Post on 08-Sep-2015
description
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR CAMPUS UNIVERSITRIO DE BRAGANA
INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM BIOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO EM RECURSOS BIOLGICOS DA ZONA COSTEIRA
AMAZNICA
ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO
CARANGUEJO-U, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA ME GRANDE DE CURU, CURU-PA
SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE
Prof. Dr. MARCUS EMANUEL BARRONCAS FERNANDES
(ORIENTADOR)
34
BRAGANA-PA
2010
SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE
ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO
CARANGUEJO-U, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA ME GRANDE DE CURU, CURU-PA
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao em Biologia
Ambiental: Mestrado em Recursos
Biolgicos da Zona Costeira Amaznica,
da Universidade Federal do Par,
Campus Universitrio de Bragana, como
parte dos requisitos necessrios
obteno do grau de Mestre em Biologia
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B.
Fernandes
35
BRAGANA-PA
2010
SUELEN MARIA OLIVEIRA PEROTE
ESTRUTURA POPULACIONAL DA FLORESTA DE MANGUE E DO
CARANGUEJO-U, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), NA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA ME GRANDE DE CURU, CURU-PA
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Biologia Ambiental: Mestrado em Recursos Biolgicos da Zona Costeira Amaznica, da Universidade Federal do Par, Campus Universitrio de Bragana, como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Biologia Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes
Data de aprovao:____/____/ 2010
Banca examinadora:
__________________________________________________
Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes (Orientador) Universidade Federal do Par, Campus de Bragana - UFPA __________________________________________________
Dr. Joo Marcos Ges (Titular) Universidade Federal do Piau, Campus de Parnaba - UFPI __________________________________________________
Dra. Cludia Nunes-Santos (Titular) Universidade Federal do Par, Campus de Bragana - UFPA
36
__________________________________________________
Dra. Marivana Borges (Titular) Universidade Federal do Par, Campus de Bragana - UFPA
BRAGANA-PA
2010
...
Eu amo voc terra minha amada
Minha oca meu iglu, minha casa
Eu amo voc prola azulada conta
No colar de Deus, pendurada
A beno minha me
J aprendi nadar em seu mar
azul
Adorar a gua, homem peixe,
gua
Fonte iluminada
37
J aprendi a ser parte de voc
Respeitar a vida em sua barriga
Quantos mais vo aprender
...
Z Miguel e Joozinho Gomes
A toda minha famlia,
composta por meus verdadeiros
mestres, modelos reais de
perseverana, parceria,
dedicao e pacincia.
Ao meu namorado,
por ter permanecido ao meu lado
compartilhando angstias e dvidas,
38
estendendo sua mo amiga em
momentos difceis, por cada palavra
de incentivo e pela ternura de cada
abrao.
Dedico
AGRADECIMENTOS
Sem dvidas, escrev-los so mais difceis do que redigir a dissertao.
Diversas pessoas colaboraram direta ou indiretamente para a realizao deste
trabalho, com sugestes, idias, crticas e opinies. Outros contriburam com
amizade, carinho e afeto, provavelmente os ingredientes mais importantes para
um bom trabalho. Temendo esquecer algum, agradeo a todos que
conviveram comigo nesses ltimos dois anos. Porm, gostaria de destacar
algumas pessoas e entidades que foram especialmente importantes.
Ao Programa de Ps-Graduao em Biologia Ambiental pela
oportunidade.
Ao Professor Dr. Marcus Fernandes pela orientao, incentivo,
compreenso e amizade.
CAPES pelo suporte financeiro, atravs da concesso de bolsa de
estudo, que foi indispensvel execuo deste trabalho.
39
minha famlia pelo apoio incondicional, pelos dias de trabalho e
descanso que abdicaram para me ajudar em todas as minhas coletas de
dados no manguezal. Obrigada por depositarem em mim a confiana
para todas as horas! Obrigada por vocs existirem!
Ao meu namorado, Marcelo Morita, que por vezes deve ter detestado a
mim e a esse trabalho, pois ele sacrificou muitos momentos que
poderamos ter desfrutado juntos, mas sempre incentivou, sempre
apoiou e, o melhor de tudo, sempre cobrou para que eu continuasse e
conclusse mais esta etapa de nossas vidas que vamos construindo
juntos. Amo-te!
Ao Sr. Messias Sousa (Bolor), catador de caranguejo que me
acompanhou em todas as minhas idas ao manguezal, e a sua famlia de
me acolheu de braos abertos. Obrigada pelo carinho, pela amizade e,
acima de tudo, pelas lies de vida.
turma de Mestrado/2008 com quem convivi boa parte desses ltimos
dois anos, pela diverso, pelo aprendizado e pela amizade. Em especial,
a Adriana Pedale, Andreza Sombra, Ftima Gomes, Milene Tavares e
Renata Barros que se tornaram muito mais que companheiras de curso
e de casa. Tornaram-se amigas pra todo o sempre!
Aos meus amigos que no entendem absolutamente nada (ou quase
nada) de biologia, manguezal e caranguejo. Mas que estiveram
presentes nos momentos de diverso ao longo desses ltimos anos.
Valeu galera!
SUMRIO
CAPTULO 1 - INTRODUO GERAL..........................................................
8
1 INTRODUO.............................................................................................
9
1.1 MANGUEZAL............................................................................................
9
1.2 VEGETAO............................................................................................
11
1.3 CARANGUEJO-U, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763).........................
14
1.3.1 IMPORTNCIA 2
40
ECOLGICA......................................................... 0
1.3.2 IMPORTNCIA ECONMICA........................................................
21
1.4 ESCOPO DA DISSERTAO..................................................................
22
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................
24
CAPTULO 2 - ATRIBUTOS ESTRUTURAIS DAS FLORESTAS DE
MANGUE DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA ME GRANDE
DE CURU, CURU-PA
RESUMO.........................................................................................................
34
INTRODUO.................................................................................................
35
MATERIAIS E MTODOS...............................................................................
36
RESULTADOS.................................................................................................
40
DISCUSSO....................................................................................................
50
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................
54
CAPTULO 3 - BIOMETRIA E ESTRUTURA POPULACIONAL DO
CARANGUEJO-U, Ucides cordatus (LINNAEUS, 1763)
(CRUSTACEA, BRACHYURA) NOS MANGUEZAIS DA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA ME GRANDE DE CURU, CURU-
41
PA
RESUMO.........................................................................................................
60
INTRODUO.................................................................................................
61
MATERIAIS E MTODOS...............................................................................
65
RESULTADOS.................................................................................................
69
DISCUSSO....................................................................................................
73
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................
77
CAPTULO 4 - DISCUSSO
GERAL.............................................................
84
ANEXO
...........................................................................................................
89
42
CAPTULO 1 INTRODUO GERAL
43
1 INTRODUO
1.1 MANGUEZAL
O manguezal um ecossistema onde ocorre o encontro de gua doce
dos rios com a gua salina do mar (TOMLINSON, 1986). Est localizado em
reas costeiras nas regies tropicais e subtropicais ao redor do mundo e
desenvolve-se preferencialmente em deltas, enseadas e baas, locais que
favorecem a deposio de sedimentos (ADAIME, 1987).
As florestas de mangue apresentam maior desenvolvimento nas faixas
entre os trpicos de Cncer e Capricrnio (23o30'N 23o30'S), podendo
estender-se at latitudes superiores (30oN e 30oS), mas, no entanto, seu timo
desenvolvimento estrutural associado linha do Equador (QUIONES,
2000). Assim, a ocorrncia dos manguezais est relacionada s temperaturas
constantes (< 5C de variao) e acima de 20C (WALSH, 1974).
O desenvolvimento destas florestas tambm associada baixa
energia das ondas, s linhas de costa protegidas, ao aporte de gua doce
abundante, salinidade entre 5 e 30 e deposio e acmulo de sedimentos
finos. Alm destas condies, a grande amplitude de mar e a precipitao
pluvial anual acima de 1.500 mm.ano-1 proporcionam o crescimento de florestas
de mangue em direo ao interior, formando cintures que podem se estender
por mais de 60 km continente adentro. Diversos autores apontam para o fato
de que variveis abiticas, como as supracitadas, esto diretamente
relacionadas biodiversidade do ecossistema de manguezal (LUGO &
SNEDAKER, 1974; WALSH, 1974; TOMLINSON, 1986; HUTCHINGS &
SAENGER, 1987; SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).
Esse ecossistema representa cerca de 8% de toda linha costeira do
planeta e 25% da costa tropical, abrangendo um total de 181.077 km2. O Brasil
o segundo maior pas em rea de manguezais (13.400 km2), perdendo apenas
para a Indonsia, que apresenta 42.550 km2 distribudos ao longo de seus
arquiplagos. Os manguezais brasileiros esto distribudos do rio Oiapoque, no
44
Estado do Amap (430N), Praia do Sonho, no Estado de Santa Catarina
(latitude 2853S) (SPALDING, BLASCO & FIELD, 1997).
A costa amaznica brasileira, por sua vez, apresenta cerca de 2.250 km
de extenso e localiza-se entre a Ponta do Tubaro, no Estado do Maranho e
o Cabo Orange, no Estado do Amap, compreendendo os estados do Amap,
Par e Maranho. A rea ocupada pelos manguezais no Estado do Amap
corresponde a 2.300 km2, no Par representa 2.117 km2 e no Maranho 5.414
km2. Em conjunto, os dois ltimos estados abrigam 57% dos manguezais do
Brasil, totalizando uma rea de 7.591 km2 (MENDES, 2005; SOUZA FILHO,
2005).
Os manguezais representam uma parcela relevante dos esturios com
substrato lamoso, destacando-se como um sistema-chave no litoral do ponto
de vista biolgico, ecolgico e econmico (ALCNTARA-FILHO, 1978). Esse
ecossistema promove a estabilidade da linha de costa contra eroso (CINTRN-
MOLERO & SCHAEFFER-NOVELLI, 1981; SAENGER, HEGERL & DAVIES, 1983;
ALONGI, TIRENDI & CLOUGH, 2000; SZLAFSZTEIN, 2003), cria diversos micro-
hbitats para a fauna associada (AUGUSTINUS, 1995), exporta nutrientes para os
ambientes aquticos adjacentes (GOLLEY, ODUM & WILSON, 1962; ALONGI,
1996), favorece uma intensa atividade pesqueira (CINTRN-MOLERO &
SCHAEFFER-NOVELLI, 1983; NEIMAN, 1989; MANESCHY, 1993; MANESCHY,
2005), alimenta a cadeia trfica costeira (DITTMAR, LARA & KATTNER, 2001),
serve como berrio e local de desova para diferentes espcies de peixe, crustceo
e molusco (NEIMAN, 1989; PRIMAVERA, 1998; PROST & LOUBRY, 2000), bem
como fornece refgio, alimento e local de procriao para uma grande variedade de
vertebrados, como: anfbios, rpteis, aves e mamferos (SAENGER, HEGERL &
DAVIES, 1983; FERNANDES, 2000; ANDRADE & FERNANDES, 2005).
Alm de sua importncia ecolgica, os manguezais tm grande relevncia
do ponto de vista econmico por: i) apresentarem uma diversidade faunstica
utilizada como recurso alimentar; ii) promoverem a produo de bens e servios
capazes de atrair e manter populaes humanas em suas proximidades
(SNEDAKER, 1978; NASCIMENTO, 1995; RIBEIRO et al., 1995; MASCARENHAS
45
& GAMA, 1999); iii) fornecerem recursos vegetais para produo de lenha, carvo,
medicamentos, construo de casas e currais para a pesca (HAMILTON &
SNEDAKER, 1984; ABUODHA & KAIRO, 2001) e iv) auxiliarem na produo de
mel de abelha (DAQUINO & SANTANA, 1995; ALMEIDA, 1996).
