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ESCULTURAS FIGURATIVAS NO CEMITÉRIO DO ALECRIM
Pedro Alberto Pereira de Souza
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO: ARTES VISUAIS
Pedro Alberto Pereira de Souza
Natal - RN
2017
3
Pedro Alberto Pereira de Souza
ESCULTURAS FIGURATIVAS NO CEMITÉRIO DO ALECRIM
Trabalho de Conclusão de Curso II
apresentado à Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como
requisito obrigatório para a
conclusão do curso de Artes
Visuais.
Orientador: Profª Drª Arlete dos
Santos Petry
Natal/RN
2017
4
Inserir ficha catalográfica aqui, quando estiver pronta.
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SUMÁRIO
Resumo ..................................................................................................................... 4
Abstract .................................................................................................................... 5
Agradecimentos ........................................................................................................7
Introdução ................................................................................................................ 8
Capítulo 1 - Um pouco da história do Cemitério do Alecrim................................. 10
Capítulo 2 - A morte: cemitérios e cerimônias .......................................................14
Capítulo 3 – Arte cemiterial ................................................................................... 18
Capítulo 4 – Relatório do encaminhamento da Pesquisa ....................................... 21
Capítulo 5 - A iconografia e iconologia das esculturas tumulares ........................ 21
Considerações finais ............................................................................................. 27
Referências ........................................................................................................... 29
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Resumo
O presente trabalho tratou de catalogar e analisar as esculturas figurativas do Cemitério
do Alecrim, situado na cidade de Natal/RN e, com isso, buscou reconhecer a arte
tumular existente no mesmo. Como parte anterior, mas independente ao catálogo, situa
brevemente a temática da morte e utiliza análises de autores já conhecidos na área de
obras cemiteriais, com a finalidade de contextualizar historicamente a produção das
obras artísticas mencionadas.
Palavras chave: Cemitério do Alecrim, Arte tumular, Esculturas figurativas, História da
arte, Cidade de Natal.
7
Abstract
The present work tried to catalog and analyze the figurative sculptures of the Cemitério
do Alecrim, located in the city of Natal / RN and, with this, sought to recognize the
tomb art existing in it. As a previous but independent part of the catalog, it briefly
describes the theme of death and uses analyzes of authors already known in the area of
cemetery works, in order to historically contextualize the production of the artistic
works mentioned.
Keywords: Cemitério do Alecrim, Tomb Art, Figurative Sculptures, Art History, Natal
city.
8
PEDRO ALBERTO PEREIRA DE SOUZA
ESCULTURAS FIGURATIVAS NO CEMITÉRIO DO ALECRIM
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Profª Drª Arlete dos Santos Petry
___________________________________
Prof. Dr. Vicente Vitoriano Marques Carvalho
___________________________________
Profª Drª Laís Guaraldo
Natal, Dezembro de 2017
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente à minha mãe, à minha noiva, à banca examinadora e
em especial, à professora Arlete dos Santos Petry, por terem me dado o suporte
necessário para continuar o trabalho e a pesquisa.
10
Introdução
O cemitério do Alecrim é um local importante, para não dizer fundamental, na
história da cidade de Natal/RN. Apesar de sua existência ainda ser relativamente curta, e
de sua extensão em área ser pequena, é significativo para a história potiguar. Muitas
vezes, inclusive por desconhecimento da sua relevância para a cidade ou pela falta de
um sentimento de identidade cultural e histórica.
Dada a ausência de registros a respeito da história do Cemitério do Alecrim
justificamos a importância deste estudo. Seja devido à burocracia ou ao aparente
desinteresse por parte do público municipal, não se encontram facilmente informações
acerca da história do Cemitério e menos ainda quando se fala em um levantamento de
informações que tenha uma perspectiva artística.
Foram encontrados, durante o levantamento bibliográfico, apenas periódicos
falando sobre temas relativos às crenças populares, como estórias de fantasmas no
cemitério, da utilização do local para encontros de grupos marginalizados, ou ainda, de
pessoas que participam de todas as procissões conhecendo ou não a pessoa falecida,
apenas para poder envolver-se naquele momento. Sendo assim, realizar a catalogação
das esculturas figurativas poderá abrir novos estudos sobre a arte tumular na cidade de
Natal.
Apesar da falta de documentação ou organização de informações a respeito das
pessoas enterradas ou das esculturas instaladas no local nós com esta pesquisa e
trabalho realizamos um primeiro levantamento do conjunto de esculturas figurativas que
existem no Cemitério do Alecrim. Com o breve resgate histórico e artístico, que este
trabalho realiza ao trazer um pouco da narrativa de vida do Cemitério do Alecrim - hoje
tombado como patrimônio histórico, junto com a catalogação das esculturas figurativas
nele contidas, busca-se atestar mais uma riqueza cultural e artística do nosso município.
Junto a um breve resgate histórico e artístico, que este TCC apresenta ao trazer um
pouco da narrativa de vida do Cemitério do Alecrim - hoje tombado como patrimônio
histórico -, junto com a catalogação das esculturas figurativas nele contidas, busca-se
atestar mais uma riqueza cultural e artística do nosso município.
11
Desde antes dos relatos escritos na história da humanidade, nossos ancestrais,
em diversas culturas, encontraram maneiras de criar signos para demarcar o local de
sepultamento de um ente querido ou de um indivíduo qualquer de seu grupo, seja por
meio de dólmens pré-históricos, pirâmides do Egito ou fogueiras célticas. A estatutária
tumular de anos mais recentes segue com a mesma intenção.
dolmén piramides
link dolmén: WRITTEN BY:
Vicki Cummings Portal dolmen, Pentre Ifan, Wales.
Courtesy, Vicki Cummings, University of Central Lancashire, Preston
disponível em :<https://media1.britannica.com/eb-media/98/182698-004-F5298EED.jpg
><acesso em: 08 dez 2017>
link piramides: Infra-red satellite imagery unveils 17 lost Egyptian pyramids
By Andrew Couts — Posted on May 25, 2011 9:09 am
Disponível em em <https://www.digitaltrends.com/computing/infra-red-satellite-
imagry-unveils-17-lost-egyptian-pyramids/> acessado em <08 dez 2017>
Geralmente uma obra sepulcral busca fazer uma relação entre o falecido, a
sociedade e o tempo em que ele viveu, visto que o tempo e a sociedade não podem ser
dissociados, pois as sociedades e multuam-se com o passar do tempo. A produção da
peça artística pode tomar como base culturas anteriores, como veremos no catálogo, ao
descrever as obras que representam figuras mitológicas.
