Ensino de Ciências para alunos surdos: das recomendações para o ensino de Ciências ao ensino de...

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Ronaldo Santos SantanaProfessor de Biologia (Estado-SP & Unasp)

Mestre em Ensino de Ciências (UFABC)

Doutorando em Educação (USP)

Observe o texto e responda as perguntas:

“De cranta, um brosqui pidró as grascas e uma murolla nascró filotudamente. Não a ligaram ligamente, mas a sarretaram tan plam. Quando o brosqui manijó as grascas, a murolla drinópriscamente”. (Adaptado de Petrosino, 2000).

1. O que pidró as grascas?

2. Como nascró a murolla?

3. Como sarretaron a murolla?

4. Quando a murolla drinó priscamente?

Extraído da segunda aula de Infante-Malachias, M.E. FEUSP. 2017.

Conteúdos

conceituais

Conteúdos

procedimentais

Conteúdos

atitudinais

Prática

epistêmicas

Proposição de ideias.

Comunicação de ideias

Avaliação de ideias

Legitimação de ideias/conhecimento

(SASSERON; DUSCHL, 2016)

PLURALISMO METODOLÓGICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS (LABURÚ; ARRUDA; NARDI, 2003).

Diversos autores recomendam a AC(CHASSOT, 2003; DEBOER, 2000; SASSERON;CARVALHO, 2011; OVIGLI; BERTUCCI, 2009;VIECHENESKI; LORENZETTI; CARLETTO, 2012).

Estudantes cientificamente alfabetizados sãocapazes não só de entenderem a linguagemda Ciência, mas de assimilar conceitos eutilizá-los quando e no contexto necessário(KRASILCHIK; MARANDINO, 2007).

A alfabetização científica tem sidoconsiderada como o objetivo do ensino deCiências que visa à formação de cidadaniados alunos, já que almeja proporcionarcondições para que os estudantes possam ser“inseridos na cultura científica” (SASSERON,2010).

Nela, os estudantes aprendem a Ciência esobre Ciência (DEBOER, 2000).

São recentes as iniciativas para odesenvolvimento de um ensino de Ciênciaspara surdos que se baseia na observação eexperimentação de fenômenos (LANG, 2006).

O conhecimento produzido pelas pesquisasneste âmbito ainda não foi o suficiente parasistematizar princípios convincentes que osprofessores devem seguir para o ensino deCiências para alunos surdos (LANG, 2006).

Lang, Egelston-Dodd e Sachs (1983)recomendam o envolvimento de profissionaisda área do ensino de Ciências para surdos emorganizações profissionais da área do ensinode Ciências.

Pesquisas já foram realizadas e evidenciou-seque poucos professores de Ciências seenvolvem ou são membros de organizaçõesnacionais para o ensino de Ciências (LANG;EGELSTON-DODD; SACHS, 1983).

Estratégias que incluam informações sobre ossurdos que fizeram parte da história daCiência e surdos cientistas é muitorecomendado (LANG, 2006).

Guillaume Amontons é um Físico, surdoprofundo e realizava pesquisas experimentaisenvolvendo temperatura, ele é pioneiro nacompreensão do conceito de temperaturaabsoluta (LANG, 1993).

O astrônomo surdo profundo JohnGoodricke lançou as bases para osestudos de estrelas binária.

Thomas Meehan, um surdo que auxiliouCharles Darwin a desenvolver sua teoriada evolução e ficou conhecido como o"Pai americano da horticultura", esta éum ramo da ciência que visa a investigartécnicas para produção econômica deplantas.

Gerald M. McCarthy, botânico eentomologista, se formou na GallaudetCollege tirou seu tempo e seus estudoscientíficos para investigar a questão daexclusão de surdos dos cursos de formaçãode professores.

Harry Lang, Físico, mestre em Engenhariaelétrica e doutor em Ensino de Ciências pelaUniversity of Rochester.

A cratera Cannon foi assim nomeadaem homenagem à Annie JumpCannon, astrônoma que se tornousurda e contribuiu para odesenvolvimento da classificaçãoestelar contemporânea.

