Post on 02-Nov-2020
EEssttrreellaa CCaattiivvaa TTrriillooggiiaa AAss EEssttrreellaass ddee MMiitthhrraa –– lliivvrroo 22 NNoorraa RRoobbeerrttss
Título original: Captive Star
Traduzido por: Juliana
Projeto_romances
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Capítulo 1
Ele mataria por uma cerveja. Uma grande e gelada caneca cheia
desse liquido escuro importado que iria descer mais suave do que o
primeiro beijo de uma mulher. Uma cerveja em algum agradável e
discreto bar, com um jogo de baseball na tv e alguns outros
freqüentadores que teriam o interesse focado no jogo.
Enquanto ele estacava do lado de fora do apartamento da mulher,
Jack Dakota passava o tempo fantasiando com isso.
A superfície espumosa, o cheiro característico, o primeiro gole
para combater o calor e acabar com a sede. Então a vagarosa degustação,
gole a gole, que assegurava ao homem que tudo ficaria bem com o
mundo se apenas políticos e advogados debatessem o inevitável conflito
por cima de uma gelada cerveja em um pub local enquanto um batedor
de baseball enfrentasse a contagem de três lances.
Era um pouco cedo para beber, só passava um pouco da uma da
tarde, mas o calor era sufocante, tão intenso que a geladeira cheia de
latas de soda não teriam a mesma potencia de uma gelada e espumosa
cerveja.
Seu carro antigo não possuía amenidades como o ar condicionado.
Na verdade, as amenidades eram pateticamente poucas, exceto pelo
caro, potente estéreo que ele tinha instalado no pedaço de couro. O
estéreo valia o dobro do carro azul, mas um homem tinha que ter música.
Quando ele estava na estrada, ele gostava de ligar o som para gritar e
rodar por aí com os Beatles ou os Stones.
A potência do motor V8 por baixo da capota arranhado cinza
funcionava meticulosamente como um relógio Suíço, e levava Jack para
onde ele quisesse ir e rápido. Apenas agora o motor estava descansando,
era uma concessão ao tranqüilo bairro em Washington, D. C, ele tinha o
cd player em um murmúrio enquanto ele cantarolava junto com Bonnie
Raitt.
Ela era uma das raras referencias da música depois de 1975. Jack
às vezes pensava que ele tinha nascido fora de seu próprio tempo. Ele
imaginava que teria dado um bom cavaleiro. Um cavaleiro negro. Ele
gostava da honesta filosofia de fazer o que era certo. Ele teria ficado com
Arthur, ele pensou, batendo os dedos no volante. Mas ele teria lidado
com o problema de Camelot da sua própria maneira. Regras complicavam
as coisas.
Ele gostaria de ter cavalgado no Oeste, também. Perseguir
bandidos sem toda a bobagem de burocracia. Apenas perseguir e prendê-
los. Morto ou vivo. Hoje em dia os bandidos contratam advogados, ou o
estado os designa um, e a Corte termina desculpando-se com eles pela
inconveniência.
Sentimos terrivelmente, senhor. Apenas porque você estuprou,
roubou e matou não é desculpa para infringir seus direitos civis.
Era um triste caso do estado. E era uma das razões pela quais Jack
Dakota não tinha entrado para a policia, apesar de ter brincado com a
idéia quando tinha vinte e poucos anos. Justiça significava algo para ele,
sempre tinha significado. Mas ele não via muita justiça em regras e
regulamentações.
E era por isso, que aos trinta, Jack Dakota era um caçador de
recompensas.
Ele ainda caçava os bandidos, mas trabalhava suas próprias horas e
era pago pelo serviço e não respondia a um monte de lixo burocrático.
Ainda havia regras, mas um homem esperto sabia trabalhar ao redor
delas. Jack sempre foi esperto.
Ele tinha os papéis de sua atual caça em seu bolso. Ralph
Finklemam tinha ligado para ele as oito daquela manhã com o preço.
Agora, Ralph estava preocupado e otimista — uma combinação, Jack
pensou, que deveria servir para o trabalho de requerimento de uma
garantia de fiança. Pessoalmente, Jack nunca poderia entender o conceito
de emprestar dinheiro para completos estranhos — estranhos que, pelo
fato de precisarem de um empréstimo, já tinham provado não serem
confiáveis.
Mas havia dinheiro nisto, e dinheiro era motivação suficiente para
quase tudo, ele supunha.
Jack tinha acabado de voltar de um rastreamento, um pulo na
Carolina do Norte, e tinha deixado Ralph muito agradecido quando
arrastou pelo país um garoto idiota que tentou fazer fortuna roubando
lojas de conveniência. Ralph tinha sido o fiador — alegou que imaginava
que o garoto era muito estúpido para fugir.
Jack poderia ter dito, de uma vez, que o garoto era muito estúpido
para não fugir. Mas ele não era pago para dar conselhos.
Jack tinha planejado relaxar por alguns dias, talvez assistir alguns
jogos no Camden Yards, escolher uma mulher entre as suas conhecidas
para ajudá-lo a aproveitar sua gratificação.
Ele quase tinha recusado Ralph, mas o homem tinha sido tão
insistente, tão cheio de argumentos, que ele não teve coragem.
Então ele ia fora ao Fianças e Fiadores e pegar a papelada de uma
M. J. O´Leary, que aparentemente decidiu não comparecer em seu dia na
Corte para explicar por que ela tinha atirado em seu namorado casado.
Jack imaginava que ela fosse tola como um poste. Uma bonita
mulher — e pela sua foto e descrição, ela era qualificada — usando um
pouco de seus neurônios poderia manipular um juiz e um júri sobre algo
tão banal quanto uma ocorrência adultera. Não era como se ela tivesse
matado o pobre bastardo.
Era um trabalho fácil, o que não explicava porque Ralph tinha
estado tão nervoso. Ele gaguejava mais do que o usual, e seus olhos
tinham dançado pelo atulhado, sujo escritório.
Mas Jack não estava interessado em analisar Ralph. Ele queria
acabar logo com o serviço rápido, tomar aquela cerveja e começar a
aproveitar sua gratificação.
O dinheiro extra desse rápido trabalho significava que ele poderia
pegar a primeira edição de Dom Quixote que ele vinha ansiando, então
ele tolerava suar dentro de um carro por algumas horas.
Ele não parecia com um homem que procurava por livros raros ou
gostasse de debates filosóficos sobre a natureza do homem. Ele usava seu
cabelo castanho queimado pelo Sol puxado em um curto rabo de cavalo
— que era mais uma afirmação a sua desconfiança em relação barbeiros
do que um movimento fashion, no entanto sua aparência desleixada
combina com seu longo, estreito rosto, com ossos marcantes e angulosos.
Por cima do furinho em seu queixo, sua boca era cheia e firme, e parece
poética quando ela não estava curvada em um sorriso desdenhoso.
Seus olhos eram de um cinza afiado como uma navalha que
poderiam ser suaves como fumaça ao passarem pelas páginas amareladas
da primeira edição de Dante, ou escuros com o prazer de uma olhada em
uma bela mulher em um vestido de verão. Suas sobrancelhas eram
arqueadas, com um fraco toque demoníaco que era acentuado pela
cicatriz branca que corria diagonalmente pela sobrancelha esquerda e era
resultado de um envolvimento com um canivete manuseado por um
assassino que não queria que Jack pegasse seu pagamento.
Jack tinha pego o pagamento, e o fugitivo teve o prazer de um
braço quebrado e um nariz que nunca mais seria o mesmo a não ser que o
estado pagasse uma rinoplastia. O que não surpreenderia Jack nem um
pouco.
Havia outras cicatrizes. Seu longo, alto e magro corpo tinha marcas
de um guerreiro, e havia mulheres que gostavam de arrulhar sobre elas.
Jack não se importava. Ele estirou suas longas e fortes pernas,
movimentou os ombros para tirar a tensão e debateu se deveria pegar
outro refrigerante e fingir que era uma cerveja.
Quando o MG passou, sem cobertura, rádio alto, ele balançou a
cabeça. Tola como um poste, ele pensou — apesar de admirar seu gosto
musical. O carro combinava com a papelada, e a rápida olhada na mulher
que tinha passado confirmava isso.
O cabelo curto ruivo que tinha estado voando ao vento era uma
mortal despedida. Era irônico, ele pensou enquanto observava ela sair do
pequeno carro que ela tinha parado em sua frente, que uma mulher que
tinha essa aparência deveria ser pateticamente estúpida.
Ele não podia dizer que ela tinha uma aparência comum. Não
parecia haver nada comum nela . Ela era alta — e ele tinha uma queda
por longas pernas, mulheres perigosas. Seu corpo estreito de adolescente
— quadris de menino estavam cobertos por um par de jeans velhos que
estava esbranquiçado em alguns pontos e rasgado no joelho. A camiseta
enfiada dentro da calça era simples de algodão branco, e seus pequenos,
sem restrições, seios pressionados agradavelmente contra o macio tecido.
Ela tirou uma sacola do carro, e Jack recebeu uma interessante
vista de uma bunda na apertada calça. Sorrindo para si mesmo, ele bateu
uma mão em seu próprio coração. Não havia duvida de porque algum
estúpido tenha traído a esposa por ela.
Ela tinha o rosto tão anguloso quanto o corpo. Mas a pele era clara
como leite, para combinar com o cabelo vermelho, não havia nada
fabricado ali.
Queixo pontudo e ossos altos combinavam para criar um forte e
sexy rosto acentuado por uma luxuriosa, sensual boca. Ela estava usando
óculos escuros, mas ele sabia que seus olhos eram verdes da papelada
que ele tinha. Ele ponderava se seriam como musgo ou esmeraldas.
Com uma enorme bolsa presa em um ombro, uma sacola de
compras apoiada em seu quadril, ela começou a entrar no prédio. Ele se
deixou suspirar uma vez pelo balancear de seu caminhar. Ele com certeza
gostava de pernas longas.
Ele saiu do carro e foi atrás dela. Ele não imaginava que fosse dar
muito trabalho. Ela poderia arranhar e morder um pouco, mas ela não
parecia ser daquelas que se dissolviam em lágrimas. Ele realmente odiava
quando isso acontecia.
Seu plano era simples. Ele poderia tê-la pego do lado de fora, mas
odiava cenas publicas quando havia outras opções. Então iria ao
apartamento dela, explicaria a situação, então a levaria.
Ela não parecia ter uma preocupação com o mundo, Jack notou
enquanto entrava no prédio atrás dela. Ela realmente tinha achado que a
polícia não iria checar as casas de suas amigas e associados? E dirigindo
seu próprio carro a um mercadinho. Era incrível que ela ainda não tivesse
sido encontrada. Mas, então, a polícia já tinha muito trabalho sem ter que
ir atrás de uma mulher que tinha tido uma briga com o amante.
Ele esperava que seu companheiro que morava no apartamento
não estivesse em casa. Ele tinha mantido as janelas sob vigilância pela
última hora, e ele não tinha visto nenhum movimento. Ele não tinha
ouvido nenhum som quando ele deu uma volta por baixo do terceiro
andar das janelas, e perambulou lá dentro para ouvir pela porta. Mas
nunca poderia ter certeza.
Quando ela virou-se em direção contrário dos elevadores,
dirigindo-se para as escadas, ele também o fez. Ela não olhava para trás,
fazendo-o pensar que ela era ou extremamente confiante ou tinha muita
coisa em sua cabeça.
Ele diminuiu a distância entre eles, lançou um sorriso para ela. —
Quer uma ajuda com isso?
Os óculos escuros viraram-se, nivelou ao rosto dele. Os lábios dela
não se curvaram. — Não. Eu consigo.
— Ok, mas eu vou subir alguns andares. Visitando minha tia. Não
há vejo em — merda — dois anos. Acabei de chegar na cidade esta
manhã. Esqueci como pode ficar quente em D. C.
Os óculos viraram-se novamente. — Não é o calor, — ela disse, sua
voz seca como poeira, — é a umidade.
Ele riu disso, reconhecendo sarcasmo e irritação. — Sim, é o que
eles dizem. Eu estive em Wisconsin os últimos anos. Cresci aqui, no
entanto, eu esqueci... Aqui deixe-me ajudá-la.
Foi um movimento suave, fácil quando ela mudou a sacola para
alcançar a chave na fechadura da porta de seu apartamento. Igualmente
suave, ela bloqueou com seu ombro, empurrou a porta aberta. — Eu
consigo, — ela repetiu, e começou a chutar a porta para fechá-la na cara
dele.
Ele deslizou como uma cobra, pegou firmemente o braço dela. —
Srta. O´Leary... - Foi tudo o que saiu antes do cotovelo dela acertar seu
queixo. Ele praguejou, piscou para clarear a visão e conseguiu salvar-se de
um chute no saco. Mas foi perto o suficiente para fazê-lo mudar sua
abordagem.
Explicações poderiam perfeitamente esperar.
Ele agarrou-a, e ela virou-se em seus braços, pisando fortemente
em seu pé, forte o suficiente para fazê-lo sentir estrelas girando em sua
cabeça. E isso foi antes de ela esmurrá-lo no rosto.
A sacola de compras dela voou, e ela entregou cada ataque com
rápidas expulsões de ar. Inicialmente ele bloqueou seus ataques, o que
não era fácil. Ela era obviamente treinada para o combate — um pequeno
detalhe que Ralph tinha omitido.
Quando ela veio para luta, ele também foi.
— Isso não vai ser nada agradável. — Ele odiava pensar que teria
de acertá-la — talvez naquele sexy queixo pontudo. — Eu vou levá-la, e
preferiria fazê-lo sem ter de machucá-la.
A resposta dela foi um chute voador em seu torso que ele
preferiria ter admirado a distância. Mas ele estava muito ocupado caindo
em cima de uma mesa.
Merda, ela era boa.
Ele esperava que ela corresse para porta, e estava de pé
rapidamente para bloqueá-la.
Mas ela mal circulou ele, olhos escondidos atrás dos óculos
escuros, boca curvada em um trejeito.
— Vem, então, -ela o escarneceu. — Ninguém tenta assaltar-me
em meu próprio território e vai embora.
— Eu não sou um assaltante. — Ele chutou um trio de firmes,
pêssegos que tinham caído da sacola dela. — Eu sou um caçador de
recompensas, e você foi encontrada. — Ele levantou uma mão, em sinal
de paz, e, esperando que o olhar dela tivesse seguido esta direção,
moveu-se rápido, prendeu um pé na perna dela e mandou-a
desajeitadamente ao chão de bunda.
Ele prendeu-a, e talvez tivesse apreciado as longo e econômicas
linhas do corpo dela pressionado em baixo dele, mas o joelho dela teve
melhor pontaria do que o chute inicial. Os olhos dele rolaram, sua
respiração saiu em um assobio, enquanto a dor que apenas um homem
entendia radiava em ondas dolorosas. Mas ele segurou-se.
Ele tinha a vantagem agora, e sabia disso. Vertical, ela era rápida, e
o alcance dela era quase tão longo quanto ele e a probabilidade era mais
balanceada. Mas em uma disputa deitada, ele pesava mais do que ela.
Isso a enfurecia tanto a ponto de recorrer a táticas sujas. Ela fixou os
dentes no ombro dele como uma armadilha de urso, sentiu a adrenalina e
satisfação correr por ela quando ele uivou.
Eles rolaram, corpos entrelaçados, mãos agarrando-se, e bateram
na mesinha de centro.
Uma tigela azul cheia de bolinhas de chocolate caíram no chão.
Alguma coisa bateu em seu ombro machucado e fez com que ele
praguejasse novamente. Ela conseguiu mandar um soco para o lado da
cabeça dele, outro em seus rins.
Ela estava começando a pensar que poderia dominá-lo, depois de
tudo, quando ele a virou. Ela pousou com um baque, e antes que pudesse
recuperar o ar, ele tinha suas mãos presas em suas costas e estava
sentado em cima dela.
O fato da respiração dele estar saindo com dificuldade era muito
pouco satisfatório. E pela primeira vez, ela estava seriamente com medo.
— Não sei porque inferno você atirou no cara, quando você
poderia acabar com ele de pancada, -Jack murmurou. Ele alcançou seu
bolso traseiro procurando suas algemas, praguejou novamente quando
não encontrou. Elas caíram durante a luta. Ele apenas a segurou enquanto
ela contorcia-se, e recuperou o fôlego. Ele não tinha tido uma luta desta
magnitude com uma mulher desde que ele perseguiu Big Betsy. E ela
tinha vários quilos de músculos.
— Olhe, só vai ser pior para você dessa maneira. Por que você não
vem calmamente, antes que estraguemos mais alguma coisa do
apartamento do seu amigo?
— Você está me esmagando, seu imbecil, — ela disse por entre
os dentes. — E esse é o meu apartamento. Se você tentar me estuprar, e
eu vou torcer e arrancar seu “orgulho” e entregá-lo a você. Não vai haver
muito de você para os policiais rasparem de meus sapatos.
— Eu não forço mulheres, doçura. Apenas por que algum
contador não pode manter as mãos longe de você não significa que eu
não possa. E os policiais não estão interessados em mim. Eles querem
você.
Ela soltou o ar, tentou pegá-lo novamente, mas ele estava
amassando seus pulmões.
— Eu não sei de que merda você está falando.
Ele puxou os papéis do bolso, balançou-os na frente do rosto dela.
— M. J. O´Leary, assalto com intenções mortais, maliciosas ofensas, e blá
blá blá. Ralph está realmente desapontado com você, querida. Ele é um
homem crédulo e não esperava que uma boa garota como você tentasse
fugir desse jeito.
— Isso é uma besteira. — Ela podia ver seu nome e algum
endereço na cidade no que parecia ser algum mandado de prisão. —
Você pegou a pessoa errada. Eu não pedi empréstimo para nada. Eu não
fui presa, e eu moro aqui. Policiais idiotas, — ela murmurou, e tentou
tirá-lo de cima dela novamente. — Chame seu sargento, ou qualquer
coisa. Ajeite isso. E quando você o fizer, estarei o processando.
— Boa tentativa. E eu acredito que você nunca ouviu falar em
George MacDonald.
— Não, eu nunca ouvi.
— Então é muito rude da sua parte ter atirado nele. — Ele
levantou-se um pouco, apenas o suficiente para virar o rosto dela para
cima, então pegou as mãos dela pelo pulso. Ela tinha perdido os óculos,
ele notou, e os olhos dela não eram nem musgo nem esmeralda, ele
decidiu — eles eram escuros como um verde rio. E, agora, cheios de fúria.
— Olhe, se você quer ter um quente romance com seu contador, irmã,
não é da minha conta. Você quer atirar nele, eu particularmente não ligo.
Mas se você foge do pagamento da fiança, e isso me deixa Puto da vida.
Ela podia respirar um pouco melhor agora, mas suas mãos
pareciam presas por aço nos pulsos. — O nome do minha contadora é
Holly Bergman, e nós não tivemos um quente romance. Eu não atirei em
ninguém, e eu não fugi do pagamento da fiança porque eu não pedi uma
fiança. Eu quero ver seu registro, imbecil.
Ele pensou que precisava ser muito cara de pau para fazer
exigências na sua posição. — Meu nome é Jack Dakota. Eu sou um
caçador de recompensas.
Os olhos dele estreitaram-se enquanto analisavam seu rosto. Ela
pensou que ele parecia com alguma coisa tirada do velho Oeste. Olhos
frios de um fora da lei, um pouco como um jogador. Ou...
— Um caçador de recompensas. Bem, não tem nenhuma
recompensa aqui, imbecil. — Não era um estupro, e não era um assalto. O
medo que tinha gelado seu coração transformou-se em raiva. — Seu filho
da puta. Você entra aqui, quebra minhas coisas, arruína uns vinte dólares
de produtos, e tudo porque você não consegue seguir a pista certa? Seu
traseiro está na reta, eu juro. Quando eu terminar, você não vai ser capaz
de escrever seu próprio nome com a mão. Você não... — Ela parou
quando ele esfregou uma foto em seu rosto. Era o seu rosto, e a foto
deveria ter sido tirada no dia anterior.
— Tem uma gêmea, O´Leary? Uma que dirija um MG 68, placa
SLAINTE, e que atualmente agita por aí com um cara chamado Bailey
James.
— Bailey é uma mulher, — ela murmurou, encarando o próprio
rosto enquanto a preocupação enchia sua cabeça. Isso era sobre Bailey,
sobre o que Bailey tinha enviado para ela? Em que tipo de encrenca sua
amiga poderia estar metida? — E este não é o apartamento dela, é o meu.
Eu não tenho uma gêmea. — Ela olhou para os olhos dele. — O que está
acontecendo? A Bailey está bem? Onde está Bailey?
Em baixo de suas mãos, o pulso dela tinha disparado. Ela estava
lutando de novo, com uma fresca e furiosa energia que ele sabia ter sido
trazida pelo medo. E ele tinha certeza que não era medo por si mesma.
— Eu não sei nada sobre essa Bailey exceto que o endereço está
no nome dela na papelada que eu tenho.
Mas ele estava começando a sentir o cheiro de algo mais, e não
estava gostando disso. . Ele não estava mais pensando em M. J. O´Leary
como uma tola como um poste. Uma mulher com um cérebro não
passaria por tantas avenidas para ser perseguida se estivesse em fuga.
Ralph, ele pensou, franzindo a testa para M. J. Por que você estava tão
sobressaltado esta manhã?
— Se você estiver sendo honesta comigo, podemos confirmar isso
bem rápido. Talvez tenha sido uma grande confusão. — Mas ele não
acreditava. Não inteiramente. E havia um comichão na base de sua
espinha. — Escute, — ele começou, exatamente no momento em que a
porta abriu e um gigante entrou.
— Você deveria trazê-la para fora, — o gigante falou, e mostrou
uma impressionante Magnum. 357. — Você está conversando demais. Ele
está esperando.
Jack não tinha muito tempo para decidir como jogar. O homem
grande era uma estranho para ele, mas ele reconhecia o tipo. Parecia
todo músculo e sem cérebro, com a cabeça enorme em forma de bala,
olhos pequenos e ombros enormes. A arma era tão grande quanto um
canhão e parecia um brinquedo na mão enorme.
— Desculpe. — Ele deu um apertão no pulso de M. J. , esperando
que ela entendesse como um sinal de segurança e permanecesse parada
e quieta. — Eu tive um pouco de problema aqui.
— Apenas uma mulher. Você deveria apenas trazer a mulher para
o lado de fora.
— Sim, eu estava tentando fazer isso. — Jack tentou oferecer um
sorriso amigo. — Ralph mandou você para me ajudar?
— Vamos. Levante-se. Estamos indo.
— Claro. Sem problemas. Você não vai precisar da arma agora. Eu
a tenho sob controle. — Mas a arma continuou apontada, carregada e
selvagem como Montana, para sua cabeça.
— Apenas ela. — E o gigante sorriu, os lábios moles sobre
enormes dentes. — Nós não precisamos de você.
— Tudo bem. Acredito que você queira toda a papelada. — Por
falta de algo melhor, Jack pegou uma lata de molho de tomate no meio do
caminho e jogou-a. Fez um satisfatório som de esmagamento no nariz do
grandão. Jogando-se, Jack correu para cima como um animal indo para
guerra. Sentiu-se como se tivesse batido a cabeça em um muro de tijolos,
mas a força fez com que os dois caíssem em cima de uma cadeira de
couro.
A arma disparou, fazendo um buraco no teto do tamanho de um
punho antes que caísse no chão da sala.
Ela pensou em correr. Ela poderia estar do lado de fora antes que
qualquer um dos dois notasse. Mas ela pensou em Bailey, sobre o que ela
esteve carregando em sua sacola. Na bagunça que de alguma maneira ela
tinha entrado. E ela estava com muita raiva para fugir.
Ele foi até a arma e acabou caindo de costas quando Jack voou em
cima dela. Ela tinha amortecido a queda dele, e ele logo estava em pé,
pulando no ar e pousando um duplo chute no torso do grandão.
Boa forma, M. J. pensou, e lutou para ficar de pé. Ela pegou sua
sacola, girou-a sobre a cabeça e acertou fortemente a cabeça do gigante.
Ele caiu pesadamente no sofá, fazendo barulho.
— Você está acabando com meu apartamento! — ela gritou, e
deu um pancada em Jack, simplesmente porque pode alcançá-lo.
— Me perecesse.
Ele sentiu o soco de um punho do tamanho de um navio e caiu.
Dor cantou por todos os seus ossos quando seu oponente jogou-o em
uma parede. Quadros caíram, vidros quebravam no chão. Através de sua
visão destorcida ele viu a mulher explodir, uma cabeça ruiva como uma
bola de fogo que voou para cima e grudou como uma praga de vespas nas
costas do enorme homem. Ela usava os punhos, socando os lados da
cabeça dele, enquanto ele girava loucamente e lutava para agarrá-la.
— Segure ele parado! — Jack gritou. — Merda, apenas segure-o
por um minuto!
Vendo uma abertura, ele agarrou o que sobrou da perna de uma
mesa e foi para cima. Ele checou seu primeira tentativa como em um
dueto com um louco de duas cabeças. Se ele seguisse em frente, ele
poderia arrebentar a cabeça de M. J. , abrindo-o como um melão.
— Eu disse para segura-lo parado!
— Você quer que eu pinte um alvo na cara dele enquanto estou
aqui em cima? — Com um som gutural, ela colocou os braços ao redor da
garganta do homem, apertou as coxas como um arame ao redor do torso
do homem e gritou, — Acerte ele, pelo amor de Deus. Pare de dançar ao
redor e acerte ele!
Jack fez posição, como um batedor com duas jogadas em seus
recordes e acertou-o. A perna da mesa quebrou, sangue jorrou como
água na fonte. M. J. teve tempo apenas de pular para o lado quando o
homem caiu como uma árvore.
Ela ficou de quatro por um minuto, recuperando o ar.
— O que está acontecendo? Que merda está acontecendo?
— Não temos tempo para nos preocupar com isso. — Auto
preservação na mente, Jack agarrou a mão dela, colocou-a de pé. — Isso
normalmente não viaja sozinho. Vamos embora.
— Embora? — Ela conseguiu pegar a alça da bolsa enquanto ele a
empurrava pela porta. — Para onde?
— Para longe. Ele vai ficar muito cruel quando acordar, e se ele
tiver algum amigo, nós não teremos tanta sorte da próxima vez.
— Sorte, o caramba. — Mas ela estava correndo com ele, levada
pelo puro instinto que combinava com o de Jack. — Seu filho da puta.
Você invade minha casa, fica me empurrando por aí, destruiu minha casa,
quase me fez levar um tiro.
— Eu salvei o seu traseiro.
— Eu salvei o seu! — Ela gritou para ele, praguejando
violentamente enquanto desciam as escadas. — E quando eu tiver um
minuto para recuperar o fôlego, vou quebrar você, pedaço por pedaço.
Eles corriam e quase passaram por cima de uma das vizinhas. A
mulher, com cabelo de capacete e pantufas de coelhinhos, assustou-se,
encostou-se na parede, mãos pressionadas em suas bochechas pintadas.
— M. J. , o que no mundo... ? Aquilo foi tiros?
— Sra. Weathers...
— Não temos tempo. — Jack quase empurrou-a da frente
enquanto seguia para o próximo andar.
— Não grite comigo, seu imbecil. Vou fazê-lo pagar por cada uva
esmagada, cada lâmpada, cada...
— Tá, tá , eu entendi. Onde é a porta dos fundos? — Quando M. J.
apontou o final do corredor, ele acenou e ambos saíram, então na esquina
do prédio. Escondidos atrás de algumas plantas, Jack olhou ao seu redor
da rua. Havia uma van sem janelas a meio quarteirão abaixo, e um
pequeno homem com cara de galinha, em um terno mal feito, dançando
ao lado. — Permaneça abaixada, — Jack ordenou, grato por ter
estacionado bem em frente enquanto eles corriam pela calçada , quase
jogou M. J. no banco do passageiro de seu carro.
— Meu Deus, o que diabos é isso? — Ela afastou a lata que tinha
sentado em cima, chutou os papéis amontoados no chão, então juntou-se
a eles quando Jack colocou uma mão atrás de sua cabeça e empurrou-a.
— Abaixe-se! — ele repetiu em um rosnado, e ligou o motor. O
baixo silvo informou-o que o homem com cara de galinha estava usando
uma automática com silenciador.
O carro de Jack arrancou com guinada , e virou a esquina e desceu
a rua como um foguete. Sacudida como ovos em uma embalagem
quebrada, M. J. arrancou sua cabeça do lixo, praguejou, e lutou para
manter o equilíbrio enquanto Jack manejava o grande barco que ele
chamava de carro pelas ruas.
— O que diabos você está fazendo?
— Salvando seu traseiro de novo, doçura. — Seus olhos
apertaram-se quando ele fez uma curva difícil, cantando os pneus.
Algumas crianças que andavam de bicicletas na calçada levantaram os
punhos e saudaram o motorista. Em uma reação instintiva, Jack soltou um
sorriso.
— Diminua a velocidade dessa lata velha. — M. J. teve que
engatinhar de volta para o banco e segurou-se na porta para manter o
equilíbrio. — E me deixe sair antes que você atropele alguma criança
andando com seu cachorro.
— Eu não vou atropelar ninguém, e você vai ficar aqui. — Ele
olhou-a de relance. — E caso de você não ter notado, o cara da van estava
atirando na gente. E assim que eu tiver certeza que despistamos ele e
achar um lugar calmo para parar, você vai me contar o que diabos está
acontecendo.
— Eu não sei que diabos está acontecendo.
Ele olhou para ela. — Isso é mentira.
E porque ele tinha certeza disso, ele fez uma tentativa. Ele
diminuiu a velocidade, alcançou em baixo de seu assento e voltou com
um par de algemas. Antes que ela pudesse piscar, ele a prendeu na porta
pelo pulso. De jeito nenhum ela iria fugir até que ele soubesse porque
tinha sido sacudido por um gorila de uns cento e tantos quilos.
Para bloquear a gritaria dela, e as suas crescentes e imaginativas
ameaças e maldições, Jack ligou o som alto e ignorou-a.
Capítulo 2
Na primeira oportunidade, ela iria matá-lo.
Brutalmente, M. J. decidiu. Sem piedade. Duas horas antes disso,
ela estava feliz, livre, andando pelo mercadinho como qualquer pessoa
normal em um Sábado, escolhendo tomates. Verdade, ela estava muito
curiosa sobre o que carregava no fundo da bolsa, mas ela tinha certeza
que Bailey tinha boas razões — e explicações lógicas — para ter mandado
isso para ela.
Bailey James sempre tinha boas razões e explicações lógicas para
tudo.
Era apenas um dos aspectos sobre ela que M. J. amava.
Mas agora estava preocupada — preocupada que o pacote que
Bailey tinha mandado para ela por um mensageiro no dia anterior e que
estava no fundo de sua bolsa, mas também no fundo da sua situação
atual.
Ela preferia culpar Jack Dakota.
Ele adentrou-se no seu apartamento e atacou-a. Ok, então talvez
ela tivesse atacado-o primeiro, mas era uma reação natural quando algum
idiota tentava usar a força com você. Pelo menos era a reação natural de
M. J. Ela era conhecida na escola por usar os punhos antes, fazer
perguntas depois.
Era humilhante que ele tivesse conseguido derrubá-la. Ela tinha
muitos dans no seu quinto grau da faixa preta, e ela não gostava de
perder uma disputa.
Mas ela o faria pagar por isso mais tarde.
Tudo o que ela sabia com certeza era que ele parecia ter culpa
nisso tudo. Por causa dele, seu apartamento estava arrasado, suas coisas
espalhadas por todo canto. Agora eles tinham saído, deixado a porta da
frente aberta, a fechadura quebrada. Ela não mantinha ligações com
coisas materiais, mas esse não era o ponto. Eram as suas coisas, e graças a
ele, ela teria que perder tempo fazendo compras para substituí-las. O que
era tão ruim quanto ter um cara armado, do tamanho do Texas, entrando
por sua porta, ter que fugir de sua vida e de sua casa, e terem atirado
nela.
Mas tudo aquilo, tudo isso, empalideciam perto de um fato
enfurecedor — ela estava presa a porta de um carro velho.
Jack Dakota tinha que morrer por isso.
Quem diabos ele era? Ela se perguntava. Caçador de recompensas,
excelente lutador, estúpido — ela acrescentou enquanto empurrava
papéis de doces e copos descartáveis com o pé — e motorista relaxado.
Em outras circunstâncias, ela teria ficado impressionada com a maneira
que ele lidava com o carro, oscilando nas curvas, cantando os pneus pelos
quarteirões, arrancando no sinal amarelo e cortando o trânsito da
Washington Beltway como um líder no evento do Grand Prix.
Se ele tivesse entrado no seu bar, ela o teria olhado duas vezes,
admitiu rancorosa.
Administrar um bar em uma cidade grande significava mais do que
preparar drinks e trabalhar na contabilidade. Significava ser capaz
entreter pessoas rapidamente, tratar de bagunceiros aos de corações
solitários. E saber como lidar com ambos.
Ela o teria classificado como um freguês durão. Estava em seu
rosto. Um belo rosto, inteiro, difícil e bonito. Sim, ela teria olhado duas
vezes, M. J. pensou, dentes rangendo, enquanto olhava pela janela do
veloz carro.
Garotos bonitinhos não a interessavam muito. Ela preferia um
homem que parecesse tão durão quanto vivia, cruzasse algumas regras e
que iria quebrar algumas mais.
Jack Dakota encaixava-se no perfil. Ela tinha dado uma boa olhada
dentro daqueles olhos — cinzas como granito — e sabia que ele não era
do tipo que deixava algumas regras atravessar seu caminho.
O que um homem como ele faria se soubesse que ela estava
carregando um pedra enorme no fundo de sua bolsa de couro?
Merda, Bailey. Merda. M. J. fechou a mão livre e bateu no joelho
impotente. Porque você me mandou o diamante, e onde estão as outros
dois?
Amaldiçoou-se, também, por não ter ido diretamente a porta de
Bailey depois de ter fechado o M. J´s na noite anterior. Mas ela estava
cansada, e ela tinha imaginado que Bailey estaria dormindo. E enquanto
sua amiga era a mais centrada, mais prática pessoa que M. J. conhecia, ela
simplesmente tinha decidido esperar pelo que, ela tinha certeza, seria
uma prática e sensível razão.
Idiota, ela chamou-se agora. Por que ela tinha assumido que Bailey
tinha mandado a pedra para ela simplesmente porque sabia que M. J.
estaria em casa no meio do dia e por perto para receber o pacote? Por
que ela tinha assumido que a pedra era falsa, uma cópia, apesar do
bilhete que acompanhara que pedia para M. J. manter aquilo com ela o
tempo todo?
Porque Bailey apenas não era o tipo de mulher que mandava um
diamante azul avaliado em mais de um milhão de dólares sem garantias e
explicações. Ela era uma especialista em pedras preciosas, dedicada,
brilhante, e com paciência de Jó. De que outra maneira continuaria
trabalhando com os nojentos que se denominavam sua família ?
A boca de M. J. apertou-se quando ela pensou nos meio-imãos de
Bailey. Os gêmeos Salvini que sempre tinham tratado Bailey como se ela
fosse uma inconveniência, algo que eles tinham de agüentar porque o pai
deles tinha deixado uma porcentagem dos negócios para ela em seu
testamento. E, cega pela lealdade familiar, Bailey sempre encontrava
desculpas para eles.
Agora M. J. preocupava-se se eles eram parte do motivo . Eles
tinham tentado armar alguma coisa? Ela não colocaria isso longe deles,
não de verdade. Mas era difícil acreditar que Timothy e Thomas Salvini
poderiam ser estúpidos o suficiente para tentar algo extravagante com as
Três Estrelas de Mithra.
Era isso do que Bailey as tinha chamado, e ela tinha um olhar
sonhador. Três diamantes azuis sem preço, em um triângulo dourado que
tinha sido segura nas mãos abertas da estátua do Deus Mithra, e agora
propriedade do Smithsonian. Salvini, com a reputação de Bailey por trás,
tinha que assessorar, verificar e avaliar as pedras.
O que os nojentos tinham na cabeça para roubá-las?
Não, era muito loucura, M. J. decidiu. Melhor acreditar que toda
essa bagunça era algum tipo de confusão, um erro de cálculo e toda
aquela bagunça.
Muito melhor concentrar-se em como ela iria fazer Jack Dakota
pagar por ter arruinado sua tarde de folga.
— Você é um homem morto. — Ela falou calmamente, liberando
as palavras.
— Sim, bem, todo mundo morre mais cedo ou mais tarde. — Eles
estavam indo para o Sul pela 95, e ele estava agradecido por ela ter
parado de xingá-lo tempo o suficiente para deixá-lo pensar.
— Vai ser mais cedo no seu caso, Jack. Muito mais cedo. — O
trânsito estava pesado, graças ao feriado de Quatro de Julho, mas estava
rápido.
Como seria humilhante, ela ponderou, colocar a cabeça para fora
da janela e gritar por ajuda? Mortificante, ela supôs, mas ela talvez tivesse
tentado se ela acreditasse que daria certo. Melhor se eles tivessem
entrado em uma dessas incontáveis engarrafamentos que paravam os
carros por quilômetros.
Onde diabos estavam a patrulha rodoviária quando se precisavam
deles?
Não vendo nada além de quilômetros de estrada, ela disse para si
mesma para lidar com Jack “O idiota” Dakota ela mesma. — Se você quer
viver para ver outro nascer do Sol, pare essa desculpa de carro, tire essa
algema e deixe-me ir.
— Para onde? — Ele tirou os olhos da estrada tempo suficiente
para olhar para ela. — De volta para seu apartamento?
— Isso é meu problema, não seu.
— Não mais, irmã. Eu levo para o lado pessoal, muito pessoal,
quando alguém atira em mim. Desde que você parece ser a razão para
isso, vou mantê-la por um tempo.
Se ela não estivesse presa, ela teria socado-o. Em vez disso, ela
balançou sua corrente. — Tire essa merda de mim.
— Não.
Um músculo endureceu sua mandíbula. — Você pare agora,
Dakota. Estamos em Virginia. Rapto, cruzando os limites do estado. Isso é
federal.
— Você veio comigo, — ele apontou. — Agora vai ficar comigo até
que eu descubra tudo. — As portas balançaram agourentamente quando
ele passou raspando por outro carro. — E você deveria estar agradecida.
— Oh, eu deveria estar agradecida. Você invadiu meu
apartamento, lutou comigo, quebrou minhas coisas e me prendeu na
porta do carro.
— Isso mesmo. Se eu não tivesse feito isso, provavelmente você
estaria caída naquele apartamento com uma bala em sua cabeça.
— Eles vieram atrás de você, imbecil, não de mim.
— Eu não acho. Minhas dívidas estão pagas, não estou rodando
por aí com a mulher de ninguém, e não irritei ninguém ultimamente.
Exceto você. Ninguém tem uma boa razão para mandar um musculoso
atrás de mim. Você, por outro lado... — Ele olhou-a novamente — Alguém
te quer, doçura.
— Milhares querem, — ela disse, estirando as longas pernas
enquanto se virava para ele.
— Aposto que sim. — Ele não cedeu ao impulso de olhar para as
pernas dela — apenas pensou nelas. — Mas ao contrário dos idiotas sem
cérebro que você chutou o coração, você tem alguém realmente
interessado. Interessado o suficiente para armar em cima de mim, e me
tirar do caminho junto com você. Ralph, seu bastardo.
Ele jogou para o lado uma cópia do The Grapes of Wrath e
arrancou uma camiseta e pegou o telefone do carro. Com uma mão, ele
apertou os números então prendeu o receptor em baixo do queixo.
— Ralph, seu bastardo, — ele repetiu quando atenderam ao
telefone.
— D-D-Dakota? É você? Você ra-ra-rastreou aquela fugitiva?
— Quando eu me livrar disso, vou atrás de você.
— D-D-Do que você está falando? Você achou-a? Olhe, é uma
pista certa, Jack. Eu te d-d-dei uma fácil. Apenas al-al-algumas horas de
trabalho para a gratificação total.
— Você está gaguejando mais do que o normal, Ralph. Não vai ser
mais um problema depois que eu empurrar seus dentes pela garganta.
Quem quer a mulher?
— Olhe, eu te-te-tenho problemas aqui. Eu tenho que fechar mais
cedo. É o fim de semana do feriado. Eu tenho problemas pe-pe-pessoais.
— Não tem lugar para você se esconder. Por que o telefonema
com a papelada? Por que você armou para mim?
— Eu tenho p-p-p-problemas. Grandes p-p-p-problemas.
— Eu sou seu grande problema agora. — Ele pisou nos freios,
contornou um conversível e pisou fundo. — Se quem quer que esteja
apertando seus botões estiver tentando rastrear isso, eu estou no meu
carro, apenas rodando por aí. — Ele pensou por um momento, então
acrescentou, — Estou com a mulher.
— Jack, me escute. E-E-Escute. Diga-me onde você está, largue-a e
d-d-dirija embora. A-A-Apenas dirija. Fique fora disso. Eu não colocaria
você nesse trabalho, só o fiz porque sabia que você saberia cuidar de si
mesmo. Agora estou dizendo, largue-a em algum lugar, dê-me a lo-lo-
localização e vá embora. Para longe. Você não quer isso.
— Quem a quer, Ralph?
— Você não p-p-precisa saber. Você não quer s-s-saber. Apenas f-
f-faça isso. Vou te dar cinco grandes. Um b-b-ônus.
— Cinco grandes? — Jack alteou a sobrancelha. Quando Ralph
partia para um dinheiro extra, era coisa grande. — Faça a dez e diga-me
quem a quer, e faremos um acordo.
Agradou-o que M. J. protestasse isso com uma torrente de pragas
e maldições. Aumentava substância ao blefe.
— D-D-Dez! Ralph gritou, murmurou por alguns segundos. — Ok,
ok, dez mil, mas sem nomes, e a-a-acredite-me, Jack, eu estou salvando
sua vida aqui. Apenas d-d-diga-me onde você vai largá-la.
Sorrindo mordazmente, Jack fez uma anatomicamente impossível
sugestão, então desligou.
— Bem, doçura, seu esconderijo agora vale dez mil para mim. Nós
vamos achar um lugar tranqüilo e agradável e então você vai me dizer por
que eu não deveria aceitá-lo.
Ele pegou uma saída, fez uma pequena curva e dirigiu para o
Norte.
A boca dela estava seca. Ela queria acreditar que era de gritar, mas
havia medo subindo por sua garganta. — Para onde nós vamos?
— Estou apenas cobrindo meu rastro. Eles não pegariam muito
rastro de um celular, mas não custa nada ser cauteloso.
— Você vai me levar de volta?
Ele não olhou para ela, e não sorriu. Apesar de lhe agradar a
ansiedade na voz dela. Se ela estava suficientemente assustada, ela
falaria. — Dez mil é um belo incentivo, querida. Vamos ver se você me
convence que você vale mais viva.
Ele sabia exatamente o que estava procurando. Ele pegou uma
estrada secundária, escapando do transito do feriado. Ele tinha esquecido
que era Quatro de Julho.
O que era bom, ele pensou, pois parecia que não haveria muitas
oportunidades para ter aquela cerveja gelada e assistir aos fogos. A não
ser que eles viessem da mulher ao seu lado.
Ela era um fogo de artifício, tudo bem. Ela tinha que estar com
medo agora, mas estava se segurando. Ele estava agradecido por isso.
Não havia nada mais irritante do que uma chorona. Mas assustada ou
não, ele tinha certeza de que ela iria tentar arrancar um pedaço dele
quando tivesse oportunidade.
Ele não pretendia dar uma chance. Com alguma sorte, uma vez
que eles parassem, ele iria ter a história completa dela em algumas horas.
Então talvez ele a ajudasse sair da confusão. Por uma gratificação,
claro. Poderia ser uma pequena porque a essa altura ele estava nervoso e
descobriu que tinha um interesse pessoal em lidar com quem quer que
tivesse montado isso com ele para cima dela.
Quem quer que fosse, teria um grande problema. Mas não tinham
escolhido bem seus capangas. Ele conhecia os companheiros de profissão
muito bem. Uma vez que tivesse capturado sua caça e a mantivesse em
segurança dentro de seu carro, o homem da van teria percorrido toda a
rodovia. Ele tinha imaginado que era uma ação da competição com outro
caçador de recompensas, e apesar de não dessentirem de uma
gratificação sem luta, geralmente a ação seria sem público e sem armas.
Perseguidores não iam chorando até a polícia quando um
competidor roubava sua recompensa.
Seus concorrentes talvez tivessem deixado alguns escoriações,
talvez uma pequena concussão. Mas o modo que aquela montanha de
homem tinha apontado seu canhão no apartamento de M. J. , fazia Jack
pensar que era mais provável que ele tivesse um novo furo em alguma
parte vital de seu corpo. Porque a montanha era um idiota.
Então nesse momento ele estava fugindo com uma mulher furiosa,
um pouco mais de trezentos dólares em dinheiro e um quarto do tanque
de gasolina. Ele pretendia saber o porquê.
Ele continuou na direção que estava , para o norte de Leesburg,
Virgínia. Os turistas e os viajantes do feriado, a não ser que não tivessem
sorte, achariam o dilapidado local como o Kountry Klub Motel uma
acomodação muito afastada. Mas o baixo e descuidado prédio com a
pintura descascando das portas verdes e o lastimável estacionamento
atendia aos propósitos de Jack.