Para compreender o registro feito da estatuária, o presente trabalho dirige um
olhar das artes visuais, por meio da catalogação e breve análise das esculturas
figurativas, que são encontradas no Cemitério do Alecrim. Para enriquecer a análise das
12
esculturas, o trabalho compreende uma entrevista com um dos antigos administradores
da necrópole e realiza pesquisa bibliográfica.
Além da visualização in loco, utilizamos fotografias tiradas pelo autor no dia 10
de setembro de 2015, no Cemitério do Alecrim. Das esculturas figurativas exstentes na
necrópole. Estas fotografias podem ser apreciadas no catálogo que foi produzido e
desenvolvido de forma complementar a este trabalho Tendo isso em vista, qualquer
escultura que tenha sido produzida e instalada posteriormente à data em que as
fotografias foram realizadas, não faz parte do levantamento aqui realizado.
A metodologia proposta para essa monografia organiza-se em torno de consulta
bibliográfica, de entrevista, da descrição e análise das obras.
A consulta bibliográfica buscou informações a respeito do significado da morte e
a respeito da arte cemiterial, por meio da leitura de monografias, teses, periódicos,
vídeos e artigos.
A entrevista realizada com o administrador do Cemitério do Alecrim, no dia 10
de setembro de 2015, trouxe informações que já estão contempladas no capítulo 1 desta
monografia, que trata de situar historicamente o Cemitério do Alecrim. Ainda, no dia de
Finados em 02/11/2016, procuramos realizar entrevistas com os familiares que
compareceram ao Cemitério, cujos túmulos contemplam esculturas figurativas, mas não
tivemos sucesso na tentativa de obter informações sobre os artistas, ou os motivos para
tais esculturas.
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Capítulo 1 - Um pouco da história do Cemitério do Alecrim
“A morte falava através de seus olhos”
(Mckinney, Joe)
Inaugurado em abril de 1856, o Cemitério Público do Alecrim, que não possui
um nome fantasia como outros da cidade do Natal, se localiza na rua Alberto Gomes,
sem número, no bairro do Alecrim, na cidade do Natal, no estado do Rio Grande do
Norte, Brasil. Com aproximadamente 200 metros de comprimento e 100 metros de
largura, possui atualmente 18 quadras. Sendo o mais antigo cemitério do estado, foi
inaugurado pelo então presidente provinciano Antônio Bernardo de Passos, após um
surto de cólera que ocorreu na província, entre os anos de 1855 e 1856.
Anteriormente ao surto ocorrido em Natal, o médico londrino Dr. John Snow,
que foi um renomado médico nos estudos sobre a cólera no século XIX, já tinha
publicado um panfleto sobre a cólera, informando que ela se espalhava principalmente
pela água contaminada (LIMA, 1998). Com o surto de cólera tornou-se urgente
providenciar um local adequado para tamanha quantidade de cadáveres em um
relativamente curto período de tempo. A partir desse episódio foi sendo criado o
cemitério o que, posteriormente, veio a repercutir na produção de esculturas para
adornar os túmulos. Essa prática ocorria como uma forma de deixar marcada a
lembrança dos falecidos na memória de seus familiares e da população local, gerando
um sentido de presença mesmo na ausência física de alguém. Segundo Lima (1998), as
condições sanitárias da cidade não eram das melhores e a porcentagem de regiões
saneadas era quase nula. As condições sanitárias da cidade de Natal só foram melhorar
após o ano de 1896 quando o médico Manuel Segundo Wanderley, como presidente
interino da Inspetoria de Saúde Pública, apresentou um plano de saneamento para a
cidade.
Sendo o Cemitério percebido em uma perspectiva artística e histórica,
conseguimos visualizar quem eram as pessoas influentes que lá foram enterradas
juntamente com a elite local de cada período ou pessoas tinham gosto pela arte, pois
nele encontramos esculturas bem elaboradas, grandes mausoléus e medalhões. Contudo,
muitos desses artefatos artísticos e históricos já encontram-se danificados pelo desgaste
natural do próprio material, pelas intempéries climáticas ou mesmo pelo descaso na
manutenção dos prédios e dos jazigos. Além disso, como acontece em vários outros
cemitérios brasileiros, vândalos já roubaram peças de bronze, cobre, mármore e ferro.
14
Mesmo havendo uma dupla responsabilidade na manutenção do cemitério, esses
cuidados acabam sendo negligenciados. O terreno e a administração de cemitério são
públicos, sendo o setor público, o responsável por arcar com as despesas referentes à
manutenção e às reformas do espaço, contudo, os túmulos são particulares e seus
concessionários (famílias das pessoas que foram lá enterradas) são as responsáveis pela
manutenção dos jazigos. A responsabilidade das famílias pode se traduzir da seguinte
forma: ou pagam a um zelador particular ou eles mesmos devem realizar a manutenção
e a limpeza dos túmulos, prática esta que é mantida até os dias atuais.
Segundo o administrador do cemitério, as taxas que hoje são cobradas dos
concessionários são simbólicas e referentes a exumações e sepultamentos. Taxa de
manutenção dos jazigos não há, haja vista que esses são de propriedade das famílias. Na
época da inauguração do cemitério, no ano de 1856,
Atualmente, o Cemitério do Alecrim conta com uma capela, um espaço para os
funcionários com copa e uma sala para a administração do local, uma capela no centro
do cemitério e banheiro para os funcionários. Em datas específicas como no Dia de
Finados, são solicitados e instalados banheiros químicos em pontos estratégicos de
circulação. Distribuem-se cadeiras que podem ser cedidas ou alugadas para a celebração
de missas ao longo do dia, juntamente com uma ou duas tendas que são utilizadas como
abrigo do sol ou altar, durante as celebrações. Apesar do foco deste trabalho ser as
esculturas figurativas, não podemos negligenciar, ao menos para fins de registro, a
existência tanto de monumentos como de mausoléus e dos espaços reservados.
