Post on 09-Jul-2015
DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO
RELIGIOSO
WERKSON DA SILVA AZEREDO 1
WERKSON DA SILVA AZEREDO2
Curso Pós-Graduação
Especialização em Ciências da Religião
FANAN – Faculdade de Nanuque
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de analisar a didática e a metodologia do Ensino Religioso
uma vez que o desempenho do aluno em contato com um professor munido de todo um
aparato didático-pedagógico pode ser potencializado, ressaltamos também, como a
didática tem um papel importante no desenvolvimento de uma educação crítico-
reflexiva. Em seguida, trataremos da Metodologia do Ensino Religioso com seu
desenvolvimento ao longo da História brasileira desde da ação jesuítica até sua nova
roupagem com o advento da LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação do art. 33 da Lei
9394/96 e como o Ensino Religioso através de alguns princípios metodológicos pode
alcançar seus objetivos, fugindo de uma matriz histórica de doutrinação e partindo para
uma ação de conscientização tratando de temas diversos (diversidade, cidadania,
dialogo, tolerância, ética, respeito etc.).
1. INTRODUÇÃO
A didática, como veremos, é uma ferramenta indispensável para o professor
pode ser diferencial para o aprendizado do discente mais que possuir conteúdo
teórico o educador necessita de recursos que o aproxime da realidade dos
alunos, se pudéssemos representar a didática com uma imagem a
representaríamos como uma ponte entre o conteúdo e a aquisição-transmissão
do conhecimento. “A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino
no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas
organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os
modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa” (Libâneo, 2001).
“A Didática passou de (...) apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas
para um atual (...) modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora
de um projeto histórico, que não se fará tão somente pelo educador, mas pelo
educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos
setores da sociedade” (Santos, 2003. P. 139, apud, OLIVEIRA).
Quando pensamos no contexto religioso brasileiro atual com sua dinamicidade
e pluralidade já podemos supor como é desafiante a prática do Ensino Religioso
nas escolas públicas e privadas, logo a abordagem deve ser diferenciada. O ER
por muito tempo foi sinônimo de catecismo mesmo no ambiente escolar, contudo
vem passando por uma renovação ganhou nova legislação (LDBEN/97 - Lei
9475/97, nova redação do art. 33 da Lei 9394/96) prevendo sua laicidade e o
não proselitismo, esse tem que ser inovador respeitando e a diversidade-
pluralidade levando os alunos a saberem lidar com o diferente através de um
olhar que contemple não apenas a si como o outro.
______________________ 1 Aluno do Curso de Pós Graduação- Especialização em Ciências da Religião - Lato – Sensu- Faculdade
Vale do Cricaré. 2 Graduado em Teologia.
2.DIDÁTICA
2.1 Um pouco de História.
O pai da didática como ficou conhecido Jan Amos Komensky (1592-1670 -
Educador e pedagogo do século XVII) ou Comenius nasceu em Nivnice, Morávia,
hoje República Tcheca. “Superou o pessimismo antropológico que marcou a
Idade Média e Propôs um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual
direito dos homens ao saber. Destacou-se pela ousadia de suas propostas e foi
considerado como um revolucionário da educação” (Tavares, 2011, p.18).
Percebe-se o quão contemporâneo pode ser o posicionamento de Comenius
para a realidade da educação no Brasil, marcada pela desigualdade.
Comenius ficou conhecido por definir o processo de ensino em três fases
distintas que seria respectivamente: A escola Materna (responsável pelos
sentindo e iniciaria todo processo, sendo responsável por ensinar a criança a
falar); Escola Elementar (nesta a criança toma contato com a língua materna e
outros saberes como estudos sociais etc.); Escola Latina (nesta Comenius diz
ser o momento de contato com as ciências). Uma de suas obras mais conhecidas
é a “Didática Magna” na qual três desejos de Comenius ficam bem claros: 1.Que todos os homens (jovens e velhos, ricos e pobres) fossem
educados plenamente.