1.2 VEGETAO
As florestas de mangue apresentam baixa diversidade florstica quando
comparadas s outras florestas tropicais. Isto porque o ambiente onde ocorrem
oferece condies peculiares, como alta salinidade da gua intersticial, baixa
concentrao de oxignio do substrato lamoso e regime de inundaes dirias, o
que permite o desenvolvimento apenas de espcies com adaptaes especficas ao
meio (TOMLINSON,1986).
As principais caractersticas adaptativas das rvores de mangue so as
razes areas, a presena de lenticelas e pneumatforos, disperso de propgulos
pelas mars, rpido desenvolvimento da copa, eficiente mecanismo de reteno de
gua e nutrientes e excreo de sal (TOMLINSON, 1986). Essas plantas servem de
substrato para moluscos e crustceos, obstculo energia das mars e ao fluxo de
gua doce e abrigo s espcies de peixe no perodo da desova. Essa vegetao
contribui para a fixao do substrato, alm de ser a maior responsvel pela maior
produo primria na zona costeira (ALCNTARA-FILHO, 1978).
A paisagem do manguezal composta por espcies botnicas lenhosas,
chamadas de mangue, acompanhadas por espcies herbceas, epfitas,
hemiparasitas e aquticas tpicas (HERZ, 1991). Botnicos e ecologistas brasileiros
utilizam o termo manguezal para o bosque, a floresta; e mangue para as
espcies vegetais arbreas (MACIEL, 1991).
As espcies vegetais das florestas de mangue, segundo Duke (1992), so
classificadas em dois tipos:
i) espcies tpicas espcies vegetais arbreas que dominam a
paisagem em reas caractersticas do sistema e,
46
ii) espcies associadas espcies pertencentes flora de outros
sistemas, como: terra firme, vrzea estuarina e igap, que ocorrem associadas s
espcies tpicas do manguezal.
medida que se distanciam das margens dgua, os manguezais vo
ocupando nveis topogrficos mais elevados, onde h maior consistncia do solo,
facilitando o estabelecimento e o desenvolvimento de outras espcies vegetais
precursoras, provenientes de ambientes adjacentes s espcies associadas (LIMA,
PAOLI & GIRNOS, 2005).
Tomlinson (1986) descreve que a composio florstica considerada tpica
para os manguezais, ao redor do mundo, representada por 16 famlias, 20
gneros e 54 espcies. As famlias Avicenniaceae e Rhizophoraceae, com 25
espcies dominam as florestas de mangue do planeta. Nos manguezais brasileiros
ocorrem seis espcies tpicas de mangue (Avicennia germinans (L.) Stearn,
Avicennia schaueriana Stapf, Rhizophora mangle L., Rhizophora racemosa G.F.W.
Meyer, Rhizophora harrisonii Leechman e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn f.),
todas associadas a vrias outras espcies botnicas.
Segundo ABREU et al., 2006 todas essas seis espcies tpicas ocorrem nos
manguezais do litoral paraense, ao longo da costa amaznica brasileira, alm das
plantas associadas de hbito arbreo ou arbustivo: Conocarpus erectus L., ou de
vegetao baixa que so atingidos somente pelas mars de sizgia: Acrostichum
aureum L., Hibiscus tiliaceus L., Rhabdadenia biflora (Jacq.) M. Arg. etc. Nas
margens de acumulao de meandros de rios, predominam as espcies tpicas da
vrzea estuarina: Euterpe oleracea, Montrichardia arborescens (L.) Schott,
Montrichardia lunatum, dentre outras (PROST & RABELO, 1996).
Para Tomlinson (1986), o nmero reduzido de espcies vegetais tpicas nos
manguezais neotropicais parece estar relacionado recente formao desse
ecossistema, bem como aos processos geolgicos histricos, os quais podem estar
determinando a distribuio e abundncia atuais dessas espcies. As florestas de
mangue tm suas caractersticas estruturais e funcionais determinadas pela
interao de caractersticas ambientais que atuam em escalas global, regional
e local (BROWN & LUGO, 1982).
47
A estrutura dos bosques de mangue pode incluir: composio e
diversidade de espcies, rea basal, densidade, distribuio dos indivduos por
meio das classes de altura e dimetro e padres de distribuio dos
componentes florestais (SMITH III, 1992). Todos esses atributos estruturais so
importantes, pois fornecem uma idia do grau de desenvolvimento da floresta,
o que possibilita a identificao e delimitao das florestas com caractersticas
semelhantes, permitindo comparaes entre as diferentes reas
(SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRN-MOLERO, 1986).
Os manguezais brasileiros apresentam grande variabilidade estrutural,
fato intimamente relacionado s condies ambientais particulares encontradas
ao longo de uma grande extenso latitudinal (SCHAEFFER-NOVELLI &
CINTRN-MOLERO, 1988). Assim, considerando as caractersticas
ambientais, espera-se que o maior desenvolvimento estrutural das florestas de
mangue, ao longo da costa brasileira, seja encontrado na regio amaznica,
onde o complexo hidrobiolgico e o clima equatorial tm favorecido o
estabelecimento de manguezais bem desenvolvidos (SEIXAS, FERNANDES &
SILVA, 2006).
Os fatores econmicos e sociais tm levado os manguezais a um
crescente processo de degradao (CINTRN-MOLERO & SCHAEFFER-
NOVELLI, 1992). De fato, a forte presso antrpica nos manguezais um dos
principais responsveis pelo aumento da vulnerabilidade dos ambientes
litorneos, em geral, podendo ocasionar um processo de degradao
irreversvel do meio (CRUZ, 1995). Assim, considerando o efeito antrpico nos
manguezais, Cintrn-Molero & Schaeffer-Novelli (1992) apontaram para o fato
de que quando as perturbaes antrpicas se assemelham a um fenmeno
natural, a restaurao ocorre rapidamente. Porm, a maior parte das
perturbaes causadas pelo homem transforma drasticamente os fluxos de
energia e matrias, ou ainda, deixa resduos txicos, que impedem a
regenerao e o desenvolvimento das plantas.
Impactos naturais e impactos antrpicos compem os agentes
causadores de degradao das florestas de mangue. Na regio nordeste do
48
Estado do Par, o assoreamento tem causado a morte da vegetao
caracterstica dos manguezais. Tais impactos naturais so causados,
principalmente, por ao de correntes, ondas e mars, alm de migrao das
dunas sobre os manguezais por processos elicos (SENNA, MELLO &
FURTADO, 2002). Includos dentre os impactos antrpicos mais danosos na
regio esto: construo de estradas, bloqueio de canais e barragens, turismo
predatrio, extrao de madeira, produo de carvo e lenha, intensificao da
especulao imobiliria, exposio do solo para prticas agrcolas, sobrepesca
de crustceos para a comercializao (BASTOS & LOBATO, 1996).
1.3 O CARANGUEJO-U, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763)
O caranguejo-u, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) umas das
espcies mais importantes que compem a fauna dos manguezais brasileiros,
ocorrendo em maior ou menor abundncia em toda a extenso da costa do
Brasil, desde o estado do Amap at o estado de Santa Catarina (COSTA,
1972). Essa espcie a nica espcie do gnero Ucides com registro de
ocorrncia no Brasil e segundo Bowman & Abele (1982), Melo (1996) e Ng,
Guinot & Davie (2008), possui o seguinte registro taxonmico:
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Mandibulata
Classe: Crustacea
Subclasse: Malacostraca
Ordem: Decapoda
Infraordem: Brachyura
Super-Famlia: Ocypodoidea Rafinesque (1815)
Famlia: Ucididae tevi (2005)
49
Gnero: Ucides Rathbun (1897)
Espcie: Ucides cordatus Linnaeus (1763)
Subespcie: Ucides cordatus cordatus
Por ser a nica subespcie do gnero Ucides presente no Brasil, no
presente trabalho ser utilizada a nomenclatura Ucides cordatus em
substituio a Ucides cordatus cordatus.
O caranguejo-u uma espcie semiterrestre que habita as pores
altas dos manguezais. Ocorre principalmente nas zonas entremars e vive em
galerias ou galerias escavadas no substrato lamoso (PAIVA, BEZERRA &
FONTELES-FILHO, 1971; ALCNTARA-FILHO, 1978; COSTA, 1972; COSTA,
1979; CASTRO, 1986; NASCIMENTO, 1993). Segundo Lutz (1912), as galerias
onde os caranguejos-u habitam so profundas, tortuosas e ficam submersas
durante a preamar, perodo em que os caranguejos permanecem no interior
das galerias, saindo destas somente na baixamar. As primeiras sadas so
destinadas limpeza das galerias, quando os indivduos retiram todo o
excesso de substrato introduzido em seu interior durante a mar enchente,
sendo as sadas seguintes para a procura de alimento (COSTA, 1979;
NASCIMENTO, 1993).
Cada indivduo ocupa uma nica galeria, caracterstica acentuada de
territorialismo na espcie, no entanto, durante o perodo de acasalamento
possvel encontrar mais de um caranguejo por galeria (BLANKENSTEYN,
CUNHA-FILHO & FREIRE, 1997). Os caranguejos adultos habitam galerias
com uma nica abertura, enquanto os jovens podem habitar galerias
escavadas no sentido horizontal, com at cinco aberturas que se comunicam
entre si. As dimenses da abertura das galerias do caranguejo-u possuem
correlao positiva com o tamanho do seu habitante (ALCNTARA-FILHO,
1978; COSTA, 1979; BLANKENSTEYN, CUNHA-FILHO & FREIRE, 1997).
Este fato, associado s marcas deixadas pelos machos na lama, que so
facilmente diferenciadas das marcas deixadas pelas fmeas (COSTA, 1979),
50
torna a coleta desse caranguejo bastante seletiva quanto sexo e tamanho dos
indivduos.
A obteno de alimentos realizada durante a baixamar nas
proximidades da galeria, sendo o alimento levado para o interior da mesma. O
caranguejo-u alimenta-se principalmente de vegetais e restos de matria
orgnica em decomposio (PAIVA, BEZERRA & FONTELES-FILHO, 1971;
CASTRO, 1986), por isso, considerado por Costa (1979) uma espcie
onvora.
Como todos os crustceos, o caranguejo-u tambm passa pelo
processo de muda ou ecdise, que a troca do exoesqueleto decorrente do seu
crescimento. A classificao dos estgios de muda do caranguejo-u baseia-
se no trabalho de Drach publicado em 1939 (IVO & GESTEIRA, 1999). O
estudo de Drach relevante pela nfase dada ao aspecto biolgico que a
muda envolve. A muda no um ato restrito que interrompe o curso da vida do
caranguejo, mas todos os aspectos da fisiologia desse indivduo esto
mudando continuamente, junto com os estgios do ciclo de muda
(NASCIMENTO, 1993). No final da dcada de 30, Drach descreve o ciclo das
mudas em quatro perodos:
A o perodo que se d imediatamente aps a muda. O exoesqueleto
ainda est muito mole e deforma facilmente quando pressionado, mesmo que
levemente. Tambm chamado de Ps-Muda.
