Escola de tempo e educação integral. Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação Mestrado...

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Escola de tempo e educação integral

Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação

Mestranda: Pabliane Lemes MacenaOrientadora: Profª Drª Eliane Greice Davanço NogueiraCo-orientadora: : Profª Drª Flavinês Rebolo

A pesquisa apresenta como objetivo central analisar a Proposta das Escolas em Tempo Integral: Diretrizes de Implantação e Implementação na Rede Municipal de Educação de Campo Grande-MS sobre a Formação Continuada, conhecendo as contribuições para prática pedagógica dos professores participantes desses programas e para o bem-estar docente.

Nóvoa (1991, 1992, 1995, 1997, 2002 e 2003).

Tardif (2000, 2002 e 2011). Imbernón (2009 e 2011). García (1999 e 2010). Canário (1992, 1993, 1998 e 2001). Jesus (2001, 2002 e 2004). Rebolo (2012).

• Dentro da proposta da ETI os alunos ficam em período integral e realizam diferentes atividades:

• Práticas Educativas de Hábitos Sociais – (PEHS)• Atividades Curriculares Complementares (ACC) são

atividades que complementam o currículo da ETI e são constituídas: ACC1 – Projetos; ACC2 – Língua Estrangeira; ACC3 – Atividades Esportivas (ginástica olímpica, dança, judô, xadrez, tênis de mesa, entre outras); ACC4 – Atividades Artísticas e Culturais (música, teatro, cultura popular entre outras)

• Tempo Livre (TL).

Os professores participantes do estudo, que atuam na instituição pesquisada atuam nas quatro salas de Pré Escola I e II da Educação Infantil e quatro salas do 1° ano do Ensino Fundamental.

Curso de formação continuada antes de iniciar suas atividades na ETI (Curso de 360 horas);

Participam de: HTPC, HTPA e HTPI; Professores convocados e efetivos; trabalham

40 horas na instituição; Os professores participam de atividades de

formação continuada semanalmente, durante os HTPCs. Contudo, nos HTPAs, as atividades se resumem a repasse de informações e organização do planejamento diário;

A segunda parte do questionário de “Satisfação do Trabalho Docente” trouxe questões acerca do grau de satisfação dos docentes com diferentes aspectos em relação ao seu trabalho realizado dentro da ETI.

Foram descritos itens que os professores tiveram a oportunidade de classificar de acordo com a realidade vivenciada em sua realidade profissional.

• Jornada de Trabalho.• Instalações adequadas e condições

gerais de infra-estrutura• Salário• Benefícios (materiais e não materiais)• Igualdade de tratamento• Apoio sócio-emocional• Grau de satisfação com a sua

Qualidade de Vida Global

Objetivos das atividades de formação

A HTPA é um ―momento onde o grupo pode discutir sobre as práticas pedagógicas, estudos para aprimorar a prática, refletir a didática aplicada e de planejamento colaborativo das ações didáticas‖ (PP1).

A HTPC é ―bastante importante na prática pedagógica docente, pois é neste momento que estudamos assuntos relacionados à nossa realidade e que interessa ao grupo. Nos estudos temos a possibilidade de conhecer a teoria e a ideia de estudiosos, debatê-las com o grupo, refletir sobre as leituras que fazemos, expor as ideias e entendimentos dos membros e assim realizarmos mudanças em nossa prática e na prática com o grupo (prática coletiva)‖. (P1°ano1)

Prática Pedagógica

HTPA é importante para discutirmos as particularidades de cada série. Nele também combinamos entre si o que será realizado na próxima semana como: atividades, projeto, etc. Vejo o HTPA importantíssimo, pois é através dele que as salas podem caminhar mais ou menos juntas.‖ (P1°ano2)

As atividades formativas não podem ser meros momentos para realização do planejamento de aulas, mas sim um espaço que quando ―apresenta focos e objetivos bem definidos consegue cumprir realmente o seu papel. Todos os envolvidos devem ter a clareza da sua real importância para não transformá-la em momento de produção de atividade escrita e escrita de plano de aula‖ (PP2).