Os chamados "espaços reservados" são reflexos dos contextos históricos da
cidade e de como essa foi se compondo com diferentes grupos culturais e religiosos. Há
um espaço que foi destinado à Irmandade dos Passos, grupo religioso da igreja católica
que ajudou na construção do cemitério no século XIX, em troca de que um espaço
específico lhes fosse reservado. Também existe uma ala no interior do cemitério
dedicada a judeus, alguns monumentos relativos à comunidade maçônica da região,
monumento dedicado a operários e estivadores e ainda para três militares australianos
mortos no ano de 1944: G.D Morris, navegador, W.I Poling, sargento e R..J Uden,
piloto, todos pertencentes à Royal Australian Air Force (Força Aérea Real Australiana).
Segundo Araújo (2011), desde o dia 11 de Fevereiro de 2011 o Cemitério do
Alecrim foi oficialmente tombado como patrimônio cultural da cidade do Natal, pelo
15
decreto nº 9.541/2011. Apesar da reforma que foi realizada no período de preparação
para o evento de tombamento, continuam as reclamações sobre a falta de segurança no
local. Hoje o cemitério conta com mais de nove mil túmulos, segundo uma estimativa
feita pelo próprio administrador do Cemitério do Alecrim, entretanto, a administração
atual não possui a numeração exata, pois somente a partir de 1969 há registro dos
nomes das pessoas que lá foram enterradas. Tendo em vista que o Cemitério do Alecrim
é datado de 1856, há 113 anos sem nenhum dado registrado em seus arquivos referente
a quem fora lá sepultado. No entanto, há em um arquivo de papel iniciado
posteriormente, com o registro de cada aforamento1 realizado no cemitério, arquivo este
ao qual não tivemos acesso. Segundo o administrador, o acervo não estava organizado
ou em condições físicas para manuseio sem danos. Ainda quanto à situação atual do
Cemitério, Aelcio Júnior, ex-administrador do local, acredita que se o cemitério fosse
inserido como um local turístico histórico/cultural da cidade, seria possível gerar receita
que auxiliasse na manutenção do mesmo. Diz ele:
Por exemplo o site com informações formais sobre o
cemitério, desde a sua criação e manutenção, gira em
torno de cinquenta mil reais e a prefeitura não dá o
suporte necessário para o desenvolvimento desse tipo
de atividade. Desta forma, perde-se uma ótima
oportunidade de gerar receita para o cemitério como,
por exemplo, uma divulgação o inserindo em um
roteiro de turismo histórico/cultural (AÉLCIO
JÚNIOR, 2015).
Segundo Borges (2002), os cemitérios têm um grande valor histórico, pois, no
inicio do século XX eram os locais mais visitados de uma cidade. "Ele oferecia a toda a
comunidade a oportunidade de contato com obras de arte vinculadas a um ideário
estético determinado, e este servia de modelo e orientação para a formação do gosto
estético da população. A possibilidade de inserir o cemitério em uma rota de turismo
moderna exigiria cuidados, custos e mudanças em procedimentos relevantes para
segurança e automatização, uma vez que não existem seguranças, cerca elétrica ou
câmeras de vigilância, extintores de incêndio ou bombeiros à disposição. Qualquer
pessoa que passe mal dentro das dependências do cemitério não terá nenhum tipo de
apoio no local. Uma vez que o espaço é patrimônio cultural, este poderia ser usufruído 1 Ato de transferir uma propriedade a outrem, por meio do pagamento de uma taxa anual indicando que
parte do terreno foi cedido a determinada família.
16
de forma análoga. Ainda Borges (2014, p.8), refere Hans Belting (2010), ao afirmar
que o lugar de sepultamento dos mortos se torna a esperança dos vivos. Acrescenta que
os cemitérios são locais que agrupam uma variedade imensa de artefatos materiais que
registram histórias de vida que são, muitas vezes, ali resignificadas e são provenientes
de contextos espaciais e temporais dos mais diversos.
17
Capítulo 2 - A morte: cemitérios e cerimônias
“Morrer é uma parte da vida. A pessoa tem que se ligar nisso, se quiser tornar-se um ser
humano em sua totalidade. E, se o fato de sua própria morte era difícil de ser entendido, pelo
menos não era impossível de ser aceito”
(King, Stephen, 1977, p. 317)
O túmulo em si é uma forma que eternizar o que aquela pessoa foi em vida.
Antes dos cemitérios serem desenvolvidos, apenas os mais abastados eram sepultados
em solo considerado sagrado, que, em geral, eram sob as igrejas locais. Enquanto
escravos ou trabalhadores do proletáriado eram enterrados em locais comuns.
Em se tratando do cemitério ser um lugar de culto aos mortos e de reverência
àqueles que cumpriram sua missão na terra, a sociedade potiguar do século XIX e XX,
segundo Fabiana (2012, p. 43) jamais estariam preparados para colocar nos túmulos de
seus entes queridos peça “de sexualidade exacerbada, nudez completa feminina e
masculina, androginia ou homossexualismo como pode ser verificado nas necrópoles da
Europa e mesmo na América Latina”.
Adormecida
Link adormecida: disponível em :< https://imagens.mdig.com.br/arte/adormecida_arte_tumular_03.jpg>
acesso em:<09 dez 2017>
18
Sem dúvida, a civilização que deixou seu legado mais marcado com verdadeiros
monumentos escultóricos figurativos e geométricos foram os antigos egípcios, com suas
altas pirâmides, esfinges e templos. A forte influência religiosa daquele povo, que
acreditava que ao morrer os falecidos levavam seus bens para a outra vida, vê-se em
alguns cemitérios em várias partes do mundo. Na cultura egípcia, quando um faraó
morria, era enterrado junto ao seu corpo seus pertences, como uma forma de reproduzir
o conforto de sua vida anterior.
Na China, o imperador QinShi Huang Di teve produzidos guerreiros de terracota
para protegê-lo.. De alguma forma, vida e morte se conectam na busca por uma
continuidade. Em outra ótica de vida, o interior das tumbas etruscas, por sua vez, foi
decorado com afrescos que comemoram a morte com muita alegria. Nele, as pessoas
aparecem dançando e tocando instrumentos musicais por entre a paisagem, composta
por árvores e animais, conforme bem ilustra a Tumba dos Leões Rugidores, na
necrópole de Tarquínia, Itália (BORGES, 2014, p. 2).
