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AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AS CONTRIBUIÇÕES ÉTICAS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL E NO ENSINO FUNDAMENTAL
Por: Julieni Batista dos Santos Correia
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2013
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AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AS CONTRIBUIÇÕES ÉTICAS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
Monografia apresentada à Faculdade Integrada
A vez do Mestre como requisito parcial para
obtenção do título de especialista em Ensino
Religioso.
Por: Julieni Batista dos Santos Correia
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AGRADECIMENTOS
Dou graças a Deus, Espírito renovador de todas as coisas. Sopro e
leveza que conduz a vida e sustenta o Universo. Agradeço ao meu marido,
companheiro amoroso e gentil animador e à dinâmica da vida que abre janelas,
ainda que as portas se fechem.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho àqueles que sempre mantiveram a
fé ao longo de suas vidas, encontrando a luz. Aos meus
pais, que estão nas terras de Minas, de onde bebi da
fonte da crença popular, nas rezas, baduques e nas
novenas. Ao meu doce amado encontrado nas teias da
fé, o qual do santo recebeu o Antônio de seu nome e o
encanto pelo Divino.
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“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
(Nelson Mandela)
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RESUMO
Partindo do pressuposto que a formação ética do indivíduo encontra-se
nas fases iniciais de seu desenvolvimento cognitivo, este estudo verificou as
possíveis contribuições do ensino da ética nas séries iniciais e finais da
educação básica na disciplina de Ensino Religioso. As primeiras contribuições
encontradas estão pautadas na pesquisa bibliográfica realizada, na série da
Educação Infantil, na metodologia dos jogos simbólicos, especialmente, as
literaturas infantis e nos jogos dirigidos que visam no ato de brincar a
construção de significados. Posteriormente, à análise de entrevistas realizadas
com os estudantes do ensino fundamental demonstraram o impacto que a
temática sobre a ética, estudada sob o prisma do Ensino Religioso, em busca
de uma formação, gerava uma consciência universalizante do ser humano em
sua relação com o mundo. Conclui-se que a escola tem a função de
posssibilitar o amadurecimento da dimensão da coletividade do ser humano,
apresentando ao estudante em todo o seu processo formativo educacional a
sua relação de interrelação com todo o ambiente, pautados em princípios
universais.
Palavras-chave: adolescências, infâncias, ética e ensino religioso.
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METODOLOGIA
A presente pesquisa compõe-se de um suporte teórico fundados em
autores das áreas de teologia, como Leonardo Boff e James W. Fowler; de
filosofia, com Hanah Arendt em suas abordagens sobre ética e educação;
sociologia, destacando Zigmunt Bauman, Edgar Morin sobre a necessidade de
um pensamento complexo nos tempos atuais e psicologia de Jung em
psicologia e religião. Huizinga e sua colaboração sobre o sentido do jogo nas
sociedades, Ariés em sua pesquisa sobre a construção cultural do conceito de
infância e Piaget, colaborador da psicologia do desenvolvimento.
Foram utilizados, para isso, a base bibliográfica como fundamentação da
pesquisa sobre a Educação Infantil e aplicado um questionário destinado aos
estudantes das séries finais do ensino fundamental, o 9º ano, contendo 09
perguntas objetivas, em duas escolas privadas confessionais situadas em dois
bairros diferentes da cidade do Rio de Janeiro, Jacarepaguá e Tijuca.
Contendo questões sobre o preconceito, a pertença religiosa, a vergonha de
dizer que pertence a algum grupo religioso, os valores religiosos positivos para
a sociedade, o que é mais importante ensinar no ensino religioso: a formação
moral, ética e valores sociais; a identidade religiosa, a fé de uma religião
específica ou a diversidade religiosa; o conhecimento de diversas crenças
religiosas; a influência da religião nas ações das pessoas, a importância da
participação na aula de ensino religioso, as imagens transmitidas pelos meios
de comunicação sobre as religiões e a contribuição do ensino religioso na
diminuição da intolerância religiosa.
Para a coleta desses dados foram realizadas cópias disponibilizadas aos
estudantes, sem a necessidade de declarar a identidade, a fim de manter a
imparcialidade nas respostas. Posteriormente, as respostas foram agrupadas
em forma de gráfico estátístico, demonstrando a média para cada questão
proposta.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I – Infâncias, Adolescências e a Ética Religiosa 11
1.1 – Educação Infantil e os primeiros aprendizados éticos 16
1.2 – Ludicidade e Ética 18
1.3 – Adolescência: ensino religioso, para quê? 21
CAPÍTULO II – A construção de valores na confessionalidade 23
CAPÍTULO III – Ética filosófica no Ensino Religioso 33
CAPÍTULO IV – Análise dos resultados 39
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 47
WEBGRAFIA 50
ANEXOS 51
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INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como tema “Infâncias, Adolescências e Ensino
Religioso” e apresenta as contribuições éticas do ensino religioso na educação
infantil e no ensino fundamental.
A temática possui importante relevância, uma vez que a questão da ética
continua a ser um dos maiores desafios da humanidade, principalmente em
tempos de uma crescente mudança nos paradigmas valorativos das
sociedades, família e indivíduo, sobretudo, diante dos fenômenos humanos que
apresentam certa insociabilidade humana.
A pesquisa sobre a ética na formação das crianças e adolescentes na
grade do ensino religioso busca encontrar a relevância deste conteúdo à vida
dos estudantes, bem como investigar a compreensão dos adolescentes sobre
este assunto aplicado a eles, especialmente na fase da adolescência, período
no qual acontecem as principais mudanças corporais, hormonais e
comportamentais, introduzindo-os, progressivamente, à fase adulta.
Os objetivos deste trabalho são observar e identificar o impacto da
disciplina curricular na formação das crianças da Educação Infantil, a partir dos
jogos e brincadeiras e, dos adolescentes, bem como analisar a abordagem da
ética para a formação de uma consciência universal em tempos de grandes
incertezas mundiais.
Diante deste atual cenário, é possível determinar a formação de valores
na educação básica, incluindo a Educação Infantil, quando visualizadas
atitudes de cooperação desde o interior da escola, espaço reservado à maior
parte do tempo da vida dos estudantes.
Ao pensar nesta possibilidade da construção cultural de um indivíduo a
partir dos espaços educativos, tem-se por finalidade a formação de uma
consciência holística para a vida em sociedade, por uma questão de
sobrevivência da espécie humana. Estão implicados neste processo questões
como os paradoxos entre individualidade, individualismo e intolerâncias.
Assim sendo, o estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro
capítulo pretendeu-se analisar a relação entre infâncias, adolescências e
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religião e as novas configurações na sociedade pós-moderna. Destacou-se
ainda a análise dos aprendizados éticos na educação infantil e a metodologia
mais apropriada a esta faixa etária. Sobre a adolescência, evidenciou-se à
escuta dos adolescentes sobre esta disciplina curricular e sua relevância, por
meio de dados estatísticos.
No segundo capítulo, por sua vez, objetivou-se identificar a
compreensão do ensino religioso nas escolas católicas a partir das
fundamentações doutrinárias e pastorais da Igreja Católica, principalmente
após a realização do Concílio Vaticano II.
E por fim, no terceiro capítulo procurou-se demonstrar a possibilidade do
ensino da ética em sua dimensão intelectual, no espaço escolar com o intuito
de mudanças de paradigmas na cultura pós-moderna, a fim de assegurar
ações de caráter universal, que atendam às necessidades da humanidade
como um todo orgânico.
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CAPÍTULO I
INFÂNCIAS, ADOLESCÊNCIAS E A ÉTICA RELIGIOSA
Art.3º (ECA) - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que se trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
em condições de liberdade e de dignidade (Constituição Federal de
1988).
O desenvolvimento humano passa por uma articulação das dimensões
que o faz “ser Inteiro”, a saber: o físico, mental, moral, espiritual e social, como
assegurados na Constituição Federal de 1988. Entende-se que a pessoa se
torna inteira, sem perda de nenhuma das suas partes, na medida que estes
aspectos de sua formação humana estejam todos vinculados, sobretudo em
seu processo educacional.
O ser humano não é mais entendido desprovido da dimensão espiritual
Jung (1975) aponta o aspecto religioso como uma das expressões mais antigas
e universais do ser humano.
O Estado, por sua vez, em previsão legal, assegura às crianças e aos
adolescentes meios que os façam desenvolver também a dimensão espiritual,
para isso, a garantia da liberdade religiosa no âmbito privado e no âmbito
escolar, a disciplina curricular do Ensino Religioso, na rede pública de matrícula
facultativa, na rede privada confessional, do estudo em questão, obrigatório.
Ao tratar das infâncias e adolescências em sua relação com a religião e
a espiritualidade é observada sob duas perspectivas: a subjetiva, o indivíduo
que experimenta em sua interioridade e outra objetiva, do ponto de vista dos
valores e costumes (moral) religiosos manifestados na ação prática.
Quando um adolescente ouve a palavra religião, ele logo a relaciona a
uma determinada igreja, um grupo de pessoas que compartilham determinados
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costumes religiosos. No Brasil, a maior referência ao se falar “igreja” continua a
ser a denominação Igreja Católica Apostólica Romana, devido sua influência
histórica na formação do país. No entanto, os adolescentes acabam por ter
apenas uma informação sobre a Igreja Católica, normalmente, as imagens
cruéis, de guerras sangrentas em nome do poder no período medieval.