Ele parou na vaga mais distante, longe do carros da recepção, e
desligou o motor.
— É aqui que você traz suas namoradas, Dakota?
Ele sorriu para ela, um rápido brilho dos dentes foi
inesperadamente charmoso. — Apenas a primeira classe para você,
doçura. — Ele sabia o que ela estava pensando. No minuto em que ele a
libertasse, estaria em cima dele como grude. E se ela conseguisse sair do
carro, ela iria para a recepção tão rápido quanto aquelas quilométricas —
longas pernas a levassem. — Eu não espero que você acredite em mim. —
ele disse cautelosamente enquanto inclinava-se para soltá-la da porta. —
Mas eu não vou gostar de fazer isso.
Ela estava tensa. Ele podia sentir o corpo tenso para atacar. Ele
tinha que ser rápido, e tinha que ser rude. Ela não fez mais do que soltar o
ar antes que ele tivesse preso as duas mãos dela atrás do corpo. Ela pegou
ar no momento que ele tapou sua boca com a mão. Ela se contorceu e
rolou, tentou levantar as pernas para chutar, mas ele a virou no assento, o
rosto para baixo. Ele estava sem fôlego quando amarrou uma bandana
sobre a boca dela.
— Eu menti. — Arquejando, ele esfregou o novo machucado onde
o cotovelo dela tinha acertado suas costelas. — Talvez eu goste de fazer
isso um pouquinho.
Ele usou uma camiseta amassada para amarrar as pernas dela,
tentou não apreciar muito o tamanho e as formas delas. Mas, merda, ele
era humano. Uma vez que a teve amarrada como um peru, ele prendeu as
algemas ao redor do câmbio, então fechou as janelas.
— Quente como o inferno, não é? — ele disse conversando. —
Bem, não vou demorar. — Ele trancou o carro e saiu andando assobiando.
Levou um momento para ela recuperar o equilíbrio. Ela estava
assustada, ela percebeu. Realmente, até os ossos assustada, e não podia
lembrar se algum dia ela se sentiu este tipo de pânico antes. Ela estava
tremendo, e tinha que parar. Não iria ajudá-la a arrumar isso.
Uma vez, quando ela tinha acabado de abrir o pub, ela estava
fechando-o tarde da noite. Ela estava sozinha quando um homem veio e
mandou entregar o dinheiro. Ela tinha ficado assustada, também,
mortificada com o olhar louco do homem que gritava de drogas. Então ela
abriu mão da caixa registradora, como os policiais tinham recomendado.
Depois ela entregou o resto do Louisville Slugger que tinha atrás do bar.
Ela tinha estado assustada, mas ela lidou com ele. Ela iria lidar com esse,
também.
A mordaça tinha gosto de homem e isso a enfurecia. Ela não podia
empurrar ou sacudir ou retira-la, então ela desistiu e concentrou-se em
soltar a algema. Se ela conseguisse soltar as mãos do câmbio, ela poderia
se ajeitar, passar as pernas pelos braços e ter alguma mobilidade. Ela era
ágil, ela disse a si mesma. Ela era forte e esperta. Oh, Deus, ela estava
com medo. Ela murmurou e choramingou de frustração. As algemas
poderiam muito bem estar grudadas no câmbio.
Se ela pudesse apenas ver, dobrou-se toda para poder ver o que
ela estava fazendo. Ela estava lutando, quase deslocando o ombro, até
que conseguiu se virar. Suor parecia brotar dela, entrando em seus olhos
enquanto ela lutava com o metal. Ela parou, fechou os olhos e recuperou
o fôlego. Ela usou seus dedos trêmulos para investigar, para percorrer
todo o metal, desligando calmamente pelo câmbio. Mantendo-os
fechados, ela visualizou o que estava fazendo, cuidadosamente, devagar,
mudando a posição das mãos até sentir o metal começar a deslizar. Seus
ombros gritavam enquanto ela forçava-os em uma posição não natural,
mas ela mordeu a mordaça e virou-se.
Ela sentiu alguma coisa ceder, esperava que não fosse uma junta,
então caiu em exaustão, suor caia enquanto as algemas deslizaram.
— Merda, você é boa, — Jack comentou enquanto abria a porta.
Ele a agarrou e jogou-a sobre o ombro. — Outros cinco minutos, você
poderia ter conseguido tirar isso. — Ele a carregou para um quarto no
final do bloco de concreto. Ele já tinha destrancado a porta, e parou por
um minuto para observar, e admirar, a luta dela antes que ele voltasse
para o carro.
Agora a jogou na cama. Porque a adrenalina dela estava de volta e
ela estava lutando com ele, ele simplesmente deitou-se em suas costas,
deixando-a contorcer-se até que se esgotasse.
E ele gostou disso também. Ele não estava orgulhoso, pensou, mas
gostava. A mulher tinha uma energia inacreditável e uma grande força. Se
eles se encontrassem em outras circunstâncias, ele imaginava que
poderiam bagunçar os lençóis baratos do motel como maníacos e
partirem como amigos. E sendo assim, ele ia ter muito trabalho em não
imaginá-la nua.
Talvez ele deitasse em cima dela, cheirando-a, um pouco mais do
que o necessário. Ele não era um santo, era? Ele se perguntou sorrindo
enquanto soltava uma das mãos dela e prendia a algema na cabeceira de
ferro.
Ele levantou-se, correu uma mão pelos cabelos. — Você está
tornando isso mais difícil do que o necessário para nós dois, — disse,
enquanto ela o matava com um escaldante olhar de seus quentes olhos
verdes. Ele estava sem ar e sabia que não podia culpar pelo menos não
inteiramente, aquela escaramuçada. Aquele bumbunzinho dela apertado
contra sua virilha tinha deixado-o desconfortavelmente excitado.
E ele não queria estar.
Virando-se ele ligou a TV, deixou o som alto. M. J. já tinha tirado a
mordaça com sua mão livre e estava chiando como uma cobra.
— Você pode gritar o quanto quiser agora, — ele disse a ela
enquanto tirava do bolso uma pequena faca e cortava o fio do telefone.
— Os três quartos ao lado estão vazios, então ninguém vai te escutar. —
Então ele sorriu. — Além disso, eu coloquei lá na recepção que estamos
em lua-de-mel, então mesmo que escutem, eles não vão nos perturbar.
Volto em um minuto. — Ele saiu, batendo a porta atrás dele.
M. J. fechou os olhos novamente. Deus amado, o que estava
acontecendo com ela? Por um momento, por um insano momento,
quando ele a pressionou no colchão com seu corpo, ela sentiu-se fraca e
quente. Desejosa.
Era doentio, doentio, doentio.
Mas apenas por aquele insano momento, ela tinha imaginado ser
despida e possuída, ser devastada, ter a boca dele na sua. Suas mãos nela.
Mais, ela queria aquilo.
Ela estremeceu agora, rezando para ter sido algum tipo de
esquisita reação ao choque. Ela não era uma mulher que recuava de um
bom, saudável, sexo quente. Mas não se entregava para estranhos, para
homens que a nocauteavam, amarravam-na e jogavam-na na cama em
um motel barato.
E ele tinha ficado excitado. Não tinha ficado tão estúpida, ou tão
confusa com o choque, para não reparar na reação dele. Inferno, o
homem tinha estado enroscado nela, não tinha? Mas ele recuou.
Ela lutou para uniformizar a respiração. Ele não ia estuprá-la. Ele
não queria sexo . Ele queria... só Deus sabia.
Não sinta, ela ordenou para si mesma. Apenas pense. Apenas
limpe sua mente e pense.
Devagar, ela abriu os olhos, deu uma olhada no quarto. Era, em
uma palavra, medonho. Obviamente, alguma alma mal orientada tinha
pensado que, usando laranja e azul que doíam os olhos, iriam transformar
a mobília barata, e o quarto entulhado em exótico.
Ele não poderia estar mais enganado.
As cortinas eram tão finas quanto papel, e pareciam ter a mesma
consistência. Mas ele as tinha puxado mantendo-as na frente da estreita
janela, então o quarto estava na penumbra. Na televisão passava um
pobre e duvidoso filme de um Hercules raquítico em um pedestal cinza. O
único armário estava circulado com marcas dágua. Havia uma caixa de
metal ao lado da cama. Por alguns centavos, ela poderia divertir-se com
dedos dançantes. Maravilha.
O cinzeiro amarelo na mesinha de cabeceira estava lascado, e não
parecia ser pesado o suficiente para ser uma arma. Mesmo por cima do
barulho de Hercules, ela podia ouvir o barulho do ar condicionado que
não estava fazendo nada para refrescar o quarto. A pintura perto da
estreita porta que ela assumia ser o banheiro era uma reprodução de uma
paisagem no outono, completada com um celeiro em vermelho gritante e
algumas vacas estúpidas . Esticando-se, ela testou o abajur ao lado. Era de
um vidro azul brilhante, com um puxador de formato amarelado, mas
tinha alguma serventia. Talvez viesse a ser conveniente.
Ela escutou o barulho da chave e sentou-se novamente, encarando
a porta.
Ele entrou com uma pequena geladeirinha vermelha e branca e
deixou-a na mesa. O coração dela parou quando ela viu sua bolsa
pendurada no ombro dele, mas ele a jogou no chão ao lado da cama tão
casualmente que ela relaxou. O diamante ainda estava seguro, ela
pensou. E como também estava o spray lacrimejante, o abridor de latas e
o rolinho de moedas que ela habitualmente carregava como armas.
— Não há nada que goste mais do que um filme ruim, — ele
comentou, e parou para assistir Hercules lutar com vários guerreiros
vestidos com peles e de dentes ruins. — Eu sempre ponderei de onde eles
arrancham os diálogos. Sabe, foi realmente ruim assim quando foi escrito
em Lituano ou qualquer coisa, ou apenas perderam-se na tradução?
Com um dar de ombros, ele afastou-se, levantou a tampa da
geladeirinha e pegou dois refrigerantes. — Imaginei que você estivesse
com sede. — Ele foi até ela, ofereceu a lata. — E você não parece ser do
tipo esnobe. — Ele provou que estava certo quando ela agarrou a lata e
bebeu longamente. — Esse lugar não tem serviço de quarto, — ele
continuou. — Mas tem um restaurante continuando a estrada, então não
passaremos fome. Você quer alguma coisa agora?
Ela olhou para ele por cima da lata.
— Não.
— Tudo bem. — Ele sentou ao lado da cama, ajeitou-se e sorriu
para ela. — Vamos conversar.
— Beije minha Bunda. 1
Ele soltou o ar.
— É uma oferta tentadora, doçura, mas eu tenho tentado não
pensar nessa área. — Ele deu um tapinha amistoso nela. — Agora do jeito
que eu vejo, nós dois estamos em uma confusão aqui, e você tem a chave.
Uma vez que você me disser quem está atrás de você e porque, eu lidarei
1 Expressão americana semelhante a (“Vá te catar” “Foda-se” “Vai para o inferno”)
com isso.
O pior de sua sede já tinha passado, então engolia devagar agora.
Sua voz saiu carregada de sarcasmo. — Você lidará com isso?
— Sim. Considere-me um campeão das lutas. Como o bom e velho
Hercules ali. — Ele acenou com o dedão para a TV atrás dele. — Você me
conte sobre isso, e eu irei cuidar dos bandidos. Então eu cobrarei de você
. E se a oferta sobre beijar sua bunda estiver de pé, eu a aceitarei,
também.
— Deixe-me ver. — Ela afastou a cabeça, manteve os olhos na
altura dos dele. — O que foi que você disse para o seu camarada Ralph
fazer? Oh, sim. — Ela contraiu os lábios em escárnio e repetiu.
Ele apenas balançou a cabeça. — Isso é jeito de falar com o cara
que te salvou de levar uma bala no cérebro?
— Eu te salvei de levar uma bala no cérebro, camarada, apesar de
eu ter sérias dúvidas de que ele acertasse, sendo tão claramente
pequeno. E você me paga me maltratando, me amarrando, me
amordaçando, e me largando em um motel barato pago por hora.
— Tenho certeza que isso é uma herança familiar, — ele disse
secamente. Deus, ela era um perigo, ele pensou. Espetando ele
independente de sua vantagem, o desafiando para brigar, apesar de ela
não ter esperança de ganhar o jogo. E sexy pra caramba naquele jeans
apertado e a pequena camiseta. — Pense nisso, — ele disse. — O gigante
burro disse algo sobre estar demorando muito, conversando muito, o que
me leva a crer que eles estavam escutando da van. Eles deveriam ter
colocado um equipamento de escuta, e ele deve ter ficado impaciente.
Por outro lado, se você tivesse ido comigo como uma boa garota, eles
teriam parado a gente em algum lugar e levado você. Eles não queriam
envolvimento direto, ou testemunhas.
— Eu seria uma testemunha, — ela o corrigiu.
— Nada para se esquentar. Eu estaria puto por ter outro caçador
de recompensas roubando meu trabalho, mas pessoas do meu ramo não
vão correndo para a polícia. Eu teria perdido minha gratificação,
considerado meu dia perdido, talvez reclamado com Ralph. Esse é o jeito
que eles descobrem, de qualquer forma. E Ralph provavelmente iria me
passar um trabalho bem fácil para me manter feliz. — Os olhos dele
mudaram, ficaram duros novamente. Um cinza afiado como uma navalha.
— Alguém tinha a corda no pescoço dele. Eu quero saber quem.
— Eu não poderia dizer. Eu não conheço seu amigo Ralph...
— Ex — amigo.
— Eu não conheço o gorila que arrombou minha porta, e eu não
conheço você. — Ela estava agradecida por sua voz ter saído calma, sem
nenhuma alteração ou tremor. — Agora, se você me deixar ir, eu contarei
tudo isso para a policia.
Os lábios dele se curvaram. — É a primeira vez que você menciona
a polícia, querida. E você está blefando. Você não os quer nisso. Essa é
outra pergunta.
Ele estava certo sobre isso. Ela não queria a policia, não até que
falasse com Bailey e soubesse o que estava acontecendo. Mas ela deu de
ombros, olhou para o telefone que ele tinha colocado fora de uso. —
Você poderia testar meu blefe se não tivesse arruinado o telefone.
— Você não teria ligado para a policia, mas para quem quer que
você ligasse poderia ter o telefone grampeado. Eu não tive todo esse
trabalho para achar lugar fora do caminho para ser rastreado. — Ele
inclinou-se para frente, pegou o queixo dela em sua mão. — Para quem
você ligaria, M. J. ?
Ela manteve os olhos nos dele, lutando para ignorar o calor dos
dedos dele, a textura da pele dele contra a dela. — Meu amante. — Ela
cuspiu as palavras. — Ele acabaria com você pedaço por pedaço. Ele
arrancaria seu coração, então o mostraria para você enquanto ainda
estivesse batendo.
Ele sorriu, aproximou-se um pouco. Ele simplesmente não podia
resistir. — Qual é o nome dele?
A mente dela ficou em branco, totalmente, completamente,
tolamente em branco. Ela encarou aqueles olhos cinzas por um momento,
então empurrou a mão dele. — Hank. Ele vai quebrar você ao meio e
jogá-lo para os cachorros quando ele descobrir que você mexeu comigo.
Ele riu, enfurecendo-a. — Você pode ter um amante, doçura. Você
pode ter uma dúzia. Mas você não tem um chamado Hank. Você demorou
muito. OK, você não quer dizer e confiar em mim para nos tirar disso,
vamos por outra rota. — Ele levantou-se e inclinou-se. Ele escutou a
respiração entrecortada quando ele alcançou a bolsa dela. Sem uma
palavra, ele derrubou o conteúdo na cama. Ele já tinha removido as
armas. — Você usa aquele abridor de lata para mais alguma coisa do que
abrir uma cerveja? — ele perguntou.
— Como você se atreve! Como você se atreve a mexer nas minhas
coisas!
— Oh, eu acho que é pouca coisa depois de tudo o que passamos
juntos. — Ele pegou o estojo de camurça, deslizou a pedra para sua mão,
onde brilhou como fogo, apesar do ambiente. Ele a admirou, como não
tinha sido possível no carro, quando ele vasculhou a bolsa dela. Era
profunda, brilhantemente azul, grande como um punho de bebê e
cortado para reluzir chamas azuis. Ele sentiu um puxão enquanto a
pousava na mão, uma estranha necessidade de protegê-lo. Quase tão
inexplicável, ele pensou, quanto sua estranha necessidade de proteger
essa espinhosa, e ingrata mulher. — Então. — Ele sentou-se, jogando a
pedra para cima, pegando-a. — Conte-me sobre isso, M. J. Apenas como
você colocou suas mãos em um diamante azul grande o suficiente para
engasgar um gato?
Capítulo 3
Opções rolavam por sua cabeça. O mais simples, e a mais
satisfatório, ela pensou, era fazê-lo sentir-se um tolo.
— Você está louco? — Ele rolou os olhos e zombou. — Sim, é um
diamante, tá bom, um grande e azul. Eu carrego um verde em meu porta
luva, e um lindo vermelho em minha outra bolsa. Eu gasto todo o lucro do
meu pub em diamantes. É uma fraqueza.
Ele a estudou, jogando e apanhando a pedra. Ela parecia
aborrecida, ele decidiu. Divertida e convencida. — Então o que é?
— Um peso de papel, pelo amor de Deus.
Ele esperou um pouco.
— Você carrega um peso de papel na bolsa.
Merda.
— Foi um presente. — Ela disse rápido, nariz empinado.
— Sim, do Hank, sem dúvida. — Ele levantou-se, casualmente
mexendo no resto do conteúdo que ele tinha jogado. — Vamos ver, além
do porrete...
— Era um rolinho de moedas, — ela o corrigiu.
— Mesmo efeito. Spray atordoante, um abridor de latas que eu
duvido que você fique por aí abrindo garrafas, temos uma agenda
eletrônica, uma carteira com mais fotos do que dinheiro...
— Eu não gosto de você mexendo nos meus pertences pessoais.
— Me processe. Uma garrafa de água, seis canetas, quatro lápis.
Alguns delineadores, fósforos, chaves, dois pares de óculos, um recibo do
último livro de Sue Grafton — ótimo livro, por sinal, não vou te contar o
final — uma barra de chocolate... — Ele jogou para ela. — Em caso de
você estar com fome. Uma ficha telefônica. — Ele colocou isso no seu
bolso traseiro. — Uns três dólares trocados, um rádio e uma caixa de
camisinhas. — Ele levantou uma sobrancelha. — Fechada. Mas nunca se
sabe , né?
Calor, uma combinação de mortificação e fúria, subiu por seu
pescoço. — Pervertido.
— Eu diria que você é uma mulher que acredita em estar
preparada, então por que não carregar um peso de papel com você? Você
pode se deparar com uma pilha de papeis que precisem de uma âncora.
Acontece o tempo todo. — Ele fez alguns movimentos para juntar todos
os pertences da cama de volta para a bolsa, então a largou ao lado. — Eu
não vou perguntar por que tipo de tolo você me toma, por que eu acho
que já entendi. — Indo na direção do espelho em cima de uma cômoda,
ele riscou o espelho com o diamante diagonalmente. Deixou um risco
longo e fino. — Eles não fazem mais espelhos de motel como
antigamente, — ele comentou, então voltou e sentou-se ao lado dela. —
Agora, de volta a minha pergunta. O que você estava fazendo com um
diamante azul grande o suficiente para engasgar um gato?
Quando ela não disse nada, ele pegou o queixo dela, aproximou o
rosto. — Escute, irmã, eu poderia te amarrar de novo, deixar você aqui e
ir embora com seu peso de papel de um milhão de dólares. Essa é a porta
número um. Eu posso me deitar, assistir o filme e esperar você falar, por
que mais cedo ou mais tarde você vai me contar o que eu quero saber.
Essa é a porta número dois. Atrás da porta número três, você vai me
contar agora por que está carregando uma pedra que poderia comprar
uma pequena ilha e nós poderemos começar a imaginar como vamos tirar
nós dois dessa confusão.
Ela não recuou, ela não piscou. Ele tinha que admirar sua coragem.
Por que a admirava, ele esperou pacientemente enquanto ela hesitava
estudando aqueles profundos olhos verdes de gata.
— Por que você já não escolheu a porta número um?
— Porque eu não gosto de ter um gorila tentando quebrar-me ao
meio, eu não gosto que atirem em mim, e eu não gosto de ser atacado
por uma mulher magrela cheia de atitude. — Ele aproximou-se mais, até
que estivessem nariz com nariz. — Eu tenho dividas a pagar nisso, querida
. E você é a primeira parada.
Ela pegou o pulso dele com sua mão livre e o afastou. — Ameaças
não vão funcionar comigo, Dakota.
— Não? — Ele mudou o movimento suavemente. Sua mão voltou
para o rosto dela, mas suave agora, uma passada leve dos nós dos dedos
por sua mandíbula que a fez piscar em choque antes que estreitasse os
olhos. — Quer uma aproximação diferente?
Os dedos dele desceram por sua garganta, até o centro do corpo e
voltaram, antes de deslizarem para rodear o pescoço dela. A boca dele
estava a apenas alguns centímetros da dela que sentia sua respiração
quente.
— Nem pense nisso, — ela o avisou.
— Tarde demais. — Os lábios dele curvaram-se, e os olhos
prenderam-se nos dela. — Estou pensando nisso desde que você subiu
para o apartamento na minha frente. — Não, ele estava pensando sobre
isso, ele percebeu, desde que Ralph tinha mostrado a foto dela . Mas
lidaria com isso depois. Ele passou os lábios sobre os dela, afastou-se. Ele
esperava que ela se afastasse ou lutasse . Deus sabia que ele estava
rudemente apertando todos os botões femininos do medo. Era
deplorável, mas ele consideraria isso mais tarde, também.
Ele só queria pressionar para trabalhar, para fazê-la falar antes que
os dois fossem mortos. E se ele tivesse um pouco de prazer distorcido de
tudo isso, bem, inferno, ele tinha suas falhas.
Mas ela não lutou e não se afastou. Ela não mexeu um músculo,
apenas manteve aqueles olhos verdes flamejantes nos dele. Um escura,
primitiva excitação desceu para seu quadril. O que era mais um pecado
em suas costas, ele pensou, e, segurando a mão livre dela, ele a tomou e
um longo e profundo beijo.
Era tudo ardor, primitivo como tambores tribais. Sem
pensamentos, sem razão, puro instinto.
Aquela surpreendente boca desejosa rendeu-se sob a dele, então
ele aprofundou. Um ruído de puro triunfo masculino saiu da garganta dele
ele movia-se sob ela, empurrando a língua entre aqueles, cheios,
convidativos lábios, mergulhando naquele longo, e forte corpo, fechando
a mão nos cabelos flamejantes.
A mente dele fechou-se como uma lâmpada quebrando-se. Ele
esqueceu-se que era tudo estudado, uma farsa para intimidar, esqueceu-
se que era um homem civilizado. Esqueceu que ela era um trabalho, um
quebra-cabeças, uma estranha. E só sabia que ela era dele para pegar.
Suas mãos fecharam-se gananciosas sobre um seio, seu dedão e
indicador, esfregou o mamilo que estava pressionado contra o algodão de
sua camiseta. Ela mexeu-se sob ele, arqueou-se para ele. E o sangue pulou
como um trovão em seu cérebro.
Ela moveu-se rápida, ela quase arrancou a orelha da cabeça dele
enquanto ela prendia os dentes como uma armadilha de urso em seu
lábio inferior.
Ele gritou, afastou-se, e, certo de que ela arrancaria um pedaço
dele, apertou seu queixo até que ela o soltasse. Ele pressionou as costas
da mão em seu lábio, aparando o sangue que tinha visto quando se
afastou. — Merda.
— Porco. — Ela estava vibrando agora, ajoelhando-se na cama
tentou atacá-lo, praguejando quando não o alcançou. — Pervertido. —
Ele lançou-lhe um olhar assassino, então se virou. A porta do banheiro
bateu atrás dele. Ela escutou água correndo. E, fechando os olhos, ela
afundou na cama e deixou os tremores virem. Meu Deus, amado Deus, ela
pensou, pressionando uma mão no rosto. Ela tinha perdido a cabeça. Ela
tinha lutado com ele? Não. Ela tinha se enchido de indignação, com
repulsa? Não.
Ela estava gostando.
Ela balançou-se, repreendeu-se, e mandou Jack Dakota para o
inferno.
Ela o deixou beijá-la, sentiu um puxão de uma corrente elétrica
quando aquela boca insolente esfregou-se sobre a dela. E ela o queria.
Seus músculos tinham ficado bambos, seus seios tinham latejado, e seu
sangue tinha começado a borbulhar. Ela o deixou beijá-la sem nenhum
murmúrio de protesto. Ela retribuiu o beijo, sem um pensamento nas
conseqüências.
M. J. O´Leary, ela pensou, estremecendo, garota durona, que se
orgulhava por estar sempre no controle, que poderia derrubar um
homem enorme de costas e ter seu pé na garganta dele um piscar de
olhos — confiante, lutadora M. J. — tinha derretido em uma confusão de
impensado desejo.
E ele a tinha amarrado, amordaçado-a, tinha algemado-a em uma
cama em um motel barato. Querê-lo mesmo que fosse por um instante a
fazia tão pervertida quanto ele.
Graças a Deus ela tinha conseguido escapar disso. Não importava
que o profundo medo de seus sentimentos tivesse sido a motivação para
pará-lo. O fato era, que o tinha parado — e ela sabia que estava a apenas
um instante longe de deixar que ele fizesse o que quisesse. Ela tivera
muito medo de, tendo ambas mãos livres, empurrá-lo de costas. Então
arrancaria suas roupas.
Isso era o choque, ela disse a si mesma. Até mesmo uma mulher
que se orgulhava por ser capaz de lidar com quer que entrasse em seu
caminho poderia ficar um pouco confusa com o choque em certas
circunstâncias.
Agora ela tinha de deixar essa aberração para trás e pensar no que
iria fazer.
Os fatos eram poucos, mas eram claros. Ela tinha que contatar
Bailey. Qualquer que fosse a intenção de sua amiga em mandar a pedra,
Bailey não poderia ter idéia de como perigoso esse ato seria. Ela tinha
suas razões, M. J. tinha certeza, e ela pensou que era uns dos raros atos
impensados e rebeldes de Bailey.
Ela não pretendia deixar Bailey pagar o preço por isso.
O que Bailey teria feito com as duas outras pedras? Estariam com
ela, ou... Oh Deus.
Ela deitou-se de costas fraca sobre os travesseiros. Ela teria
mandado uma para Grace. Tinha que ser. Era o lógico, e Bailey não era
nada se não lógica.
Havia três pedras, e ela tinha mandado uma para M. J. Então tinha
mantido uma com ela, e mandado a outra para a outra pessoa que mais
confiava no mundo para tanta responsabilidade. Grace Fontaine. As três
tinham sido próximas quanto irmãs desde a faculdade.
Bailey, quieta, estudiosa e séria. Grace, rica, estonteante e
selvagem. Elas moraram juntas durante quatros anos em Radcliffe e
ficaram próximas desde então. Bailey entrou nos negócios da família, M.
J. seguindo a tradição abriu seu próprio bar, e Grace fazendo tudo o que
pudesse para chocar seus opulentos, conservadores e desaprovadores
familiares.
Se uma estava em apuros, todas estavam. Ela tinha que avisá-las.
Ela teria que escapar de Jack Dakota. Ou ela teria que usá-lo.
Mas quanto, ela se perguntava, ela se atreveria a confiar nele?
No banheiro, Jack examinava seu lábio mutilado no espelho.
Provavelmente ficaria uma cicatriz. Bem, ele admitia, ele merecia. Tinha
sido um porco e um pervertido. Não que ela fosse de todo inocente,
também, deitada ali naquela cama com aquele olhar explosivo. E ela não
tinha pressionado aquele longo, firme corpo no dele, aberto aquela
macia, sexy boca, arqueado aquele estreito quadril?
Porco. Ele esfregou as mãos pelo rosto. Que escolha ele tinha dado
a ela?
Abaixando as mãos, ele olhou para si mesmo no espelho, parecia
morto — , e admitia que não queria dar uma escolha a ela. Ele apenas a
queria.
Bem, ele não era um animal. Podia se controlar, ele podia pensar,
ele podia raciocinar. E era o que ele ia fazer.
Ele provavelmente teria uma cicatriz, ele pensou novamente,
azedamente, enquanto tocava com a ponta do dedo cuidadosamente o
lábio inchado. Deixe que isso lhe sirva de lição, Dakota. Balançou a cabeça
em concordância para o seu reflexo no espelho. Se você não pode confiar
em si mesmo, você com certeza não pode confiar nela.
Quando ele saiu, ela estava de cenho franzido para as cortinas
horríveis na janela. Ele a encarou. Ela encarou de volta. Sem dizer nada,
ele sentou em uma cadeira, cruzou os pés no tornozelo e virou-se para o
filme Hércules tinha acabado. Provavelmente tinha triunfado. Em seu
lugar tinha ficção cientifica japonesa com um incrível monstro produzido
pobremente que estava esmagando trens em movimento. Muitos
figurantes gritavam em terror.
Eles assistiam, enquanto militares vinham correndo com armas
enormes que não tinham nenhum efeito no monstro. Um pequeno
homem com um capacete de combate foi devorado. Seus covardes
companheiros correram por suas vidas.
M. J. achou a barra de chocolate que Jack tinha jogado para ela
anteriormente, quebrou um pedaço e comeu contemplativamente
enquanto o monstro do outro espaço andava por Tokyo para acabar com
tudo.
— Posso beber minha água? — ela perguntou em um tom
extremamente polido. Ele levantou-se, pegou de sua bolsa e entregou
para ela. — Obrigada. — Ela deu um longo gole, esperou que ele sentasse
de novo. — Quanto você cobra? — ela perguntou.
Ele pegou outro refrigerante da geladeirinha. Desejou que fosse
uma cerveja. — Para?
— Para o que você faz. — Ela deu de ombros. — Digamos que eu
tenha fugido de uma fiança. O que você ganha para me trazer de volta?
— Depende. Por que?
Ela rolou os olhos. — Depende do que?
— De quanto era a fiança que você fugiu.
Ela ficou em silêncio por um minuto enquanto considerava. O
monstro demoliu um grande prédio com inocentes dentro. — O que eu
deveria ter feito?
— Atirado no seu amante — o contador. Acredito que seu nome
seja Hank.
— Muito engraçado. — ela quebrou outro pedaço do chocolate e,
quando Jack estendeu a mão, relutantemente dividiu. — Quanto você ia
conseguir por mim?
— Mais do que você vale.
Agora ela suspirou. — Vou fazer um acordo com você, Jack, mas eu
sou uma mulher de negócios e não os faço as cegas. Quanto você cobra?
Interessante, ele pensou, e bateu os dedos no braço da cadeira. —
Para você, querida, considerando o que você está carregando naquela
mala que chama de bolsa, adicionando o que Ralph me ofereceu para
entregá-la aos malandros? — Ele pensou a respeito. — Cem mil.
Ela não piscou. — Eu aprecio você tentar suavizar a situação com
uma tentativa de humor . Cem mil para um homem que não conseguiu
pegar aquele assassino contratado sozinho é para rir...
— Quem disse que não poderia cuidar dele? — Seu orgulho subiu
e o atingiu. — Eu cuidei dele, doçura. Dele e daquele canhão, e você nem
se incomodou em me agradecer.
— Oh, desculpe-me. Deve ter escapado de minha mente
enquanto eu estava sendo arrastada e algemada. Que rude. E você não
cuidou dele, eu o fiz. Mas é indiferente, — ela continuou, mantendo sua
mão livre como um guarda de transito, — agora que já tivemos nossa
pequena piada, vamos tentar ser sérios. Eu te darei mil para você
trabalhar para mim nisso.
— Mil? — Ele deu aquele rápido e perigoso sorriso. — Irmã, não
há dinheiro suficiente para me tentar a trabalhar com você. Mas por cem
mil, eu tiro você dessa confusão.
— Em primeiro lugar — ela dobrou as pernas, sentou-se no estilo
lótus. — Eu não sou sua irmã, e não sou sua doçura. Se você tem que se
referir a mim, use meu nome.
— Você não tem um nome, você tem iniciais.
— Em segundo lugar, — ela disse ignorando-o, — se um homem
como você colocar as mãos em cem mil, ele apenas perderia tudo em
Vegas ou entregaria para alguma stripper avantajada. Como eu não
pretendo que isso aconteça com meu dinheiro, estou oferecendo mil. —
Ela sorriu para ele. — Com isso, você conseguira um bom fim de semana
em uma praia com uma caixa de cerveja importada.
— É muita consideração de sua parte olhar por meu bem-estar,
mas você não está em posição de negociar termos aqui. Se você quer
ajuda, irá custar.
Ela não sabia se queria a ajuda dele. O fato era, que ela não sabia
porque estava discutindo com ele sobre a gratificação. Nas circunstancias,
ela sentia que poderia prometer qualquer quantia sem ter a obrigação de
pagar se e quando o momento chegasse.
Mas era o principio da coisa.
— Cinco mil — e você segue ordens.
— Setenta e cinco, e eu nunca sigo ordens.
— Cinco. — Ela cerrou os dentes. — É pegar ou largar.
— Eu largo. — Casualmente ele pegou a pedra de novo, segurou-
a, estudou-a. — E levo isso comigo. — Ele levantou-se, bateu no bolso
traseiro. — E talvez eu chame a polícia no seu pequeno telefone, depois
que eu saia.
Ela apertou os dedos, flexionou-os. Ela não queria envolver a
polícia, não até contatar Bailey. Nem poderia arriscar deixar ele seguir
com sua ameaça para simplesmente pegar a pedra.
— Cinqüenta mil. — Ela mordeu as palavras como um pedaço de
carne. — Isso é tudo que posso juntar. A maioria do que tenho está presa
ao meu negócio.
Ele levantou uma sobrancelha. — A gratificação por achar essa
pequena ninharia deve valer mais do que cinqüenta.
— Eu não roubei essa droga. Não me pertence. Pertence... — Ela
parou, manteve a boca fechada.
Ele começou a sentar na ponta da cama de novo, lembrou-se o
que tinha acontecido antes, e escolheu o braço da cadeira. — A quem
pertence, M. J. ?
— Eu não vou contar nada para você. Por tudo o que sei você
pode ser tão malandro quanto o que arrombou minha porta. Você pode
ser um ladrão, um assassino.
Ele arqueou a sobrancelha com cicatriz. — E é por isso que eu
roubei e matei você.
— O dia ainda não acabou.
— Deixe-me apontar uma coisa para você. Eu sou o único por
aqui.
— Isso não inspira muita confiança. — Ela parou por um
momento. Quão longe ela se atreveria a usá-lo? Ela ponderou. E quanto
ela se atrevia a contar para ele?
— Se você quer minha ajuda, — ele disse, como que lendo a
mente dela, — então eu preciso de fatos, detalhes e nomes.
— Eu não vou te dar nomes. — Ela balançou a cabeça devagar. —
Isto está fora até que eu fale com as outras pessoas envolvidas. E em
relação a fatos e detalhes, eu não tenho muitos.
— Dê-me o que você tem.
Ela o estudou novamente. Não, ela não confiava nele, não
realmente quando ela podia derrubá-lo. Se ela tivesse esta oportunidade.
Mas ela tinha de começar por algum lugar. — Me tire as algemas.
Ele balançou a cabeça. — Vamos deixar as coisas como estão por
um momento. — Mas ele levantou-se, foi até a TV e desligou-a. — Onde
você arranjou a pedra M. J. ?
Ela hesitou por um momento. Confiar não era a questão, ela
decidiu. Ele poderia ajudar, se não de outro jeito então apenas sendo sua
prancha de salvação. — Um amigo o mandou para mim. Por um
mensageiro. Eu o recebi ontem.
— De onde veio?
— Originalmente da Ásia Antiga, eu acho. — Ela deu de ombros ao
sibilar irritado dele. — Eu não vou dizer de onde veio, mas vou dizer que
deve haver uma boa razão. Meu amigo é muito honesto para roubar um
aperto de mão. Tudo o que sei é foi enviado, com um bilhete que dizia
para mantê-lo comigo o tempo todo, e para não contar para ninguém até
meu amigo ter a chance de se explicar. — Abruptamente ela pressionou a
mão no estomago e a arrogância morreu de sua voz. — Meu amigo está
em apuros. Deve ser algo horrível. Eu tenho que ligar.
— Sem telefonemas.
— Olhe, Jack...
— Sem telefonemas, — ele repetiu. — Quem quer que esteja
atrás de você pode estar atrás do seu camarada. O telefone dele pode
estar grampeado, o que os levaria até você. O que os levaria até mim,
então sem telefonemas. Agora como seu amigo honesto aconteceu de ter
as mãos em um diamante azul que faria o Hope2 parecer um prêmio de
caixa de Cracker Jack?
— Em uma forma perfeitamente legítima. — Ganhando tempo,
ela passou os dedos pelos cabelos. Ele pensava que sua amiga fosse um
homem — porque então não deixar assim? — Olhe, eu não sei de tudo.
Tudo o que eu vou te contar é que ele era para ter as mãos nisso. Olhe,
deixe-me contar algo sobre a pedra. É uma de três . Uma vez elas foram
parte de um altar montado para um Antigo Deus Romano. Mithraismo foi
uma das maiores religiões do Império Romano...
— As Três Estrelas de Mithra, — ele murmurou, e a fez olhá-lo
primeiro em choque, depois com suspeita.
— Como você sabe das Três Estrelas?
— Eu li sobre ela s no consultório do dentista, — ele murmurou.
Agora, quando ele pegou a pedra, não foi simples admiração, foi com
2 Hope é o nome de um diamante famoso.
respeito. — Era para ser um mito. As Três Estrelas, juntas em um triângulo
dourado e seguras nas mãos do Deus da Luz.
— Não é um mito, — M. J. disse a ele. — O Smithsonian adquiriu
as Estrelas por um contato na Europa alguns meses atrás. Meu amigo
disse que o museu queria manter a aquisição em silêncio até que os
diamantes fossem verificados.
— E avaliados, — ele pensou em voz alta. — Segurados e sob
segurança pesada.
— Elas eram para estar sob segurança, — M. J. disse, e ele
respondeu com uma suave risada.
— Não parece que funcionou, parece? Os diamantes representam
amor, sabedoria e generosidade. — Os olhos dele estreitaram-se
enquanto ele contemplava a antiga pedra. — Eu me pergunto qual seria
esta?
— Eu não saberia dizer. — Ela continuou a encará-lo, fascinada.
Ele foi do cara durão para um escolar em um piscar de olhos. — Mas
aparentemente você sabe tanto sobre isso quanto eu.
— Eu sei sobre o Mithraismo, — ele disse. — Paralela ao
Cristianismo. Homens sempre procuraram por um bom e justo Deus. —
Os ombros dele se moveram enquanto ele movia a pedra na mão. — Os
homens nem sempre conseguem o que querem. Conheço a lenda das Três
Estrelas. Foi dito que o Deus segurou o triângulo por séculos, e
segurando-o zelava pelo mundo. Então foi perdido, ou saqueado, ou
afundou com Atlantis.
Por seu próprio prazer, ele o virou na lâmpada, assistiu a pedra
explodir na sombria luz. — Mais provável que tenha acabado em uma sala
de tesouros de algum procurador Romano corrupto. — Ele passou os
dedos pelas formas. — É algo pelo qual as pessoas matariam. Ou
morreriam, — ele murmurou. — Algumas lendas dizem que teve o dedo
de Cleópatra, outros dizem que Merlin as manteve em um cristal até a
volta de Arthur. Outros dizem que o próprio Deus jogou-as para o céu e
chorou a ignorância do homem. Mas o mais certo é que tenham sido
simplesmente roubados e separados.
Ele olhou para cima, elevou a pedra para os olhos dela. — Vale
uma fortuna sozinho, e no triângulo, vale a imortalidade. — Sim, ela
poderia admitir que ele a fascinava, o jeito que aquela profunda, voz
masculina tinha esfriado para um tom profissional. E o jeito que ele
acariciava o diamante brilhante como um homem poderia acariciar uma
mulher aquecendo o corpo. Mas ela balançou a cabeça ao último
pensamento. — Você não acredita nisso.
— Não, mas essa é a lenda, não é? Quem quer que segure o
triângulo, com as Estrelas nos lugares, ganha os poderes do Deus, e sua
imortalidade. Mas não necessariamente sua compaixão. Pessoas já
mataram por menos. Muito menos.
Ele colocou a pedra na mesa entre eles, onde brilhava com um
fogo calmo. Tudo tinha mudado agora, ele percebeu. As certezas tinham
ido, e as possibilidades os olhavam.
— Você está em uma merda de enrascada, M. J. Quem quer que
queira isso não vai pensar duas vezes sobre levar sua cabeça junto. — Ele
esfregou o queixo, seus dedos dançando sobre o furinho. — E minha
cabeça está terrivelmente perto da sua agora.
* * * *
Ele não podia acreditar em sua pouca sorte. Seu único erro, ele
disse a si mesmo enquanto se acalmava com Mozart e Moet. Por que ele
tinha tentado manter-se afasto dos eventos, ele tinha que contar com
outros para lidar com seus negócios.
Incompetentes, todos eles, ele pensou, e confortou-se pegando o
casaco de peles que um dia tinha enfeitado os ombros da Czarina
Alexandra.
E pensar que ele tinha se divertido com a ironia de ter um caçador
de recompensas rastreando a irritante Srta. O´Leary. Teria sido mais fácil
arrancá-la de seu apartamento ou lugar de negócios. Mas ele tinha
preferido a finesse e, de novo, a distância. O caçador de recompensas
seria culpado por seu desaparecimento, e sua morte. Esse tipo de homem
era violento por natureza, imprevisíveis. Agora ela estava fugindo, e
certamente tinha a pedra em sua posse.
Ela iria voltar, ele pensou, indo devagar, mesmo a respiração. Ela
certamente logo contataria suas amigas. Ele era um homem que
apreciava a lealdade. E quando a Srta. O´Leary contatasse suas amigas —
uma desaparecida, e a outra fora de alcance — ele a pegaria. E a pedra.
Com ela, ele não teria dúvidas que iria adquirir as outras duas.
Depois de tudo, ele pensou com um sorriso agradável. Bailey James tinha
reputação de boa amiga, uma mulher compassiva e inteligente.
Inteligente o suficiente, ele pensou, para ter descoberto que seus meio-
irmãos estavam fazendo cópias das Estrelas, esperta o suficiente para
separá-las antes que eles terminassem e entregassem.
Bem, isso, também, teria que lidar com isso.
Ele tinha certeza que Bailey seria leal a sua amiga, compassiva o
suficiente para colocar a amiga em primeiro lugar. E sua lealdade e
compaixão iriam entregar as pedras para ele sem muita demora . Em
troca da vida de M. J O´Leary.
Ele tinha gasto muitos anos de sua vida procurando as Três
Estrelas. Tinha investido muito de seu bem-estar. E tinha levado muitas
vidas. Agora elas estavam quase em suas mãos. Tão perto, ele pensou, tão
perto, que seus dedos formigavam de antecipação.
E quando ele as segurasse, colocasse-as no triângulo, arrumando-
as no altar que tinha construído para elas, ele teria o supremo poder.
Imortalidade.
Depois, claro, ele iria matar a mulher.
Um conveniente sacrifício, ele refletiu, para um Deus.
Capítulo 4
Ele a deixou sozinha. Agora ela tinha que considerar a questão da
confiança. Ela deveria acreditar que ele apenas tinha saído, comprar
comida e voltar? Ele não tinha confiado nela para ficar, M. J. pensou,
balançando as algemas.
E ela tinha que admitir que ele a tinha medido muito bem. Ela teria
saído pela porta como um tiro. Não porque estava com medo dele. Ela
tinha considerado todos os fatos, todos seus instintos, e ela não mais
acreditava que ele iria machucá-la ou já o teria feito. Tinha visto o jeito
que ele tinha lidado com o gorila que arrombou sua porta. Verdade, ele
tinha as mãos ocupadas, mas ele lidou sozinho com velocidade, força, e
um admirável força de vontade.
Era irritante admitir, mas ela sabia que ele tinha se segurado
quando lutou com ela . Não que isso o desculpasse por amarrá-la e largá-
la em um quarto de motel barato, mas se ela fosse justa, ela teria que
dizer que ele poderia ter feito um estrago considerável nela durante a
rápida, e suada luta se ele quisesse. E o que ele tinha realmente
machucado tinha sido seu orgulho.
Ele tinha um cérebro — o que a surpreendeu. Tinha generalizado
sua opinião a respeito dele quando vira aquela físico. Mas em acréscimo
aos espertalhões de rua que ela tinha esperado de um tipo como esse,
parecia que Jack Dakota tinha intelecto. Um bom intelecto.
E ela não acreditava que ele tivesse lido sobre as jóias no dentista .
Um homem não lia sobre uma religião antiga enquanto está esperando
para ter o dente examinado. Então, ela tinha que concluir que havia mais
sobre ele que originalmente tinha presumido. Tudo o que ela tinha que
fazer era decidir se era uma vantagem, ou uma desvantagem.
Agora que ela tinha se acalmado um pouco, ela tinha certeza que
ele não iria forçar-la sexualmente, também. Ela tinha a probabilidade que
o pequeno interlúdio tinha mexido com ele tanto tinha mexido com ela.