B o perodo em que o exoesqueleto j est mais rgido, porm ainda
deforma se pressionado. Tambm chamado de Ps-Muda.
C o perodo mais longo que compreende a maior parte da vida do
animal, e nele o exoesqueleto j est totalmente rgido. Tambm chamado de
Inter-Muda.
D o perodo preparatrio para a muda, em que o exoesqueleto
antigo comea a se desprender do corpo, sendo facilmente quebrado com as
mos. Segundo Pinheiro & Fiscarelli (2001), o corpo fica preenchido por uma
substncia leitosa rica em clcio, magnsio e carbonatos e qualquer injria de
51
apndices locomotores permite o extravasamento de hemolinfa. Por isso, os
caranguejos neste perodo so chamados popularmente de caranguejos-de-
leite. Este perodo tambm chamado de Pr-Muda.
Durante o perodo de muda os caranguejos adultos costumam manter a
abertura de suas galerias fechada, permanecendo em no seu interior, ao passo
que os indivduos jovens a mantm tapada durante o ano todo, sugerindo a
existncia de sucessivas mudas, sem perodo definido (COSTA, 1972).
Os caranguejos apresentam morfologia externa bastante diferenciada, o
que permite a fcil caracterizao sexual dos indivduos. O abdome do macho
longo, estreito, triangular e, geralmente, com o quinto e sexto segmentos
soldados num segmento longo, articulando-se com o telson, enquanto nas
fmeas o abdome semicircular, largo, com todos os segmentos visveis e no
fusionados (NASCIMENTO, 1993).
No perodo reprodutivo do caranguejo-u (meses de maior fotoperodo,
temperatura e precipitao), machos e fmeas saem de suas galerias para o
acasalamento em um fenmeno denominado pelas comunidades litorneas de
andada, andana, soat, corrida ou carnaval (PINHEIRO &
FISCARELLI, 2001). Existem relatos de ocorrncia de andadas tanto no
perodo das luas cheias (GES et al., 2000; PINHEIRO & FISCARELLI, 2001)
quanto no das luas novas (GES et al., 2000; DIELE, 2000; PINHEIRO &
FISCARELLI, 2001; WUNDERLICH et al., 2002).
Segundo Ges et al. (2000), de trs a nove dias antes da andada os
machos liberam uma espuma branca, possivelmente para atrao sexual
atravs de feromnios. A andada comea com um comportamento pr-
copulatrio, que envolve um grande deslocamento e troca de golpes com
quelpodos entre indivduos (GES et al., 2000; WUNDERLICH et al., 2002).
Neste momento, h uma intensificao da explorao comercial deste recurso
pela maior facilidade de captura, como tambm pelo aumento de sua procura
para o consumo humano, particularmente nos meses de vero (GLASER &
DIELE, 2004).
52
O acasalamento do caranguejo-u ocorre com a fmea em decbito
dorsal, ocasio em que o macho a cobre e deposita o lquido seminal nas
aberturas existentes na base do terceiro par de patas, com o auxlio do pnis.
Os espermatozides transferidos para os receptculos seminais da fmea
ficam armazenados at o momento da desova, que pode ser total, quando
vulos e lquido espermtico so simultaneamente liberados, evidenciando a
fecundao externa (MOTA-ALVES, 1975). Por outro lado, Nascimento (1993)
ainda discute se a fecundao do caranguejo-u externa ou interna.
Mota-Alves (1975) define a desova de U. cordatus como sendo total,
porm, Ges et al. (2000) sugerem que a desova desta espcie do tipo
parcelada, j que observou ovrios com caractersticas dos estgios maduro e
em recuperao, simultaneamente. Diele (2000) apresenta evidncias de que
algumas fmeas podem liberar larvas mais de uma vez no mesmo perodo
reprodutivo. Segundo Dalabona & Silva (2005), a anlise histolgica das
gnadas das fmeas confirmou que no ocorrem desovas mltiplas em um
mesmo ciclo reprodutivo anual, uma vez que ovrios desovados no
apresentam ovcitos em maturao.
O ciclo de vida do caranguejo-u apresenta sete estgios larvais antes
de adquirir morfologia similar a do adulto, por isso dita como de
desenvolvimento indireto (PINHEIRO & FISCARELLI, 2001). O
desenvolvimento larval constitudo por cinco ou seis estdios zoea e um de
megalopa, no sendo observado estdio pr-zoea (RODRIGUES, 1982;
RODRIGUES & HEBLING, 1989). Aps a ecdise da megalopa, origina-se o
primeiro estdio juvenil do caranguejo-u. Neste estdio os exemplares tm
tamanho reduzido, aproximadamente 1,5 mm de largura de cefalotrax (DIELE,
2000). Em laboratrio, experimentos realizados por Abrunhosa et al. (2002)
indicam que as larvas zoea de Ucides cordatus, embora lecitotrficas, pois
possuem reservas nutricionais, precisam capturar alimento para suprir todas as
suas necessidades e ter xito na realizao das mudas. Aps chegarem
costa, as larvas megalopas assentam-se e metamorfoseiam-se em pequenos
caranguejos terrestres. Estes so raramente vistos e pouco se sabe sobre seu
hbitat e ecologia (WOLCOT, 1988).
53
U. cordatus apresenta crescimento lento, sendo variadas as estimativas
de idade em que os machos atingem o tamanho comercial de 6 cm de largura
do cefalotrax, segundo Portaria IBAMA n 34/03-N, de 24 de junho de 2003
para as regies Norte e Nordeste do Brasil. Estudos realizados em diferentes
regies brasileiras revelam que, devido a esse crescimento reduzido, os
indivduos levam de 3,8 a 11 anos para atingir o tamanho comercial
(NASCIMENTO, 1993; OSTRENSKY et al., 1995; IVO et al., 2000; DIELE,
2000; PINHEIRO, FISCARELLI & HATTORI, 2005). De acordo com DIELE
(2000); PINHEIRO, FISCARELLI & HATTORI (2005), os machos atingem uma
largura mxima de carapaa entre 8,3 e 9,1 cm, ao passo que as fmeas entre
7,3 e 7,8 cm. No entanto, FERNANDES & CARVALHO (2006) j registraram
indivduos, na Ilha de Marac, Amap, maiores do que 10 cm de largura de
carapaa. A longevidade dessa espcie de caranguejo para alguns autores
ultrapassa um pouco os dez anos de idade (DIELE, 2000; PINHEIRO,
FISCARELLI & HATTORI, 2005).
A atividade de catao do caranguejo-u nos manguezais brasileiros
constitui uma das mais importantes atividades para a subsistncia das
populaes humanas tradicionais que vivem no entorno desse ecossistema. De
acordo com Nordi (1994a), durante todo o ciclo anual, o caranguejo-u vive
em galerias individuais construdas sob as rvores de mangue. Sua captura ou
"catao" acontece no perodo da baixamar e feita com as mos, ou auxiliada
por instrumentos adaptados pelo prprio catador. A experincia dos catadores
de caranguejo-u lhes permite identificar, com certa facilidade, as galerias
habitadas, o sexo e a faixa de comprimento aproximado do indivduo no interior
da galeria (COSTA, 1972). Abaixo esto descritos os mtodos de captura do
caranguejo-u utilizados nas regies Norte e Nordeste do pas:
i) Braceamento - consiste na coleta dos indivduos pela introduo do
brao nas galerias para a retirada dos caranguejos (NORDI, 1992);
ii) Tapamento - consiste na obstruo da sada das diversas galerias
com pedaos de plantas e/ou sedimentos do prprio mangue, fazendo com que
os caranguejos movam-se em direo superfcie (NORDI, 1992);
54
iii) Ratoeira - uma armadilha construda a partir de latas vazias, onde
iscas so utilizadas para atrair e aprisionar o caranguejo quando ele,
acidentalmente, aciona o mecanismo de fechamento da mesma (NORDI,
1992);
iv) Raminho - consiste na introduo de um ramo de planta na galeria
para atiar o caranguejo, que ao agarr-lo puxado para fora mesma (NORDI,
1992);
v) Redinha - uma armadilha de rede armada na sada da galeria onde
o caranguejo imobilizado na medida em que tenta desprender-se da mesma
(NORDI, 1992);
vi) Lao - uma armadilha construda com um pedao de bambu, sendo
uma extremidades introduzida no sedimento e na outra amarrado um fio de
seda feito um lao de forca (MANESCHY, 1993);
vii) Gancho ou Cambito consiste na introduo de uma vara com um
gancho na ponta para a remoo do caranguejo (LEGAT & PUCHNICK, 2003).
A Portaria do IBAMA N 034/03-N de junho de 2003 permite nos Estados
do Norte e Nordeste a captura de caranguejo-u apenas atravs do mtodo
de braceamento com o auxlio de gancho, ou cambito, com proteo na
extremidade. Contudo, os catadores ainda continuam utilizando todas essas
tcnicas de captura acima descritas.
A densidade um parmetro imprescindvel para o manejo do
caranguejo-u (BRANCO, 1993; BLANKENSTEYN, CUNHA-FILHO &
FREIRE, 1997; IVO et al., 2000; ALVES & NISHIDA, 2004; ALVES, NISHIDA &
HERNANDEZ, 2005; DIELE, KOCK & SAINT-PAUL, 2005). A estimativa da
densidade de caranguejos semiterrestres tem sido um tpico relativamente
bem abordado na literatura (WARREN, 1990; LOURENO, PAULA &
HENRIQUE, 2000; FLORES, ABRANTES & PAULA, 2005). No entanto, a
escolha do mtodo ideal para se obter uma estimativa mais confivel um dos
maiores entraves para esse tipo de estudo, particularmente para braquiros
semiterrestres que habitam costes rochosos (FLORES & PAULA, 2002) e
55
manguezais (NOBBS & MCGUINESS, 1999; MACIA, QUINCARDETE &
PAULA, 2001; SKOV et al., 2002). A quantificao direta do nmero de
galerias/rea tem sido um dos mtodos mais utilizados para a estimativa da
densidade populacional de braquiros semiterrestres (LOURENO PAULA &
HENRIQUE, 2000; SKOV et al., 2002).
Estimativas que utilizam a morfologia da abertura das galerias de U.
cordatus, bem como sua inclinao de 45 em relao ao sedimento (COSTA,
1979; GERALDES & CALVENTI, 1983) possibilitam seu fcil reconhecimento
em relao s demais espcies escavadoras, especialmente das espcies do
gnero Uca. Tais mtodos para o caranguejo-u ganham ainda maior
robustez quando: i) as galerias abandonadas (sem atividade biognica) e ii)
aquelas com dupla abertura, contadas como uma nica galeria, so ambas
desconsideradas durante as estimativas (HATTORI, 2002). Utilizando-se tal
refinamento, os valores estimados tm sido mais prximos aos reais
(BREITFUSS, 2003), trazendo grande aceitao da comunidade cientfica ao
mtodo de estimativa indireta da densidade por quantificao das galerias/rea
(SKOV et al., 2002; JORDO & OLIVEIRA, 2003).