Ao tratar de religião sob a perspectiva já descrita por Jung (1978),
religião está relacionada a uma experiência individual, o numinoso. Segundo
Rudouf Otto, o sagrado não racionalizado, uma experiência a priori que abarca
todo o indivíduo. Esta descrição parece ainda estar muito distante do
conhecimento religioso dos adolescentes. E se aproxima mais do universo das
crianças, uma vez que como não há definição conceitual sobre religião nesta
idade, elas apenas a vivencia em suas experiências cotidianas, constituídas de
significado religioso na visão dos adultos.
O sagrado é a própria face da espiritualidade, ela causa mais
aproximação, pois está relacionada a uma experiência de abertura individual
para o Divino como contou Leonardo Boff (2001):
“Ao ouvir uma das gravações em que eu falava da experiência de Deus, ela me olhou fundo e fez a pergunta: 'Você já viu Deus? 'Eu respondi de pronto: 'Minha mãe, a gente não vê Deus. Deus é espírito, é invisível'. Ela deu como que um suspiro, colocando a mão no peito, me olhou com infinita tristeza e disse: 'Você é padre há tantos anos e nunca viu Deus?' Eu insisti: 'Mãe, a gente não vê Deus.' Ela retrucou: 'Você não vê Deus, mas eu O vejo todos os dias. Quando o sol se põe lá no horizonte. Deus passa com um manto fantástico, lindo. Ele vem sempre sério, e teu pai que já faleceu vem atrás, olha para mim, me dá um sorriso e segue junto com Deus. Eu vejo Ele todos os dias”. (p.48)
A espiritualidade torna-se a ligação profunda do que é essencialmente
humano, uma dimensão última que faz o ser humano sentir-se elevado para
além de si mesmo, de pertencer ao todo, de que a vida não se esgota na
materialidade, um estado de autoconsciência a partir do Outro com um
sentimento de irmandade universal.
A adolescência se caracteriza por uma etapa da vida de crescimento
humano permeada por diversas rupturas, crises, entre elas a da autoridade. O
distanciamento da maioria dos adolescentes da religião está relacionado a um
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problema de autoridade. No Brasil, devido à história religiosa de colonização, o
cristianismo foi se constituindo como uma religião estritamente ligada a ritos a
serem cumpridos e obedecidos, essa imagem coletiva ainda está presente na
vida de muitos adolescentes.
A religião que lhes é apresentada tem sido um conjunto de regras, mas
que não manifesta muito sentido em suas vidas. Que relação poderia haver
entre as paqueras desta fase e as parábolas pastoris do cristianismo, por
exemplo? Em se tratando de assuntos cristãos, de um contexto rural de
séculos atrás para o cenário midiático dos tempos atuais?
A religião parte do a priori da existência fundada em uma concepção de
eternidade, de um ser supremo, mas que está oposta a ideia de transitoriedade
imediata da adolescência. Contudo, é notável certa esperança na raça humana
pelos adolescentes. No meio de tantas incertezas, muitos expressam que a
humanidade ainda não atingiu seu máximo potencial humano, por isso,
temporariamente, testemunhamos atrocidades humanas.
O resgate do mundo está nas mãos da própria humanidade e não na
dependência de alguém que não se pode ver ou que inúmeras vezes, ele é
usado para justificar as barbáries racionais. Entretanto, é preciso situar estas
crianças e adolescentes. Eles estão em um outro século, suas possibilidades
de estarem ligados à uma espiritualidade, sem necessariamente, estarem
frequentando uma denominação religiosa, aumentaram. E viver assim, não
causa nenhum desconforto a eles.
Se a adolescência é marcada pela indecisão e pela vertigem às normas
do mundo adulto formal e bem estruturado, como acredita Jerusalinsky (2003),
esta fase se encontra, na sociedade moderna, no seu habitat natural; pois no
novo cenário globalizado, a espiritualidade permanece, a religião diminui e a
religiosidade se mistura.
No campo religioso brasileiro, por exemplo, assiste-se uma diminuição
constante das religiões e igrejas tradicionais, dando lugar a migração entre
igrejas e religiões. A liberdade individual, a máxima da pós-modernidade, é
visualizada também no âmbito religioso.
A sociedade atual é caracterizada pela liquidez das relações (BAUMAN,
2004) e extremada flexibilidade, incapaz de estabelecer vínculos duradouros
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em todos os aspectos da vida. Essa incapacidade de vínculos duradouros é
notável na fala sobretudo dos adolescentes. No relacionamento amoroso, a
própria linguagem sofreu mudanças: da “paquera”, para “ficar” e por fim, o
“pegar”. Não é raro ouvir os adolescentes vangloriando-se do número de
“peguetes” em uma festa. Isso demonstra a desnecessidade de ligar-se a
alguém por mais de um dia. Tudo a fim de evitar a rotina. Instaura-se um medo
ofuscante da repetição, do mesmo. Afinal, “(...) o que aprendem é que o
compromisso, e em particular o compromisso em longo prazo, é a maior
armadilha a ser evitada no esforço por “relacionar-se” (BAUMAN, 2004, p. 7).
Nas escolas privadas, nas quais os estudantes, por sua melhor condição
econômica podem usufruir de atividades extraclasses, muitas crianças e
adolescentes se veem como um alto executivo, com agendas lotadas de
compromissos. Todos os dias, em todos os horários, existe uma atividade
diferenciada para não tornar a vida monótona.
Outra expressão que demonstra essa transformação de concepção nos
tempos pós-modernos é a noção de tempo. Tudo parece estar ultrapassado,
por exemplo, é comum ouvir dos adolescentes suas estranhezas em relação a
datas, historicamente recentes acontecidas há dois anos que para eles estão
totalmente velhos e ultrapassados. O tempo importante é o agora, que muitas
vezes gera uma insatisfação constante e conflitos por não saberem esperar:
não se espera os colegas falarem nem o professor com os conteúdos novos,
que antes mesmo de se apresentar em sala, já ouve a pergunta, antes do bom
dia ou boa tarde: O que faremos hoje?
Houve um deslocamento visível de linguagem, a qual reflete a novas
ideias e comportamentos. Segundo Bauman (2007), talvez seja por isso que, em
vez de relatar suas experiências e expectativas utilizando termos como “relacionar-se”
e “relacionamentos” as pessoas falem cada vez mais (auxiliadas e conduzidas pelos
doutos especialistas) em conexões, ou “conectar-se” e “ser conectado”. Em vez de
parceiros, preferem falar em “redes”. Essa nova linguagem tecnológica também se faz
presente no espaço religioso.
A solidez da religião, nos seus ritos sagrados, regras e ensinamentos
parecem se contrapor a liquidez dos tempos modernos, da fluidez da
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individualidade aprisionante. A mobilidade da informação, para Bauman (1999)
foi trazida pela tecnologia e independe do espaço físico e das relações
pessoais, estas muitas vezes até dispensadas.
O afastamento das religiões ou igrejas tradicionais para grupos mais
leves, menos hierarquizados e estatizados, segundo Bauman (2007), estão
associados às estruturas fixadas ao longo do tempo, que tomam como certo a
repetição dos padrões de comportamentos e rotinas, por isso, diante dos novos
tempos, não podem mais manter sua forma por muito tempo.
Nesta equação de estruturas pessoais e sociais, o resultado da relação
religião, infâncias e adolescências continua sendo de muita tensão e rupturas.
Cada adolescente vive em seu interior a construção da sua própria
identidade, para isso é necessário auto afirmar-se diante do grupo. É o
momento do afastamento natural em busca de si mesmo. A postura hostil
diante dos conjuntos de saberes e conhecimentos sobre o mundo pode parecer
irrelevante, pois ainda aguarda o momento de maturação.
Nas aulas de ensino religioso, não é diferente. O dado religioso parece
distante das suas reais preocupações e interesses. Muitos carregam imagens
deturpadas ou mal vivenciadas pelas próprias famílias, nas quais os filhos
reproduzem posturas no ambiente escolar.
Muitos exemplos de esvaziamentos são trazidos para a escola,
principalmente em relação à religião, os jovens contemporâneos, frutos da
atual sociedade transparecem o que é percebido no âmbito social, como
destaca Bauman, “as pessoas não são estimuladas ou desejosas de se lançarem na
busca de ideais morais e cultivar valores morais; os políticos depuseram as utopias; e
os idealistas de ontem tornaram-se pragmáticos” (BAUMAN, 2007, p.7).
E como o fenômeno religioso encontra-se na esfera dos ideais e valores,
houve também um esfriamento religioso e até certa aversão ao dado religioso.
Como afirma Bauman (2003), a estética foi colocada no lugar da ética, uma
mudança radical de paradigma. No entanto, diante desse novo modelo de
juízo de valor, como afirma o próprio autor: Os grandes temas da ética - como
direitos humanos, justiça social, equilíbrio entre cooperação pacífica e auto-afirmação
pessoal, sincronização da conduta individual e do bem-estar coletivo — não perderam
nada de sua atualidade precisam ser vistos e tratados de maneira nova.
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Os princípios precisam ser iniciados ainda na infância e continuar na
pauta do desenvolvimento da vida humana, sobretudo na fase da adolescência.
