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Do telejornalismo ao webtelejornalismo: a convergência
midiática no jornalismo da TV Morena
Ana Carolina da Costa Lima1
Resumo: O presente artigo mostra como o avanço da tecnologia vem transformando as mídias tradicionais de comunicação, em especial a televisão. Na era da convergência, a remediação une duas mídias distintas, dando sentido a uma nova forma de comunicação jornalística, onde se utiliza as novas linguagens de mídia descritas por Lev Manovich, como a interatividade, a hipertextualidade e a multimidialidade. Assim, o telejornalismo encontra novo terreno no ciberespaço, dando origem ao que Letícia Renault chama de webtelejornalismo. E, é através desse novo formato de mídia, que usuários podem assistir ao seu telejornal preferido a hora que quiser e do jeito que quiser. Dessa forma, este estudo mostra o processo de convergência do telejornalismo da TV Morena, e como o telejornal MSTV 1ª edição encontra-se disponível na web.
Palavras-chave: Telejornalismo. Convergência midiática. Webjornalismo. Internet.
Webtelejornalismo.
1Graduada em Jornalismo; Mestranda em Comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; E-mail: anacarol_lima@hotmail.com
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1 INTRODUÇÃO
A atividade do jornalismo, desde o advento da Internet, em geral, passa por
transformações provocadas pelas tecnologias digitais, alterando as rotinas
produtivas, o conteúdo, a linguagem e o formato das notícias. A Web foi
responsável pela convergência midiática, que possibilitou ao telejornalismo, ao
radiojornalismo e ao jornalismo impresso se adaptarem a este novo suporte.
Assim como outros formatos de mídias tradicionais, o telejornalismo brasileiro,
por sua vez, iniciou sua convergência no começo da década de 902, mas foi a partir
dos anos 2000 que a convergência e a qualidade digital marcaram uma nova fase na
história da televisão brasileira com a adoção de um novo sistema de televisão digital.
De acordo com Mattos (2010, p. 173), a convergência entre a televisão e a internet
começou a modificar a vidas das pessoas a partir da primeira década do terceiro
milênio, e é na fase da portabilidade, mobilidade e interatividade, iniciada a partir de
2010 que o cenário das comunicações passou por uma significativa mudança
estrutural:
Isto foi possível graças ao desenvolvimento da internet e da digitalização dos conteúdos de áudio, vídeo e texto. Por meio da internet pode-se transportar, armazenar e redistribuir produtos audiovisuais, dados e voz (Voip – voz sobre protocolo de internet). A convergência permitiu uma mudança na relação entre redes de produtores e transmissores de conteúdos com os prestadores de serviços. Antes, uma rede atuava como suporte para prestação de um único serviço. Agora, com o avanço da tecnologia, constata-se a tendência de uma mesma rede oferecer mais de um serviço (MATTOS, 2010,174).
O jornalismo de televisão ou o telejornalismo, durante muito tempo firmou-se
como mídia predominante de comunicação. Ignácio Ramonet afirma que a televisão
2Os autores Elias Machado e Marcos Palácios traçam um panorama das primeiras publicações de jornalismo digital no Brasil e no mundo. Ver a cronologia disponivel em http://gjol.net/wp-content/uploads/2012/12/book-manual-jornalismo.pdf, p.11 (acesso em 24/07/2016).
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se transformou na primeira mídia de informação, dada a sua supremacia entre os
veículos de comunicação de massa: “ela dita a norma, impõe sua ordem e obriga
outros meios a seguí-la” (Ramonet, 1999, p. 10).
No entanto, com o avanço das tecnologias, com a popularização de novas
mídias digitais e o desenvolvimento de suportes tecnológicos, a informação
encontrou um novo meio para se consolidar: o ciberspespaço. Uma pesquisa
recente, realizada pela IAB Brasil3 - mostrou que apesar da televisão ainda se
consolidar como meio de comunicação predominante, onde brasileiros gastam em
média 4h31 por dia, a internet vem ganhando espaço no cotidiano das pessoas de
forma crescente, diminuindo o tempo de exposição na televisão. De acordo com a
pesquisa realizada em 2015, 48% da população brasileira usa a internet, com
exposição média diária de 5 horas, e 67% dos entrevistados nesta pesquisa utilizam
a internet para se informar e saber das notícias.
