ELEMENTOS DO PROJETO DE PESQUISA. FLUXO DE REALIZAÇÃO DE UMA PESQUISA Propor e definir um problema...

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ELEMENTOS DO PROJETO DE PESQUISA

FLUXO DE REALIZAÇÃO DE UMA PESQUISA

Propor e definir um problema

Elaborar hipótese ou questões de pesquisa

Fundamentação teórica/revisão da literatura

Escolher método de estudo

Elaborar instrumentos de coleta/produção de informações Coletar/produzir

informações (campo)Selecionar amostra

Analisar e interpretar as informações

Escrever o artigo

Escolher um tema

Elaborar objetivos específicos

Elaborar objetivo geral

Escolha do tema(VASCONCELOS, 2002)

Envolve:• Objetivos, interesses e prioridades:

pessoais, teóricas, científicas, éticas, políticas, dentre outras.

Outros fatores para a definição de uma pesquisa (VASCONCELOS, 2002)

• O acesso aos dados e suas fontes;• Disponibilidade de recurso e tempo para a

investigação.• Maior ou menor autonomia dos pesquisadores.• Requer um grande investimento de energia pessoal

do/a pesquisador/a e orientador/a => afinidade com o tema.

• Requer a análise das implicações do/a pesquisador/a com o tema.

Problema

• Problemática ou situação-problema => (situação que gera a opção pelo tema e questão central da pesquisa).

• Problema => é a questão central de pesquisa. É elaborado através de uma pergunta (“O que”, “Como”, “Quais”, etc.)

• O problema de pesquisa em um estudo começa a tornar-se claro quando o pesquisador pergunta “Qual é a necessidade deste estudo? ou “Que problema influenciou a necessidade de fazer este estudo?’

As características de um problema de pesquisa qualitativa são:

1. Existe necessidade de explorar e descrever os fenômenos e desenvolver teorias; ou

2. A natureza do fenômeno pode não ser apropriada para medidas quantitativas.

3. Pode ser redigido de um ponto de vista pessoal (pesquisador pode posicionar-se na narrativa).

A escolha do método implica no modo de elaboração do problema (CRESWELL, 2007)

• Começar com as palavras “O que”, “Como”, “Em que consiste”, etc. => indica projeto aberto e emergente.

• Utilizar verbos exploratórios como compreender, descrever, identificar, verificar, etc.

• Não usar verbos que sugiram estudo quantitativo: afetar, influenciar, impactar, determinar, causar, etc.

Exemplos• Podemos pensar que é da natureza da própria psicoterapia

psicanalítica a contratransferência? (Dias, 2007)• Quais as contribuições da psicanálise para a formação de

professores? (Leite, 2011)• Como se (re)configuram as relações de trabalho, a gestão das

organizações e os processos de subjetivação de agentes que atuam em políticas públicas na região oeste de Santa Catarina? (BERTELLI; TUMELERO, 2009).

• Como são definidas as noções de violências que compõem publicações científicas contemporâneas? (BONAMIGO, 2005).

• Qual a concepção de sujeito em Freud? (Cabas, 2010)

Elaboração do problema quando utilizado o método misto (CRESWELL, 2007)

- Projeto de métodos mistos: pode empregar a técnica qualitativa, a quantitativa ou uma combinação das duas.

Ex: Necessidade de mensurar a relação entre as variáveis e explorar o tema com mais profundidade.

Relação entre problema e objetivo

O objetivo tem uma relação direta com o problema de pesquisa, mudando apenas o modo como são enunciados.

• Problema: elaborado em forma de pergunta.• Objetivo: elaborado por meio de uma

afirmação do que se busca atingir com a pesquisa, a partir do problema selecionado (ação será descrita por meio de um verbo, ex: analisar, compreender, descrever, etc.).

Objetivos (CRESWELL, 2007)

• Estabelece a direção da pesquisa• É a declaração mais importante em uma pesquisa• Orienta quanto ao propósito central• Escrever de modo mais claro e conciso possível,

utilizar verbos de ação que expressem metas.• Os objetivos se baseiam numa necessidade

(problema) e são refinados em questões específicas (questões de pesquisa)

OBJETIVOS (CRESWELL, 2007)

OBJETIVO GERAL

• Situa o objeto da pesquisa;• Enunciado formal;• Frase curta e objetiva (frase-síntese);

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Desagregam o objetivo geral em sub-objetivos, explicitando de forma mais detalhada o enquadramento.

• Indicam contribuições potenciais do estudo (por quê? Para quê?).

• Quantidade de objetivos específicos.

Exemplo Problema: Quais as características da dinâmica relacional presente em

famílias de crianças com desnutrição em contexto de vulnerabilidade social?”

OBJETIVO GERAL • Analisar a dinâmica relacional de famílias de crianças com desnutrição

em contexto de vulnerabilidade social. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar a estrutura familiar em termos de sua configuração; • Evidenciar a dinâmica relacional familiar em termos de metas, papéis,

valores, regras e relações hierárquicas de poder do funcionamento familiar;

• Detectar os aspectos presentes na dinâmica relacional familiar que facilitam e/ou dificulta o cuidado da criança com desnutrição;

• Identificar a rede social significativa da família no enfrentamento da desnutrição da criança; (Pedro, 2007)

• EXERCÍCIO

• Escrita do tema, problema e objetivos.

ORGANIZAÇÃO DA ESCRITA DO PROJETO

TítuloDeve ser:• Sintético e curto;• Relacionado ao problema• Os detalhes onde e quando devem ser deixados para a definição

do objeto.