Pois, a espiritualidade e a religiosidade podem servir de orientação para suas
vidas, a fim de ajudá-los na responsabilização dos seus projetos pessoais, na
coletividade. E essas possibilidades aumentam quando, desde o início do seu
processo escolar, tais elementos estejam sendo trabalhados no seu processo
formativo.
1.1 – Educação Infantil e os primeiros aprendizados éticos
A discussão a acerca da relevância do ensino religioso nas unidades
educacionais abre a possibilidade de pensar esta disciplina presente em todos
os segmentos da escola, principalmente nas atuais concepções que admitem
uma “pluralidade de infâncias”, implicando, portanto, assumir uma educação
que abrange diversos elementos e aspectos de uma mesma dimensão
educativa.
Nas escolas confessionais, não há uma unanimidade sobre o lugar do
ensino religioso nas séries iniciais. Em sua maioria, o ensino religioso está
concentrado nas séries finais do ensino fundamental. Sabendo que o
pressuposto para a inserção desta disciplina no currículo escolar está baseado
na formação integral do indivíduo, então, atualmente, não há como negar que a
formação integral, no ambiente escolar, inicia-se na educação infantil e que
esta disciplina pode colaborar na formação da criança.
Os parâmetros curriculares da educação infantil no Brasil destaca que as
práticas educativas devem considerar a pluralidade e diversidade étnica,
religiosa, de gênero, social e cultural das crianças brasileiras. Podendo ser
compreendido que o aspecto religioso faz parte da educação da criança
(PARÂMETROS CURRICULARES, 1998, p.15).
A dimensão religiosa na escola, a fim de atender as diversidades precisa
apresentar um núcleo comum de ensino que seja adequado à faixa etária, bem
como os conteúdos a serem trabalhados. Na educação infantil, o ensino
religioso deve-se tornar saber prático.
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As crianças já são capazes de formular as primeiras questões que os
adultos passam anos tentando responder: O que é isso? O que é aquilo?
Todas as respostas dadas a elas são orientações de vida naquele momento.
No entanto, tais orientações não se esgotam nesta fase, a própria criança
precisa descobrir-se um ser autônomo, capaz de viver e atuar
independentemente, isso leva tempo, na escola, no mínimo três segmentos na
educação básica.
E para que serviria um conhecimento religioso, já na educação infantil,
se ainda a criança não tem desenvolvido seu pensamento abstrato? A questão
mesma já carrega sua resposta, pois se está falando de etapas de várias fases,
assim como existem degraus no desenvolvimento cognitivo da pessoa, o
conhecimento religioso pode ser estudado sob determinado aspecto em cada
fase correspondente ao desenvolvimento da cognição humana.
O conhecimento religioso sólido também é útil num mundo que se torna
cada vez mais multicultural, como afirma Gaarder (2001), uma vez que a cada
nova geração, no mundo sob os efeitos da globalização estão sempre em
contato com as variadas formas culturais. As crianças, desde muito pequenas,
já se encontram imersas no mundo da cibercultura.
Princípios universais precisam ser trabalhados desde muito cedo, no
ambiente escolar, a criança tem possibilidade de desenvolver relações éticas e
morais dentro de um projeto educativo cidadão que almeja pessoas que se
tornem mais cooperativas e solidárias nos PARÂMETROS CURRICULARES
(1998) uma necessidade cada vez mais universal.
Em se tratando da educação infantil, aprende-se muito mais pelo
exemplo, o fazer, do que pela reflexão abstrata, segundo Sponville (1999) “para
isto, talvez: tentar compreender o que deveríamos fazer, ou ser, ou viver, e
medir com isso, pelo menos intelectualmente, o caminho que daí nos separa”.
Estes valores universais na educação infantil, para ser compreendido,
necessariamente, precisam ser exemplificados, contextualizados, segundo
MORIN (2000), “o contexto tem necessidade, ele mesmo, de seu próprio
contexto. E o conhecimento, atualmente, deve se referir ao global”.
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O contexto da cultura vigente é do individualismo crescente. É visto nas
propagandas de televisão, os anúncios que enfatizam o ser egoísta. Segundo
Morin (2000), isso leva à uma grande preocupação, pois na medida em que
cresce o sentimento egocêntrico, desaparece a compreensão, o entendimento
em relação ao diferente, logo faltará a tolerância e crescerá a rejeição do
próximo.
O estudo da dimensão religiosa, nesta etapa educacional, parte
primeiramente dos sentidos, segundo Gaarder (2001), naquele aspecto que as
crianças de fato compreendem, nas situações concretas simuladas a partir do
cotidiano, no que está alcance de sua visão, olfato, paladar, tato e emoções. O
ensino é uma experiência do viver.
1.2 – Ludicidade e ética
(...) Existe uma terceira função, que se verifica
tanto na vida humana como na animal, e é tão
importante como o raciocínio e o fabrico de
objetos: o jogo. (Huinziga, 2000)
A atividade lúdica, na educação infantil tem por objetivo inserir a criança
em um espaço de socialização, a fim de desenvolver valores coletivos como a
colaboração. Durante a brincadeira a criança pensa criticamente, cria e
desenvolve diversos conceitos.
Nesta perspectiva, o jogo, segundo Huizinga, possui uma função
significante, ele não apenas diverte, mas dá sentido, pois ele ultrapassa as
atividades imediatas. O jogo tem uma dimensão transcendente.
A criança de 0 a 6 anos, que se encontra nas primeiras fases
classificadas por Piaget: sensório - motor (0 a 2 anos) e da inteligência intuitiva
ou pré-operatória (2 a 6 anos), destaca-se, aqui, a segunda fase, uma vez que
é nela que a criança está desenvolvendo a capacidade simbólica, de
representação.
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O jogo como recurso pedagógico é válido para qualquer área que se
queira trabalhar, no ensino religioso é sua contribuição ética na formação das
crianças, destaca-se a literatura infantil. De acordo os parâmetros curriculares
da educação infantil:
“no faz de conta, as crianças aprendem a agir em função da imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e de situações que não estão imediatamente presente se perceptíveis para elas no momento e que evocam emoções, sentimentos e significados vivenciados em outras circunstâncias. Brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la”. (PCNs, 1998, p.22)
Por meio das literaturas religiosas, por exemplo, a criança vai
internalizando e desenvolvendo um sentido próprio de moral e de justiça
através das imagens e representações. Esta literatura se coaduna com a fase
dos jogos simbólicos, na qual a criança assimila à própria realidade por meio
destes jogos.
A contação de história torna-se um ótimo recurso de ensino de valores
éticos às crianças da Educação Infantil. Sejam histórias religiosas de diferentes
tradições ou histórias que possuem uma mensagem valorativa.
A literatura infantil como construtora de uma realidade infantil já foi
descrita nos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1998), aonde a
criança expande sua visão de mundo, vivencia emoções, exercita a fantasia e
compreende como funciona a comunicação escrita
A vivência dessas histórias na sala de aula pode ser apresentada de
diferentes maneiras como o teatro, a música, os fantoches, computadores,
lousas digitais, tudo a serviço do mundo possível à criança. Cabe ao professor
estimular todos os sentidos da criança a fim de que ela possa vivenciar
profundamente a mensagem da história. Cada história precisa estar permeada
de sabor, cor, cheiro para tocar a sensibilidade das crianças e estimular seu
pensamento e interação, utilizar o espaço lúdico no processo educacional
infantil religioso é uma necessidade pedagógica.
A educação, atualmente, se defronta com outros tipos de infâncias,
neste século: as crianças do consumo. Elas são conduzidas a consumir
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brinquedos. E acabam por desconhecer o ato de brincar, por dois motivos,
segundo Sayão (2011), o primeiro está relacionado à sociedade de consumo.
O objetivo da atual organização social é produzir consumidores, diferentemente
da sociedade moderna fundada na produção. Como a sociedade pós-moderna
tem pouca necessidade de mão-de-obra, para Bauman (1999) criou-se outro
paradigma, o papel de consumidor, de provocar desejo sempre e nunca saciá-
lo, desde modo, mantém-se vivo o consumidor, pois o sentido da existência é o
próprio ato de consumir.
Portanto, cabe à escola um papel crítico diante deste novo modo de
existência. As crianças estão imbuídas deste novo papel social, elas mesmas
são impelidas a participarem dos concursos para crianças propagandas, na
qual sua principal tarefa é convencer os pequenos consumidores, portanto,
cada brinquedo, antes visto como parte do universo infantil para sua própria
fase de desenvolvimento torna-se objeto de consumo, segundo, elas não têm
oportunidade para brincar. Nas escolas analisadas neste estudo, verifica-se a
vida adulta que as crianças precisam administrar desde pequenas. As diversas
atividades, agendadas que precisam cumprir, assim como suas famílias, em
um horário de segunda à sexta, das 7h às 18h. Crianças, que muitas vezes,
expressam um saturamento do trabalho semanal.
Por isso, o espaço da brincadeira possibilita um aprendizado contínuo de
valores essenciais à vida humana, na educação infantil, centrado na
sociabilidade das crianças, no aprendizado do respeito ao outro, do
conhecimento de si mesmo, das relações com o meio ambiente e no despertar
do sentido religioso.
1.3 – Adolescência: ensino religoso, para quê?
