Post on 14-Nov-2018
Quatro perguntas: • Como chegamos aqui? • Em que situação estamos? • O que podemos fazer? • Que condições temos?
Será uma “viagem” sobre a economia, e só depois sobre o sector da saúde. ObjecIvo: conhecer melhor o problema Esperança: conseguir resolver
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Economia portuguesa 1986-‐2011 • Taxa de crescimento real em queda • Desequilibrio das contas externas a subir • Taxa de poupança em queda acentuada -‐ excesso de consumo
• Endividamento junto do exterior a subir • Perda de compeIIvidade no exterior • Excesso de invesImento em bens não transaccionáveis • Ganhos de produIvidade por redução do factor trabalho e não por progresso tecnológico
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Taxa de crescimento do PIB
!6#
!4#
!2#
0#
2#
4#
6#
1992# 1993# 1994# 1995# 1996# 1997# 1998# 1999# 2000# 2001# 2002# 2003# 2004# 2005# 2006# 2007# 2008# 2009# 2010# 2011# 2012# 2013#
European#Union#(15#countries)## Spain## Portugal##
Dificuldade de crescimento, sempre abaixo da Espanha e da União Europeia (a 15)
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Balança de Transacções Correntes
!20$
!15$
!10$
!5$
0$
5$
1986$ 1991$ 1996$ 2001$ 2006$ 2011$
European$Union$(15$countries)$$
Ireland$$
Greece$$
Spain$$
Portugal$$
Défice elevado e permanente nas contas externas – consumo em Portugal financiado pelo
exterior e não pela capacidade produIva
nacional
5
!5#
0#
5#
10#
15#
20#
1994# 1996# 1998# 2000# 2002# 2004# 2006# 2008# 2010# 2012# 2014#
European#Union#(15#countries)## Ireland## Greece## Spain## Portugal##
Taxa de poupança caiu até 2008, depois recuperou um pouco. Mas só os gregos
poupam menos do que nós.
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Comparação endividamento externo
Dos países que mais se endividaram (antes da crise de 2008) éramos o país que menos crescia 7
80#
85#
90#
95#
100#
105#
110#
115#
120#
1994# 1996# 1998# 2000# 2002# 2004# 2006# 2008# 2010# 2012# 2014#
Ireland## Greece## Spain## Portugal##
Custos de produção relaIvos (factor trabalho): evolução desfavorável
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0,8$
0,85$
0,9$
0,95$
1$
1,05$
1,1$
1994$ 1996$ 1998$ 2000$ 2002$ 2004$ 2006$ 2008$ 2010$ 2012$ 2014$
Ireland$$ Greece$$ Spain$$ Portugal$$
A evolução desde 1995 mostra que fomos o teve maior aumento de custos laborais relaIvos (sem contraparIda de aumento do valor dos produtos vendidos), e a evolução mais recente também não é tão favorável como a de outros países – problema da estrutura produIva
nacional 9
PIB tendencial
0"
0,5"
1"
1,5"
2"
2,5"
3"
3,5"
1986" 1987" 1988" 1989" 1990" 1991" 1992" 1993" 1994" 1995" 1996" 1997" 1998" 1999" 2000" 2001" 2002" 2003" 2004" 2005" 2006" 2007" 2008" 2009" 2010" 2011" 2012" 2013"
Ireland"" Greece"" Spain"" Portugal""
Crescimento tendencial da
economia tem vindo a reduzir-‐se. Resultado da dificuldade da
estrutura produIva.