1.3.1 IMPORTNCIA ECOLGICA
Nos manguezais, a interao planta-animal de fundamental
importncia na distribuio, estrutura e ciclagem de nutrientes. Isto pode ser
atribudo presena de insetos e de caranguejos no sistema, haja vista esses
animais serem os principais predadores de sementes e propgulos, alm de
interferirem no processo de ciclagem da matria vegetal do sistema
(ROBERTSON, 1991). De fato, o caranguejo-u possui importante funo
ecolgica dentro das florestas de mangue. De hbito basicamente herbvoro,
essa espcie de caranguejo alimenta-se de folhas senescentes que caem das
rvores de mangue, armazenando-as em sua galeria. Devido ao baixo valor
nutricional e difcil ingesto, esses animais precisam ingerir uma quantidade
excessiva de folhas senescentes de Rhizophora mangle, pois assimilam
apenas 7,2% da energia orgnica, sendo o restante excretado de volta ao
56
ambiente (KOCH, 1999; KOCH & WOLF, 2002; NORDHAUS, 2004;
NORDHAUS, WOLFF & DIELE, 2006).
A quantidade elevada de folhas que os caranguejos-u ingerem e
entocam em suas galerias, contribuem para diminuir a exportao de matria
orgnica dos manguezais, pelas mars vazantes (KOCH, 1999; KOCH &
WOLF, 2002; SCHORIES et al., 2003). A anlise do processo de exportao de
matria orgnica dos manguezais para as guas costeiras evidencia que cerca
de 30% da produo fica retida dentro do prprio manguezal, sendo consumida
pela fauna local, enquanto que o restante exportado para os sistemas
aquticos adjacentes (BOTO & BUNT, 1981; ALONGI et al., 1998; DITTMAR,
1999; KOCH, 1999). O simples ato de entocar material nas galerias
subterrneas do manguezal revela o importante papel do caranguejo-u no
aproveitamento da matria orgnica produzida e na ciclagem de nutrientes,
alm de aumentar o fluxo de energia na cadeia alimentar nesse ecossistema
(KOCH, 1999; SCHORIES et al., 2003).
O caranguejo-u, segundo Koch (1999), est em segundo lugar no
fluxo energtico em funo de apresentar maior biomassa e ao seu
comportamento no processamento do material orgnico no manguezal. Alm
do mais, sua presena nos manguezais tambm importante para a
manuteno desse ecossistema por devolver ao substrato, em forma de
partculas, cerca de 70% das folhas consumidas, facilitando assim a ao e a
eficincia de bactrias decompositoras e de outros organismos saprfitos.
1.3.2 IMPORTNCIA ECONMICA
U. cordatus constitui um importante recurso pesqueiro, por ser um
alimento rico em protenas, vitaminas e sais minerais (FISCARELLI, 2004) e
constar da alimentao bsica das comunidades litorneas tradicionais
(GLASER & GRASSO, 1998). Alm disso, a pesca desse caranguejo constitui
a principal fonte de renda de muitas comunidades que vivem s margens dos
manguezais (GLASER & DIELE, 2004). Assim, o caranguejo-u assume
57
caractersticas de recurso pesqueiro de elevado valor socioeconmico nas
regies Norte e Nordeste do Brasil, contribuindo para a gerao de emprego e
renda nas comunidades pesqueiras que vivem nas zonas de esturio. Sua
comercializao atinge altos valores em funo da sua elevada procura na
gastronomia das grandes cidades (NASCIMENTO, 1993), o que certamente
tem auxiliado no impacto sobre suas populaes naturais. Embora conste na
Lista Nacional das Espcies de Invertebrados Aquticos e Peixes
Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao (Anexo II da Instruo
Normativa N 5 de 21 de maio de 2004 do MMA), U. cordatus uma espcie
de caranguejo de grande interesse comercial.
A criao desse caranguejo em cativeiro ainda apresenta vrias
dificuldades tcnicas, as quais promovem: i) elevada taxa de mortalidade na
fase larval (RODRIGUES & HEBLING, 1989) e ii) reduzida taxa de crescimento
(DIELE, KOCH & SAINT-PAUL, 2005; PINHEIRO, FISCARELLI & HATTORI,
2005), maximizando os gastos para a larvicultura e evitando o crescimento
adequado para a comercializao (HATTORI, 2002). Por fim, segundo
OSTRENSKY et al. (1995), importante ressaltar que a viabilidade da criao
em cativeiro do caranguejo-u tambm est atrelada alimentao dos
indivduos, ou seja, depende da formulao de uma rao que permita o
aumento da taxa de crescimento dos indivduos.
A notvel diminuio do caranguejo-u nos manguezais do Norte e
Nordeste do pas tem sido a principal preocupao dos rgos gestores,
indicando a premncia de estudos sobre a viabilidade tcnico-econmica de
seu cultivo e quantificao de seus estoques pesqueiros (OSTRENSKY et al.,
1995; BLANKENSTEYN, CUNHA-FILHO & FREIRE, 1997; BOTELHO, DIAS &
IVO, 1999; IVO & GESTEIRA, 1999; IVO et al., 1999; VASCONCELOS,
VASCONCELOS & IVO, 1999; SOUZA, 1999; DIELE, 2000; GES et al., 2000;
RODRIGUES et al., 2000). Portanto, mesmo com os estudos disponveis na
literatura, evidente a escassez de informaes sobre as interaes biolgicas
que influenciam a abundncia e/ou densidade desta espcie nas florestas de
mangue. Assim, o presente trabalho apresenta-se com o propsito de gerar
58
informaes que contribuam para o preenchimento dessa lacuna nos estudos
sobre o caranguejo-u.
1.4 ESCOPO DA DISSERTAO
A presente dissertao possui quatro captulos. O CAPTULO 1 uma
introduo geral sobre o ecossistema manguezal, enfatizando as florestas de
mangue e o caranguejo-u, cujo objetivo apresentar informaes
importantes, as quais ressaltem as principais caractersticas e relevncia de
ambos. Os outros trs captulos apresentam os resultados e discusses acerca
da estrutura populacional das espcies arbreas de mangue e do caranguejo-
u, Ucides cordatus, bem como sua interao ao longo da Reserva
Extrativista Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA.
CAPTULO 2 - Atributos estruturais das florestas de mangue da Reserva
Extrativista Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA contribui para
o conhecimento dos manguezais da costa paraense, enfatizando a composio
e distribuio espacial dos mangues nos limites da Reserva Extrativista
Marinha Me Grande de Curu, Curu, Par
CAPTULO 3 Biometria e estrutura populacional do caranguejo-
U, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Brachyura) nos
manguezais da Reserva Extrativista Marinha Me Grande de Curu,
Curu-Pa - analisa comparativamente a eficincia de duas tcnicas de
estimativa de densidade usadas para o caranguejo-u, alm de verificar a
relao entre variveis biomtricas e populacionais desse caranguejo e os
atributos estruturais dos manguezais onde vivem na Reserva Extrativista
Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA
O CAPTULO 4 uma discusso geral abrangendo os aspectos da
estrutura das florestas de mangue e das populaes do caranguejo-u, no
intuito de melhor entender suas caractersticas individuais e suas interaes.
59
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ABREU, M. M. O.; MEHLIG. U.; NASCIMENTO, R. E. S. A. & MENEZES, M. P. M. Anlise de composio florstica e estrutura de um fragmento de bosque de terra firme e de um manguezal vizinhos na Pennsula de Ajuruteua, Bragana-Par. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi. Cincias Naturais, Belm. v. 1, n. 3: 27-34, 2006.
ABRUNHOSA, F. A.; SILVA NETO, A. A.; MELO, M. A. & CARVALHO, L. O. Importncia da alimentao e do alimento no primeiro estgio larval de Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) (Decapoda: Ocypodidae). Revista Cincia Agronmica. v. 33, n. 2, p. 5-12, 2002.
ABUODHA, P. A. W. & KAIRO, J. G. Human-induced stresses on mangrove swamps. Hydrobiologia. 458: 255-265, 2001.
ADAIME, R. R. Estrutura, produo e transporte em um manguezal. In: Simpsio Sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira: Sntese dos Conhecimentos. Academia de Cincias do Estado de So Paulo, Canania, So Paulo: Aciesp, p. 80-99, 1987.
ALCNTARA-FILHO, P. Contribuio ao Estudo da Biologia e Ecologia do Caranguejo-u, Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Decapada, Brachyura), no Manguezal do Rio Cear. (Brasil). Arquivos de Cincia do Mar, Fortaleza, 18(1/2), p. 1 42, 1978.
ALMEIDA, S. S. Identificao, avaliao de impactos ambientais e uso da flora em manguezais paraenses. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Cincias da Terra, Belm, Par, Brasil, 8: 31-47, 1996.
ALONGI, D. M. The dynamics of bentic nutrient pools and fluxes in tropical mangrove forests. Journal Marine Research. 54: 123-148, 1996.
ALONGI, D. M.; SASEKUMAR, A.; TIRENDI, F. & DIXON, P. The influence of stand age on benthic decomposition and recycling of organic matter in managed mangrove forests of Malaysia. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, v. 225, p. 197218, 1998.
60
ALONGI, D. M.; TIRENDI, F. & CLOUGH, B. F. Below-ground decomposition of organic matter in forests of the mangroves Rhizophora stylosa and Avicennia marina along the arid coast of Western Australia. Aquatic Botany. 68: 97-122, 2000.
ALVES, R. R. N. & NISHIDA, A. K. Population structure of the mangrove crab Ucides cordatus (Crustacea: Decapoda: Brachyura) in the estuary of the mamanguape river, Norhteast Brazil. Tropical Oceanography, v. 32, p. 23-37, 2004.
ALVES, R. R. N.; NISHIDA, A. K. & HERNNDEZ, M. I. M.. Environmental perception of gatherers of the crab caranguejo-u (Ucides cordatus, Decapoda, Brachyura) affecting their collection attitudes. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 1: 10, 2005.
ANDRADE, F. A. G. & FERNANDES, M. E. B. Mamferos. In: FERNANDES, M. E. B (Org.). Os manguezais da costa norte brasileira. Fundao Rio Bacanga, Maranho, Brasil, v. II, p. 105-134, 2005.
AUGUSTINUS, P. G. E. F. Geomorphology and Sedimentology of Mangroves. In: PERILLO, G. M. E. (Ed.). Geomorphology and Sedimentology of Estuaries. Amsterdam, Elsevier., p. 333-357, 1995.
BASTOS, M. N. C. & LOBATO, L. C. B. Estudos fitossociolgicos em reas de bosque de mangue na Praia do Crispim e Ilha de Algodoal, Par. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Cincias da Terra. Belm, Par, Brasil, 8: 157-167, 1996.
BLANKENSTEYN, A.; CUNHA-FILHO, D. & FREIRE, A. S. Distribuio, estoques pesqueiros e contedo protico do caranguejo do mangue Ucides cordatus (L. 1763) (Brachyura, Ocypodidae) nos manguezais da Baa das Laranjeiras e adjacncias.Paran. Brasil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 40 (2): 331-339, 1997.
BOTELHO, E. R. O.; DIAS, A. F. & IVO, C. T. C. Estudo sobre a biologia do caranguejo-u Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763), capturado nos esturios dos Rios Formoso (Rio Formoso) e Ilhetas (Tamandar), no estado de Pernambuco. Boletim Tcnico Cientfico do CEPENE, v. 7, n. 1, p. 117-145, 1999.
BOTO, K. G. & BUNT, J. S. Tidal export of particulate organic matter from a Northern Australian mangrove system. Estuarine, Coastal and Shelf Science, vol. 13, p. 247-255, 1981.
BOWMAN, T. E. & ABELE, L. G. Classification of the recent Crustacea. In: Abele, L.G. (ed.), The bology of Crustacea, vol 1; Systematcs, the Fossl Record and Biogeography. New York: Academic Press. p.1-27, 1982.
