DOCUMENTÁRIO “SOB VINTE CENTAVOS” · decisão que os homens tomem, devem ter voz ativa nessa...

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REFLEXÕES A PARTIR DO

DOCUMENTÁRIO “SOB VINTE

CENTAVOS” Prof. Dr. Radamés Rogério

Universidade Estadual do Piauí

SOBRE O DOUMENTÁRIO

Título: Sob vinte centavos

Direção: Gustavo Canzian e Marco Guasti

Roteiro: Gustavo Canzian e Marco Guasti

Produtor: Gustavo Canzian e Marco Guasti

Ano: 2013

Gênero: Documentário

Duração: 45’

PENSANDO SOBRE CIDADANIA

“Em essência, democracia significa que todas as

pessoas vitalmente atingidas por qualquer

decisão que os homens tomem, devem ter voz

ativa nessa decisão”.

Charles Wright Mills, A imaginação sociológica

(1975), p.203.

PIRÂMIDE DA CIDADANIA

MODELO INGLÊS – T.H. MARSHALL

DIREITOS

SOCIAIS

DIREITOS

POLÍTICOS

DIREITOS

CIVIS

CIDADANIA

Direitos Civis: Liberdade individual (de

opinião e de organização livre;

Direitos Políticos: Participação do cidadão

(principal tradução em nossa sociedade: direito

de voto);

Direitos Sociais: Participação dos indivíduos

na riqueza socialmente produzida (pode existir

sem que haja os dois primeiros).

CIDADANIA

A cidadania plena é o ideal que se

concretizaria a partir da junção dos três

direitos, de forma que os cidadãos então

desfrutem ao mesmo tempo de liberdade,

participação e igualdade entre todos.

Para José Murilo de Carvalho há uma inversão

desse ideal em nosso país:

CIDADANIA

“Aqui primeiro vieram os direitos sociais,

implantados em período de supressão dos direitos

políticos e de redução dos direitos civis por um

ditador que se tornou popular depois vieram os

direitos políticos, de maneira também bizarra. A

expansão do direito de voto deu-se em outro

período ditatorial (...) muitos direitos civis, a

base da pirâmide de Marshall, continuam

inacessíveis à maioria da população”.

Cidadania no Brasil (2004), p.220.

PIRÂMIDE DA CIDADANIA

INVERSÃO NA REALIDADE BRASILEIRA

DIREITOS

SOCIAIS

DIREITOS

POLÍTICOS

DIREITOS

CIVIS

DEMANDA: A QUESTÃO URBANA NO

BRASIL

“... grande parte de nossas cidades é construída

pelos próprios moradores em áreas invadidas –

ambientalmente frágeis – ou adquiridas de

loteadores ilegais. Para a construção desses bairros

não contribuem arquitetos e engenheiros,

tampouco há observância de legislação urbanística

ou de quaisquer outras leis, até mesmo para a

resolução dos (frequentes) conflitos, para os quais

não contribuem advogados, cortes, juízes ou

tribunais”.

Ermínia Maricato, Cidades rebeldes (2013), p.20.

DEMANDA: A QUESTÃO URBANA NO

BRASIL

Consequência:

favelização do meio urbano.

DEMANDA: A QUESTÃO URBANA NO

BRASIL

“Nem toda melhoria das condições de vida

é acessível com melhores salários ou com

melhor distribuição de renda. Boas condições de

vida dependem, frequentemente, de políticas

públicas urbanas – transporte, moradia,

saneamento, educação, saúde, lazer, iluminação

pública, coleta de lixo, segurança”.

Ermínia Maricato, Cidades rebeldes (2013),

p.19/20.

DEMANDA: A “CIDADE NEOLIBERAL”

Modelo de desenvolvimento urbano voltado para a

circulação do capital e de “usuários solventes”,

que consomem sem se fixar.

Transformar a metrópole em “cidade-empresa”,

significa anular a multiplicidade como

coexistência e as possibilidades de conflito.

Espaço urbano voltado para o fomento do turismo

de lazer e de negócios.

Rogério e Vasconcelos, “A copa do mundo 2014 como instrumento de

“modernização conservadora” (2014), p.6.

SOBRE O MOVIMENTO PASSE LIVRE

“O MPL foi batizado na Plenária Nacional pelo Passe

Livre, em janeiro de 2005, em Porto Alegre (...). Fatos

históricos importantes na origem e na atuação

do MPL são a Revolta do Buzu (Salvador, 2003) e as

Revoltas da Catraca (Florianópolis, 2004 e 2005).”

“O Movimento Passe Livre é um movimento horizontal,

autônomo, independente e apartidário, mas não

antipartidário. A independência do MPL se faz não

somente em relação a partidos, mas também a ONGs,

instituições religiosas, financeiras etc.”

“A via parlamentar não deve ser o sustentáculo do MPL,

ao contrário, a força deve vir das ruas.”

Fonte: http://www.mpl.org.br/

SOBRE O MOVIMENTO PASSE LIVRE

“O MPL não tem fim em si mesmo, deve ser um meio para

a construção de uma outra sociedade. Da mesma

forma, a luta pela Tarifa Zero não tem um fim em si mesma.

Ela é o instrumento inicial de debate sobre a

transformação da atual concepção de transporte coletivo

urbano, rechaçando a concepção mercadológica de

transporte e abrindo a luta por um transporte público,

gratuito e de qualidade, como direito para o conjunto da

sociedade; por um transporte coletivo fora da iniciativa

privada, sob controle público (dos trabalhadores e

usuários).”

Fonte: http://www.mpl.org.br/

SOBRE O MOVIMENTO PASSE LIVRE

“O MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos

jovens e trabalhadores pela expropriação do

transporte coletivo, retirando-o da iniciativa privada,

sem indenização, colocando-o sob o controle dos

trabalhadores e da população. Assim, deve-se construir o

MPL com reivindicações que ultrapassem os limites

do capitalismo, vindo a se somar a movimentos

revolucionários que contestam a ordem vigente. Portanto,

deve-se participar de espaços que possibilitem a

articulação com outros movimentos, sempre analisando o

que é possível fazer de acordo com a conjuntura local”.

Fonte: http://www.mpl.org.br/

DEMANDA POLÍTICA

“Há uma distorção no processo de

representação, pois a população percebe que tais

instituições não representam a sociedade, mas

desenvolvem esquemas de favorecimento

privatista que geralmente levam à corrupção

ou a práticas corporativistas profundas. (...)

embora não se trate necessariamente de uma

rejeição à política, mas ao establishment desse

fazer político...”.

Rafael Balseiro Zin, “O discurso que antecede a

exclamação” (2012), p.17.

DEMANDA POLÍTICA

Esgotamento do modelo de representação.

Novos modelos de organização popular:

horizontais, descentralizados, autogeridos.

OS MOVIMENTOS PODEM NÃO SABER O QUE

QUEREM, MAS SABEM O QUE NÃO QUEREM

Sistema político-partidário enrijecido e

antidemocrático

Corrupção interna nas e das instituições

político-representativas

Insuficiência prática dos dispositivos de

representação

Criminalização dos movimentos sociais

O DISCURSO DE QUE “O GIGANTE ACORDOU”

Esse discurso do gigante adormecido quer negar a

história, jogando para debaixo do tapete a história

de lutas e revoltas populares do país.

Prof. Dr. Radamés de Mesquita Rogério

Universidade Estadual do Piauí

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radamesrogerio.worpress.com

E-mail:

rm_rogerio@yahoo.com.br