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Inflação
11
!2#
0#
2#
4#
6#
8#
10#
12#
14#
16#
1990# 1991# 1992# 1993# 1994# 1995# 1996# 1997# 1998# 1999# 2000# 2001# 2002# 2003# 2004# 2005# 2006# 2007# 2008# 2009# 2010# 2011# 2012# 2013#
European#Union#(15#countries)## Portugal##
De uma inflação elevada convergimos para a inflação média europeia desde
final da década de 90 e muito claramente desde o euro
Taxas de juro
12
!2#
0#
2#
4#
6#
8#
10#
12#
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18#
1986# 1987# 1988# 1989# 1990# 1991# 1992# 1993# 1994# 1995# 1996# 1997# 1998# 1999# 2000# 2001# 2002# 2003# 2004# 2005# 2006# 2007# 2008# 2009# 2010#
Germany## Portugal##
Fase integração europeia mas sem moeda única
Fase da moeda única: convergência de taxas de
juro
Crise da dívida
Importância da redução das taxas de juro
13 0,00#€#
200,00#€#
400,00#€#
600,00#€#
800,00#€#
1#000,00#€#
1#200,00#€#
1#400,00#€#
1986# 1988# 1990# 1992# 1994# 1996# 1998# 2000# 2002# 2004# 2006# 2008# 2010#
Prestação*(100*000€,*30*anos)*Redução de 3x a prestação – efeito riqueza (na ausência
de inflação)
Em suma,
• Andamos bem nos primeiros 10 anos pós-‐adesão
• Aliada à diminuição das taxas de juro e da inflação
• Gerou expectaIvas de aumento de rendimento permanente, que alimentaram aumento de consumo de forma permanente
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• Segundos 10 anos – o progresso em termos de capacidade produIva foi bem menor
• Mas as expectaIvas de consumo manIveram-‐se
• Geraram-‐se desequilibrios na economia, resultado da falta de crescimento para alimentar o novo padrão de consumo
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Conclusão: • Antes da crise internacional, já Inhamos uma crise nacional, caracterizada – Excesso de consumo – Baixo crescimento da economia – Falta de compeIIvidade – Forte desequilíbrio nas contas com o exterior – Crescimento do endividamento face ao exterior
• Claro que a crise internacional não ajudou
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• Duas faces da mesma moeda – Falta de produIvidade – ExpectaIvas de consumo demasiado elevadas
• Este é um problema anterior à crise internacional
• Foi reconhecido – levou à procura de – Desenvolvimento de bens transaccionáveis – Aposta na inovação e no maior conteúdo tecnológico
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Crise internacional • Inicia-‐se no sistema financeiro internacional • Economia real – falta de crédito • Risco e informação sobre quem pede emprestado – os que estão dispostos a pagar taxa de juro superior são os que têm pior risco, logo é preferível racionar – para a taxa de juro, só se concede crédito a alguns;
• Resposta: disponibilização de crédito; garanIa de pagamento
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• Apesar da resposta em termos de disponibilização de crédito:
• Redução da acIvidade económica a nível global
• Impacto directo na acIvidade económica nacional
• Resposta dada (2008/2010): mais despesa pública como forma de esImular a acIvidade económica
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• Resultou? • Não! e dois argumentos:
– Importamos muito – logo parte do impulso criado vai para importações, reduz o dito “impacto mulIplicador”
– A eficiência do invesImento português é muito baixa
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• Fonte: Vitor Bento
InvesImento não é baixo
Mas a capacidade de obter retorno desse inevesImento
é baixa 21
• Problemas: despesa pública tem que ser financiada;
• risco de reIrar fundos do financiamento privado
• Tende a agravar a recessão económica! (taxa de retorno marginal no invesImento público tem sido mais baixa do que no invesImento privado)
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• Problemas: crescimento da dívida para níveis explosivos?
• Regra simples – se taxa de crescimento nominal da economia é inferior à taxa de juro tem-‐se problemas
• Resultado: intervenção internacional de emprésImo – Troika & Memorando de Entendimento
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Resposta nacional • InvesImento em bens não transaccionáveis – onde nos pode levar?
• Mudança para exportação – esperar pelo primeiro trimestre do ano
• Contradição com outros sinais recentes?
• Visibilidade pública: apoio aos desempregados versus apoio aos grandes empresários – coesão do tecido social
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• Disponibilização de crédito a todas as empresas?
• Que critérios usar? • Como evitar apoiar empresas que a prazo não são economicamente viáveis?
• Como escolher entre dois Ipos de erro: – Deixar sair empresas viáveis – Manter empresas que não são viáveis
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Que resposta nacional?
• Reconhecer que padrão de consumo anterior era insustentável, a menos de um salto de produIvidade em poucos anos que não se conseguiu dar em 25 anos (díficil de acreditar!)