Aberastury & Knobel (1981) definem a adolescência como uma etapa de
características próprias como crises e instabilidades afetivas. Para Ozella
(2002) consiste em um período de busca por saber quem sou eu, tempo de
crise de identidade.
O conceito de adolescência, assim como o de infância, segundo Ariés
(1981),é uma criação cultural dos séculos XIX e XX, tipicamente da
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modernidade. E como tal, em cada época os sujeitos dessas etapas se
caracterizam com algo próprio da sociedade, na qual está inserido.
A formação deste conceito, para Ozella (2002), está relacionada ao
trabalho, que na sociedade moderna foi exigindo maior nível formação, maior
tempo na escola, surgindo, então, um novo grupo social. A adolescência surge
das demandas de trabalho na sociedade capitalista e da quantidade de tempo
escolar.
Segundo Calligaris (2000), o conceito de adolescência é uma construção
do mundo adulto como uma espécie de subterfúgio. A adolescência tornou-se o
modelo almejado, no qual os adultos desejam ser adolescentes.
Em relação à religião, os adolescentes se encontram em um contexto
secularizante, o que significa dizer, de novas reinterpretações religiosas. o
processo de globalização levou a reformular quase que inconscientemente a
visão sobre a adolescência, para Bauman (2001) vive-se tempos de uma
sociedade marcada pela liquidez.
A liquidez, característica atribuída aos gases e líquidos, a qual os
diferencia dos materiais sólidos, tornou uma metáfora para a sociedade
moderna atual. Não se suporta o que tem valor de durabilidade.
“(...) O que está acontecendo hoje é, por assim dizer, uma redistribuição e realocação dos ‘poderes de derretimento’ da modernidade... Quer dizer que estamos passando de uma era de ‘grupos de referência’ predeterminados a uma outra de "comparação universal'(...)“ (BAUMAN, 2001, p.7)
Nessa mutação de valores perenes para o cenário da liquidez pós-
moderna, a religião também se apresenta sobre novas roupagens, sobretudo
para a juventude. É certo que não há mais uma uniformidade religiosa
brasileira como apontaram os dados das últimas pesquisas do IBGE 2010.
Houve um desenraizamento religioso, fruto do advento da globalização. Mas há
uma convergência de temáticas segundo Novaes (2004), tanto para as grandes
religiões históricas como as mais novas, todas convergem para temas ligados à
ética mundial.
22
Esta nova concepção, confirma o pensamento de Habermans (2006) ao
dizer que na sociedade pós-moderna tem espaço para a religião e suas
manifestações, uma vez que ela é um elemento da própria cultura humana, um
elemento, no nível acadêmico, de conhecimento.
“(...) tanto as mentalidades religiosas como as mundanas e as modifica de modo reflexivo. Ambas as partes, se concebem a secularização da sociedade como um processo de aprendizagem complementar, podem realizar suas contribuições aos temas controversos na esfera pública e levarem-se mutuamente a sério, também por motivos cognitivos (...)”. (HABERMANS, 2006, p.126)
A dimensão religiosa, principalmente no espaço escolar, contribui para
outras formas de ressignificação da própria existência humana. Os valores de
tolerância e liberdade presentes nos elementos religiosos, também se
encontram nos objetivos da sociedade democrática de direito. Portanto, a
religião pode colaborar na formação do cidadão.
Das escolas participantes da pesquisa sobre o ensino religioso, como
disciplina obrigatória, aqui se está tratando de escola confessional católica, dos
62 estudantes entrevistados, da última série do ensino fundamental, mais de
50% consideraram importante participarem das aulas de ensino religioso e que
os assuntos relevantes nesta disciplina são temas ligados à formação moral, à
ética e a valores sociais porque afirmam que as religiões ensinam valores
positivos à sociedade. O mesmo é válido para os estudantes que pertencem a
algum movimento religioso.
Diante desses números pode-se compreender que o ensino religioso,
como disciplina, é visto como comunicador de dados religiosos que tocam a
vida humana, que influencia positivamente as ações desses estudantes, muitas
vezes vistos, a priori, como os sem fé e sem valores. No entanto, percebe-se
que como afirmou Heráclito, o mundo, os conceitos estão, simplesmente, em
constante movimento, em transformação.
23
CAPÍTULO II
CONSTRUÇÃO DE VALORES E CONFESSIONALIDADE
O ensino religioso como estudo das humanidades tem como principal
objetivo o desenvolvimento moral a partir de determinantes éticos presentes
nas religiões.
Ao compreender a moral como um processo de assimilação de condutas
presentes no meio, no qual se vive, a formação de sujeitos éticos se dará a
partir de um estado de consciência, de discriminar entre certo e errado, bem e
mal, guiados por princípios universais.
A confessionalidade, em sua forma de manifestar-se, sempre
apresentou certa hierarquia de valores. Mas ela só poderá surtir o efeito
esperado se vier de uma tomada de decisão por princípios que constituirão as
bases dos valores coletivos, para PIAGET (1965) esta possibilidade acontece
se cada indivíduo tiver a possibilidade de aprendê-los, então poderá apreendê-
los de forma significativa como algo pertencente à vida.
A disciplina de ensino religioso possui várias modalidades no cenário
educativo brasileiro, que tem gerado muitos debates a seu respeito, de
oposição, como de apropriação, seja por parte dos Estados e Municípios, como
pela sociedade civil. Contudo, no âmbito das escolas confessionais estas
discussões apenas alargam o modo de continuarem o trabalho desta disciplina
em seus currículos, pois o ensino religioso para estas escolas possui uma
dimensão valorativa, evangelizadora e não somente uma área do
conhecimento.
A escola católica, por exemplo, insere-se em uma dimensão de
compartilhamento com a própria missão de Jesus, fundamento do cristianismo.
O espaço escolar é visto como mais um meio de tornar possível a missão
evangelizadora de Jesus. A escola confessional, portanto, por meio do seu
24
projeto educativo evangeliza via educação, de acordo com Miranda (2001), isso
significa que se torna um meio de inculturar a fé.
No contexto latino-americano, em especial na Igreja do Brasil, as ações
educativas estão pautadas em oito dimensões norteadoras da evangelização: a
dimensão comunitária e participativa, missionária, bíblico-catequético, litúrgico,
ecumênica, interreligiosa e profética libertadora. A escola confessional católica
assume a partir das diretrizes assumidas pelo Vaticano II, uma relação cada
vez mais estreita com o mundo da cultura, direcionando-a, assim, cada vez
mais ao Evangelho.
O contexto evangelizador será o próprio espaço escolar, seus
interlocutores: os estudantes, as famílias e os colaboradores da instituição, por
isso, a escola tenta descobrir modos cada vez mais próximos desse público.
Segundo Rahner (1989), na linguagem condizente à realidade educacional e
de acordo com as categorias de compreensão da pessoa, devidas sua inserção
histórica que a define.
Tendo sempre presente que em um espaço específico da construção do
saber, necessita-se aproximar saber técnico e saber evangelizador, a função
primeira da escola deveria ser a de desenvolver a dimensão da liberdade de
cada estudante, a fim de contribuir na atuação deste último, no mundo
carregando em sua bagagem educativa de novas formas de ver, compreender
e atuar de acordo com valores éticos religiosos; este princípio, de acordo com a
Declaração Gravissimum Educationis, visa despertar os valores evangélicos e
o compromisso com a transformação de uma sociedade justa.
Após mais de cinco séculos de evangelização no Continente Latino
Americano, a justiça continua ser uma utopia. A conferência Latino-Americana,
Aparecida (2007), sinalizou que no cenário encantador das transformações
tecnológicas e culturais, verifica-se um constante esfriamento religioso e
declínio ético-moral.
Por isso, as escolas confessionais católicas buscam meios de atingir os
estudantes; entra em cena o ensino religioso, que na caracterização
confessional declara valores éticos pautados em uma fé determinada, neste
caso a cristã. Na maioria das vezes, estudantes que frequentam estas escolas
não compartilham da fé declarada pela escola, o objetivo das famílias é uma
25
excelência acadêmica, o dado religioso parece não interferir na decisão de
permanecer na escola.
A escola, portanto, utiliza o fato dos estudantes estarem no espaço
escolar para realizar sua tarefa religiosa ou evangelizadora. Pois, acredita-se
que não está descartada uma adesão religiosa pessoal do sujeito moderno,
pois a escola católica sendo evangelizadora também é essencialmente cultural.
O processo de ensino e aprendizagem está relacionado aos
desdobramentos culturais da sociedade, ela mais que ninguém tem em suas
mãos os sujeitos reais dessa evangelização, seu conhecimento não é
alcançado a priori, mas mediatizado, como demonstra Freire (1987). No caráter
religioso confessional, estes elementos culturais se tornarão locus para uma
possível experiência de Deus, pois o Transcendente – Deus é encontrado na
história da humanidade.
Segundo Lipovetsky (2004), a pós-modernidade não exclui a
possibilidade de outras configurações éticas, as quais apesar de trazerem em
si os aspectos individualizados, próprios das sociedades liberais. Estas podem
expressar maior liberdade e autonomia dos sujeitos, sem regras padronizadas.
