E-Book - A Auto-Estima - A nossa força secreta.pdf

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  • A AUTO-ESTIMA

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  • Luis Rojas Marcos

    A AUTO-ESTIMAA nossa fora secreta

    Traduo de

    Carlos Aboim de Brito

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  • A Esfera dos LivrosRua Garrett n.o 19 2.o A

    1200-203 Lisboa PortugalTel. 213 404 060Fax 213 404 069

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    geral@sodilivros.pt

    Reservados todos os direitos de acordo com a legislao em vigor

    Ttulo da edio original: La Autoestima Luis Rojas Marcos, 2007 A Esfera dos Livros, 2008

    1.a edio: Abril de 2008

    Capa: CompaiaFotos da capa: Getty Images/Image One

    Reviso: Sofia Graa MouraPaginao: Segundo Captulo

    Impresso e Acabamento: Grfica Manuel Barbosa & Filhos

    Depsito legal n. 272 195/08ISBN 978-989-626-109-2

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  • NDICE

    primeira parte

    1. O cenrio do eu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    Fascnio consigo mesmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    Reptos do estudo da auto-estima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    Tombos da infncia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    Mos obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    2. A luz da conscincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Claridade interior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    A introspeco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    segunda parte

    3. O conceito de si mesmo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    Nascemos e fazemo-nos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    Reflexos do mundo exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    Apresentao do eu. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    Funes executivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    4. O termmetro da autoestima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

    Auto-avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    Em legtima defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

    Distribuio do amor-prprio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

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  • terceira parte

    5. O lado obscuro da autoestima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 Narcisismo e violncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173

    O dio a si mesmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185

    6. Autoestima aplicada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 As duas parcelas favoritas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205

    Satisfao com a vida em geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

    Recapitulao e agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221

    Referncias bibliogrficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229

    ndice analtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237

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  • Ouve, presta ateno ao que digo:Ao longo dos anos passaram muitos maestros pela minha

    orquestra.Alguns foram famosos; a maioria, pessoas comuns.Esta cano dedicada a todos eles.Actuei em locais de bairro e em grandes teatros.Fui muito pobre e tambm muito valorizado.Comecei por baixo e atingi o cume.E tenho de dizerte que a experincia foi grandiosa.Mas no teria sido possvel sem eles.Sem as suas notas mgicas, sem as suas prolas musicais,

    no o teria conseguido.Este brinde pela orquestra!

    Frank SinatraBrinde pela Orquestra, 1983

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  • PRIMEIRA PARTE

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    1O CENRIO DO EU

    Que estranho, onde quer que fixe os olhos,

    vem sempre as coisas do meu ponto de vista.

    Ashleigh Brilliant,

    Pensamentos, 1985

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  • 14

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    FASCNIO CONSIGO MESMO

    Chega de falar de mim! Falemos de ti...O que pensas de mim?

    Edward I. KochPresidente da Cmara de Nova Iorque, entrevista, 1987

    Para o comum dos mortais o mais importante do mundo o seu prprio eu. Quando reflectimos ou conversamos com algum prximo, os assuntos que nos parecem mais relevantes e emotivos so aqueles que tratam sobre algum aspecto do nosso eu, sobre acontecimentos que nos afec-tam pessoalmente.

    A curiosidade por perceberem-se a si prprios a principal fora que impele diariamente milhes de homens e mulheres a procurarem com avidez histrias humanas com que possam identificar-se, quer nas notcias da imprensa, nas tertlias da rdio, nos programas de televiso, no cinema, nas peas de teatro, nos livros e revistas ou na Internet. A preocupao com o seu prprio eu tambm impele inmeras pessoas a recorrer a psiclogos, psiquiatras, quiromantes, adivinhos, bruxas, astrlogos, graflogos e at a quem l as palmas das mos, em busca de respostas a algum conflito nas suas relaes, de prognsticos sobre o que ir suceder ou de escla-recimentos de facetas do seu carcter que as angustiam ou no compreendem.

