qiren Tailings Dam Failures A Review of the Last One Hundred Years Geotechinal News Canadaacute v 7 n 3 p50-53 summer 2010 BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 1 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2002 332 p
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019
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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p
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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba
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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p