Tinha sido, ela estava certa, um passo em falso da parte dele. Intimidar a
mulher, mexer com a testosterona, e ela irá lhe dizer o que você quiser
saber.
Não tinha funcionado. Tudo o que tinha feito era deixar os dois
ouriçados. Merda, o homem sabia beijar. Mas ela quase tinha saindo dos
trilhos, ela se lembrou, e olhou para o ridículo filme que ele tinha deixado
ligado na TV.
Não, ela não tinha medo dele, mas ela tinha medo da situação. O
que significava que ela não queria ficar sentada em cima do traseiro sem
fazer nada. Ação era mais seu estilo. Independente da ação, ser
inteligente ou não, não era o ponto. O fazer era.
Ficando de joelhos, ela trabalhou na algema, virando o pulso para
lá e para cá, flexionando a mão como se fosse uma artista preparando-se
para lançar sua última obra.
Ela testou a cabeceira da cama e descobriu que era
angustiantemente firme. Eles não faziam, mas camas de motéis baratas
como antigamente, ela pensou com um suspiro. E desejou um grampo de
cabelo, uma lixa de unha, um martelo. Tudo que ela encontrou na gaveta
da mesinha de cabeceira foi uma amassada lista telefônica e as sobras de
um doce duro. Ele tinha levado sua bolsa com ele, e apesar de saber que
não iria encontrar um grampo, uma lixa de unha ou um martelo lá dentro,
ela ainda se ressentiu com sua falta. Ela poderia gritar, claro. Ela poderia
gritar até o teto, e agüentar a humilhação se alguém realmente prestar
atenção aos sons perturbadores. E isso não iria tira-la da algema, a não
ser que alguém chamasse um chaveiro.
Ou a polícia.
Ele respirou fundo, lutando para encontrar uma saída. Ela estava
doente de preocupação com Bailey e Grace, desesperada para reafirmar
para si mesma que elas estavam bem.
Se ela fosse a polícia, que tipo de encrenca iria causar a Bailey? Ela
tinha tecnicamente, tido a posse de uma fortuna. As autoridades seriam
compreensivas, ou jogariam Bailey em uma cela?
Isso, M. J. não arriscaria. Ainda não. Não até que ela sentisse que
era possível vencer as probabilidades. E para fazer isso, ela tinha que
saber contra que inferno ela estava lutando.
O que de novo significava sair do quarto.
Ela estava considerando roer a cabeceira de cama com os dentes
quando Jack destrancou a porta. Ele lançou um rápido sorriso para ela,
um que disse que ele sabia o que ela estava pensando. — Querida,
cheguei.
— Você tem algum distúrbio, Dakota. Meu braço está doendo.
— Você faz uma bela imagem algemada na cama, M. J. Ele
abaixou duas sacolas brancas. — Um homem qualquer estaria brincando
com noções impuras agora mesmo.
Era a sua vez de sorrir, maldosamente. — Você já fez isso. E você
provavelmente terá uma cicatriz em seu lábio inferior.
— Sim. — Ele esfregou o dedão cuidadosamente ao redor. Ainda
doía. — Eu diria que mereci, mas você estava cooperando inicialmente.
E isso doía, também. A verdade geralmente fazia isso. — Continue
pensando assim, Jack. — Ela quase cuspiu isso. — Tenho certeza que um
ego como o seu requer regulares desilusões.
— Doçura, eu conheço a desilusão de um lábio ferido. Mas temos
coisas mais importantes para fazer do que discutir sua atração por mim.
— Feliz com a última palavra, ele alcançou as sacolas. — Hamburguês.
O cheiro a atingiu como um punho, direto no estômago vazio. Sua
boca encheu de água. — Então vamos ficar aqui como um casal que
escaparam do convencional — ela balançou a algema para dar mais
ênfase — e comer comida gordurosa?
— Acertou. — Ele entregou um hambúrguer para ela e pegou as
batatas fritas que eram designadas a entupir as artérias e melhorou o
humor. — Eu penso melhor quando estou comendo. — Compassivo, ele
estirou-se ao lado dela, costas contra a cabeceira, pernas estendidas,
comida no colo. — Nós temos um sério problema aqui.
— Se nós temos um sério problema aqui, por que sou a única
algemada?
Ele adorou o sarcasmo na voz dela, e perguntou-se o que estava
errado com ele. — Porque você teria feito algo estúpido se eu não a
mantivesse segura . Estou cuidando do meu investimento. — Ele
gesticulou com o resto do hambúrguer. — E é você, doçura.
— Eu posso cuidar de mim mesma. E se eu estou contratando
você, você deveria obedecer a ordens. A primeira ordem é você abrir essa
merda.
— Eu vou fazer isso, uma vez que estabelecermos algumas regras.
— Ele pegou a sacola e pegou as batatas. — Eu estive pensando.
— Então. — Ela mastigou ruidosamente um pedaço do
hambúrguer queimado entre duas mordidas. — Por que estou
preocupada? Você esteve pensando.
— Você tem uma boca sarcástica. Mas eu gosto disso em você. —
Ele entregou um pequeno guardanapo. — Você tem catchup no queixo.
Agora, alguém pressionou Ralph o suficiente para ele falsificar uma
papelada oficial e colocar meu traseiro na linha. Ele não o teria feito por
dinheiro — não que Ralph não goste de dinheiro, — Jack continuou. —
Mas ele não arriscaria sua licença, ou arriscaria eu ir atrás dele, por algum
dinheiro. Então ele estava salvando sua pele.
— E desde que Ralph é um pilar da comunidade, sem dúvida, isso
estreita a lista?
— Significa que é alguém com força, alguém que não tem medo
do velho Ralph iria me contar algo ou ir a policia. Alguém que quer pegar
você. Quem sabe que você está com a pedra?
— Ninguém, exceto a pessoa que a enviou para mim. — Ela
franziu o cenho para seu hambúrguer. — E possivelmente uma outra
pessoa.
— Se mais de uma pessoa sabe um segredo, não é um segredo.
Como seu amigo conseguiu o diamante, M. J. ? Você não pode ficar
enrolando a história.
— Eu lhe direi depois de esclarecer isso com meu amigo. Eu tenho
que fazer um telefonema.
— Sem telefonemas.
— Você ligou para Ralph. — ela apontou.
— Eu me arrisquei, e estávamos em movimento. Você não vai
fazer nenhum telefonema até eu saber o motivo. O diamante foi enviado
apenas ontem, — ele ponderou. — Eles a encontraram rápido.
— O que significa que encontraram meu amigo. — O estômago
dela revirou-se. — Jack, por favor. Eu tenho que ligar. Eu tenho que saber.
A emoção balançando a voz dela o amoleceu e o irritou. Ele a
olhou nos olhos. — Quanto ele significa para você?
Ela começou a corrigi-lo, então apenas balançou a cabeça. —
Tudo. Ninguém significa mais para mim.
— Cara de sorte.
Não era a resposta que ela queria ou esperava. Cheia de frustração
e medo, ela agarrou-o pela camiseta. — Qual diabos é o seu problema?
Alguém tentou nos matar. Como podemos ficar simplesmente sentados
aqui?
— Essa é a razão de estarmos sentados. Vamos deixá-los nos
procurar por aí. Seu amigo está por conta por enquanto. E desde que eu
não posso imaginar a fim de um idiota que não pode cuidar de si mesmo,
ele deve estar bem.
— Você não entende nada. — Ela recostou-se, passou os dedos
pelos cabelos. — Deus, isso é uma bagunça. Eu deveria estar me
aprontando para ir trabalhar, e ao invés disso estou presa aqui com você.
Eu deveria estar atrás do balcão esta noite.
— Você atende em um bar? — Ele levantou uma sobrancelha. —
Pensei que você fosse dona do lugar.
— Isso mesmo, eu sou a dona do lugar. — Ela estava cheia de
orgulho. — Eu gosto de atender no bar. Você tem algum problema com
isso?
— Não. — Como o assunto a tinha distraído, ele continuou. —
Você é boa?
— Ninguém reclamou.
— Como você entrou nesse negócio? — Quando ela apenas o
olhou, ele deu de ombros. — Vamos, um pouco de conversa depois da
refeição não pode machucar. Temos tempo para matar.
Não era tudo o que ela queria matar, mas o resto poderia esperar.
— Sou a Quarta geração de donos de pub. Meu bisavô dirigia seu próprio
lugar público em Dublin. Meu avô imigrou para Nova York e trabalhou
atrás do balcão em seu próprio pub. Ele o passou para meu pai quando se
mudou para Flórida. Eu praticamente cresci atrás de um bar.
— Que parte de Nova York?
— Lado Oeste, Setenta e nove e Columbus.
— O´Leary´s. — O sorriso veio rápido e sonhador. — Muita
madeira escura e muito latão. Música Irlandesa ao vivo nos Sábados a
noite. E eles fazem a melhor Guinness deste lado do Atlântico.
Ela o olhou novamente, intrigada apesar de si mesma. — Você já
esteve lá?
— Eu baixei várias vezes no O´Leary´s. Deve ter sido há uns dez
anos atrás, mais ou menos. — Ele estava na faculdade, ele lembrou-se.
Fazendo seu caminho entre cursos de legislação e literatura e tentando
decidir-se quem demônio ele seria. — Eu estava por lá procurando um
fugitivo uns três anos atrás. Parei lá. Nada tinha mudado, nem mesmos as
marcas no velho bar de pinho.
Isso a fez ficar sentimental — não podia evitar. — Nada muda no
O´Leary´s.
— Eu juro que os mesmos dois caras sentados nos mesmos
bancos no fim do bar — fumando cigarros, lendo o Racing Form e
bebendo Irish.
— Callahan e O´Neal. — Isso a fez sorrir. — Eles vão morrer
naqueles bancos.
— E o seu pai. Pat O´Lery. Filho da mãe. — Apareceu no fundo de
sua memória, ele fechou os olhos. — Aquele grande, e enorme rosto
irlandês e chocante cabelo vermelho, com uma voz reta como que saída
de um filme Cagney.
— Sim, esse é o papai, — ela murmurou, ainda mais sentimental.
— Sabe, quando eu entrei — depois de ficar 6 anos fora — seu pai
sorriu para mim. ”Como vai esta tarde, garoto da faculdade? “ele disse
para mim, e pegou um copo e começou a enche-lo de cerveja.
— Você foi para a faculdade?
Seu prazer diminuiu consideravelmente ao choque da voz dela. Ele
abriu um olho. — E daí?
— E daí, que você não faz o estilo de faculdade. — Ela deu de
ombros e voltou para seu hambúrguer. — Eu faço uma boa Guinness.
Poderia ter uma agora.
— Eu também. Talvez mais tarde. Então esse seu amigo, há
quanto tempo você o conhece?
— Meu amigo e eu estudávamos juntos na faculdade. Não há mais
ninguém em quem eu confie tanto, se é onde você quer chegar.
— Talvez você devesse repensar isso. Apenas considere, — ele
disse quando os olhos dela flamejaram. — As Três Estrelas são uma
grande tentação, para qualquer um. Então talvez ele estava tentado,
talvez isso tenha entrado na cabeça dele.
— Não, não foi assim, mas eu acho que alguém mais poderia, e
meu amigo descobriu... — Ela pressionou os lábios juntos. — Se você
quisesse proteger essas pedras, ter certeza que não fossem roubadas, não
caíssem nas mãos erradas, o que você faria?
— Não é uma questão do que eu faria, — ele apontou, — mas o
que ele faria.
— Separá-las, — M. J. disse. — Passá-las para as pessoas que ele
poderia confiar sem questionar. Pessoas que fariam tudo por você, por
que você faria o mesmo por elas. Sem questionar.
— Absoluta confiança, absoluta lealdade? — Ele encestou seu
guardanapo, dois- pontos dentro do cesto de lixo. — Eu não compro essa.
— Então eu sinto por você, — ela murmurou, — Por você não
poder comprar. É apenas isso. Você não tem ninguém que faria tudo por
você, Jack?
— Não. E não há ninguém por quem eu faria qualquer coisa. —
Pela primeira vez em sua vida, o aborreceu perceber isso. Ele deitou-se,
fechou os olhos. — Vou tirar um cochilo.
— Você vai tirar um o quê?
— Um cochilo. Seria inteligente em fazer o mesmo.
— Como você pode dormir numa hora como esta?
— Porque estou cansado. — Sua voz estava distante. — E por que
não acredito que dormirei muito uma fez que começarmos. Temos
algumas horas até o pôr do Sol.
— E o que acontece ao pôr do Sol?
— Fica escuro. — Ele disse e virou-se.
Ela não podia acreditar. O homem tinha apagado como uma
máquina desligada — como um hipnotizado dorme ao estalar dos dedos.
Como um... Ela fez uma carranca quando ficou sem mais analises. Pelo
menos ele não roncava . Bem, estava tudo bem, ela fumegou. Isto era
perfeito. O que ela deveria fazer enquanto ele tirava seu cochilo?
M. J. comeu sua última batata, franziu o cenho para a TV, onde o
gigante monstro estava conhecendo seu violento fim. O canal a cabo tinha
prometido mais disso com a Maratona dos Monstros e Heróis no Festival
do Feriado. Que, que bom.
Ela deitou-se no quarto escuro, considerando suas opções. E,
considerando, caiu no sono.
E, dormindo, sonhou com monstros e heróis e um diamante azul
que pulsava como um coração vivo.
Jack acordou enroscado em uma mulher. Ele sentiu seu cheiro
antes, um cheiro penetrante, apenas um pouco acentuado, de sabão de
limão . Limpeza, frescor, e simples.
Ele a ouviu — a vagarosa, até mesmo, relaxada respiração. Sentiu
a calma intimidade de dividir o sono. Seu sangue começou a agitar-se
mesmo antes de senti-la.
Uma perna longa estava jogada sobre a dele. Um braço bem
torneado, com a pele tão suave como um creme fresco, estava
arremessado sobre seu peito. A cabeça dela enroscado amorosamente
em seu ombro.
M. J. gostava de aninhar-se, ele percebeu, e sorriu para si mesmo.
Quem pensaria nisso?
Antes que ele conseguisse convencer-se contra, ele levantou uma
mão, passou suavemente pelo cabelo dela. Seda brilhante, ele pensou.
Era um contraste e tanto com todos os ângulos duros.
Ela com certeza tinha estilo. Seu tipo de estilo, ele decidiu, e
ponderou que direção eles teriam tomado se ele simplesmente tivesse
entrado em seu pub em uma noite e feito alguns movimentos na direção
dela.
Ela teria chutado seu traseiro, ele pensou, e sorriu. Que mulher.
Era uma pena, uma pena mesmo, que ele não tivesse tempo para
tentar estes movimentos. Porque ele realmente queria sentir o gosto dela
de novo.
E por causa disso, ele deslizou debaixo dela, parou e espreguiçou o
corpo enquanto ela virava-se tentando encontrar conforto. Ela rolou de
costas e colocou sua mão livre sobre a cabeça.
O animal em repouso dentro dele agitou-se.
Ele engasgou-se e segurou-se e lembrou-se que ele era,
ocasionalmente, um homem civilizado. Um homem civilizado não escalava
uma mulher adormecida e mergulhava. Mas eles podiam pensar sobre
isso. Como era mais seguro pensar sobre isso a distância, ele foi para o
banheiro, jogou água fria no rosto e considerou seu próximo passo.
No sonho, ela estava segurando a pedra na mão, pensando sobre
isso, enquanto raios de Sol dançavam por entre as folhas da árvore. Ao
invés de penetrar a pedra, os raios refletiam, criando um redemoinho
brilhante de beleza que espantava os olhos e queimavam a alma.
Era dela para guardar, se não para mantê-lo. A resposta estava ali,
segredado em seu interior, se ela ao menos soubesse para onde olhar.
De algum lugar veio o rosnar de uma besta, baixa e feroz. Ela
virou-se para isso, ao invés do contrário, a pedra protegida na mão
fechada, a outra levantada em defesa. Alguma coisa mexeu-se nos
arbustos, escondido, esperando, procurando.
Caçando.
Então ele estava ali, montado em um cavalo negro. A seu lado
havia uma espada de sombria prata, com uma grossa camada de
violência. Seus olhos cinzas eram duros granitos, e tão perigoso quanto
qualquer besta que aparecia do chão. Ele ofereceu uma mão para ela, e
havia desafio em seu vagaroso sorriso . Perigo á frente. Perigo atrás.
Ela deu um passo a frente, segurou a mão dele e deixou-o puxá-la
para cima do brilhante cavalo negro. O cavalo empinou alto relinchando.
Quando eles cavalgaram, foi velozmente. O sangue batendo em sua
cabeça não tinha nada a ver com o medo, e tudo com triunfo.
Ela acordou com o coração aos pulos e o sangue rápido. Ela estava
no escuro, no atulhado quarto de motel, com Jack balançando seu ombro
rudemente.
— O que? O que?
— O cochilo acabou. — Ele considerou beijá-la acordada,
arriscando o punho dela em seu rosto. Mas poderia ser muita distração.
— Temos lugares a ir.
— Onde? — Ela lutou para afastar o sono, e os sedosas
lembranças do sonho.
— Visitar um amigo. — Ele soltou a algema da cabeceira da cama,
prendeu em seu próprio punho, prendendo M. J. a ele.
— Você tem um amigo?
— Ah, agora ela acordou. — Ele puxou-a para fora, em uma névoa
que ainda pulsava em sua cabeça. — Entre e deslize para lá, — ele instruiu
quando abriu a porta do carro do lado do motorista.
Ela ainda estava meio grogue o suficiente para obedecer sem
questionar. Mas no momento que ela começou a funcionar, sua razão
voltou. — Olhe, Jack, essas algemas terão que sumir.
— Eu não sei, eu meio que gosto delas deste jeito. Você alguma
vez já viu aquele filme com Tony Curtis e Sidney Poitier? Grande filme.
— Não estamos fugindo em um trem aqui, Dakota. Se tivermos
uma relação de negócios, tem de haver um elemento de confiança.
— Doçura, você não confia em mim mais do que eu confio em
você. — Ele saiu do estacionamento, manteve-se no limite de velocidade.
— Olhe por este lado. — Ele levantou a mão, fazendo a dela ir junto. —
Estamos no mesmo barco. E eu poderia tê-la deixado lá atrás.
Ela afundou os dedos nos joelhos. — Por que não o fez?
— Eu pensei sobre isso, — ele admitiu. — Eu poderia me mover
mais rápido sem você junto. Mas eu prefiro manter um olho sobre você. E
se as coisas dessem errado e eu não pudesse voltar, eu odiaria que você
tivesse que explicar porque estava algemada na cama de um motel
barato.
— Muita consideração sua.
— Eu também acho. Apesar de ser sua culpa, eu estar as cegas.
Seria muito mais fácil se você preenchesse as lacunas.
— Pense nisso como um desafio.
— Oh, eu penso. Nisso e em você. — Ele olhou para ela. — O que
esse cara tem, M. J. ? Esse seu amigo para quem você se arrisca tanto?
Ela olhou pela janela, pensou em Bailey. Então colocou os
pensamentos de lado. Pensar em Bailey só trouxe de volta o medo, e o
medo escurece a mente, e faz ficar devagar. — Você não entenderia o
amor, entenderia, Jack? — sua voz soou calma, sem a força usual, e seu
olhar passou pelo rosto dele em uma vagarosa procura. — O tipo de que
não faz perguntas, não requer favores ou tem limites.
— Não. — Dentro do vazio as palavras dela trouxeram uma
pontada de inveja. — Eu diria que se você não faz perguntas ou tem
limites, você é um tolo.
— E você não é nenhum tolo.
— Dentro das circunstâncias, você deveria estar grata por eu não
ser. Eu vou tirar você disso, M. J. Então você ficará me devendo cinqüenta
mil.
— Você sabe suas prioridades, — ela disse com desdenhosa.
— Sim, dinheiro suaviza muitos baques pelo caminho. E eu diria
que antes de você me pagar nós vamos acabar na cama novamente. Só
que desta vez não iremos tirar um cochilo.
Ela virou-se para ele furiosa, ignorando o rápido excitamento em
seu estomago. — Dakota, o único jeito de acabar na cama com você é se
você me algemar novamente.
Ali estava aquele sorriso, devagar, insolente, incrivelmente
atraente. — Bem, seria interessante, não seria? — Querendo ganhar
tempo, ele virou para a interestadual, em direção ao norte. E ele se
prometeu que não apenas a levaria para cama, mas ela não iria pensar em
outro homem quando ele o fizesse.
— Você está voltando para D. C.
— Certo. Temos negócios lá. — Com luzes não bem vindas, o rosto
dele endureceu.
Ele fez uma rota alternativa, circulando, cruzando seu objetivo,
voando seu caminho de volta, até que estivesse satisfeito por nenhum
dos carros parados estivessem ocupados.
Havia transito de pedestres, também. Ele viu na segunda
passagem. Acordos estavam sendo feitos, ele pensou. E aquele tipo de
acordo mantinha as pessoas em movimento.
— Belo bairro, — ela comentou, vendo um bêbado cambalear
para fora de uma loja de bebidas com um saco de papel marrom. —
Encantador. É o seu?
— Do Ralph. Estamos a alguns quarteirões do tribunal de justiça.
— Ele passou por uma prostituta que estava bem fora da normal
passeando e se empurrando pela esquina. — Ele gosta da localização.
Era uma área, ela sabia, que até os mais destemidos taxistas
preferiam evitar. Uma área onde vida geralmente valia menos que um
cuspe na calçada, e aqueles que davam valor trancavam-se em suas casa
antes do pôr do Sol e esperava pela manhã. Aqui, o grafite subindo pelos
prédios não eram uma forma de arte. Era uma ameaça.
Ela ouviu alguém praguejando violentamente, então o som de
vidro quebrando-se. — Um homem de gosto refinado, seu amigo Ralph.
— Ex-amigo. — Ele pegou a mão dela, obrigando-a a deslizar pelo
banco quando ele desceu do carro.
— É você, Dakota? É você? — Um homem saiu das sombras da
porta de entrada. Seus olhos estavam vermelhos e cheirava a cachorro
molhado. Ele correu as costas da mão pela boca enquanto aproximava-se
em um casaco pesado que deveria estar pegando fogo no meio do verão.
— Sim, Freddie. Como vai?
— Já estive melhor. Já estive melhor, Jack, você sabe? — os olhos
dele passaram por M. J. , então continuaram. — Já estive melhor. — ele
disse novamente.
— Sim, eu sei. — Jack alcançou seu bolso da frente procurando as
notas que ele já tinha colocado ali. — Você está precisando de uma
refeição quente.
— Refeição quente. — Freddie encarava as notas, umedeceu os
lábios. — Claro, uma refeição quente, tudo bem.
— Tem visto Ralph?
— Não. — os dedos trêmulos de Freddie alcançaram as notas. Ele
piscou quando Jack continuou a segura-las. — Não, — ele repetiu. — Deve
ter fechado cedo. É um feriado, o Quatro de Julho. Merda de crianças já
arrumando os fogos de artifício. Não dá para saber se são tiros. Merda de
crianças.
— Quando foi a última vez que você viu Ralph?
— Sei lá. Ontem? — Ele olhou para Jack por aprovação. — Ontem,
provavelmente. Eu estive por aqui, mas não o vi. E a casa dele tá trancada.
— Você viu mais alguém que não é daqui?
— Ela. — Freddie apontou para M. J. e sorriu. — Ela não é daqui.
— Além dela.
— Não. Ninguém. — A voz ficou chorosa. — Eu já estive melhor,
Jack, você sabe.
— Sim, eu sei. — ele não se importou em soltar um suspiro, soltou
o dinheiro. — Vá embora, Freddie.
— Sim, ok. — E saiu rápido pela rua, virando a esquina.
— Ele não vai comprar comida, — M. J. murmurou. — Você sabe o
que ele vai comprar com aquilo.
— Você não pode salvar o mundo. Algumas vezes você não pode
nem salvar um pedacinho. Mas talvez ele não roube ninguém esta noite,
ou não leve um tiro fazendo isso. — Jack deu de ombros. — Ele está
morto desde a primeira vez que se picou com uma agulha. Não há nada
que eu possa fazer.
— Então por que você se sente tão mal sobre isso? — ela levantou
uma sobrancelha quando ele olhou para ela. — Está no seu rosto, Dakota.
— Ele tinha uma família — foi tudo o que ele disse como resposta.
— Vamos. — Ele a levou pela rua, então parou ao lado de um prédio. Para
a surpresa dela, ele tirou a algema. — Você tem mais juízo do que tentar
fugir por esse bairro. — Ele sorriu. — E eu tenho sua pedra presa no meu
carro.
— Em uma rua como essa, você terá sorte se seu carro estiver lá
quando voltarmos.
— Eles conhecem meu carro. Ninguém vai mexer com ele. —
Então ele fez uma volta, de verdade — e a fez pular quando chutou
fortemente duas vezes uma porta cinza. Ela ouviu a madeira rachando, e
pressionou os lábios em apreciação quando a porta cedeu na terceira
tentativa. — Bom trabalho.
— Obrigado. E se Ralph não mudou o código, estamos no negócio.
— Ele entrou, abriu a caixa do alarme ao lado da porta arrombada. Com
dedos rápidos ele apertou os números.
— Como você sabe o código?
— É do meu interesse saber das coisas. Vá para o lado. — Com
uma força que ela tinha que admirar, ele levantou a porta quebrada,
colocou de volta no lugar. — Ralph deveria ter escolhido a de aço. Muito
mão de vaca.
Ele ligou as luzes, olhou o pequeno lugar que estava cheio de
caixas de arquivos e cheirava a mofo. M. J. viu um rato mover-se até fugir
de vista.
— Encantador. Estou muito impressionada com os seus
associados até agora, Dakota. Esse seria o ano da folga da secretária dele?
— Ralph não tem uma secretária, também. Ele acredita em baixo
orçamentos. O escritório é por aqui.
— Mal posso esperar. — Cuidadosamente na ponta dos dedos ela
viu suas pegadas enquanto o seguia. — Isto é o que eles chamam de
arrombamento e invasão noturna, não é?
— Policiais tem um nome para tudo. — Ele parou com a mão em
uma maçaneta, olhou sobre o ombro. — Se você quer alguém que bata
educadamente na porta, você não deveria estar comigo.
— Ela levantou o braço, balançou a algema solta. — Lembra disto?
Ele apenas balançou a cabeça. — Você não deveria estar comigo,
— ele repetiu, e abriu a porta.
Ela engasgou com o ar, mas foi o único som que ela fez. Mais
tarde, ele se lembraria daquilo e apreciaria sua força e controle. A luz da
ante-sala entrou no escritório do tamanho de um closet.
Gabinetes de arquivos cinzas, jogadas e quebradas perto da
parede. Papéis jogados para fora das gavetas, jogados no chão, flutuando
sobre a mesa por causa da brisa de um ventilador elétrico.
Sangue estava por todo lado.
O cheiro embrulhou o estômago dela, a fez pressionar os dentes e
engolir a seco. Mas sua voz estava firme o suficiente quando falou.
— Esse seria Ralph?
Capítulo 5
Tinha sido um serviço bem bagunçado, Jack pensou. Se tivesse
havido alguma discussão, eles não se importaram em serem rápidos ou
limpos. Mas, não havia nenhuma razão para isso. Ralph ainda estava
amarrado na cadeira.
Ou o que tinha sobrado dele.
— Você pode esperar lá atrás, — Jack disse a ela.
— Acho que não. — Ela não era uma estranhava a violência. Uma
garota não crescia em um bar sem ver sangue derramado de vez em
quando. Mas ela nunca tinha visto algo assim. Tão realista quanto ela se
considerava, ela não tinha acreditado que era possível para um ser
humano infringir este tipo de horror a outra pessoa.
Ela manteve os olhos na parede, mas entrou ao lado dele. — O que
você acha que eles estavam atrás?
— A mesma coisa que eu. Qualquer coisa que nos leve para quem
armou isso para nós. Filho da puta estúpido. — A voz dele suavizou, com o
que poderia ser arrependimento. — Por que ele não fugiu?
— Talvez ele não tivesse tido a chance. — O estômago dela estava
acalmando, mas ela continuou pegando pequenos, golfadas de ar. — Nós
temos que ligar para a policia.
— Claro, nós ligamos 911, então esperamos e nos explicamos . Do
lado de dentro da cela. — Agachando-se, ele começou a mexer nos
papéis.
— Jack, pelo amor de Deus, o homem foi morto.
— Ele não vai estar menos morto se chamarmos a polícia, vai?
Nunca poderia imaginar Ralph tendo um sistema de arquivamento.
— Você não tem nenhum sentimento? Você o conhecia.
— Não tenho tempo para sentimentos. — E tentando se
convencer disso manteve a voz seca que saia um pouco rouca. — Pense
nisso, querida. Quem quer que tenha feito isso com ele iria adorar fazer o
mesmo jogo com você. Dê uma boa olhada, e pergunte-se se é assim que
você quer acabar. — Ele esperou por um momento, então aceitou seu
silêncio como entendimento. — Agora você pode ir para sala lá atrás e
salvar sua sensibilidade, ou você pode me ajudar procurar nesta bagunça.
Quando ela se virou, ele presumiu que ela iria embora. Que ela
talvez seguisse andando independente do bairro. Mas ela parou em uma
gaveta do arquivo, pegou uma mão cheia de papéis. — O que estou
procurando?
— Qualquer coisa.
— Isso estreita as possibilidades. E por que deveria ter sobrado
alguma coisa? Eles já estiveram aqui.
— Ele deveria ter uma cópia em algum lugar. — Jack assobiou
para os papéis. — Por que inferno ele não usava um computador como
uma pessoa normal?
Levantando-se ele foi até a mesa, abriu uma gaveta. Ele a revistou,
virou-a, checando o lado de baixo, então a jogou para o lado e arrancou
outra. Na terceira, ele encontrou um fundo falso.
Seu rápido grunhido aprovador fez M. J. virar-se para ele, vendo-o
pegar um canivete e usá-lo como pé de cabra na madeira. Desistindo de
sua própria busca, ela foi até ele. Por concordância tática com ele, ela
segurou a ponta da parte solta e a prendia enquanto ele trabalhava com o
canivete. Madeira era estilhaçada.
— Está praticamente cimentado, — ele murmurou. — E
recentemente.
— Como você sabe que é recente?
— Está limpo. Sem poeira, sem sujeira. Cuidado com os dedos.
Aqui, você pega o canivete. Deixe-me... — Eles trocaram de trabalho. Ele
arranhou os dedos, praguejou, e continuou a puxar a madeira para trás.
De uma vez ela soltou. Jack pegou o canivete de novo, cortou o adesivo
que fixava uma chave nas costas da gaveta. — Uma gaveta de depósito, —
ele murmurou. — Eu gostaria de saber o que Ralph estava guardando.
— Estação de ônibus? Estação de trem? Aeroporto? — M. J.
aproximou-se para estudar a chave. — Não tem um nome, apenas um
número.
— Eu ficaria com as duas primeiras possibilidades. Ralph não
gostava de voar, e o aeroporto é longe daqui.
— Ainda sobra muitas fechaduras em um monte de caixas, — ela
o lembrou.
— Nós vamos rastreá-la.
— Você sabe quantas gavetas de depósitos deve ter nesta área
metropolitana?
Ele girou a chave entre os dedos e deu um tênue sorriso. — Nós só
precisamos de uma. — Ele pegou a mão dela, e antes que ela percebesse
a intenção dele, ele os algemou juntos novamente.
— Oh, pelo amor de Deus, Jack.
— Apenas cobrindo as possibilidades. Vamos, temos trabalho a
fazer.
Na primeira estação de ônibus, ele retirou a algema antes de
empurrar M. J. para dentro de uma cabine telefônica, e fez uma ligação
anônima para a policia para relatar um assassinato. Então
cuidadosamente limpou o telefone. — Se eles tiverem identificador de
chamadas, — ele disse a ela, — eles vão rastrear a ligação de onde o
telefonema foi feito.
— E eu imagino que suas impressões digitais estão arquivadas.
Ele sorriu — Apenas um pequeno desentendimento sobre um jogo
de apostas na minha juventude. cinqüenta dólares e tempo de serviço.
Por que ele mudou de posição, ela estava encurralada no canto da
cabine, pressionada na parede pelo corpo dele. — Está um pouco cheio
aqui.
— Eu percebi. — Ele levantou uma mão, empurrou o cabelo dela
da têmpora. — Você foi muito bem lá. Muitas mulheres teriam ficado
histéricas.
— Eu não fico histérica.
— Não, você não fica. Então me de um tempo aqui, sim? — Ele
levantou o rosto dela. — Apenas por um minuto. — E fechou a boca sobre
a dela.
Ela poderia ter resistido. Ela tinha essa intenção. Mas era um beijo
sucinto, com a necessidade apenas mandando lembranças. Era quase
amigável, poderia ter sido amigável, se não fosse pelo corpo dele
pressionado ao dela, e o calor crescente disso.
E um fácil, quase amigável beijo não deveria fazê-la querer agarrá-
lo, segurá-lo e segurar-se fortemente. Ela comprometeu-se colocando
uma mão nas costas dele, não segurando mas também não protestando.
Não significava nada. Poderia significar nada.
— Eu quero você. — Ele murmurou as palavras contra a boca dela,
então de novo quando pressionou os lábios contra a garganta dela. — É
uma droga de hora para isso, uma droga de lugar. Mas eu quero você, M.
J. Estou tendo um trabalho danado para me afastar disso.
— Eu não vou para cama com estranhos.
— Quem está pedindo isso? — Ele levantou a cabeça, encontrou
os olhos dela. — Nós já nos deciframos, não? E você não é o tipo de
mulher que precisa de encontros elaborados e palavras chiques.
— Talvez não. — O fogo que ele tinha acendido dentro dela ainda
estava ali. — Talvez eu ainda não tenha descoberto o que eu quero.
— Então pense sobre isso. — Ele afastou-se, então pegou a mão
dela e puxou-a para fora da cabine. — Vamos checar as fechaduras. Talvez
tenhamos sorte.
Ele não tiveram. Não naquele terminal ou no outro. Era quase uma
da manhã antes que ele guardasse a chave. — Eu quero um drink.
Ela soltou um suspiro, moveu os ombros. Depois de doze horas em
um pesadelo, ela podia ver a razão dele. — Eu não recusaria um. Você
está pagando?
— Por que não?
Ele afastou-se de qualquer lugar onde ele poderia ser reconhecido
e escolheu ao invés um lugar pequeno e sujo longe da Union Station.
— Foi bom eu ter tomado minhas vacinas. — M. J. torceu o nariz
para a grudenta e pequena mesa e checou a cadeira antes de sentar-se.
— Era isso ou um bar vegetariano. Nós podemos checar na Union
Station quando tivermos um tempo. Dois do que você tiver aí, — ele falou
para a garçonete, e pegou um amendoim.
— Eu não sei como lugares como esse se mantém nos negócios.
— Com um olhar critico, M. J. estudou a atmosfera. Ar com cheiro de
cigarro, um cheiro geral de estragado, chão grudento. Coberto de cascas
de amendoim, bitucas de cigarros e algo pior. — Alguns litros de
desinfetante, uma iluminação decente, e essa pocilga iria tornar-se um
completo marco.
— Eu não acho que os clientes ligam. — Ele olhou para o homem
com cara carrancuda no bar, e a garota trabalhando. — Algumas pessoas
entram em um bar para engatarem no negócio de beber até que estejam
bêbados o suficiente para esquecer por que entraram no bar para começo
de conversa.
Ela reconheceu o comentário dele com um aceno. — Este é o tipo
que eu não quero no meu bar. Você os encontra de vez em quando, mas
eles raramente voltam. Eles não estão procurando conversa e música ou
um drink amigável com um amigo. Isso é o que eu sirvo no meu bar.
— Tal pai, tal filha.
— Você poderia dizer isso. — M. J. estreitou os olhos em
desaprovação quando a garçonete jogou as canecas na mesa. Cerveja
escorreu pela a borda. — Ela não duraria menos de cinco minutos no M. J.
´s.
— Atendentes de bar rudes tem seu próprio charme. — Jack
pegou sua cerveja e tomou um gole agradecido. — Eu falei sério sobre o
que eu disse mais cedo. — Ele sorriu quando ela estreitou os olhos. —
Sobre aquilo, também, mas eu falei sério sobre como você lidou com
aquilo. Era um ambiente pesado, M. J. , para qualquer pessoa.
— Foi a primeira vez para mim. — Ela limpou a garganta, bebeu.
— Você?
— Sim, e eu não me importo em dizer que espero que seja a
última. Ralph era um imbecil, mas ele não merecia aquilo. Eu teria que
dizer que quem fez aquilo com ele se divertiu com o trabalho. Você tem
gente muito ruim atrás de você.
— Parece que sim. — E essas pessoas, ela pensou, estariam
interessadas em Bailey e Grace. — Quanto tempo você acha que vai levar
para acharmos a fechadura que sirva para a chave?
— Não sei dizer. Conhecendo Ralph, ele não iria muito longe. Ele
escondeu a chave no escritório, não no seu apartamento, então a
probabilidade é que a caixa esteja perto.
Mas se não estivesse, poderia ser horas, até mesmo dias, antes
que a encontrassem. Ela não estava disposta a esperar tanto. Ela bebeu
outro gole da cerveja. — Eu preciso ir ao banheiro. — Quando ele
estreitou os olhos, ela escarneceu. — Quer vir comigo?
Ele a estudou por um momento, então moveu os ombros. — Seja
rápida.
Ela não correu, mas sua mente corria. Dez minutos, ela calculou.
Era tudo o que ela precisava, para sair, ir até a cabine telefônica que ela
tinha visto do lado de fora e contatar Bailey.
Ela fechou a porta do banheiro das mulheres, olhou para a mulher
vestida de preto olhando-se no espelho, então olhou para a pequena
janela que ficava no alto da parede.
— Ei, dê-me um apoio.
A mulher com um casaco perfeito de segunda mão e batom
vermelho sangue. — Um o quê?
— Vamos, seja camarada. — M. J. gesticulou para a janela. — Dê-
me um impulso, sim?
Dando um tempo, a mulher colocou a tampa do batom. —
Encontro ruim?
— O pior.
— Eu conheço o sentimento. — Ela virou-se em saltos altos. —
Você realmente acha que pode espremer-se por ali? Você é magrinha,
mas vai ser apertado.
— Eu consigo.
A mulher deu de ombros, colocou um perfume muito doce e
juntou as mãos. — Se você acha.
M. J. colocou um pé no amparo e impulsionou-se para cima até
que seus braços estivessem no peitoril. Uma rápida contorção e ela estava
a meio corpo. — Apenas um pequeno empurrão.
— Sem problema. — Entrando no espírito, a mulher colocou as
duas mãos na bunda de M. J. e empurrou. — Desculpe, — ela disse
quando M. J. bateu a cabeça na janela e praguejou.
— Tudo bem. Obrigada. — Ela contorceu-se, grunhiu, torceu-se e
forçou-se pela janela. Cabeça, então ombros. Pegando fôlego, tentando
não se imaginar entalada na janela, ela fez seu caminho pela janela com
apenas um rápido balançar de quadris.
— Bom para você, querida.
M. J. permaneceu de quatro tempo suficiente de lançar um sorriso
para sua assistente. Então estava do lado de fora e correndo. Ela
mergulhou a mão na bolso enquanto procurava por moedas que sempre
carregava ali.
Ela podia ouvir a voz da mãe. Nunca saia de casa sem dinheiro
para um telefonema no bolso. Você nunca sabe quando vai precisar.
— Obrigada, mamãe, — ela murmurou, e alcançou a cabine
telefônica em uma louca corrida. — Esteja lá, esteja lá, — ela sussurrava,
colocando a moeda, discando os números.
Ela escutou a voz calma, fria de Bailey que atendeu no segundo
toque e praguejou quando reconheceu a mensagem da secretária
eletrônica.
— Onde você está, onde você está? — Ela entrou em pânico,
tomou fôlego. — Bailey, escute, — ela começou, no instante depois do
bipe. — Eu não sei que inferno está acontecendo, mas estamos em
apuros. Não fique aí, ele pode voltar. Estou em uma cabine telefônica
perto de...
— Sua idiota. — Jack a alcançou, agarrou seu braço.
— Tire as mãos, seu filho da puta. Bailey... — Mas ele já tinha
desligado.
Usando o confinamento da cabine em sua vantagem, ele a virou e
prendeu as algemas para que seus braços ficassem seguros. Então ele
simplesmente levantou-a e jogou-a sobre o ombro.
Ele a deixou-a blasfemar, chutar, e a tinha jogado dentro do carro
antes que um Bom Samaritano pudesse se interessar. As ameaças e
promessas dela jorravam nele enquanto ele arrancava pelas ruas.
— Tanto por confiança. — E onde não havia confiança, ele
pensou, deveria haver provas. Cautelosamente, ele curvou-se, verificando
a área até que encontrou um estreito beco meia quadra de distância da
cabine telefônica . Foi até lá, desligou os faróis e o motor.
Inclinando-se, ele colocou uma mão ao redor do pescoço dela,
puxou-a o rosto dela para perto. — Você quer ver onde seu telefonema
poderia ter nos levado? Apenas sente-se reta.
— Tire suas mãos de mim.
— Neste momento, ter minhas mãos em você é a menor das
minhas preocupações. Apenas fique quieta. E espere.
Quando o aperto dele afroxou-se, ela afastou-se. — Esperar pelo
que?
— Não deve demorar muito. — E, no escuro, ele observava a rua.
Levou menos de cinco minutos. Neste momento, um pouco mais
de quinze desde o telefonema. A van apareceu na curva. Dois homens
saíram. — Os reconhece?
Claro que ela reconhecia. Ela os tinha visto pela manhã. Um deles
tinha arrombado sua porta. O outro tinha atirado nela. Com um tremor,
ela fechou os olhos. Eles rastrearam a ligação da linha de Bailey, ela
percebeu.
Rastreado rápido e eficientemente. E se Jack não tivesse agido
rápido, eles poderiam tê-la pego tão rapidamente e tão eficientemente.
O menor dos dois homens entrou no bar enquanto o outro foi até
a cabine telefônica, observou a rua, uma mão descansando dentro da
jaqueta.
— Ele vai passar uma grana para o atendente do bar para ver se
você esteve ali, se você estava sozinha, quanto tempo você foi embora.
Eles não vão ficar muito tempo. Eles vão descobrir que você ainda está
comigo, então irão procurar pelo carro . Nós não poderemos usá-lo por
aqui esta noite.
Ela não disse nada enquanto o segundo homem voltava, juntando-
se ao primeiro. Eles pareciam discutir algo, argumentando rapidamente, e
então voltaram para a van. Desta vez eles não arrancaram pela rua, eles
voaram.
Ela permaneceu em silêncio por mais um momento, continuou a
olhar para frente. — Você estava certo, — ela disse finalmente. — Sinto
muito.
— Desculpe-me? Eu acho que não ouvi.
— Você estava certo. — Ela teve que engolir quando se encontrou
perto das lágrimas. — Sinto muito.
Ouvir o choro na voz na voz dela apenas aumentou a raiva dele. —
Poupe-se, — ele disse, e ligou o motor. — Na próxima vez que quiser
cometer suicídio, apenas tenha certeza que eu estou fora do alcance.
— Eu precisava tentar. Eu não poderia não tentar. Eu achei que
você estava exagerando, ou apenas me pressionando. Eu estava errada.
Quantas vezes você quer que eu diga?
— Eu não decidi. Se você começar a choramingar, eu realmente
ficarei P da vida.
— Eu não choramingo. — Mas ela queria. As lágrimas estavam
queimando em sua garganta . Custou tanto para engoli-las quanto
custaria para deixá-las rolar. Ela tratou de se acalmar enquanto ele dirigia
para fora da cidade e seguia para a deserta estrada em Virginia. As luzes
da cidade dando lugar para o escuro confortador.
— Ninguém está nos seguindo, — ela disse.
— Isso é porque eu sou bom, não porque você não é estúpida.
— Larga do meu pé.
— Se eu sentasse lá por mais cinco minutos esperando por você,
eu poderia estar tão morto quanto Ralph neste momento. Então se
considere com sorte por eu não jogá-la na estrada e fazer meu caminho
para o México.
— Por que não o faz?
— Eu tenho um investimento. — Ele viu o olhar, o brilho dos olhos
molhados, e cerrou os dentes. — Não olhe para mim assim. Deixa-me
realmente bravo.
Praguejando, ele parou o carro . Pegando a chave do bolso, ele
soltou as mãos dela, então saiu do carro para movimentar-se. Por que
inferno ele estava enroscado com essa mulher? Ele perguntou-se. Por que
ele não saiu da história? Por que ele não saia agora? México não era um
lugar tão ruim. Ele poderia arranjar um bom lugar na praia, deitar-se ao
Sol e esperar toda esta poeira baixar. Nada o estava impedindo.
Então ela saiu do carro, falou calmamente. — Meu amigo está em
apuros.
— Eu não dou a mínima para seu amigo. — Ele precipitou-se na
direção dela. — Eu me importo comigo. E talvez eu me importe um pouco
com você, sabe Deus por que, por que você tem sido um tormento desde
que eu vi você subir aquelas escadas do seu apartamento.
— Eu dormirei com você.