BRANCO, J. O. Aspectos ecolgicos do caranguejo Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Decapoda) do manguezal do Itacorubi, Santa Catarina, Brasil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, v. 36, n. 1, p. 133-148, 1993.
61
BREITFUSS. M. J. Defining the characteristics of burrow to better estimate abundance of the grapsid crab, Helograpsus haswellianus (Decapoda, Grapsidae), on east Australian saltmarsh. Crustaceana, v. 76, n. 4, p. 499-507, 2003.
BROWN, S. & LUGO, A. E. The storage and production of organic matter in tropical forests and their role in the global carbon cycle. Biotropica, 14: 161-187, 1982.
CASTRO, A. C. L. Aspectos Bioecolgicos do caranguejo-u, Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) no esturio do rio dos Cachorros e estreito do Coqueiro, So Lus do Maranho. Boletim do Laboratrio de Hidrobiologia. V. 7, p.7-26, 1986.
CINTRN-MOLERO G. & SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Ecology and Management of New World Mangroves. In: SEELIGER, U. (ed.). Coastal Plant Communities of Latin America. San Diego: Academic Press. p. 157-193, 1992.
CINTRN-MOLERO, G. & SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Caracteristicas y desarrollo estructural de los manglares de Norte y Sur America. Ciencia interamericana, 25: 4-15, 1985.
CINTRN-MOLERO, G. & SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Introduccin a la ecologa del manglar. Montevideo. UNESCO/ROSTLAC, 1983.
CINTRN-MOLERO, G. & SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Proposta para estudo dos recursos de marismas e manguezais. Relatatrio Interno do Instituto Oceanogrfico, Universidade de So Paulo, 10: 1-13, 1981.
COSTA, R. S. Biologia do caranguejo-u, Ucides cordatus (Linnaeus), 1763) Crustceo, decpode no Nordeste brasileiro. Boletim Cearense Agronmico, Fortaleza, v. 20, p. 1 74, 1979.
COSTA, R. S. Fisiologia do caranguejo-u, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) Crustceo, Decpodo do Nordeste Brasileiro. 1972. 121 f. Tese (Doutorado em Oceanografia) Instituto de Biocincias, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1972.
CRUZ, R. C. A.. Turismo e impacto em ambientes costeiros: Projeto Parque das Dunas - Via Costeira, Natal (RN). 1995. Dissertao (Mestrado). Universidade de So Paulo, 1995.
DAQUINO, G. & SANTANA, G. Ontem manguezais, hoje bairro do Agreste. In: III Workshop ECOLAB. Resumos Belm, Par, Brasil, p. 139-140, 1995.
DALABONA, G. & SILVA, J. L. Perodo reprodutivo de Ucides cordatus (Linnaeus) (Brachyura, Ocypodidae) na Baa das Laranjeiras, sul do Brasil. Acta Biolgica Paranaense, 34 (1,2,3,4): 115-126, 2005.
DIELE, K. Life history and population structure of the exploited mangrove crab Ucides cordatus (L.) (Decapoda: Brachyura) in the Caet estuary, North Brazil. Bremen, 2000. 103 f. Tese (Doutorado na rea de especialidade
62
2 Biologia/Qumica) - Zentrum fr Marine Tropenkologie, Universitt Bremen. 2000.
DIELE, K.; KOCK, V. & SAINT-PAUL, U. Population structure, catch composition and CPUE of the artisanally harvest mangrove crab Ucides cordatus (Ocypodidae) in the Caet estuary, North Brazil: Indications for overfishing? Aquatic Living Resources, vol. 18, p. 169-178, 2005.
DITTMAR, T. Outwelling of organic matter and nutrients from a mangrove in North Brazil: Evidence from organic tracers and flux measurements. Center for Tropical Marine Ecology, Bremen, ZMT-Contributions 5, 1999.
DITTMAR, T.; LARA, R. J. & KATTNER, G. River or mangrove? Tracing major organic matter sources in tropical Brazilian coastal waters. Marine Chemistry, 73: 253-271, 2001.
DRACH, P. Meu Et Cycle D`Intermute Chez Les Crustacs Dcapodes. Ann. Inst. Oceanog. Paris (NIS), 19: 103-391, 1939.
DUKE, N. C. Mangrove floristics and biogeography. In: ROBERTSON, A.I.; ALONGI, D.M. Tropical mangrove ecosystems. Washington D.C.: American Geophysical Union, p. 63-100, 1992.
FERNANDES, M. E. B. Association of mammals with mangrove forests: a world wide review. Boletim do Laboratrio de Hidrobiologia, 13: 83-108, 2000.
FISCARELLI, A. G. Rendimento, Anlise Qumico-Bromatolgica da carne e fator de condio do caranguejo-u Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Brachyura, Ocypodidae). 2004. 92 f. Dissertao (Mestrado em Zootecnia rea de Produo Animal) Faculdade de Cincia Agrrias e Veterinrias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004.
FLORES, A. A. V. & PAULA, J. Population dynamics of the shore crab Pachygrapsus marmoratus (Brachyura: Grapsidae) in the Central Portuguese coast. Journal of Marine Biology. Assoc. U.K., v. 82, n. 2, p. 229-241, 2002.
FLORES, A. A. V.; ABRANTES, K. G. & PAULA, J. Estimating abundance and spatial distribution patterns in the bubble crab Dotilla fenestrata (Crustacea, Brachyura). Austral Ecology, v. 30, n. 1, p. 14-23, 2005.
GERALDES, M. G. & CALVENTI, I. B. Estudios experimentales para el mantenimiento em cautiverio del cangrejo Ucides cordatus. Cincia Interamericana, v. 23, n. 4, p. 41-53, 1983.
GLASER, M. & DIELE, K. Asymetric outcomes: assessing central aspects of the biological, economic and social sustainability of a mangrove crab fishery, Ucides cordatus (Ocypodidae), in North Brazil. Ecological Economics, 49: 361-373, 2004.
GLASER, M. & GRASSO, M. Fisheries of a mangrove estuary: Dynamic and interrelationships between economy and ecosystem in Caet Bay, Notheastern Par, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Zoologia, v. 14, p. 95-125, 1998.
63
GES, P.; SAMPAIO, F. D. F; CARMO, T. M. S; TSO, G. C. & LEAL, M. S. Comportamento e perodos reprodutivos do caranguejo do mangue Ucides cordatus. In: Simpsio de Ecossistemas Brasileiros: Conservao, 5. 2000, Vitria, ES. Academia de Cincias do Estado de So Paulo, p. 335-348, 2000. (Publicaes ACIESP, n. 109, v. 2).
GOLLEY, F.; ODUM, H. T. & WILSON, R. The structure and metabolism of a Puerto Rican red mangrove forest in May. Ecology, 43: 9-19, 1962.
HAMILTON, L. S. & SNEDAKER, S. C. Handbook for mangrove area management. East West Centre, International Union for the conservation of nature and natural resources & UNESCO, 123 p. 1984.
HATTORI, G. Y. Biologia populacional do caranguejo de mangue Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Brachyura, Ocypodidae) em Iguape (SP). 2002. 82 f. Dissertao (Mestrado em Zootecnia rea de Produo Animal) Faculdade de Cincia Agrrias e Veterinrias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.
HERZ, R. Manguezais do Brasil. Instituto Oceanogrfico. Universidade de So Paulo, 223 p. 1991.
HUTCHINGS, P. A. & SAENGER, P. Ecology of mangroves. University of Queensland Press. First Edition St. Lcia. Brisbane. Australia, 388 p. 1987.
IVO, C. T. C. & GESTEIRA, T. C. V. Sinopse das observaes sobre a bioecologia e pesca do caranguejo-u, Ucides cordatus cordatus (Linnaeus,1763), capturado em esturios de sua rea de ocorrncia no Brasil. Boletim Tcnico-Cientfico do CEPENE, v. 7, n. 1, p. 9-52, 1999.
IVO, C. T. C.; DIAS, A. F.; BOTELHO, E. R. O.; MOTA, R. I.; VASCONCELOS, J. A. & VASCONCELOS, E. M. S. Caracterizao das populaes de caranguejo-u, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), capturadas em esturios do nordeste do Brasil. Boletim Tcnico-Cientfico do CEPENE, v. 8, n. 1, p. 9-43, 2000.
JORDO, J. M. & OLIVEIRA, R.F. Comparsion of non-invasive methods for quantifying population density of the fiddler crab Uca tangeri. Journal of Marine Biology. Assoc. U.K., v. 83, n. 5, p. 981-982, 2003.
KOCH, V. & WOLFF, M. Energy budget and ecological role of mangrove epibenthos in the Caet estuary, North Brazil. Marine Ecology Progress Series (in press). Marine Ecology Progress Series 228: 119-130, 2002.
KOCH, V. Epibenthic production and energy flow in the Caet mangrove estuary, North Brazil. 1999. 97 f. Tese (Doutorado em Ecologia). Center for Tropical Marine Ecology, University Bremen, Bremen, 1999.
LEGAT, J. F. A & PUCHNICK, A. Sustentabilidade da pesca do caranguejo-u, Ucides cordatus, nos Estados do Piau e Maranho: Uma Viso da Cadeia Produtiva do Caranguejo a partir de Fruns Participativos de Discusso. EMBRAPA Meio-Norte, Parnaba, Brasil, 25 p. 2003.
64
LIMA, T. C. M.; PAOLI, A. A. S. & GIRNOS, E. C. Morfo-anatomia foliar do gnero Rhizophora L. In: FERNANDES, M. E. B. (org.). Os manguezais da costa norte brasileira II. Fundao Rio Bacanga, Maranho, Brasil, p. 33-52, 2005.
LOURENO, R.; PAULA, J. & HENRIQUE, M. Estimating the size of Uca tangeri (Crustacea, Ocypodidae) without massive crab capture. Marine Science, v. 64, n. 4, p. 437-439, 2000.
LUGO, A. E. & SNEDAKER, S. C. The ecology of mangroves. Annual Review of Ecology and Systematic, 5: 39-64, 1974.
LUTZ, A. Contribuio para o Estudo das Ceratopogoninas Hematfagas Encontradas no Brasil. Memrias do Instituto Oswaldo Cruz, 6 (1): 133, 1912.
MACIA, A.; QUINCARDETE, I. & PAULA, J. A comparison of alternative methods for estimating population density of the fiddler crab Uca annulipes at Saco Mangrove, Inhaca Island (Mozambique). Hydrobiologia, v. 449, n. 1-3, p. 213-219, 2001.
MACIEL, N. C. Alguns Aspectos da Ecologia da Manguezal. In. Alternativas de Uso e Proteo dos Manguezais do Nordeste. CPRH, Srie Publicaes Tcnicas, Recife. p. 9-37, 1991.
MANESCHY, M. C. Pescadores nos manguezais: estratgias tcnicas e relaes sociais de produo na captura de caranguejo. In: Furtado, L.; LEITO, W. & MELLO, A. F. (Orgs.). Os povos das guas. Belm, CNPq/Museu Paraense Emlio Goeldi, Belm, Par, Brasil, p. 19-62, 1993.
MANESCHY, M. C. Scio-economia: Trabalhadores e Trabalhadoras nos Manguezais. In: FERNANDES. M. E. B. (org.). Os Manguezais da Costa Norte Brasileira. Maranho: Fundao Rio Bacanga, v. 2, p.135-165, 2005.