E é neste cenário de mudanças que o telejornalismo começa a utilizar o
potencial do ciberespaço para não perder audiência. A televisão mudou a sua forma
de fazer jornalismo com advento da internet, trazendo consigo a instantaneidade e a
interatividade, que Lev Manovich (2005) chama de as novas linguagens de mídia.
Em contrapartida, a internet também incorporou formatos televisivos. Grandes
empresas de comunicação, como a BBC4 e a Rede Globo5 migraram para o
ciberespaço seus conteúdos jornalísticos, utilizando vídeos, áudios e uma série de
recursos multimídia como a hipertextualidade, mobilidade, simultaneidade, hiperlinks
entre outros.
E é sobre a migração das redes e emissoras de televisão para a Web, que
este artigo aborda a convergência midiática do jornalismo. Por se tratar de um novo
formato, a nomenclatura para telejornalismo na web, ainda não está totalmente
3Pesquisa Brasileira de Mídia, 2015 – hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Disponível em http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf. Acessado em 24/07/2016. 4 British Broadcasting Corporation, fundada em 1920 por John Reith. De acordo com Piazzi (2011), a BBC é considerada um exemplo de sistema televisivo público e de credibilidade no mundo inteiro. 5 Inaugurada em 26 de abril de 1965, por Roberto Marinho. Em 2016, o Grupo Globo se tornou o 17º maior conglomerado de mídia do mundo, de acordo com o relatório publicado pela ZenithOptmedia. Disponivel em http://www.zenithoptimedia.com/google-strengthens-position-worlds-largest-media-owner/. Acessado em 24/07/2016.
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consolidada. Para Amaral (2007, p. 1), o espaço virtual dá origem às terminologias
WebTVs, CiberWebTVs, Webjornalismo Audiovisual e Webtelejornalismo.
Neste artigo, justifica-se a escolha da terminologia Webtelejornalismo, da
pesquisadora Leticia Renault, por identificar a reconfiguração do telejornalismo
diante da expansão da web. Amparado na tese de Renault (2014), o artigo aborda
este novo conceito e, analisa ainda a convergência midiática do telejornalismo da TV
Morena, através do Webtelejornal MSTV 1ª edição, localizado no site
g1.globo.com.br/matogrossodosul. Este estudo inicial servirá como base para uma
pesquisa mais detalhada sobre o o mesmo objeto aqui abordado, no qual a
metodologia utilizada será análise de conteúdo e as Ferramentas para Análise de
Qualidade no Ciberjornalismo6.
1. Conceito de Webtelejornalismo De acordo com Renault (2014, p. 20), webtelejornalismo pode ser entendido
como conjunto de conhecimentos, rotinas e práticas jornalísticas que resulta na
produção e exibição do webtelejornal. Para a pesquisadora, o webtelejornal é um
desdobramento do telejornalismo no ciberespaço. Ela ainda considera este
formato um cibermeio, pois o seu objetivo se encontra na divulgação da
informação jornalística de formato audiovisual na web.
A perspectiva de compreender o webtelejornal como migração do telejornal para o ciberespaço justifica a decisão etimológica de adotar a palavra web como prefixo para a palavra telejornalismo. Entende-se que, como prefixo, a palavra web exprime de forma mais clara o entendimento de que o webtelejornal é um cibermeio com um passado eletrônico. A palavra web cumpre essa função melhor, por exemplo, que o prefixo ciber7 (RENAULT, 2014,19).
6 Metodologia para o Estudo do Ciberjornalismo. 7 De acordo com Renault (2014, p. 19), “o prefixo ciber vem do grego kibernetike que significa condutor, piloto. A palavra designava a condução adequada de uma embarcação. No século XX, o matemático americano Norbert Wiener adotou a palavra cibernética em seu livro Cibernética (1948), no qual a definiu como a ciência e a teoria do controle da comunicação, no animal e na máquina”.
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Historicamente, o webtelejornalismo brasileiro teve início a partir da primeira
década do século XXI, período em que os telejornais das maiores emissoras de tv
aberta lançaram sites com conteúdos jornalísticos de reportagens exibidas
anteriormente na TV. Em 2006, por exemplo, a Rede Globo estreou o portal G1, que
reúne todos os conteúdos jornalísticos e de entretenimento da emissora. Três anos
mais tarde, a Rádio e Televisão Bandeirantes e a Rede Record de Televisão
também lançaram seus portais na web. De acordo com Renault, em 2010 todos os
telejornais brasileiros de canais abertos já possuíam sites.
