Estrutura produtiva, preços macroeconômicos e crescimento ......Por que a estrutura produtiva...

Post on 08-Jul-2020

2 views 0 download

Transcript of Estrutura produtiva, preços macroeconômicos e crescimento ......Por que a estrutura produtiva...

Estrutura produtiva, preços macroeconômicos e crescimento econômico

Nelson Marconi

Fundação Getulio Vargas

Presidente da Associação Keynesiana Brasileira

I Escola de Estudos Keynesianos da AKB

17 de agosto de 2017

Parte I – A relevância da estrutura produtiva e os preços macro

Há muito tempo deixamos de realizar o catching up

Nelson Marconi 3

Um fator preponderante desse comportamento é a nossa estrutura produtiva, que vem regredindo

Nelson Marconi 4

Por que a estrutura produtiva importa ?

Valor adicionado per capita mais elevado é a chave do

desenvolvimento

Sofisticação produtiva (Bresser, Oreiro e Marconi, 2015)

Produtividade inter e intra setorial (McMillan e Rodrik, 2011)

Transformações produtivas e Lei de Engel (Chenery, 1986)

Nelson Marconi 5

Por que a manufatura é relevante ?

Impacto sobre o PIB agregado

Impacto sobre a produtividade

Encadeamentos produtivos

Economias de escala

Acumulação de capital (investimento)

Inovação

Nelson Marconi 6

Encadeamentos produtivos nos BRICsFonte: Marconi, Rocha e Magacho (2014), com base em dados das tabelas WIOD (World Input-Output database)

Hirschman-Rasmussen linkage indexes: 2000-2009

Backward linkages (BL) Forward linkages (FL)

BRA CHN IND RUS BRA CHN IND RUS

Agricultural commodities 0.91 0.81 0.78 0.94 1.11 0.97 0.87 0.96

Mineral commodities 1.00 0.88 0.79 0.92 1.41 1.53 1.51 0.92

Food and beverages 1.25 1.08 1.29 1.16 0.83 0.86 0.72 0.77

Textiles and footwear 1.11 1.20 1.25 1.00 0.87 0.84 0.78 0.84

Miscellaneous 1.05 1.11 1.08 1.09 1.08 1.20 0.96 1.12

Petroleum and fuels 1.23 0.95 0.91 1.06 1.22 1.38 1.33 1.37

Chemical products 1.13 1.14 1.25 1.12 1.24 1.29 1.18 1.18

Metal products (incl. Machinery) 1.10 1.15 1.21 1.13 1.09 1.12 1.19 1.14

Electric and optical 1.06 1.08 1.20 1.12 0.91 0.80 0.89 1.16

Transport equipment 1.19 1.22 1.30 1.04 0.78 0.92 0.90 0.97

Utilities 0.94 1.00 1.16 1.08 1.30 1.47 1.52 1.45

Construction 0.97 1.19 1.11 1.02 0.68 0.45 0.72 0.64

Sales 0.79 0.83 0.70 0.83 1.08 0.96 1.11 1.01

Traditional services 0.85 0.86 0.98 0.90 0.91 0.94 0.93 0.97

Financial services 0.85 0.74 0.78 0.83 1.06 1.22 1.33 0.83

Business services 0.88 0.94 0.84 0.89 1.10 0.99 0.83 1.17

Public admin 0.84 0.88 0.58 0.97 0.59 0.42 0.56 0.83

Health and education 0.85 0.91 0.77 0.89 0.75 0.61 0.66 0.67

Nelson Marconi 7

Relação entre taxa de crescimento da renda per capita e participação da manufatura no VA

Nelson Marconi 8

Por que as exportações de manufaturados são relevantes?

Importante componente autônomo da demanda agregada

Geração de externalidades através da difusão de conhecimento e tecnologia (dada a necessidade de adaptação aos padrões internacionais de produção)

Relaxamento das restrições de balanço de pagamentos

Círculo virtuoso de crescimento que proporciona aos países em desenvolvimento realizarem o catching up

Nelson Marconi 9

Relação entre participação da manufatura no VA e taxa de crescimento das exportações

Nelson Marconi 10

Relação entre taxa de crescimento da renda per capita e taxa de crescimento das exportações

Nelson Marconi 11

A participação dos manufaturados nas exportações totais é maior nos países ricos

Nelson Marconi 12

No período em que o Brasil mais cresceu, a participação dos manufaturados nas exportações evoluiu substancialmente

Nelson Marconi 13

E os serviços?Quais são os argumentos que explicam a crescente participação dos serviços na renda ?