Segundo Ulmann (2008), “o tema da morte acompanha silencioso cada passo de
nosso itinerário neste mundo”. A arte, principalmente as esculturas tratadas aqui,
servem de forma condensada como uma ponte entre morto, vivos e aquilo que aquele
representava para estes durante seu período em vida. “Tudo quanto o homem constrói,
as criações geniais dos artistas, os gestos supremos de amor e solidariedade, tudo é
ensombrado pela morte" (ULMANN, 2008, p. 96). E como dito: os homens têm
necessidade de representar ou relembrar aqueles que já partiram.
A morte precisa ser de alguma forma ritualizada para poder ser demarcada como
um acontecimento da ordem do real. Segundo Oliveira OLIVEIRA, 2009, p. 9), “O
túmulo/signo comprova soberania do simbólico sobre o real”. A sepultura traz o morto à
vida nas lembranças daqueles que ainda vivem. Dessa forma, a morte torna-se algo que
fora sobrepujado pela peça que pode ser tocada. “O indivíduo só morre nos rituais, é o
que nos diz os africanos. Sem a demarcação simbólica não há morte” (. Para os vivos
algum ritual é necessário para que possam aceitar a falta de uma pessoa falecida.
O ritual muda de acordo com o tempo histórico, a sociedade e as práticas locais.
Mas, ainda segundo Oliveira (2009), a lápide irá assegurar a cessação da vida, ela
institui o marco de um fim. A morte no simbólico é mais real que a morte real. A morte
real pode ser esquecida, todavia, o símbolo tumular permanece, podendo a qualquer
19
momento ser revisitado. Em Morin (1970, p. 31), “a dor provocada por uma morte só
existe se a individualidade do morto tiver sido presente e reconhecida: quanto mais o
morto for chegado, íntimo, familiar, amado e respeitado, isto é, único, mais a dor é
violenta”. (Quanto mais próximo, mais íntimo, mais profundo for o relacionamento com
o falecido, maior será a dor sentida com sua ida.) Já para (FREUD, 1964, p. 292.
Tradução nossa).
o que no homem desencadeou o espírito de
questionamento não foi o enigma intelectual, nem
cada morte, mas o conflito de sentimentos diante
da morte de pessoas amadas e também de pessoas
estranhas ou odiadas. [...] O homem não podia
mais olhar a morte de longe, pois ele tinha
experienciado seu sofrimento diante do morto.
No entanto, ele não queria reconhecê-la, pois não
conseguia imaginar a si próprio como morto. Por
isso, planejou um compromisso: aceitou também
o fato de sua própria morte, mas negou-lhe o
significado de aniquilamento...Sua persistente
lembrança dos mortos tornou-se a base para
assumir outras formas de existência e despertou
nele o conceito de uma vida em continuação após
a morte visível
Demarcando a morte com um símbolo concreto (lápides) e ritualístico
(religioso), a humanidade encontrou na ideia de vida após a morte uma forma de
eliminar a experiência de total finitude. Criou-se no ritual de sepultamento e na
materialidade dos cemitérios, uma forma de manutenção, ao menos na lembrança,
daqueles que não mais vivem. Nesse sentido, pode-se dizer que enquanto local físico, o
túmulo encerra os restos mortais dos entes queridos. Afasta dos olhos a última condição
que o corpo assume na decrepitude. Maquila a memória do morto, com a pedra e o
metal, para seduzir os vivos com a glória e o heroísmo ao tentar dissuadir a impotência
plena que assumimos ao virarmos pó (BORGES, 2010, p. 2). O desejo de manter
presente o que não mais existe, de sustentar uma maior durabilidade reflete-se na
construção das sepulturas. Portanto, "a lápide ou qualquer outro sinal de sepultura
merece o nome de símbolo. É algo humanizante" (LACAN, apud OLIVEIRA, 2009, p.
12).
20
(VERAS, 2016, p. 230), pergunta-se se a morte, tema por muito evitado, já teria
saído da invisibilidade. Responde que sim, e acrescenta que:
a morte parece sair de seu total ocultamento, mas
ela não ressurge para ocupar qualquer posição. O
espaço cedido à morte não é ligado a um lugar
vivencial, mas a um lugar na vitrine. Tratá-la com
o tamanho pudor, outrora evidenciado pelo
historiador Ariès, prejudicaria quaisquer serviços
e produtos que possuíssem alguma ligação com
ela, de modo que é fácil compreender o empenho
dos empresários do setor funerário preocupados
com a "desmistificação da morte"
Acrescenta Veras (2016), que a morte deixou de ser um tema completamente
interdito, na medida em que a força do capital apoderou-se dela, produzindo artefatos de
consumo. Esses passam pelos cuidados médicos no processo de morrer, pela
medicalização do luto, psicoterapias, toda uma ampla rede de serviços funerários e
produtos em geral como cosméticos, vestuário, anúncio em jornal. Para ela a morte
somente é visível quando a morte vende. Entretanto, permanece diante da morte a
experiência de dor, paralisação, sofrimento, reflexão, impotência ou ressignificação"
(VERAS, 2016, p.230). No cemitério, ao pesquisar um pouco, acabamos conhecendo
diversas histórias de fatos curiosos e relatos dos próprios funcionários, como o ocorrido
com Januário Cicco. Em 1937, Januário Cicco enterrou sua filha, Yvete Simões Cicco,
depois que essa morrera aos 25 anos de idade e quando estava em preparativos para seu
casamento (FORTUNATO, 2009). Enterrou-a com todo seu enxoval de casamento e,
ainda, juntou também um piano, já que sua filha tocava o instrumento (AÉLCIO
JÚNIOR, 2015).
Para Borges (2010, p. 2), todo o acervo artístico dos cemitérios está ali para
estabelecer um diálogo entre os homens sobre o lugar de pertencimento dos falecidos e
das relações de poder e de afetividade mantidas pelos vivos com essa paisagem à parte.
Para ele, a arte cemiterial reflete o gosto dominante de cada época, com as
peculiaridades artísticas intrínsecas a cada estrutura social, caminhando lado a lado com
o que é produzido para o rico e para o pobre.
Já para Bagattoni (2011), os túmulos, além de serem construídos por questões de
saúde e por questões sociais, tinham uma função didática. Uma espécie de esperança de
21
que a memória dos ilustres nomes gravados nos túmulos agissem como um alerta ético
para as gerações mais jovens.