2. Que todos os homens fossem educados integralmente, para falar
sabiamente sobre tudo, com qualquer um, quando necessário.
3. Que todos os homens fossem educados em todos os aspectos: para a
verdade, a racionalidade, a sapiciência, a moralidade, a honradez e para a fé.
2.2.Conceituando.
O que seria a didática? O que é ter didática? Essas são perguntas relevantes
para iniciar nossa abordagem sobre didática e sua aplicabilidade no processo de
ensino-aprendizagem, basicamente didática seria a capacidade do educador de
proporcionar o melhor ensino possível aos seus alunos, independente dos
desafios que educação no contexto brasileiro apresente para os professores,
(desvalorização profissional e salarial - que em muitos casos os coloca em
rotinas desgastantes de mais de dez horas de trabalhos diário -, por
consequência terão pouco tempo para preparar suas aula, falta de material
teórico, etc.).
Estes sabem que sua atuação deve proporcionar um aprendizado eficiente para
seus alunos, a razão de ser um professor é a transmissão de conhecimento que
conduza a emancipação, reflexão e autonomia.
Porém, o que leva alguns alunos a se identificarem mais com um professor em
detrimento de outrem? Ou, desenvolverem suas potencialidades de forma mais
eficiente em contato com determinado educador, como nos diz Libâneo: “Os
alunos mais velhos comentam entre si: “Gosto dessa professora porque ela tem
didática”. Os mais novos costumam dizer que com aquela professora eles
gostam de aprender. ” Possuir didática é fator de diferenciação para o
profissional educador e para o discente em contato com este, como revela o
gráfico1 abaixo:
GRÁFICO 1 - A importância de uma boa aula: pesquisa nos EUA indica que a qualidade do professor tem influência direta no desempenho dos estudantes.
“A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto,
no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se
relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos
alunos uma aprendizagem significativa” (Libâneo, 2001). A Didática como
disciplina analisará dentro de um contexto e qual a melhor perspectiva,
abordagem a ser utiliza para que os objetivos pré-estabelecidos possam ser
alcançados.
Marques, em seu dicionário pedagógico nos fornece outra definição do termo
didática:
Termo que designa o procedimento cujo objeto é instruir pelo ensino.
É considerada uma disciplina que reúne os instrumentos necessários
aos professores para estruturar e realizar o processo de ensino. Há
uma didática geral e didáticas específicas. As últimas estão
diretamente relacionadas com as especificidades do ensino de
determinadas disciplinas ou áreas curriculares [...].
O professor que naturalmente não possua os atributos necessários pode valer -
se da Didática e seus instrumentos a fim de munir-se de todo um aparato que
lhe capacitará a exercer sua função de forma excelente. Avaliando o contexto no
qual está inserido, a disciplina e a melhor abordagem tornando o conhecimento
cada vez mais próximo à realidade do aprendiz, assim o que outrora era teórico
e abstrato, torna-se tangível, como esclarece Libâneo sobre a atuação do
professor:
“O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da matéria para
ajudar os alunos a desenvolverem competências e habilidades de
observar a realidade, perceber as propriedades e características do
objeto de estudo, estabelecer relações entre um conhecimento e outro,
adquirir métodos de raciocínio, capacidade de pensar por si próprios ,
fazer comparações entre fatos e acontecimentos, formar conceitos
para lidar com eles no dia-a-dia de modo que sejam instrumentos
mentais para aplicá-los em situações da vida prática.”
Voltemos a analisar o termo didática e a segunda pergunta com a qual iniciamos
o presente estudo, “o que é ter didática? ”, sabemos que ter didática não é
sinônimo de possuir conhecimento, uma vez que não nos é estranho ouvir de
algum aluno: “aquele professor possui muito conhecimento, mas não tem
didática, não consigo aprender” O vocábulo “Didática” surgiu do grego Τεχνή
διδακτική (techné didaktiké), que se traduz por “arte” ou “técnica de ensinar”,
logo, ter didática refere-se a conhecer os atalhos para aquisição de
conhecimento, como proporcionar o ensino, como define Gil, sobre o que seria
a Didática: (...) a sistematização e racionalização do ensino, constituída de
métodos e técnicas de ensino de que se vale o professor para efetivar a sua
intervenção no comportamento do estudante (Gil 1997, pag. 109, Apud,
OLIVEIRA).