A escola católica trabalha com o elemento do sentido. Ela almeja que os
seus estudantes encontrem o “sentido último” de suas vidas: Deus. Para isso,
os estudantes precisam ver o valor de cada disciplina que precisam estudar. E
sabendo que a sociedade pluralista se caracteriza pela fragmentação do
pensamento, da cultura e mudanças radicais dos paradigmas éticos, para
Lipovetsky (2004) ela reorganiza um novo modo de interpretar e atuar
socialmente, inclusive no âmbito religioso. Os sujeitos hipermodernos, nos
tempos dos bens espirituais à la carte, das imagens negativas da religião como
usurpadora da liberdade, da vida ética sem a religião e do relativismo opõem-
se ao paradigma da verdade absoluta no cristianismo, que se coloca como
resposta aos anseios existenciais da vida humana, defendido no interior da
escola confessional; por vezes, cria-se certo desprezo por parte dos estudantes
pelo ensino religioso neste caráter.
Quando é apresentada aos estudantes a relação de outras áreas de
humanas, como a psicologia, sociologia, antropologia e filosofia na formação
26
com conhecimento religioso pode ser estabelecido um processo diálético, de
maior credibilidade na sala de aula e no todo da escola.
E esta relação segue elementos importantes da declaração do Concílio
Vaticano II emitida à educação confessional.
“O Santo Sínodo Ecumênico considera atentamente a importância
capital da educação na vida do homem e sua influência sempre maior sobre o
progresso social de nossa época. De fato, a educação dos jovens e mesmo
certa formação contínua dos adultos, se por lado se torna mais fácil, por outro
se faz mais urgente, nas atuais conjunturas. Pois os homens, mais plenamente
conscientes de sua dignidade e dever, anelam por participar sempre mais
ativamente na vida social e, sobretudo na vida econômica e política. Os
admiráveis progressos da técnica e da pesquisa científica, os novos meios de
comunicação social, oferecem oportunidade aos que por vezes dispõem de
maior tempo livre para se achegarem com mais facilidade às riquezas
espirituais e à cultura. Tais progressos fazem com que os diversos grupos e até
povos se completem por uma aproximação mais estreita e recíproca”.
A perspectiva crítica desenvolvida neste concílio reafirma a escola como
lugar evangelizador que possibilitam aos estudantes um desenvolvimento de
competências e habilidades inerentes nas mais diversas áreas do
conhecimento, incluindo a dimensão religiosa.
A educação é uma questão a ser enfrentada, sobretudo nas novas
configurações de educação, pois há duas vertentes a serem respondidas pelas
escolas confessionais, na sua maioria voltada para o setor privado, o mercado
educacional e a evangelização. Estas vertentes apresentam critérios
antagônicos como, por exemplo, o bem desinteressado do cristianismo e
competitividade excludente do mercado.
Espera-se daqueles que foram formados nesses espaços educativos
que estejam despertos para o desempenho de suas funções profissionais
compromissadas com a vida antes de tudo, como defendia Hans Jonas no seu
imperativo ético: “age de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam
compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica, ou ainda, não
27
ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade” (JONAS, 2006,
p.18).
É para esta finalidade, que se faz necessário um processo pedagógico o
qual esteja comprometido com os resultados presentes e futuros dos
indivíduos, pois não há vida no “endeusamento” do individualismo
contemporâneo. Toda e qualquer ação, por menor que seja, possui um efeito
em rede, todos os lugares, os mais longínquos receberam os impactos dessas
transformações criadas pelas mãos humanas.
O ensino religioso na escola confessional existe para o fortalecimento do
binômio: educar e evangelizar. Educar possui uma dimensão do re-ligar para
Meier (2006) e cabe ao ensino religioso esse papel na sala de aula, porque os
conteúdos estão fundamentados na proposta de uma identidade religiosa, e
como área do conhecimento lhe cabe articular os dados da fé para uma
consciência aberta à dimensão do todo, da responsabilidade coletiva.
Para chegar a este binômio a escola se fortalece na pela concepção de
escola em pastoral, os colaboradores da instituição de ensino estão inserida na
chamada comunidade educativa. Pois todos que fazem parte da instituição têm
a tarefa se agente evangelizador.
A escola desenvolve potencialmente a dimensão comunitária da Igreja,
no ambiente da escola também se constrói uma comunidade cristã que anuncia
Jesus Cristo por meio do ensino e da aprendizagem.
Está se adquirindo maior vigência a ideia da “comunidade educativa”,
na qual se integram, atual e potencialmente, todos os fatores educativos
da comunidade. Esta concepção está transformando os colégios em
verdadeiros agentes de evangelização (CELAM,1998).
A dimensão comunitária é a grande tarefa do cristianismo,
principalmente no auge do extremo individualismo social, que afasta as
pessoas uma das outras, o qual cria um ambiente de hostilidade e
desconfiança.
O cristianismo nos primeiros séculos estava ligado estritamente à forma
de convivência; eram aqueles que tudo tinham em comum, que se
28
preocupavam e cuidavam uns dos outros segundo os relatos bíblicos das
primeiras comunidades (cf. At 2–4).
Desenvolver a capacidade humana de criar tecer redes reais e não
somente virtual é a tarefa da escola dita pastoral. Por isso, os espaços
comunitários, relacionais são fontes de aprendizado.
Os princípios religiosos de uma evangelização podem ser capazes de
promover uma efetiva participação no tecido social. Eles compõem a
capacidade evolutiva do ser humano, se desenvolvem em todas as suas
capacidades, inclusive sua nova forma de relacionarem-se com os humanos,
seus irmãos.
A comunidade educativa tem um caráter salutar na vida dos estudantes.
O que ela transmite pode vir a ser internalizado pelos seus interlocutores
diários.
A educação evangelizadora é um ato educativo que leva a uma
participação e comunhão: o sentir-se coexistente de um mesmo universal, no
qual somos coletivamente responsáveis por ele. Pois a pessoa é centro do ato
de educar, como o do evangelizar, no intuito de conduzi-los a um crescimento
de sua própria condição humana.
A escola confessional justifica sua existência no papel evangelizador e
social, ainda que tenha que assumir para si critérios do mercado educacional, o
que não lhe retira o objetivo primeiro.
A escola oferece um instrumental para que se desenvolva sua função
social, com uma consciência ético-cristã. O “munús” educativo se realiza na
medida em que são geradas transformações no nível de cultura, porque como
destaca a conferência de Puebla, “a escola deve humanizar e personalizar a
própria pessoa”. Pois quanto mais o ser humano descobrir-se ser de
transcendência, ainda que limitado e finito, mais a possibilidade dele atingir o
máximo de sua humanidade; quanto mais próximo de sua realidade humana
mais perto da divinização.
Para a Conferência em Puebla(1998), a formação humanística sempre
constituiu o foco das instituições confessionais e está inserida nesta formação,
a capacidade crítica em relação à realidade que a pessoa está inserida,
29
convertendo-a em sujeito do seu próprio desenvolvimento como agente
transformador de sua coletividade.
O projeto educativo desses centros pauta suas ações na própria
pedagogia desenvolvida por Jesus. Para que de fato esse processo de
“humanização da própria humanidade” se realize é necessário que aqueles que
estão diretamente inseridos no processo educacional tornem membros da
comunidade educativa, pois ela cria novas morais, formas de existir.
A educação para o serviço desloca o olhar, as posturas individuais para
a responsabilidade comunitária ou planetária. A criticidade da escola suscita
um movimento de não se satisfazer com a realidade, de criar uma realidade
nova, mais humanizada.
A novidade desta outra realidade consiste em trazer, continuamente,
para o centro da vida, a pessoa e suas relações, do respeito à diferença e do
direito ao seu próprio espaço sem destruir o outro.
Vivemos tempos de um deslocamento valorativo da dignidade da
pessoa. As sociedades democráticas ainda não foram capazes, em seus
sistemas políticos, de dar conta de todas as necessidades sociais, de garantir
os direitos sociais e individuais, como declarado, por exemplo, na Constituição
Federal do Brasil. Isso leva a compreender que este lugar central da pessoa
não diz respeito somente à função do Estado, mas de uma nova forma de
pensar e agir de todos os cidadãos.
Não há como negar que estamos em outro período da história humana,
que temos possibilidades reais, graças ao novo processo civilizatório dos
efeitos da globalização, com suas interferências positivas e negativas. E como
enfatizou Boff (2009), esse momento histórico apresenta também um grande
dilema, a nova ordem econômica, a qual cria outras morais.
Deve-se buscar contemplar a terra como um todo orgânico, onde a
pessoa e universo fazem parte de um mesmo estado natural. Nesse outro
processo da espécie humana, a tecnologia faz parte de sua realidade, como
tudo o que diz respeito à realidade humana e, assim, poder colaborar ou torna-
la refém de si mesma.
Os conteúdos curriculares do ensino religioso, não podem estar alheios
a esta nova realidade caracterizada pela informação, tecnologia e economia.
30
Sobretudo, não pode ignorar que outros indivíduos são frutos imediatos desse
meio.
O diálogo é o cerne da disciplina do Ensino Religioso, por isso está mais
próxima da nova lógica necessária à atual civilização global. O Ensino
Religioso não transmite, mas conduz a outra percepção da vida: a
multipresença. Porque estamos inseridos em contextos múltiplos como o
multirreligioso, multiétnico, outros arranjos familiares e modelos de
sexualidade. Tudo isso está no universo desta disciplina.