A lei de Engel;

O crescimento mais rápido da produtividade na manufatura que nos serviços (isto é, da produtividade intra-setorial; (Rowthorn e Ramaswamy, 1999);

O deslocamento da produção da manufatura para os países asiáticos;

A terceirização para empresas prestadoras de serviços de uma parcela das atividades anteriormente realizadas diretamente pela manufatura (Evangelista et al., 2014; McKinsey e Company, 2012);

O desenvolvimento de atividades associadas e complementares à manufatura (Evangelista et al., 2014; McKinsey e Company, 2012; Lodefalk, 2010; Nordås e Kim, 2013). É a chamada servitização da manufatura

Nelson Marconi 14

Como qualificar esse redirecionamento da produção na direção dos serviços ?

Terceirização

Servitização

Regressão na estrutura produtiva devido à doença holandesa

(Bresser-Pereira, 2008 e Palma, 2005)

Nelson Marconi 15

A evolução da manufatura caminhou junto com a dos serviços, à exceção da Am. Latina

Nelson Marconi 16

Participação % (média no período) de cada região no valor adicionado mundial do setor

Manufatura Serviços Valor adicionado total

1997-1999 2010-2012 1997-1999 2010-2012 1997-1999 2010-2012

África Subsaariana 0,9 1,1 0,9 1,2 1,2 1,6

América Latina e Caribe 6,7 6,3 5,3 5,9 6,2 6,3

América do Norte 23,7 22,5 34,2 31,9 30,8 27,9

Europa e Ásia Central 35,1 32,0 36,2 34,2 35,1 32,0

Oriente Médio e Norte da África 1,7 2,6 1,9 2,8 3,0 4,0

Leste Asiático e Pacífico 29,9 33,1 20,2 21,7 21,9 25,1

Sul da Ásia 1,6 3,0 1,3 2,5 1,2 1,6

Fonte: World Development Indicators, com cálculos do autor, a partir de dados a preços constantes em dólares de 2005.

Quem são os serviços modernos e tradicionais ?

O grupo de serviços modernos incluiu, nessa amostra, intermediação financeira e seguros, atividades profissionais, científicas, técnicas, administrativas e de suporte, a informação e comunicação (obs: serv. financ. estão incluídos apenas na tabela que apresenta os maiores salários).

O grupo de serviços tradicionais incluiu alimentação, acomodação, atividades artísticas e recreativas, serviços pessoais e domésticos, comércio, transporte e armazenamento.

Não foi possível separar as atividades administrativas e de suporte das profissionais, científicas e técnicas.

Nelson Marconi 17

Nos países desenvolvidos, a participação da manufatura e serviços modernos é maior

Nelson Marconi 18

Participação dos setores manufatureiro e de serviços modernos no valor adicionado

Média no período, por grupos de países Fonte: Unctad, com cálculos do autor

1996-1998* 2006-2008

Exp. manufaturados em desenvolvimento 43% 45%

Exp. manufaturados desenvolvidos 44% 46%

Exp. petróleo 24% 26%

Exp. primários (não petróleo) 31% 31%

Exp. com pauta mista 35% 37%

Fonte: Unctad, com cálculos do autor. *Para os exportadores de petróleo, corresponde à média entre 2001 e 2003.

A manufatura e os serviços modernos são importantes para a sofisticação produtiva, pois estão entre os que pagam melhores salários

Nelson Marconi 19

Numero de países em que o salário médio do setor, no período 2000-2012,

foi classificado entre os quatro maiores salários, em uma amostra de 31 países

Agricultura 0

Indústria extrativa e utilidades públicas 31

Manufatura 22

Construção 6

Serviços tradicionais 1

Serviços modernos 30

Atividades imobiliárias 11

Adm. pública, defesa, educação, saúde e ativ. sociais 23 Fonte: Undata, com cálculos do autor.

Como se comportou o PIB per capita nos países em que manufatura e serviços modernos aumentaram a participação conjunta no valor adicionado?