Isso quebrou o mínimo controle. — O que?
Ela endireitou os ombros. — Eu dormirei com você. Eu farei o que
você quiser, se você me ajudar.
Ele a encarou, o jeito que o luar banhava os cabelos dela, e o jeito
que os olhos dela continuavam a brilhar. E a queria enlouquecida. Mas
não em uma troca.
— Oh, isso é bom. — A voz dele saía amarga. — Isso é
maravilhoso. Eu nem terei que amarrá-la as drogas da linha do trem. —
Ele foi até ela, agarrou-a e sacudiu-a. — Por que merda você me toma?
— Eu não sei.
— Eu não uso mulheres, — ele disse por entre dentes. — E
quando eu levo uma para cama, é uma rua de mão dupla. Então obrigado
pela oferta, mas eu não estou interessado no supremo sacrifício. — Ele a
soltou, voltou-se para o carro. Fúria o vez voltar-se para ela. — Você acha
que seu amigo apreciaria o gesto se ele descobrisse que você dormiu
comigo para ajudá-lo?
Ela respirou fundo, segurou o ar. A profundidade do insulto dele
tinha tido a capacidade de ganhar a confiança dela além que qualquer
promessa ou juramento poderia ter conseguido. — Não. Isso não iria me
impedir, mas não, não apreciaria. — Ela foi na direção dele, parando
somente quando estavam a um braço de distância. — O nome do meu
amigo é Bailey James. Ela é uma especialista em pedras preciosas.
Ele reconheceu o nome do jornal. Mas o pronome foi a peça mais
vital da informação para ele. — Ela?
— Sim, ela. Nós fomos para a faculdade juntas, moramos juntas.
Uma das razões por eu morar em D. C. é por causa de Bailey, e Grace. Ela
morava conosco. Elas são as amigas mais próximas que tenho, que já tive.
Estou com medo por elas, e eu preciso da sua ajuda.
— Bailey é a que mandou a pedra para você?
— Sim, e ela não o teria feito se não tivesse uma boa razão. Eu
acho que ela pode ter mandado a terceira para Grace. Seria o tipo de
lógica que combinaria com Bailey. Ela faz muitas consultorias no
Smithsonian.
Subitamente cansada, M. J. esfregou os olhos. — Eu não a vejo
desde Quarta-feira á tarde. Nós deveríamos nos encontrar á noite no pub.
Eu coloquei um bilhete em baixo da porta dela para marcar o horário com
ela. Eu trabalho muito à noite, ela trabalha de dia, então mesmo vivendo
de frente para a outra, nós passamos muitos bilhetes em baixo das portas.
E ultimamente, desde que ela conseguiu o trabalho com as Três Estrelas
para o Smithsonian, ela tem usado muito tempo extra. Eu não achei nada
estranho quando não a vi por alguns dias.
— E Sexta-feira você recebeu o pacote.
— Sim. Eu logo liguei para o trabalho dela, mas só consegui a
secretária eletrônica. Eles estavam fechados até Quinta-feira. Eu esqueci
que ela tinha me dito que fechariam pelo final de semana prolongado,
mas que ela trabalharia durante esse tempo. Fui lá, mas o lugar estava
trancado. Liguei para Grace, caiu na secretária eletrônica. Neste
momento, eu estava irritada com as duas. Eu imaginei que eu deveria
presumir que Bailey tinha suas razões e me diria depois. Então fui
trabalhar. Eu apenas fui trabalhar.
— Não há razão em ficar se culpando. Você não tinha muita
escolha.
— Eu tenho a chave do apartamento dela. Eu poderia ter usado.
Nós temos um arranjo de privacidade, e é por isso que passamos bilhetes.
Eu não usei a chave por hábito. — Ela soltou o ar. — Mas ela não atendeu
o telefone agora, quando eu liguei do lado de fora do bar, e era duas
horas da manhã. Bailey é certinha, ela não fica fora as duas da manhã,
mas ela não atendeu o telefone. E eu estou com medo. O que eles fizeram
com o homem... Estou com medo por ela.
Ele colocou as mãos nos ombros dela, e desta vez foram gentis. —
Só há uma coisa a fazer. — Por que ele achou que talvez ela precisasse,
ele pressionou um beijo na sobrancelha dela. — Nós vamos checar.
Ela soltou o ar novamente em um soluço tremulo. — Obrigada.
— Mas dessa vez você vai ter que confiar em mim.
— Desta vez eu vou confiar.
Ele abriu a porta, esperou que ela entrasse. — O outro amigo que
você estava falando, o ele?
Ela afastou o cabelo, olhou para cima. — Não há nenhum ele.
Então ele inclinou-se, capturou a boca dela em um longo,
profundo beijo. — Vai haver.
Ele fez uma tentativa, voltou primeiro para a Union Station. Eles
estariam procurando por seu carro, verdade. Mas ele pretendia ser
rápido.
Estações de ônibus e trens eram muito parecidas no meio da noite,
ele pensou. As pessoas curvavam-se nas cadeiras ou deitavam-se em
cobertores mas não eram todos que esperavam por transporte. Alguns
deles apenas não tinham para onde ir.
— Continue andando, — ele disse a M. J. — E continue atenta. Eu
não quero ser encurralado aqui.
Ela ponderava, enquanto o seguia, por que tais lugares cheiravam
a desesperança nas primeiras horas da manhã. Não havia a excitação, o
barulho, a antecipação do ir e vir, tão evidente durante a luz do dia. Esses
que viajavam a noite, ou procuravam um canto seco para dormir, estavam
geralmente atrás de esperança.
— Você disse que íamos checar Bailey.
— Assim que terminar aqui. — Ele seguiu direto para as gavetas
de depósitos, fez uma rápida busca. — Algumas vezes você tem sorte, —
ele murmurou, e combinando números, deslizou a chave em uma
fechadura.
M. J. inclinou-se por sobre o ombro dele. — O que tem aí?
— Pare de respirar no meu pescoço e eu vou ver. Cópias da
papelada sobre você, — ele disse, e entregou a ela. — Lembrança para
você.
— Puxa, obrigada. Eu realmente vou querer uma lembrança da
nossa pequena viagem juntos.
Mas ela enfiou-os dentro da bolsa depois de uma olhada. O
interesse dela aumentou quando Jack tirou um pequeno caderno preto de
couro falso. — Esse parece mais promissor.
— Onde está seu dinheiro para necessidade? — Jack ponderou,
profundamente desapontado por não achar nenhum dinheiro quando ele
colocou a mão uma última vez dentro da gaveta. — Ele mantinha algum
aqui se ele precisasse pegar um trem depressa.
— Talvez ele já tivesse pegado.
Ele abriu a boca para discordar, então a fechou. — Sim, você tem
razão. Ele poderia querer mate-lo próximo para uma fuga rápida. —
Sobrancelhas juntas, ele olhou o caderno. — Nomes, números.
— Endereços? Números de telefone? — Ela perguntou, esticando
o pescoço para tentar ver.
— Não. Quantias, datas. Pagamentos, — ele decidiu. — Para mim
parece que Ralph estava fazendo um pouco de chantagem escondido.
— Complicado, seu amigo Ralph.
— Ex- amigo, — Jack disse automaticamente, antes de lembrar-se
que era literalmente verdade. — Muito ex, — ele murmurou. — Se isso
tivesse vazado, ele teria perdido mais do que seu negócio. Ele estaria
passando um tempo preso.
— Você acha que alguém estava chantageando o chantageador?
— Precede. E nem todo mundo coloca o braço por dinheiro. — Ele
balançou a cabeça. De acordo com o caderno, Ralph tinha feito mais do
que uma decente renda com sua informação. — Mas algumas vezes eles
recorrem ao sangue.
— O que isso serviu para nós? — M. J. perguntou.
— Não muito. — Ele colocou o caderno no bolso, olhou o terminal
novamente. — Mas alguém que Ralph estava apertando apertou de volta.
Ou, mais provável, alguém que sabia do projeto escondido de Ralph
guardou a informação até que fosse útil.
— Então o matou, — M. J. completou enquanto seu estomago
revirava. — Quem quer que fez isso não está apenas conectado ao
caderno, ou Ralph. Eles conectados a Bailey pelas pedras. Eu tenho que
encontrá-la.
— Próxima parada, — ele disse, e pegou a mão dela na dele.
Capítulo 6
M. J. compreendeu o risco, e preparou-se para não argumentar
qualquer instrução de Jack. Ela não faria perguntas . Era a área dele
trabalho, afinal, e ela precisava de um profissional.
Essa promessa durou menos de trinta minutos.
— Por que você está apenas dando voltas? — ela perguntou. —
Você deveria ter virado a esquerda naquela última esquina. Você
esqueceu como chegar lá?
— Não, eu não esqueci como chegar lá. Eu não esqueço como
chegar em qualquer lugar.
Ela rolou os olhos na direção dele. — Bem, se você tem um mapa
na cabeça, você acabou de fazer a curva errada.
— Não, eu não fiz.
Homens, ela pensou em um suspiro. — Eu estou dizendo — eu
moro aqui. O apartamento fica a três quadras daqui.
Ele disse a si mesmo para ser paciente com ela. Ela estava sob
muito estresse, eles colocaram os dois em um longo, e duro dia.
Suas boas intenções fugiram para o mesmo lugar que a promessa
de M. J. tinha ido.
— Eu sei onde você mora, — ele disse rispidamente. — Eu fiquei
de vigilância no seu apartamento por duas horas enquanto você estava
fazendo compras.
— Eu não estava fazendo compras. Eu estava comprando, e isso é
totalmente diferente. E você ainda não respondeu minha simples
pergunta.
— Você alguma vez cala a boca?
— E você é alguma vez algo além de grosso?
Ele parou no sinal, pressionou os dedos no volante. — Você quer
saber por que estou dando voltas, eu vou dizer por que estou ando voltas.
Porque há dois homens armados em uma van procurando por nós,
especificamente este carro, e se eles estiverem na área, eu quero vê-los
antes que eles nos vejam. E a razão para isso é, que eu prefiro não levar
um tiro esta noite. Está suficientemente claro?
Ela cruzou os braços no peito. — Por que você não disse isso logo?
A resposta dele foi abafada quando ele voltou a dirigir. Ele dirigiu
por meio quarteirão, então parou na curva, desligou o motor.
— Por que você está parando aqui? Estamos alguns quarteirões
de distância. Olhe, Jack, se a sua testosterona está baixa e você estiver
perdido, eu não vou usar isso contra você. Eu posso...
— Eu não estou perdido. — Ele colocou as duas mãos no cabelo, e
estava tentado a puxá-los. — Eu nunca fico perdido. Eu sei o que estou
fazendo. — Ele aproximou-se, abriu o porta luvas.
— Bem, então, por que...
— Nós vamos a pé, — ele disse a ela, e agarrou uma lanterna e
um . 38. Ele fez questão que ela visse a arma e checou o tambor. Ela mal
piscou para isso.
— Isso não faz o menor sentido. Se nós temos...
— Estamos fazendo isso a minha maneira.
— Oh, grande surpresa. Estou apenas perguntando...
— Eu estou cansado e responder, realmente cansado de
responder. — Mas ele suspirou. — Nós vamos cortar por esta rua, então
por entre aqueles dois jardins, ao redor do prédio no próximo quarteirão,
então por ali até atrás do apartamento. Nós vamos a pé porque será mais
difícil ser encontrado se eles estiverem vigiando o apartamento.
Ela pensou a respeito, considerou os ângulos, então acenou. —
Bem, faz sentido.
— Obrigado, muito obrigado. — Ele agarrou a bolsa dela,
enquanto ela gaguejava um chocado protesto, esvaziou a carteira.
— O que diabos você acha que está fazendo? Esse é o meu
dinheiro. — Ela agarrou a carteira vazia enquanto ele enfiava as notas no
bolso, então arregalou os olhos quando ele pegou o diamante e
empurrou-o juntos das notas de dinheiro. — Dê-me isso. Você está louco?
Ela tentou pegar. Jack simplesmente empurrou-a de volta sentada
contra o assento, segurou-a no lugar e, arriscando outro lábio sangrento,
amassou a boca contra o dela. Ela contorceu-se, murmurou o que ele
presumiu serem promessas, acertou o punho contra o quadril dele.
Então ela decidiu cooperar.
E a cooperação dela, quente, ávida, era muito mais difícil de
resistir do que seus protestos. Ele se perdeu nela por um momento,
experimentando o choque de ser incapaz de fazer qualquer outra coisa.
Foi como a primeira vez. Consumidor. O pensamento circulava na
mente dele como se estivesse esperando a vida toda para pressionar a
boca contra a dela.
Simples assim. Assim amedrontador.
O punho que ela tinha usado relaxou, e seus dedos deslizaram por
trás das costas dele, segurou-se possessivamente em seu ombro. Meu, ela
pensou.
Fácil assim. Assim titubeante.
Quando ele afastou-se, eles se entreolharam na parca luz, dois
cabeças duras que tiveram seus mundos jogados de pernas para o ar. A
mão dela ainda estava no ombro dele, e a dele no dela.
— Por que você fez isso? — ela perguntou
— Basicamente para fazer você calar a boca. — Sua mão subia do
ombro dela para o cabelo. — Isso mudou.
Bem devagar, ela concordou. — Sim, mudou.
Ele tinha uma forte urgência em puxá-la para o banco traseiro e
brincar de adolescente. A idéia quase o fez sorrir. — Eu não posso pensar
sobre isso agora.
— Não, nem eu.
A mão que estava no cabelo dela moveu-se e, em um gesto
surpreendentemente doce, laçou os dedos com os dela. — Nós vamos
fazer mais do que pensar sobre isso mais tarde.
— Sim. — Os lábios dela curvaram-se um pouco. — Eu acho que
vamos.
— Vamos. Não, não leve a bolsa. — Quando ela abriu a boca para
argumentar, ele simplesmente pegou-a, jogou-a para o banco traseiro. —
M. J. , essa coisa pesa uma tonelada. Talvez tenhamos que andar
depressa. Estou levando o dinheiro, e a pedra, porque eles talvez
encontrem o carro, ou talvez não voltemos para ele.
— Tudo bem. — Ela saiu, esperou por ele na calçada. Olhou
rapidamente para a arma que ele tinha no coldre no ombro. — Eu sei que
é arriscado. Eu tenho que fazê-lo, Jack.
Ele pegou a mão dela novamente. — Então vamos fazer isso.
Eles seguiram o caminho que ele tinha mapeado, passando por
jardins, um cachorro latiu para eles. A lua estava aparecendo, um pedaço
brilhante que iluminava o caminho deles.
Ele teve um momento em que tinha desejado intensamente que
ela tivesse mudado a camiseta branca. Brilhava na luz fraca, como uma
bandeira. Mas ela era ágil, com quietos, e longos passos. Ele já sabia que
ela poderia correr se necessário. Ele tinha que estar satisfeito com isso.
— Você tem que fazer o que eu digo, — ele começou, mantendo a
voz baixa enquanto circulavam a parte de trás do prédio. — Eu sei que vai
contra sua vontade, mas você vai ter que engolir. Se eu disser para você
mexer-se, mexa-se. Se eu disser para você correr, corra. Sem perguntas,
sem argumentos.
— Eu não sou estúpida. Eu só gosto de saber as razões.
— Desta vez você só faz o que eu disser, e discutiremos minhas
razões depois.
Ela lutou para dar o passo. — O carro dela está aqui, — ela disse
cuidadosamente. — O pequeno branco compacto.
— Ok, então talvez ela está em casa. — Ou, ele pensou, não foi
capaz de dirigir. Mas ele não achava que aquilo era o que M. J. precisava
ouvir. — Vamos pelos lados, pela porta de incêndio, faremos o caminho
pelas escadas. Sem barulho, M. J. , sem conversa.
— Ok.
Seus olhos já estavam na janela de Bailey enquanto eles se
apressavam para a porta lateral. A janela estava escura, as cortinas
puxadas. Bailey deixava as cortinas abertas, era tudo o que ela pensava.
Bailey gostava de olhar para fora das janelas e raramente fechava sua
vista.
Eles entraram como sombras e, com Jack a meio passo de
liderança, andaram quietos para as escadas. A luz de segurança ligou,
iluminado o corredor e a escada. Jack olhou para a porta da frente,
mantendo-se na lateral. Se alguém estava vigiando, ele pensou, eles
seriam vistos facilmente a luz. Era uma risco que eles tinham que correr.
Enquanto subiam as escadas, ele procurava por qualquer som,
qualquer movimento. Era tão tarde e tão cedo. O prédio estava dormindo.
Não havia nem um murmúrio de uma TV ligada até tarde atrás de
qualquer porta que eles passavam pelo segundo andar.
Quando eles alcançaram o terceiro andar, M. J. fez seu primeiro
som, apenas um rápido suspiro, instantaneamente camuflado. Havia uma
faixa da policia na sua porta.
— Sua vizinha de pantufa de coelhinho chamou a policia, — Jack
murmurou. — Provavelmente estão procurando por você, também. — Ele
estendeu a mão. — Chave?
Ela virou-se, manteve os olhos na porta de Bailey enquanto
colocava a mão no bolso, entregou para ele. Ele gesticulou para ela ir para
perto da escada para dar tempo de correr, pegou a arma, então
destrancou a porta.
Mantendo-se devagar, ele usou a luz para vasculhar, não viu
movimento. Usou a mão para manter M. J. no lugar, ele entrou. O que ele
viu o fez decidir que não havia ninguém ali, mas ele queria checar o
quarto, a cozinha, antes que M. J. juntasse a ele.
Ele deu o primeiro passo quando ela soluçou, sem disfarçar dessa
vez, o fez virar-se.
— Fique aí, — ele ordenou. — Fique quieta.
— Oh, Deus. Bailey. — Ela olhou para o quarto, lançando-se sobre
almofadas rasgadas, cadeiras reviradas como um obstáculos fazendo
marcas.
Ele alcançou a porta um passo antes, empurrou-a rudemente do
caminho. — Segure-se, merda, — Ele sibilou, então abriu a porta. — Ela
não está aqui, — ele disse um momento depois. — Vá para perto da porta
da frente, tranque-a.
Com pernas trêmulas, ela voltou, fazendo o caminho pela
destruição da sala. Ela fechou a porta, trancou-a, então se inclinou para
trás fracamente.
— O que eles fizeram com ela, Jack? Oh, Deus, o que eles fizeram
com ela?
— Sente-se. Deixe-me olhar.
Ela pressionou os olhos com força, lutou por controle. Imagens
flutuavam em sua cabeça. Ela e Grace sentadas na sombra de uma árvore
enquanto Bailey alegremente procurava por pedras. A três rindo como
bobas até tarde com uma garrafa de vinho. Bailey, uma suave mecha loira
caindo sobre a face, contemplando um par de sapatos italianos na
prateleira de uma loja.
— Eu irei ajudar, — ela disse, e soltou o ar. — Eu posso ajudar.
Sim, ele pensou, olhando-a endireitar o corpo, os ombros
erguidos, ela provavelmente poderia. — Ok, você tem que ficar quieta, e
ser rápida . Não podemos arriscar as luzes, ou muito tempo.
Ele vasculhou o quarto. Conteúdos de gavetas e armários tinham
sido jogados e espalhados. Algumas coisas quebradas. As almofadas,
colchão, até mesmo as costas das cadeiras, foram cortadas então parecia
que uma avalanche de destruição tinha passado.
— Você não vai ser capaz de dizer se alguma coisa está faltando
nessa bagunça. — Ele circulou a superfície dos estragos e calculou que a
mulher tinha perdido muitas coisas. — Mas eu posso te dizer, eu não acho
que sua amiga estava aqui quando isso aconteceu.
M. J. pressionou uma mão contra o coração, como que para
segurar a esperança. — Por que?
— Isso não foi uma luta, M. J. Foi uma busca, uma rápida,
bagunçado e principalmente quieta busca. Eu diria que tenho uma boa
idéia do que eles estavam procurando. Se eles encontraram ou não...
— Ela o tem com ela, — M. J. disse rapidamente. — O bilhete dela
era muito claro que eu deveria manter a pedra comigo. Ela deve manter a
dela com ela.
— Se isso é verdade, então as probabilidades são que ainda está
com ela. Ela não estava aqui, — ele repetiu, usando a luz na sala. — Ela
não lutou aqui, ela não foi machucada aqui. Não há sangue.
Os joelhos dela tremeram novamente. — Sem sangue. — E ela
pressionou a mão na boca para abafar um soluço de alivio. — Ok, ela está
bem. Ela se escondeu, do mesmo jeito que nós.
— Se ela é tão esperta como você diz, é exatamente o que ela fez.
— Ela é esperta o suficiente para correr se ela tivesse que correr.
— Ajudou olhar para aquele lugar com um olhar mais cuidadoso. — Ela
não tem o carro, então ela está a pé ou usando transporte público. — E
M. J. apertou-se a esse pensamento. — Ela não conhece as ruas, Jack. Ela
não conhece as manhas. Bailey é brilhante, mas é ingênua. Ela confia
facilmente, gosta de acreditar no melhor das pessoas. Ela é doce, — M. J.
acrescentou, com um pequeno tremor.
— Ela deve ter aprendido algo com você. — Ele apreciou o fato de
ela poder sorrir com isso, mesmo que um pequeno sorriso. — Vamos dar
uma olhada por essas coisas, ver se achamos algo. Cheque as roupas dela
— você provavelmente pode dizer se ela pegou alguma coisa.
— Ela tem um kit de viagem, cheio de coisas. Ela não vai a lugar
nenhum sem ele.
Pasmada com o simples, os fatos cotidianos, M. J. foi até o
banheiro para checar o estreito armário. Mesmo ali itens tinham sido
vasculhados, as prateleiras jogadas, potes abertos e esvaziados. Mas ela
encontrou o kit, aberto e vazio no chão, reconheceu várias coisas — a
escova de dente de viagem, escova de cabelo dobrável, shampoo e
sabonetes em tamanho de viagem.
— Está aqui. — Ela foi para o quarto, fez o melhor para fazer um
inventário das roupas. — Eu não acho que ela pegou algo. Está faltando
um terninho. É quase novo, pelo que eu lembro. Um simples de seda azul.
Talvez ela o esteja usando. Merda, sapatos e bolsas, eu não sei. Ela os
coleciona como selos.
— Ela mantém algum guardado por aqui?
Insultada, ela virou a cabeça. — Bailey não usa drogas.
— Não drogas. — Paciência, ele disse a si mesmo, e olhou para o
teto. — Você com certeza tem um opinião sobre mim, doçura. Dinheiro,
grana.
— Oh. — Ela levantou-se. — Desculpe. Sim, ela guardava algum
dinheiro. — A aborreceu um pouco, mas o levou até a cozinha. — Cara,
ela vai odiar ver isso. Ela realmente gosta das coisa em ordem. É um tipo
de obsessão para ela . E a sua cozinha. — Ela chutou algumas latas,
escorregou um pouco com a farinha e açúcar e café que tinha sido
espalhado no chão. — Seria difícil encontrar uma migalha de torrada.
— Eu acho que temos problemas maiores do que serviços
domésticos.
— Certo. — Ela abaixou-se, mexendo em uma lata de sopa. — É
um daqueles cofrinhos falsos, — ela explicou, e mexeu na tampa. — Ela
não levou seu dinheiro de emergência, também. — E havia alívio nisso. —
Ela provavelmente não esteve aqui desde... Ei! — Ela puxou a lata de
volta, mas ele já tinha pego o dinheiro. — Coloca isso de volta.
— Escute, não podemos arriscar e usar dinheiro de plástico, então
precisamos de dinheiro. Dinheiro vivo. — Ele colocou o maço no bolso. —
Você pode pagar para ela depois.
— Eu posso? Você que pegou.
— Detalhes, — ele murmurou, agarrando a mão dela. — Vamos.
Não há nada aqui, e estamos abusando da sorte.
— Eu poderia deixar um bilhete, em caso de ela voltar. Pare de me
puxar.
— Ela pode não ser a única a voltar. — Ele a puxou pela porta e
continuou puxando pelas escadas.
— Eu preciso saber algo sobre Grace.
— Uma amiga de cada vez, M. J. Nós vamos sair do caminho por
um tempo.
— Eu poderia ligar para ela, no meu telefone, ou no seu celular.
Jack, se Bailey e eu estamos no meio disso, Grace está, também.
— Viajam como um pacote, não é?
— E daí? — Ela apressou-se para a porta lateral com ele, cheia de
nova preocupação. — Eu tenho que contatá-la. Ela tem um lugar em
Potomac. Eu não acho que ela está lá. Eu acho que ela em sua casa no
interior, mas...
— Quieta. — Ele abriu a porta, olhou o estacionamento, o bairro
adormecido . Tinha sido tranqüilo e fácil até agora. Tranqüilidade e
facilidade o deixava atento, — Fale baixo até estarmos lá fora, sim? Deus,
você tem uma boca.
Ela rosnou com isso enquanto ele a puxava para o lado de fora e
começava a voltar. — Eu não sei qual é o problema. Quem estava
procurando por Bailey e o diamante já esteve aqui e foi embora.
— Não significa que eles não irão voltar. — Ele pegou o brilho da
lua no cromo da van no momento quando esta entrou no
estacionamento. — Algumas vezes eu odeio estar certo. Vai! — ele gritou,
empurrando-a na frente dele.
Ele virou-se para proteger as costas dela, tentou uma rápida prece
para que eles ainda não os tivessem visto. E decidiu que Deus estava
ocupado no momento, quando as portas abriram. A arma estava na mão
dele, o primeiro tiro foi dado, antes de ele olhar ao redor e segui-la
Ele esperava que o único tiro desse algo aos seus perseguidores a
considerar. — Eu disse vai! — ele rosnou quando a puxou para baixo.
— Eu ouvi um tiro. Eu pensei...
— Não pense. Corra. — Ele agarrou a mão dela para ter certeza
que ela o faria, e ficou agradecido ao perceber que ela não tinha
problema para acompanhá-lo.
Eles atravessaram jardins, e desta vez o cachorro teve um aguçado
interesse, dando um uivo selvagem que os acompanhou por quarteirões .
A luz da lua brilhava na frente deles. A pesar de ele não ouvir nenhum
passo seguindo-os, Jack não diminuiu o passo enquanto circulavam um
prédio, viravam a esquina.
Ele deu um tempo para vasculhar a rua, então saírem correndo. —
Para dentro — foi tudo o que ele disse enquanto corria para o lado do
motorista. Ele não precisava ter se preocupado com a ordem. M. J. já
estava abrindo a porta e afundando-se no seu assento. — Eles não vieram
atrás de nós, — ela disse. — Isso é ruim. Eles deveriam ter vindo atrás de
nós.
— Você pega rápido. — Ele virou a chave, ligou o motor e
arrancou pela rua no momento que a van aparecia na esquina. — Agarre-
se em alguma coisa.
Apesar de ela não ter acreditado ser possível, ele desviou do carro
grande com uma curva em U, dirigindo em duas rodas sobre a curva
oposta. Seu pára-choque beijou suavemente o pára-lama de um sedã, e
então ele estava arrancando pelas ruas calmas do subúrbio.
Ela vez a primeira curva com a van uns três comprimentos atrás. —
Você sabe como usar uma arma?
M. J. pegou-a do banco. — Sim.
— Vamos esperar que você não tenha que fazê-lo. Coloque o
cinto, se você conseguir, — ele sugeriu, enquanto jogava o Olds ao redor
de outra curva. O cotovelo de M. J. raspou contra o painel. — E não
aponte esta coisa nessa direção.
— Eu sei como lidar com uma arma. — Dentes cerrados, ela
colocou o cinto e olhou pela janela traseira. — Apenas dirija. Eles estão se
aproximando.
Jack focou o olhar na visão traseira, pisando nos freios,
acelerando, usando os pneus até que eles cantassem. O desafio disso, a
velocidade, a insanidade, o fez sorrir.
— Eu gosto de fazer isso com a música. — E ligou o rádio no
máximo.
— Você é louco. — Mas ela se encontrou sorrindo loucamente
para ele. — Eles querem nos matar.
— Pessoas no inferno querem sorvete de casquinha. — Ele
aumentou a velocidade. — Essa lata pode não parecer muito, mas ela se
move.
— A van também. Você não está nem balançando-os.
— Eu ainda não comecei. — Ele fez seu caminho rápido, esquerda,
direita, então passou despreocupadamente pelo sinal vermelho. O
trânsito estava disperso, mesmo quando eles foram para o centro da
cidade. — Esse é o problema de D. C. , — ele comentou. — Sem vida
noturna. políticos e embaixadores.
— Tem dignidade.
— Sim, tá bom. — Ele brigou com o carro em uma curva, e
começou a viajar rápido por ruas estreitas e circulares. Ele escutou o silvo
de metal contra metal quando uma bala atingiu o pára-lama traseiro.
— Agora eles estão ficando desagradáveis.
— Eu acho que eles estão tentando furar os pneus.
— Eu acabei de comprar esses bebês. — Velhos ou novos, se uma
bala atingisse borracha, o jogo tinha acabado. M. J. respirou fundo,
segurou, então saiu o corpo até a cintura pela janela e atirou.
— Você está louca? — O coração dele pulou para a garganta e
quase o fez bater em um poste de luz. — Coloque sua cabeça de volta
aqui antes que eles a explodam.
Olhos severos, muito elétrica para ter medo, ela atirou de novo. —
Dois podem jogar. — Com o terceiro tiro, ela acertou o farol. O vidro
estilhaçado aumentou a adrenalina dela. Mal importava que ela estava
mirando o pára-brisa. — Eu o acertei.
Com um impensado rosnado, Jack agarrou o jeans dela e a puxou
para dentro, as mãos dele tremeram no volante do carro. — Quem você
acha que é, Bonnie Parker?
— Eles recuaram.
— Não, eles não recuaram. Eu os estou despistando. Deixe-me
cuidar disso, sim?
Ele virou, seguiu em frente, tiros soavam ao redor com uma série
de baques. Faíscas apareciam como estrelas quando o metal atingia o
concreto. Com uma habilidade que M. J. admirou, ele fez com o carro um
amplo arco, então dirigiu-se para o norte.
— Eles estão tentando. — Ela virou-se no assento, colocou a
cabeça para fora de novo, apesar das promessas de Jack. — Eu não acho
que eles vão... — Ela fez um muxoxo quando ouviu o barulho de metal. —
Eles estão alcançando, dirigindo-se para o norte pela via sul.
— Eu posso ver. Eu não preciso de uma droga de jogo-a-jogo.
Entre aqui. Segure-se desta vez.
Ele foi com tudo pela Beltway. E ganhou tempo suficiente, ele
calculou, para fazer funcionar. Ele saiu na primeira saída e dirigiu-se na
direção de Maryland.
— Você os despistou. — Ela rastejou até ele e deu um
entusiasmado beijo na bochecha dele. — Você é bom, Dakota.
— Claro que sou. — Ele também estava trêmulo. No momento em
que ele sentiu que poderia agüentar, ele parou e arrancou o sorriso dela
agarrando-a pelos ombros e dando um forte, sacudida de tremer os
dentes. — Nunca mais faça algo tão estúpido de novo. Você teve sorte de
não cair da janela, ou ter levado um tiro na cabeça.
— Pare com isso, Jack. — Ela já estava fechando a mão. — To
falando sério.
Então ela ficou vacilante quando ele a puxou de encontro a ele e
segurou-a apertado. O rosto dele estava enterrado no cabelo dela, o
coração disparado. — Ei. — Confusa, comovida, ela deu uns tapinhas nas
costas dele. — Eu estava apenas pesando minhas possibilidades.
— Não. — A boca dele encontrou a dela em um beijo
desesperado. — Apenas não.
E tão abruptamente que ele a tinha agarrado, ele a empurrou de
volta. — Você me teve, — ele murmurou, furioso com as emoções
trovejando dentro dele. — Apenas cale a boca. — A cabeça dele virou
quando ela abriu a boca. — Apenas cale a boca. Eu não quero falar sobre
isso.
— Tudo bem. — Seu próprio estômago estava trêmulo. Como se o
destino do mundo dependesse disso, ela meticulosamente colocou o
cinto de segurança enquanto ele voltava para a estrada. — Eu realmente
preciso ligar para minha amiga Grace.
As mãos dele estavam tensas no volante, mas ele manteve a voz
calma. — Nós não podemos nos arriscar agora. Nós não sabemos que tipo
de equipamento eles tem naquela van, e eles ainda estão muito próximos.
Vamos ver o que podemos fazer amanhã.
Sabendo que tinha que se contentar com isso, ela esfregou suas
agitadas mãos nos joelhos. — Jack, eu sei que você se arriscou indo na
casa de Bailey para tentar me acalmar. Eu apreciei isso.
— Apenas parte do trabalho.
— É mesmo?
Ele olhou pra o lado, encontrou os olhos dela. — Inferno, não. Eu
disse que não queria falar sobre isso.
— Eu não estou falando sobre isso. — Ela não tinha certeza de
como, ou o que fazer com esses inesperados sentimentos correndo
dentro dela. — Eu estou lhe agradecendo.
— Então de nada. Olhe, eu estou voltando para o Bates Motel. O
que você está mais — fome ou cansada?
Isso, pelo menos, não precisava de muito pensamento. — Fome.
— Bom, eu também estou.
Ela tinha muitas considerações a fazer, M. J. decidiu. Sua amiga
estava desaparecida, ela tinha um diamante azul de valor inestimável em
sua posse — ou no bolso de Jack — e ela tinha sido perseguida, algemada
e virara alvo de tiros.
Adicionado a isso, ela estava muito assustada por estar caindo por
um durão, caçador de recompensas que gostava de se gabar e que dirigia
como um maníaco e beijava como um sonho. Um quente e suado sonho.
E ela sabia um pouco mais do que o nome dele. Não fazia sentido,
e apesar de gostar de ser agitada em algumas áreas, seu coração não era
uma delas. Ela sempre teve uma mão firme ali, e era assustador sentir
aquele aperto por um homem que ela literalmente tinha dado um
encontrão apenas no dia anterior.
Ela não era uma mulher romântica, ou uma melindrosa. Mas ela
era uma mulher honesta.
Honesta o suficiente para admitir que qualquer perigo que ela
estava enfrentando do lado de fora, ela estava enfrentando um perigo tão
grande, tão real, do seu próprio coração.
* * * *
Ele estava tremendo com fúria. Incompetência. Era inaceitável
encontrar-se cercado por incompetência. Era verdade que ele tinha que
contratar os homens rapidamente, e apenas com uma fina
recomendação, mas a falha deles para executar uma pequena tarefa, para
lidar com uma mulher, era simplesmente ultrajante.
Ele não tinha dúvida que ele poderia ter lidado com ela
pessoalmente, se ele pudesse ter arriscado uma exposição. Agora, com o
luar e as estrelas indo embora, ele estava parado no terraço, acalmando a
alma com uma taça de vinho com a cor de sangue novo.
Era parte culpa dele, ele concedeu. Certamente, ele deveria ter
checado mais cuidadosamente na questão Jack Dakota. Mas o tempo
tinha sido a essência, e ele tinha assumido que o tolo do fiador de fianças
era capaz de seguir as ordens para designar alguém suficientemente
competente para pegá-la, e esperto o suficiente para entregá-la.
Aparentemente, Jack Dakota não era um homem esperto, mas um
teimoso. E a mulher era enfurecedoramente sortuda. M. J. O´Leary. Bem,
talvez ela tivesse a sorte Irlandesa, mas a sorte poderia mudar.
Ele veria isso.
Assim como veria Bailey James. Ela teria que aparecer
eventualmente. Ele estaria pronto. E Grace Fontaine... Pena.
Bem, ele encontraria a terceira pedra, também.
Ele teria todas. E um preço alto seria pago por todos aqueles que
tentaram impedi-lo
Os dedos dele fecharam-se na frágil taça. Vidro tiniu na pedra.
Vinho espalhou-se e fez uma poça. Rígido ele sorriu para baixo, olhando o
liquido vermelho buscando as frestas.
Mais do que sangue seria derramado, ele prometeu-se.
E logo.
Capítulo 7
Eles se sentaram em uma pequena lanchonete aberta a noite toda
perto do motel. Café, forte o suficiente para andar, veio primeiro, servido
por uma sonolenta garçonete usando um uniforme rosa e o nome em um
plástico declarava que o nome dela era Midge.
M. J. mexeu-se no banco, prendendo o jeans no vinil do banco,
pegou o menu de plástico, então colocou os cotovelos na superfície de
linóleo que cobria a mesa deles.
Uma muito antiga música country estava tocando, e o ar estava
carregado com o grosso odor de fritura.
Estética não era servido ali, mas café da manhã era. Vinte quatro
horas por dia.
— É quase perfeito, — M. J. comentou depois de pedir um grande
café da manhã, ovos e bacon. — Ela até mesmo parece uma Midge —
trabalhadora, competente e amigável. Eu sempre me perguntei se as
pessoas cresciam dentro dos nomes ou vice versa. Como Bailey — fria,
estudiosa, inteligente. Ou Grace, elegante, feminina e generosa.
Jack esfregou a mão por cima do furinho do queixo. — Então M. J.
é de que?
— De nada.
Ele arqueou uma sobrancelha. — Claro que é. Mary Jo, Melissa
Jane, Margaret Joan, o que?
Ele deu um gole no café. — São apenas iniciais. E foi feito legal,
também.
Os lábios dele curvaram-se. — Eu vou embebedá-la e você vai
soltar o que é.
— Dakota, eu venho de uma longa linha de donos de pubs. Me
deixar bêbada está além das suas capacidades.
— Teremos que checar — talvez no seu lugar. Madeira escura? —
ele perguntou com um meio sorriso. — Muitos instrumentos de sopro.
Música irlandesa, ao vivo nos finais de semana?
— Sim. E nenhuma visão de plantas.
— Agora estamos conversando. E desde que você é a dona, você
pode pagar a primeira rodada tão logo sairmos disso.
— É um encontro. — Ela pegou a xícara de novo. — E, garoto, eu
estou ansiosa por isso.
— O que, ainda não estamos nos divertindo?
Ela inclinou-se para trás quando a garçonete colocou os pratos na
mesa. — Obrigada. — Então pegou um garfo e comeu. — Teve seus
momentos, — ela disse a ele. — Posso ver o caderninho de Ralph?
— Para que?
— Para que eu possa admirar a bonita encadernação de plástico,
— ela disse docemente.
— Claro, por que não? — Ele levantou o quadril e pegou-a e
jogou-a para ela. Enquanto ela virava as páginas, ele experimentou os
ovos. — Vê alguém que conhece?
Foi o tom insolente dele que a fez ficar deleitada em poder olhar
para ele, sorrir e dizer, — Na verdade, eu conheço.
— O que? — Ele teria arrancado o caderninho dela se ela não o
tivesse colocado fora de alcance. — Quem?
— T. Salvini. Este tem que ser um dos meio-irmãos de Bailey.
— Sem brincadeira?
— Sem brincadeira. Tem um cinco e três zeros depois do seu
nome. Apenas pense. Tim ou Tom fez negócios com Ralph. Você fez
negócios com Ralph, agora eu estou em uma maneira de dizer — fazendo
negócios com você. — Aqueles escuros e verdes olhos levantaram,
encontraram os dele. — Mundo pequeno, certo, Jack?
— De onde estou sentado é — ele concordou.
— Aqui tem um outro pagamento, uns cinco mil. Parece que a
grana veio no dia dezoito do mês — já vai quatro, não, cinco meses atrás.
— Pensativa ela bateu o caderninho na borda da mesa. — Agora eu me
pergunto o que um, ou os dois, dos nojentos fez que valia vinte e cinco mil
para manter Ralph calado sobre isso.
— Pessoas fazem coisas o tempo todo que querem manter em
silêncio — e eles pagam por isso, de um jeito ou de outro.
Ela inclinou a cabeça. — Você realmente é um estudante da
natureza humana, não é, Dakota? E um cínico, também.
— A vida é uma viajem cínica. Bem, nós temos uma conexão
sólida ligada a Ralph. Talvez logo daremos uma visita aos nojentos.
— Eles são homens de negócio, — ela apontou. — Lodosos, do
meu ponto de vista, mas assassinato é um pulo grande. Eu não consigo
ver isso.
— As vezes é um passo muito menor do que você pensa. — Ele
pegou o livrinho de volta, guardou-o novamente. — Naquela viajem
cínica.
— Eu só os vejo alterando livros, — ela disse especulando. —
Timothy tem um problema com jogo — significa que ele gosta de jogar e
tende a perder.
— É mesmo? Bem, Ralph tinha muitas conexões quando se trata
de, vamos dizer, jogos de azar. É uma ligação que desliza claramente no
encadeamento.
— Então Ralph descobre que o nojento está jogando pra valer,
talvez tirando da caixa registradora para evitar de ter as pernas
quebradas, e ele coloca pressão em cima.
— Talvez funcione. E Salvini reclama com alguém que tem mais
músculos — alguém que quer as Estrelas. — Ele moveu os ombros e
decidiu dar uma chance a trama. — Em qualquer caso, não foi um mal
trabalho, doçura.
— Foi um ótimo trabalho, — ela o corrigiu.
— Eu mantenho o bom. E você parecia bem natural com seus
quadris para o lado de fora da janela, atirando em uma van em alta
velocidade. — Ele derramou a calda nas panquecas. — Mesmo fazendo
parar meu coração. Se você decidir algum dia mudar de carreira, você faz
uma passável caçadora de recompensa.
— Sério? — Ela não sabia se deveria ficar lisonjeada ou
preocupada pela taxação. Ela decidiu ficar lisonjeada. — Eu não acho que
poderia passar minha vida na procura — ou sendo procurada. — Ela
colocou sal suficiente nos ovos para fazer a taxa de sódio de Jack
estremecer. — Por que? Como vai seu pressão sanguínea?
— Hmm?
— Esquece. Eu imaginei que você iria até suas forças. Eu sou bom
em localizar, relocalizar, então adivinhar os passos que as pessoas estão
planejando fazer. E eu gosto de caçar. — Ele sorriu voraz. — Eu amo a
caçada. Não importa o tamanho da presa, desde que você a pegue.
— Crime é crime?
— Não exatamente. Essa é uma atitude de policial. Mas se você
tiver certo ponto de vista, é tão satisfatório pegar um pai malandro
fugindo de dar a pensão de uma criança quanto pegar um cara que atirou
no seu sócio. Você pode pegar os dois se você conhecer sua caça. A
maioria são estúpidos — tem hábitos que não mudam.
— Tais como?
— Um cara rouba da caixa onde ele trabalha. Ele é pego, acusado,
então ele pega fiança. As probabilidades é que ele tenha amigos,
parentes, uma amante. Não vai demorar muito até que ele peça ajuda. A
maioria das pessoas não são solitárias. Eles acham que são, mas não são.
Algo sempre os puxa de volta. Eles farão um telefonema, uma visita.
Deixando um rastro. Peguei você assim.
Surpresa, ela franziu o cenho. — Eu não tinha feito nada.
— Essa não é a questão. Você é uma mulher esperta,
independente, mas você não teria ido longe, você não teria ido longe sem
ligar para as amigas. — Ele comeu os ovos, sorriu para ela. — Na verdade,
é exatamente o que você fez.
— E você? Para quem ligaria?
— Ninguém. — O sorriso dele sumiu. Ele continuou comendo
enquanto a garçonete trazia mais café.
— Sem família?
— Não. — Ele pegou um pedaço de bacon, dividiu em dois. —
Meu pai foi embora quando eu estava com doze anos. Minha mãe lidou
com isso odiando o mundo. Eu tinha um irmão mais velho, entrou no
exército quando fez dezoito. Ele decidiu não voltar. Eu não sei nada dele
em dez, doze anos. Uma vez que eu entrei na faculdade, minha mãe
imaginou que seu trabalho estava feito e caiu na estrada. Você pode dizer
que não mantemos contato.
— Sinto muito.
Ele deu de ombros contra a simpatia, irritado consigo mesmo por
contar para ela. Ele não falava da família. Nunca. Com ninguém.
— Você não vê sua família esses anos todos, — ela continuou,
incapaz de se impedir de sondar um pouquinho. — Você não sabe onde
eles estão — eles não sabem onde você está?
— Nós não éramos o que você chama de próximos, e nós não
passamos muito tempo juntos para sermos considerados disfuncional.
— Mas ainda...
— Eu sempre imaginei que estivesse no sangue, — ele disse,
cortando-a. — Algumas pessoas apenas não se fixam.
Tudo bem, ela pensou, a família dele estava fora da conversa. Era
um ponto delicado, mesmo que ele não percebesse. — E quanto a você,
Jack? Quanto tempo você já se fixou?
— Essa é uma parte atraente do trabalho. Você nunca sabe para
onde ele vai te levar.
— Isso não é o que eu quis dizer. — Ela olhou para o rosto dele. —
Mas você sabia disso.
— Eu nunca tive uma razão para ficar. — A mão dela estava na
mesa, próxima da dele. Ele estava tentado a pegá-la, apenas segurá-la.
Isso o preocupava. — Eu conheço pessoas, um monte de pessoas. Mas eu
não tenho amigos — não do jeito de você com Bailey e Grace. Muitos
passam pela vida sem isso, M. J.
— Eu sei. Mas você quer isso?
— Eu nunca me dediquei muito a pensar nisso — Ele esfregou as
mãos no rosto. — Deus, eu devo estar cansado. Filosofando sobre o café
da manhã no Twilight Diner às cinco da manhã.