Maria Rita Oliveira (1988) amplia nossa concepção sobre o tema, a partir da
realidade brasileira e o ambiente escolar:
“A autora conceitua Didática, considerando o Brasil, como uma
concepção de ensino e prática social articulada a outras práticas
sociais na formação social brasileira. A autora apresenta uma
conceituação da didática como crítica. Nela, há um compromisso com
o ensino, ensino esse voltado para os interesses das classes
populares, com a transformação das relações de opressão e
dominação e com a democratização da escola pública; com o
entendimento da sala de aula como espaço de progressão próprio do
saber didático-prático. A didática é definida como teoria pedagógica de
caráter prático, ou seja, teoria que busca prover respostas a demandas
apresentadas pela sociedade à área pedagógica, sobre o
desenvolvimento da prática no dia a dia da sala de aula, por meio de
princípios construídos sobre a realidade concreta dessa prática,
envolvendo um saber tecnológico que implique técnicas e regras sobre
como ensinar. A didática – teoria pedagógica – estuda e ensina como
transformar o saber escolar, ou seja, o processo de pedagogização do
saber científico” (Tavares, 2011, p. 15)
2.3. Didática: mais do que técnicas.
Até o presente momento utilizou-se conceitos de teóricos com a intenção de
desvendar e conceituar a Didática, todavia mais que definir é preciso conhecer
sua amplitude e a finalidade, uma das definições que nos foi apresenta (Gil,
1997) e desta como “Técnicas de Ensino” ampliaremos nossa compreensão,
pois didática é bem mais do que técnicas. Santos (apud, 2003. P. 139) nos auxilia
com sua colocação sobre a função da Didática: “A Didática passou de (...)
apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas para um atual (...) modo
crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto histórico,
que não se fará tão somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente,
com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade”. Além
disso, quando ampliamos nossos olhares para questões sociopolíticas
perceberemos que há toda uma dinâmica que envolve o papel do educador, os
vários grupos sociais têm perspectivas distintas no tocante a Educação e mais,
suas demandas são opostas “Os grupos que detêm o poder político e econômico
querem uma educação que forme pessoas submissas [...] Os grupos que se
identificam com as necessidades e aspirações do povo querem uma educação
que contribua para formar crianças e jovens capazes de compreender
criticamente as realidades sociais [...](Libâneo 2001, p. 2)”
Assim, a Didática toma um norte todo especial pois consciente da sua
responsabilidade para contribuir com uma educação libertadora que torna o
indivíduo reflexivo-critico ante uma realidade social o Educar utilizará a Didática
da melhor forma possível para alcançar sua finalidade: que seria preparar os
alunos para a vida e sociedade. “A Didática é o principal ramo de estudo da
Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de
realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos
e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em
função desses objetivos. ” (Libâneo 1992, p. 25)
3.METOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO
3.1 Analise histórica do Ensino Religioso no Brasil
O Ensino religioso sempre esteve presente na educação do Brasil inicia-se com
a ação jesuítica que ocorria dentro do pacto existente entre coroa Portuguesa e
o Igreja Católica, tal pacto e conhecido como padroado, Zabatiero:
Por padroado se entende o acordo entre a Cúria Romana e a Corte
Portuguesa mediante o qual a primeira delega ao monarca português
o direito de gerir a Igreja Católica nas terras brasileiras. Se, por um
lado, o Vaticano cedia à corte parcela significativa do seu poder, por
outro, garantia que o Estado português assegurasse o sustento
financeiro e a perpetuação da Igreja Católica como a religião oficial dos
povos dirigidos pelo monarca português. Esse sincretismo Igreja -
Estado é denominado, na teologia, de Cristandade.