22
Capítulo 3 – Arte cemiterial
“O mundo é profundo, mais profundo do que o dia, pensava. Profunda é a sua dor e a alegria
mais profunda que o sofrimento! A dor diz: Passa! Mas toda a alegria quer eternidade, quer
profunda eternidade!”
(Nietzsche, Friedrich, 1883, p. 247)
A arte funerária, a partir da transição do século XIX para o século XX, mesclou
de forma harmoniosa os símbolos cristãos aos profanos, o que em parte instiga a
investigação que propomos. Os cemitérios, desse modo, permitem a expressão e o
reconhecimento de outros tipos de valores culturais e sociais, que fogem ao controle do
pensamento burguês conservador da época (CARNEIRO, 2006, p. 8). A arte que
sempre transportou determinado vínculo indissociável com o misticismo, não por acaso,
entra em cena, progressivamente, dando margem à associação entre representações
visuais e magia (ROCHA, 2013). Volta em alguns aspectos ao pensamento de Walter
Benjamin, para quem a obra de arte sempre esteve associada a um valor de culto, ou
seja, as mais antigas manifestações artísticas surgiram a serviço de um ritual,
inicialmente mágico e depois religioso (PINTO, 2007, p. 26).
Na arte, fortemente influenciado por Gauguin e Van Gogh, Munch mostrou a
relação entre o homem e a morte de uma forma dramática e intensa. Segundo (HÉRAN
apud PINTO, 2007, p. 35), no final da sua vida, o pintor repetia sempre: “A doença, a
loucura e a morte foram os anjos negros que se inclinaram sobre o meu berço"
Para Canclini, segundo Borges (2011, p.10), frente às obras cemiteriais, cabe ao
historiador da arte ajustar seu olhar diante desse acervo material, dado que apresenta
uma sobrecarga de signos diversos, com dados culturais que se entrecruzam como
formas de expressão diante do infortúnio da morte. Como citado anteriormente nesta
monografia alguns grupos sociais não estariam preparados para colocar nos túmulos de
seus entes queridos peça de sexualidade exacerbada, nudez completa feminina e
masculina, androgenia ou homossexualismo, como pode ser verificado na Europa e
mesmo em alguns locais da América Latina. Contudo, a ideia de futuro bem-sucedido,
construída no início do período moderno, exaltava o novo, a técnica, a razão e
depositava na ciência a expectativa de resolução dos dramas humanos, de modo que
toda ligação com o tradicional, com o artesanal, com a emoção ou com o familiar era
percebida como sinal de atraso e defasagem (VERAS, 2016, p. 233)
23
Capítulo 4 –Relatório do encaminhamento da pesquisa
Após a apresentação do TCCI, foram feitas várias recomendações para que fosse
acrescentado conteúdo teórico a este trabalho. Orientações estas acerca de pesquisas em
trabalhos acadêmicos publicados anteriormente pela própria UFRN em setores diversos
que tratariam e supostamente serviriam de base para informações adicionais neste
trabalho final.
Recomendações aceitas e iniciada a busca pela informações na Biblioteca
Central Zila Mamede (BCZM) foi encontrado do autor Clarival do Prado Valladares o
trabalho Arte e sociedade nos cemitérios brasileiros: um estudo da arte cemiterial,
realizado em diversos cemitérios espalhados pelo Brasil desde as sepulturas de Igrejas e
as catacumbas de ordens e confrarias até as necrópoles secularizadas realizadas no
período de 1960 a 1970. Serviu como uma das referências em estrutura para o catálogo
artístico desenvolvido como parte desta pesquisa. Apesar da obra de Valladares (1972)
não tratar de esculturas, ela traz um apanhado de diversos túmulos ao redor do Brasil
com certa riqueza de detalhes acerca de informações sobre os falecidos que jazem em
seus respectivos túmulos e suas famílias. A priori, a ideia deste TCC era construir um
trabalho semelhante ao desenvolvido por Valladares (1972) em seu livro.
Em posse da estrutura a ser seguida, contatei o então administrador do
Cemitério, de quem vinha recebendo algumas informações a respeito dos túmulos,
documentos ou dados que ele pudesse nos fornecer para estes documentos e
informações podessem fazer parte do levantamento de informações realizado para esta
pesquisa, mas praticamente nada foi adicionado, já que não teria informações mais
profundas ou relevantes sobre o assunto de estudo. Quando mencionado os arquivos
documentais do cemitério, Aélcio Junior, ex-administrador do cemitério do Alecrim,
repetiu que já tentara organizar esses dados físicos, visto que se tratam de documentos
ainda em folhas de papel que não estavam em boa qualidade, devido ao próprio desgaste
do material. Dito isso, informou que já tinha solicitado oficialmente a digitalização
desses documentos, mas fora negado por falta de verba, que o município não teria como
arcar.
24
Ao contatá-lo novamente em 2017, ele informou que não assume mais a direção
do Cemitério do Alecrim, tendo deixado o cargo para se dedicar a um empreendimento
que iniciara e informou que o cemitério já estava sob nova direção, mas que ele não
tinha o contato da nova pessoa. Em uma nova visita à necrópole me apresentei como
estudante da UFRN, revelando também sobre minha pesquisa e tive uma recepção
semelhante à do ano anterior, com o administrador do cemitério no ano de 2016,
informando que eu podia ter acesso normalmente à visitação, mas que não haveria como
ajudar naquilo que se refere à documentação e registros de falecimento ou alguma
informação adicional sobre os tumulos esculturas neles fixadas. Por falta de documentos
existentes ou organizados de forma a poder manuseá-los.
A parte das recomendações que puderam prosseguir foi a produção de um
catálogo com as onze esculturas figurativas encontradas no Cemitério do Alecrim até a
data de terem sido fotografadas pelo primeira vez por mim.
25
Capítulo 5 - A iconografica e iconologica das esculturas tumulares
“As mais belas joias, sem defeito, com o uso o encanto perdem.”
(Shakespeare, Willian, 1594, p.9)
De acordo com Pinto (2007), Panofsky analisou as variações estilísticas e as
soluções específicas adotadas pela iconografia funerária no decorrer da história da arte.