Ela olhou pela a janela para o céu iluminando-se ao leste, a estrada
quase vazia. — “E na rua longa e silenciosa, o amanhecer...
— “Com pés de prata, engatinhava como uma menina assustada.
”
Terminando a citação, ele deu de ombros. Ela estava de olhos
arregalados para ele.
— Como você sabe isso? O que exatamente você fez na
faculdade?
— O que me agradava.
Agora ela estava sorrindo, colocou os cotovelos na mesa. — Eu
também. Eu deixei os conselheiros loucos. Eu não sei dizer quantas vezes
me disseram que eu não tinha foco.
— Mas você pode citar Oscar Wilde às 5:00 am. Você pode atirar
com uma . 38, chutar homens maiores que você, come como um
caminhoneiro, entende de antigos deuses Romanos, e eu aposto que faz
uma ótima bebida.
— A melhor da cidade. Então aqui estamos nós, Jack, um casal
que a maioria diria que são educados demais para suas carreiras,
tomando café em uma pecaminosa hora da manhã, enquanto uns caras
em uma van sem um farol nos caça e a bonita pedra que está no seu
bolso. É o Quatro de Julho, nos conhecemos a menos de vinte e quatro
horas nas piores circunstâncias, e a pessoa que nos colocou juntos está
morto como Moisés. — Ela colocou o prato de lado. — O que faremos
agora?
Ele tirou as notas do bolso, colocou-as na mesa. — Nós vamos para
cama.
O quarto do motel ainda estava esfarrapado, apertado e escuro.
Os lençóis floridos ainda estavam amassados onde eles tinham estado
deitados algumas horas antes.
Apenas horas, ela pensou. Parecia dias. Uma vida. Mais de uma
vida. Parecia que ela o conhecia desde de sempre, ela percebeu e o olhou
esvaziando os bolsos na mesinha de cabeceira, que ele tinha sido uma
parte vital dela desde sempre. Se isso não fosse o suficiente, talvez o
querer fosse. Talvez querer desse jeito era a melhor forma de se segurar
quando o mundo tinha ficado insano. Não havia nada nem ninguém em
quem confiar além dele.
Por que ela deveria dizer não? Por que ela deveria dar as costas ao
conforto, que vinha da paixão? Da vida?
Por que ela deveria se afastar dele, quando cada instinto lhe dizia
que ele precisava dessas coisa tanto quanto ela?
Ele virou-se, e esperou. Ele poderia tê-la seduzido. Ele não tinha
dúvidas disso. Ela estava completamente nervosa agora, quer ela
soubesse disso ou não. Então ela estava vulnerável, e carente, e ele
estava ali.
Isso somente ás vezes era suficiente. Ele poderia tê-la seduzido,
iria, se não fosse importante. Se ela não fosse tão inexplicavelmente e
vitalmente importante. Sexo teria sido um alívio, uma liberação, um
básico ato físico entre dois livres adultos. E isso deveria ser tudo o que ele
queria.
Mas ele queria mais.
Ele ficou onde estava, ao lado da mesinha de cabeceira, enquanto
ela ficava ao pé da cama.
— Eu tenho algo a dizer, — ele começou.
— Ok.
— Eu estou nisso com você até que acabe por que é o que eu
quero. Eu termino o que começo. Então eu não quero nada que venha de
gratidão ou obrigação.
Se o coração dela não estivesse pulando ela teria sorrido. —
Entendo. Então se eu sugerir que você durma na banheira, não seria um
problema?
Ele encostou o quadril na mesinha. — Seria um problema seu. Se é
o que você quer, você pode dormir na banheira.
— Bom, você nunca disse que era um cavalheiro.
— Não, mas vou manter minhas mãos longe de você.
Ela inclinou a cabeça, estudou-o. Ele parecia perigoso, muito
perigoso, ela decidiu quando sua pulsação acelerou-se. A escura barba
por fazer, a selvagem cabeleira, aqueles duros olhos cinzas tão intensos
naquele duro, e rude rosto.
Ele achava que estava lhe dando uma escolha.
Ela perguntou-se se um dos dois era tolo o suficiente para
acreditar que ela tinha uma.
Então seu sorriso foi lento, arrogante. Ela manteve os olhos nos
dele enquanto alcançava, puxava a ponta da camiseta para fora do jeans.
Ela viu o olhar dele seguir suas mãos, segui-las enquanto ela puxava a
camiseta pela cabeça, jogou-a para o lado.
— Eu queria ver você tentar, — ela murmurou, e desabotoou seus
jeans.
Ele endireitou-se sob as pernas que ficaram moles quando ela
começou a baixar o zíper. — Eu quero fazer isso.
Com calor já espalhando pela ponta de seus dedos, ela deixou as
mãos caírem dos lados. — Fique à vontade.
Os ombros dela eram longos, curvas fascinantes. Seus seios eram
pálidos e pequenos e caberiam na palma da mão de um homem
facilmente. Mas por agora, ele olhava apenas para seu rosto.
Ele foi no seu tempo, tentou, indo até ela, pegando o metal entre
o dedão e o indicador, abaixando lentamente. E seus olhos estavam nos
dela quando ele deslizou a mão pela abertura e sentiu-a.
Sentiu-a, quente, nua. Sentiu ela tremer, rapidamente,
profundamente.
— Eu tinha um pressentimento.
Ela soltou um cuidadoso suspiro, puxou o ar para os pulmões que
pareciam estar cheios de algodão. — Eu não fui na lavanderia esta
semana.
— Bom. — Ele desceu a abertura mais um pouco, deslizou as
mãos por seu traseiro. — Você foi feita para velocidade, M. J. Isso é bom,
por que isso não vai ser devagar. Eu não acho que conseguiria ir devagar
agora. — Ele puxou-a contra ele, excitação com excitação. — Você vai ter
que acompanhar.
Os olhos dela brilharam, seu queixo empinou em desafio. — Não
tive nenhum problema em acompanhar você até agora.
— Até agora, — ele concordou, e arrancou um gemido dela
quando ele a levantou do chão e prendeu a boca faminta em seu seio.
O choque foi estonteante, glorioso, um chiado elétrico que passou
por seu sangue e levou as batidas de seu coração para uma corrida. Ela
deixou a cabeça pender e prendeu as pernas fortemente ao redor da
cintura dele e o deixou se alimentar. O arranhar da barba contra sua pele,
o mamilo em seus dentes, o deslizar de sua língua — cada um separado,
uma vertiginosa excitação passava por ela e a deixava tremula por mais.
A queda para a cama — um descuidado mergulho em um
penhasco. O aperto da mãos dele nas dela — outra ligação da corrente. A
boca dele, desesperada na dela — uma exigência com apenas uma
resposta.
Ela puxou a camiseta dele, rolou com ele até que ele estivesse livre
e eles estivessem os dois nus até a cintura. E encontrou os músculos e
ossos e cicatrizes do corpo de um guerreiro. O calor de carne com carne
entrava nela como uma tempestade de fogo.
As mãos e boca dela não estavam menos impacientes do que ele.
O desejo dela não menos brutal.
Com uma mistura de promessa e prece, ele a virou, empurrando
seu jeans. Sua boca ocupada fazendo o caminho por seu corpo enquanto
tirava a calça dela. Desejo o estava cegando com marteladas que
roubavam sua respiração e atrapalhava seus sentidos. Nenhuma fome
tinha sido tão intenso, tão extremo e penetrante, quanto era por ela. Ele
só sabia que se não a tivesse, toda ela, ele morreria do querer.
Aquele longo corpo nu, a energia pulsando por todos os poros,
aqueles áspera, arquejante respiração, fez o sangue correr pelas veias
dele e queimar seu coração. Louco por ela, ele ergueu seus quadris e usou
a boca nela.
O climax gritou dentro dela, uma longa, quente onda com pontas
afiadas que a fizeram soluçar em choque e deleite. Suas unhas
arranharam descendo pelas costas dele, então para cima novamente até
que estivessem enterradas na sua grossa cabeleira até as pontas do
cabelo. Ela o deixou destruí-la, deu as boas vindas a isso. E, com o corpo
ainda trêmulo do ataque violento, empurrou-o de costas para arrancar o
resto das roupas dele.
Ela sentiu o coração dele bater forte, podia quase ouvi-lo. A pele
de ambos estavam suadas, deslizando suavemente enquanto eles se
agarravam. Os dedos dele a encontraram, a levaram além, levou-a além
do desespero. Se falar tivesse sido possível, ela teria implorado. Melhor
do que implorar, ela prendeu a coxas ao redor dele, e puxou-o para
dentro, rápido e profundo.
Os dedos dele enterraram-se duramente nos quadris dela quando
ela fechou-se ao redor dele. A respiração dele sumiu; o coração parou.
Por um instante, com ela arqueada acima dele, a cabeça jogada para trás,
as mãos dele deslizando sinuosamente pelo corpo dela, ele estava
desamparado.
Dela.
Então ela começou a mover-se, rapidamente, levando-o
implacavelmente m uma louca corrida. A respiração dela estava
arquejante, as mão presas aos cabelos. Em alguma parte do cérebro ele
percebeu que ela, também, estava desamparada.
Dele.
Ele inclinou-se para frente, a boca gananciosa nos seios dela, em
sua garganta, o que pudesse para sentir o gosto dela enquanto eles
moviam-se impiedosamente, no mesmo ritmo.
Então ele colocou os braços ao redor dela, pressionou os lábios em
seu coração, gemendo seu nome enquanto eles abalavam um ao outro.
Eles ficaram agarrados, juntos, trêmulos. Tempo estava perdido
para ele. Ele sentiu o aperto dela enfraquecer, as mãos deslizando
fracamente por suas costas, e beijou o ombro dela . Ele deitou-se,
levando-a junto para que assim ela se espalhasse por seu peito.
Ele passou uma mão por seu cabelo e murmurou, — Foi um dia
interessante.
Ela riu fracamente. — Tudo e por tudo. — Eles estavam suados,
exaustos, e possivelmente insanos, ela pensou. Certamente, era insano
sentir essa felicidade, essa perfeição, quando tudo ao redor estava ruindo.
Ela poderia ter dito a ele que nunca tinha ficado intima de um
homem tão rapidamente. Ou que ela nunca tinha sentido-se tão ligada,
tão perto de ninguém, como com ele. Mas não havia razão nisso. O que
estava acontecendo com eles estava simplesmente acontecendo. A brindo
os olhos, ela estudou a pedra colocada em cima da mesinha. Isso
brilhava? Ela ponderou. Ou era simplesmente um truque de luz do
quarto?
Que poder aquilo tinha, realmente, além do peso material? Era
apenas carbono, afinal, com alguns elementos misturados para dar aquele
raro, rica cor. Cresceu na Terra, era da Terra, e uma vez foi pego, por
mãos humanas . E uma vez foi seguro pelas mãos de um Deus.
A segunda pedra era sabedoria, ela pensou, e fechou os olhos.
Talvez algumas coisas eram conhecidas apenas pelo coração.
— Você precisa dormir, — Jack disse calmamente. O tom da voz
dele a fez perguntar-se onde a mente dele estava.
— Talvez. — Ela rolou dele, estendeu-se na cama de barriga para
baixo. — Meu corpo está cansado, mas eu não consigo desligar a cabeça.
— Ela riu novamente. — Ou não posso agora que sou capaz de pensar
novamente. Fazer amor com você é como uma drenagem cerebral.
— Esse foi um inferno de elogio. — Ele sentou-se, correndo uma
mão pelo ombro dela, descendo pelas costas, então parando na sutil
curva do traseiro. Intrigado ele estreitou os olhos, inclinou-se para mais
perto. Então sorriu. — Bela tatuagem, doçura.
Ela sorriu contra a quente, amassada cama. — Obrigada. Eu gosto.
— Ela piscou quando ele ligou o abajur ao lado da cama. — Ei! Desliga a
luz.
— Quero uma visão mais clara. — Divertido, ele esfregou o dedão
sobre a figura colorida na bunda dela. — Um grifo. 3
— Bom olho.
— Símbolo de força e vigilância.
Ela virou a cabeça, para que pudesse vê-lo. — Você sabe coisas
estranhas, Jack. Mas sim, é por isso que eu o escolhi. Grace teve essa
3 Mitol. - animal fabuloso, de cabeça de águia e garras de leão.
inspiração sobre nós três termos tatuagens para celebrar a graduação.
Nós pegamos um fim de semana em Nova York e cada uma fez uma
pequena pintura na bunda.
O sorriso dela foi embora quando o pensamento de suas amigas
pesaram em seu coração. — Foi um final de semana infernal. Nós fizemos
Bailey ir primeiro, para que ela não pudesse acovardar. Ela escolheu um
unicórnio. É tão como ela. Oh, Deus.
— Vamos, pare com isso. — Ele estava mortalmente com medo
que ela fosse chorar. — Até onde sabemos, ela está bem. Não tem por
que ficar se preocupando, — ele continuou, massageando os músculos
das costas dela. — Nós já temos um monte de preocupações. Em algumas
horas, vamos nos limpar, sair por aí, tentar ligar para Grace.
— Ok. — Ela colocou a emoção de lado. — Talvez...
— Você fez corrida na faculdade?
— Huh?
A súbita mudança de assunto alcançou o que ele queria. Era
distraí-la da preocupação. — Você correu? Você tem o corpo para isso, e a
velocidade.
— Sim, na verdade, eu era mil metros. Eu nunca gostei de
revezamentos. Eu não sou muito parte de uma time.
— Mil metros, huh? — Ele a rolou e, sorrindo, traçou um dedo ao
redor da curva do seio dela. — Você deve ter resistência.
As sobrancelhas dela arquearam-se por dentro da franja repicada.
— Verdade.
— Força. — Ele colocou-se entre as pernas dela.
— Certamente.
Ele abaixou a cabeça, brincou com os lábios dela. — E você deve
saber como se limitar, para ter ar na reta final.
— Pode apostar.
— Isso é conveniente. — Ele mordiscou o lóbulo da orelha dela. —
Por que eu estou planejando limitar-me desta vez. Você conhece o ditado,
M. J. ? Aquele sobre devagar e constante vence a corrida?
— Eu acho que já ouvi sobre ele.
— Por que não o testamos? — ele sugeriu, e capturou a boca dela
com a dele.
Desta vez ela dormiu, como ele esperava que ela o fizesse. Rosto
para baixo novamente, ele pensou, estudando-a, atravessada na cama.
Ele passou a mão por seu cabelo. Ele não parecia tocá-la o suficiente, e
não lembrava de alguma vez ter tido essa necessidade de tocar antes.
Apenas um toque no ombro, o entrelaçamento dos dedos.
Ele tinha medo de estar ridiculamente sentimental, e estava
agradecido por ela estar dormindo. Um homem com uma reputação por
ser durão e cínico não gostaria de ser observado olhando como um
cachorrinho para uma mulher adormecida.
Ele queria fazer amor com ela novamente. Isso, pelo menos, era
compreensível. Perder-se no sexo — do tipo quente, suado, ou o tipo
vagaroso e doce.
Ela se viraria para ele, ele sabia, se pedisse. Ele poderia acordá-la
agora, excitá-la antes que sua mente clareasse. Ela se abriria para ele, o
aceitaria dentro, correria com ele. Mas ela precisava dormir. Havia
sombras embaixo daqueles enfeitiçadores olhos verdes escuros. E quando
o fogo da paixão deixou sua pele, o rosto dela ficou pálido de fadiga.
Rosto anguloso, definido por pele de seda.
Ele pressionou os dedos nos olhos. Escute ele, ele pensou. A
próxima coisa que ele faria, seria compor odes ou algo igualmente
mortificante. Então ele empurrou-a para o lado, fez-se confortável. Ele
dormiria por uma hora, ele pensou, acertando seu relógio. Então eles
voltariam para a realidade. Ele fechou os olhos, fechou-se para o mundo.
M. J. acordou ao som da chuva. Lembrou-se de manhãs
preguiçosas, chuvas de verão. Murmurando de encontro ao travesseiro,
mudando de sonho para sonho. Ela fez isso agora, deslizando de volta ao
sono.
O cavalo ia na direção de um estreito rio, onde a água rasa refletia
o azul. Seu coração saltou com isso, e ela apertou-se ao homem mais
firmemente. Cheirava a couro e suor.
Ao redor deles, botões de rosas como soldados pálidos em um céu
em fogo por um enorme Sol branco. O calor era imenso.
Ele estava de preto, mas não o seu cavaleiro . O rosto era o mesmo
— o rosto de Jack — mas estava sombreado por um chapéu preto. Um
coldre estava baixo em sua cintura, ao invés da espada de prata.
A terra vazia estendia-se a frente deles, selvagem como o mar,
com ondas de pedras, pontudas como facas amoladas. Um passo em
falso, e o chão seria manchado com o sangue deles.
Mas ele acabou com o medo, e ela não sentiu nada a não ser o
poder e o excitamento da velocidade. Quando ele puxou as rédeas, virou-
se na cela, ela encontrou-se nos braços dele, encontrou aqueles duros,
exigentes lábios com os dela.
Ela ofereceu a pedra a ele que reluziu com luz e um fogo tão azul
quanto a mais quente chama.
— Isso deve ficar junto das outras. Amor precisa de sabedoria, e
os dois precisam de generosidade. — Ele pegou-a dela, guardou-a no
bolso sobre o coração. — Uma encontra a outra. As duas encontram a
terceira. — Os olhos dele iluminaram-se. — E você me pertence.
Na sombra de uma pedra, a cobra desenrolou-se, sibilou seu aviso
. Golpe.
M. J. calou-se na cama, um grito preso na garganta. As duas mãos
pressionadas no coração disparado. Ela oscilou, ainda presa na queda do
sonho. A cobra, ela pensou com um tremor. Uma cobra com os olhos de
um homem.
Senhor. Ela concentrou-se em controlar a respiração, controlando
os tremores, e ponderou por que seus sonhos estavam subitamente
claros, tão reais e estranhos.
Ao invés de deitar-se novamente, ela encontrou uma camiseta —
de Jack — e vestiu-a. Sua mente ainda estava confusa, então levou um
momento para perceber que não era chuva o que ela estava escutando,
mas o chuveiro.
E esse conhecimento de que ele estava apenas do outro lado da
porta — afastou os últimos resquícios do medo.
Ela era uma mulher que se orgulhava em ser capaz de lidar com
qualquer situação. Mas ela nunca enfrentou uma assim. Ajudava saber
que alguém iria ficar com ela. E ele ficaria. Ela sorriu e esfregou os olhos
sonolentos. Ele não iria afastar-se, não iria abandoná-la. Ele iria ficar. E ele
iria enfrentar com ela qualquer monstro que estivesse atrás dos arbustos,
qualquer cobra que estivesse nas sombras.
Ela levantou-se, passando as duas mãos pelos cabelos no mesmo
momento em que a porta do banheiro abriu.
Ele saiu, uma grande onda de fumaça seguindo-o. Uma desbotada
toalha branca estava presa em sua cintura, e seu corpo ainda brilhava
com algumas gotas de água. Seu cabelo estava liso e molhado até os
ombros, dourado aparecendo por entre o rico castanho. Ele ainda tinha
que barbear-se.
Ela parou, olhos pesados, amassada do sono, usando nada além da
amassada camiseta, que ia até suas coxas. Por um momento nenhum dos
dois poderia fazer mais do que encarar. Estava ali, tão real e vivo no
pequeno quarto quanto eles dois. E era um vislumbre tão brilhante, tão
vital, quanto a pedra que os tinha trazido para este ponto.
Jack balançou a cabeça como para sair de um sonho — talvez um
tão vivido e enervante quanto o que M. J. tinha acordado. Os olhos dele
ficaram escuros de irritação. — Isso é estúpido.
Se ela tivesse bolsos, suas mãos estariam neles. Ao invés disso, ela
cruzou os braços e franziu o cenho para ele. — Sim, é estúpido.
— Eu não estava procurando por isso.
— Você acha que eu estava?
Ele talvez poderia ter sorrido ao tom insultado na voz dela, mas ele
estava muito ocupado franzindo o rosto, e tentando desesperadamente
retroceder do que o tinha atingido direto no coração. — É apenas uma
droga de trabalho.
— Ninguém está pedindo para você fazer nada diferente.
Olhos estreitados, ele deu um passo a frente, desafio em cada
movimento. — Bem, está diferente.
— Sim. — Ela baixou as mãos para os lados, ergueu o queixo. —
Então o que você vai fazer a respeito?
— Vou descobrir. — Ele passou pela mesinha, pegou a pedra,
soltou-a novamente. — Eu achei que fosse apenas as circunstâncias, mas
não é. — Ele virou-se, estudou o rosto dela. — Teria acontecido de
qualquer jeito.
Os batimentos cardíacos dela estavam lentos, fracos. — Sinto
assim também.
— Ok. — Ele acenou, firmou os pés. — Você diz primeiro.
— Uh-uh. — Pela primeira vez desde que ele tinha aberto a porta,
seus lábios curvaram-se. — Você.
— Merda. — Ele passou a mão nos cabelos molhados, sentiu-se
como cem idiotas. — Ok, ok, — ele murmurou, apesar de ela estar
esperando silenciosa, pacientemente. Nervos batiam por sua pele, seus
músculos tensos como arame, mas olhou direto nos olhos dela. — Eu te
amo.
A resposta dela foi uma explosão de gargalhadas que o fez cerrar
os dentes até que um músculo pulou em sua mandíbula. — Se você acha
que vai me fazer de otário, doçura, pense de novo.
— Desculpe. — Ela prendeu outra risada. — Você parece tão
sofrido e aborrecido. O romance disso ainda está tamborilando em meu
coração.
— O que, você quer que eu cante isso?
— Talvez mais tarde. — Ela riu de novo, o som deleitado saindo
dela e enchendo o quarto. — Agora vou tirar você do sufoco. Eu também
te amo . Está melhor?
O gelo no estômago dele derreteu, então esquentou em uma
quente incandesceu. — Você poderia tentar ser um pouco mais séria
sobre isso. Eu não acho que é uma questão de riso.
— Olhe para nós. — Ela pressionou uma mão na boca e sentou-se
ao pé da cama. — Se não é uma questão de riso, eu não sei o que é.
Ela o tinha ali. Na verdade, ele percebeu, ela o tinha, ponto. Agora
seus lábios curvaram-se, com determinação. — Ok, doçura, eu apenas
terei que limpar esse sorriso satisfeito da sua cara.
— Vamos ver se um grande cara durão como você pode fazer isso.
Ela estava sorrindo como boba quando ele empurrou-a de costas
na cama e rolou para cima dela.
Capítulo 8
Ela tinha que aprender submeter-se a ele em certas questões, M. J.
disse a si mesma. Isso era compromisso, era uma relação. O fato era, que
ele tinha mais experiência em situações como a que eles estavam agora
do que ela. Ela era uma pessoa razoável, ela pensou, uma que poderia
seguir instruções e conselhos.
Até parece que ela era assim.
— Vamos, Jack, eu terei que esperar você dirigir até a Mongólia
para fazer um estúpido telefonema?
Ele olhou para ela. Ele estava dirigindo por exatamente dez
minutos. Estava surpreso por ela ter esperado tanto para reclamar. Ela
estava preocupada, ele lembrou-se. As últimas vinte e quatro horas
tinham sido duros para ela. Ele seria razoável.
Nunca.
— Você use esse telefone antes que eu diga, e eu vou jogá-la pela
janela.
Ela tamborilou os dedos no pequeno telefone em sua mão.
— Só me responda uma coisa. Como alguém vai nos rastrear por
este portátil? Nós estamos no meio do nada.
— Estamos menos de uma hora fora de D. C. , garota da cidade. E
você ficaria surpresa com o que pode ser rastreado. — Tudo bem, talvez
ele não estivesse certo se isso poderia ser feito. Mas era possível, ele
pensou . Se o telefone da amiga dela estivesse grampeado, e quem
estivesse atrás deles tivessem a tecnologia, parecia possível que a
freqüência do celular pudesse deixar rastros. Ele não queria deixar
rastros.
— Como?
Ele estava com medo que ela perguntasse. — Olhe, essa coisa é
essencialmente um rádio, certo?
— Sim, e daí?
— Rádios tem freqüências. Você sintoniza em uma freqüência,
não é? — Era o melhor que ele poderia fazer, e era um alívio ver ela
apertar os lábios e considerar. — Mais, eu quero colocar alguma distância
entre onde estamos e onde ficamos. Se era o FBI nas nossas costas, eu os
quero procurando em círculos.
— O que o FBI iria querer conosco?
— É um exemplo. — Ele não bateu a cabeça no volante, mas ele
queria. — Apenas lide com isso, M. J. Apenas lide com isso.
Ela estava tentando, tentando lembrar-se que tinha sido apenas
um dia, no final das contas. Um único dia. Mas sua vida tinha mudado
nesse único dia. — Você poderia pelo menos me dizer para onde estamos
indo.
— Eu estou pegando a 15, sentido norte Pensilvânia.
— Pensilvânia?
— Então você poderá telefonar para sua amiga. Depois, iremos
para sudeste, sentido Baltimore. — Ele olhou para ela. — Se os Os4
estiverem na cidade, podemos ver um jogo.
— Você quer ir a um jogo de baseball?
— Ei, é Quatro de Julho. Jogos de baseball, cerveja, paradas e
fogos de artifício.
— Eu sou fan dos Yankee.
— Você era. Mas o ponto é, um estádio de baseball é um bom
lugar para nos perdermos por algumas horas — e um bom lugar para um
encontro se você conseguir contatar Grace.
— Grace em um jogo de baseball? — Ela bufou. — Tá bom.
— É um boa cobertura, — ele começou, então franziu o cenho. —
Sua amiga tem algo contra o passatempo nacional.
— Esportes não são exatamente o ambiente de Grace. Agora, um
bom, excitante fashion show, ou talvez uma vibrante ópera.
Era a vez dele de bufar. — E vocês são amigas?
— Ei, eu já fui a ópera.
— Algemada?
Ela tinha que rir. — Praticamente. Sim, nós somos amigas. — Ela
soltou um suspiro. — Eu acho que é difícil, pela aparência, ver o porquê. A
estudiosa, a Mick 5e a princesa. Mas nós simplesmente combinamos.
— Fale-me sobre elas. Comece com Bailey, já que essas estrelas
estavam com Bailey.
4 Time do baseball .
5 termo usado para falar de irlandeses ou descendentes.
— Tudo bem. — Ela respirou fundo, viu o cenário passar.
Pequenos pedaços de terra, cheios de árvores e colinas que passavam. —
Ela é adorável, tem uma aparência frágil. Loira, olhos castanhos, com pele
de pétalas de rosas. Ela tem uma fraqueza por coisas bonitas, bobas,
coisas bonitas, como elefantes. Ela os coleciona, eu lhe dei um de pedra
sabão no seu aniversário no mês passado. — Lembrando de como tudo
tinha sido normal, simples, a fez pressionar os lábios. — Ela gosta de
filmes antigos, especialmente os romances, e as vezes ela pode ficar um
pouco sonhadora. Mas ela é muito focada . Das três na faculdade, ela era
a única que sabia exatamente o que queria e trabalhou para isso.
Ele gostou do som de Bailey, Jack pensou. — E o que ela queria?
— Especializar-se em pedras. Ela é fascinada por rochas, pedras.
Não apenas jóias. Nós ficávamos falando de ir as três a Paris por algumas
semanas, mas no ano passado acabamos no Arizona, procurando pedras.
Ela estava feliz como um porco na lama. E ela teve muitas infelicidades na
vida. O pai dela morreu quando ela era criança. Ele era negociante de
antiguidades — então aí está outra fraqueza dela, lindas coisas antigas. De
qualquer forma, ela adorava o pai . A mãe dela tentou manter o negócio,
mas deve ter sido muito duro. Eles viviam em Connecticut. Você ainda
pode escutar o sotaque da Nova Inglaterra. É chique.
Ela ficou em silêncio por um momento, lutando para afastar a
preocupação. — A mãe dela casou novamente alguns anos mais tarde,
vendeu o negócio, mudou-se para D. C. Bailey era muito afeiçoada ao
cara. Ele a tratou bem, incentivou o interesse dela por pedras preciosas —
essa era a área dele — mandou-a para faculdade. A mãe dela morreu
quando ela estava na faculdade — acidente de carro. Foi um período
difícil para Bailey. O padrasto morreu uns anos depois.
— É duro, perder pessoas a torto e direito.
— Sim. — Ela olhou para Jack, pensou nele perdendo o pai, irmão,
mãe. Talvez nunca os tido para perde-los. — Eu realmente nunca perdi
ninguém.
Ele entendia para onde a mente dela tinha ido, e deu de ombros.
— Você atravessa isso. Você continua. Bailey não o fez?
— Sim, mas deixou cicatrizes. Tem de deixar marcas em uma
pessoa, Jack.
— Pessoas vivem com cicatrizes.
Ele não iria discutir isso, ela percebeu, e virou-se para a paisagem.
— O padrasto deixou uma porcentagem nos negócios para ela. O que não
agradou aos nojentos.
— Ah, sim, os nojentos.
— Thomas e Timothy Salvini — eles são gêmeos, na verdade,
imagens no espelho. Pretensiosos — parecendo personagens em ternos
caros, com cortes de cabelos de cem dólares.
— Essa é uma razão para não gostar deles, — Jack notou. — Mas
não é a razão principal.
— Não. Eu nunca gostei da atitude deles em relação a Bailey, e
mulheres em geral. É mais fácil dizer que Bailey os considerava como
família, e o sentimento não era recíproco. Timothy era particularmente
duro com ela. Eu tenho a impressão de na maioria das vezes eles a
ignoravam antes do velho deles morrer, e então ficaram possessos
quando ela herdou parte do Salvini no testamento.
— E o que é Salvini?
— É o nome deles, e o nome do negócio de pedras preciosas. Eles
desenham, compram, vendem e são uma joalheria em um lugar chique
em Chevy Chase.
— Salvini... não posso dizer que já ouvi, mas também eu não
compro muitas bugigangas.
— Eles vendem alguns brilhantes intimidantes — especialmente
os que Bailey desenha. E eles fazem trabalhos de consultoria para
patrimônios, museus. É o forte de Bailey, também. Apesar dela amar o
trabalho de desenho.
— Se Bailey faz os desenhos e consultorias, o que os nojentos
fazem?
— Thomas cuida do final do trabalho contábil, vendas, faz um
monte de viagens para checar as fontes de pedras preciosas. Timothy
trabalha no laboratório quando lhe agrada, e gosta de aparecer no salão
de amostras parecendo importante.
Agitada, ela alcançou os botões do estéreo e recebeu um tapinha
nos dedos. — Tire as mãos.
— Sensível com seus brinquedos, não é? — ela murmurou. —
Bem, de qualquer forma, é uma bonita e chique pequena firma, reputação
antiga. Foi os cantatos dela lá no Smithsonian que conseguiram o trabalho
com as Três Estrelas. Ela estava dançando nas nuvens quando aconteceu,
mal podia esperar para colocar as mãos nelas, colocá-las em uma
daquelas máquinas que ela usa. O alguma coisa “trometro”, e o sei lá o
que “scópio” que ela usa no laboratório.
— Então ela estava verificando a autenticidade, assegurando o
valor.
— Você entendeu. Ela estava morrendo de vontade que nós as
víssemos, então Grace e eu fomos lá semana passada. Foi a primeira vez
que coloquei os olhos nelas — mas pareciam quase familiares.
Espetaculares, quase irreais, mas ainda familiares. Acho que é por que
Bailey as descreveu para nós. — Ela mexeu os ombros para afastar a
sensação, a memória dos sonhos. — Você ver uma, tocá-la. É magnífico.
Mas ver as três, juntas, faz seu coração parar.
— Para mim parece que elas pararam a consciência de alguém. Se
Bailey é tão honesta quanto você diz...
M. J. o interrompeu. — Ela é.
— Então nós iremos checar os meio-irmãos.
As sobrancelhas dela arquearam-se. — Eles teriam a coragem de
tentar roubar as Três Estrelas? — ela ponderou. — Poderia ser o porquê
de Ralph estar chantageando um deles, ao invés dos problemas com jogo?
— Não.
— Bem, por que não? — Então ela balançou a cabeça,
respondendo a própria pergunta. — Não poderia ser — os pagamentos
começaram meses atrás, e eles conseguiram os contratos recentemente.
— Acertou.
Ela meditou sobre isso mais um pouco. — Mas talvez eles estavam
planejando roubar as Estrelas. Se eles estavam tentando empurrar uma
ação rápida e fugir com elas ... iria destruir o negócio deles... o negócio
que o pai deles levou uma vida para construir, — ela acrescentou devagar.
— E isso iria destruir Bailey. Mesmo o pensamento disso. Ela faria quase
tudo para impedir isso de acontecer.
— Como despachar as pedras para as duas pessoas no mundo em
quem ela sentia que poderia confiar sem perguntas.
— Sim — e enfrentar os meio-irmãos. Sozinha. — O medo era
como uma garra em sua garganta. — Jack.
— Continue lógica. — A voz dele era dura para combater o medo
dela. — Se eles estiverem envolvidos nisso — e digamos que estejam —
significa que eles tem um cliente, um comprador. E eles precisam das Três
Estrelas. Ela estará salva enquanto eles não encontrarem. Ela estará salva
enquanto estivermos fora de alcance.
— Eles podem estar desesperados. Eles podem estar segurando-a
em algum lugar. Eles podem tê-la machucado.
— Machucar está muito longe de matar. Eles precisam dela viva,
M. J. , até que eles juntem as três. E pelo que você me contou, sua amiga
pode ter um lado frágil, e pode ser ingênua, mas ela não é uma idiota.
— Não, ela não é. — Controlando-se, M. J olhou para o telefone
em seu colo. O telefonema, ela percebeu, não era um risco apenas para si
mesma, mas um risco para todos. — Se você quer dirigir até a Nova York
antes de eu usar isso, está bem para mim.
Ele alcançou, apertou uma mão sobre a dela. — Nós não vamos ao
Estádio Yankee, não importa o quanto você implore.
— Eu não só devo a você por mim agora. Eu deveria ter percebido
antes. Eu devo a você por Bailey, e por Grace. Eu as coloquei em suas
mãos, Jack.
Ele afastou-se, pegou o volante. — Não fique melosa comigo,
doçura. Me deixa P da vida.
— Eu te amo.
O coração dele fez uma longa, vagaroso circulo dentro do peito, o
fez suspirar. — Inferno. Acho que você está querendo que eu diga
novamente, agora.
— Eu acho que quero.
— Eu te amo. O que M. J. quer dizer?
Isso a fez sorrir, como ele esperava que fizesse. — Olhe, Jack, sexo
selvagem e declarações de amor são uma coisa. Mas eu não o conheço
tempo o suficiente para isso.
— Martha Jane. Eu realmente acho que é Martha Jane.
Ela fez um rude som. — Errado. E isso o coloca fora da jogada,
senhor, melhor sorte da próxima vez.
Deveria existir uma certidão de nascimento em algum lugar, ele
pensou. Ele sabia como caçar. — Ok, fale-me sobre Grace.
— Grace é uma mulher complicada. Ela é completamente,
inacreditavelmente bonita. E não é exagero. Eu vi homens crescidos
tornarem-se tolos depois de uma olhada para ela.
— Estou ansioso para conhecê-la.
— Você provavelmente vai engolir a língua, mas tudo bem, eu não
sou do tipo ciumenta. E é um impacto ver os homens derreterem
instantaneamente ao redor de Grace. Você mexeu nas fotos da minha
carteira quando vasculhou minha bolsa, não mexeu?
— Sim, eu dei uma olhada.
— Há algumas de mim com Grace e Bailey ali.
Ele vasculhou na mente, focou. E não queria dizer a ela que mal
tinha notado a loira ou a morena. A ruiva tinha tomado quase toda sua
atenção.
— A morena usando um chapéu grande e bobo.
— Sim, foi na nossa viagem de caça as pedras ano passado. Demos
uma de turista lá. De qualquer maneira, ela é maravilhosa, e ela cresceu
privilegiada. E órfã. Ela perdeu os pais nova e viveu com uma tia . Os
Fontaine são muitos ricos.
— Fontaine... Fontaine... — A mente dele viajou. — Como os Lojas
de Departamentos Fontaine?
— Certo de primeira. Eles são ricos, enfadonhos, esnobes. Grace
gosta de chocá-los. Era esperado que ela limita-se a Radcliffe, fazer a
obrigatória viagem pela Europa, e encontrar o apropriado rico,
enfadonho, esnobe marido. Ela fez de tudo para não cooperar, e já que
ela tem montanhas de seu próprio dinheiro, ela não dá a mínima para o
que a família acha.
Ela parou, considerou. — Eu não acho que ela daria a mínina se
não tivesse dinheiro, também. Dinheiro não dirige Grace. Ela gosta, gasta-
o generosamente, mas ela não o respeita.
— Pessoas que trabalham por seu dinheiro o respeitam.
— Ela não é um fundo de faz nada. — M. J. disse, imediatamente
defensiva. — Ela apenas não liga se as pessoas a vêem desse jeito. Ela faz
muitas trabalhos de caridade — silenciosamente. É particular. Ela é uma
das pessoas mais generosas que eu conheço. E ela é leal. Ela também é
contraditória e mal humorada. Ela sai por um tempo quando o capricho a
ataca. Apenas vai. Pode ser Roma — ou pode ser Duluth. Ela apenas tem
de ir. Ela tem um lugar a oeste de Maryland — eu acho chamar de uma
casa no interior, mas é pequena e agradável. Muitas terras, muito isolado.
Sem telefone, sem vizinhos. Eu acho que ela ia lá este fim de semana.
Ela fechou os olhos, tentou imaginar. — Eu não sei se poderia
encontrar o lugar. Eu só estive lá uma vez, e Bailey foi dirigindo. Uma vez
que eu sai da cidade, todas essas estradas do interior parecem as
mesmas. É nas montanhas, perto de alguma floresta estadual.
— Talvez valha a pena checar. Vamos ver. Ela iria para a família se
houvesse algum problema?
— O último lugar.
— E quanto um homem?
— Por que você dependeria de algo que poderia torcer em um nó
com um sorriso? Não, não nenhum homem para ela ir.
Ele pensou sobre isso um pouco, então piscou, lembrando e sorriu.
— Grace Fontaine — Miss Abril da Ivy League. Foi o chapéu na carteira
que me confundiu. Eu nunca esqueceria aquele... rosto.
— Sério? — Voz seca como poeira, ela virou-se para olhar para ele
por cima dos óculos escuros. — Você gasta muito do seu tempo babando
em calendários, Dakota?
— Eu gastei sobre a Miss Abril, — ele admitiu alegremente, e
esfregou uma mão sobre o coração. — Meu Deus, você amiga da Miss
Abril.
— O nome dela é Grace, e ela posou para aquilo anos atrás,
quando estávamos na faculdade. Ela fez isso para alfinetar sua família.
— Graças ao Senhor. Eu acho que ainda tenho isso em algum
lugar. Eu vou ter que dar uma olhada mais de perto agora. Que corpo, —
ele lembrou-se, brincando. — Mulher como aquela é um presente para o
sexo masculino.
— Talvez você queira parar, e teremos um momento de silêncio.
Ele olhou para ela, continuou sorrindo. — Nossa, M. J. seus olhos
estão mais verdes. E você disse que não era do tipo ciumenta.
— Não sou. — Normalmente. — É uma questão de dignidade.
Você está tendo alguma revoltante, lasciva fantasia sobre minha melhor
amiga.
— Não é revoltante, eu juro. Lasciva, talvez, mas não revoltante.
— Ele levou o soco no braço sem reclamar. — Mas é você que eu amo,
doçura.
— Cala boca.
— Você acha que irá autografar a foto para mim? Talvez bem no
meio...
— Eu estou te avisando.
Diversão era diversão, mas um homem podia abusar da sorte. Em
mais de uma maneira. Ele saiu da 15, dirigiu-se para leste.
— Espere, eu pensei que fossemos para Pensilvânia fazer o
telefonema.
— Você acabou de dizer que Grace tem um lugar a oeste de
Maryland . Não seria esperto ir naquela direção agora. Mudança de
planos. Vamos ao redor de Baltimore primeiro. Vá em frente e faça o
telefonema. Eu acho que dissemos nosso último adeus para nosso
pequeno paraíso de motel. — Ele sorriu e deu tapinhas na mão dela. —
Não se preocupe, doçura, encontraremos outro.
— Não precisa ser igual. Eu espero, — ela acrescentou, e ligou
apressadamente. — Está chamando.
— Seja rápida, não diga onde está. Apenas diga para ela ir a um
telefone público, lugar público e te ligar de volta.
— Eu... — Ela praguejou. — É a secretária eletrônica. Eu tinha
medo disso. — Ela bateu impaciente os punhos contra os joelhos
enquanto a voz gravada de Grace passava pelo fone. — Grace, atende,
merda. É urgente. Se você checar as mensagens não vá para casa. Não vá
para casa. Vá a um telefone público e ligue no meu celular. Estamos em
apuros, sérios apuros.
— Vai logo, M. J.
— Oh, Deus. Grace tenha cuidado. Ligue-me. — Ela desligou com
um pequeno suspiro. — Ela está nas montanhas — ou ela teve um dia
ruim e decidiu ir para Londres para o Quatro de Julho . Ou ela está na
praia nas Índias. Ou... eles já a encontraram.
— Não parece ser uma pessoa fácil de se achar. Estou inclinado
para a primeira opção. — Ele cortou a interestadual, dirigiu-se a norte. —
Nós vamos circular por aí, então parar para encher o tanque. E comprar
um mapa. Vamos ver se podemos ajudar sua memória e encontrar a
montanha de Grace.
A perspectiva acalmou seus nervos. — Obrigada.
— Isolado, é?
— Está no meio de árvores, e as árvores no meio do nada.
— Hmm. Eu não acho que ela ande pelada por lá. — Ele riu
quando ela o acertou. — Apenas um pensamento.
Eles tinham encontrado um posto de combustível, e um mapa. Em
uma parada de caminhões fora da interestadual eles pararam para
almoçar. Com o mapa espalhado na mesa, eles foram ao trabalho.
— Bem, há apenas, umas, meia dúzias de florestas estaduais no
oeste de Maryland, — Jack comentou, e garfou um pouco do especial de
bolo de carne. — Alguma delas te chamou a atenção?
— Qual a diferença? São todas árvores.
— Uma verdadeira urbana, não é?
Ela deu de ombros, mordeu seu sanduíche de presunto. — Você
não?
— Acho que sim. Eu nunca entendi por que as pessoas querem
viver nas florestas, ou nos penhascos. Quero dizer, onde eles comem?
— Em casa.
Eles se entreolharam e balançaram a cabeça. — Na maioria das
noites, também, — ele concordou. — E aonde eles vão por diversão, para
relaxar depois do trabalho? Para o quintal. É um pensamento assustador.
— Sem pessoas, sem trânsito, sem restaurantes ou cinemas. Sem
vida.
— Estou com você. Obviamente sua camarada Grace não está.
— Minha camarada, — ela disse com a sobrancelha arqueada. —
Ela gosta de solidão. Ela faz jardinagem.
— O que, gosta de tomates?
— Sim, e flores. Da vez que fomos lá, ela estava remexendo na
terra, plantando — eu não sei, petúnias ou algo assim. Eu gosto de flores,
mas tudo o que você tem que faze é comprá-las. Ninguém disse que você
tem que plantá-las. Havia cervos na floresta. F oi bem legal, — ela
lembrou. — Bailey entrou no espírito . Foi tudo bem por alguns dias, mas
ela nem tem televisão lá em cima.
— Isso é bárbaro.
— Pode apostar. Ela apenas escuta CDs e comunga com a
natureza ou qualquer coisa. Há uma pequena loja — deve estar pelo
menos há umas quatro milhas de distância. Você consegue pão e leite ou
unhas postiças. Parecia algo saído de Mayberry, exceto que está no Sul.
Havia um banco, eu acho, e um correio.
— Qual era o nome da cidade?
— Eu não sei. Dogpatch?
— Engraçado. Tente imaginar a rota, apenas mais ou menos. Você
teria ido pela 270.
— Sim, e então pela 70, o que é isso? Frederick. Eu apaguei um
pouco. Acho que até dormi. Era uma viagem sem fim.
— Vocês tiveram paradas, — ele sugeriu a ela. — Garotas não
pegam a estrada sem fazer um monte de paradas.
— Isso é uma crítica?
— Não, é um fato. Onde vocês pararam — o que fizeram?
— Algum lugar da 70. Eu estava com fome. Eu queria fast food.
Ela fechou os olhos, tentou trazer a lembrança de volta.
“Você ainda come como uma adolescente, M. J.
E daí?
Por que não tenta uma salada para variar?
Porque um dia sem batatas fritas é um triste e perdido dia. ”
Isso a fez sorrir, lembrando agora como Bailey tinha revirado os
olhos, rido, então desistido.