Neste cenário observa-se uma bicondicão existencial dos estudantes
neste processo formativo: a compreensão da sua própria singularidade.
Enquanto ser único e inalienável e ao mesmo tempo, um com os outros, parte
de um todo que não é ele ou ela apenas.
A multidimensionalidade da realidade, segundo Boff (2009), antes sabida
apenas na área das ciências, agora, torna-se uma realidade social. No entanto,
as pessoas, em geral, ainda não tomaram consciência dessa realidade
dinâmica e multifacetada.
A sala de aula torna-se um espaço laboratorial, de análise desses
indivíduos atuais que estão na fronteira da vida real, imbuídas das novidades
da sociedade globalizada e tecnológica. Inicia-se, então, um processo de
desmistificação da realidade, para se chegar à dimensão transcendental da
mesma realidade, do enxergar, que o ser humano não se esgota na sua própria
condição terrena e material.
Essa visão planetária, “olhos de águia”, nasce de uma consciência da
necessidade de mudança de comportamento, de abertura as diferentes
verdades coexistentes. Isso, porém, está em um estágio mais elevado da
própria formação, ou seja, as etapas iniciais do processo educacional formal
limitam-se a exemplificar essas situações aos seus estudantes e levá-los a
pensar pequenas atitudes nos seus próprios lugares.
É preciso, no entanto, ter em mente que existem gerações coexistindo o
tempo todo e que pelo processo natural do convívio humano, um influencia o
outro. As crianças e adolescentes carregam em si, todas as formas de
pensamentos e atitudes de seus espaços privados, a família e social, a nova
ordem econômica.
31
Não é raro perceber, em situações concretas em salas de aula, o
verdadeiro dilema do estudante diante das concepções de mundo e de valores,
que ele precisa administrar e, em algum momento, optar pelo caminho que
julga correto.
Por isso, na última conferência dos bispos em Aparecida, foi destacada
a dimensão missionária da escola. Agora o processo evangelizador direciona a
escola sob o binômio discípulo-missionário diante dos novos cenários
sociopolítico, econômico e religioso. Para este último, a Conferência declarou:
“Lamentamos, seja algumas tentativas de voltar a um certo tipo de
eclesiologia e espiritualidade contrárias à renovação do Concílio
Vaticano II, seja algumas leituras e aplicações reducionistas da
renovação conciliar; lamentamos a ausência de uma autêntica
obediência e do exercício evangélico da autoridade das infidelidades à
doutrina, à moral e à comunhão. Percebe-se certo enfraquecimento da
vida cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja
Católica”. (APARECIDA, 2007, nº100b)
Em um movimento de contínuo retorno às origens das primeiras fontes
da vida cristã, a Conferência de Aparecida propõe uma ênfase no processo
formativo do cristão em nível experiencial. Só tocando o centro vital da pessoa
é possível formar verdadeiros discípulos, segundo o modelo de Jesus. Para se
chegar a este fim, se faz necessário expandir os lugares de encontro e de
formação do discipulado-missionário: as Sagradas Escrituras, a eucaristia, a
oração pessoal e a liturgia.
A escola católica também é o lugar de formação de discípulos e
discípulas. A escola evangelizadora desperta para o encantamento com a vida
cristã por meio da educação para os valores que humanizam a vida. Para se
chegar a ser verdadeiro discípulo é preciso um processo formativo que leve a
compreender o ser batizado. Grande parte das famílias, nessas escolas, ainda
se diz católicas, por isso recuperar o sentido do batismo, do encontro com
Jesus, segundo Aparecida (2007) é que o faz aderir a confessionalidade e não
apenas a decisão ética.
32
Os bens educacionais na escola confessional católica veem imbuídos
dos bens imateriais, não comercializáveis, que edificam a pessoa. Não há um
retorno meramente financeiro, mas de uma nova ordem social, global, de teias
humanizadoras, frutos desta educação para à vida, à liberdade e a
responsabilidade planetária. Esta inter-relação, na escola, é o encontro entre a
fé e a vida.
O ser humano que assim age, a partir da sua educação formal, mostra
que assimilou tais valores presentes no ambiente escolar. Os projetos
educativos, segundo a Celam (2009)
“devem promover a formação integral da pessoa, tendo Cristo em seu
fundamento, com identidade eclesial e cultural e com excelência
acadêmica. Além disso, há de gerar solidariedade e caridade para com
os mais pobres. O acompanhamento dos processos educativos, a
participação dos pais de família neles e a formação dos docentes, são
tarefas prioritárias da pastoral da educação” (nº 332-337).
Logo, a escola confessional católica busca desenvolver um diálogo
abrangente entre os valores universais e sociais com aquilo que lhe é próprio:
seu caráter de instituição que possui uma identidade religiosa clara, a qual visa
a formação de pessoas humanizadas eticamente; mas procurará sensibilizar
para despertar o conhecimento da pessoa de Jesus e constituir discípulos
seus.
33
CAPÍTULO III
O ENSINO DA ÉTICA NO ENSINO RELIGIOSO
A educação, sobretudo na America, segundo Arendt (2000), possui um
papel político extremamente relevante: a união dos mais variados grupos
étnicos. O espaço educacional possui a possibilidade de fazer emergir uma
nova forma de convivência humana, que respeita integralmente a dimensão da
diferença. Contudo, é preciso ter claro os riscos que a educação tem, pois, as
novas gerações crescem e se alimentam de um mundo já existente, muitas
vezes permeado pelo cultivo da intolerância; as novas formas de interpretação
e reconhecimento do mundo dessas gerações vindouras terão suas
possibilidades de inovação abortadas em nome de uma adequação do
pensamento vigente.
A chegada ao mundo, para Arendt (2000), é uma nova possibilidade de
fazer o mundo. Quem faz o mundo é o ser humano, mas aqueles que
“chegam”, que sucedem a geração anterior, necessitam ser introduzidos no
mundo que foi manifestado a eles. Cabe a educação o papel de introduzi-los no
seu novo labor: o da construção.
A educação, portanto, possui um papel político ao proporcionar espaços
de crescimento e amadurecimento da dimensão coletiva para uma ética que
considere a relação da diversidade. Conforme Arendt (2000), as crianças do
século XX sofreram uma emancipação da tutela da autoridade dos adultos e
estão sob seus próprios domínios ou entregues a tirania da maioria do seu
grupo, o das crianças. Isso pode justificar o índice cada vez maior de
delinquência juvenil, o fechamento do mundo adulto para garantir a liberdade
das crianças, caracterizando uma crise educacional.
O mundo da educação está inserido no novo momento da história da
humanidade: a contemporaneidade. Ela trás outro posicionamento diante do
mundo. Estamos no tempo do movimento e da incerteza. Se na antiguidade
ocidental, por exemplo, tivemos uma concepção de indivíduo livre relacionado
à capacidade de estar presente nos centros de discussões políticas da ágora
grega, migrando desta para uma concepção contemplativa de liberdade e
34
posteriormente na modernidade, para uma liberdade do trabalho e do
consumo, a contemporaneidade incita a busca de outro tipo de postura no estar
no mundo. A escola é o espaço, de acordo com Arendt (2000), que faz
mediação entre o espaço privado do lar e do mundo. É na escola que a
criança, o adolescente fazem a sua passagem para o mundo.
Este novo espaço que lhe é apresentado entrou em novo século de
oportunidades e necessidades, para Boff (2009) estamos diante de novas
sensibilidades, uma nova ética de ordem mundial, uma consciência planetária.
Como declarou Edgar Morin, a humanidade está se descobrindo como
parte de uma mesma espécie. Há que se considerarem os grandes momentos
trágicos da história ocidental marcada por duas guerras mundiais, a espécie
humana que aniquila a sua própria espécie.
Nesse cenário ambíguo de um pensamento global, mas com
comportamentos de isolamento social, outra consciência precisa ser
despertada para a continuidade da espécie humana: a consciência universal.
A disciplina de Ensino Religioso, independente do modelo assumido pela
instituição educacional, é responsabilizada pela sensibilização de novas
consciências transcendentais, de imperativos que conduzam a perceber que
aquilo que se quer de melhor para a vida individual deve ser estendido,
categoricamente, a todos.
Aprender a aprender a viver coletivamente está se tornando o maior
desafio da humanidade. Essa aprendizagem só será possível se houver
princípios positivos que norteiam as relações humanas, um ethos que valha
para todos indistintamente.
Existem alguns princípios, já colocados pela religião, porém rejeitados
pela sociedade secular como a solidariedade, o sensibilizar-se pelo outro, a
responsabilidade social e ecológica que independem do dado religioso, isso é
uma questão de sobrevivência dos humanos, uma vez que sua condição é
essencialmente social.
No espaço educacional é sempre necessário retornar a palavra original
para buscar o seu sentido primeiro. O éthos grego como expressão do caráter.
Sem dúvida, a escola se preocupa com as ações presentes e futuras de seus
35
estudantes, pois as atitudes manifestadas no presente também revelam que
tipo de sociedade está sendo construída e quais seus fundamentos.
Para o ser humano, não basta apenas existir, está vivo sobre a terra.
Para ele o como se vive é de extrema importância, todas as suas realizações
estarão pautadas em critérios do seu próprio grupo humano, então, a ética,
como defendia Aristóteles em uma dos aspectos do agir humano, é uma arte
de viver, é um saber como viver bem e melhor.