    Apesar deste insacivel e universal interesse de saber sobre ns prprios, todos atravessamos momentos em que no nos entendemos. Expresses comuns como pergunto-me

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    porque disse aquilo, no parece que seja eu com isto que sinto, realmente no fao a mnima ideia por que no me aceitam, ou estou numa tal confuso que no consigo decidir, ilustram este ponto. A verdade que temos muita dificuldade em nos definirmos. E no por falta de palavras. Em 1974, o Departamento de Psicologia da Universidade da Califrnia, em Los Angeles, compilou uma lista de mais de vinte mil adjectivos em ingls quase todos com tradues para outras lnguas romnicas que podemos usar para nos descrevermos. Ainda que muitos vocbulos sejam sinnimos, a variedade impressionante. Alm disso, se acrescentarmos comentrios sobre os nossos gostos, interesses, atitudes, valo-res, experincias, sentimentos e crenas, as possibilidades so quase infinitas.

    Na minha carreira profissional cedo compreendi precisa-mente que a informao mais reveladora que uma pessoa nos pode comunicar o que nos diz quando fala genuinamente de si mesma. Por isso, no meu livro de notas das primeiras con-sultas como psiquiatra, depois de escrever o motivo principal da visita, recolho sempre a resposta dos pacientes minha pergunta-chave: Fale-me de si. A resposta a esta pergunta poucas vezes flui com facilidade. Muitos clientes ficam per-plexos e dizem-me que nunca lhes tinham perguntado seme-lhante coisa. Alguns emudecem dubitativos uns minutos, ou pedem-me que lhes esclarea o meu pedido com um O que quer dizer? ou A que se refere?. A maioria das pessoas no esto preparadas para se descreverem espontaneamente nem puseram em ordem a sua autobiografia. Parte da sua indeciso tambm pode ser devida ao facto de no quererem revelar aspectos pessoais por receio de criar uma m impres-so de si mesmos no interlocutor.

    Imagine por um momento, querido leitor ou leitora, que lhe coloco a mesma pergunta. Estamos a falar amiga-velmente num local tranquilo e peo-lhe que se descreva

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    como pessoa. Suspeito que o mais provvel que fique sur-preendido, que vacile e que no esteja seguro de por onde comear: talvez falasse da idade, do local de nascimento, do seu estado civil, da famlia, das suas relaes importan-tes. Falaria primeiro das coisas de que gosta e de que no gosta? Identificaria a sua profisso, alguns traos do seu fsico, algumas caractersticas da sua personalidade, ou um problema srio que o aflige? Descreveria o tipo de casa ou a marca do carro que tem? Ou explicar-me-ia em primeiro lugar as suas crenas religiosas, os seus valores sociais, ou as suas ideias polticas?

    A sua provvel reaco de perplexidade perante a minha pergunta muito normal. Embora se sinta vontade e con-fie no seu interlocutor, e seja mesmo dado introspeco e tenha conseguido construir uma imagem clara de si mesmo, suspeito que muito raras vezes ter parado para se descrever, muito menos em voz alta. Exceptuando os dados pessoais concretos e fceis de expressar, como a data de nascimento, a altura, a cor dos olhos ou o nmero de irmos, a maior parte da nossa identidade abstracta, por ser uma representao mental que construmos de ns mesmos. Alm disso, certos componentes esto enterrados no inconsciente e muitas das nossas tendncias e emoes prestam-se a uma ampla gama de matizes.

    No so poucas as pessoas que reconhecem facetas contra-ditrias de si mesmas consoante o papel que desempenham na sociedade. Por exemplo, um magistrado dos tribunais comentava: Como homem, sinto pena por muitos dos cri-minosos que sentencio; mas, como juiz, sinto que o justo conden-los a priso perptua. Uma professora do ensino secundrio dizia algo parecido: Como mulher, sou muito carinhosa com as crianas, mas, como professora, sou to severa quanto o necessrio: por isso me chamam o osso da escola. Muitos adolescentes consideram-se jovens reca-

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    tados diante dos pais ou professores, embora reconheam que se comportam como estroinas inapresentveis quando esto com o seu grupo.