Renault classifica os sites de webtelejornalismo como sites de transposição,
pois são de natureza audivisual e se originam de um outro meio de comunicação, a
televisão: “os sites de transposição podem ser considerados uma adaptação para o
ciberespaço de uma fonte, ou seja, uma rede ou um canal de televisão que passa a
exibir programas, telejornais e outros produtos audiovisuais na web” (Lopes apud
Renault, 2014, 27).
Quanto às características do webtelejornalismo, este formato mantém a
estrutura do webjornalismo com adaptação da televisão. No webjornalismo,
prevalece características como a interatividade, hipertextualidade e multimidalidade.
Palácios (1999), no entanto, estabelece cinco características para o jornalismo da
web: interatividade, multimidialidade/convergência, hipertextualidade, personalização
e memória.
Aqui, cabe ressaltar a característica da memória, pois segundo Palácios
(1999), a acumulação de informação é mais viável técnica e economicamente na
web do que em outras mídias. Neste sentido, a memória torna-se uma ferramenta de
recuperação de informação e conteúdos disponibilizados a qualquer momento para
o usuário. Diferente do que acontece com outras mídias (TV, rádio, impresso), é na
web que o jornalismo encontra espaço ilimitado. Ou seja, é através da memória que
temos a posssibilidade de acessar conteúdos antigos a qualquer momento. No
jornalismo de televisão isto não é possível. Já na web temos a possibilidade de
assistir ao webtelejornal ao vivo ou se preferir edições veiculadas há dias ou
semanas anteriores.
Neste cenário convergente, onde duas mídias (TV e web) se cruzam, a
remediação se torna marca deste processo, pois quando um meio passa a
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incorporar ou imitar elementos de outros, a fim de melhorar seu próprio meio, ele cria
dinamismo entre diferentes instrumentos de comunicação. De acordo com Nogueira
(2005, p.27), quando conteúdos jornalísticos audivisuais são distribuídos em
camadas ou blocos na web e potencialmente dispomos do recurso da memória,
interatividade e personalização, a internet efetivamente está remediando a televisão:
“Quando o controle remoto dá lugar ao mouse, constatamos que o fenômeno da
remediação, se verifica pelo processo de reforma a partir da lógica da
hipermediação”.
Em a Cultura de Convergência (2009, p. 29), Henry Jenkins atenta para fato
das novas e velhas mídias se colidirem, mídia corporativa e mídia alternativa se
cruzarem e o poder do produtor de mídia e do consumidor de mídia interagirem de
maneira imprevisíveis. Ou seja, o webtelejornalismo já não é uma tendência e sim,
uma realidade.
A convergência de mídia é mais do que apenas uma mudança tecnológica. A convergência altera a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos. A convergência altera a lógica pela qual a indústria midiática opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o entretenimento. Lembrem-se disto: a convergência refere-se a um processo, não a um ponto final. Não haverá uma caixa preta que controlará o fluxo midiático para dentro de nossas casas. Graças à proliferação de canais e à portabilidade das novas tecnologias de informática e de telecomunicações, estamos entrando em uma era em que haverá mídias em todos os lugares (JENKINS, 2009,43).
2. O Telejornalismo da TV Morena
A TV Morena foi criada na véspera do Natal de 1965 em Campo Grande, até
então, estado de Mato Grosso8, se tornando a segunda cidade do país, sem ser
capital, a ter uma geradora de imagens, segundo dados históricos, a primeira foi a
cidade de Bauru (SP). (Cancio, 2005, p. 115)
8 Segundo Cancio (2005, p.115): “ no pocesso de emissões televisivas, apenas a TV Morena surge antes da divisão do Estado”. A divisão dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se deu em 11/10/1977.
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A visão empreendedora dos irmãos Zahran, que na época estavam se
consolidando como um forte grupo empresarial na distribuição de gás na região
Centro-Oeste, foi o que possibilitou a movimentação para trazer a televisão para o
estado. O propósito de Ueze Zahran era contribuir com o desenvolvimento da
população mato-grossense. A disputa pela concessão não foi fácil, já que outro
grupo ligado à Rede Tupi, entrou na concorrência pública.