Para este autor, a felicidade está no agir equilibrado do homem virtuoso.
A felicidade, para Aristóteles, depende das atitudes virtuosas e bem
ponderadas. No entanto, isso se pode esperar da pessoa na sua fase adulta,
após ter passado pelas etapas essenciais da formação de sua personalidade.
Partimos da diferença conceitual do próprio Aristóteles, da ética como
uma virtude intelectual. Esta está intimamente ligada ao ensino, pode ser
aprendido. Diferentemente da outra ética relacionada ao resultado dos hábitos
e costumes.
De alguma forma, parece necessário um retorno para a ética intelectual.
Esta aprendizagem se efetivará nos atos praticados em relação às pessoas,
pois uma vez presente na natureza humana, como disposição intelectual, ela
se desenvolverá pelo exercício regular, contínuo. Ninguém nasce justo, torna-
se justo ou injusto. Isso justifica a necessidade do ensino da ética intelectual,
pois, como afirma o autor:
“E não será desprezível a diferença se, desde a nossa infância,
nos habituarmos desta ou daquela maneira. Ao contrário, terá
imensa importância, ou seja, será decisiva” (ARISTÓTELES,
2001).
A educação é determinante no processo de assimilação e vivência do
aprendizado ético. Como a ética intelectual é o foco na educação, fala-se em
um “saber fazer”, segundo Yves de La Taille, que poder afetar a dimensão
afetiva, o “querer fazer” ou o chamado dever moral, segundo Kant.
36
As boas ações, em si mesmas, não podem ser consideradas como
éticas, pois para sê-lo, o que fundamenta tal atitude, precisam passar pelo
campo do dever internalizado e interior.
Estes mesmos princípios que regem os indivíduos sofrem a ação da
cultura, por isso, à medida que é ensinada desde a infância, com o passar dos
anos, tende a ganhar novos sentidos. Portanto, voltar ao conceito etimológico
do termo “ética” como aquele aspecto ligado a ordem dos fins fundamentais à
vida.
Em Platão a ética dos princípios se realiza no Bem, no criar condições
existenciais benéficas à vida. Já para Aristóteles segundo Boff (2009) a ética
está relacionada à felicidade pessoal e social. Todo aprendizado da ética dos
princípios pode gerar novas éticas relacionadas ao agir, à prática. A primeira é
decisiva na realização da segunda.
Vive-se tempos que faz emergir outra consciência sobre a vida na terra.
O ser humano não foi capaz de superar a sua natureza dominadora e conflitiva,
o mesmo se vê a todo o momento gerador de pequenos problemas que
chegam a uma grande escala de conflitos. Toda diferença torna-se motivo para
o homem transformar-se em caçador da sua própria espécie, pois, como
declarou Kant (1784):
“a sociabilidade insociável dos homens, isto é, a sua tendência para entrar em sociedade; essa tendência, porém, está unida a uma resistência universal que, incessantemente, ameaça dissolver a sociedade. Esta disposição reside manifestamente na natureza humana” (p.7).
O mesmo a autor ainda afirma o papel central e relevante da educação
no processo de tornar-se pessoa do ser humano. Ele se torna aquilo que a
educação faz dele. Nesse sentido, o ensino religioso ou educação religiosa,
como preferem alguns, compartilha parte da responsabilidade na construção
dessa outra consciência pacifista necessária. Mas primeiramente, como
destaca Boff, deve haver estruturas dialogais entre as próprias religiões, um
fazer.
O transcendente, objeto de estudo nas unidades educacionais que
assumiram o ensino religioso como disciplina curricular, é estudado na maioria
37
das vezes como um objeto a ser dissecado empiricamente, retirando o
elemento unificador do mesmo. São estudados os sujeitos que praticam sob
terminada cultura sua relação com o transcendente.
Mas quando o assunto é sentido religioso, só haverá compreensão se
houver uma sensibilidade dos educandos para as questões que dizem respeito
à sua própria existência. Pois a vida humana depende de todos os elementos
que a constituem. Para Boff, “garantir a sobrevida comum, precisa de um
consenso sobre valores e atitudes irrenunciáveis. Caso contrário, todos podem
perece” (BOFF, 2009, p.33).
Com o advento da pós-modernidade, sob o prisma do indivíduo, tudo é
pensado sob o juízo do subjetivismo gerando consciências que não admitem a
necessidade da vida coletiva, do participar do mesmo lugar vital. O respeito ao
lugar do outro parece ferir profundamente o “eu-narcísico” da era
contemporânea, que parte da máxima de que não existe outro além do eu.
As religiões expressam os ideais mais altos de humanidade, de valores
mundiais que dizem respeito não apenas a grupos isolados, mas a cada ser
humano.
O processo de aprendizagem no ocidente está pautado no cogito
cartesiano, na maximização da razão. A simples atividade mental e racional de
acordo com Boff (2009) não toca profundamente os seres humanos, torna-se
uma abstração distanciada das suas vivências pessoais, há que se trocar a
máxima do existir, do pensar, para a do sentir.
Sentir não é apenas um elemento do mundo subjetivo, ele é uma
expressão do saber cuidar, do desenvolver uma capacidade para fora de si
mesmo. Todas as coisas externas, principalmente as pessoas, farão parte do
meu próprio mundo. Se houver um desenvolvimento do princípio do cuidado
com a vida, a própria existência humana ganhará qualidade de viver.
É visto, nos dias atuais, uma ideologia mercantilista e utilitarista da
desnecessidade de valores fundamentais ao existir humano. A lógica do
consumo coloca o ser humano apenas como consumidor, sua utilidade para
Bauman (1999) está na possibilidade de comprar e poucos são aqueles que
percebem essa intencionalidade da máquina organizadora dos sistemas de
38
mercado. Outros até os veem, mas consideram que acompanhar os novos
ventos, seja o melhor para todos, pois quem não o faz está desatualizado.
A necessidade desenfreada por mudança constante, também atinge o
cenário educacional. É valorizando o dinâmico e o mutável, em segundos,
variedade sempre, gerando uma insatisfação com qualquer coisa que exprima
o contrário. Segundo Bauman, tal inquietação é comparado à um sentimento
de estar morto.
A virtude humana consiste em desenvolver sua própria finalidade, a
humanidade, como referira Sponville (1999): ações dignas de serem chamadas
de humanas, atitudes que são consideradas unicamente dos humanos e
quando não o são, como na sociedade de consumo, a pessoa está perdendo
sua capacidade primeira.
Ainda que a virtude ou a ética não sejam internalizadas no ambiente
educacional, ela pode ser, pelo menos, visualizada como uma necessidade dos
humanos. Pois o fazer ético se dará no encontro com outros seres humanos,
na cultura.
A possibilidade de toda e qualquer participação das pessoas na vida
social, sua ação política, acontecerá se elas tiverem projetos éticos de vida e
formas culturas de vida (HABERMAS, 2006. p. 11).
Tais projetos, ainda que sejam individuais, dependem do pensamento e
desejo da sociedade, pois o individuo é também fruto do meio social no qual se
encontra. Por isso, a necessidade de uma ética planetária se traduz nas
diversidades locais de cada sujeito.
39
CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS
Ao se falar de indivíduos, necessariamente se está discutindo o contexto
social, no qual eles se encontram. A partir dessa perspectiva houve uma
necessidade de analisar o pensamento dos adolescentes, a fase de maior
resistência e aproximação quando o assunto é religião.
Os estudantes pesquisados frequentam escolas católicas e são de
classe média, no último ano do ensino fundamental, dos bairros de
Jacarepaguá e Tijuca, ambos na cidade do Rio de Janeiro. O grupo totaliza um
universo de sessenta e dois adolescentes, na faixa etária de quatorze anos.
Como eles pertencem à escola católica, a disciplina de ensino religioso é
obrigatória, mas a fim de atender a diversidade religiosa dos adolescentes, pois
não há apenas uma denominação religiosa, os conteúdos são mais voltados a
elementos éticos e universais sob a perspectiva das cinco grandes religiões.
Ainda assim, os estudantes manifestam que o ensino religioso não é tão
relevante à sua vida estudantil como as demais disciplinas, a justificativa para
eles se encontra na função da educação básica, estuda-se para o ingresso na
universidade e como as provas de seleção não incluem nos editais esta
disciplina, não há porque estudá-la com seriedade. Há ainda aqueles
estudantes que classificam o ensino religioso como tipicamente “amoroso”,
tudo é genérico e voltado para o amor.
Para objetivar as colocações dos estudantes feitas, anteriormente, em
sala de aula, durante as aulas de ensino religioso, foi elaborado um
questionário com questões sobre a presença da disciplina no currículo escolar.
Neste questionário de oito perguntas objetivas, os estudantes não precisaram
se identificar.
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QUESTIONÁRIO – QUADRO AMOSTRAL
1. Você percebe que existe preconceito religioso na sala de aula ou na escola?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
2. Você pertence a alguma religião?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
3.Você tem vergonha de dizer que pertence a algum grupo religioso?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
4. Você acha que as religiões ensinam valores positivos para a sociedade?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
5. O que é mais importante ensinar no ensino religioso:
a) ( ) a formação moral, ética e valores sociais.
b) ( ) identidade religiosa, a fé de uma religião.
c) ( ) diversidade religiosa, conhecer diversas crenças religiosas.
d) ( ) não souberam ou não responderam
6. Você acha que a religião influencia as ações das pessoas? a) ( ) Sim b) ( ) Não
c) ( ) não souberam ou não responderam
7. Você acha importante participar da aula de ensino religioso?
a) ( ) Sim b) ( ) Não c) ( ) não souberam ou não responderam
Prezado estudante, você não precisa se identificar. Esta
pesquisa tem função estritamente acadêmica.