Na constelação de Perseu, brilha Algol, a"estrela do demônio", cujas misteriosasvariações de brilho foram investigada pelaprimeira vez por um homem surdochamado John Goodricke (surdo desde aprimeira infância).

150 anos depois, outro astrônomo surdonorueguês, Olaf Hassel, por coincidência,estudou a constelação de Perseu, quandodescobriu seu cometa.

https://darwinianas.com/

http://lelaorca.blogspot.com.br/

http://www.twu.edu/dsc/mccarthyI.htm

Os relatos evidenciam que qualquer esforço paramelhorar o ensino de Ciências para surdos têmbenefícios direto no futuro da Ciência e dahumanidade (LANG, 1993). Aumentar aparticipação dos surdos na Ciência só expandiráessas contribuições.

Informações sobre as contribuições dos surdos nahistória da Ciência devem ser incluído nocurrículo do ensino de Ciências, pois é possívelque esse esforço tenha um impacto positivo naautoestima dos estudantes (LANG, 1993).

domínio de língua de sinais pelo professor desurdo.

explicação clara dos conceitos científicos econexões com outros conceitos.

realizar experimentação didática em sala deaula.

utilizar relatórios de aula prática, desenhos erecursos iconográficos.

Roald (2002)

Melhora na formação inicial e continuada dosprofessores.

poucos exemplares de materiais elaboradospara o uso com estudantes surdos.

avaliação sistemática do estado da arte dossinais atualmente utilizados no ensino deCiências.

necessidade do desenvolvimento dehabilidades matemáticas fundamentais.

LANG, EGELSTON-DODD E SACHS (1983)

Muitos conceitos científicos ainda nãopossuem sinais que compreendam ouniverso cultural dos estudantes surdos(ALVES; CAMARGO, 2013).

Desta forma, os interpretes de Língua desinais têm sérios desafios quando vãorealizar a representação em LIBRAS dosconceitos científicos (ALVES; CAMARGO,2013).

Falta de materiais disponíveis para arealização de experimentos em sala de aulacom alunos surdos (ROALD, 2002).

A literatura apresenta a dificuldade emencontrar textos apropriados para o trabalhocom os estudantes surdos, pois,características como o tamanho daimpressão, o tamanho das sentenças e aclareza das figuras devem ser considerados(ROALD, 2002).

O Desenvolvimento de habilidades deinvestigação e resolução de problemas éessencial para o mundo do trabalho, umapossibilidade para preparar os alunos nestesentido é por meio de um ensinocontextualizado com a realidade e com aresolução de autênticos problemas (BROWNET AL., 2002).

•Proposição de um

problema

•Formulação de

Hipóteses

•Construção de um plano

de trabalho para resolver

o problema.

Etapa Intelectual

• Coleta de dados

• Literatura

• Manipulação de

vidrarias.

Etapa

manipulativa

•Análise e interpretação

dos resultados.

•Cruzamento dos

resultados com as

hipóteses iniciais.

•Formulação de

considerações Finais.

Etapa de passagem da ação

manipulativa para ação

intelectual (CARVALHO, 1997).

aprendizagem de conteúdos conceituais◦ (Azevedo, 2013; Lima, David e Magalhães, 2008; Minner, Levy e Century, 2010);

argumentação◦ (Colombo Junior et al., 2012);

motivar o aluno a aprender◦ (Benetti e Ramos, 2013; Gabini e Diniz, 2012; Zômpero, Figueiredo e Mello, 2013);

realizar um trabalho colaborativo ou em grupo◦ (Azevedo, 2008);

observar fenômenos, formular hipóteses, manusear dados, resolver problemasvia experimentação e tomar consciência do que foi realizado◦ (Azevedo, 2008; Carvalho, 1997; Gabini e Diniz, 2012);

aliar outras disciplinas ao ensino de Ciências◦ (Gouw, Franzolin e Fejes, 2013);

desenvolver habilidades procedimentais◦ (Azevedo, 2008);

produzir textos◦ (Azevedo, 2008; Zômpero, Figueiredo e Mello, 2013);

relacionar conteúdos estudados anteriormente◦ (Azevedo, 2013);

resolver problemas ligados ao conhecimento físico◦ (Azevedo, 2013);

realizar uma pesquisa bibliográfica◦ (Gouw, Franzolin e Fejes, 2013);

Presença de um problema de investigação.

