Factores de perda de biodiversidade · 9. Necessidade de compilar a informação da biodiversidade...

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Factores de perda de biodiversidadeSeca e Desertificação

Biodiversidade e desertificaçãoSeminário “Desafios para a sustentabilidade do meio rural”, Mértola 18 de Novembro de 2010

Pedro Azenha Rocha

DEPART AMENT O DE GEST ÃO DE ÁREAS CLASSIFICADAS - SULParque Natural do Vale do GuadianaDEPART AMENT O DE GEST ÃO DE ÁREAS CLASSIFICADAS - SULParque Natural do Vale do Guadiana

Alterações climáticas • aumento da temperatura média global, a

diminuição da precipitação e o aumento da frequência de ocorrência de eventos extremos

• Em Portugal, os cenários climáticos e os seus potenciais impactos foram analizadospelo Projecto SIAM – “Climate Change inPortugal: Scenarios, Impacts, and AdaptationMeasures”. Este projecto, iniciado em 1999, teve duas fases das quais resultaram dois relatórios: SIAM I (Santos et al. 2002) e SIAM II (Santos & Miranda 2006).

As alterações climáticas em Portugal

Desertificação“a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas, resultante de vários factores, incluindoas variações climáticas e as actividadeshumanas”

Seca” fenómeno que ocorre naturalmentequando a precipitação registada ésignificativamente inferior aos valoresnormais, provocando um desequilíbriohídrico que afecta negativamente ossistemas de produção dependentes dos recursos da terra”

Fonte SIAM II (Santos & Miranda 2006)

As alterações climáticas em Portugal

As previsões de variação da temperatura para a Península Ibérica compreendem um aumento da temperatura até 2100 que varia entre os 2 e os 8.5oC, de acordo com o modelo e cenário de emissões utilizado

Previsões para ofuturo

Fonte SIAM II (Santos & Miranda 2006)

Objectives of a Managementplan

Fonte SIAM II (Santos & Miranda 2006)

Previsões para ofuturo

Seca e desertificação

Alterações de práticas de gestão

Alterações nos habitats (estrutura da vegetação

Alterações na biologia das espécies

Previsões para ofuturo

Aumento dos episódios climáticos extremos, nomeadamente a ocorrência de períodos de seca

Substituição de floresta e matos temperados esclorofíticos por Matos temperados xerofíticos.

De acordo com os cenários futuros éna regiões ocupadas por montado que se esperam os impactes mais severos das alterações climáticas

Distribuição actual (esquerda) e projecção da distribuição futura (direita) para a Abetarda (Otis tarda) Huntley et al. 2007

2100Actual

Diminuição acentuada da produtividade nas culturas cerealíferas do Sul da Europa

aumento stress hídrico

Antecipação da data de corte para grãoOpção pelo desenvolvimento de culturas para feno

Maior perturbação das espécies nidificantes no solo

Alterações ao nível da estrutura dos habitats

Efeitos da Seca de 2005

Redução do nº de pontos de reprodução de anfíbios nas zonas com características meso-mediterranicas e supra-mediterranicas a Norte do rio Tejo (só as espécies com reprodução mais precoce conseguiram completar o seu desenvolvimento larvar - massas de água habitualmente com presença permanente de água este ano secaram quase completamente: Rio Sabor e Rio Tua). Inf. Armando Loureiro.

Anfíbios e répteis

A Sul do Tejo situação mais extrema. Em muitos casos não houve tentativas de reprodução pois não se formaram charcos temporários e para além disto as temperaturas extremamente baixas associadas ao tempo seco de Inverno não permitiram a actividade de adultos. Nesta região a seca impediu quase por completo a reprodução de Bufo calamita, Pelodytes punctatus, Pleurodeles waltl, Pelobatescultripes e Hyla meridionalis.

Anfíbios e répteis

A Sul do Tejo situação mais extrema. Em muitos casos não houve tentativas de reprodução pois não se formaram charcos temporários e para além disto as temperaturas extremamente baixas associadas ao tempo seco de Inverno não permitiram a actividade de adultos. Nesta região a seca impediu quase por completo a reprodução de Bufo calamita, Pelodytes punctatus, Pleurodeles waltl, Pelobatescultripes e Hyla meridionalis.

Anfíbios e répteis

Peneireiro-das-torres (Falconaumanni)

Diminuição do número de casais reprodutores da principal colónia Portuguesa de 83 a 86 casais (2004) para 59 a 62 casais (2005).