Nelson Marconi 20

PIB per capita

Participação dos setores no VA (US$ constantes de 2005)

Var média 2010-2012 / média 2000-2002 * Média 2000-2012

ManufaturaServiços

modernosManuf + Serv

modServiços

tradicionais

Classificação da taxa de crescimento do

PIB pcClassificação do nível do PIB pc

Estonia -8,4 56,5 12,9 33,8 5 26

Korea 14,3 0,7 10,9 -8,7 7 21

Romania 4,9 27,7 10,7 -21,6 3 31

Lithuania 6,7 19,2 10,3 66,8 1 29

Hungary 0,4 16,2 5,9 -0,6 10 25

Poland 6,3 3,6 5,2 -1,5 6 27

Latvia 0,4 5,1 2,5 -4,0 2 30

Slovakia -8,3 23,5 1,0 0,4 4 24

Ireland -17,0 37,6 0,6 1,2 24 4

Greece 1,0 -0,7 0,1 -5,8 30 19

Germany 1,8 -2,3 0,1 -7,4 15 12

Como se comportou o PIB per capita nos países em que manufatura e serviços modernos aumentaram sua participação conjunta no emprego?

Nelson Marconi 21

PIB per capita

Participação dos setores no emprego (US$ constantes de 2005)

Var média 2010-2012 / média 2000-2002 * Média 2000-2012

ManufaturaServiços

modernosManuf + Serv

modServiços

tradicionais

Classificação da taxa de

crescimento do PIB pc

Classificação do nível do PIB pc

Lithuania -10,3 131,2 15,5 85,8 1 29

Estonia -11,7 89,2 7,2 43,0 5 26

Korea -6,8 27,2 4,3 -5,7 7 21

Poland -5,4 27,9 2,5 5,5 6 27

Latvia -17,3 57,9 2,4 9,8 2 30

Germany -11,1 22,1 2,2 0,1 15 12

Austria -12,3 23,6 1,3 0,3 16 7

Hungary -12,8 48,9 0,8 7,4 10 25

Belgium -24,1 25,1 0,6 -7,5 22 10

O que provocou esse cenário?

O desequilíbrio macroeconômico, representado pelo nível observado em relação aos seus cinco principais preços, explica bastante esse quadro

A margem de lucro no setor produtor de primários é maior que na indústria e portanto, suporta mais os desalinhamentos dos preços macroeconômicos

Nelson Marconi 22

Como se comportaram os preços macroeconômicos?1. Margem de lucro na indústria extrativa mineral e de transformação - mensurada pela relação entre o resultado de produção e vendas e a receita líquida de vendas (em %)

Nelson Marconi 23

Relative PPI and productivity between farming and manufacturing (1950 = 100)Primary source: IBRE/FGV and National accounts

24

Como se comportaram os preços macroeconômicos?2. Taxa real de câmbio entre as moedas brasileira e americana – em reais a preços de janeiro de 2017

Nelson Marconi 25

Como se comportaram os preços macroeconômicos?3. Evolução do salário médio real, produtividade do trabalho e do capital – índice 2004 = 100

Nelson Marconi 26

A relação entre taxa real de câmbio e quantum de manufaturados é defasada porém muito relevante

27

Como se comportaram os preços macroeconômicos?4. Taxa real de juros acumulada em 12 meses (deflator: IPC-FGV)

Nelson Marconi 28

Como se comportaram os preços macroeconômicos?5. Preços dos produtos comercializáveis, não comercializáveis e monitorados (no IPCA) - Var % acumulada em 12 meses

Nelson Marconi 29

Parte II – Definição da taxa de câmbio de equilíbrio industrial

Definitions

A firm will be competitive in open economies when its profitability is similar to the one obtained by their competitors in domestic and foreign markets

In order to enable the participation of domestic firms in the foreign market:

The profitability, calculated in local currency, of the exporters should be similar, or close, to the profitability that they would obtain for their performance in the domestic market, assuming the latter is satisfactory.

And this profitability has also to equalize the one obtained by their competitors in foreign trade in order to keep the competitiveness of domestic firms in the global market.

31

Definitions

The variable that would enable this equalization between the profitability of the exporters in domestic and foreign markets is the exchange rate

The profit margin is essential to understand the concept of equilibrium exchange rate

The current account equilibrium exchange rate is defined as the one that ensures a satisfactory profitability for such a number of companies engaged in foreign trade which generate such a volume of exports and imports that results in a current account equilibrium

There is a single equilibrium exchange rate, that is the current equilibrium, for an economy that is not suffering from Dutch disease process

32

Definitions

But, if an economy suffers a Dutch disease process, that is, it has relevant comparative advantages in the production of primary commodities and derivatives, companies operating in these sectors have a lower production cost or face higher prices in foreign markets.

They have a higher profit margin, and a more appreciated exchange rate (compared to the necessary in the scenario without Dutch disease) will be sufficient to ensure profitability.