A iconologia é um método histórico, segundo Argan, porque não forma classes e sim
séries – o próprio Panofsky usou o termo classificação ao se referir à iconografia. A
distinção entre classe e série encontra-se justamente no sentido que cada um dos termos
assume: classe vincula-se à tipologia (e por isso o princípio corretivo da análise
iconográfica é a história dos tipos), enquanto série refere-se à história. Somente o
discurso histórico compreende em sua totalidade o sentido histórico da série. Os fatos
artísticos não constituem uma classe, mas uma série porque possuem um nexo histórico.
É exatamente nesse ponto que a iconologia distingue-se da iconografia. Esta última
apenas classifica a imagem visual, enquanto que a primeira investiga, compreende,
ordena, enfim, por meio de um juízo, traz à luz seus nexos históricos (PIFANO, 2010, p.
6).
Quando visitamos o Cemitério do Alecrim podemos ver muito túmulos
adornados por cruzes, flores, imagens de santos ou anjos e decorados com fotografias,
mas além de conter estes elementos de decoração com objetos mais elaborados como as
esculturas figurativas que podem ser observadas no catálogo.
Devido às graves restrições que o uso corriqueiro,
especialmente neste país (EUA), opõem à palavra
“iconografia”, proponho reviver o velho e bom termo,
“iconologia”, sempre que a iconografia for tirada de
seu isolamento e integrada em qualquer outro método
histórico, psicológico ou crítico, que tentemos usar
para resolver o enigma da esfinge. Pois, se o sufixo
“grafia” denota algo descritivo, assim também o
sufixo “logia” – derivado de “logos”, que quer dizer
pensamento, razão – denota algo interpretativo. [...]
Assim, concebo a iconologia como uma iconografia
que se torna interpretativa (PANOFSKY apud
PIFANO, 2010, p. 8).
Além disso, segundo Pifano (2010), Panofsky estabelece três níveis de
interpretação de três diferentes temas da obra de arte: natural, convencional e o
conteúdo. Diante desses temas distintos, o ato de interpretar também será distinto:
26
descrição pré-iconográfica, análise iconográfica e interpretação iconológica,
respectivamente. Como tais estágios dependem de um equipamento subjetivo, e por isso
mesmo é grande a possibilidade de erro, elas serão submetidas sempre a princípios
corretivos: história do estilo, história dos tipos e história dos sintomas culturais, todos
eles unidos por nexos históricos (PIFANO, 2010, p. 9).
Para Borges (2011, p.10), grande estudioso dos temas cemiteriais, "a arte
funerária se mantém vinculada com as representações do luto, alicerçadas no discurso
religioso, moral e econômico do grupo social a que servem, logo ela deve ser analisada
a partir de critérios próprios exigindo uma leitura complexa de caráter interdisciplinar".
Sendo o nu bastante comum na arte figurativa
cemiterial, atentamos para a seguinte citação: Falar de
nu na arte grega é falar da relação com o divino,
porque o grego acreditava na existência do kosmos,
em oposição ao Kaos, de forma que a representação do
corpo nu é equivalente ao próprio mundo ordenado. Já
o nu romano é imitação e reflexo da arte grega, porque
ele é documental e decorativo, não contempla a busca
pelo segredo íntimo e estrutural expressa pelo nu
grego (ANDRESEN, 1992, p.81 apud CARNEIRO,
2012, p. 2).
Este trabalho realiza levantamento do conjunto escultórico figurativo que existe
no Cemitério do Alecrim. Que são organizadas no catálogo que segue este trabalho. A
fim de que em futuras pesquisas que forem realizadas possam utilizar este levantamento
das esculturas como algo relevante. Assumindo que até o momento da produção deste
TCC não existe trabalho acadêmico realizado nesta seára. As esculturas figurativas que
encontramos hoje no Cemitério do Alecrim são de fato a menor parcela entre os
túmulos, mas em hipótese alguma são de menor valor ou interesse. Além de objetos de
decoração, adorno ou até mesmo por fazerem parte do trabalho arquitetônico para os
sepulcros, essas esculturas têm sua personalidade, eminentemente produzidas com seus
motivos religiosos, geralmente advindos do cristianismo. Em nossa análise inicial, as
esculturas foram catalogadas por área ocupada no cemitério, como poderá ser visto no
catálogo. Ao todo foram onze (11) esculturas figurativas registradas nesta pesquisa.
A fim de analisar iconográfica e iconologicamente as estátuas que estão no
Cemitério do Alecrim, tomaremos como base os preceitos desenvolvidos e aplicados
por Panofsky de primeiro, segundo e terceiro nível de análise, primeiro temos apenas a
27
descrição daquilo que vemos na obra, no segundo além de descrever o que é visto já
conseguimos reconhecer uma cena específica por já possuir algum conhecimento prévio
e haver o reconhecimento a apreciar a obra e o terceiro são os dois níveis anteriores
acrescentando os questionamentos que eles podem nos gerar e consequentemente o
diálogo e a busca pelas respostas.
Todas as fotografias das esculturas figurativas do Cemitério do Alecrim foram
produzidas a partir do meu próprio telefone celular e tiveram tratamento digital apenas a
fim de correção de cor para melhor visualização dos detalhes das obras e a retirada de
detalhes da tecnologia moderna (fios de telefonia, postes de eletricidade).
Provavelmente com o objetivo de atender aos desejos dos familiares do falecido,
há uma predominância de motivos sacros, que retratam a história de vida de Cristo, de
Santos e de Santas (BORGES, 2014, p. 5). Originário do grego eikon (imagem) e
graphia (escrita), o vocábulo iconográfico pode ser lido como a escrita da imagem que
rememora. “Os cemitérios convencionais secularizados estão repletos de representações
iconográficas que vêm reafirmar os valores familiares e religiosos” (BORGES, 1997, p.
22), atestando o pertencimento ao grupo em que viveu (OLIVEIRA, 2009, p.9).
Ao ter clareza que a arte e artistas possuem liberdade por definição. Ao longo
das produções e representações de uma figura comum podem ser trabalhados por
materiais, suportes e temáticas distintas.
Quando falamos na produção artística de uma figura ou elemento específico a
liberdade de como fazer está nas mãos de quem vai produzir a peça ou de quem a
encomendou, contudo, elementos característicos do personagem a ser representado
devem ser mantidos para que seja possível o reconhecimento de quem está sendo
representado. Para esse tipo de estudo existe a iconografia. Em representações baseadas
em uma religião, é certo que será preciso basear-se no histórico e na descrição da figura
a ser concebida. A fim de que o resultado da produção seja no mínimo satisfatório e esta
escultura possa ser admitida como representação de tal.