Foto: LPN

Aves Estepárias

Abetarda (Otis tarda)

Diminuição drástica do número de fêmeas com crias na ZPE de Castro Verde, de 50% (anos anteriores) para 16% (2005). Dados ISA/CEABN e ICN.

Foto: G. Serra

Aves Estepárias

Sisão (Tetrax tetrax)

Diminuição generalizada nos censos de Inverno da ZPE de Moura/Mourão/Barrancos – diminuição em 65% do efectivo (Projecto LIFE da SPEA/ICN “Conservação do Sisãono Alentejo”)

Delgado & Moreira 2010 diminuição da densidade de sisão na região de castro verde,

Associado diminuição da precipitaçãoFoto: C. Carrapato

Aves Estepárias

Ictiofauna

Com a seca de 2005, o ICNB elaborou um “Plano de Emergência para a Salvaguarda da Ictiofauna Endémica e Ameaçada da Bacia Hidrográfica do Guadiana” coordenado pela Dra. Leonor Rogado

Neste plano encontrava-se prevista a translocação de peixes de pego para pego dentro da mesma sub-bacia; e no caso da ausência de pegos potenciais iria passar-se à conservação ex-situ.

MonitorizaçãoMonitorização em estações terrestres e aquáticas de longo prazo e identificação dos indicadores bioecológicos a monitorizarMitigação dos efeitos das alterações climáticas mediante a criação de corredoresInvestigação aplicada ao efeito das alterações nas espécies.

Algumas recomendações

GestãoNecessidade da alteração das práticas convencionais para modelos de gestão que visem por um lado uma maior economia das explorações (no sentido de compensar uma menor produtividade dos sistemas agro-florestais) e o acompanhamento das alterações climáticas, com a utilização de variedades adaptadas à seca e a adopção de técnicas com vista àreposição/manutenção da fertilidade do solo

Necessidade de reforma agrícola como forma de adptação do sector agrícola às alterações climáticas

Conclusões do Workshop “Biodiversidade em Áreas Susceptíveis àDesertificação” – Castro Verde 17 de Novembro (a integrar no âmbito do Plano de Acção Nacional de Combate à Seca e Desertificação)

1. Valorizar os serviços dos ecossistemas visando o aumento da resiliência ambiental, económica e social das áreas vulneráveis à desertificação

2. Recuperar as acções de educação ambiental sobre a temática da biodiversidade e do combate à desertificação em cooperação / articulação da Comissão Nacional de Combate à Desertificação com o Ministério da Educação, Ministério do Ambiente, Autarquias, ONG, entre outras entidades.

3. Promover acções de divulgação para a sociedade em geral sobre a susceptibilidade àdesertificação que assegurem um maior reconhecimento da biodiversidade associada a meios semi-áridos e sub-húmidos secos, incluindo uma maior transferência de conhecimento entre a ciência e a sociedade

4.Promover projectos de investigação e demonstração que integrem o trinómio Biodiversidade, Desertificação e Alterações Climáticas

5.Maior articulação entre as necessidades de investigação aplicada sentidas no território pela sociedade e os financiamentos da Ciência. Para a operacionalização deverá ser factor de valorização o envolvimento de actores relevantes (agentes locais, autoridades governamentais, decisores).

6. Optimizar o conhecimento obtido com os projectos de restauro ecológico e reabilitação

7. Assegurar e promover Estações de Monitorização de Longo Prazo (LTSER/LTEM) de biodiversidade e serviços do ecossistema no contexto das alterações climáticas

8. Na sequência do ponto anterior, considerar os exemplos de demonstração operacionalizados nos Centros de Referência (Herdade dos Esquerdos, Herdade da Contenda, Centro de Experimentação do Baixo Alentejo – Vale Formoso, Abóboda e Lameirões - Herdade do Monte do Vento, Herdade do Vale Gonçalinho) que incluam a adaptação dos sistemas culturais à desertificação no contexto às alterações climáticas

9. Necessidade de compilar a informação da biodiversidade em áreas susceptíveis àdesertificação já existente. Esse conhecimento deverá ser centralizado e disponibilizado

10. Promover o empreendedorismo através da transferência de conhecimento científico para empresas

11. Basear a visão estratégica do território em modelos de apoio à decisão

12. Empowerment da sociedade

Recomenda-se que estas conclusões sejam transpostas para os instrumentos de aplicação nacional das Convenções de Combate àDesertificação e Diversidade Biológica