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Fichamento : BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista, Rio de
Janeiro: Zahar, 1997, p.165-167.
Gramsci, Antonio, nasceu na Sardenha em 1981. Ganhou uma bolsa de
estudos, em 1911, para ingressar na Universidade de Turim. Ingressou no
Partido Socialista Italiano em 1913 e começou a escrever para jornais
socialistas.
A necessidade de superação dos interesses corporativistas da classe
operária, bem como a importância do papel político e da ideologia,
permaneceram como temas constantes em suas obras.
Em 1919 Gramsci participou da fundação de um seminário socialista
denominado L’Ordine Nuovo cujo objetivo era traduzir as lições da Rev. Russa
no contexto italiano com a criação de um porta-voz para o movimento dos
conselhos de fábricas. Segundo ele, tais conselhos contribuíam para a
unificação da classe trabalhadora e permitia que esta entendesse seu lugar no
sistema produtivo e social, bem como desenvolver o que era necessário para
que fosse criada uma nova sociedade e um novo tipo de Estado. As raízes do
conceito de HEGEMONIA de Gramsci podem ser encontradas nesse período.
Em 1921 Gramsci ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano. De 22 –
24 trabalhou para o Comintern em Moscou e Viena. Em 24 foi eleito para o
Parlamento Italiano e em 26 foi preso pelo regime de Mussoline.
Na prisão Gramsci escreveu 34 cadernos de anotações trabalhando
diferentes temas ao mesmo tempo para que sua obra não fosse destruída pela
censura. O ponto de partida das anotações foi o estudo da função política dos
INTELECTUAIS.
Gramsci define os intelectuais em uma perspectiva bastante ampla:
todos aqueles que tem uma função organizacional no sentido amplo. Todos os
seres humanos possuem capacidades racionais e intelectuais mas somente
alguns ocupam, de fato, uma função intelectual na sociedade.
Os intelectuais se dividem em1:
• Orgânicos: necessários para que a classe progressista organize uma
nova ordem social.
1 O autor do texto não define efetivamente em quem/o que são tais intelectuais, apenas menciona as categorias
• Intelectuais Tradicionais: aqueles comprometidos com uma tradição que
remonta a um período histórico mais antigo.
A organização da hegemonia (teia de crenças e relações institucionais e
sociais) é feita pelos intelectuais.
Gramsci redefine o ESTADO2 como força + consentimento, isto é,
hegemonia armada de coerção: a SOCIEDADE POLÍTICA organiza a força e a
SOCIEDADE CIVIL assegura o consentimento.
A GUERRA DE TRINCHEIRAS ou GUERRA DE POSIÇÃO3 seria a única
estratégia capaz de destruir a ordem presente e levar a uma vitória definitiva no
sentido de transformação socialista, em países capitalistas avançados – por
causa da natureza do poder político de tais países, onde estão inclusas
instituições complexas e organizações de massas, na soc. civil.4
Gramsci argumentava que o partido revolucionário seria o organismo que
permitiria à classe trabalhadora criar uma nova sociedade proporcionando-lhes
os meios para desenvolver seus intelectuais orgânicos e uma hegemonia
alternativa. “A crise política, social e econômica do capitalismo pode, contudo,
resultar em uma organização da hegemonia mediante várias modalidades de
revolução passiva, destinada a eliminar preventivamente a ameaça, por parte
do movimento da classe operária, ao controle político e econômico exercido
pelos poucos que dominam, ao mesmo tempo em que assegura o
desenvolvimento continuado das forças produtivas. Gramsci inclui nessa
categoria o fascismo, tipos diferentes de reformismo, e a introdução na Europa
da gerência científica e da produção em linha de montagem.
Gramsci faleceu em 1937.
2 Gramsci utiliza a palavra ESTADO de modos diferentes. Em sentido estrito legal – constitucional como um elemento de equilíbrio entre a soc. Civil e política, ou abrangendo ambas.3 Novamente, o autor não define os conceitos.4 A revolução da Rússia Czarista utilizou-se da tática de guerra de movimento/ataque frontal.