No entanto, em 19 de outubro de 1965, um decreto do então presidente
Castelo Branco, autorizou a concessão dos três canais que os irmãos Jorge Elias e
Ueze Zahran haviam solicitado, em Campo Grande, Cuiabá e Corumbá.
O processo de concessão foi acompanhado pela jornalista Antonieta Ries Coelho (2001), que posteriormente se tornou a primeira diretora da TV Morena. Ela conta que encaminhou a solicitação de concessão ao Contel incluindo documentação sobre a idoneidade e o poder financeiro dos solicitantes, os projetos técnicos de construção da emissora e da instalação da torre de transmissão e argumentação sobre a força financeira do comércio local. Na verdade, o grupo Zahran havia solicitado a concessão de três canais e decidiu acompanhar de perto o processo de concessão (CANCIO, 2005,116).
Tão logo, a TV Morena deu início à programação com conteúdos locais, com
o telejornal Notícias do Dia, com edições diárias de 25 minutos, sendo veiculado de
segunda a sexta-feira. O telejornal apresentava as notícias em blocos nacionais,
internacionais e locais. Porém não tinha reportagens externas, pois não contava com
equipamentos e nem com a função do repórter. As notícias chegavam através dos
Correios em forma de telegramas e continham informações de agências de notícias
internacionais e nacionais.
Marcelo Cancio (2005), relata que até o ano de 1967, o telejornal Notícias do
Dia, foi o único noticiário de televisão da TV Morena, até que surgiu o Módulo 6,
outro telejornal criado por Onésimo Filho e Antonio Carlos Azambuja Dagher, que
era apresentado às 22 horas de segunda à sabado com duração entre 10 a 15
minutos. O telejornal também mostrava notícias enviadas por agências e de rádio
escuta.
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A partir de 1976, após a filiação com a Rede Globo, surgiram outros
telejornais e a grade de programação da TV Morena passou por grandes
modificações. A começar pelo Jornal do Meio Dia, e da transmissão ao vivo do
Jornal Nacional, transmitido via Embratel às 18h45. Nesta época o Jornal da
Verdade ocupa espaço do Notícias do Dia e começa a ser apresentado às 20h50.
Nesse período, segundo Lopes (2001), ocorrem algumas mudanças. A principal delas é a produção de mais reportagens externas. A utilização do equipamento de vídeo teipe facilita esse trabalho. A estrutura das reportagens era a mesma apresentada por outros telejornais: imagens cobertas com texto narrado em off e a inclusão de entrevistas para complementar o material (CANCIO, 2005,123).
É a partir de 1983 que a TV Morena inicia a veiculação do MSTV 1ª edição e
2ª edição, seguindo o modelo do padrão determinado pela Rede Globo. Desde
então, o telejornalismo da TV Morena vem acompanhando as transformações que
ocorreram no Estado de Mato Grosso do Sul, relatando histórias, cumprindo o papel
do jornalismo que é de agente transformador da sociedade.
Atualmente a programação da TV Morena conta com 6 programas locais: Meu
Mato Grosso do Sul (programa de entretenimento), Bom dia MS, MS Rural, MSTV 1ª
edição e MSTV 2ª edição e Globo esporte regional.
Com meio século de história, a TV Morena se firmou como um dos maiores
grupos de comunicação do país. Hoje ela conta com mais de 250 colaboradores e é
a sede da Rede Matogrossense de Televisão em Campo Grande, possuindo outras
5 afiliadas nas cidades de Corumbá, Ponta Porã, Dourados e Três Lagoas. Já no
Estado do Mato Grosso, o Grupo Zahran consolidou-se com a TV Centro América,
localizada em Cuiabá, mas conta também com as afiliadas nas cidades de Sinop,
Tangará da Serra e Rondonópolis.
2.1 TV Morena e as tecnologias digitais
Ao longo dos anos, o jornalismo da TV Morena acompanhou as
transformações na comunicação, passando pelo advento da internet e a adoção da
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TV digital9 no país. Em 2001, a TV Morena iniciou suas atividades no site RMT
Online, por determinação da Rede Globo para que todas as afiliadas tivesse seus
portais de notícias. De acordo com Fernandes (2006), o RMT Online abrangia os
estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e sempre foi comum a troca de
informações entre as duas mídias do mesmo grupo.
