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Fisioterapia Aquática Funcional – Juliana Borges da Silva e Fábio Rodrigues Branco / AACD
Fisioterapia Aquática Funcional na Paralisia
Cerebral
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Estudo de Caso
O caso clínico a seguir apresentado foi desenvolvido no período de 4
meses, setembro a dezembro de 2009, e teve como paciente uma
menina com diagnóstico de paralisia cerebral. O objetivo deste estudo é
demonstrar a evolução da paciente ao utilizar-se a fisioterapia aquática
como intervenção. Para isso foi realizado um estudo com a inserção do
processo de reabilitação, tendo sido incluídas a avaliação inicial, a
conduta durante os atendimentos e a reavaliação final.
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Paralisia Cerebral
A paralisia cerebral (PC) descreve um grupo de desordens
do desenvolvimento do movimento e postura, causando limitação da
atividade, que são atribuídos a distúrbios não-progressivos que ocorrem
no cérebro fetal ou infantil. As desordens motoras na PC podem
frequentemente estar acompanhadas por distúrbios sensoriais, cognição,
comunicação, percepção, comportamentais, desordens epiléticas e
distúrbios musculoesqueléticos secundários.1
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Caso Clínico
Paciente: BKA
Data de nascimento: 13/04/2007
Idade: 2 anos e 3 meses
Diagnóstico: paralisia cerebral
Tipo: diparesia espástica com
predomínio à esquerda
GMFCS: III
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História Pregressa
Pré-Natal
O exame foi iniciado no 1º mês de gestação, a partir do 5º mês
tendo iniciado os movimentos fetais. Durante o período gestacional não
houve nenhuma complicação.
Parto
Foi realizado o procedimento de parto eutócico com 30 semanas
gestacionais, apresentando bolsa rota e circular de cordão.
Criança com apresentação transversa.
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História Pregressa
Dados do nascimento
Peso: 1266 g
Apgar 1min: 6 / 5 min: 7
Criança não chorou
Encaminhada para UTI neonatal com suporte de O2
Recebeu surfactante
Permaneceu internada por 60 dias
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Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS)
Nível III
Entre 2 e 4 anos: senta-se no chão em “W” e pode necessitar de
assistência para passar para sentado. Arrasta-se em prono ou engatinha
sem reciprocação, sendo essa sua maneira primária de locomoção. Pode
puxar-se para ficar em pé, apoiando-se em superfície estável. Pode
andar pequenas distâncias dentro de casa com apoio ou assistência de
um adulto para mudar de direção.2
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Passagem de decúbito supino para sentado com auxílio de terceiros
A paciente inicia a transferência em tronco superior de forma independente, porém não consegue finalizá-la. Com auxílio da terapeuta, distalmente em MS, a criança finaliza essa transferência apoiando o MS contralateral no tablado. Apresenta ativação de musculatura abdominal durante toda a passagem.
Foi observado que a criança permanece com adução de MMII, sendo que a espasticidade adutora se intensifica com esforço da mesma.
Na postura sentada, ela apresenta bom controle cervical e controle de tronco regular. Permanece sentada com apoio de MMSS no tablado, liberando 1 MS do apoio por curto período.
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Passagem de decúbito supino para sentado com auxílio de terceiros
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Rolar supino para prono
A paciente realiza essa passagem de forma independente em bloco
(sem dissociação de cinturas), apresentando forte espasticidade
extensora em MMII.
Finaliza essa transferência em prono com apoio de antebraços,
sendo observada boa extensão de cervical e tronco superior.
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Rolar supino para prono
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Rolar de prono para supino
A paciente inicia o rolar sem controle da velocidade do movimento,
“caindo” em decúbito lateral.
Quando em decúbito lateral, inicia o movimento em tronco superior,
dissociando as cinturas escapular e pélvica. Mantém forte padrão adutor
de MMII.
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Rolar de prono para supino
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Arrastar
A paciente realiza o arrastar de forma independente, sendo essa sua
forma de deslocamento domiciliar.