Também é sabido que o poder aquisitivo do comprador vai determinar a
quantidade de detalhes e qualidade da escultura que será produzida ou comprada. Pode
ser visto no catálogo que segue este trabalho, algumas esculturas mais simplis enquanto
outras mais elaboradas e com diversos detalhes. Não quer dizer que a estatuária contida
28
no Cemitério do Alecrim seja única, ou que ela esgote os diversos elementos que podem
ser utilizados para retratar anjos, crianças, figuras femininas, deuses gregos,
representações de Jesus ou de Santos, em cemitérios. O catálogo, por definição, vai
listar as esculturas contidas naquele espaço. Não obstante, elenco uma compilação de
elementos que podem ser utilizados para caracterizar os personagens que serão
encontrados no complemento a este trabalho.
Vamos então realizar a leitura das imagens capturadas e registrar suas
características. Sendo um cemitério eminentemente católico aqui encontramos uma
representação de uma entidade de uma outra cultura, outro nicho religioso. Trata-se de
uma estátua em bronze no estilo moderno representando o deus Hermes, que faz às
vezes de mensageiro do Olimpo, na cultura grega. Em sua cabeça um capacete com asas
que já é característico e é tido como signo de Hermes. Feições masculinas bem
marcadas, traz consigo uma forte influência de toda a questão e idealização do belo que
os gregos tanto buscaram evidenciar em sua arte como, por exemplo, no Davi de
Michelangelo. Nas duas obras podemos perceber deformações do que seria a real
proporção no corpo de um ser humano a fim de melhor acomodar a figura no meio em
que ela está inserida.
O David, que iria ficar no alto de uma igreja, possui a cabeça e as mãos
desproporcionais ao resto do corpo para que aqueles que vissem a estátua de baixo
tivessem a ilusão de ótica de que tudo está na proporção correta e a escultura fortalecer
ainda mais o ideal do corpo perfeito.
Já o Hermes, coberto apenas na cintura por uma espécie de tecido com bastante
acabamento no panejamento, está sentado sobre uma espécie de mureta com o braço
esquerdo apoiado na pedra como que para equilibrar o corpo enquanto o direito se
estende até próximo do joelho, do mesmo lado do corpo como se a qualquer momento
ele fosse estender aquela mão para quem ele está olhando, já que seus olhos miram para
baixo e sua expressão é de serenidade e talvez até de alegria. Seu corpo possui
músculos, mas não tão definidos quanto os das obras gregas. Ladeando a estátua temos
duas colunas quadradas, lisas, contudo em seus capiteis jônicos podemos perceber
novamente a influência grega. Toda esta estatuária se encontra e faz parte do túmulo do
senhor João Severiano da Câmara. Os pés da estátua de Hermes estão sobre uma espécie
29
de degrau, tendo logo abaixo o tampo do túmulo produzido em mármore negro, seu
topo formando uma cruz cristã. O formato do jazigo é retangular.
Deus grego Hermes - CANDIDO reafirma as características biográfias e comenta sobre
a iconografia de Hermes. A Hermes estão ligadas as atividades de intercâmbio
intelectual e comercial, de movimentação e competição, como também apresenta uma
relação fundamental com as almas mortas, na medida em que ele as “transporta” para o
mundo subterrâneo. Hermes é o deus da leveza, inventor da lira e da flauta.
Os símbolos iconográficos de Hermes são:
chapéu, um pétaso;
sandálias com asas;
caduceu, com duas serpentes entrelaçadas na parte de cima.
Anjos - Segundo Carvalho (2015) em sua tese de doutorado, um anjo com uma flor na
mão, pode indicar saudade. Pode também vir segurando uma tocha para baixo para
simbolizar a morte e uma trombeta nas mãos para representar o juízo final. Passagem
bíblica onde todos passarão pelo seu julgamento. Anjos podem ser a representação de
mensageiros, como o anjo Gabriel que anunciou à Maria a vinda de Jesus. Ou fazer às
vezes de guerreiros, trazendo consigo espadas ou vestidos com armaduras.
Crianças - Sendo a representação da pureza podem ser retratadas em pose de oração
(mãos entrecruzadas). Com ou sem vestes, estas geralmente são andróginas.
Figuras femininas - Podem ser retratações de versões diferentes de Maria, mãe de Jesus,
sob seus vários títulos. Cada versão possui seus signos e elementos característicos do
título retratado.
30
Na iconografia cristã:
sol é Jesus Cristo;
a escuridão simboliza a humanidade;
a lua simboliza a pureza de Maria;
a serpente, o pecado;
os anjos e as nuvens, simbolizam sua estadia no céu;
mãos, simbolizam a oração;
a cor azul simboliza o céu;
coroa, lhe confere sentido de realeza;
cruz, representa o cristo.
Virtudes teologais (esculturas que representam uma virtude como):
fé, que segura uma cruz;
esperança, que segura uma âncora;
justiça, que segura uma espada;
caridade, que segura uma criança no colo;
Entidades femininas
pranteadoras, que levam as mãos ao rosto em sinal de lamento;
orantes, que aparecem com as mãos unidas em sinal de oração.
31
Capítulo 6 – Desenvolvimento do catálogo.
O projeto do catálogo surgiu logo no inicio da pesquisa acerca das esculturas
figurativas no Cemitério do Alecrim. Ao longo da investigação a respeito do conjunto
escultórico do cemitério a intenção de criar o catálogo foi sendo desenvolvida e
maturada com as orientações fornecidas pela banca examinadora do TCC I e pela
orientadora que acompanhou o desenvolvimento deste trabalho até sua conclusão.
Inicialmente como uma sequência de tabelas no corpo do trabalho, com
imagens no tamanho 3x4. Dispostas doze ou mais em uma única página. O catálogo
concluido apresenta 44 fotografias, tiradas pelo próprio autor e editadas no software
Adobe Photoshop CC 2015. Esta edição refere-se apenas a correção de cor para
melhorar a visualização das esculturas e a retirada do fundo das fotos. A fim de mais
uma vez melhorar a visualização das esculturas. Nada foi acrescentado a estas imagens.