A proposta do padroado trazia benefícios para ambas as partes envolvidas
porém no que se refere a educação trouxe um caráter catequético romanista: “O
que prevalecia no ensino religioso era a evangelização da religião oficial, ou seja,
da Igreja Católica e não dos protestantes, judeus, espíritas, entre outros. ” (Web
artigos) posteriormente (Primeira República) o ensino religioso começa a perder
espaço: “de uma maneira geral, na sociedade, que começa a estabelecer um
grau facultativo para o referido ensinamento, tornando-se posteriormente quase
que figurativo nos atuais estados laicos, seja nas escolas públicas ou privadas.
” (Leonor, 2006) Após a Proclamação da República em 1889, Igreja e Estado se
separam e a liberdade de culto juntamente com o reconhecimento da diversidade
religiosa é estabelecida. “Porém, o ensino religioso em nosso país continua
sendo, na prática, o ensino da fé cristã, muitas vezes relegando totalmente
outros ensinamentos religiosos. ”
Com a constituição de 1934 ocorre uma nova aproximação entre estado e igreja
temos mais uma vez a formação de um estado autoritário. Vemos a seguir as
fases seguintes pelas quais trilhou o Ensino Religioso:
De 1930 a 1937 o ensino religioso é de caráter facultativo, pois as aulas
são ministradas conforme os princípios da confissão religiosa do aluno,
manifestadas pelos pais e responsáveis.
No Estado Novo (1937-19450) o ensino religioso deixou de ser obrigatório
para os alunos.
No terceiro período republicano (1946-1964) o ensino religioso foi
contemplado como dever do Estado para com a liberdade religiosa do
cidadão que frequenta a escola.
Durante o quarto período republicano (1964-1984) o ensino religioso
passou a ser obrigatório para a escola, pois o aluno poderia decidir em
fazer ou não, no ato da matrícula, o ensino religioso.
De 1986 a 1996, o ensino religioso buscou a sua redefinição como
disciplina regular do conjunto curricular. O Ensino Religioso passou a ser
facultativo, sendo uma disciplina dos horários normais das escolas
públicas do ensino Fundamental.
Atualmente, o ensino religioso passou por uma reformulação na qual está
orientado com temas como: diversidade, cidadania, dialogo, tolerância, ética,
respeito etc. não cabendo a esse o papel de doutrinador, qualquer pratica
proselitista é vedada de acordo com a LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação
do art. 33 da Lei 9394/96, a laicidade dever uma ação permanente na sua prática
pedagógica:
Art. 1º - O art. 33 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996,
passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 33- O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental,
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas
quaisquer formas de proselitismo.
3.2 O Ensino Religioso pode ser definido como:
Um processo de observação, reflexão e informação sobre as diversas
manifestações do sagrado, a partir do contexto social e cultural do
educando.
Uma abertura ao diálogo inter-religioso, na perspectiva dos valores
universais, comuns a todas as tradições religiosas, espirituais e místicas,
tendo por base a alteridade e o direito à liberdade de consciência,
expressão do pensamento e opção religiosa. (Borres Guilouski e Emerli Schlögl,
Equipe Pedagógica da ASSINTEC/SME de Curitiba)
Que tem os seguintes objetivos:
Proporcionar o conhecimento e a compreensão das diferentes
manifestações do sagrado, a partir da realidade sociocultural dos
educandos.
Contribuir com a construção da cidadania mediante o conhecimento do
fenômeno religioso, do exercício do diálogo inter-religioso, do respeito às
diferenças, da superação de preconceitos e estabelecimento de relações
democráticas e humanizadoras.
Refletir sobre o sentido da vida e sobre os questionamentos existenciais.
Analisar o papel das tradições religiosas, espirituais e místicas na
estruturação e manutenção das diferentes culturas.