— Oh, espere. Nós fizemos um lanche, mas então ela viu esta
placa sobre antiguidades. Grande armazém de antiguidades — um lugar
assim. Ela ficou orgástica, tinha que dar uma olhada. Era fora da
interestadual, tinha um bobo nome tipo country. Ah... — Ela tentou
lembrar. — Rabbit Hutch, Chicken Coop. Não, não, algo com água. Trout
Stream. Beaver Creek! — ela lembrou-se. — Nós paramos para ver as
antiguidades neste enorme mercado de pulgas ou o que é chamado de
Beaver Creek. Ela teria passado o fim de semana lá se eu não a tivesse
arrancado para fora. Ela comprou uma antiga tigela e deu a Grace como
um presente para a casa. Eu comprei uma cadeira de balanço para sua
varanda. Nós tivemos um trabalhão para colocá-la no carro de Bailey.
— Ok. — Com um aceno, ele dobrou o mapa. — Vamos terminar
de comer, então iremos a esse Beaver Creek. Partiremos de lá.
Mais tarde, quando eles pararam no estacionamento do mercado
de antiguidades, M. J. deu um gole de uma lata de refrigerante. Ela tinha
feito o mesmo na viagem com Bailey, e esperava que isso de alguma
maneira ajudasse sua memória.
— Eu sei que voltamos para a 70. Bailey estava tagarelando sobre
algum vidro — Depressão do vidro. Ela ia voltar e comprar o local todo.
Havia uma mesa que ela queria, também, e estava irritada por não ter
comprado e mandado entregar. Eu venci a escolha da estação.
— O que?
— A escolha da estação. Bailey gosta de clássicos. Você sabe,
Beethoven. Quando dirigimos, nós jogamos uma moeda para ver quem
escolhe a estação. Eu venci, então nós fomos para Aerosmith.
— Eu acho que fomos feitos um para o outro. Está ficando
assustador. — Ele inclinou-se, roçou os lábios dela com os dele. — O que
ela estava vestindo?
— O que é essa súbita obsessão com as vestimentas de minhas
amigas?
— Apenas lembre-se de tudo. Complete o cenário. Quantos mais
detalhes mais claro ficará.
— Oh, entendi. — Apaziguada, ela pressionou os lábios e estudou
o céu. — Calças, tipo bege. Bailey gosta de cores fortes. Grace está
sempre enchendo ela por causa disso. Uma blusa de seda, feita sob
encomenda, um tipo de rosa pálido. Ela estava com lindos brincos. Ela os
tinha feito. Grandes pedaços de quartzo rosa. Eu os experimentei quando
ela estava dirigindo. Não ficaram bem em mim.
— Rosa não ficaria bem, não com seu cabelo.
— Isso é um mito. Ruivas podem usar rosa. Nós saímos da
interestadual para uma rota oeste. Eu não lembro o número, Jack. Bailey
tinha na cabeça. Estava escrito, mas ela não precisava que eu navegasse.
Ele consultou o mapa. — 68 leva a oeste de Hagerstown. Vamos
ver se parece familiar.
— Eu sei que foi mais umas duas horas daqui, — ela disse
enquanto entrava de novo no carro. — Eu poderia dirigir um pouco.
— Não, não poderia.
Ela olhou para o carro, notando que a porta traseira estava presa
por um arame. — Essa coisa grande é quase um nada para ser uma
propriedade, Jack.
A mandíbula dele endureceu. A coisa grande, até recentemente,
tinha sido seu verdadeiro amor. — Há mais chance de você lembrar se nos
mantermos no plano.
— Certo. — Ela esticou as pernas enquanto ele saia do
estacionamento. — Você nunca pensou em um trabalho de pintura?
— O carro tem caráter do jeito que está. E o que conta é o que
está embaixo do teto, não uma superfície brilhante.
— O que está embaixo do teto, — ela disse, então olhou para o
sistema estéreo. — E na potência. Eu aposto que esse brinquedo custou
uns quatro mil.
— Eu gosto de música. E quanto aquele brinquedo ambulante que
você dirige?
— Meu MG é um clássico.
— É um carro de brincadeira. Você deve ter que dobrar as pernas
apenas para caber atrás do volante.
— Pelo menos quando eu estaciono, não pareço estar atracando
um navio no porto.
— Preste atenção na estrada, sim?
— Eu estou. — Ela ofereceu o resto de seu refrigerante a ele. —
Eu sei que parece assim, mas você não vive de verdade neste carro, certo?
— Quando eu preciso. De outro modo eu tenho um lugar na
Avenida Mass. Alguns quartos.
Mobília empoeirada, ele pensou. Montanhas de livros, mas sem
nenhuma alma. Sem raízes, nada que ele não pudesse deixar para trás
sem nem pensar duas vezes. Exatamente como tinha sido sua vida, até o
dia anterior. O que diabos ele estava fazendo com ela? Ele pensou
abruptamente. Não havia nada atrás dele que pudesse ser chamado de
fundação. Nada para ser construído . Nada a oferecer.
Ela tinha família, amigas, um negócio que ela tinha construído. O
que eles tinham em comum, além da situação em que estavam, gostos
similares em música e a preferência pela vida na cidade?
E o fato que estava apaixonado por ela.
Ele olhou para ela. Ela estava concentrada agora, ele notou.
Inclinada no assento, franzindo o cenho para a janela enquanto tentava
lembrar.
Ela não era linda, ele pensou. Ele deveria estar cego de amor, mas
ele nunca usaria um termo tão simples para ela. O estranho, sexy rosto
segurava os olhos — certamente os olhos masculinos. Era sexy, único,
com contrastes de planos e ângulos e a curva da boca carnuda.
O corpo era mais feito para velocidade e movimento, do que para
fantasia. Mesmo assim ele tinha se perdido nisso, nela. Ele sabia que tinha
virado uma esquina quando a conheceu, mas não tinha idéia para onde a
estrada iria levá-los.
— Essa é a estrada. — Ela virou-se, olhou para ele, e parou seu
coração. — Eu tenho certeza.
Ele aumentou a velocidade. Desde que um dos dois tivesse
certeza, ele pensou.
Capítulo 9
A estrada cortava a montanha. M. J. supunha que era algum tipo
de bonita façanha da engenharia, mas a deixou um pouco inquieta.
Particularmente todas as placas de aviso de quedas de rochas e aquelas
altas, dentadas paredes de penhascos dos dois lados.
Ladrões ela poderia entender, antecipá-los, mas quem, ela
perguntava-se, poderia antecipar a Mãe Natureza? O que a impediria de
ter um pequeno acesso de raiva e talvez deixar cair algumas pedras
grandes em cima do carro? E como esse era grande o suficiente, era um
alvo fácil. M. J. manteve os olhos na janela, pedindo para as pedras
ficarem paradas enquanto eles passavam.
À frente, montanhas apareciam e passavam, verdes com o verão.
Calor e umidade faziam o ar grosso como xarope. Pneus zuniam ao longo
da estrada. Ocasionalmente ela via casas atrás de árvores, apenas
rapidamente, como se estivessem escondendo-se de espreitadores. Ela
ponderava sobre eles, aquelas casas afastadas, indubitavelmente com
arrumados quintais guardados por cães, decorados com jardins e
balanços, acentuados com decks e pátios com grelhas e cadeiras
vermelhas.
Era uma maneira de viver, ela supunha. Mas você tinha que cuidar
do jardim, aparar a grama. Ela nunca morou em casa. Apartamentos
sempre tinham servido para seu estilo de vida. Para alguns, um
apartamento pareceriam como caixas presas a outras caixas dentro de
uma caixa. Mas ela sempre tinha ficado satisfeita com seu próprio espaço,
com a camaradagem de ser parte da multidão.
Por que você precisaria de grama e balanços a não ser que você
tivesse crianças? Ela sentiu um volta no estômago a essa idéia. Ela já tinha
pensado em ter filhos antes? Balançar um bebê, vê-lo crescer, amarrar
sapatos e narizes pingando.
Era Grace que era mole com crianças, ela pensou. Não que ela
mesma não gostasse deles. Ela tinha um pelotão de primos que pareciam
propensos a popular o mundo, e M. J. tinha passado muitas horas em
visitando casas com novos bebês, brincando no chão com uma criança ou
chutando bola para um frangote da Pequena Liga. Ela não imaginava que
era a mesma coisa quando a criança era sua.
O que sentiria, ela ponderou, ter seu próprio bebê descansando a
cabeça no seu ombro e bocejar, ou ter uma trêmula criança aprendendo a
andar com os braços estendidos para você segurá-lo?
E o que em nome de Deus ela estava fazendo pensando sobre
crianças em um momento como esse? Aborrecida, ela pressionou os
dedos nos óculos escuros contra os olhos.
Então lançou um considerável olhar para o perfil de Jack. O que,
ela ponderava, ele pensava de crianças?
Inacreditavelmente, ela sentiu o calor subir por seu rosto, e virou o
rosto para a janela rapidamente. Idiota, ela disse a si mesma. Você
conhece o cara em um instante, e começa a pensar em fraldas e
sapatinhos de bebê.
Isso, ela pensou aborrecida, era exatamente o que acontecia a
uma mulher quando se encontrava presa a um homem. Ela entrava
suavemente, particularmente na cabeça.
Então ela soltou um grito que surpreendeu os dois. — Ali! É essa
saída! É por onde saímos. Eu tenho certeza.
— Na próxima vez apenas atire em mim, — Jack sugeriu enquanto
mudava o carro para a uma travessa. — Estou surpreso por não ter tido
um ataque cardíaco.
— Desculpe.
Ele passou pela saída, dando tempo para ela orientar-se enquanto
eles entraram em uma travessa dupla.
— Esquerda, — ela disse depois de um momento. — Eu tenho
quase certeza que entramos a esquerda.
— Ok, eu preciso abastecer, de qualquer maneira. — Ele dirigiu-se
para o serviço mais próximo e parou perto das bombas. — O que tinha na
mente lá trás, M. J. ?
— Em minha mente?
— Você saiu do ar por um momento.
O fato de ele ter percebido a desconcertou. Ela mexeu-se no
banco, deu de ombros. — Eu estava apenas concentrada, isso é tudo.
— Não, você não estava. — Ele colocou uma mão em seu queixo,
virou o rosto dela para ele. — É exatamente o que você não estava
fazendo. — Ele esfregou o dedão pelos lábios dela. — Não se preocupe.
Nós vamos encontrar suas amigas. Elas estarão bem.
Ela acenou em concordância, sentiu um lavada de vergonha. Grace
e Bailey deveriam estar em sua mente, e em vez disso ela tinha estado
sonhando com bebês como alguma apaixonada idiota. — Grace vai estar
na casa. Tudo o que temos de fazer é encontrá-la.
— Segure esse pensamento. — Ele inclinou-se para frente, tocou
os lábios dela com os dele. — E vai comprar uma barra de chocolate para
mim.
— Você ficou com todo o dinheiro.
— Oh, sim. — Ele saiu, alcançou o bolso da frente e puxou uma
mão cheia de dinheiro. — Exiba-se, — ele sugeriu, — e compre uma para
você, também.
— Poxa, obrigada, papai.
Ele sorriu enquanto ela se afastava, longas pernas com passadas
largas, quadris estreitos balançando embaixo da calça. Inferno de pacote,
ele pensou enquanto enchia o tanque. Ele não iria questionar as voltas do
destino que a colocou em sua vida, e em seu coração.
Mas ele se perguntava quanto tempo demoraria para ela se
questionar. Pessoas não ficavam muito tempo em sua vida — elas vinham
e iam. Tinha sido assim por tanto tempo, que ele tinha parado de esperar
que fosse diferente. Talvez ele tivesse parado de querer que fosse
diferente.
Ainda, ele sabia que se ela decidisse afastar-se, ele nunca
superaria. Então ele tinha que fazer com que ela não se afastasse.
Enchendo o tanque do Olds, ele a viu voltar, parar na máquina de
refrigerantes. E ele não era o único a olhando, Jack notou. O adolescente
abastecendo uma pickup na próxima bomba tinha os olhos nela, também.
Não posso te culpar, companheiro, Jack pensou. Ela é uma pintura,
tudo bem. Talvez você cresça com sorte e encontre uma mulher com
metade dessa perfeição para você.
E abençoando sua sorte, Jack colocou a tampa de volta no tanque,
então foi na direção dela. Ela tinha as mãos cheias de chocolates e
refrigerantes quando ele a puxou para ele e cobriu sua boca em uma
drenagem de cérebro com um longo, ardente, beijo.
A respiração dela estava entrecortada quando ele a soltou. — Para
que foi isso?
— Porque eu posso, — ele disse simplesmente, e foi pagar a sua
conta.
M. J. balançou a cabeça, notou o adolescente que estava olhando
bobamente e deixando transbordar o tanque. — Eu não acenderia um
fósforo, camarada, — ela disse quando passou por ele e entrou no carro.
Quando Jack juntou-se a ela, ela em um impulso, enganchou as
mãos nos cabelos dele e puxou-o contra ela para beijá-lo gentilmente. —
Isso é porque eu posso, também.
— Sim. — Ele tinha certeza que tinha fumaça saindo de suas
orelhas. — Nós somos uma dupla e tanto.
Levou um momento para clarear a mente da luxuria e lembrar-se
de como virar a chave.
Excitada e divertida com a reação dele, ela segurou a barra de
chocolate. — Chocolate?
Ele resmungou, pegou-o, mordeu-o. — Olhe a estrada, — ele disse
a ela. — Tente encontrar algo familiar.
— Eu sei que não ficamos nesta estrada muito tempo, — ela
começou. — Nós saímos e fizemos um lanche atrás no canto da estrada.
Como eu disse, Bailey tinha tudo na cabeça. Bailey! — Quando a idéia
surgiu em sua mente, ela pressionou as mãos na boca.
— O que foi?
— Eu fico me perguntando para onde ela iria. Se ela estivesse em
apuros, se ela estava fugindo, para onde iria? — Olhos arregalados, ela
virou-se para ele. — E a resposta está logo ali. Ela sabe como chegar na
casa de Grace. Ela adorou lá. Ela se sentiria segura lá.
— É uma possibilidade, — ele concordou.
— Não, não, ela iria para uma de nós com certeza. — Ela balançou
a cabeça fortemente, desesperadamente. — E ela não poderia ir até mim.
Isso significa que ela veio para cá, talvez pegou um ônibus ou trem para
mais longe possível, alugou um carro. — O coração dela acendeu-se com a
certeza disso. — Sim, é o lógico, e exatamente como ela. As duas estão lá
em cima, na floresta, sentadas lá imaginando o que fazer a seguir e
preocupadas comigo.
E ele também estava preocupado com ela. Ela estava colocando
todas suas esperanças neste tiro, mas ele não tinha coragem de dizer. —
Se ela estão, — ele disse cautelosamente, — nós ainda temos de
encontrá-las . Pense, tente lembrar.
— Ok. — Com novo entusiasmo, ela olhou para a paisagem . —
Era primavera, — ela pensou. — Era lindo. Cheio de florescentes
dogwoods6, eu acho, e aqueles arbustos amarelo como um néon. E algo
que Bailey chamou de redbuds. Havia um local de jardinagem, — ela
lembrou-se subitamente. — Um sei lá o que, viveiro. Bailey queria parar e
comprar um arbusto ou algo assim para Grace. E eu disse que deveríamos
ir lá primeiro e ver o que ela já tinha.
— Então vamos procurar um viveiro.
— Tinha um nome estúpido. — Ela fechou os olhos por um
momento, lutou para trazer isso de volta. — Pretensioso. Estava bem ao
lado da estrada, e estava cheio de coisas . Essa foi uma das razões por que
eu não queria parar. Teria demorado uma eternidade. Buds ‘N’ Blooms. —
Ela bateu as mãos quando lembrou-se. — Nós fizemos uma milha mais ou
menos depois disso.
— Aí está. — Ele pegou a mão dela, levantou-a até seus lábios e
beijou-a . E fez os dois franzirem o cenho para isso. Ele nunca tinha
beijado a mão de uma mulher em toda sua vida.
Por dentro, M. J. sentiu borboletas no estômago. Limpando a
garganta, ela deixou a mão no colo. — Bem, ah... de qualquer forma,
Grace e Bailey voltaram para esse lugar de plantas. E eu fiquei na casa
dela. Essas duas fazem a maior confusão para saírem para as compras.
Para qualquer coisa. Eu imaginei que elas iriam comprar a loja — o que
elas quase fizeram. Elas voltaram carregadas daquelas bandejas plásticas
6 Uma árvore comum do leste Norte Americano.
de flores, e flores em vasos, e alguns arbustos. Grace tem uma pickup em
sua casa. Eu posso imaginar o que eles escreveriam na seção estilo do
Post sobre Grace Fontaine dirigindo uma caminhonete pickup.
— Ela ligaria?
— Ela iria rir. Mas ela mantém esse lugar para si mesma. Os
parentes — é assim que ela chama a família, os parentes nem sabem
sobre isso.
— Eu diria que isso está ao nosso favor. Quantos menos pessoas
souberem, melhor. — Os lábios dele curvaram quando ele viu uma placa.
— Ali está seu local de jardinagem, doçura. Os negócios estão bem,
mesmo para essa época do ano.
Deleite zumbia dentro dela, enquanto ela via as linhas de carros e
caminhões parados ao lado da estrada, as multidões de pessoas ao redor
de mesas cobertas de flores. — Eu aposto que estão fazendo uma venda
de feriado. Dez por cento de desconto em qualquer buquê vermelho,
branco ou azul.
— Deus abençoe a América. Mais ou menos uma milha, você
disse?
— Sim, era uma direita. Eu tenho certeza disso.
— Você não gosta de flores?
— Huh? — Distraída, ela olhou para ele. — Claro, elas são legais.
Eu gosto daquelas com cheiro. Você sabe, como aquelas coisas, aqueles
carnations. 7 Elas não cheiram como afeminadas, e não acabam em alguns
7 Um tipo de planta com flores.
dias, também.
Ele riu. — Flores fortes. É essa a entrada?
— Não... eu acho que não. Um pouco mais longe. — Inclinando-se
para frente, ela tamborilou os dedos no painel do carro. — É esta, que
está vindo. Eu tenho quase certeza.
Ele mudou, entrou a direita. A estrada apareceu e curvou-se. Ao
lado cercas estavam sendo lentamente cobertas por madressilvas, e por
trás delas vacas pastavam.
— Eu acho que está certo. — Ela mordeu o lábio. — Todas as
drogas de estradas daqui parecem as mesmas. Campos e rochas e
árvores. Como as pessoas sabem para onde estão indo?
— Vocês ficaram nesta estrada?
— Não, ela virou de novo. — Direita ou esquerda? M. J. se
perguntava. Direita ou esquerda? — Nós continuamos para dentro da
área rural, e subindo. Talvez aqui. — Ele diminuiu, deixou-a considerar. A
s encruzilhadas eram estreitas, fazendo esquina de um lado por uma casa
de pedra. Um cachorro apareceu no jardim em baixo da sombra de uma
árvore. Patos de concreto estavam na grama.
— Pode ser isso, para a esquerda. Sinto muito, Jack, está confuso.
— Olhe, nós temos um tanque cheio e muita luz do dia. Não
esquente.
Ele foi pela esquerda, cruzou a estrada curva que subia e
aprofundava. As casas estavam espalhadas agora, e os campos estavam
cheios de milharais da altura da cintura de um homem. Onde os campos
paravam, as árvores dominavam, crescendo fortes e verdes, arqueadas
sobre a estrada fazendo assim um túnel de sombra para o carro passar.
Eles chegaram ao topo do penhasco, e o mundo se abriu. Uma
dramática e súbita aparição de montanhas verdes, e terras que rolava
abaixo deles.
— Sim. Bailey quase arrebentou o carro quando paramos neste
penhasco. Se é este penhasco, — ela acrescentou. — Eu acho que é parte
da floresta estadual. Ela tinha ficado tonta com isso. Mas nós viramos de
novo. Uma dessas pequenas estradas que está cercada de árvores.
— Você está indo bem. Diga-me qual você quer tentar.
— A essa altura, sua sugestão é tão boa quanto a minha. — Ela
sentia-se indefesa, estúpida. — Parece diferente agora. As árvores são
todas grandes. Elas tem esse verde confuso quando nós passamos.
— Vamos dar uma chance a esse aqui, — ele decidiu, e jogando
uma moeda imaginária, virou a direita.
Levou apenas dez minutos para eles admitirem que estavam
perdidos, e outros dez para encontrar o caminho para a estrada principal.
Eles dirigiram por uma cidadezinha que M. J. não tinha nenhuma
lembrança, então voltaram. Depois de uma hora rodando, M. J. sentiu a
paciência acabando. — Como você pode ficar tão calmo? — ela perguntou
a ele. — Eu juro que já andamos por todas as estradas nos últimos
quilômetros. Todas as ruas, becos e trilhas de vacas. Eu vou enlouquecer.
— A minha linha de trabalho exige paciência. Eu já contei quando
eu rastreei Big Bill Bistrol?
Ela virou-se no assento, tendo certeza que nunca mais ia sentir a
bunda.
— Não, você nunca me contou sobre rastrear Big Bill Bistrol. Você
vai inventar?
— Não tenho que inventar. — Para dar aos dois um tempo, ele
saiu da estrada. Havia uma pequena parada ao lado do que ele suponha
poderia ser chamado de buraco. Árvores sombreavam e deixavam o Sol
bater na copa. — Big Bill era assaltante. Perdeu a cabeça em uma mão de
cartas e tentou alimentar sua caneca com seu oponente. Isso foi depois
de quebrar seu nariz e derrubar o cara. Big Bill é alto e largo, e tem mãos
do tamanho de Minneapolis. Ele não gosta de perder. Eu sei isso pelo fato
de já ter passado ocasiões jogando jogos de azar com Big Bill.
M. J. sorriu maldosa. — Caramba, Jack, eu mal posso esperar para
conhecer seus amigos.
Reconhecendo sarcasmo quando era apontado para ele, mal tirou
os olhos dela. — Em qualquer caso, Ralph pagou sua fiança, mas Big Bill
descobriu sobre um jogo flutuante em Jersey e não queria perder. A lei
não vê com bons olhos, não apenas jogos flutuantes, mas faltar a
audiência, e teve sua liberdade sob fiança revogada. Bill estava na lista de
fugitivos.
— E você foi atrás dele.
— Bem , eu fui. — Jack esfregou o queixo, pensou vagamente
sobre barbear-se. — Deveria ter sido fácil, rotineiro. Achar o jogo, lembrar
Bill que deveria comparecer na corte, trazê-lo de volta. Mas parecia que
Bill tinha ganho muito dinheiro em Jersey, e tinha ido a outro jogo. Eu
deveria acrescentar que Bill é grande, mas não no departamento cérebro.
E ele estava em uma linha quente, indo de jogo a jogo, estado a estado.
— Com Jack Dakota, caçador de recompensas, quente em seu
rastro.
— Atrás do rastro dele, de qualquer forma. Atrás de muitos
rastros. Se o idiota tivesse planejado me despistar, não poderia ter feito
um trabalho melhor. Eu cruzei o Nordeste, fui a todos os jogos.
— Quanto você perdeu?
— Não o suficiente para comentar. — Ele respondeu ao sorriso
dela. — Eu entrei em Pittsburgh quase meia noite. Eu sabia que havia um
jogo, mas não poderia subornar ou ameaçar o localização de ninguém. Eu
tinha estado no rastro de Bill por quatro dias, vivendo em meu carro e
jogando pôquer com caras chamados Bats e Fast Charlie. Eu estava
cansado, sujo, no fim do meu último cem em dinheiro. Eu fui a um bar.
— Claro que você foi.
— Eu estou contando a história, — ele disse, puxando o cabelo
dela. — Escolhi um banco, sem pensamentos, sem plano. E advinha quem
estava no fim do salão, segurando um par de cartas e quebrando
canecas?
— Vamos ver... Poderia ser... Big Bill Bistrol?
— Em carne. Paciência e lógica tinham me levado a Pittsburgh,
mas foi instinto que me fez entrar naquele jogo.
— Como você o fez voltar com você?
— Aí eu tinha uma escolha. Eu considerei bater na cabeça dele
com uma cadeira. Mas era mais provável que nem o incomodasse. Eu
pensei em apelar para sua boa vontade, lembrando-o de que ele devia a
Ralph. Mas ele continuava com sorte, e não teria dado a mínima. Então eu
tomei um drink, juntei-me ao jogo. Depois de algumas horas, eu expliquei
a situação para Bill, e apelei no seu próprio nível. Uma rodada de cartas.
Eu ganho, ele volta comigo, sem brigas. Ele ganha, eu vou embora.
— E você ganhou?
— Sim, eu ganhei. — Ele coçou o queixo novamente. — Claro, eu
trapaceei, mas como eu disse, cérebro não era o forte de Bill.
— Você roubou?
— Claro. Era a rota clara nesta situação, e todo mundo acabou
feliz.
— Exceto Big Bill.
— Não, ele também. Ele teve uma boa fuga, ganhou o suficiente
para pagar o cara que ele tinha arrebentado a cabeça. Queixas retiradas.
Sem esquentar.
Ela balançou a cabeça. — E o que você teria feito se ele tivesse
decidido dar o calote e não voltar com você pacificamente?
— Eu teria quebrado a cadeira na cabeça dele, e esperado
sobreviver a isso.
— Uma vida e tanto a sua, Jack.
— Eu gosto. E a moral da história é, continue procurando,
seguindo a lógica. E quando a lógica acabar, você segue os instintos. —
Assim dizendo, ele alcançou o bolso, pegou a pedra. — A segunda pedra é
sabedoria. — Os olhos dele encontraram os dela. — O que você sabe, M.
J. ?
— Eu não entendi.
— Você conhece suas amigas. Você as conhece melhor do que eu
conheço Big Bill, ou qualquer outro, na verdade. — Ele poderia vir a
convidá-la para isso, ele percebeu. E pensaria nisso melhor mais tarde. —
Elas são parte do que você foi, de quem você é, e, eu acho, de quem você
será.
O peito dela apertou. — Você está ficando filosófico comigo,
Dakota.
— Algumas vezes isso funciona, também. Confie em seus
instintos, M. J. — Ele pegou a mão dela, fechou-a sobre a pedra. — Confie
no que sabe.
Os nervos dela subitamente estavam a flor da pele, dando
calafrios. — Você espera que eu use essa coisa como algum tipo de
bússola? Um bastão sagrado?
— Você sente assim, não sente? — Era um choque para ele,
também, mas suas mãos continuaram firmes sobre as dela. — Está quase
vivo. Você sabe aquela coisa sobre mitos? Se você for fundo nisso, você
tira a verdade. A segunda pedra é sabedoria. — Ele encostou-se, colocou
as mãos no volante. — Para que lado você quer ir?
— Ela estava fria, tremendo de frio. Mas a pedra ainda estava
como o Sol queimando sua mão. — Leste. — Ela ouviu-se dizer, sabia que
era estanho para uma garota da cidade usar essa direção, além de direita
ou esquerda. — Isso é loucura.
— Nós deixamos a sanidade para trás ontem. Não adianta ficar
tentando voltar. Apenas me diga por qual caminho você quer ir. Que lado
parece o certo.
Então ela segurou a pedra fortemente na mão e o direcionou pela
estrada ladeada de árvores e rochas em formação. No caminho um
significativo rio seco por falta de chuva, passaram por uma casa marrom
tão perto que a porta quase estava na estrada.
— A direita, — M. J. disse, por uma garganta seca e apertada. —
Você tem que procurá-la. Nós a passamos, temos de fazer a volta. Sua
travessa é estreita, apenas um corte por entre as árvores. Você mal pode
ver. Ela não tem uma caixa de correio. Ela vai até a cidade e pega a
correspondência quando está aqui. Ali. — A mão dela tremeu um pouco
quando ela apontou. — Bem ali.
Ele entrou. A travessa realmente era estreita. Ramos de árvores
arranharam e rasparam as laterais do carro enquanto ele devagar dirigia,
sobre pedregulhos, ao redor de uma curva que era ladeada por mais
árvores.
E ali, no centro da travessa, parado como uma estátua de pedra,
estava parado um cervo com uma pele que brilhava um dourado escuro
na luz do Sol.
Deve ser um de traseiro branco, Jack pensou tolamente. Um
traseiro branco é sinal de uma indagação.
O cervo viu o movimento aproximando-se, cabeça erguida, seus
olhos selvagens e fixos. Então, com um movimento do rabo, um rápido
giro do corpo glorioso, ela escapou pelas árvores nas finas, e graciosas
pernas. E tinha sumido com quase nenhum farfalhar.
A casa era exatamente como M. J. lembrava-se. Fixada atrás do
penhasco, acima de um pequeno, riacho, era simples de dois andares que
misturava-se com o cenário de árvores. Era madeira e vidro, linhas
simples, com uma longa varanda na frente pintada de um atrevido azul.
Duas cadeiras de balanços brancas posicionadas ali, com vasos vermelhos
cobre carregados com flores rasteiras.
— Ela esteve ocupada, — M. J. murmurou, olhando os jardins.
Flores estavam em todos os lugares, a ermo, como se não tivessem sido
planejadas. A corrente de cores e formatos desciam pelo penhasco como
um rio. Largos degraus de madeira cortavam as cores, iam pela esquerda,
então desciam a travessa. — Na casa em Potomac ela contratou um
paisagista profissional. Ela sabia exatamente o que queria, mas ela tinha
mais alguém para fazê-lo. Aqui, ela queria fazer as coisas ela mesma.
— Parece um conto de fadas. — Ele mexeu-se, desconfortável
com suas próprias impressões. Ele não estava exatamente em seu conto
de fadas. — Você sabe o que eu quero dizer.
— Sim.
Uma brilhante pickup azul estava estacionada no final da travessa.
Mas não havia sinal do carro que Grace teria usado para ir até sua casa no
interior. Nenhum empoeirado carro alugado anunciava a presença de
Bailey.
Elas devem ter ido a loja, M. J. disse a si mesma. Elas estarão de
volta a qualquer minuto. Ela não iria acreditar que eles vieram tão longe,
encontrado a casa, e não encontrar Grace e Bailey.
No minuto que Jack parou ao lado da pickup, ela saiu e indo na
direção da casa.
— Espere. — Ele agarrou o braço dela, a fez parar. — Vamos nos
acalmar. — Gentilmente ele abriu a mão dela, pegou a pedra. Quando a
colocou de volta no bolso, pegou a mão dela. — Você disse que ela deixa
a caminhonete aqui?
— Sim. Ela dirige uma Mercedes conversível, ou um pequeno
Beemer.
— Sua amiga tem três carros?
— Grace quase nunca é dona de só uma coisa. Ela diz que não
sabe como vai estar seu humor.
— Tem uma porta dos fundos?
— Sim, saindo da cozinha, e outra na lateral. — Ela gesticulou para
a direita, lutando para ignorar o peso em seu peito. — Leva a um pequeno
pátio e para a floresta.
— Vamos dar uma olhada ao redor primeiro.
Havia um jardim coberto, cheio de ferramentas em ordem, um
cortador de gramas, ancinhos e pás. Onde a grama desaparecia, pisos de
pedras tinham sido colocados, com musgo crescendo entre eles. Mais
flores — uma cama de flores e hortaliças espalhando-se na parede escura,
e o penhasco por trás crescendo com heras.
Um beija-flor pairou em um brilhante bebedouro vermelho, suas
irradiantes asas borradas pela velocidade. Ele disparou como uma bala
com a aproximação deles, um rodopio como o único som.
Ele percebeu que não havia janelas quebradas ou qualquer outro
sinal de uma entrada forçada enquanto eles circulavam por trás,
passaram por um jardim de ervas com essências de alecrim e menta. Um
puxador de latão pendurado perto da porta. Nenhum folha mexia-se.
— É assustador. — Ela esfregou os braços. — Espreitar ao redor
desse jeito.
— Vamos espreitar mais um minuto.
Eles foram para a lateral para o pequeno pátio. Ali, uma mesa de
vidro, uma longa cadeira acolchoada, mais flores entre o concreto e em
vasos. Ali perto havia uma pequena planta ornamental.
— Isso é novo. — M. J. parou para estudá-lo. — Ela não o tinha
antes. Embora ela já tivesse falado a respeito. Parece fresco.
— Eu diria que sua amiga fez alguma plantação esta semana. Você
acha que há uma planta ou flor existente que ela tenha deixado passar?
— Provavelmente não. — Mas o sorriso de M. J. era fraco
enquanto eles iam para frente. — Eu quero entrar, Jack.
— Vamos dar uma olhada. — Ele subiu os degraus da varanda,
encontrou a porta da frente trancada. — Ela tem um esconderijo para a
chave?
— Não. — Apesar do calor miserável, ela esfregou as mãos nos
braços frios.
Muito quieto, era tudo o que ela podia pensar. Estava muito
quieto. — Ela costuma ter uma extra para a casa de Potomac, em um vaso
ao lado da porta, mas a prima dela Melissa descobriu e se fez confortável
na casa enquanto Grace estava em Milão. Realmente a irritou.
Ele agachou-se, examinou a fechadura. — Ela tem uma boa. Mais
fácil quebrar a janela.
— Você não vai quebrar uma das janelas dela.
Ele suspirou, levantou-se. — Eu tinha medo de você dizer isso. Ok,
faremos do jeito difícil.
Enquanto ela franzia o cenho, ele voltou para o carro, abriu o
porta malas. Dentro, estava carregado de ferramentas, roupas, livros,
garrafas de água e papeladas de trabalho. Ele procurou, escolheu o que
precisava.
— Ela tem um sistema de alarme?
— Não. Não que eu saiba, de qualquer jeito. — M. J. estudou a
bolsa de couro. — O que você vai fazer?
— Arrebentar a fechadura. Talvez demore um pouco, estou
enferrujado. — Mas ele esfregou as mãos juntas, antecipando o desafio.
— Você poderia ir ao redor, checar as outras portas e janelas, apenas no
caso de ela ter deixado algo destrancado.
— Se ela trancou uma, ela trancou todas. Mas tudo bem.
Ela circulou ao redor, parando em cada janela, puxando, então
desistia. No momento em que fez o circuito completo, Jack estava na
Segunda fechadura. Intrigada, ela assistiu sua destreza. Estava mais fresco
ali do que na cidade, mas o calor ainda era horrível. Suor molhava a
camisa dele, brilhava na garganta.
— Você pode me ensinar a fazer isso? — ela perguntou a ele.
— Ssh! — Ele enxugou as mãos no jeans, segurou com mais
firmeza a ferramenta. — Consegui. — Ele parou, passou um braço pela
testa. — Banho frio, — ele murmurou. — Cerveja gelada. Eu beijarei os
pés de sua amiga se ela tiver os dois.
— Grace não bebe cerveja. — Mas M. J. estava empurrando a
porta a frente dele.
A área de estar era confortável, pequena mas com vida nela, com
sofás espaçosos, com cadeiras que alcançavam os ricos tons azuis. Na
lareira de tijolos, uma luxuriosa samambaia verde crescia para fora de
uma escarradeira de latão.
M. J. moveu-se rapidamente pelos cômodos, sobre o chão de
madeira e tapetes Berber, para a cozinha ensolarada, com balcões verde
floresta e ladrilhos brancos, pela aconchegante sala de visitas que Grace
tinha transformado em biblioteca.
A casa parecia fazer eco a seu redor, quando ela alcançou as
escadas, olhou os quartos, o banheiro.
A cama brilhante de latão de Grace estava feita, os laços feitos a
mão que ela tinha adquirido na Irlanda acentuava-se com os ricos
coloridos dos travesseiros. Um livro sobre jardinagem na mesinha de
cabeceira. O banheiro estava vazio, a concha de marfim da pia estava
limpa e brilhante no balcão azul. Toalhas bem dobradas nas prateleiras na
alta estante de vime.
Sabendo que era inútil, ela olhou dentro do closet. Estava
ridiculamente cheio e organizado.
— Elas não estão aqui, M. J. — Jack tocou seu ombro, mas ela
afastou-se.
— Eu posso ver isso, não posso? — Sua voz dela estalou, quebrou
como um ramo seco. — Mas Grace estava aqui. Ela estava bem aqui. Eu
ainda posso sentir o cheiro dela. — Ela fechou os olhos, inspirou fundo. —
O perfume dela. Ainda não desapareceu. Esse é seu cheiro. Algum
magnata de fragrâncias que caiu por ela o fez para ela. Eu posso senti-la
aqui.
— Ok. — Ele sentiu a essência ele mesmo, sexy chique com tons
silvestres. — Talvez ela tenha ido a cidade, ou pegou uma carona.
— Não. — Ela afastou-se dele, foi até a janela enquanto falava. —
Ela não teria trancado a casa para isso. Ela sempre fala de como é
encantador não preocupar-se com trancas aqui em cima. Ela só o faz
quando o fecha e vai para outro lugar. Bailey não está aqui. Grace não
está aqui, e não está planejando voltar por um tempo. Nós a perdemos.
— De volta a Potomac?
Ela balançou a cabeça. O aperto em seu peito era insuportável,
como se mãos estivessem apertando seu coração e pulmões. — Não é
provável . Ela evita a cidade no Quatro de Julho. Muito trânsito, muitos
turistas. É por isso que eu estava tão certa que ela ficaria aqui até pelo
menos amanhã. Ela pode estar em qualquer lugar.
— O que significa que ela irá aparecer em algum lugar. — Ele
começou a ir até ela, captou o brilho em sua bochecha e parou, como um
homem que teria batido de frente em uma parede de vidro. — O que
você está fazendo? Você está chorando? — Era uma acusação, em uma
voz beirando o terror.
M. J. mal colocou os braços ao redor do peito e segurou os
cotovelos. Toda a excitação, a tensão, a frustração, da busca caiu em uma
íngreme desesperança.
A casa estava vazia.
— Eu quero que você pare. Agora. Estou falando sério.
Choramingar não vai lhe fazer nenhum bem. — E certamente não iria
fazer nenhum bem a ele. Isso o aterrorizava, fazia-o sentir-se estúpido,
desajeitado e irritado.
— Apenas deixe-me sozinha, — ela disse, e sua voz quebrou-se
em um soluço abafado. — Apenas vá.
— É exatamente o que vou fazer. Continue com isso, e eu vou.
Estou falando sério. Não vou ficar por aqui vendo sua choradeira .
Controle-se. Você não tem nenhum orgulho?
Neste momento, orgulho estava longe em sua lista. Desistindo, ela
pressionou a testa na janela e deixou as lágrimas caírem.
— Estou indo, M. J. — Ele fez uma carranca para ela e foi na
direção da porta. — Eu vou tomar um drink e um banho. Então quando
você se controlar, vamos imaginar o que fazer a seguir.
— Então vá. Apenas vá.
Ele foi até a soleira, então, praguejando violentamente, voltou. —
Eu não preciso disso, — ele murmurou.
Ele não tinha idéia de como lidar com as lágrimas de uma mulher,
principalmente as daquela mulher forte que obviamente estava no fim de
sua resistência. Ele praguejou de novo enquanto a virava em seus braços,
abraçou-a. Ele continuou a praguejar quando a pegou no colo, sentou-se
com ela em uma cadeira.
Ele a balançava e praguejava e afagava.
— Acabe logo com isso, então. — Beijou sua têmpora. — Por
favor. Você está me matando.
— Estou com medo. — Sua respiração saiu em um arranco
quando ela enterrou o rosto no ombro dele. Seu forte, largo ombro. —
Estou tão cansada e com tanto medo.
— Eu sei. — Ele beijou seu cabelo, segurou-a mais próxima. — Eu
sei.
— Eu não agüentaria se algo acontecesse com elas. Eu não
poderia suportar.
— Não. — Ele aumentou seu abraço, como se assim pudesse
acabar com aquelas quentes, assustadoras lágrimas. Mas sua boca passou
por sua bochecha, encontrou a dela, e era gentil. — Vai ficar tudo bem.
Tudo vai ficar bem. — Ele afastou as lágrimas desajeitadamente com os
dedos. — Eu prometo.
Olhos marejados, ela o encarou. — Eu estava tão certa de que elas
estariam aqui.
— Eu sei. — Ele afastou os cabelos do rosto dela. — Você tinha o
direito de quebrar-se. Eu não conheço mais ninguém que chegaria tão
longe sem estourar. Mas não chore mais, M. J. Isso acaba comigo.
— Eu odeio chorar. — Ela fungou, afastou as lágrimas.
— Estou feliz em saber. — Ele pegou as mãos dela, beijou-as desta
vez, sem o momento de surpresa. — Pense nisso. Ela estava aqui hoje,
talvez menos de uma hora atrás. Ela arrumou, trancou tudo. O que
significa que ela estava bem quando foi embora.
Ela soltou o ar com dificuldade, inspirou novamente. — Você está
certo. Não estava pensando direito.
— Isso é por que você precisa de uma pausa. Uma refeição
decente, um pequeno descanso.
— Sim. — Mas ela deitou a cabeça no ombro dele novamente. —
Podemos apenas ficar sentados aqui por um tempo. Apenas ficar
sentados assim?
— Claro. — Foi fácil colocar os braços ao redor dela, segurá-la
próxima. E apenas ficar sentado.
Capítulo 10
Ele disse a ela que não fazia sentido em dirigir de volta para a
cidade, lutar com o trânsito gerado pelos fãs dos fogos de artifício. Não
quando eles tinham um lugar perfeito para passar a noite.
O fato era, ele pensou, se ela descontrolou-se uma vez, ela poderia
facilmente fazê-lo novamente. E uma refeição decente, junto com uma
noite bem dormida, talvez a ajudasse a se recompor.
Em qualquer caso, eles tinham passado mais de cinco horas dentro
do carro aquele dia, depois de um pouco mais de uma hora de sono.
Dirigir de volta iria fazê-los sentir como se o esforço de encontrar a casa
de Grace tivesse sido inútil. Ele queria tempo para planejar o que estava
começando a formar em sua mente.
— Tome um banho, — ele disse a ela. — Pegue uma camiseta ou
alguma coisa de sua amiga. Você vai sentir-se melhor.
— Não seria mal. — Ela forçou um sorriso. — Eu pensei que você
quisesse um banho também. Você não quer economizar água?
— Bem... — Era tentador. Ele podia enxergar-se embaixo de uma
ducha fria com ela, ensaboando-se — ensaboando-a — e deixando a
natureza seguir seu interessante curso.
E também ocorreu a ele que ela não tinha tido cinco minutos de
privacidade em horas. Era sobre tudo o que ele tinha o poder de dar a ela
neste momento. — Eu vou procurar algo para beber. Ver se sua amiga
tem algumas latas que eu possa abrir. — Ele beijou a ponta do nariz dela
com afeição. — Vá em frente e comece sem mim.
— Ok, você pode procurar algo para eu beber enquanto está
nisso, mas você não vai encontrar nenhuma cerveja na geladeira. E Deus
sabe o que ela tem em latas aqui. — M. J. foi na direção do banheiro,
parou, virou-se. — Jack? Obrigada por deixar-me desabafar.
Ele enfiou as mãos nos bolsos. Os olhos dela, aqueles exóticos
olhos de gato, ainda estavam inchados do choro, e suas bochechas
estavam pálidas de cansaço. — Eu acho que você precisava.
— Eu precisava, e você não me fez sentir-me muito idiota. Então
obrigada, — ela disse novamente, e foi para o banheiro.
Ela despiu-se agradecida, quase arrancou a camiseta e a calça de
sua pele grudenta e superaquecida. O estilo simples que Grace tinha
escolhido para o resto da casa não seguia no banheiro principal. Era puro
auto-indulgência.
Os azulejos eram de um azul e verde suaves, então era como
entrar em uma agradável clareira. A banheira do tamanho de um lago era
branca, cheia de jatos d'água e com uma armação onde mais samambaias
cresciam em luxuosos vasos de biscuit.
O grande balcão ostentava várias frascos e segurava um espelho
de latão. A cima havia um jardim de luzes em forma de tulipas de vidro
fosco. Toalhas penduradas do tamanho de lençóis estavam refletidas no
espelho, refletindo o cômodo e dando a ilusão de enorme, e luxuoso
espaço.
Apesar de M. J. considerar rapidamente a banheira, e os jatos
borbulhantes, ela foi na direção do box com chuveiro. Seus chuveiros
estavam instalados em três níveis. Com a necessidade de ser paparicada,
M. J. ligou todos, então, depois de um enorme suspiro, serviu-se do caro
sabonete e shampoo de Grace.
E o cheiro a fez choramingar de novo. Era tão Grace.
Mas ela recusou-se a chorar, já arrependida das outras lágrimas .
Elas não ajudaram em nada. Praticidades ajudavam, ela lembrou a si
mesma. Um banho, uma refeição, um descanso das atividades por um
período, serviriam para clarear a mente. Indiscutivelmente, ela precisava
de algumas horas de sono para recarregar. Não foi apenas a choradeira
que a fez sentir-se confusa e fraca, ela imaginava.
Algo tinha de ser feito, algum movimento tinha de ser feito, e
rápido.
Para fazer isso, ela precisava estar em forma e preparada. Mal
importava que mais do que um dia tivesse passado. Cada hora que ela
passava sem ser capaz de contatar Bailey ou Grace era um pequeno e
tenso momento da vida.
Coisas tinham de ser ajeitadas, seu mundo tinha de ser ajeitado de
novo. E então ela teria que enfrentar o que quer que estivesse
acontecendo, e que iria acontecer, entre ela e Jack.
Ela estava apaixonada por ele, não havia dúvidas disso. A rapidez
com que tinha acontecido só acrescentava a intensidade da emoção. Ela
nunca tinha sentido por nenhum homem o que sentia por ele — essa
emoção que passava claramente pelo corpo. E combinado com a paixão,
que ela poderia ter dispensado, era um senso absoluto de confiança, uma
estranha e profunda afeição, um orgulhoso respeito, e a certeza que
poderia passar anos de sua vida com ele — se não em harmonia, em
contentamento.