As the foreign trade operations of these companies have virtually guarantees the achievement of equilibrium in the current account, the value of the exchange rate necessary to ensure such equilibrium will also be lower than in the case of absence of natural and relevant comparative advantages.

33

Definitions

However, a number of other companies that do not face the same comparative advantages will not reach the same profit margin.

They require a higher exchange rate to remain competitive in foreign or domestic markets,

Because in this scenario these companies lose access to the demand in the market they could compete, both foreign or domestic (in the latter case due to cheap imports).

In an economy suffering from the Dutch disease, such companies are those that produce manufacturing goods.

34

Example

35

Producer of Producer of

primary goods manufaturing goods

Price in US$ 100 100

Average cost in reais 40 80

Exchange rate (R$/US$) 1 1

Average revenue in R$ 100 100

Profit margin 60 20

supposing an appretiation:

Exchange rate (R$/US$) 0,7 0,7

Average revenue in R$ 70 70

Profit margin 30 -10

Definitions

In a Dutch Disease framework, the exchange rate that manufacturing industries need to be competitive is different, higher than enough to ensure equilibrium in the current account; we call that rate as the "industrial equilibrium".

The industrial equilibrium exchange rate is defined as the one enabling producers of manufactured goods close to the production frontier (or in the “state-of-art”) to be competitive in relation to foreign firms (in foreign or domestic markets).

36

Definitions

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate?

Remember that the definition of profit margin is essential to understand the concept of equilibrium exchange rate!

Our discussion is based on the assumption that competitiveness requires profit margins equalization

So the methodology of calculation for industrial equilibrium exchange rate is based on this assumption

37

What is the profit margin ?

In closed economies,

P = price or marginal revenue

M = profit per unit

Cavg = average cost

µ = profit margin (0 < µ < 1)

38

In closed economies,

39

In open economies,

40

In open economies,

41

In open economies,

42

In open economies,

43

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

44

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

45

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

The industrial equilibrium is an effective exchange rate between the currency of the country where exporter “A” produces and the currencies of countries in which competitors on the global market (B) produce

Step 1

✓ Thus, it is necessary to calculate the unit labor costs of Brazil and its major trading partners, defined as those with the largest trade flows towards our country.

Step 2

✓ Then we calculate unit labor costs in local currency for these countries, and perform the weighted average of their unit costs, which becomes indicative of the unit labor costs of the main partners of Brazilian trade flow and should be compared directly to the unit labor cost in Brazil.

✓ IEER is calculated as the ratio between unit labor cost in Brazil and unit labor costs of its trading partners.

46

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

Step 3

✓ So the increase in this ratio means that unit labor costs in Brazil increased more than the average of its competitors, indicating loss of competitiveness. A higher (more devaluated) exchange rate will be necessary to recover competitiveness of Brazilian manufacturing. The same reasoning applies otherwise. This measure of this relative competitiveness is the IEER.

✓ IEER is a index of a real effective exchange rate based on the ratio between unit labor costs in Brazil and unit labor costs in main trading Brazilian partners (regarding trade in manufactured goods).

47

Index of real industrial equilibrium exchange rate (IEER)and real effective exchange rate (REER)2005 = 100 – moving average in 12 monthsSource: IBGE, WDI, FMI and statistical government organizationsCalculated by Center for Studies on New Developmentalism

48

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

But this is a index !

We need to calculate a value of the current exchange rate that corresponds to this industrial equilibrium index

Step 4

✓ Find a base year

✓ It should be an year in which the observed real exchange rate is at the level of industrial equilibrium exchange rate

✓ Since the level of industrial equilibrium exchange rate is by definition more depreciated than the level of the current account equilibrium exchange rate, the country with Dutch disease should have a current account surplus in that year basis.

✓ Given that Dutch disease in the Brazilian economy is not severe but moderate, that surplus should be small.

✓ Thus it was chosen the year 2005, in which the exchange rate was around the industrial balance, since the current account balance presented a slightly surplus.

49

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

Step 5

✓ Once the effective industrial equilibrium exchange rate index (IEER) is calculated and year basis is found, it is necessary to calculate a value of the current nominal exchange rate R$/US$ that corresponds to that level of IEER

50

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

51

How to calculate the industrial equilibrium exchange rate ?

52

Necessary nominal billateral exchange rate (R$/US$)to return to the real industrial equilibrium exchange rate of 2005Source: IBGE, WDI, FMI and statistical government organizationsCalculus: Center for New Developmentalism

53