MASCARENHAS, R. E. B. & GAMA, J. R. N. F. Extenso e caracterstica das reas de mangue do litoral paraense. Embrapa Amaznica Oriental, Belm, Par, Brasil, 20 p. 1999.
MELO, G. A. Manual de identificao dos Brachyura (caranguejos e siris) do Litoral Brasileiro, So Paulo: Ed.Pliade/FAPESP. 603 p. 1996.
MENDES, A. C. Geomorfologia e Sedimentologia. In: FERNANDES. M. E. B. (org.). Os Manguezais da Costa Norte Brasileira. Maranho: Fundao Rio Bacanga, v. 2, p. 13-30, 2005.
MOTA-ALVES, M. I. Sobre a reproduo do caranguejo-u, Ucides cordatus (Linnaeus), em mangues do Estado do Cear (Brasil). Arquivos de Cincias do Mar, v. 15, n. 2, p. 81-95, 1975.
NASCIMENTO, I. Projeto: formas de utilizao social dos manguezais - coletores e extratores do litoral do Par. In: III Workshop ECOLAB. Resumos... Belm, Par, Brasil. p. 143-144, 1995.
65
NASCIMENTO, S. A. Biologia do caranguejo-u (Ucides cordatus). Aracaj: ADEMA (Administrao Estadual do Meio Ambiente), p.13-45, 1993.
NEIMAN, Z. Era verde?: ecossistemas brasileiros ameaados. So Paulo: Editora Atual, 1989.
NG, P. K. L.; GUINOT, D. & DAVIE, P. J. F. Systema Brachyurorum: Part I - An annotated checklist of extant brachyuran crabs of the world. Raffles Bulletin of Zoology, Singapore, n. 17, p. 1-286, 2008.
NOBBS, M. & MCGUINESS, K. Developing methods for quantifying the apparent abundance of fiddler crabs (Ocypodidae: Uca) in mangrove habitats. Australian Journal of Ecology, v. 24, p. 43-49, 1999.
NORDHAUS, I. Feeding Ecology of the semi-terrestrial crab Ucides cordatus cordatus (Decapoda: Brachyura) in a mangrove forest in northern Brazil. PhD. Thesis. University of Bremen, 2004.
NORDHAUS, I.; WOLFF, M. & DIELE, K. Litter processing and population food intake of the mangrove crab Ucides cordatus in a high intertidal forest in northern Brazil. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 67: 239-250, 2006.
NORDI, N. A captura do caranguejo-u (Ucides cordatus) durante o evento reprodutivo da espcie: o ponto de vista dos caranguejeiros. Revista Nordestina de Biologia. v, 9: 41-47, 1994.
NORDI, N. Os catadores de caranguejo-u (Ucides cordatus) da regio de Vrzea Nova (PB): Uma abordagem ecolgica e social. Tese de doutorado, UFSCar. So Carlos. 107 pp. 1992.
OSTRENSKY, A.; STERNHAIN, U. S.; BRUN, E.; WEGBECHER, F. X. & PESTANA, D. Anlise da viabilidade tcnico-econmica dos cultivos do caranguejo -u Ucides cordatus (LINNAEUS, 1763) no litoral paranaense. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 38 (3): 939 947, 1995.
PAIVA, M. P.; BEZERRA, R. C. & FONTELES-FILHO, A. A. Tentativa de avaliao dos recursos pesqueiros do nordeste brasileiro. Arquivos de Cincias do Mar, Fortaleza, 11(1): 1-43, 1971.
PINHEIRO, M. A. & FISCARELLI, A. G. Manual de Apoio Fiscalizao do Caranguejo-u (Ucides cordatus). CEPSUL. Itaja (Santa Catarina). 43p. 2001.
PINHEIRO, M. A.; FISCARELLI, A. G. & HATTORI, G. Y. Growth Of The Mangrove Crab Ucides cordatus (Brachyura, Ocypodidae). Journal of Crustacean Biology, 25(2): 293301, 2005.
PRIMAVERA, J. H. Tropical shrimp farming and its sustainability. In: De Silva, S. (ed.) Tropical Mariculture. London: Academic Press, p. 257-289, 1998.
PROST, M. T. & LOUBRY, D. Estrutura de espcies de manguezais e processos geomorfolgicos: interesse da abordagem integrada. V Workshop ECOLAB. Macap, Amap, Brazil. p. 147-151, 2000.
66
PROST, M. T. R. & RABELO, B. V. Variabilidade fito-espacial de manguezais litorneos e dinmica costeira: exemplos da Guiana Francesa, Amap e Par. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Cincias da Terra. Belm, Par, Brasil, 8: 101-121, 1996.
QUIONES, E. M. Relaes gua-solo no sistema ambiental do esturio
de Itanham (SP). Tese de Doutorado. Faculdade de Engenharia Agrcola,
Universidade de Estadual de Campinas, p. 07, 2000.
RIBEIRO, T. E.; SILVA, J. M. L.; OLIVEIRA JNIOR, R. C. & VALENTE, M. A. Homem-meio: stios arqueolgicos do litoral do Salgado, Pa. In: III Workshop ECOLAB. Resumos... Belm, Par, Brasil, p.135-137, 1995.
ROBERTSON, A. I. Plant-animal interactions and the structure and function of mangrove Forest ecosystems. Australian Journal of Ecology, 16: 433- 443, 1991.
RODRIGUES, A. M. T.; BRANCO, E. J.; SACCARDO, S. A. & BLANKENSTEYN, A. A. explorao do caranguejo Ucides cordatus (Decapoda: Ocypodidae) e o processo de gesto participativa para normatizao da atividade na regio sudeste-sul do Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, v. 26, n. 1, p. 63-78, 2000.
RODRIGUES, M. D. & HEBLING, N. J. Ucides cordatus cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Decapoda). Complete larval development under laboratory conditions and its systematic position. Revista Brasileira de Zoologia, v. 6, n. 1, p. 147-166, 1989.
RODRIGUES, M. D. Desenvolvimento ps-embrionrio de Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustcea, Decapoda, Gecarcinidae). So Paulo, 1982. 101f. Dissertao (Mestrado), Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, 1982.
SAENGER, P.; HEGERL, E. & DAVIES, J. D. S. Global Status of Mangroves Ecosystems. The Environmentalist, 3(3): 1-88, 1983.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. & CINTRN-MOLERO, G. Expedio Nacional aos Manguezais do Amap, Ilha de Marac. Relatrio tcnico. Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), p. 99, 1988.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. & CINTRN-MOLERO, G. Guia para estudo de reas de manguezal: estrutura, funo e flora. Caribbean Ecological Research, So Paulo, Brasil, 150 p. 1986.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. Caribbean Ecological Research. So Paulo, Brasil, 64 p. 1995.
SCHORIES, D.; BARLETTA-BERGAN, A.; BARLETTA, M.; KRUMME, U.; MEHLIG, U. & RADEMAKER, V. The keystone role of leaf-removing crabs in mangrove forests of North Brazil. Wetlands Ecology and Management, vol. 11, p. 243-255, 2003.
67
SEIXAS, J. A. S.; FERNANDES, M. E. B. & SILVA, E. S. Anlise estrutural da vegetao arbrea dos bosques no Furo Grande, Bragana, Par. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Srie Cincias Naturais, Belm, Par, Brasil, 2(3): 35-43, 2006.
SENNA, C.; MELLO, C. F. & FURTADO, L. G. Impactos naturais e antrpicos em manguezais do litoral nordeste do estado do Par. In: FURTADO, L. G. & QUARESMA, H. D. A. B. (Orgs.). Gente e ambiente no mundo da pesca artesanal. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi, Belm, Par, Brasil, p. 209-238, 2002.
SKOV, M. W.; VANNINI, M.; SHUNULA, J. P. & HARTNOLL, R. G. Quantifying the density of mangrove crabs: Ocypodidae and Grapsidae. Marine Biology, v. 141, n. 4, p. 725-732, 2002.
SMITH III, T. J. Forest structure. In: ROBERTSON, A. I. & ALONGI, D. M. (Eds.). Tropical mangrove ecosystems. Coastal and estuarine series. American Geophysical Union, Washington, USA, p. 101-136, 1992.
SNEDAKER, S. C. Mangroves: Their value and perpetuation. Nature and Resources. UNESCO, 14(3): 6-13, 1978.
SOUZA FILHO, P. W. M. Costa de Manguezais de Macromar da Amaznia: Cenrios Mofolgicos, Mapeamento e Quantificao de reas Usando Dados de Sensores Remotos. Revista Brasileira de Geofsica, 23(4): 427-435, 2005.
SOUZA, E. P. Distribuio, aspectos reprodutivos e morfomtricos do caranguejo-u, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) no Manguezal de Itacurua-Coroa Grande, Baa de Sepetiba, RJ. 1999. 47 f. Dissertao (Mestrado em Zoologia) - Instituto de Biocincias, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropdica/Rio de Janeiro, 1999.
SPALDING, M. D.; BLASCO, F. & FIELD, C. D. World mangrove atlas. The International Society for mangrove Ecosystems, Okinawa, Japan, 178 p. 1997.
SZLAFSZTEIN, C. F. Vulnerability and response measures to natural hazards and sea level rise impacts: long-term coastal zone management, NE of the state of Par, Brazil. ZMT Contributions 17. Center for Marine Tropical Ecology (ZMT). Bremen, Germany. 192 p. 2003.
TOMLINSON, P. B. The Botany of Mangroves. Cambridge: Cambridge University Press. 419 p, 1986.
VASCONCELOS, E. M. S.; VASCONCELOS, J. A. & IVO, C. T. C. Estudo sobre a biologia do caranguejo-u Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), capturado no esturio do Rio Curimatau (Canguaretama) no Estado do Rio Grande do Norte. Boletim Tcnico-Cientfico do CEPENE, v. 7, n. 1, p. 85-116, 1999.
WALSH, G. E. Mangrove forests: a review. In: R.J. REINOLD & W.H. QUEEN (Eds.). Ecology of Halophytes. Academic Press. New York, 1974.
68
WARREN, J. H. The use of open burrows to estimate abundance of intertidal estuarine crabs. Australian Journal of Ecology, v.15, p.277-280, 1990.
WOLCOTT, T. G. Ecology. In: Burggren, W. W. & B. R. McMahon, eds. Biology of the Land Crabs. Cambridge University Press, USA, p. 55 96, 1988.
WUNDERLICH, A. C.; RODRIGUES, A. M. T.; LIN, C. F. & PINHEIRO, M. A. A.. Etograma da andada de Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (BRACHYURA, OCYPODIDAE) na Baa da Babitonga, SC. In: Livro de resumos do II Congresso Brasileiro sobre Crustceos / Ed. Fernando Luis Mantelatto. So Pedro: Sociedade Brasileira de Carcinologia, p. 237, 2002.