Outro marco tecnológico na história da TV Morena, foi a estreia da TV digital
em maio de 2009, a partir dessa data a afiliada da Rede Globo passou a transmitir o
sinal digital em Mato Grosso do Sul, sendo a primeira emissora de tv aberta no
estado a conseguir este feito.
De acordo com Anelo (2015), em 2011 o portal RMT Online passou a fazer
parte do portal de notícias da Globo.com:
Nessa época, por determinação da Globo, houve na verdade uma fusão dos portais de notícias de todas as afiliadas da Rede Globo para o G1, que passou a hospedar todos os demais. Como forma de padronizar os sites das afiliadas da Rede Globo, houve uma mudança também na denominação. De RMT Online, passou a ser chamado de G1/TV Morena (ANELO, 2015, p. 9).
Quando firmou-se no ciberespaço, a TV Morena pode enfim, utilizar-se das
novas linguagens de mídia, entre elas a interatividade. Pois, foi partindo desta
ferramenta que o jornalismo pode ficar mais próximo do cidadão, tornando-o um
colaborador de notícias, seja pautando os telejornais ou enviando os comentários
nas edições.
Em abril de 2014, a TV Morena lançou seu primeiro aplicativo móvel: o Bem
na Hora, com a intenção de fazer os telespectadores participarem através do envio
de fotos, vídeos e sugestões de pauta.
9 Segundo Mattos (2010, p. 172): “ o padrão de transmissão digital adotado pelo Brasil é o SBTVD-T (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre) com base nopadrão de transmissão ISBD-T, utilizado no Japão. Este sistema de transmissão digitalfoi escolhido porque segundo o governo oferecia custos mais baixos e maior facilidade na transferência de tecnologia e mobilidade”.
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(Figura 1. Interface do aplicativo Bem na Hora)
Já no dia 28 de junho de 2016, a TV Morena começou a utilizar o aplicativo de
mensagens instantâneas mais popular do mundo: o Whats app, que apesar de ter
sido criado em 2009, só foi inserido no telejornalismo da TV Morena 6 anos mais
tarde. A princípio este aplicativo é usado somente no telejornal Bom Dia MS.
3. Análise do objeto MSTV 1ª edição na Web
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Com base na pesquisa de doutorado feita por Renault (2014), em cima dos
maiores webtelejornais do país, este artigo traz uma análise, ainda que modesta, do
webtelejornalismo MSTV 1ª edição da TV Morena.
Este webtelejornal pode ser acessado pelo endereço do portal de notícias G1,
http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul//, onde se chega em sua página principal,
como ilustram as Figuras 2 e 3.
(Figura 2. Fac-símile da página inicial do portal G1/MS, por onde se acessa o link
para o webtelejornal MSTV 1ª edição.)
Disponível em: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/. Acesso em 26/07/2016
(Figura 3. Fac-símile da página inicial do o webtelejornal MSTV 1ª edição.)
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Disponível em http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/mstv-1edicao/videos/. Acesso
em 26/07/2016
O webtelejornal MSTV 1ª edição é uma transposição do material veiculado na
TV. Ele apresenta as edições que podem ser vistas em blocos de reportagens ou a
própria edição na íntegra. É possivel acessar edições inteiras até maio de 2016.
Na sua interface, o webtelejornal separa as edições por sucursais: Campo
Grande, Dourados, Corumbá, Ponta Porã e Três Lagoas. As seções da primeira aba
do menu são dedicadas ao esporte, trânsito, previsão do tempo, agenda de shows e
vc no G1. Há ainda links para editorias G1, últimas notícias, outras regiões,
princípios editoriais e grupo globo. Já na segunda aba, encontram-se todos os
programas da TV Morena: Bom Dia MS, MSTV 1ª edição, MSTV 2ª edição, MS
Rural e Nacionais.
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2 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Marshall McLuhan, sinalizava na década de 60, que um meio pode influenciar
outro. Seguindo o pensando mcluhiano, Jenkins (2009, p. 47), mostra que a Cultura
de Convergência faz com que os produtores de mídias repensem nas antigas
suposições sobre o que significa consumir mídias. Hoje os consumidores são ativos
e não mais passivos como antigamente. Eles não precisam mais parar os seus
afazeres para assistirem ao seu telejornal preferido. Eles sabem que é na web que
se encontram edições do dia ou edições anteriores, e que com um clique eles têm
acesso a tudo aquilo que não viram na televisão.