Outro fator que não deve ser deixado de lado é a importância do planejamento das atividades por parte do professor coordenador do grupo de professores, a fim de que ―o desenvolvimento deste deve ser planejado pelo professor coordenador antecipadamente, com uma pauta que visa o desenvolvimento, a formação e a discussão da prática docente‖ (PP2).

Questões a considerar na formação continuada de professores numa Escola de

Tempo Integral – ETI Para desenvolver um trabalho pedagógico orientado pela qualidade da formação docente, é preciso que os professores tornem-se cada vez mais capazes de:

· analisar a realidade, que é o contexto da própria atuação;

· planejar a ação a partir da realidade à qual se destina;

· antecipar possibilidades que permitam planejar intervenções com antecedência;

· identificar e caracterizar problemas (obstáculos, dificuldades, distorções, inadequações...);

· priorizar o que é relevante para a solução dos problemas identificados e autonomia para tomar as medidas que ajudam a solucioná-los;

· compreender a natureza das diferenças entre os alunos;

· estar aberto e disponível para a aprendizagem;

· trabalhar em colaboração com os pares;

· refletir sobre a própria prática;

· utilizar a leitura e a escrita em favor do desenvolvimento pessoal e profissional.

Dentre todos os tipos de saberes que integram o conhecimento profissional do professor, há três

que são mais determinantes para a conquista de bons resultados do ponto de vista pedagógico:

o conhecimento sobre os processos de aprendizagem dos alunos, sobre os conteúdos a serem ensinados

sobre as formas de ensinar para garantir de fato a aprendizagem. É isso o que permite planejar intencionalmente uma prática pedagógica que se pretende eficaz para promover a aprendizagem de todos os alunos.

E a escola, também ensina?

O contexto da sala de aula ensina, às vezes, mais até do que o que planejamos intencionalmente. E o contexto da escola, para além da sala de aula, ensina também.

Quando se defende a importância de a escola definir coletivamente o seu projeto educativo, em parte é por essa razão: tudo o que não é o processo formal de ensino e aprendizagem que tem lugar na sala de aula também educa.

O jeito que as pessoas se relacionam, as atitudes que os adultos têm com crianças e adolescentes, a relação que se estabelece com as famílias e com a comunidade, o funcionamento geral da escola, a dinâmica do intervalo de recreio, o esquema de uso da quadra ou do pátio interno, o tipo de sanção que se utiliza, as priorizações que se faz...

Tudo isso, a despeito da nossa intenção, representa situações de ensino e aprendizagem. Não basta, portanto, cuidar apenas do planejamento pedagógico, é preciso cuidar do contexto em que ele se realiza. Não basta cuidar apenas do nosso discurso, é preciso cuidar dos nossos atos e das nossas atitudes na escola.

A familiaridade com a proposta da ETI é um aspecto sobre o qual precisamos refletir com muita seriedade.

Tudo o que propomos pela primeira vez ou apenas esporadicamente a alunos e professores pode "não dar certo". Se não tivermos essa clareza, jamais introduziremos inovações na prática pedagógica, pois o "novo" requer um tempo de adaptação (que, nem sempre ocorre de forma tranquila e harmoniosa), além da persistência, paciência e firmeza de nossa parte para familiarizar alunos e professores com o que está sendo proposto;

Quando sempre se trabalhou com alunos separados uns dos outros e também professores individualmente e se pretende iniciar o trabalho com agrupamentos, certamente será preciso algumas semanas para que todos se habituem à nova forma de organização da classe e da formação que está sendo introduzida.

Professores e alunos – por serem humanos – tendem a resistir ou desconfiar do novo num primeiro momento... O habitual é mais confortável do que o desconhecido e a familiaridade é uma relação construída num processo muitas vezes demorado. É essa visão de processo que pode nos ajudar a compreender porque as coisas nem sempre saem conforme o planejado e como proceder para introduzir propostas com as quais alunos e professores não estão ainda familiarizados.

A formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva,

que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo

e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada.

Estar em formação implica um investimento pessoal,um trabalho livre e criativo sobre os percursos

e os ‘projectos’ próprios, com vista à construção de uma

identidade, que é também uma identidade profissional.

(ANTÓNIO NÓVOA, 1991)