Autonomia discente e liberdade intelectual na resoluçãodo problema e do plano de trabalho.

Aprendizagem ativa e colaborativa.

Ambiente propicio para interações entre alunos,professor e materiais.

Reconhecimento de que o conhecimento científico éconstruído por meio de ações simultaneamente criativase disciplinadas (Sasseron, 2017).

http://itp.ifsp.edu.br/ojs/index.php/RIFP/article/view/527/540

Link para baixar o jogo: http://1drv.ms/1u0s34H

Demonstração investigativa.

Utilização de textos históricos.

Utilização de recursos tecnológicos.

Utilização de recursos iconográficos.

Construção conceitual utilizando a LIBRAS...

SANTANA, R.S.; FRANZOLIN, F. MARINHO, R.P.C. OS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS E O ENSINO CIÊNCIAS POR INVESTIGAÇÃO: CONCEPÇÕES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS INICIAIS. Revista Eletrônica Debates em Educação Científica e Tecnológica, ISBN: 2236-2150. V. 6, N. 4, p. 111 - 136, 2016.

Trabalho colaborativo. Interações que acontecem. Trazer assuntos da vida para a escola. Colocar alunos em uma posição maisativa.

Compreensão do Português namodalidade escrita.

Interdisciplinaridade. Ganho de vocabulário científico.

Sinais que não existem na LIBRAS.

Língua de sinais heterogênea na sala de aula.

Adaptação do currículo ao surdo.

Preparar as atividades para os surdos.

Material adaptado.

Muitos estudos de síntese e endereçamento de proteínas utilizam aminoácidos marcados radioativamente para acompanhar as proteínas, desde fases iniciais de sua produção até seu destino final. Esses ensaios foram muito empregados para estudo e caracterização de células secretoras.

Após esses ensaios de radioatividade, qual o gráfico que representa a evolução temporal da produção de proteínas e sua localização em uma célula secretora?

Um pesquisador investigou o papel da predação por peixes na densidade e tamanho das presas, como possível controle de populações de espécies exóticas em costões rochosos. No experimento colocou uma tela sobre uma área da comunidade, impedindo o acesso dos peixes ao alimento, e comparou o resultado com uma área adjacente na qual os peixes tinham acesso livre.

O quadro apresenta os resultados encontrados após dias de experimento.

O pesquisador concluiu corretamente que os peixes controlam a densidade dos(as) a) algas, estimulando seu crescimento. b) cracas, predando especialmente animais pequenos. c) mexilhões, predando especialmente animais pequenos. d) quatro espécies testadas, predando indivíduos pequenos. e) ascídias, apesar de não representarem os menores organismos.

1. Alguém já implementa o ENCI em sua práxis?

1. O que foi mais difícil?

2. Quais as possibilidades que você evidenciou?

2. Para quem não implementou ainda...1. Quais são os desafios que você prevê em seu

contexto?

2. Quais são as possibilidades que você consegue prevê em seu contexto?

ALVES, F. S.; CAMARGO, E. P. O atendimento educacional especializado e o ensino de física para pessoas surdas: uma abordagem qualitativa, Abakós, v. 2, p. 61-74, 2013.

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CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Unijuí, 2000.

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KRASILCHIK, M.; MARANDINO, M. Ensino de ciências e cidadania. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2007.

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SANTANA, R. S.; LOCATELLI, S. W. ; FRANZOLIN, F. . Possibilidades e desafios na implementação de atividades investigativas: particularidades docentes'. Ensenanza de Las Ciencias, 2017.

E-mail: ronaldo.santana@usp.brLinkedin: https://www.linkedin.com/in/ronaldo-santana-18808051

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