69
CAPTULO 2
ATRIBUTOS ESTRUTURAIS DAS FLORESTAS DE MANGUE DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA ME GRANDE DE CURU,
CURU-PA
70
RESUMO
O presente trabalho visa contribuir para o melhor conhecimento dos
manguezais da costa paraense, enfatizando a composio e distribuio
espacial dos mangues nos limites da Reserva Extrativista Marinha Me
Grande de Curu, Curu-PA. O trabalho de campo investigou cinco stios de
trabalho de forma a cobrir a maior parte da RESEX. As espcies de mangue
foram identificadas e seus atributos estruturais mensurados. Os resultados
apontam a ocorrncia de trs espcies tpicas: Rhizophora mangle, Avicennia
germinans e Laguncularia racemosa. R. mangle foi a espcie mais abundante e
dominou a paisagem da RESEX. Nos stios localizados nas ilhas (3, 4 e 5) foi
registrada a presena de indivduos de diferentes portes, indicando um
processo constante de renovao dos bosques, enquanto nos stios 1 e 2 a alta
densidade de indivduos de portes menores sugere a presena de bosques
jovens ou em regenerao. Todos os stios apresentaram rvores mortas,
evidenciando um processo de mortalidade natural associada competio
interindividual. Contudo, somente o Stio 1 apresentou indivduos mortos por
ao antrpica, o que explica o alto ndice de indivduos jovens, ou seja, o seu
processo de regenerao acentuada, resultado da sua localizao prximo s
vilas e assentamentos humanos.
Palavras-chave: Manguezal, estrutura de bosque, Curu.
71
INTRODUO
O manguezal apresenta grande variao dos fatores ambientais e
reduzida diversidade florstica, com espcies herbceas e arbreas adaptadas
morfofisiologicamente a sobreviver em guas salobras e substratos
inconsolidados, com baixa concentrao de oxignio (NAIDOO 1985;
TOMLINSON 1986). As relaes trficas entre as florestas de mangue e os
ecossistemas marinhos podem ser caracterizadas pela biomassa e
produtividade dos manguezais, apresentando ambos relaes estreitas com a
estrutura das florestas de mangue (FROMARD et al. 1999).
A estrutura dos bosques de mangue refere-se composio das
espcies e s principais caractersticas dos espcimes, como: altura, dimetro,
rea basal, densidade, etc., alm da distribuio desses componentes na
paisagem vegetacional (SMITH III 1992), refletindo as caractersticas e hbitos
de crescimento das espcies vegetais (CINTRN-MOLERO & SCHAEFFER-
NOVELLI 1985).
A estrutura da vegetao fornece idia do grau de desenvolvimento das
florestas de mangue, possibilitando a identificao e a delimitao dessa
vegetao entre diferentes paisagens (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRN-
MOLERO 1986). De fato, a caracterizao estrutural dos manguezais constitui
valiosa ferramenta no que concerne resposta desse ecossistema s
condies ambientais existentes, bem como aos processos de alterao do
72
meio, auxiliando, assim, nos estudos e aes que objetivam a conservao
desse ecossistema (SOARES 1999).
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis
(IBAMA) tem adotado uma poltica de implantao de Reservas Extrativistas
Marinhas - RESEXM (GLASER & OLIVEIRA 2004) ao longo da costa
paraense, que envolve diretamente as reas de manguezais. Aliado a essa
poltica, encontra-se a gerao de informaes sobre a estrutura e a
distribuio da vegetao dos manguezais nessas reas de reserva, o que se
torna fundamental para efetivar o processo de implantao e implementao
das mesmas.
Na costa norte brasileira poucos so os estudos que enfocam a estrutura
e a dinmica das maiores e mais desenvolvidas florestas de mangue do mundo
(DAMSIO 1980a, 1980b; SCHAEFFER-NOVELLI & CINTRN-MOLERO
1988; ALMEIDA 1996; PROST & RABELO 1996; BASTOS & LOBATO 1996;
FERNANDES 1997; MENEZES, BERGER & WORBES 2003; MENEZES,
BERGER & MEHLIG 2008). Portanto, o presente trabalho vem contribuir para o
conhecimento dos manguezais da costa paraense, enfatizando a composio e
distribuio espacial dos mangues nos limites da Reserva Extrativista Marinha
Me Grande de Curu, Curu, Par
MATERIAIS E MTODOS
REA DE ESTUDO
73
O presente trabalho foi realizado no municpio de Curu-PA, nordeste
paraense, entre as coordenadas 0030S, 0045S e 4800W, 4730W, dentro
dos limites da Reserva Extrativista Marinha Me Grande de Curu (Figura
1).
Figura 1. Mapa ilustrando os stios de trabalho na Reserva
Extrativista Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA. Stio 1
Vila de Curuper; Stio 2 Fazenda So Paulo; Stio 3 Ilha
Mutucal; Stio 4 Ilha Ipomonga e Stio 5 Ilha Mariteua.
O municpio de Curu apresenta um patrimnio natural composto por
vrias ilhas de considervel extenso e de formao recente: Ilha Mutucal, Ilha
Ipomonga, Ilha Mariteua ou Ilha dos Guars, Ilha Pacamorema, Ilha Cipoteua e
Ilha Santa Rosa. O clima do municpio fica inserido na categoria Equatorial
Amaznico, do tipo Am da classificao de Kppen. Caracteriza-se pelas
74
temperaturas elevadas, com mdia de 27C, pequena amplitude trmica, e
precipitaes abundantes que ultrapassam os 2000 mm anuais, sendo os
meses mais chuvosos de janeiro a junho, e os menos chuvosos, de julho a
dezembro (FIGUEIREDO et al. 2009).
A Reserva Extrativista Marinha Me Grande de Curu, criada em
2002, considerada uma das mais importantes Unidades de Conservao
(UC) localizadas na costa amaznica. Sua rea abrange 37.062 hectares de
esturio, povoada por 6000 pescadores e suas famlias, instaladas em
comunidades localizadas nas ilhas prximo aos furos, rios, praias e
manguezais da regio (FIGUEIREDO et al. 2009).
As Reservas Extrativistas Marinhas so UC (Unidades de Conservao)
nacionais que se inserem na classificao do Governo Federal como de uso
sustentvel cujo objetivo legal conciliar manuteno dos meios de vida da
populao tradicional que vive em sua rea conservao de recursos naturais
renovveis locais (FIGUEIREDO et al. 2009).
O trabalho de campo foi realizado em cinco stios de trabalho: Stio 1
Vila de Curuper; Stio 2 Fazenda So Paulo; Stio 3 Ilha Mutucal; Stio 4
Ilha Ipomonga e Stio 5 Ilha Mariteua, distribudos de forma a cobrir a maior
parte do esturio de Curu (Figura 1). O acesso aos stios de trabalho foi
realizado atravs de canoa ou embarcao motorizada, exceto no Stio 1, pois
o mesmo localiza-se no continente.
PROCEDIMENTO DE CAMPO
75
O trabalho de campo foi realizado durante o perodo de junho a
setembro de 2009. Em cada stio de trabalho foram abertas oito parcelas de
25x25 m, perfazendo um total de meio hectare (5000 m2), sendo medidos ao
final do trabalho 2,5 ha. Em cada parcela as rvores foram identificadas e
mensuradas. A altura total (AT) foi estimada considerando da base
extremidade superior da copa. As rvores com altura superior a 1 m tiveram a
circunferncia do tronco medida com fita mtrica, a aproximadamente 1,30 m
(circunferncia altura do peito - CAP), com posterior converso para dimetro
altura do peito (DAP), inclusive os troncos das rvores mortas.
Os indivduos registrados foram divididos em seis classes de DAP e
Altura, com o objetivo de analisar o desenvolvimento das florestas estudadas
(Tabela 1).
Tabela 1. Classes de DAP (cm) e Altura (m)
utilizadas para anlise da estrutura das
florestas de mangue em todos os stios de
trabalho na Reserva Extrativista Marinha
Me Grande de Curu, Curu-PA.
DAP (cm) ALTURA (m)
1 9,9 1 4,9
10 19,9 5 9,9
20 29,9 10 14,9
30 39,9 15 19,9
40 49,9 20 24,9
> 50 > 25
76
Os dados obtidos serviram como base para a estimativa dos seguintes
atributos estruturais: Frequncia Relativa (FR), Densidade Relativa (DeR),
Dominncia Relativa (DoR) e Valor de Importncia (VI) = FR + DeR + DoR.
ANLISE DE DADOS
Os dados brutos foram testados quanto sua normalidade atravs do
teste de Lilliefors. Os valores de cada atributo estrutural das rvores vivas e
mortas para cada espcies de mangue foram comparados entre os stios de
trabalho atravs da anlise de varincia (ANOVA - um fator). A regresso linear
foi utilizada para analisar a arquitetura dos das rvores (todas as espcies
juntas) registradas nos stios de trabalho atravs da relao entre os valores de
(DAP), altura total (AT) e densidade. Todas as anlises foram realizadas
atravs do programa BioEstat 5.0 (AYRES et al. 2007).
RESULTADOS
Nas reas de manguezal estudadas ocorreram trs espcies arbreas
tpicas de mangue: Rhizophora mangle L. (Rhizophoraceae), Avicennia
germinans (L.) Stearn (Acanthaceae) e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn f.
(Combretaceae). Nos cinco stios foram medidas 1981 rvores, sendo 1836 de
R. mangle (92,68%), 89 de L. racemosa (4,49%) e apenas 56 de A. germinans
(2,83%).
A espcie A. germinans apresentou os maiores valores de DAP em
todos os stios de estudo, seguido por R. mangle e L. racemosa. Sendo no
stio 4 registrado o maior valor de DAP (32,39 cm) para A. germinans. A altura
77
mdia geral foi mais elevada para a espcie R. mangle (13,68 m). A maior
altura das rvores de R. mangle foi registrada no stio 4 (17,80 m), sendo que
essa espcie s perde em altura para A. germinans no stio 3. L. racemosa
maior apenas que A. germinans no stio 1 (Tabela 2).
Em geral, a Frequncia Relativa (FR) das espcies botnicas em todos
os stios apresentou valores semelhantes, ou seja, R. mangle e A. germinans
foram registradas pelo menos uma vez em cada stio, porm L. racemosa s foi
registrada nos Stios 1 e 2 (Tabela 2).
R. mangle foi a espcie mais abundante em todos os stios (densidade
relativa: Stio 1 - 89,67%, Stio 2 - 98,31%, Stio 3 - 91,85%, Stio 4 92,11% e
Stio 5 97,26%), A. germinans a segunda mais abundante (densidade
relativa: Stio 1 0,23%, Stio 2 1,27%, Stio 3 8,15%, Stio 4 7,89% e
Stio 5 2,79%), e L. racemosa foi a menos freqente, presente em apenas
dois stios (densidade relativa: Stio 1 10,10% e Stio 2 0,42%), aparecendo
principalmente em reas de recolonizao (clareiras e reas com corte). R.
mangle apresentou Valor de Importncia (VI) mais elevado em todos os stios
estudados (Tabela 2).
78
Tabela 2. Dados estruturais dos bosques de manguezais dos cinco stios estudados da Reserva Extrativista
Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA. Espcie: Rh - Rhizophora mangle; Av Avicennia germinans;
Lg Laguncularia racemosa. DAP (dimetro a altura do peito) mdio; Altura mdia; FR freqncia relativa;
DeR densidade relativa; DoR dominncia relativa e VI valor de importncia.