Educar para a cultura da paz, da fraternidade e da solidariedade para com
todos os seres, incluindo a natureza e a humanidade. (Borres Guilouski e Emerli
Schlögl, Equipe Pedagógica da ASSINTEC/SME de Curitiba)
3.3 Princípios metodológicos
A partir destes apontamentos cabe algumas colocações sobre o ensino religioso
e sua função no meio escolar, antes de mais nada a constituição brasileira prevê
que o ensino religioso deve ser laico e não proselitista, assim deve tratar das
diversas expressões religiosas não só no contexto brasileiro (catolicismo,
protestantismo, espiritas, umbandistas etc.) como religiões e expressões do
sagrado no mundo (ex.: budismo) respeitando o pluralismo.
Para uma metodologia adequada que cumpra os objetivos tanto pedagógicos
quanto legais (LDBEN/97 - Lei 9475/97, nova redação do art. 33 da Lei 9394/96)
do ensino religioso é preciso ir além da apresentação de temas vinculados ao
sagrado ou a um estrutura religiosa cabe ao educar pôr os educados em contado
com “fundamentos de vida não religiosos, que também levam à compreensão da
realidade.” (SEED, 2008).
Dentro dessa perspectiva o professor toma a função de orientador conduzindo o
educando aos múltiplos olhares, deixando de olhar apenas para si de forma
ortodoxa, mas considerando e respeitando a diversidade:
O professor de Ensino Religioso, no exercício de sua prática
pedagógica, precisa ser o mediador que envolva e leve o aluno
interagir com o conhecimento religioso de maneira transparente, assim
aceitando as desigualdades. Percebe-se que o aluno é o sujeito desta
práxis educacional e está em interação com o outro e a mesma
contribui para a construção de seu arcabouço cultural1.
Segundo o FONAPER (FONAPER–Fórum Nacional Permanente do Ensino
Religioso) o profissional professor do ER deve ainda ter o seguinte perfil:
A atual proposta de Ensino Religioso requer um profissional de
Educação com: formação adequada ao desempenho de sua ação
educativa; abertura ao conhecimento e aprofundamento permanente
de outras experiências religiosas além da sua; consciência e espírito
sensível voltados à complexidade e pluralidade da questão religiosa;
disposição ao diálogo, com capacidade de articulá-lo a luz das
questões suscitadas no processo de aprendizagem dos estudantes;
uma vivência de reverência à alteridade; capacidade de ser o
interlocutor entre escola e comunidade, reconhecendo que a escola
propicia a sociabilização do conhecimento religioso sistematizado, ao
passo que a família e a comunidade religiosa são os espaços
privilegiados para a vivência religiosa e para a opção de fé.
A metodologia do ensino religioso buscará o que o aluno saiba reconhecer e
perceber toda uma diversidade que o rodeia, conduzindo ao diálogo religioso,
mostrando ao aluno uma nova forma de pensar e viver dentro da pluralidade
religiosa existente nas escolas, nas ruas, nas próprias famílias, ou seja, no seu
habitat. A educação que em sua abordagem não promove este contato de
ampliação e formação do indivíduo peca por si só:
Esta disciplina também ensina viver e conviver, estimulando o aluno a
sair de si mesmo para encontrar o outro. Principalmente se este outro
for pessoas que necessita de uma educação especial. Então o ensino
religioso, na sua dinâmica interpessoal incluirá o diferente, como
cidadão com direitos iguais aos demais (...) Aliás, as dimensões
religiosa e cultural fazem parte do crescimento integral do cidadão, que
não pode deixar de lado este tão importante complemento.
Imperdoável privar o educando do acesso aos conhecimentos desta
natureza, sejam quais forem suas dificuldades em superar os limites
como pessoa. (Neves, 2006).
3.4 Como desenvolver de forma eficiente a metodologia do ensino
religioso?