O estilo pode variar:• Utilização de palavras mais simbólicas e poéticas;• Utilização de frases de participantes (dissertação);

(Nestes dois casos utilizar dois pontos e acrescentar um subtítulo)

• Um estilo mais clássico e objetivo.

• “Essa boneca tem manual”: práticas de si, discursos e legitimidades na experiência de travestis iniciantes.

• Considerações sobre o(s) tempo(s) na direção da análise: um percurso na clínica psicanalítica em Freud e Lacan.

Introdução• Prepara o terreno para todo o estudo.

=> identifica a questão e a preocupação que gerou a pesquisa ao transmitir o problema da pesquisa.

• Dá informações prévias sobre a pesquisa.• Permite ao leitor entender como a pesquisa se

relaciona com as demais.

INTRODUÇÃO QUALI, QUANTI E MISTA (CRESWELL, 2007)

• QUALITATIVO: compreender melhor um fenômeno ou explorar um conceito, mais declarações pessoais do pesquisador, podem ser escritas na primeira pessoa (posicionamento na narrativa)

• QUANTITATIVA: quais fatores ou variáveis influenciam um resultado/fenômeno, teorias para testar, pode ser impessoal e no tempo passado (objetividade)

• MISTA: mescla dos dois modelos.

INTRODUÇÃO (GIL, 2002; VASCONCELOS, 2002)

• SITUAÇÃO-PROBLEMA: área de interesse, problema básico ou necessidade sentida.

• IMPLICAÇÕES DO AUTOR: breve, trajetória do autor e razões do interesse, vinculação à àrea temática.

• APRESENTAÇÃO INICIAL E SINTÉTICA DO OBJETO: o quê, onde e quando (uma frase curta)

INTRODUÇÃO (GIL, 2002; VASCONCELOS, 2002)

• CONTEXTUALIZAÇÃO: antecedentes, contexto histórico e

teórico, tendências, estados atual e desafios da literatura.

• IMPORTÂNCIA E RELEVÂNCIA: por quê e para quê, no

presente e no futuro, qual a importância desse estudo

(teórica, metodológica, empírica), qual a contribuição.

Introdução (modelo de deficiências) (CRESWELL, 2007)

1. O problema de pesquisa

2. Estudos que abordaram o problema

3. Deficiências nos estudos

4. A importância do estudo para um público

5. A declaração do objetivo

• “Eu uso a metáfora do escritor descendo um balde em um poço. O escritor iniciante arremessa o balde (o leitor) nas profundezas do poço (o artigo). (...) O escritor experiente baixa o balde (o leitor, outra vez), vagarosamente, permitindo ao leitor aclimatar-se ao estudo”. (CRESWELL, p. , 2007)

• Ganchos narrativos

• Uma menina acena pela janela solicitando calma aos policiais. O rapaz fala com a emissora da televisão contando a dor do seu amor. Esse mesmo rapaz ameaça de morte sua namorada. Horas depois, uma garota sai carregada nos braços de um policial com um tiro na cabeça e outro na virilha. De modo sintético, aponto algumas cenas do drama do “caso Eloá”, massivamente divulgado pela mídia impressa e televisiva em outubro de 2008, que resultou, em certa medida, na espetacularização social das violências contra mulheres.

• práticas sociais das mulheres em situação de violência conjugal - (Bragangolo, 2009)

Introdução (CRESWELL, 2007)

2. Estudos que abordaram o problema• Rever estudos que já abordaram o tema (mapa da

literatura), principais categorias, grupos de estudos.

• Como o tema já foi abordado e como será abordado (passado e futuro).

• Mostrar o que acrescenta, amplia, retestar, revisar.

• Pesquisas atuais são recomendadas (artigos).

Introdução (CRESWELL, 2007)

3. Deficiências na literatura existente• Variáveis não estudadas• Amostras não exploradas• Outros locais de estudo, outros contextos• Outro formato metodológico• Cuidar com a justificativa “poucos estudos”• Como visa resolver ou tratar essas deficiências

(incluir uma nova variável, incluir um grupo excluído, duplicar a pesquisa em outro local...)

Introdução (CRESWELL, 2007)

4. Importância de um estudo para o público• Identificar os públicos que tendem a se beneficiar com este

estudo• Relevância social da pesquisa.

5. A declaração do objetivo• Bons estudos terminam a introdução com uma declaração de

propósito ou objetivo do estudo• Voltar a atenção para o próximo capítulo do projeto

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

Elementos Pré-textuais

Elementos Textuais Elementos Pós-textuais

Capa Folha de rosto Sumário

1) Introdução (tema, delimitação do problema, hipóteses ou questões de pesquisa) 2) Objetivos 3) Justificativa 4) Fundamentação Teórica/ Revisão bibliográfica 5) Procedimentos metodológicos 6) Cronograma de ação 7) Orçamento

Referências Apêndices Anexos

Referências• BAUER, M. W. & GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto,

imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2008. • CRESWELL, John. Projeto de Pesquisa. Porto Alegre: Artmed, 2007.• DMITRUK, Hilda Beatriz (Org.). Cadernos Metodológicos: diretrizes do

trabalho científico. Chapecó: Argos, 2009.• GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,

2002.• LAVILLE, Christian e DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto

alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda.; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

• VASCONCELOS, Eduardo Mourão. Complexidade e pesquisa interdisciplinar: epistemologia e metodologia operativa. Petrópolis: Vozes, 2002.