Ela o entendia, ela percebeu enquanto segurava o rosto embaixo
da ducha mais alta.
Ela duvidava que ele soubesse disso, mas era a absoluta verdade.
Ela compreendia sua solidão, suas dores mascaradas, e seu orgulho em
suas próprias habilidades. E ele tinha gentileza e cinismo, paciência e
impulso. Ele tinha um intelecto admirável, um toque de poeta — e mais
do que um toque do não conformismo. Ele vivia do seu próprio jeito,
fazendo suas regras e quebrando-as quando queria.
Ela não quereria menos em um parceiro para vida.
E isso era o que a preocupava. Encontrar-se pensando em
casamento, permanência e fazer uma família com um homem que tão
obviamente corria dos três, e tinha corrido a maior parte de sua vida.
Mas talvez, desde que esses conceitos tinham florescido nela tão
recentemente, ela poderia acabar com eles logo no começo. Ela tinha um
negócio próprio, uma vida própria. Querer que Jack fosse uma parte disso
não teria que alterar as ordens básicas das coisas.
Ela esperava.
Ela desligou as duchas, secou-se, por que estava ali, espalhou um
pouco do creme corporal de Grace. E quase se sentiu humana de novo.
Enrolando uma toalha nos cabelos, ela foi nua para o quarto para
invadir o closet.
Pelo menos no interior as escolhas de roupas de Grace eram o
simples. M. J. pegou uma camiseta de mangas curtas, branca e azul e
encontrou um short de algodão na cômoda. Ele ficou um pouco largo.
Grace ainda tinha o corpo de calendário que uma vez já tinha sido, e M. J.
não tinha quadris por assim dizer. Ele também ficou curto, pois M. J. tinha
vários centímetros a mais de pernas do que a amiga.
Mas eles eram frescos, e quando os colocou ela parou de sentir-se
como uma mulher que vivia com as mesmas roupas há dois dias.
Ela começou a jogar a toalha para o lado, então rolou os olhos
quando pensou como Grace reagiria a isso. Cuidadosamente ela voltou ao
banheiro e jogou-a lá. Então, descalça, cabelo ainda molhado e curvando
ao redor do rosto, ela saiu a procura de Jack.
— Eu não apenas comecei sem você, — ela disse quando o
encontrou na cozinha. — Eu terminei sem você. Você é lento, Dakota.
Ainda franzindo para o pequeno pote em sua mão, ele virou-se. —
Tudo o que encontrei foi... — E parou, estonteado.
Ele disse a si mesmo que ela não era bonita, e era verdade. Mas
ela era impressionante. O impacto dela o atingiu novamente, aquele
aguçado, sexy olhar, as longas, longas pernas dentro daquele pequeno
short azul. Ela tinha os dedões enganchados nos bolsos da frente, um
sorriso meio malicioso no rosto, e seu cabelo estava escuro e molhado e
curvando-se sobre suas orelhas.
A boca dele simplesmente encheu de água.
— Você limpa-se bem, doçura.
— É difícil não fazê-lo, naquele chuveiro chique da Grace. Espere
até experimentar. — Ela inclinou a cabeça enquanto um gostoso calor
começou a subir por seus dedos. — Eu não sei por que você está me
olhando desse jeito, Jack. Você já me viu nua.
— Sim. Talvez eu tenha um fraco por mulheres altas em pequenos
shorts. — Ele levantou uma sobrancelha. — Você pegou emprestado
alguma peça intima dela?
— Não. Algumas coisas mesmo amigas próximas não dividem.
Homens e roupas intimas seria o top número dois.
Ele abaixou o pote. — Nesse caso...
Ela levantou uma mão, bateu-a no peito dele. — Eu acho que não,
camarada. Você não cheira exatamente como rosas nesse momento. E
além disso, estou com fome.
— A mulher se limpa, e fica exigente. — Mas ele correu a mão no
queixo novamente, lembrou-se de tirar seu kit de barbear do porta malas
dessa vez.
— Não há muitas opções por aqui. Ela tem um champanhe
Francês chique na geladeira, mais vinho Francês chique em uma prateleira
naquele armário. Algumas bolachas em uma lata, macarrão em potes de
vidro. Eu encontrei molho de tomate, que eu acho que é algum molho de
espaguete.
— Isso quer dizer que um de nós terá que cozinhar?
— Receio que sim.
Eles encararam um ao outro por alguns segundos.
— Ok, — ele decidiu. — Vamos jogar a moeda.
— Justo . Cara, você cozinha, — ela disse enquanto ele pegava
uma moeda de vinte e cinco centavos. — Coroa, eu cozinho. De qualquer
jeito, eu tenho um pressentimento de que iremos procurar os antiácidos
dela.
Ela assobiou quando a moeda virou coroa para cima. — Não há
mais nada? Algo que possamos comer da lata ou pote?
— Você cozinha, — ele disse, mas pegou o pote. — E há ovas de
peixe.
Ela soltou o ar enquanto estudava o pote de belugas. — Você não
gosta de caviar?
— Dê-me uma truta, frite, e está tudo bem. O que inferno eu
quereria comer ovos que um peixe colocou? — Mas empurrou o pote
para ela. — Sirva-se. Eu vou me limpar enquanto você faz algo com aquele
molho de tomate.
— Você provavelmente não irá gostar, — ela disse azedamente,
mas pegou uma panela enquanto ele saia.
Trinta minutos depois, ele voltou. Seu cabelo solto para trás, o
rosto limpo — barbeado. O cheiro que saia da panela não era tão ruim,
ele decidiu. A porta da cozinha estava aberta, e ali estava M. J. , sentada
no pátio, colocando uma bolacha cheia de caviar na boca.
— Não é tão ruim, — ela disse quando o viu. — Apenas finja que é
outra coisa, então lave com isso. — Ela deu um gole de champanhe, deu
de ombros. — Grace gosta destas coisas. Sempre gostou. Foi o jeito que
ela foi criada.
— Ambiente pode modificar uma pessoa, — ele concordou, então
abriu a boca e deixou M. J. colocar uma bolacha dentro. Ele fez uma cara
feia, pegou o copo dela e bebeu. — Um cachorro quente e uma boa
cerveja escura.
Ela suspirou, perfeitamente de acordo com ele. — Sim, bem,
pedintes não podem escolher, camarada. É gostoso aqui fora . Fresco.
Mas sabe qual é o problema? Você não consegue escutar nada. Sem
transito, sem vozes, sem movimentos. Meio que me assusta.
— Pessoas que vivem em lugares assim não gostam realmente de
estar rodeados de pessoas. — Ele estava com fome o suficiente para
preparar uma bolacha para si mesmo. — Você e eu, M. J. , somos animais
sociais. Somos melhores em lugares cheios.
— Sim, é por isso que eu trabalho no pub na maioria das noites.
Eu gosto das horas movimentadas. — Ela ficou pensativa, olhando para
onde o Sol estava afundando rapidamente atrás das árvores. — Hoje a
noite estaria devagar. Domingo, feriado. Todos estarão se perguntando
onde estou. Eu tenho uma boa garçonete chefe, na realidade . Ela cuidará
de tudo. — Ela mexeu-se inquieta, alcançou o copo. — Eu acho que os
policiais já devem ter passado, falado com ela e meus bartenders, alguns
clientes regulares. Eles devem estar preocupados.
— Não vai demorar muito. — Ele esteve trabalhando em refinar
seu plano, procurando as falhas. — Seu pub vai ficar bem uns dias sem
você. Você tira férias, certo?
— Algumas semanas aqui e ali.
— Paris deve ser a próxima.
Ela ficou surpresa por ele lembrar. — Esse é o plano. Você já
esteve lá?
— Não, e você?
— Não. Nós fomos para a Irlanda quando eu era criança, e meu
pai ficou todo sentimental. Ele cresceu no lado Leste de Manhattan, mas
você teria pensado que ele nasceu e cresceu em Dublin e tivesse sido
arrancado por Gypsies. Fora isso, eu nunca sai do país.
— Eu estive no Canadá, no México, mas nunca voei sobre o
oceano. — Ele sorriu e pegou o copo dela novamente. — Eu acho que seu
molho está queimando, doçura.
Ela praguejou, calou-se e foi para dentro. Enquanto ela
murmurava, ele olhou o nível da garrafa. Normalmente ele não teria
recomendado álcool como tranqüilizador, mas esses eram tempos
desesperados. Ele tinha visto a penúria voltando em seus olhos quando
ele mencionou Paris — e lembrou-a de suas amigas.
Por algumas horas, por esta noite, ele a faria esquecer.
— Eu cheguei a tempo, — ela disse a ele, empurrando os cabelos
para trás enquanto voltava. — E coloquei a água para a pasta. Eu não sei
quanto tempo o molho deveria ser cozinhado — provavelmente por três
dias, mas vamos comer meio cru.
Ele sorriu, entregou o copo que ele tinha acabado de encher. —
Por mim tudo bem. H avia outra garrafa na geladeira, certo?
— Sim, eu coloquei para ela em qualquer caso. Meu distribuidor
ama isso. — Ela tomou um pouco, engasgou com as bolhas. — Eu posso
imaginar o que meus clientes diriam se eu colocasse o Irmão Dom no
menu.
— Eu estou acostumando. — Ele levantou-se, passou uma mão
pelos cabelos dela. — Eu vou colocar alguma música. É muito quieto por
aqui.
— Boa idéia. — Com um olhar especulativo, ela olhou por sobre o
ombro. — Sabe, eu acho que Grace disse que eles tem, é, ursos e coisas
aqui em cima.
Ele olhou duvidoso para a floresta. — Acho que vou pegar minha
arma, também.
Ele trouxe mais que isso. Para a surpresa dela, ele trouxe velas
para a cozinha, ligou o som baixo e encontrou uma estação que tocava
blues. Ele colocou uma flor rosa que parecia mais ou menos uma
carnation para ele atrás da orelha dela.
— Sim, eu acho que ruivas podem usar rosa, — ele decidiu depois
de estudá-la sorrindo. — Você está bonita.
Soprando o cabelo dos olhos, ela escorreu o macarrão. — O que é
isso? Uma jogada romântica?
— Eu mantenho uma de reserva. — E enquanto as mãos dela
estavam ocupadas, ele inclinou-se e massageou as costas do pescoço
dela. — Isso a incomoda?
— Não. — Ela inclinou a cabeça, aproveitando a excitação em sua
espinha. — Mas para completar o ambiente, você vai ter que comer isso e
fingir que está bom. — Ela franziu o cenho um pouco quando ele pegou
outra garrafa de champanhe da geladeira. — Você sabe quanto custa uma
garrafa, espertalhão? Até mesmo no atacado?
— Pedintes não podem escolher, — ele a lembrou, e tirou a rolha.
Quando a comida veio, eles já tinham provado melhores e piores.
O macarrão estava um pouco passada do ponto, o molho estava brando
mas inofensivo. E, estando famintos, eles comeram em um segundo sem
reclamar.
Ele teve a certeza de manter a conversa longe de tudo que a
preocupasse.
— Provavelmente deveria ter usado alguma daquelas ervas que
ela tem cultivando por aí, — M. J. considerou. — Mas eu não sei o que é o
que.
— Está bom. — Ele pegou a mão dela, pressionou um beijo na
palma, e a fez piscar. — Como está se sentindo?
— Melhor. — ela pegou seu copo. — Cheia.
Nervosismo? Engraçado, ele pensou, ela não tinha demonstrado
nervosismo quando ele a algemou, ou quando ele tinha dirigido como um
louco pelas ruas de Washington com potenciais assassinos os
perseguindo.
Mas acariciar a mão dela e ela parecia desconfiada como uma
noiva virgem na sua noite de núpcias. Ele ponderava quão nervosa ele
ainda poderia deixá-la.
— Eu gosto de olhar para você, — ele murmurou.
Ele bebeu, abaixou o copo, pegou-o novamente.
— Você está olhando para mim há dois dias.
— Não a luz de velas. — Ele encheu o copo dela novamente. —
Coloca fogo em seus cabelos. Em seus olhos . Estrela de fogo. — Ele sorriu
vagaroso, estendeu o copo a ela. — Qual é aquela fala? “Justa como uma
estrela, quando somente uma está brilhando no céu. ”
— Sim. — Engoliu o vinho, sentiu-o raspar na garganta. — Acho
que é isso.
— Você é única, M. J. — Ele empurrou os pratos para o lado para
que pudesse brincar com os dedos dela. — Sua mão está trêmula.
— Não está. — Seu coração estava, mas ela livrou a mão, apenas
no caso de ele estar certo. Ela bebeu novamente, então estreitou os
olhos. — Você está tentando me embebedar, Dakota?
O sorriso dele era lento, confiante. — Relaxe. E você estava
relaxada, M. J. Antes de eu começar a seduzir você.
Um bola quente de desejo pesou no fundo do seu estomago. — É
assim que você chama isso?
— Você está pronta para sedução. — Ele virou a mão dela,
mordiscou o lado de dentro do pulso. — Sua cabeça está nadando com
vinho, seu pulso está instável. Se você ficasse em pé agora, suas pernas
estariam fracas.
Ela não precisava ficar em pé para elas ficarem fracas. Mesmo
sentada, seus joelhos estavam trêmulos. — Eu não preciso ser seduzida.
Você sabe disso.
— O que eu sei é que vou aproveitar disso. Eu a quero trêmula, e
fraca, e minha.
Ela tinha medo de já ser, e afastou-se, enervada. — Isso é
bobagem. Se você quer ir para cama...
— Vamos chegar lá. Eventualmente. — Ele levantou-se, puxou-a
em pé, então deslizou as mãos em um longo, possessivo afago pelos lados
do corpo dela. Então subiu novamente. — Você está preocupada com o
que posso fazer com você.
— Você não me preocupa.
— Sim, eu preocupo. — Ele puxou-a contra ele, manteve a boca
pairando sobre a dela por um momento, então abaixou-a para mordiscar
suavemente sua mandíbula. — Agora mesmo eu a preocupo muito.
A respiração dela estava pesada, irregular. — Faça uma refeição
para um homem e ele tem delírios de grandeza. — E quando ele riu, o
hálito dele aqueceu sua bochecha, ela arrepiou-se. — Beije-me, Jack. — A
boca dela virou-se, procurando a dele. — Apenas beije-me.
— Você não está com medo do fogo. — Ele escapou dos lábios
dela, ouviu o gemido dela quando a boca dele passeou por seu pescoço.
— Mas o aquecimento a enerva. Você pode ter os dois. — Os lábios dele
esfregou-se nos dela, afastou-se. — Hoje a noite, nós teremos os dois.
Não haverá nenhuma escolha.
O vinho estava nadando em sua cabeça, como ele havia dito. Em
círculos brilhantes. Ela estava tremula, como ele havia dito. Em rápidos,
indefesos tremores.
E ela estava fraca, como ele havia dito.
Mesmo quando ela esticava-se para o fogo, o lampejo dançava
para fora de seu alcance. Havia apenas o aquecimento, enervante, doce,
entorpecente. Sua respiração ficou presa, então soltou-se em um ímpeto
quando ele levantou-a nos braços.
— Por que você está fazendo isso?
— Porque você precisa disso, — ele murmurou. — E eu também.
Ele esquentou sua pele com mordidelas enquanto a carregava pelo
aposento. Ele encheu a cabeça com a essência que era estranha para os
dois e apenas acrescentou para o mistério.
A casa estava escura, vazia, com um banho prateado da luz da lua
guiando seus passos pelas escadas. Ele a deitou na cama, cobriu-a com
seu corpo.
E finalmente, finalmente a boca dele abaixou-se sobre a dela.
O corpo dela ficou fraco enquanto o beijo a drenava, fazia-a
flutuar. Ela tentou lutar, tentou encontrar o chão. Mas ele aprofundou o
beijo tão devagar, tão habilmente, tão ternamente que ela simplesmente
deixou-se cair na armadilha de veludo que ele tinha armado.
Ela murmurou seu nome, escutou o eco do sussurro em sua
cabeça. E rendeu-se.
Ele sentiu a mudança, aquela suave e completa rendição. O
presente disso era excitantemente poderosa, mandou ondulações de
deleite dançando por seu sangue.
Mesmo quando ele queria ir rápido, a boca dele deslizava
gentilmente para explorar o pulso que batia tão forte e pesada na
garganta dela.
— Solte-se, — ele disse calmamente. — Apenas solte tudo, e
deixe-me pegá-la.
As mãos dele eram gentis nela, passeando e traçando curvas e
ângulos.
Isso, ele pensou, a faz suspirar. E isso o faz gemer. Como se o
tempo fosse infinito, ele tutelava-se no prazer dela. A longa curva do
ombro dela, os longos músculos da coxa dela, a surpreendente frágil linha
em seu pescoço.
Ele a despiu devagar, pressionando os lábios nas mãos que o
alcançavam até que caíssem fracos novamente.
Ele não deixou nada para ela segurar-se a não ser confiança. Não
deu nada além de prazer. Carinho a destruiu, até que seu mundo caísse
vagarosamente em uma tempestade crescente em seu próprio corpo.
O fogo estava ali, o brilho do luminoso e excessivo calor, o vento
chicoteando e o rufar de poder. Mas ele manteve isso afastado com mãos
espertas e boca paciente, levando-a para o caminho que ele havia
escolhido para os dois.
Ele a virou, e aquelas mãos massagearam os músculos dos ombros
e os transformaram em liquido. A boca traçou um caminho para baixo em
suas costas e a fez estremecer quando sua mente ficou enevoada.
Ela podia ouvir o farfalhar dos lençóis enquanto ele movia-se sobre
ela, ouvir os sussurros de promessas, sentir o calor crescer com
promessas guardadas. E do lado de fora, na noite se aprofundando, veio o
chamativo uivo de uma coruja.
Nenhuma parte de seu corpo era ignorado. Nenhum aspecto da
sedução esquecido. Ela deitou-se indefesa abaixo dele, aberta para
qualquer exigência. E quando a exigência finalmente veio, seu gemido foi
longo, do fundo da garganta, a resposta de seu corpo instantâneo e
completo.
Ele enterrou o rosto entre os seios dela, lutando contra a urgência
de apressar-se, agora que ele a tinha trazido tão luxuriosamente ao pico.
— Eu quero mais de você, — ele murmurou. — Eu quero tudo de
você. Eu quero tudo.
Ele fechou a boca no seio dela até que ela mexe-se em baixo dele
de novo, até que a respiração dela não era nada mais do que fervorosos e
pequenos arquejos. Quando a voz dela quebrou-se com o nome dele, ele
deslizou para dentro dela, a preencheu vagarosamente.
Oscilando em um novo precipício, ela arqueou-se contra ele. Seus
olhos nos dele enquanto eles juntavam as mãos. Havia apenas o rosto
dele no luar, olhos escuros, boca firme, o rico balanço do cabelo
entremeado com dourado.
Movida por uma corrente forte de amor, ela sorriu para ele. —
Pegue mais de mim. — Ela sentiu os dedos dele tremerem nos seus. —
Pegue tudo de mim. — Viu o brilho de triunfo e desejo nos olhos dele. —
Pegue tudo.
O fogo entre eles explodiu.
Enquanto ela dormia, ele a segurava próxima dele e trabalhava os
pontos finais de seu plano. Tinha tantas chances de funcionar, ele decidiu,
quanto tinha de explodir em seu rosto.
Mesmos as probabilidades não estavam tão ruins.
Ele teria arriscado muito mais por ela, muito mais para evitar
aquelas lágrimas descendo por suas bochechas novamente. Ele tinha
esperado trinta anos para cair, o que, ele concluiu, que ele tinha caído tão
pesadamente, e tão rapidamente.
A não ser que ele quisesse pegar a rota mais místicas e acreditar
que era simplesmente o destino — o momento, a pedra, M. J. De
qualquer jeito, ele estaria no mesmo lugar. Ela era a primeira e única
pessoa que ele já tinha amado, e não havia nada que ele não faria para
protegê-la.
Mesmo que significasse quebrar sua confiança.
Se essa era a última vez que se deitava ao seu lado, ele não
reclamaria. Ela havia dado a ele mais em dois dias do que ele havia
ganhado em toda sua vida.
Ela o amava, e isso respondia todas as questões.
Enquanto Jack deitava-se no escuro do interior, contemplando sua
vida, ponderando sobre o futuro, outro se sentava em uma sala lavada de
luz. Seu dia tinha sido cheio, e agora ele estava cansado. Mas sua mente
não iria desligar, e ele não poderia tolerar a fatiga.
* * * *
Ele havia assistido aos fogos de artifícios estourarem no céu. Ele
havia sorrido, conversado, bebido bons vinhos. Mas o tempo todo a raiva
o havia consumido, como um câncer.
Agora ele estava sozinho, na sala que suavizava sua alma. Ele
olhou para o Renoir. Tão adorável, cores sutis, ele pensou. Que notáveis
pinceladas. E apenas ele iria olhar para essa maravilha.
Ali, a caixa enigmática de um Imperador Chinês. Lustroso com
verniz, um dragão vermelho aparecia dentro de um céu negro.
Inestimável, cheio de segredos. E apenas ele tinha a chave.
Aqui, um anel de rubi que uma vez havia enfeitado o dedo real de
Luís XIV. Ele colocou-o no dedinho, virou a pedra na luz e soltou faíscas.
Da mão do rei para a dele, ele pensou. Com alguns obstáculos pelo
caminho, mas estavam onde pertenciam agora.
Usualmente essas coisas traziam um profundo, maravilhoso
prazer.
Mas não essa noite.
Alguns tinham sidos punidos, ele pensou. Alguns estavam além da
punição. Mesmo assim não era o suficiente.
Sua sala de tesouros estava cheia de estonteantes, de peças
únicas, de antiguidades. Mesmo assim não era o suficiente.
As Três Estrelas eram as únicas coisas que iriam satisfazê-lo. Ele
teria negociado, todos seus tesouros que possuía por elas. Com elas, ele
não precisaria de mais nada.
Os tolos acreditavam que as entendiam. Acreditavam que
poderiam controlá-las. E iludi-lo. Elas eram destinadas a ele, claro. O
poder delas sempre foram destinados a ele.
E a perda delas eram como cacos de vidros em sua garganta.
Ele levantou-se, arrancando o rubi do dedo e jogando-a do outro
lado da sala como uma criança jogando um brinquedo quebrado. Ele as
teria de volta. Ele tinha certeza disso. Mas um sacrifício teria de ser feito.
Ao Deus, ele pensou com um lento sorriso.
Claro, um sacrifício para o Deus.
Em sangue.
Ele deixou a sala, deixando as luzes queimando. E a maior parte de
sua sanidade para trás.
Capítulo 11
Jack considerou deixar um bilhete. Quando ela acordasse, estaria
sozinha. A principio, ela provavelmente assumiria que ele tivesse ido
procurar a pequena loja que ela tinha falado, para comprar alguma
comida.
Ela ficaria impaciente, um pouco irritada. Depois de uma hora mais
ou menos, ela talvez ficasse preocupada que ele tivesse perdido-se nas
estradinhas.
Mas não demoraria muito para ela perceber que ele tinha ido
embora.
Enquanto ele descia silenciosamente as escadas, na madrugada,
ele imaginou que sua primeira reação seria a raiva. Ela faria uma
tempestade na casa, amaldiçoando-o, ameaçando-o. Ela provavelmente
chutaria alguma coisa. Ele estava quase triste por perder isso.
Ela talvez o odiasse por um tempo, ele pensou. Mas ela estaria
segura aqui. Isso era o que mais importava.
Ele foi para o lado de fora, dentro da quieta manhã que
estremeciam as árvores e enevoava o céu. Alguns pássaros estavam de pé
junto com ele, aquecendo suas cordas vocais.
As flores de Grace perfumavam o ar com uma fantasia, e havia
orvalho na grama. Ele viu um cervo, como aquele que tinha visto na
travessa no dia anterior, parado na beira da floresta.
Eles se estudaram por um momento, cada um interessado na
espécie diferente. Então, dispensando-o, ela moveu-se com quase
nenhum som para dentro das árvores, até que fosse engolida por eles.
Ele olhou de volta para casa onde tinha deixado M. J. dormindo. Se
tudo acontecesse como ele esperava, ele voltaria ao cair da noite. Levaria
algum tempo, ele sabia, mas ele acreditava que a convenceria —
eventualmente — que ele tinha agido para o melhor. E se os sentimentos
dela estivessem machucados, bem, sentimentos machucados não eram
terminais.
Novamente, ele considerou deixar um bilhete — algo curto e
direto ao ponto. Mas ele decidiu não fazer isso. Ela descobriria por si
mesma rapidamente. Ela era uma mulher esperta.
Sua mulher, ele pensou enquanto deslizava para trás do volante do
carro. O que quer que acontecesse com ele durante o dia, ela estaria
segura.
Um soldado preparado para guerra, um cavaleiro armado para
batalha, ele preparou-se para deixar sua dama e dirigir-se para o
nevoeiro. Esse era seu humor quando ele virou a chave e o motor
respondeu com um sutil click.
Seu humor diminuiu como um veleiro sem vento.
Maravilha, ótimo, o que ele precisava. Ele saiu do carro, resistiu
em bater a porta, ele levantou o capô do carro. Murmurando pragas, ele
levantou-o, colocou a cabeça em baixo.
— Perdeu algo, jogador?
Vagarosamente ele retirou a cabeça debaixo do capo. Ela estava
parada na varanda, pernas separadas, mãos nos quadris, veneno nos
olhos. Levou apenas uma olhada para perceber que o cabo do distribuidor
tinha sumido. Ele nem precisava olhar para ela para concluir que ela o
tinha trapaceado.
Mas ele estava calmo. Ele tinha enfrentado coisas piores do que
uma mulher furiosa em sua carreira. — Parece que sim. Levantou cedo,
M. J.
— Você também, Jack.
— Eu estava com fome. — Ele sorriu — e manteve distância. — Eu
pensei em procurar um café da manhã.
Ela arqueou uma sobrancelha. — Tem o seu porrete no carro?
— Meu porrete?
— É o que os Neanderthais fazem, não é? Pegam seu porrete e
vão para a floresta caçar um urso pela carne.
Enquanto ela descia os degraus para aproximar-se, ele manteve o
sorriso colado no rosto, inclinando-se no pára-lama. — Eu tinha algo mais
civilizado em mente. Algo como bacon e ovos.
— Oh? E onde é que você ia encontrar bacon e ovos por aqui na
madrugada?
Ela o tinha pego ali. — Ah... Eu pensei que poderia, você sabe,
encontrar uma fazenda e... — O ar saiu de seus pulmões ao primeiro soco
em sua barriga.
— Não minta para mim. Eu pareço estúpida?
Ele tossiu, recuperou o fôlego e endireitou-se. — Não. Escute...
— Você achou que eu não ia perceber o que estava acontecendo
ontem a noite? O jeito que você fez amor comigo? Você achou que ia me
amolecer então eu não iria saber que era uma grande cena de adeus? Seu
bastardo! — Ela foi para cima dele novamente, mas desta vez ele desviou,
então ela perdeu a mandíbula dele por alguns centímetros.
Agora seu próprio temperamento começou a mudar. Ele nunca
tinha tratado uma mulher com tanto cuidado como ele a tinha tratado na
noite anterior, e agora ela estava jogando isso na sua cara. — O que você
fez, veio aqui no meio da noite e sabotou meu carro? — Ele viu a resposta
no fino, satisfeito sorriso que espalhou no rosto dela. — Oh, que bom.
Muito bom. Confiança.
— Como se atreve a falar em confiança! Você ia me deixar aqui.
— Sim, isso mesmo. Agora onde está o cabo do distribuidor? —
Ele a pegou pelos braços, firmemente, antes que ela pudesse acertá-lo
novamente. — Onde está?
— Onde você achou que ia? Que tipo de plano idiota você tinha
mapeado nesse seu pequeno, e medíocre cérebro?
— Eu vou cuidar de negócios, — ele disse azedamente. — Eu vou
voltar para você quando terminar.
— Voltar para mim? O que eu sou, um animal de estimação? —
Ele afastou-se, mas não conseguiu soltar-se até que deu um pisão no
dorso do pé dele. — Você vai voltar para a cidade, não vai? Você vai
procurar encrenca.
A fúria dele era tanta que ele ponderou vagamente quantos ossos
de seu pé ela poderia ter quebrado. — Eu sei o que estou fazendo. É o
que eu faço. E você vai me dar o cabo, depois você vai esperar.
— O inferno que eu vou. Nós começamos isso juntos, e vamos
terminar juntos.
— Não. — Ele a pressionou até que suas costas estivessem
pressionadas contra o carro. — Eu não vou arriscar nenhuma chance com
você.
— Desde quando você está no comando? Eu faço minhas
escolhas. Tire suas mãos de mim.
— Não. — Ele inclinou-se, prendendo as mãos dela nas dele. —
Por uma vez na sua vida, você vai fazer o que lhe é mandado. Você vai
ficar aqui. Eu posso mexer-me mais rápido sem você, e eu estarei ferrado
se ficar me preocupando com você.
— Ninguém está pedindo para você preocupar-se comigo.
Exatamente o que você está planejando fazer?
— Eu gastei tempo suficiente deixando-os me rastrearem. É hora
de despistá-los, na minha pista, meus termos.
— Você vai atrás daqueles dois maníacos da van? — O coração
dela pulou para a garganta e estava difícil engolir. — Bom. Boa idéia. Eu
vou com você.
— Você vai ficar aqui. Eles não encontraram este lugar, e não
parece que vão. Você ficará segura. — Ele a levantou na ponta dos pés,
balançou-a. — M. J. , eu não posso arriscar você. Você é tudo o que
importa para mim. Eu te amo.
— E eu devo ficar sentada aqui, como alguma moça indefesa, e
arriscar você?
— Exatamente.
— Seu idiota arrogante. O que eu devo fazer se você for morto?
No caso de você ter esquecido, esse é o meu problema, meu negócio.
Você é o que está com o carro, e você não vai a lugar nenhum sem mim.
— Você vai ficar no meu caminho.
— Isso é besteira. Eu me segurei durante toda essa coisa. Eu vou,
Jack, e a não ser que você queira direcionar seu dedão de volta para D. C. ,
esse é o acordo.
Ele afastou-se, fazendo carranca. Então deu voltas no lugar. Ele
considerou algemá-la dentro da casa. Seria uma briga feia — ele quase
poderia ansiar o aspecto disso — e ele venceria. Mas se as coisas dessem
errado, ele não poderia saber quanto tempo levaria para alguém
encontrá-la.
Não, ele não poderia deixá-la sozinha algemada em uma casa
isolada no penhasco.
Ele poderia mentir. Concordar com seus termos, então dispensá-la.
Ela não seria fácil de afastar, mas era uma opção. Ou ele poderia tentar
uma estratégia diferente tudo junto.
Ele virou-se, sorriu maldosamente. — Ok, doçura, vou jogar limpo.
Eu já tive o suficiente.
— Já teve?
— Foi divertido. Foi educacional. Mas está ficando entediante.
Mesmo os cinqüenta mil que você prometeu não valem para arriscar meu
pescoço. Então pensei em cruzar o Norte por algumas semanas, esperar
as coisas se acalmarem. — Ele deu de ombros descuidadamente
enquanto ela o encarava. — As coisas estão ficando um pouco pesado
entre você e eu. Esse não é meu estilo. Então imaginei ir embora, evitar a
cena obrigatória. Se eu fosse você, chamava a policia, entregava a pedra,
e falava tudo sobre o seu mais interessante feriado no final de semana.
— Você está me chutando, — ela disse, em uma voz fraca que o
fez sentir-se como lama.
— Vamos dizer que eu apenas estou seguindo em frente. Um cara
tem que cuidar do número um.
— Todas as coisas que você me disse...
— Ei, doçura, nós dois somos agentes livres. Nós dois sabemos a
pontuação. Vamos fazer assim. Eu te deixo na cidade mais próxima, te
dou algum dinheiro para transporte.
Em resposta, ela foi na direção da varanda, cada passo um corte
no coração dele.
Quando ela caiu, enterrando o rosto nas mãos, ele desejou-se no
inferno. Ela estará segura, ele lembrou-se. Tudo o que importava era que
ela estava...
Rindo muito. Ele ficou pasmo enquanto ela jogava a cabeça para
trás e gargalhava. Os braços dela estavam abraçando o estômago, não em
defesa por um coração partido, mas para impedir-se de tremer e cair de
hilariedade.
— Oh, seu idiota, — ela conseguiu dizer. — Você realmente achou
que eu cair nessa? — Ela mal conseguia dizer as palavras entre as
gargalhadas. Quanto mais carrancuda a expressão dele, mais ela ria. —
Agora, eu acho, que deveria alegremente entregar o cabo do distribuidor
e deixar você me largar em algum lugar para cuidar do meu coração
partido. — Ela estava choramingando de rir. — Você está tão apaixonado
por mim, Dakota, que não está pensando direito.
Ele estava pensando direito o suficiente, ele determinou. Ele
ponderou o que ela faria se ele fechasse as mãos na garganta dela em um
belo, e adorado apertão.
— Eu poderia acabar com isso, ele murmurou.
— Não, você não poderia. Isto o acertou bem no meio dos olhos, e
eu conheço o sentimento. Estamos presos um ao outro, Jack. Não tem
como deixar isso para trás para nenhum de nós dois. — Ela respirou
profundamente, esfregando uma mão em suas costelas doloridas. Eu
deveria chutar seu traseiro por tentar isso, mas foi muito estúpido. E
muito doce.
Ele enfiou as mãos nos bolsos. Foi o “doce” que o fez sentir-se
mais bobo. Todas as manobras não tinham funcionado, ele considerou.
Raiva e ameaças não tinham feito diferença, e mentiras a tinham
divertido.
Então ele tentaria a verdade, ele decidiu. Simples, sem suavizar. E
ele iria apelar com isso.
— Ok, você me pegou. — Ele andou e sentou-se ao lado dela,
pegou sua mão. — Eu nunca disse a ninguém que os amava antes, — ele
começou. — Eu nunca amei ninguém. Nenhuma mulher, família, nenhum
amigo.
— Jack. — Inundada de emoção, ela afastou o cabelo da
sobrancelha dele. — Você apenas nunca teve a chance para fazê-lo.
— Não importa. — Ele disse fortemente, seus dedos apertando os
dela. — Era sério o que eu falei ontem a noite. Há apenas você, M. J. —
Ele pressionou as costas da mão dela em seus lábios, segurou-a ali por um
momento. — Você não entenderia isso, não realmente. Você tem outras
pessoas importantes em sua vida.
— Sim. — Tocada, ela inclinou-se para frente, beijou sua face. —
Há pessoas que eu amo. Talvez não exista só você, Jack. Mas há você. E o
que eu sinto por você é diferente do que qualquer coisa que eu já senti
por alguém.
Ele encarou suas mãos por um momento. Elas se encaixavam tão
bem, não é? Ele notou. Apenas juntas, como que esperando pelo
encontro. — Eu fiz as coisas do meu jeito por um longo tempo, — ele
continuou. — Eu evitei complicações nas quais não estava interessado.
Tem sido fácil evitar laços. Até você. — Ele olhou nos olhos dela enquanto
tocava uma mão em seu rosto. Você chorou ontem, por causa das pessoas
que ama. Isso quebrou meus joelhos. E quando a estava segurando, e
você estava chorando, eu sabia que faria qualquer coisa por você. Deixe-
me fazer isso.
— Você planejou deixar-me aqui por que eu chorei?
— Porque quando você o fez eu finalmente percebi o que suas
amigas significam para você, e o quanto você esteve se segurando. Eu
preciso te ajudar. E ajudá-las.
Ela afastou o olhar por um momento. Não faria nenhum bem a
nenhum dos dois se chorasse novamente. E as palavras dele, e a calma e
profunda emoção que as acompanhavam, a tinham tocado em uma nova
parte de seu coração. — Eu já te amava, Jack. — Ela suspirou longamente.
— Agora, estou perto de te idolatrar.
— Então você vai ficar.
— Não. — Ela viu a irritação no rosto dele. — Mas não estou mais
brava com você.
— Ótimo. — Ele desceu os degraus para andar novamente. —
Você não ouviu nada do que eu disse? Eu não posso arriscar você. Eu não
agüentaria se algo acontecesse com você.
— Mas eu devo agüentar se algo acontecer com você? Não
funciona assim, Jack. — Ela levantou-se e o encarou. — Não para mim. O
que você sente por mim, eu sinto por você. Estamos nisso juntos. Estamos
em pé de igualdade. — Ela levantou uma mão antes que ele pudesse falar.
— E você não vai dizer nenhuma besteira sobre você ser homem e eu ser
mulher.
Na verdade, isso esteve muito próximo de sair de sua boca. — Isso
me faria muito bem.
— Então estamos acertados. — Ela inclinou a cabeça. — E deixe-
me acrescentar algo aqui, só no caso de você ter a brilhante idéia de me
largar pelo caminho. Se você tentar isso, eu irei ao telefone mais próximo
e chamarei a policia. Eu direi a eles que você me raptou, molestou-me. Eu
darei sua descrição, uma descrição do que você chama de carro, e
número de sua placa. Você estará tentando explicar-se para o Xerife
Bubba e sua turma antes de alcançar vinte milhas.
Os olhos dele suavizaram-se. — Você faria isso, não faria?
— Com certeza. E eu faria isso bem, tão bem, que eles
provavelmente irão arruinar seu rosto bonito antes de jogá-lo em uma
cela. Agora, sabemos onde estamos?
— Sim. — Ele empurrou-se impotente contra o canto em que ela
o tinha encurralado. — Sabemos onde estamos. Você cobre todos os
ângulos, doçura.
— Pode contar com isso. — Ela andou até ele, colocou as mãos
em seus ombros tensos. — E você pode contar comigo, Jack. Eu estou
com você. — Não esperando resposta, ela tocou seus lábios nos dele. E
não teve resposta. — Eu não vou abandonar você, — ela murmurou, e viu
o brilho de entendimento nos olhos dele. — E não vou decepcioná-lo. —
Ela esfregou os lábios nos dele novamente. — E eu não vou embora e
deixar você.
Ela tinha visto muito, ele percebeu. Mais, talvez, do que ele
mesmo. — Isso não é sobre mim.
— Sim, é sim. Ninguém ficou com você, mas eu vou. Ninguém o
amou o suficiente, mas eu amo. — Ela passou as mãos pelos ombros dele
até seu emoldurar seu rosto. — Isso faz com que tudo seja sobre nós. Eu
vou estar lá para você, mesmo quando você tentar bancar o herói e me
desarmar.
Ele estava ficando desarmado, e sabia disso. — Você poderia
começar a estar lá amanhã.
— Eu já estou lá. Agora, você vai me beijar, ou não?
— Talvez.
Os lábios dele curvaram-se quando encontraram os dele. Então se
suavizaram, e abriram-se, e deram. Ele sentiu-se deslizando para ela —
uma boa vinda que era ao mesmo tempo doce e excitante. O beijo
aqueceu antes mesmo que ela deslizasse suas mãos por baixo da camisa
dele, corrê-las para cima de suas costas, então para baixo com as unhas
arranhando suavemente.
— Eu quero você, — ela murmurou, mexendo-se sinuosamente
contra ele. — Agora, antes de irmos... — ela virou a cabeça, mordiscou o
pescoço dele — ... para dar sorte.
A cabeça dele inundou quando ela alcançou o meio de seus corpos
e o encontrava.
— Eu sempre posso usar um pouco de sorte extra.
Ela riu, afastou-o do carro. Eles caíram no chão juntos e rolaram na
grama até ficarem molhados com o orvalho.
Era rápido, e um pouco desesperado. Enquanto o Sol nascia forte,
queimando pela névoa da manhã, eles arrancavam as roupas, tocavam-se
— Deixe-me... — Ele a acariciava e puxava a calça. — Eu não
posso...
— Aqui. — As mãos dela trabalhavam com as dele afastando o
material. — Depressa. Deus.
Ela rolou novamente, levantou-se um pouco, traçando a boca por
seu peito nu. Ela queria banquetear-se com ele, precisava banquetear-se
com aqueles sabores, aquelas texturas. Fartar-se dele. Ela teria jurado que
sentiu o chão tremer enquanto ele a virava, prendendo os dentes em seu
ombro, uma mão segurando seu seio, e a outra...
— O que você... Como você... — Sua cabeça caiu para trás
enquanto ele a levava viciosamente para a beira . Respiração arquejante,
ela o alcançou, prendeu seus braços ao redor do pescoço dele e deixou o
animal livre.
Ela estava com ele, batida a batida, seu corpo forte e ágil. Seu
desejo era tão intenso e primário quanto o dele. Talvez as mãos dele a
machucassem em sua pressa, mas as delas não estavam menos rápidas,
não menos rudes. Ela virou a cabeça, pegou a boca dele com uma louca
avidez que tinha gosto de segredo.
Foi ela que o virou, que o puxou para ela. — Agora, — ela exigiu, e
os olhos dela brilharam como os de um gato em fuga. — Agora mesmo. —
E enroscando-se nele, levou-o para dentro.
Ele arremetia fortemente, enterrando-se nela. Ela encontrava cada
forte, louca arremetida, aqueles olhos de gato focados nele. O calor dela o
preenchia, e por dentro do desejo quase violento o coração dele
simplesmente balançou com uma emoção brutal.
— Eu te amo. — A boca dele fechou-se na dela, bebeu dela. —
Deus, eu te amo.
— Eu sei. — E quando ele pressionou o rosto contra seu cabelo,
temendo enquanto ele soltava-se dentro dela, ela não precisava saber de
mais nada. — Jack. — Ela afastou os cabelos dele. O Sol estava em seus
olhos, o peso dele sobre ela, e a grama úmida em suas costas. Ela pensou
que era um dos melhores momentos de sua vida. — Jack, — ela disse
novamente, e suspirou.
Ele mal levantou a cabeça. — Talvez exista algo na vida do campo
apesar de tudo. — Com um pequeno gemido, ele ergueu-se nos
cotovelos. E sentiu o estomago afundar. — Por que você está chorando?
Está tentando me matar?
— Não estou. O Sol está nos meus olhos. — Então, sentindo-se
boba, ela afastou a única lágrima. — Não é este tipo de choro, de
qualquer modo. Não se preocupe, eu não vou choramingar.
— Eu te machuquei? Olhe, me desculpe, eu...
— Jack. — Ela suspirou novamente. — Não é esse tipo de choro,
ok? E eu já acabei, de qualquer modo.
Desconfiado, ele estudou o brilho naqueles olhos. — Você tem
certeza?
— Sim. — Então ela sorriu. — Seu covarde.
— Culpado. — E ele não tinha vergonha de admitir. Beijou o nariz
dela. — Agora que já tivemos toda essa sorte extra, é melhor irmos.
— Você não vai tentar aprontar uma, vai?
Ele pensou no jeito que ela tinha pego seu rosto em suas mãos e
dito que estava com ele. Não havia ninguém em sua vida que já tivesse
feito essa simples promessa.
— Não. Acho que somos um time.
— Bom palpite.
M. J. esperou até estarem de volta na estrada, voltando para a
civilização, antes de perguntar. — Ok, Jack, qual é o plano?
— Nada sofisticado. Simplicidade tem menos falhas. Da maneira
que eu vejo, nós temos que chegar em quem está puxando as cordinhas.
Nossa única ligação com ele, ou ela, são os caras na van e talvez os
Salvinis.
— Até agora, estou com você.
— Eu preciso ter uma conversinha com eles. Para fazer isso, eu
tenho que atraí-los, manter a vantagem e convencê-los que é do interesse
deles passar alguma informação.
— Ok, há dois caras armados, um com o tamanho aproximado do
Washington Monument. E nós vamos convencê-los a conversar com você.
— Ela virou a cabeça para ele. — Eu admiro seu otimismo.
— É tudo uma questão de alavanca, — ele disse, e explicou como
executar o plano.
Trovões estavam fazendo barulho no céu escuro quando ele parou
no estacionamento do Salvini.
Era um prédio digno, separado de um shopping por um largo
estacionamento. E estava trancado para o feriado de Segunda-feira. No
pequeno estacionamento do Salvini estava estacionado um solitário
Mercedes sedã.
— Sabe de quem é aquilo?
— De um dos nojentos dos meios irmãos de Bailey. Thomas, eu
acho. Bailey disse que eles iriam fechar para um fim semana prolongado.
Se ele estiver lá dentro, eu não sei por que.
— Vamos olhar ao redor. — Jack saiu do carro, passeou ao redor
do sedã. Estava trancado, a luz do alarme piscando. Ele checou as portas
da frente do prédio primeiro, olhou para o escuro salão, não havia sinal
de vida. — Escritórios lá em cima?
— Sim. O de Bailey, Thomas e Timothy. — O coração dela
começou a acelerar. — Talvez ela esteja lá, Jack. Ela raramente dirige para
o trabalho. Nós vivemos tão perto.
— Uh-huh. — E apesar de não ser parte de seus planos, a
preocupação na voz dela o fez agir por impulso e pressionou o tipo de
campainha que havia ao lado da porta. — Vamos checar a dos fundos, —
ele disse um momento depois.
