Post on 03-Jul-2015
Esperanças docentes...
marisavalladares
...A esperança é solidária, mesmo quando solitária...
... E persevera contra a descrença de quem não mais
acredita...
... o esperançar de cada pessoa nasce e
se fortalece a partir do que se aprende
no trato com o outro na história de cada
um de nós, e, por isso, a esperança
traz consigo a polifonia do
mundo...
A esperança tem urgência...
...Embora seja paciente...
...a esperança movimenta o esperançar, verbo que se conjuga vigorosamente, em silêncio ou com barulho, quando se acredita na humanidade, quando se aposta na vida...
...A esperança justifica a educação, uma das maiores alavancas da esperança...
...aprendemos a esperançar quando, ao
recusarmos jeitos contra a vida de pessoas e contra a
natureza...
...e não permitimos que tal presente se alastre no
passado e no futuro canibalizando-os, como
nos alerta Boaventura (1996).
“seria uma contradição se, inacabado e consciente do
inacabamento, primeiro, o ser humano não se
inscrevesse ou não se achasse predisposto a
participar de um movimento constante de
busca e, segundo, se buscasse sem
esperança.”
No duelo entre a esperança e o desencanto que se instala no
mundo nestes tempos, enquanto o horror brota do chão, impregna e
suja ares, mares, florestas e toda a espécie de vida...
...a esperança não se deixa vencer...
A esperança vinga entre o pranto e a dor, escorregando em
lágrimas que prometem não esquecer para
mudar, que regam o chão do hoje,
preparando-o para o frutificar de um amanhã
diferente...
Ela enfrenta e se instala entre
canhões e fuzis, pela mão de crianças...
“Nós, crianças, temos que
nos agarrar umas às outras com força,
de mãos dadas...”
A importância da narrativa docente é esperança de
colar o viver e o agir.
Cumpre narrar o que fazemos e partilhar esperanças na
perspectiva de que utopia é apenas o que não se concretizou ainda.
Contar histórias possíveis - e aparentemente utópicas –
fortalece memórias que se tornam reservas de esperança nas sociedades, entre grupos
sociais subjugados, maltratados, mas rebeldes no desejo de
mudança.
Como traduzir isto na sala de aula?
... não há receitas mas continuamos, teimosamente, a tentar, dia após dia,
dor sobre dor, alegria somada a outra...
Há pistas...
Lutar pela condição de professora-pesquisadora, pela autoridade de saber...
Se abandonamos a pieguice, não
podemos colocar no lugar um amor
engajado, sério mas alegre?
Se optamos pelo ensino laico, que tal manter a fé no bem, a esperança na paz, a solidariedade no conviver?
...juntar esperança e conhecimento para trançar diferentes modos de
(vi)ver a vida, ler o mundo, querer o futuro...
quando o dia fica nublado, os girassóis se viram uns para os
outros, buscando forças no companheiro...
“Dá-me, Senhor, a constância das ondas do mar, para que a
cada recuo eu tenha forças para voltar...”
...Esperancemos...