Foi observado que a paciente utiliza preferencialmente o hemicorpo
direito durante o deslocamento.
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Arrastar de forma independente sem reciprocação
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Manutenção da postura de gato
A criança não atinge essa postura de forma independente, porém,
quando posicionada nessa postura, permanece com boa extensão
cervical, escápulas aladas, cotovelos levemente flexionados e tronco
alinhado.
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Manutenção da postura de gato
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Tentativa de deslocamento na postura de gato
Foi observada a movimentação voluntária de MMII, porém a paciente
não se desloca nessa postura.
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Avaliação Inicial (Setembro de 2009)
Tentativa de deslocamento na postura de gato
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Objetivo Funcional de Curto Prazo
• Deslocamento em gato
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Objetivos Específicos
• Dissociação de cinturas
• Transferência de peso em MMSS
• Reciprocação de MMII
• Ganho de força muscular em tronco
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Justificativa
Apesar de o engatinhar não ser considerado condição indispensável
para a aquisição da marcha, por se tratar de um ato biomecânico com
ajustes posturais diferentes3, ele foi elegido como objetivo funcional, pois
o deslocamento em gato para a faixa etária de 2 a 4 anos, segundo o
GMFCS2, é considerado a maneira primária de locomoção dessas
crianças.
Moraes e colaboradores4 classificam o engatinhar como uma forma
transitória de locomoção.
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Intervenção no Meio Líquido
• Dissociação de cinturas
• Fortalecimento de tronco
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Intervenção no Meio Líquido
• Dissociação de cinturas
• Fortalecimento de tronco
• Transferência de peso em
MMSS
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Intervenção no Meio Líquido
• Estabilização de cintura
escapular
• Fortalecimento de
extensores de tronco
• Transferência de peso em
MMSS
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Intervenção no Meio Líquido
• Estabilização de cintura
escapular
• Fortalecimento de
extensores de tronco
• Transferência de peso em
MMSS
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Intervenção no Meio Líquido
• Dissociação de cinturas
• Fortalecimento de
rotadores de tronco
• Transferência de peso em
MMSS
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Intervenção no Meio Líquido
• Reciprocação de MMII
• Transferência de peso em
MMSS
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Intervenção no Meio Líquido
• Treino do deslocamento
em gato no meio líquido
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Reavaliação (Dezembro de 2009)
Deslocamento em gato:
Após 4 meses de intervenção no meio líquido, a criança apresentou
melhora da extensão de cotovelos, melhora na estabilização de cintura
escapular, melhora da dissociação de cinturas e está conseguindo
reciprocar de MMSS e MMII.
O objetivo funcional proposto no início do estudo de caso foi
atingido, e a criança realiza o deslocamento em gato por curtas
distâncias.
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Reavaliação (Dezembro de 2009)
Antes Depois
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Reavaliação (Dezembro de 2009)
Além do objetivo funcional ter sido atingido, observou-se como
ganho secundário a melhora da agilidade durante o arrastar, sendo que a
paciente está realizando essa forma de deslocamento com o uso de
ambos MMSS de forma recíproca.
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• Arrastar
Reavaliação (Dezembro de 2009)
Antes Depois
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Referências 1. Rosenbaum P, Paneth N, Leviton A, Goldstein M, Bax M, Damiano D, et al. A report: the
definition and classification of cerebral palsy April 2006. Dev Med Child Neurol Suppl.
2007;109:8-14.
2. Palisano R, Rosenbaum P, Walter S, Russell D, Wood E, Galuppi B. Development and
reliability of a system to classify gross motor function in children with cerebral palsy. Dev Med
Child Neurol. 1997;39(4):214-23.
3. Abitbol M. Quadrupedalism and the acquisition of bipedalism in human children. Gait Posture.
1993;1(4):189-95.
4. Moraes JC, Costa LC, Alves CR, Ferreira Filho P, Tudella E, Fronio JS. Engatinhar: um
estudo da idade de seu aparecimento e de sua relacao com a aquisicao da marcha. Rev.
fisioter. Univ. Säo Paulo. 1998;5(2):111-9.