— Eles podem estar segurando-a lá dentro. Ela pode estar
machucada. Eu deveria ter pensado nisso antes. — Ao leste, relâmpagos
caiam como lâminas. — Ela pode estar lá, machucada e...
Ele virou-se. — Escute, se vamos passar por isto, você tem de se
segurar. Nós não temos tempo para um monte de idéias distorcidas nas
mãos e especulações.
A cabeça dela foi para trás, então ela endireitou os ombros. —
Tudo bem. Desculpe.
Depois de um rápido estudo do rosto dela, ele acenou, então
continuou para o fundo, onde ele deu uma longa olhada para a porta de
segurança de aço. — Alguém esteve nas fechaduras.
— O que você quer dizer “nas”? — Ela inclinou-se sobre o ombro
dele enquanto ele se agachava. — Você quer dizer que alguém arrombou
esta porta?
— Recentemente, sem arranhões, sem poeira acumulada.
Pergunto-me se ele entrou. — Ele levantou-se, examinou as laterais, os
batentes. — Ele não tentou com um pé de cabra ou um martelo contra
isto. Eu diria que ele sabia o que estava fazendo. Em diferentes
circunstâncias, eu diria que foi um arrombamento normal, mas isto está
esticando-se.
— Você consegue entrar?
Isto não era parte de seu plano imediato, também, mas ele
considerou. — Provavelmente. Você sabe que tipo de sistema de alarme
eles possuem?
— Tem uma caixa ao lado da porta. É codificada. Eu não sei o
código. Você aperta alguns números. — Ela segurou-se antes de
realmente torcer as mãos. — Jack. — Ela lutou para manter a voz calma.
— Ela pode estar lá dentro. Ela pode estar machucada. Se não checarmos,
e algo der errado...
— Ok. Mas se eu não conseguir lidar com o alarme, e rápido, nós
vamos ser pegos. — Mesmo assim, ele pegou suas ferramentas do porta
malas e foi ao trabalho. — Dê-me cobertura, sim? — ele disse a ela. —
Tenha certeza de que nenhum desses compradores de feriados ao lado
não se interessem para cá.
Ela virou-se, olhou para o estacionamento e o shopping além.
Pessoas iam e vinham, obviamente muito envolvidos nas barganhas que
compraram ou no que procuravam para notarem um homem agachado
na porta de segurança de um prédio trancado.
Trovões se aproximavam, e chuva, longamente esperada, começou
a cair do céu.
Ela não se importava em ficar molhada, considerou a tempestade
apenas uma melhor cobertura. Mas ela estremeceu de alívio quando ele
lhe deu o OK.
— Uma vez que eu abra isto, eu provavelmente terei um minuto a
noventa segundos antes do alarme. Se eu não conseguir desmontá-lo, nós
teremos que ir, e rápido.
— Mas...
— Sem argumentos aqui, M. J. Se, por uma chance, Bailey estiver
aqui, os policiais estarão aqui em minutos, e eles a encontrarão. Nós
levaremos nosso show para a estrada e para outro lugar. Concorda?
Que escolha havia ali? — Concordo.
— Ótimo. — Ele afastou o cabelo que caia nos olhos. — Você fica
bem aqui. Se eu disser vá, você corre para o carro. — Levando o silêncio
dela como concordância, ele entrou. Ele viu a caixa de alarme
imediatamente, levantou uma sobrancelha. — Interessante, — ele
murmurou, então sinalizou para M. J. entrar. — Está desligado.
— Eu não entendo. Está sempre ligado.
— Apenas nosso dia de sorte. — Ele piscou, pegou a mão dela,
então ligou a lanterna com a outra. — Nós vamos tentar lá em cima
primeiro, ver se teremos sorte novamente.
— Por estas escadas, — ela disse a ele. — O escritório de Bailey é
no final do corredor.
— Boas coisas, — ele comentou, olhando o caro carpete, as cores
de bom gosto, enquanto mantinha-se alerto para qualquer som. Não
havia nada além da chuva caindo. Ele bloqueou M. J. com um braço
estendido, e colocou a luz para dentro do escritório.
Quieto, organizado, elegante e vazio. Ele ouviu M. J. soltando a
respiração ruidosamente. — Sem sinais de luta, — ele apontou. — Nós
vamos checar o resto do andar, então lá embaixo antes de irmos para a
fase um do plano A.
Ele moveu-se no corredor e, uma passada completa antes da
próxima porta, parou. — Volte para o escritório dela, espere por mim.
— Por que? O que é? — Então ela sentiu o ar pesado, reconheceu-
o pelo que era. — Bailey! Oh, meu Deus.
Jack prendeu-a contra a parede, segurou-a até que a luta dela
parasse.
— Faça o que lhe disse, — ele disse por entre os dentes. — Fique
aqui.
Ela fechou os olhos, admitiu que havia algumas coisas que ela não
era suficientemente forte para enfrentar. Acenou em concordância.
Satisfeito, ele afastou-se. Moveu-se pelo corredor
silenciosamente, abriu a porta.
Estava tão ruim como ele nunca tinha visto, e morte raramente era
bonito. Mas isso, ele pensou, movendo a luz pela bagunça causada pela
luta de vida-ou-morte, tinha sido loucura.
Vida tinha perdido.
Ele afastou-se disso, voltou para M. J. . Ela estava pálida como
cera, inclinada contra a parede. — Não é Bailey, — ele disse
imediatamente. — É um homem.
— Não é Bailey?
— Não. — Ele colocou uma mão na face dela, encontrou gelo, mas
os olhos dela estavam perdendo o olhar apavorado. — Eu vou checar as
outras salas. Eu não quero que você entre lá, M. J.
Ela soltou o ar que estivera preso em seus pulmões. Não era
Bailey. — Era como Ralph?
— Não. — A voz dele era pesada e difícil. — Era um inferno de
muito pior. Fique aqui.
Ele foi em cada sala, checou os cantos e armários, cuidadoso em
tocar em nada ou cobrindo a superfície quando não tinha escolha a não
ser tocar. Sem dizer nada, ele levou M. J. para baixo e fez uma rápida,
procura no andar de baixo.
— Alguém esteve aqui, — ele murmurou, movendo a luz para um
pequeno compartimento embaixo das escadas. — A sujeira confunde. —
Considerando, ele esfregou o queixo. — Eu diria que se alguém é esperto
e precisasse de um lugar para esconder-se, isto seria uma boa escolha.
As roupas dela estavam grudadas molhadas contra sua pele. Mas
não era por isso que ela estava tremendo. — Bailey é esperta.
Ele acenou, levantou-se. — Mantenha isso em mente. Vamos fazer
o que viemos fazer.
— Ok. — Ela lançou um olhar por sobre o ombro, imaginou Bailey
escondida no escuro. Escondida de que? Ela ponderou. De quem? E onde
estava agora?
Do lado de fora, Jack fechou a porta, trancou a fechadura. — Eu
imagino que se você precisar, pode chegar até o shopping nessas suas
pernas longas em mais ou menos uns trinta segundos.
— Eu não vou sair correndo.
— Vai se eu disser que vá. — Ele guardou a lanterna. — Você vai
fazer exatamente o que eu disser. Sem questionar, sem argumentos, sem
hesitar. — Os olhos dele encontraram os dela, a fez estremecer
novamente. — Quem fez aquilo que eu encontrei lá em cima é um animal
. Lembre-se disso.
— Eu vou. — Ela segurou o próximo tremor. — E você lembre-se
que estamos nisso juntos.
— A idéia é que eu pegue esses caras, um de cada vez. Se você
conseguir chegar a van enquanto os distraio e inabilitá-la, tudo bem. Mas
não se arrisque.
— Eu já lhe disse que não vou.
— Uma vez que eu os tenha seguro, — ele continuou, ignorando a
impaciência na voz dela, — nós poderemos usar a van deles. Eu posso ter
uma boa conversa com eles. Eu acho que consigo um nome deles. — Ele
examinou seu punho, então sorriu astuciosamente para o olhar dela. —
Algumas informações básicas.
— Oooh... — Ela bateu seus cílios molhados. — Tão macho.
— Cala boca. Dependendo do nome e da informação que
conseguirmos, e da situação, nós ou vamos a polícia — o que seria minha
Segunda escolha — ou seguimos o próximo passo.
— Concordo.
Ele abriu a porta do carro, esperou até que ela entrasse, então
pegou o telefone dela. — Faça a ligação. Alongue por um minuto, em todo
caso. ,
Ela digitou, então começou a falar com a secretária eletrônica de
Grace em Potomac. Ela manteve os olhos em Jack, e quando ele acenou,
ela desligou. — Fase dois? , ela disse, lutando por calma. — Agora
esperamos.
Com quinze minutos, a van entrou no estacionamento do Salvini.
A chuva tinha diminuído agora, mas continuava caindo em uma
ritmo continuo. Em sua posição ao lado de um envelhecido carro com
vagão, Jack endireitou os ombros contra o molhado e viu a rotina.
Os dois homens desceram, separados e fizeram um circulo devagar
ao redor do prédio.
O grandão era seu alvo.
Usando carros estacionados como cobertura, Jack fez seu caminho
ao redor, observando enquanto o homem inclinava-se, e pegava o
telefone de M. J. do chão. Era uma isca decente, Jack pensou, dava algo a
pensar naquele cérebro do tamanho de uma ervilha dele. Enquanto o
grandão ponderava sobre o telefone, Jack apareceu e acertou-o em cheio,
atingindo-o nos rins como uma bala de canhão.
Ele colocou sua presa de joelhos, e teve o ar retirado por um
punho de aço antes de ser afastado como uma mosca.
Ele sentiu a queimadura quente enquanto sua pele arranhava-se
no molhado, granuloso asfalto, e rolou antes que um sapato enorme
pudesse esmagar seu rosto. Ele fez o movimento, empurrou a marreta
que chamava de pé e caiu.
Do seu posto, M. J. viu a luta, piscando quando Jack atingiu o chão,
rezando quando ele rolou. Assobiando quando punhos atingiam ossos. Ela
começou ir devagar até a van, olhando para trás para ver o progresso da
batalha. Ele estava não estava indo bem, ela pensou desesperadamente.
Ia ter o pescoço quebrado, no mínimo. Empenhada em ir ao seu
auxilio, ela viu o segundo homem rodeando a esquina do prédio. Ele
chegaria a eles em momentos, ela pensou. E o plano de Jack em pegá-los
separadamente estava ruindo. Ela engoliu o grito de aviso, então
estreitou os olhos. Talvez ainda houvesse um jeito de fazer funcioná-lo.
Ela saiu de trás de sua cobertura, fez uma pequena corrida ao
redor da Salvini, para longe de Jack. Ela escorregou com uma parada
quando viu o segundo homem focando-a, fez seus olhos ficarem grandes
de choque e medo. A mão dele foi para dentro da jaqueta, mas ela
continuou parada, esperando até que ele começasse a aproximar-se.
Então ela correu, pela cortina de chuva, levando-o para longe de
Jack.
Jack e seu companheiro de luta ouviram o grito. Os dois olharam
instintivamente e viram a mulher com um brilhante cabelo ruivo fugindo,
e o homem perseguindo-a.
Nunca escuta, Jack pensou com uma brilhante onda de terror.
Então ele olhou para trás, viu o grandão sorrindo para ele.
Jack sorriu de volta, e seu olho esquerdo inchado brilhou com
malicia. — Preciso acabar com você, e rápido, — ele disse casualmente
enquanto atingia o punho na boca do homem. — É a minha mulher que
seu camarada está perseguindo.
O gigante afastou o sangue do rosto. — Você está morto.
— É? — Não havia nenhum tempo para brincar. Rezando para as
pernas de M. J. e por seu pescoço ficassem seguros, ele abaixou a cabeça
e foi para cima como um touro louco. A força do seu ataque empurrou o
grandão para trás, quebrando sua cabeça contra a porta de aço.
Ensangüentado, machucado e exausto, Jack levantou o joelho, duro e
alto, e ouviu o som satisfatório do ar saindo em arquejos de um homem
caindo.
Piscando contra o suor e a chuva quente dos olhos, Jack agarrou os
braços do homem para trás, algemou-o.
— Eu vou voltar para você, — ele prometeu, enquanto pegava o
telefone de volta e ia embora na procura de M. J.
Capítulo 12
Jack tinha lhe dito, se algo desse errado, vá para o shopping,
perca-se na multidão. Gritasse um assassinato se necessário.
Com isso na mente, M. J. seguiu por esse caminho, sua prioridade
era enganar o segundo homem armado para longe de Jack e dar-lhe uma
chance.
Mas enquanto corria para as lojas, com os sinais brilhantes de
Liquidação, ela viu casais, famílias, crianças sendo levadas pelas mãos,
bebês em carrinhos. E pensou no jeito que o homem que a estava
perseguindo tinha deslizado uma mão para dentro da jaqueta. Ela pensou
no que um tiro direcionado a ela no meio da multidão faria . E ela parou,
mudou de direção rapidamente e correu para o lado mais longe do
estacionamento.
Abrindo os braços, ela deu uma olhada por cima dos ombros. Ela
tinha deixado seu perseguidor comendo poeira . Ele ainda estava vindo,
mas devagar, com calor, ela imaginou, naquele casaco e sapatos de couro.
Escorregadios para o pavimento. Quão longe ele iria persegui-la, ela
ponderava, antes de desistir e voltar para buscar seus amigos?
E ir atrás de Jack.
Deliberadamente ela diminuiu o passo, deixou-o aproximar-se,
para mantê-lo interessado. Parte dela preocupava-se que ele
simplesmente usaria a arma, atiraria uma bala em sua perna. Ou suas
costas. Com essa imagem correndo em sua cabeça, ela foi para uma linha
de carros estacionados.
Ela podia ouvir sua própria respiração assobiando agora. Ela tinha
corrido o equivalente a cinqüenta quadras de um touchdown no calor no
meio de uma tempestade de verão. Agachando-se atrás de uma minivan,
ela afastou o suor dos olhos e tentou pensar.
Ela poderia circular de volta, encontrando um jeito de ajudar Jack?
O gorila já teria acabado com ele e ido ajudar seu companheiro? Até
quando sua sorte duraria antes de uma família inocente de quatro, suas
compras completadas, correriam pela linha de fogo?
Concentrando-se mais no silêncio do que na velocidade, ela
engatinhou ao redor da van, deslizou ao redor de um compacto. Ela
precisava recuperar o fôlego, precisava pensar. Precisava ver o que estava
acontecendo atrás do prédio dos Salvini.
Tomando coragem, ela colocou uma mão tremula na maçaneta do
compacto e arriscou um olhar.
Ele estava mais perto do que ela antecipava. Quatro carros a
esquerda, e aproximando-se. Ela abaixou-se rapidamente, pressionou as
costas no carro. Se ela ficasse onde estava, ele passaria reto, ou a veria?
Melhor morrer na fuga, ela pensou, ou com seus punhos erguidos,
do que ser encontrada acocorada atrás de um econômico importado.
Ela engoliu o ar, disse outra prece rápida por Jack, e procurou
outro terreno. Foi o som de bala ao seu lado do asfalto que fez seu
coração parar. Ela sentiu os pedregulhos em seus jeans.
Ele estava atirando nela. O coração dela pulou da garganta para o
estômago e de volta como um pingue-pongue, e ela deslizou ao redor de
um carro estacionado. Outro centímetro, dois no máximo, e aquela bala
teria atingido sua carne.
Ele a tinha visto, ela percebeu. E agora só seria uma questão de
alcançá-la, encurralando-a como um coelho. Bem, ela veria isso.
Rangendo os dentes, ela rastejou para baixo do carro, ignorando o
asfalto molhado, o cheiro de gasolina e óleo, e deslizou como uma cobra
para debaixo do carro, segurou o fôlego enquanto empurrava-se para o
espaço estreito debaixo do veículo.
Ela podia ouvi-lo agora. Ele estava respirando pesadamente, um
assobio a cada inspiração, um assobio para cada expiração. Ela viu seus
sapatos. Pés pequenos, ela pensou irreverente, marcadas por um sujo
preto e meias de cor sólida.
Ela fechou os olhos por um rápido momento, tentando colocar a
imagem dele em sua mente. A lto, talvez um bom corpo. Uns trinta e
poucos. Olhos afiados, um nariz bem definido . Boa constituição mas não
um touro. E sem fôlego.
Inferno, ela pensou, sentindo-se capaz. Ela podia com ele.
Ela deslizou mais um centímetro, estava preparando-se para fazer
seu movimento quando ela viu aqueles pontas de sapatos sair do chão.
Em frente de seus olhos um par de botas velhas. As botas de Jack.
A voz de Jack estava murmurando várias pragas. A visão dela nublou-se de
alivio e de terror quando ela ouviu o zunido disfarçado de uma arma com
silenciador de novo.
Arranhando os cotovelos e joelhos, ela saiu debaixo do carro a
tempo de ver o homem armado correr e Jack começar a perseguição. —
Jack.
Ele pulou de susto, ele virou-se rapidamente, alegria e alivio
cobriram seu rosto machucado. E foi aí que ela viu o sangue empapando
sua camisa.
— Oh, Deus. Oh, Deus. Você foi atingido. — As pernas dela
ficaram fracas, então ela cambaleou ao lado dele enquanto ele olhava
vagamente para baixo, pressionando uma mão na lateral.
— Inferno. — A dor registrada, mas apenas fracamente, enquanto
seus braços eram completados com a mulher. — O carro, — ele conseguiu
falar. — Vamos para o carro. Ele está voltando.
A mão dele, molhada com sangue e chuva, prendeu-se na dela.
Mais tarde, ela poderia lembrar-se de ter corrido. Mas nada
parecia real enquanto acontecia.
Pés pisando no pavimento, escorregando, a corrida do seu
coração, o crescente sentimento de medo e fúria, os arregalados,
chocados olhos de uma mulher carregando sacolas de compras que quase
foi derrubada em sua pressa.
E Jack praguejando contra ela, por não ter feito o que ele disse.
A van cantou pneus enquanto saiam do estacionamento. — Merda
e merda de novo. — Seus pulmões estavam queimando, seu lado atingido
doendo. Desesperadamente ele tirou as chaves do bolso. — Para o carro.
A gora!
Ela quase se jogou pela janela, mal mantendo o equilíbrio
enquanto ele dava ré. — Você está machucado. Deixe-me ver...
Ele afastou suas mãos preocupadas para longe e girou o volante.
— Ele pegou seu amigo de três toneladas. Depois de todo esse trabalho,
eles não vão fugir. — O carro arrancou, balançou, então os pneus
atingiram a pista enquanto eles saiam na perseguição. — Pegue a arma no
porta luvas. Dê-la para mim.
— Jack você está sangrando. Pelo amor de Deus!
— Eu não disse para você correr? — ele acelerou, indo atrás da
van enquanto entravam no transito. — Eu disse para você ir na direção
das pessoas, para perder-se. Ele poderia tê-la matado. Dê-me a merda da
arma.
— Tudo bem, tudo bem. — Ela bateu o punho no porta luvas até
que a portinha abrisse. — Ele está indo na direção de Beltway.
— Eu estou vendo para onde ele está indo.
— Você não vai atirar nele. Você poderia atingir um carro de
algum pobre idiota.
Jack arrancou a arma da mão dela, praguejou para fazer a saída,
deslizando na rodovia molhada. — Eu acerto no que miro. Agora se ajeite
e fique quieta. Eu lido com você depois.
Seu medo por ele era tanto que ela nem piscou um olho para as
palavras dele. Ele zigue-zagueou pelo trânsito como um louco,
encostando na traseira da van como um amante. E quando eles
aumentaram ainda mais a velocidade, uma frio desceu sobre ela, como se
seu sistema tivesse sido preenchido totalmente de novocaina.
— Você vai matar alguém, — ela disse calmamente. — Pode até
ser que não seja nós.
— Eu posso lidar com o carro. — Aquilo, pelo menos, era
perfeitamente verdade. Ele cortava o trânsito, ficando na cola como um
míssil, seus pneus novos cantando na rodovia escorregadia. Ele estava
perto o suficiente para ver o grandão virar-se no assento do passageiro
olhar ao redor com uma carranca.
— É, eu estou indo atrás de você, seu filho da puta, — Jack
murmurou. — Você está com minhas algemas extras.
— Você está sangrando no assento. — M. J. ouviu-se dizendo, mas
as palavras pareciam vindas de fora de sua mente.
— Eu tenho mais. — E com a arma no colo, ele virou o volante,
ganhando centímetros pela lateral. Ele poderia encurralá-los, ele calculou,
levando-os no ombro. O grandão estava algemado, e ele poderia lidar
com o outro. E então, eles veriam. Seus olhos estreitaram-se enquanto ele
via o motorista da van virar a cabeça, ouviu o cantar dos pneus. A van
balançou, estremeceu, então virou loucamente na difícil saída.
— Ele não vai conseguir. — Jack pisou nos freios, deu ré e
preparou a rápida, estreita curva. — Ele não pode conseguir fazer a curva.
Ele vai perde-la.
Ele praguejou quando a van bateu, perdeu o controle na pista
escorregadia e bateu na mureta com muita velocidade. A batida foi
imensa, e fez a van voar como um pára-quedas. Rolou uma vez no ar. E
completou a seqüência na frente de outros motoristas assustados,
aterrizou muito abaixo da encosta.
Ele teve tempo de estacionar, e sair do carro, antes da explosão
atingi-los como uma enorme e quente mão. A mão de M. J. agarrou seu
ombro enquanto as chamas subiam. O ar encheu-se de gasolina.
— Nenhuma chance, — ele murmurou. — Os perdemos.
— Volte para o carro, Jack. — Era incrível como calma, como
composta, a voz dela soava. — Carros estavam lotados de motoristas e
passageiros. Pessoas estavam correndo para o local do acidente. — No
lado do passageiro. Eu dirijo agora.
— Depois de tudo aquilo, — ele disse, tonto da fumaça e dor. —
Os perdemos de qualquer forma.
— Para o carro. — Ela o guiou, ignorando as vozes altas e
excitadas. Alguém seguramente, já tinha ligado para 911 pelo telefone do
carro . Não havia mais nada a fazer. — Precisamos tirar você daqui.
Ela dirigiu por instinto de volta para seu apartamento. Seguro ou
não, era um lar, e ele precisava de atendimento. Dirigir o carro de Jack era
como manejar um iate, ela pensou, concentrando-se na velocidade e
direção enquanto a chuva transforma-se em uma fina garoa. Um velho e
grande barco. Com um vago senso de surpresa, ela estacionou ao lado de
seu M. G.
Nada tinha mudado muito, ela percebeu. Seu carro ainda estava
ali, o prédio ainda em pé. Algumas crianças que não importavam-se em
ficarem molhados estavam jogando Frisbee no jardim lateral, como um
dia comum em uma vida comum.
— Espere por mim para sair. — Ela puxou sua bolsa do chão,
encontrou suas chaves. Claro, ele não a escutou, e estava parado na
calçada quando ela deu a volta no carro. — Você pode apoiar-se em mim,
— ela murmurou, deslizando um braço ao redor de sua cintura. — Apenas
apóie-se em mim, Jack.
— Deve estar tudo bem em estar aqui, — ele decidiu. — Pelo
menos por um tempo. Nós talvez tenhamos que ir logo. — Ele percebeu
que estava cedendo, em favor da dor na sua perna esquerda que ele
ainda não tinha notado.
O coração dela tinha parado de correr e estava calmo. — Vamos
apenas limpá-lo.
— Sim. Eu poderia ter uma cerveja.
— Vou conseguir uma para você, — ela prometeu enquanto o
levava para dentro. Apesar de habitualmente usar as escadas, ela o levou
para o elevador. — Vamos apenas levá-lo para dentro.
E depois para um hospital, ela pensou. Ela tinha que ver quão ruim
estava primeiro. Uma vez que tivesse feito o que poderia, ela largaria
tudo e seria oficial. Policiais, médicos, FBI, o que quer que precisasse.
Ela mandou uma pequena prece de agradecimento quando viu
que o corredor estava vazio. Nenhum vizinho barulhento, ela pensou,
ignorando a fita da policia e destrancando sua porta. Nenhuma pergunta
indiscreta.
Ela chutou uma lâmpada quebrada do caminho, contornou um
sofá virado e levou-o para o banheiro. — Sente, — ela ordenou, e
ascendeu as luzes. — Vamos dar uma olhada. — E suas mãos trêmulas
desmentiram a voz segura enquanto gentilmente retirava a camisa
ensangüentada pela cabeça dele. — Deus, Jack, aquele cara acabou com
você.
— Eu o deixei com a cara no chão e as mãos algemadas nas
costas.
— Sim. — Ela afastou o olhar dos ferimentos arroxeados pelo seu
torso e umedeceu um paninho. — Você já levou um tiro antes?
— Uma vez, em Abilene. Acertou-me na perna. Derrubou-me por
um tempo.
Por mais ridículo que fosse, ajudou não ser a primeira vez. Ela
pressionou o paninho na lateral, abaixo das costelas. Os olhos dela
encheram-se de lágrimas quentes que ela não deixaria cair. — Eu sei que
dói.
— Você vai me conseguir uma cerveja. — Ela não parecia linda,
ele pensou, bancando a enfermeira, com as faces pálidas, os olhos
escuros, e as mãos frias como seda.
— Em um minuto. Apenas fique parado agora. — Ela ajoelhou-se
ao lado dele, afastando-se do pior. Então sentou-se sobre os calcanhares
e sibilou. — Merda, Jack, é apenas um arranhão.
Ele sorriu para ela, sentindo cada batida e machucado como se
estivesse em seu próprio carnaval de dor. — Essa deveria ser minha fala.
— Eu estava preparada para um grande buraco sangrando na sua
lateral. A penas raspou em você.
Ele olhou para baixo, considerou. — Sangrou bem, apesar disso. —
Ele mesmo pegou o paninho, pressionou-o contra o corpo, calou um
gemido. — Sobre aquela cerveja...
— Eu vou conseguir uma cerveja para você . Deveria acertar sua
cabeça com ela.
— Falaremos em quem acerta quem depois de eu comer um vidro
de aspirina. — Ele levantou-se, mancando, e vasculhou o gabinete
espelhado sobre a pia. — Talvez você pudesse pegar uma camisa do carro,
doçura. Eu não acho que vou usar a outra de novo.
— Você me assustou. — Fúria, lágrimas e um alivio desesperado
cresciam como uma massa em seu estomago. — Você tem alguma idéia
do quanto me assustou?
Ele encontrou as aspirinas, fechou o gabinete e encontrou os olhos
dela pelo espelho. — Eu tenho uma idéia, vendo como eu me senti
quando vi você tentando levar um tiro. Você me prometeu que iria na
direção do shopping.
— Bem, não fui. Processe-me. — Sem paciência, empurrou-o
sentado novamente, ignorando seu gemido camuflado de dor. — Oh,
fique quieto e deixe-me terminar isso aqui. Eu devo ter um anti-séptico
em algum lugar por aqui.
— Talvez apenas uma tira de couro para eu morder enquanto
você arranca minhas entranhas.
— Não me tente. — Ela umedeceu outro paninho, então ajoelhou-
se e começou a limpar o rosto dele. — Você tem um olho roxo
aparecendo, seu lábio está inchado, e tem um grande nó bem aqui. — Ele
gemeu novamente quando ela pressionou o paninho contra sua tempora.
— Baby. Se você vai bancar a Enfermeira Nancy, pelo menos dê-me algum
anestésico antes.
Desde que ela não parecia inclinada a dar-lhe nenhuma água, ele
engoliu a aspirina a seco.
Ele continuou a reclamar enquanto ela espalhava o anti-séptico,
enrolando bandagens . Perdendo a paciência, ela pressionou os lábios nos
dele, o que causou a ele igual quantidade de dor e prazer. — Você vai
beijar todo lugar que dói? — ele perguntou.
— Você seria tão sortudo. — Então ela deitou a cabeça no colo
dele e soltou um longo suspiro. — Eu não ligo o quão bravo você está. Eu
não sabia o que mais fazer. Ele estava vindo. Ele o teria alcançado. Eu
apenas sabia que tinha que afastá-lo de você.
Ele enfraqueceu, alisando o cabelo dela. — Ok, vamos lidar com
tudo isso depois. — Ele notou pela primeira vez a pele machucada em seu
cotovelo. — Ei, você tem alguns machucados também.
— Arde um pouco, — ela murmurou.
— Ah. Vamos, doçura, eu serei o médico. — Ele reverteu suas
posições, sorriu. — Isso talvez arda um pouco.
— Você adoraria isso, não é — Ai! Merda, Jack.
— Baby. Mas ele beijou a pele machucada, então passou a
bandagem gentilmente. — Você me assuste novamente dessa maneira, e
eu irei mantê-las algemada a cama por um mês.
— Promessas, promessas. — Ela inclinou-se para frente, colocou
os braços ao redor dele. — Eles estão mortos, não estão? Eles não
poderiam sobreviver aquilo.
— Chances são mínimas. Sinto muito, M. J. , eu não consegui nada
deles . Nenhuma pista.
— Nós não conseguimos nada dele, — ela o corrigiu. — E nós
fizemos nosso melhor. — Ela lutou para enterrar a preocupação,
endireitou os ombros. — Ainda há os nojentos, — ela começou, então
ficou pálida novamente, relembrando. As probabilidades eram que pelo
menos um irmão Salvini estivesse morto. Mas não tinha sido Bailey ali, ela
lembrou-se, e inspirou profundamente duas vezes. — Bem, pelo menos
agora posso pegar roupas limpas e algum dinheiro. E eu vou ligar para o
pub. — Isso era um desafio. — Vou esperar até que estejamos prontos
para ir embora de novo, mas eu vou checar, deixá-los saber que eu estou
bem, passar as escalas para o resto da semana.
— Tudo bem, seja uma mulher de negócios. — Ele ficou parado,
segurando-a. — Nós vamos encontrar suas amigas, M. J. Eu lhe prometo
isso. E por mais que vá contra minha vontade, é hora de chamar a polícia.
Ela soltou um trêmulo suspiro de alívio. — Sim. Três dias disso é o
suficiente.
— Irá haver um monte de perguntas.
— Então daremos as respostas.
— Eu devo lhe dizer que um homem na minha linha de trabalho
não é realmente muito popular com policiais certinhos. Eu tenho alguns
contatos, mas quando você começa a mexer os pauzinhos, o nível de
tolerância cai.
— Lidaremos com isso. Devemos ligar daqui, ou devemos ir lá?
— Aqui. Delegacias me dão coceira.
— Eu não vou entregar a pedra. — Ela bateu o pé, preparada para
argumentar. — É da Bailey — ou é a decisão dela. Eu não vou entregar
para ninguém além dela.
— Ok, — ele disse facilmente, e a fez piscar. — Vamos trabalhar
ao redor disso . Ela e Grace vem primeiro, com nós dois agora.
O sorriso dela espalhou-se. E o toque de telefone a assustou. — O
que? — Ela olhou para sua bolsa como se de repente estivesse viva e
pulasse em cima dela. — É o meu telefone. Meu telefone está tocando.
Ele tocou uma mão em seu bolso, seguro quando sentiu a arma. —
Atenda.
Mal respirando, ela puxou a bolsa que tinha largado no chão,
atendeu. — O´Leary. — As lágrimas simplesmente rolavam de seus olhos
enquanto ela afundava no chão. — Bailey. Oh meu Deus, Bailey. Você está
bem? Onde você está? Você está machucada? O que — O que? Sim, sim,
eu estou bem. No meu apartamento, mas onde... — A mão dela levantou-
se, agarrou-se a de Jack. — Bailey, pare de perguntar-me isso e diga onde
inferno você está. Sim, eu peguei. Estaremos aí em dez minutos. Fique aí.
— Ela desligou. — Sinto muito, — ela disse a Jack. — Eu tenho que fazer
isso. — Então caiu em lágrimas. — Ela está bem, — ela conseguiu dizer
enquanto ele rolava os olhos e a levantava.
— Ela está bem.
Era um calmo, estabelecido bairro com adoráveis árvores. M. J.
estava com as mãos entrelaçadas em seu colo e olhava os números das
casas. — Vinte e dois, vinte e quatro, vinte e seis. Ali! Aquela. — Mesmo
quando Jack já estava aproximando-se da entrada da casa em estilo
Vitoriano, ela já estava alcançando a maçaneta. Ele prendeu uma mão na
cintura do jeans dela e puxou-a de volta.
— Calma, espere até que eu estacione.
Enquanto fazia isso, ele viu a mulher, uma linda loira de
constituição frágil, vindo correndo da porta da frente por cima do
gramado. M. J. jogou-se para fora do carro e caiu nos braços dela. Fazia
uma bela pintura, Jack decidiu enquanto descia, cuidadosamente.
As duas paradas a luz do Sol, abraçando-se como se pudessem se
engolir. Elas caíram no gramado, chorando, falando uma sobre a outra e
apenas abraçadas.
E por mais tocante e atrativo que a cena fosse, não havia nada que
ele queria evitar mais do que duas mulheres chorando. Ele viu o homem
parado ao lado da porta, notou o sorriso em seus olhos, a bandagem nova
em seu braço. Sem hesitar, Jack deu espaço as mulheres e foi na direção
da porta da frente.
— Cade Parris.
Jack apertou a mão estendida, examinou o homem. Alto, bem
apessoado, cabelos castanhos, olhos de um verde mais sonhador dos que
o de M. J. Um firme aperto que Jack sentiu estar destoado da aparência.
— Jack Dakota.
Cade olhou os machucados, balançou a cabeça. — Você parece um
homem que gostaria de uma bebida.
Apesar de sua boca machucada, os lábios de Jack espalharam-se
em um sorriso agradecido. — Irmão, você acabou de tornar-se meu
melhor amigo.
— Entre, — Cade convidou, com um último olhar para M. J. e
Bailey. — Elas vão precisar de um tempo, e nós poderemos atualizar um
ao outro.
Demorou um pouco, mas Jack estava sentindo-se
consideravelmente mais relaxado, com os pés em cima da mesinha de
centro, uma cerveja na mão. — Amnésia, — ele murmurou. — Deve ter
sido difícil para ela.
— Ela teve dias difíceis. Vendo um imprestável meio irmão matar
o outro imprestável meio irmão, então vir atrás dela.
— Nós passamos na Salvini´s. Eu vi os resultados.
Cade acenou. — Então você sabe quão ruim foi. Se ela não tivesse
fugido... Bem, ela fugiu. Ela ainda não lembra de tudo, mas ela lembra de
ter mandado um diamante para M. J. e o outro para Grace. Eu estou
trabalhando o caso desde Sexta-feira de manhã, quando ela veio até meu
escritório. Você?
— Sábado à tarde, — Jack disse a ele e esfriou sua garganta com a
cerveja.
— Tem sido um trabalho rápido. — Mas Cade franziu a testa
enquanto olhava ela janela. — Bailey estava assustada, confusa, mas ela
queria respostas e imaginou que um investigador particular poderia
encontrá-las para ela. Nós tivemos uma grande quebra hoje.
Jack levantou uma sobrancelha, gesticulando para as bandagens.
— Isso fez parte?
— O outro Salvini, — Cade disse, seus olhos parados e frios. — Ele
está morto.
O que significava outro fim com morte, Jack pensou. — Você acha
que eles armaram tudo?
— Não. Eles tinham um cliente. Eu ainda não o rastreei. — Cade
levantou-se, inda na direção da janela. M. J. e Bailey ainda estavam no
jardim, falando rapidamente. — Os policiais estão nisso também, agora.
Eu tenho um amigo. Mick Marshall.
— Sim, eu o conheço. Ele é um tipo raro. Um policial com cérebro
e coração.
— Esse é o Mick. Apesar de Buchanan estar em cima dele . Ele não
gosta muito de investigadores particulares.
— Buchanan não gosta muito de ninguém. Ma ele é bom.
— Ele vai querer falar com você e M. J.
Essa perspectiva fez Jack suspirar. — Eu acho que aceitaria outra
cerveja.
Com uma risada, Cade afastou-se da janela. — Eu vou pegar outra
para nós dois. E você poderá me contar como passou seu final de semana.
— Seus olhos passaram pelo rosto de Jack. — E como o outro cara ficou.
— Timothy, — M. J. disse com surpresa. — Eu nunca gostei dele,
mas eu nunca o imaginei como assassino.
— Era como se ele tivesse perdido a cabeça. — Bailey manteve a
mão entrelaçada com a de M. J. , como se estivesse com medo que sua
amiga desaparecesse sem essa conexão. — Eu apaguei tudo, mantive
afastado. Tudo. Pequenos pedaços começaram a voltar, mas eu não
conseguia ligá-los. Eu não teria conseguido passar por isso sem Cade.
— Eu mal posso esperar para conhecê-lo. — Ela olhou dentro dos
olhos de Bailey, e estreitou os seus em especulação. — Parece que ele
trabalha rápido.
— Parece? — Bailey perguntou, e enrubesceu.
— Como um grande sinaleiro de néon.
— Apenas dias atrás, — Bailey disse, meio para si mesma. — Tudo
aconteceu rápido. Não parece apenas alguns dias. É como se eu o
conhecesse desde sempre. — Os lábios dela curvaram-se, aquecendo seus
doces olhos castanhos. — Ele me ama, M. J. Apenas assim. Eu sei que
parece loucura.
— Você ficaria surpresa com o que não parece loucura para mim
esses dias. Ele a faz feliz? — M. J. colocou uma mecha do cabelo de Bailey
atrás de sua orelha. — Isso é o que conta.
— Eu não conseguia lembrar de você. Ou Grace. — Um lágrima
passou pelos olhos fechados de Bailey. — Eu sei que foi apenas alguns
dias, mas eu estava tão solitária sem você. Então, quando eu comecei a
lembrar, não era especifico, mais como um sentimento. A perda de algo
muito importante. Então, quando eu lembrei, e nós fomos ao seu
apartamento, você não estava lá. Houve um arrombamento, e eu não
conseguia encontrá-la. Tudo aconteceu tão rápido depois disso. Foi
apenas horas atrás. Depois eu lembrei do telefone que você carrega em
sua bolsa. Eu lembrei e liguei. E você estava ali.
— Foi a melhor ligação que eu já recebi.
— O melhor que já fiz. — Os lábios dela tremeram uma vez. — M.
J. , eu não consigo encontrar Grace.
— Eu sei. — Levantando-se juntas, M. J. colocou um braço ao
redor dos ombros de Bailey. — Nós temos de acreditar que ela está bem.
Jack e eu fomos na casa do interior dela esta manhã. Ela tinha estado lá,
Bailey. Eu pude sentir o cheiro dela. E nós nos encontramos. Nós a
encontraremos.
— Sim, vamos encontrá-la. — Elas andaram para casa juntas. —
Esse Jack? Ele a faz feliz?
— Sim. Quando não está me enchendo.
Com uma risada, Bailey abriu a porta. — Então eu mal posso
esperar para conhecê-lo, também.
— Eu gostei de sua amiga. — Jack parou no pátio de Cade,
contemplando o subúrbio depois da chuva.
— Ela também gostou de você.
— Ela tem classe. E ela passou por um período difícil segurando-
se. Parris parece bem vigilante.
— Ele a ajudou a passar por isso, então ele está bem comigo.
— Nós preenchemos quase todos os brancos um do outro. Ele
tem uma cabeça fria, mente rápida. E ele é louco por sua amiga.
— Eu notei isso.
Jack pegou a mão dela, estudou-a. Não era delicada como a de
Bailey, ele pensou, mas estreita, competente. Forte. — Ele tem muito
oferecer. Classe , dinheiro, casa chique. Eu acho que pode chamar isso de
segurança.
Intrigada, ela olhou para o rosto dele. — Eu acho que sim.
Ele não tinha pretendido começar com isso, ele percebeu. Mas por
mais rápido que certas coisas podiam mexer-se, ele decidiu que a vida era
muito curta para perder tempo.
— Meu velho era um vagabundo, — ele disse abruptamente. —
Minha mãe servia bebidas para bêbados quando ela sentia vontade de
trabalhar. Eu fiz meu caminho pela faculdade quebrando tijolos e
misturando argamassa para um pedreiro, o que me levou a um inútil
diploma em Inglês junto com um pequeno em Antropologia. Não me
pergunte por quê, parecia a coisa certa a fazer. Eu perdi alguns mil em
jogo. Você perde dinheiro na minha linha de trabalho. Eu aluguei alguns
quartos por mês. — Ele esperou um momento, mas ela não disse nada. —
Não é o que se pode chamar de seguro.
— Não.
— É isso o que você quer? Segurança?
Ela pensou a respeito. — Não.
Ele afundou uma mão em seus cabelos. — Você sabe como
aquelas duas pedras pareciam quando Bailey as colocou juntas? Elas
pareciam espetaculares, certas, todo aquele poder e fogo em um ponto.
Mas principalmente, elas apenas pareciam certas. — Ele encontrou os
olhos dela, tentou ver dentro dela. — Algumas vezes, é apenas certo.
— E quando é, você não precisa procurar por razões.
— Talvez não. Eu não sei o que estou fazendo aqui. Eu não sei o
por que disso. Eu vivi minha vida sozinho, e eu gosto disso. Você entende
isso?
Ela gostou da irritação na voz dele, e brincou. — Sim, eu entendo
isso. O lobo solitário. Você quer uivar para a lua, ou o que?
— Não banque a espertinha comigo quando estou tentando
explicar-me.
Ele fez um pequeno circulo pelo pátio. Havia uma rede balançando
entre duas grandes árvores, e por dentro daquelas folhas verdes um
pássaro estava cantando com o coração.
Sua vida, Jack pensou, nunca tinha sido simples assim, tão calma,
ou bonita. Ele não tinha nada a oferecer mas o que ele era, e o que ele
tinha dentro de si por ela. Ela teria que decidir se isso era o suficiente para
se construir.
— O ponto é, eu não quero continuar vivendo minha vida sozinho.
— A cabeça dele levantou-se, e seu olho machucado brilhava por baixo da
sobrancelha arqueada e com cicatriz. — Você entende isso?
— Por que não entenderia? — Seu sorriso continuou firme no
lugar. — Você está bobamente apaixonado por mim, camarada.
— Continue, apenas continue. — Ele sibilou, passou uma mão pela
lateral dolorida do corpo. — Meus sentimentos não são a questão, e
talvez os seus também não. Coisas acontecem com os sentimentos das
pessoas sobre circunstâncias intensas.
— Agora ele está sendo filosófico de novo. Deve ser aquele
diploma em antropologia.
Ele fechou os olhos e rezou por paciência. — Estou tentando deitar
minhas cartas aqui. Você veio de um lugar diferente do meu, e talvez não
queria ir para onde vou. Talvez você queira diminuir o ritmo agora, ir mais
cuidadosamente. Mais tradicional.
Agora ela fez uma careta. — É assim que você me vê? O tipo
tradicional?
A testa franzida dele apenas aprofundou-se. — Talvez não, mas
isso não muda o fato que uma semana atrás você estava fazendo seu
caminho muito bem. Você tem o direito de fazer perguntas, procurar por
razões. Alguns dias comigo...
— Eu não estou fazendo perguntas ou procurando por razões,
Jack, — ela disse interrompendo-o. — Eu parei de fazer meu próprio
caminho no dia em que o conheci, e estou feliz por isso. — Oh, inferno,
ela pensou, e falou. — É de Magdalen Juliette.
Uma risada escapou dele. Era a última coisa que ele esperava. —
Você está brincando.
— É de Magdalen Juliette, — ela repetiu por entre dentes
cerrados. — E as únicas pessoas que sabem são minha família, Bailey e
Grace. Em outras palavras, apenas que eu confio e amo, o que agora inclui
você.
— Magdalen Juliette, — ele repetiu, rolando as palavras na língua.
— difícil, doçura.
— É M. J. Legalmente M. J. , por que assim que eu quero. E se
você alguma fez chamar-me de qualquer forma de Magdalen Juliette do
que M. J. , eu pessoalmente e com grande prazer foi esfolar você vivo.
Ela o faria, ele pensou com um rápido sorriso. Se você não quer
que eu o use, por que me contou?
Ela deu um passo na direção dele. — Eu contei isso, e estou
contando isso, por que meu nome é M. J. O´Leary, e eu sei o que eu
quero.
Os olhos dele brilharam e afastaram o sorriso. — Você tem certeza
disso?
— A Segunda pedra é sabedoria. E eu sei. Você sabe?
— Sim. — A respiração dele acelerou-se. — É um grande passo.
— O maior.
— Ok. — As palmas de suas mãos estavam suadas dentro dos
bolsos, então ele as soltou. — Você primeiro.
— O sorriso dela brilhou. — Não, você.
— Nem pensar. Eu disse primeiro da última vez. Justo é justo.
Ela achava que sim. Inclinando a cabeça, ela deu uma boa olhada
nele. Sim, ela pensou . Ela sabia. — Ok. Vamos nos casar.
Prendendo o pulo de alegria, ele colocou os dedões nos bolsos. —
Você não deveria pedir? Você sabe, a proposta? Um cara precisa de algum
romance nos grandes momentos.
— Você está forçando sua sorte. — Então ela riu e prendeu os
braços ao redor do pescoço dele. — Mas que inferno — quer casar
comigo, Jack?
— Claro, por que não?
E quando ela riu novamente, ele a apertou contra seu corpo
dolorido.
Encaixe Perfeito.
F I M
Traduzido e corrigido por
Projeto_romances
PROJETO_ROMANCES@YAHOO. COM. BR
Tradução Juliana