Dentro do contexto no qual será trabalhada a disciplina e lembrando da
responsabilidade do ER com a diversidade uma forma de abordar de maneira
interessante para os educandos seria os debates nos quais professores e alunos
em reflexão conjunta construíssem uma visão ampla da pluralidade no campo
religioso mundial e do diferente (aqueles que possuem necessidades sejam
físicas ou sociais), para que tais alunos construam ou possam ter as bases para
construção de um viver mais ético:
A metodologia do Ensino Religioso deve ser dinâmica e inovadora,
permitindo a interação e o diálogo no processo de construção e
socialização do conhecimento, de maneira que professor e alunos
juntos possam (re) significar o conhecimento. Não se trata de oferecer
uma receita pronta e definitiva, mas uma sugestão a partir da qual o
professor possa desenvolver os conteúdos desta disciplina, usando de
sua criatividade. (Borres Guilouski e Emerli Schlögl, Equipe Pedagógica da
ASSINTEC/SME de Curitiba)
Assim, definiremos três momentos distintos para a metodologia do ER:
Sensibilização: configura-se com atividades de sensibilização,
permitindo integrar os diferentes aspectos do educando: biofísico, afetivo,
cognitivo, cultural, social, religioso, ético e estético. Essas atividades de
integração (holopráxis) são orientadas com a intencionalidade de propiciar ao
aluno uma abertura ao outro e à humanização, bem como o estabelecimento de
relações que favoreçam o aprendizado por meio do diálogo.
Observação-reflexão-informação: No momento seguinte, sugere-se a
realização de atividades de observação-reflexão informação, de forma
simultânea, numa dinâmica circular, em que, ao mesmo tempo, observa se,
reflete-se e se informa. Busca-se, desse modo, decodificar e analisar os
elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, enfocando os conteúdos
em uma rede de relações.
Síntese e proposição ética: O terceiro e último momento constitui uma
síntese e proposição ética. Nesse momento, busca-se coletivamente estabelecer
com os alunos um referencial de comportamento ético, deforma articulada com
o conteúdo trabalhado.
REFERÊNCIAS
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LIBÂNEO, José Carlos. DIDÁTICA Velhos e novos temas - Edição do Autor
Maio de 2002.
LIBÂNEO, José Carlos O Essencial Da Didática E O Trabalho De Professor
Em Busca De Novos Caminhos/ - Goiânia, novembro de 2001
MARQUES, Ramiro. Dicionário Breve de Pedagogia 2ª Edição (Revista e
aumentada).
OLIVEIRA, M. Rita Neto Sales. Histórico da Didática. In:____. O conteúdo da
Didática: um discurso da neutralidade científica. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 1988. p. 33-47.
LIBÂNEO, José Carlos. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1992.
Neves, Leonor Maria Bernardes. Metodologia para o ensino religioso escolar
“dimensão religiosa do ser humano”, diocese de são José do Rio Preto – SP,
novembro de 2006.
GUILOUSKI, Borres; SCHLÖGL, Emerli. (Equipe Pedagógica da
ASSINTEC/SME de Curitiba) Curso: Introdução ao Ensino Religioso - Ênfase
aos 1.º e 2.º anos Apostila 4, Curitiba – 2010.
(FONAPER–Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, 2000, p. 34 e
35).
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF, Senado,1998.
ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. Religião na Esfera Pública, Faculdade
Unida, Vitória – ES. 2014
CORDEIRO, Fábio Medeiros e PAIVA, Luiz Henrique Rodrigues. A Metodologia
e a Didática no Ensino Religioso das Escolas Públicas e Colégios
Religiosos de Pernambuco em 1940 Revista de Teologia e Ciências da
Religião, Universidade Católica de Pernambuco.
SEED - Secretaria De Estado Da Educação, O Sagrado no Ensino Religioso,
Curitiba, 2008.
http://www.fonaper.com.br/noticias/64_texto_apresentado_no_vi_conere__fona
per_mariajose.pdf Acesso em 27 de Maio de 2014.
http://www.webartigos.com/artigos/metodologia-do-ensino-da-religiao/58081/
Acesso em 27 de Maio de 2014.