• Perceber que condições temos de reunir à saída da crise internacional por parte dos nossos parceiros
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• Reconhecer a importância de em caso de falência realocar rapidamente acIvos produIvos a novos usos (lei das falências)
• Relevante quer para reIrar as empresas sem viabilidade quer para induzir inovação – quanto mais fácil for usar acIvos produIvos para outros fins mais fácil será a entrada de novos empreendedores
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• Problema imediato: desemprego • Opções
– Manter a qualquer custo os actuais postos de emprego
– Gerar condições para que seja criado mais emprego
• Concorda-‐se com a segunda, mas as medidas são para a primeira!
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• Outras opções: – Colocar capital de risco a funcionar mesmo – Aumentar a capacidade de novas ideias gerarem business plans que tenham possibilidade de singrar no mercado
– Criar plataformas que gerem encontros de interesses de desempregados em criar sociedades
– Facilitar exportação e acesso a mercados externos
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• Outras opções(conInuação) – Fazer depender apoios de conjuntura de desempenho passado
– Não adoptar poliIcas de reacção imediata mas contraditórias com os objecIvos de longo prazo
• A um nível mais global – Mobilizar a sociedade para um “salto” de produIvidade
• Há dúvida sobre se teremos as condições para conseguir as melhorias desejadas
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Autoflagelação?
• Na verdade, não vamos empobrecer porque não fomos “ricos”, vivíamos “à conta”
• O ajustamento no padrão de consumo terá que ser maior do que no nível de produção
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25 de Outubro de 2011
E na área da Saúde?
• Sector público sob forte pressão • Necessidade de redução da despesa pública, incluindo a despesa do Serviço Nacional de Saúde
• Como o fazer sem colocar em risco os níveis assistenciais?
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• Grandes linhas do que está a acontecer: – Redução da despesa com medicamentos por “esmagamento” de preços
– Redução salarial – mas que se for realmente temporária vai obrigar a redução de despesa noutras áreas mais tarde
– Reorganização / ganhos de eficiência – ainda demasiado incerto – há o risco de se traduzir apenas em “racionamento aleatório”
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• Ter em conta o que se passa na população: – Redução de consumo e de expectaIvas desse consumo – aspectos de depressão
– Desemprego – potencia outros problemas de saúde
– Consumos problemáIcos (alcoolismo, tabagismo, toxicodependência) tendem a subir, e a acentuar o gradiente de rendimento – desigualdades em saúde
– Poderá (?) ser compensado por maior disponibilidade para mudar comportamentos no senIdo de comportamentos mais saudáveis (?)
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• O que se pede? – Capacidade de reinventar os factores de moIvação – menos ao aspecto financeiro, mais ao aspecto pessoal e de profissionalismo – mecanismos para o levar a cabo? Que instrumentos de valorização profissional? De reconhecimento? De autonomia para construção de projecto profissional?
– Capacidade de reduzir despesa desnecessária: avaliar onde o efeito é apenas “consumo” de cuidados de saúde; visão do sistema – efeitos sobre outras partes do sistema-‐ e visão a prazo
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• Capacidade de transmiIr e adoptar as melhores práIcas que sejam idenIficadas-‐ implica documentar e sistemaIzar evidência, mas também liderar e “cimentar” as mudanças; aceitar que pode não haver um “one size fits all”
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• Capacidade de responder em cada momento e em cada zona aos desafios específicos – por exemplo, depressão / saúde mental irá ganhar maior peso nos próximos tempos; desemprego está associado com mais carga de doença
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• O “grande desafio” para a medicina geral e familiar é o mesmo de há alguns anos – levar a que todos os portugueses tenham um médico de família
• Repensar, reanalisar, evidenciar: – Pagamento “blended” – capitação + parte de acordo com desenvolvimento de acIvidades específica, inclui #utentes por médico
– Desenvolvimento das USF – em número e em modo de funcionamento – papel de enfermeiros e de algum equipamento de diagnósIco
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• Não sendo novo o desafio, é novo o contexto global do SNS
• Facilita alguma coisa? • O actual contexto financeiro torna mais salientes soluções que sejam custo efecIvas – para o mesmo resultado termenos custos (não é ter menos custos por ter menos custos)
• Credibilidade das decisões públicas e sua estabilidade (exº os “incenIvos”)
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