41
8. Os meios de comunicação mostram que tipo de imagem das religiões? a) ( ) imagem positiva. b) ( ) imagem negativa. c) ( ) não souberam ou não responderam
O que mais afeta aos
estudantes nesta fase de
crescimento é a relação grupal.
Como os outros os veem é um
fator determinante de
comportamento, por isso, o
preconceito religioso, aqui é
observado como o olhar dos
outros adolescentes sobre o
adolescente religioso.
No resultado, ainda que a
resposta negativa em relação à
presença do preconceito seja a
maioria, é notável que, mesmo
em um ambiente escolar de
denominação religiosa
confessional, existe, sob o olhar
dos estudantes, um preconceito
religioso ou minimamente
pouca acolhida do elemento
religioso.
Pertencer a qualquer
grupo requer um grau
identidade pessoal definida,
neste sentido, pode-se notar
que a religião continua presente
42
na vida da maioria dos estudantes, como conversado anteriormente com eles,
à questão não se referia apenas à religião institucionalizada, mas a qualquer
movimento de cunho religioso.
No entanto, pertencer a um
grupo e manifestar-se sobre seu
pertencimento, há uma diferença.
Falar de si mesmo é expor-se
diante dos outros. Segundo os
estudantes, sua pertença religiosa
não é motivo de vergonha, não há
nenhum problema em dizer para
seus colegas que possui uma definição religiosa.
E a relação entre sociedade e religião. Quais os posicionamentos?
A influência da religião frente à sociedade, também é vista como positiva para a
maioria dos estudantes. A
religião torna-se um referencial
ético. Os meios de comunicação
retratam uma sociedade
pluralista, mostrando uma
imagem positiva da religião, via
de regra.
Em nível social, o ensino
religioso colabora para uma maior
tolerância religiosa, pois a vida é
valorizada em toda expressão
religiosa e a liberdade é um bem
a ser valorizado acima de tudo.
43
Mas há uma contradição para os
estudantes, mesmo a religião
influenciando positivamente a
sociedade, com seus sistemas de
valores, em se tratando dos indivíduos,
essa influência nem sempre é positiva,
porque, segundo eles, muitas pessoas
usam a sua confissão religiosa para
excluir as outras pessoas ou provocar
algum dano, por exemplo, o jovem que
assassinou outros estudantes numa
escola em Realengo, no Rio de Janeiro,
em 2011.
E quando o assunto é sala de
aula, mesmo a maioria apontando para
uma relevância da disciplina em sala de
aula, há que se considerar um número
elevado dos estudantes que não a
consideram importante.
Mas o posicionamento dos alunos em
relação aos conteúdos a serem
trabalhados em sala de aula, mais 50%
acredita que a formação ética e de
valores humanos e sociais devam ser
tratados nesta disciplina e conhecer
outras denominações religiosas é mais
relevante do que estudar apenas sob um prisma religioso da confessionalidade
da escola.
As respostas demonstram certa ocilação e contradição, mas há que se
considerar que se trata do típico pensamento adolescente. Porém, em toda a
amostragem, o dado religioso tem seu lugar, evidenciando uma abertura
religiosa na atual sociedade ditada como antirreligiosa.
44
CONCLUSÃO
A partir do exposto, pode-se compreender que o ensino da Ética
Intelectual, no Ensino Religioso, na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental, tem por finalidade colaborar na formação das consciências sob a
égide de valores universais.
O ensino de ética, nas séries finais do ensino fundamental apresenta-se
como tema relevante ao ensino desta disciplina no currículo escolar, na
formação de valores individuais de crianças e adolescentes para além do
aspecto confessional.
A dimensão religiosa, presente de muitas formas no ser humano, se
expressa diferentemente em cada cultura, no entanto, valores defendidos por
proporcionarem uma convivência mais humanizada entre os humanos, às
vezes se perdem nas mudanças culturais.
A pós-modernidade é a expressão dessa transmutação de valores, de
perenes à fluidos. Logo, os indivíduos que estão sob estas novas formas
culturais de vida apresentaram orientações diferenciadas. Porém, muitos
valores pós-modernos não levam a um desenvolvimento das potencialidades
humanas, principalmente da necessidade da vida em coletividade. As
características culturais dos tempos atuais se baseiam no indivíduo
consumidor.
A escola, fruto das culturas, também vai ressignificando o porquê da
educação. Este espaço destinado às crianças, cada vez em menos idade, tem
a possibilidade de construir novos padrões culturais que valorizem os aspectos
individuais e coletivos.
A Educação Infantil é o espaço educacional dos primeiros aprendizados
éticos das crianças. Neste lugar, elas podem ter contato com projetos que
visem valorizar a sua própria constituição cognitiva associada à dimensão de
transcendência do ser humano. A criança é estimulada a ver-se, cada vez
mais, para além dos desejos individualistas a que está submetida no cenário
mercadológico atual. Como metodologia aplicada a esta faixa etárias estão os
jogos simbólicos construtores de sentido à realidade infantil. Ao migrarem da
45
infância para a adolescência, esses novos sujeitos enfrentam mais dilemas no
seu processo formativo, na sua arte de viver sobre a terra.
Agora chamados de “adolescentes”, estes sujeitos vão se aproximando
mais da liberdade e da responsabilidade pelos próprios atos. No entanto,
também estão a mercê do novo cenário cultural, da ênfase no consumo e no
idealismo da eterna juventude. O ensino da Ética, na disciplina do Ensino
Religioso, torna-se aliada a formação de valores atitudinais como declarado
pela maioria estudantes entrevistos no presente trabalho. Na realidade da
diversidade religiosa, cabe ao Ensino Religioso, segundo estes estudantes, o
ensino da Ética, da moral e de valores que dizem respeito a toda sociedade.
Tais valores, já presentes nas escolas de confissão católica, estão
fundamentados nas bases éticas do Cristianismo, na valorização do espaço
coletivo, como experiência comunitária. Os alicerces da sensibilização do
elemento religioso, nessas escolas confessionais estão na própria pedagogia
de Jesus, na metodologia do discipulado. Muda-se os atos, os
comportamentos, se houver de fato um encontro pessoal com sua pessoa, por
convicção e maturação da sua própria fé.
A identificação, pelos estudantes das séries finais do Ensino
Fundamental, ao dizer sobre a inexistência de atitudes preconceituosas em
relação à religião demonstram sinais de cooperação no interior da escola.
Estas atitudes possibilitam a formação de outra consciência necessária à
humanidade, na medida em que a cultura vai se modificando e transformando
também as pessoas. O pensar e o agir holístico torna cada ser humano parte
de um todo universal e, como já dito anteriormente, a sobrevivência humana
depende não da realização indivualista dos desejos pessoais, que afastam os
seres humanos uns dos outros, mas no respeito ao espaço que é de todos,
pois ser humano significa conviver socialmente.
Portanto, Ético será sempre um tema pertinente, pois se refere à própria
vida humana, enquanto houver humanidade haverá a necessidade de se
discutir os problemas éticos e a necessidade do seu ensino no âmbito escolar,
pois ninguém nasce ético. Princípios que regem a vida são aprendidos
coletivamente, por isso, esta pesquisa pretendeu elencar os primeiros aspectos
46
desta temática na grade do Ensino Religioso, pois outras abordagens poderão
ser feitas em pesquisas posteriores.
47
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Revista HISTEBDR - on line: – DIÓGENES, João Ferreira dos Santos. As
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ANEXOS
QUESTIONÁRIO – QUADRO AMOSTRAL
2. Você percebe que existe preconceito religioso na sala de aula ou na escola?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
2. Você pertence a alguma religião?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
3.Você tem vergonha de dizer que pertence a algum grupo religioso?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
4. Você acha que as religiões ensinam valores positivos para a sociedade?
a) ( ) Sim b) ( ) Não
5. O que é mais importante ensinar no ensino religioso:
a) ( ) a formação moral, ética e valores sociais.
b) ( ) identidade religiosa, a fé de uma religião.
c) ( ) diversidade religiosa, conhecer diversas crenças religiosas.
d) ( ) não souberam ou não responderam
6. Você acha que a religião influencia as ações das pessoas? a) ( ) Sim b) ( ) Não
c) ( ) não souberam ou não responderam
Prezado estudante, você não precisa se identificar. Esta
pesquisa tem função estritamente acadêmica.
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9. Você acha importante participar da aula de ensino religioso?
a) ( ) Sim b) ( ) Não c) ( ) não souberam ou não responderam
10. Os meios de comunicação mostram que tipo de imagem das religiões? a) ( ) imagem positiva. b) ( ) imagem negativa. c) ( ) não souberam ou não responderam
9. Você acha que o ensino religioso diminui a intolerância religiosa, o preconceito?
a) ( ) Sim b) ( ) Não c) ( ) não souberam ou não responderam