Neste sentindo, Jenkins (2009), também afirma que os produtores de mídia
estão reagindo a esses recém poderosos consumidores. O webtelejornalismo já não
é uma tendência, e sim uma realidade, pois, a medida que mais e mais pessoas
dispõe de recursos digitais como tablets ou smartphones, e a internet começa a
fazer parte da metade da população brasileira, o telejornalismo precisa estar cada
vez mais presente no ciberespaço.
Por mais que a televisão ainda seja um veículo de comunicação de massa
predominante, há de se atentar para o fato de que em mais alguns anos ela deixará
de ser. E são os números que revelam isso: os hábitos de consumo de mídia dos
brasileiros vem se alterando a cada ano, é o que mostra os dados da última
Pesquisa de Mídia Brasileira (2015): metade da população já utiliza a internet, e o
percentual de pessoas que a utilizam todos os dias cresceu de 26%, na pesquisa
feita no ano anterior, para 37% em 2015. O hábito também mudou, e ele está mais
intenso. Em 2014, os usuários ficavam em média 3h43 conectados. Em 2015, são
4h59 por semana e 4h24 nos finais de semana.
Ou seja, os brasileiros estão mais conectados no ciberespaço. Seja para se
informarem ou para se entreterem. O fato, que é as grandes empresas de
comunicação, em especial as emissoras de TV aberta, precisam dar uma atenção
para esses consumidores multimídia, e lançar mão de programas feitos para a web.
Os webtelejornais ainda estão dando os primeiros passos para consolidar-se
na web. Pesquisas sobre este novo formato se tornam necessárias para que hajam
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referências e análises no desenvolvimento deste novo produto de mídia, afinal,
como disse Jenkins (2009) a convergência é um processo e não um ponto final.
3 REFERÊNCIAS
AMARAL, Neusa Maria. Televisão e Telejornalismo: modelos virtuais. Trabalho apresentado em XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em Santos, 29 de agosto a 2 de setembro de 2007.
ANELO, Claudia. Interatividade e convergência como recursos para maior
participação do telespectador no telejornal Bom Dia MS. Texto apresentado no 6º Simpósio Internacional de Ciberjornalismo. Campo Grande, Junho/2015.
CANCIO, Marcelo.Telejornalismo Descoberto: a origem da notícia no
jornalismo televisivo regional. Campo Grande: UFMS, 2005. FERNANDES, Paula Andréia. Perfil do webjornalista de Campo Grande -
MS. Monografia (Especialização) - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal. Campo Grande, 2006.
JENKINS, Henry. Cultura de Convergência, 2ed. São Paulo: Aleph, 2009.
MACHADO, Elias e PALÁCIOS, Marcos. Manual de Jornalismo na Internet: conceitos, noções práticas e um guia comentado das principais publicações jornalísticas digitais brasileiras e internacionais. Salvador, Março/1997. E-book disponível em http://gjol.net/wp-content/uploads/2012/12/book-manual-jornalismo.pdf, p.11 (acesso em 24/07/2016).
MANOVICH. Lev. El lenguaje de los nuevos medios de comunicación: la
imagen em la era digital. Barcelona: Paidós, 2005. MATTOS, Sérgio. História da Televisão Brasileira: uma visão econômica
social e política, 5ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2010.
NOGUEIRA, Leila. O Webjornalismo Audiovisual: uma análise de notícias no UOL News e na TV UERJ Online. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Bahia, 2005.
PALACIOS. Marcos. O que há de (realmente) novo no Jornalismo Online? In: Conferência proferida por ocasião do concurso público para Professor Titular na FACOM/UFBA, Salvador, Bahia, em 21.09.1999.
Pesquisa Brasileira de Mídia, 2015 – hábitos de consumo de mídia pela
população brasileira. Disponível em http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-
15
qualitativas-de contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf. Acesso em 24/07/2016.
PIAZZI, Larissa. Telejornalismo na Internet: Um breve estudo comparativo
entre webvideos da BBC e da Globo. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011.
RAMONET, Ignácio. A Tirania da Comunicação. Arquivo digitalizado m 2002. Disponível em :file:///C:/Users/Pequena/Downloads/a%20tirania%20da%20comunicacao_ignacio%20ramonet.pdf. Acesso em 27/07/2016.
RENAULT, Letícia. Webtelejornalismo. Rio de Janeiro: E-papers, 2014.