Post on 17-Apr-2015
Disciplina TEORIA POLÍTICA II para o Curso de Relações Internacionais – UFSC
Prof. Juliana Grigoli
TEORIA DAS ELITES
“A controvérsia entre elitismo e democracia é tão antiga quanto a tradição da filosofia política”
A formulação de uma teoria das elites surgiu das críticas de Sócrates (século V a.C.) às rotinas da vida pública em Atenas.
Antes dessa experiência os gregos tinham formas de governo, mas não formas de política – ampla negociação e debates sobre a vida pública.
Democracia direta. Vida em liberdade – constituir a vida pública.
Vida pública X Vida privada = pólis x óikos.
Na República, Platão condena a pólis e a premissa da igualdade política na esfera pública.
Para ele a harmonia social estava no reconhecimento das desigualdades humanas.
Em seu modelo de cidade perfeita, o governo estaria sob a responsabilidade de uma elite de sábios e filósofos.
A subversão a essa hierarquia ameaçava a justiça.
Nota-se uma clara tensão entre elites e democracia.
Marcado por esses dilemas, o modelo de democracia direta não foi incorporado ao liberalismo político – John Locke.
Na concepção liberal, homens livres são aqueles que se afastam do cotidiano da vida pública e passam a valorizar a vida privada.
Modelo mais adequado - democracia representativa.
Voto é entendido como o instrumento de escolha e de participação política.
“a cidade passa a viver em função do homem”. Liberdade privada e pouca interferência política.
Percebe-se que houve uma acomodação entre liberalismo e democracia.
Estimulados por esses rearranjos políticos, surgem uma série de manifestações intelectuais.
Dentre elas, as de Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels.
É possível afirmar que o movimento desses intelectuais foi uma forte reação ao avanço da democracia.
Compartilhavam das seguintes concepções: Comportamento irracional das massas. Existia uma hierarquia natural entre os homens. Modelo da distinção.
Para os elitistas todos os sistemas políticos instituem uma relação de dominação.
A intenção é entender a realidade e encontrar um modelo político compatível com ela.
Maquiavel – “recusa das concepções ideais e adesão as questões reais”.
Os elitistas rejeitam as teorias – anarquista, socialista e comunista.
Para os elitistas a desigualdade é a condição da sociedade.
Defendiam o desenvolvimento de uma teoria científica e da utilização sistemática de metodologias de pesquisa.
GAETANO MOSCA, VILFREDO PARETO E ROBERT MICHELS Produção intelectual conectada: Debates políticos de meados do século XIX e início do
século XX. Questões metodológicas – forma, procedimentos e a
postura científica diante do seu objeto de investigação. É possível afirmar que parte das reflexões teóricas
desses autores foram reativas....... Reações críticas em relação aos modelos de democracia adotados pelos países europeus.
Em especial – Itália. Percebiam que a disputa pelo poder, pela dominação era
feroz...... Que privilegiavam um extrato da sociedade
MOSCA
Defendia uma postura científica pautada na racionalidade.
Razão – era um caminho seguro para determinar a organização social.
Critica a associação entre democracia e liberalismo. Defende a democracia representativa. Partia do princípio que: “sempre haverá uma classe política organizada que
se impõe, por superioridade moral aos numerosos.” Única distinção política: Governantes X Governados
Distinções:
Riqueza Lugar social de nascimento Mérito
Elite: Ocupam um lugar privilegiado na sociedade. Propõe o conceito de fórmula da sociedade
para entender como ocorre a dominação entre os extratos sociais.
Qual é a origem da sociedade?
1- princípio sobrenatural – fundamento teológico. 2- abstração racional – soberania popular – conectada
a noção de representação. 3- junção das 2 fórmulas anteriores. Segundo Mosca essas são formas de manipulação
das massas e de ocultamento de uma relação de dominação entre os extratos sociais.
Critica a forma de governo parlamentar. Para o autor, o Estado é a instituição responsável por
mediar as paixões individuais X interesses racionais da sociedade.
Estado – corpo racional que defende a sociedade e é responsável por permitir a renovação da classe política.
De tendência conservadora e normativa. Apesar de criticar a associação do liberalismo a
democracia, não propõe um modelo alternativo. Limita-se a pensar em correções ao modelo vigente da época.