Completa a etapa de edição das imagens, no software Adobre Illustrator CC
2015 foram desenvolvidas as ilustrações das quadras do cemitério. Ilustrações
desenvolvidas para situar, organizar e determinar cada quadra da necrópole. Informando
a localização de cada quadra dentro do cemitério, sua numeração (01 a 18) e quais
destas possuiem esculturas figurativas.
Baseado no livro Arte e sociedade nos cemitérios brasileiros: um estudo da arte
cemiterial, realizado em diversos cemitérios espalhados pelo Brasil desde as sepulturas
de Igrejas e as catacumbas de ordens e confrarias até as necrópoles secularizadas
realizadas no período de 1960 a 1970, de Clarival do Prado Valladares e o PDF
PORTFOLIO Dez Mandamentos. Arqueologias da Criação- aspectos do processo
criativo (pós-produção), da professora Regina Johas. Foram impressindiveis para a
estrutura, organização e diagramação do catálogo final. Com a ideia de realizar um
passeio pelo cemitério o catálogo tras onze esculturas e estas estão ordanadas pelas
quadras em que se localização.
32
Considerações finais
Com o desenvolvimento desta pesquisa foi possível verificar a imporrtância do
património artístico do Cemitério do Alecrim e seu potencial educacional e histórico.
Uma vez iniciada a catalogação das obras, ela poderá ser expandida em novas pesquisas
no que se refere às obras de artes que lá estão dispostas.
Saindo do que foi encontrado durante a pesquisa sobre o Cemitério do Alecrim -
relatos de causos, estórias de fantasmas e o misticismo da crendice popular -, questões
que não eram o foco deste trabalho, lamentamos por um certo empobrecimento do
mesmo, visto que os locais visitados para esta pesquisa na esperança de nos trazer mais
dados - o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e o Arquivo Público
Municipal - se encontram fechados para pesquisas devido a reformas ou estão
abandonados e sem infraestrutura para acessá-lo.
33
Referências
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Alecrim. 10 set 2015.
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37
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO: ARTES VISUAIS
ESCULTURAS FIGURATIVAS NO CEMITÉRIO DO ALECRIM.
PEDRO ALBERTO PEREIRA DE SOUZA
Atividade pedagógica
A atividade pedagógica visa demonstrar em sala de aula o conteúdo a ser apresentado
no TCC II, Esculturas figurativas no Cemitério do Alecrim. Que por sua vez teve como
objetivo catalogar e analisar as esculturas figurativas do Cemitério do Alecrim, situado
na cidade de Natal/RN e, com isso, buscou reconhecer a arte tumular existente no
mesmo. A fim de produzir um documento com registros além dos que foram
encontrados, durante a pesquisa. Relatos sobre temas referente à crenças populares,
como estórias de fantasmas no cemitério.
Esta atividade é uma oportunidade de se introduzir em conhecimentos sobre a estatuaria
cemiterial e também um pouco da história da origem do Cemitério do Alecrim e
reconhecer sua importancia para a história da cidade de Natal.
Assim nós realizamos um primeiro levantamento do conjunto de esculturas figurativas
que existem no Cemitério do Alecrim. Com o breve resgate histórico e artístico, que
este trabalho realiza ao trazer um pouco da narrativa de vida do Cemitério do Alecrim -
hoje tombado como patrimônio histórico, junto com a catalogação das esculturas
figurativas nele contidas, busca-se atestar mais uma riqueza cultural e artística do nosso
município. Utilizamos as fotografias das esculturas figurativas presentes no Cemitério
do Alecrim até a data de 10 de setembro de 2015, como recurso complementar de
análise. As fotos mencionadas podem ser apreciadas no catálogo que acompanha este
estudo.
A metodologia proposta para esta atividade organiza-se em torno da apresentação por
meio de slides, que está organizado com a aprentação de uma fotografia aérea do
Cemitério do Alecrim, ilustrações que localizam e identificam as dezoito quadra que o
38
cemitério possui e as fotografias das esculturas figurativas. Fotografias que foram
tiradas no dia 10 de setembro de 2015. Estas organizadas pela ordem definida pelo
autor na distribuição das quadras da necrópole, de 1 à 18. Sendo que as quadras que
contém esculturas figurativas são apenas às: 01, 02, 03, 06, 10 e 11. A atividade será
realizada a partir da esplanação inicial acerca do tema Esculturas figurativas no
Cemitério do Alecrim e será utilizado como material de suporte para a apresentação um
projetor com um video produzido a partir de fotos e videos realizados no Cemitério do
Alecrim, os slides predefinidos e o catálogo produzido que entregue aos presentes. Ao
final da apresentação a proposta é que seja iniciado um debate acerca do tema.
O objetivo desta atividade é iniciar os participantes em conhecimentos sobre a estatuaria
cemiterial e também um pouco da história da origem do Cemitério do Alecrim e
reconhecer sua importancia para a história da cidade de Natal.
Condições de realização
Para a atividade poder ser aplicada se faz necessário apenas de uma sala de aula a
disposição, um computador, caixas de som, um projetor e cadeiras.
O público à que é destinada está atividade se trata de qualquer pessoa seja do meio
acadêmico ou simplesmente curioso ou pesquisador de tema da arte cemiterial e
esculturas tumulares, ou ainda sobre a história do Cemitério do Alecrim.
A avaliação será realizada a partir do que for apresentado pelos participantes no
decorrer do debate a ser realizado.
Duração: 4 horas.
39
Fotos das atividades realizadas:
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
Questionários:
Após a apresentação do vídeo produzido vídeo e a explanação acerca das esculturas
figurativas no Cemitério do Alecrim foi passado entre os 12 participantes o formulário a
seguir:
51
Abaixo, segue as respostas dos participantes.
52
53
54
55
56
57
Conclusão:
Após o preenchimento dos questionários foi possível perceber que mesmo os estudantes
de Artes Visuais da cidade de Natal não conhecem as obras de arte que podem ser
vislumbradas no Cemitério do Alecrim. Esta atividade como tratado anteriormente foi
uma oportunidade de se introduzir em conhecimentos sobre a estatuaria cemiterial e
também um pouco da história da origem do Cemitério do Alecrim e reconhecer sua
importancia para a história da cidade de Natal. Realizando um primeiro levantamento
um resgate sob o olhar das Artes Visuais, por meio do vídeo e do catálogo produzidos.