    Tambm curioso ver como as pessoas, no momento de configurar a sua identidade, misturam atributos do pronome pessoal mim e do possessivo meu. Por exemplo, incluem a sua reputao, a sua famlia ou as suas propriedades como parte do seu eu. E quando estes atributos so atacados, defendem-nos com a mesma firmeza com que se defenderiam de uma agresso contra elas prprias. Vem-me cabea um acontecimento que os meios de comunicao divulgaram quando trabalhava sobre este ponto que agora pode servir como exemplo. O incidente ocorreu no Vero de 2006, durante a final do campeonato mundial de futebol em Berlim, entre a Frana e a Itlia. De repente, o famoso e carismtico capito da equipa francesa, Zinedine Zidane, deu uma tremenda cabeada no peito do jogador italiano Marco Materazzi. Esta surpreendente agresso, na ltima partida que jogava antes de retirar-se do futebol para sempre, implicou a sua expulso imediata do campo e uma mancha indelvel na sua imagem de desportista. Alguns dias depois, durante a sua primeira comparncia pblica, Zidane pediu perdo aos milhes de espectadores e telespectadores que assistiram ao jogo e viram atnitos a agresso, mas teve o cuidado de no se arrepender da sua conduta. No me arrependo, no consigo faz-lo... Foram palavras muito duras, muito graves, que me tocaram muito profundamente, afirmou. O futebolista aludia ao facto de Materazzi ter insultado a sua me para explicar o seu ataque. Isto faz-me suspeitar que o conhecido dito popular consinto-te tudo menos que faltes ao respeito minha me reflecte a tendncia universal para incorporar no nosso eu outras pessoas que so muito importantes para ns.

    Tambm no podemos esquecer que a predisposio para nos abrirmos e falar sobre ns prprios influenciada pelo

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    nosso estado de esprito, de forma que as ideias que expres-samos variam de acordo com a maneira como nos sentimos num dado momento. Os sentimentos desempenham um papel fundamental no modo como pensamos e como inter-pretamos as coisas. No crebro, as zonas encarregadas de elaborar as emoes, como o hipotlamo, tambm modulam os neurnios encarregados de raciocinar. Isto faz com que exista coerncia ou relao entre o tom positivo ou negativo do que sentimos e o que pensamos.

    Por todos estes motivos, compreensvel que fiquemos desconcertados e duvidemos quando nos confrontamos com a tarefa de descrever-nos, e necessitemos de tempo para deli-berar interiormente antes de o fazer.

    No entanto, a realidade que os seres humanos gozam de uma surpreendente aptido para se observarem, analisarem e julgarem. Todos ns, em algum momento, avaliamos o nosso fsico atravs da nossa lente crtica particular. Tambm podemos avaliar o nosso temperamento, as nossas atitudes e condutas, de acordo com os nossos ideais ou as normas que a cultura em que vivemos estabelece. Os juzos de valor que fazemos podem ser de muitos tipos; por exemplo, estticos (bonito ou feio), morais (bom ou mau), emocionais (alegre ou triste), sensoriais (agradvel ou doloroso), sociais (honroso ou desprezvel), mdicos (saudvel ou doente). Dependendo das valorizaes que formularmos e do modo como rele-vamos as que adoptamos como definidoras do que somos, sentir-nos-emos mais ou menos bem connosco.

    A luz da conscincia torna possvel a introspeco, essa aptido especial que temos para nos debruarmos sobre o nosso interior e examinarmo-nos. Graas ao meu trabalho em medicina e em psiquiatria, dispus de um magnfico cenrio para observar e admirar a capacidade das pessoas de serem conscientes de si mesmas e contemplarem-se como entidades individuais separadas de tudo o que as rodeia. Tal aptido

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    permite-lhes ser simultaneamente actores e espectadores dos seus sentimentos, pensamentos e condutas e, ao mesmo tempo, agir como sujeitos e como avaliadores dos atributos fsicos, psicolgicos e sociais que conformam a sua singular e irrepetvel identidade. verdadeiramente fascinante ver as crianas e os adolescentes construrem passo a passo o con-ceito de si mesmos e, uma vez adultos, comprovarem como os juzos de valor e os sentimentos favorveis ou desfavorveis que forjam em relao ao seu eu governam as suas vidas e moldam os seus destinos.

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