Formação de uma nova classe política na Itália. Foi o primeiro autor a sistematizar a interpretação
elitista do fenômeno político e influenciou gerações posteriores.
Contribuições de Mosca: Obra importante – segunda edição de “Elementos da
Política” Formula o conceito de classe dirigente – conjunto de
forças que orienta a sociedade em todos os níveis , incluindo as minorias no campo da economia, religião, tecnologia.
PARETO: Crítico ao parlamentarismo, a corrupção, ao
protecionismo e a intervenção estatal. Era simpático em relação ao liberalismo. Sua produção tem uma conotação liberal e
pacifista. E por isso criticava o intervencionismo estatal na
vida econômica e na vida política. Dedicou-se a debater sobre metodologia de
investigação empírica. Critica a premissa igualitária socialista, apesar de
simpatizar com a perspectiva da luta de classes. Discorda da tese – classe exploradora X
explorados como um fenômeno próprio do capitalismo
Concepção de ciência política para Pareto: É uma forma de compreensão da sociedade e da
sua realidade. Nota-se uma intensa preocupação com o sentido
e a origem das ações humanas.
Obra importante : “Tratado de Sociologia Geral” Adere ao grupo de intelectuais que criticam o
liberalismo ... como pressupostos para o desenvolvimento de teorias para entender as relações sociais e políticas.
Para o autor os seres humanos agem de duas maneiras:
Ação lógica X Ação não lógica .Motor das ações humanas – é a emoção.Desafio:“ Estudar por meio da lógica as ações não lógicas”.Para entender as bases móveis de funcionamento da
sociedade,Pareto passa a investigar sobre as rotinas de circulação
das elitespolíticas.Quem é considerado elite?Grupos da sociedade.Para Pareto, é necessário observar o funcionamento dos
grupos,em especial os líderes.Considerados – homens talentosos.
Elite política Homens de elite que são talentosos.
Pressuposto de partida A realidade é a dominação dessa elite .... dos
homens de talento em relação as massas. Implica numa relação de tensão entre
dominantes e dominados. A política é algo instável ...... E por isso deve
passar por períodos de renovação.
MÉTODO
IMPARCIALIDADE OBSERVADOR DA DINÂMICA SOCIAL ISOLAMENTO
CURIOSIDADE APOIOU O FASCISMO NOMEADO SENADOR POR MUSSOLINI.
MICHELS: Foi um intelectual que se envolveu com o seu
objeto de investigação. Influenciado por Pareto e Weber. Na Alemanha militou no partido social-
democrata, entre 1903 – 1907. Migrou de uma posição política reformista e
conservadora para uma posição política revolucionária.
Estabeleceu um diálogo com a esquerda do partido e se aproximou de Karl Kautsky.
Criticava a democracia – principalmente sua estruturação em torno de um grupo dirigente.
Desencantado com o mundo da política. Observa os fenômenos da época: Movimento da classe dominante nos partidos
políticos. Burocratização progressiva das instituições e da
política.
Obra referência: “Sociologia dos Partidos Políticos” Preocupado em definir – o que é a Ciência? Ferramenta de verificação neutra da realidade. Para compreender e interpretar a realidade. Racionalidade acima das emoções e dos
sentimentos.
Nele postula que os partidos políticos é a estrutura capaz de criar vontade coletiva.
Mediar os interesses X participação. Uma forma de organizar a relação entre –
dominantes X dominados. Acredita que a realidade é de subordinação.......
Pequeno grupo dominada o grande grupo.
Lei de ferro das oligarquias: dentro de um grande grupo, existem os
dirigentes líderes que determinam as direções políticas a serem tomadas, seguida pelas massas.
Defende a oligarquização com uma forma de organizar a sociedade.
Partidos aparecem como instrumentos de combate, formado por uma classe de políticos profissionais.
Mas o que Michels percebe na prática é: Partidos servem a um pequeno grupo, que
tendem a conservar o poder em suas mãos e considerar essa estrutra como um meio de vida.
Propõe a investigação da origem social dos dirigentes na rotina dos partidos e as implicações de suas escolhas pessoais e coletivas.
Diante dos desencantos, passa a apoiar o fascismo como um modelo político eficiente e de participação das massas. 1928 – 1936.