Local DAP (cm) Altura (m) FR (%) DeR (%) DoR (%) VI
Rh Av Lg Rh Av Lg Rh Av Lg Rh Av Lg Rh Av Lg Rh Av Lg
Stio 1 7,08 8,96 6,47 12,30 9,50 10,20 33,33 33,33 33,33 89,67 0,23 10,10 82,11 0,22 17,66 205,11 33,79 61,10
Stio 2 13,43 20,64 11,94 17,00 14,00 12,00 33,33 33,33 33,33 98,31 1,27 0,42 97,71 2,07 0,23 229,35 36,67 33,98
Stio 3 10,15 13,36 - 6,20 7,50 - 50,00 50,00 - 91,85 8,15 - 84,69 15,31 - 226,55 73,45 -
Stio 4 19,14 32,39 - 17,80 14,90 - 50,00 50,00 - 92,11 7,89 - 71,14 28,86 - 312,25 86,75 -
Stio 5 17,28 25,46 - 15,10 10,40 - 50,00 50,00 - 97,26 2,74 - 89,73 10,27 - 236,99 63,01 -
Mdia geral 13,41 20,16 9,20 13,68 11,26 11,10 - - - - - - - - - 242,05 58,73 47,54
42
79
Analisando a distribuio das classes de altura no Stio 1, R. mangle e A.
germinans concentram maior quantidade de indivduos na classe de at 19,9 m, ao
passo que L. racemosa apresenta rvores de altura mais elevada. Nos stios 2 e 4
os indivduos de R. mangle esto distribudos de forma mais equilibrada em todas as
classes. No entanto, ocorrem poucos indivduos nas classes de altura inferiores e
uma leve tendncia para a presena de indivduos mais altos. O stio 3 dominado
por rvores baixas de at 9,9 m, enquanto no stio 5 a espcie R. mangle est
presente em todas as classes, muito embora os indivduos tenham se concentrado
nas classes intermedirias. A. germinans apresenta uma distribuio de altura mais
uniforme, embora no tenham sido registrados indivduos na ltima classe (> 25)
(Figura 2).
Considerando as classes de DAP, os indivduos de R. mangle e L. racemosa
esto distribudos nas classes de dimetro menores em todos os stios estudados,
isto , entre 1 e 19,9 cm. A. germinans apresenta indivduos de elevado dimetro
nos stios 3, 4 e 5. Mas, em geral, as classes de dimetro com indivduos at 29,9
cm so as que predominam em todos os stios (Figura 3).
80
Figura 2. Distribuio das classes de altura (m) das rvores em todos os stios
estudados na Reserva Extrativista Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA.
%
81
Figura 3. Distribuio das classes de DAP (cm) das rvores de mangue em todos os
stios estudados na Reserva Extrativista Marinha Me Grande de Curu, Curu-
PA.
%
82
A anlise de regresso entre os valores mdios de altura e DAP para os cinco
stios de trabalho mostra uma correlao positiva e significativa entre essas duas
variveis (R2=0,74; F=8,96; gl=4; p0,05). Esse mesmo
resultado fio encontrado na regresso entre altura e densidade (R2=0,57; F=3,77;
gl=4; p>0,05) .
Figura 4. Regresso linear entre a altura e o DAP das
rvores registradas nos cinco stios de trabalho
estudados na Reserva Extrativista Marinha Me
Grande de Curu, Curu-PA.
83
Dentre os cinco stios de trabalho, o Stio 1 apresentou mais rvores mortas
por ao antrpica, isto , por corte, ao passo que o Stio 3 apresentou o maior
nmero por ao no-antrpica (Figura 5). Das rvores mortas registradas em todos
os stios, somente o Stio 1 apresentou rvores mortas por ao antrpica. As
rvores cortadas desse stio pertencem s espcies R. mangle e L. racemosa que
apresentaram percentual de corte similares. No entanto, a maioria das rvores
cortadas da espcie R. mangle pertencem a menor classe de dimetro (1 9,9 cm)
e as rvores de L. racemosa cortadas foram as que apresentaram o maior DAP
(classe de dimetro 10 -19,9 cm) (Figura 6).
A Figura 7 estabelece a relao entre o nmero de indivduos mortos por
ao no antrpica e as classes de dimetro para cada stio. Os stios 3 e 5
apresentaram os maiores dimetros (39,9 cm), nos demais stios o dimetro mximo
foi de 29,9 cm.
84
Figura 5. Distribuio do nmero de rvores mortas por ao
antrpica e no-antrpica nos cinco stios de trabalho, na Reserva
Extrativista Marinha Me Grande de Curu, Curu-PA.
Figura 6. Percentual de rvores mortas por ao antrpica nas classes
de DAP (cm) do Stio 1, na Reserva Extrativista Marinha Me Grande
de Curu, Curu-PA.
85
Figura 7. Distribuio das classes de
DAP (cm) das rvores mortas por ao
no-antrpica nos cinco stios de
trabalho, na Reserva Extrativista
Marinha Me Grande de Curu,
Curu-PA.
DISCUSSO
86
As florestas de mangue estudadas na RESEX Marinha Me Grande de
Curu, Curu-PA apresentam em sua composio florstica as espcies R.
mangle, A. germinans e L. racemosa, que so as mesmas registradas em outros
estudos sobre os manguezais ao longo da costa nordeste do Par: em Curu
(FERREIRA et al. 1992; ALMEIDA 1996), na praia do Crispim, em Marud e Ilha de
Algodoal, em Maracan (BASTOS & LOBATO 1996), na pennsula de Ajuruteua, em
Bragana (MENEZES, BERGER & WORBES 2003; MATNI, MENEZES & MEHLIG
2006; SEIXAS et al. 2006; ABREU et al. 2006), na Ilha de Canela (AMARAL et al.
2001) e em Marapanim (COSTA-NETO, SENNA & LOBATO 2000). No presente
trabalho no foi registrada a presena de Avicennia schaueriana Stapf and
Leechman ex Moldenke nos manguezais de Curu.
A anlise dos atributos estruturais mostrou que R. mangle a espcie mais
dominante nos manguezais de Curu, corroborando a reviso realizada por
Menezes, Berger & Mehlig (2008) sobre os atributos estruturais dos manguezais da
Amaznia brasileira. A. germinans e L. racemosa aparecem como a segunda e
terceira espcies com ocorrncia em todos os stios estudados, respectivamente,
porm com valores de Vl muito baixos quando comparados aos de R. mangle.
A distribuio das espcies de mangue est relacionada a diferentes fatores
abiticos. No presente estudo de caso, R. mangle desenvolve-se ao longo de toda a
regio da reserva, sendo A. germinans mais ocorrente nos sitos 3 e 4. Isto implica
que, a distribuio, principalmente, de R. mangle no est associada aos diferentes
fatores abiticos (salinidade, inundao, etc.). J A. germinans parece estar quase
restrita a dois stios, sendo os indivduos registrados quase todos adultos. Este fato
pode estar indicando que, ao longo da reserva, esta espcie pode estar em
processo de substituio por R. mangle. A paisagem local no registra a presena
87
de bosques dominados por A. germinans, o que corrobora com o fato de que essa
espcie no est se expandindo na regio. L. racemosa, por sua vez, foi apenas
registrada nos stios 1 e 2. Os registros de indivduos dessa espcie foram
realizados em clareiras e nas bordas dos canais-de-mar, o que confirma a
tendncia dessa espcie ser helifila e mais pioneira do que as outras duas na
colonizao de reas abertas (ELLISON & FARNSWORTH 1993). L. racemosa
tambm citada colonizando bancos de lama na Guiana Francesa (FORMARD et
al. 1998) e reas degradadas no Estado do Maranho (REBELO-MOCHEL et al.
2001). Em geral, a variao estrutural nas florestas de mangue e a dominncia de
cada espcie arbrea nesse ecossistema esto relacionadas tanto s caractersticas
ambientais regionais quanto aos fatores de carter local (SCHAEFFER-NOVELLI et
al. 1990). Dentre esses fatores podem ser citados a frequncia de inundao
(MENEZES, BERGER & WORBES 2003), o aporte de nutriente (FELLER et al.
2003) e a salinidade (JIMENEZ 1991; SANTOS, ZIEMAN & COHEN 1997; REISE
2003).
Os dados de altura e dimetro mostram que os stios estudados no presente
trabalho apresentam rvores de mangue de grande porte. Pois, segundo Matni,
Menezes & Mehlig (2006), enquanto as rvores crescem em dimetro, a altura
eleva-se at assumirem o ponto em que as rvores cessam o crescimento em altura
atingindo a idade madura, enquanto o dimetro apresenta crescimento contnuo.
Em geral, mais de 50% das rvores de mangue da RESEXM Me Grande
de Curu possuem DAP reduzido, atingindo at a segunda classe de dimetro aqui
estabelecida (10 a 19,9 cm), mostrando que os bosques possuem uma alta
densidade de indivduos de pouco dimetro. No entanto, considerando a presena
de rvores adultas, com porte superior a 25 m de altura e DAP em torno de 40 a 50
88
cm ou maior, estes registros podem indicar a presena de um bosque adulto, mas
em processo de substituio de indivduos senescentes por indivduos jovens. Da
mesma forma, a presena de indivduos mortos nas primeiras classes de dimetro,
tambm sugere que a maioria dos bosques est em processo de substituio
desses indivduos. Segundo Schaeffer-Novelli e Cintrn-Molero (1986), os bosques
passam, durante seu desenvolvimento, por uma fase em que a rea est ocupada
por uma grande densidade de rvores de dimetros reduzidos e, posteriormente, a
uma fase de maior amadurecimento, quando o domnio feito por poucas rvores
de grande porte.
A distribuio dos valores de dimetro evidencia a diferena estrutural dos
bosques. Em todos os stios de estudo somente A. germinans, nos stios 3, 4 e 5,
apresentou dimetro maior que 50 cm, evidenciando que as rvores desta espcie
so mais antigas do que aquelas de R. mangle e que esto, provavelmente, sendo
substitudas no bosque. A substituio de A. germinans parece ser um processo
natural, j que nenhum indcio de alterao antrpica foi encontrado nesses stios.
Nos stios 3, 4 e 5, localizados nas ilhas, foi registrada a presena de vrios
indivduos de todos os portes, indicando um processo de constante renovao. Os
stios 1 e 2, localizadas no continente, j apresentam maior nmero de indivduos de
menor porte, indicando que essas reas podem ser ou mais jovens ou estar em fase
de regenerao mais acentuada. O stio 1, por exemplo, alm do dimetro reduzido,
tambm apresentou a maior densidade (n=871), reforando o fato de que essa
mancha de manguezal composta predominantemente por rvores jovens. Os stios
de trabalho, pela distribuio espacial, no apresentam gradiente das variveis DAP
e altura, sendo estas variveis distribudas de forma equivalente nos stios
continentais e nas ilhas.
89
Apesar do razovel estado de conservao dos manguezais estudados,
existem reas de manguezal com manchas de corte produzidas por ao antrpica.
rvores de mangue mortas por corte foram encontradas apenas no stio 1. Este stio,
que est localizado nas proximidades da Vila de Curuper, de fcil acesso, ao
passo que para alcanar as reas de manguezal das ilhas necessrio o uso de
embarcaes. Portanto, a alta densidade de indivduos jovens nesse stio pode ser
explicada pela intensa atividade de corte das rvores de mangue para a produo
de carvo, lenha e para a confeco de currais de pesca. De acordo com os
moradores locais, essa rea , h muito, utilizada para o corte de madeira de
mangue. Moradores relatam que, depois da instalao Reserva Extrativista Marinha
Me Grande de Curu, reas de corte de manguezais so raras na regio por
causa da intensa vigilncia feita pelos prprios ribeirinhos e tambm pelos
trabalhadores da Reserva Extrativista Marinha Me Grande de Curu.
Por fim, importante ressaltar que rvores mortas por ao no-antrpica
foram r