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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório
Rocelita Pereira Alves Gonçalves
APARECIDA DE GOIÂNIA 2010
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ROCELITA PEREIRA ALVES GONÇALVES
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório
Artigo apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da professora Ms. Fernanda Franco Rocha, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.
APARECIDA DE GOIÂNIA 2010
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FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório
Aparecida de Goiânia ___ de dezembro de 2010.
EXAMINADORES
Orientadora - Prof.(a) Ms. Fernanda Franco Rocha - Nota:___ / 70
Primeiro examinador - Prof.(a) Ms. ----- - Nota:___ / 70
Segundo examinador - Prof.(a) ----- - Nota:___ / 70
Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70
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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório
Rocelita Pereira Alves Gonçalves1
Resumo: Esse trabalho, intitulado: A formação do professor da educação infantil: um estudo introdutório, buscou-se analisar a formação do professor da educação infantil. Objetivando fazer um resgate histórico a respeito da inserção do professor da educação infantil no Brasil; analisar a LDB nº 9394/96 a respeito da garantia da formação do professor da educação infantil e estudar a formação acadêmica do professor da infância no século XX. Por isso, esse estudo optou por realizar uma pesquisa bibliográfica, utilizando os seguintes autores: Amorim (2007), Kishimoto (2005), Nascimento (2005) e também a LDB nº 9394/96. No primeiro momento, essa pesquisa se propõe a estudar o histórico da inserção do professor da educação infantil no Brasil, posteriormente abordou a formação do professor da infância no século XX, e por último teceu-se as considerações finais. Palavras-Chave: Educação Infantil. Formação. Professor.
INTRODUÇÃO
Com base em pesquisas bibliográficas este artigo, denominado “A formação
do professor da educação infantil: um estudo introdutório”, propõe-se mostrar como
acontece à aquisição da formação do professor da educação infantil no Brasil, desde
séculos anteriores até os dias atuais. O que se espera do professor é que ele trilhe
seus próprios caminhos para assim adquirir confiança em sua atuação, buscando
com insistência o reconhecimento de teorias relacionadas ao ensino, para construir
uma prática pedagógica satisfatória, apropriando-se de um conhecimento amplo
para que possa inovar suas experiências profissionais.
O professor precisa estar cercado de ferramentas para a compreensão e a
realização da comunicação que são também chaves para novos saberes. O ser
humano cumpre o seu papel de cidadão na sociedade e consegue aprender
qualquer assunto e reproduzir qualquer tipo de conhecimento. Para que transcorra
da melhor maneira possível e para que o professor da educação infantil alcance sua
realização, a prática de sala de aula acontece em um ambiente que estimule a
interação entre professor e aluno, aluno e professor.
Mais do que objeto do conhecimento, uma formação profissional eficiente e
satisfatória é o objetivo pelo qual professores, especialmente os professores de
educação infantil, se esforçam para conquistar o reconhecimento profissional. A
1 Acadêmica concluinte do Curso de Pedagogia 2010/2, sob orientação da Profª Ms. Fernanda Franco
Rocha.
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história da inserção do professor da educação infantil no Brasil passou por diversas
fases, no passado a infância não era considerada no currículo educacional, pois a
criança das famílias menos favorecidas não recebia nenhum estímulo intelectual,
quer dizer que quase não existia profissional da educação infantil para instruir as
crianças.
Mediante essa questão essa pesquisa se propõe a analisar a formação do
professor da educação infantil, objetivando resgatar historicamente a inserção do
professor da educação infantil no Brasil; analisar a LDB nº 9394/96 a respeito da
garantia da formação do professor da infância, e também estudar a formação
acadêmica do professor da infância no século XX.
Por isso, o trabalho encontra-se estruturado em dois momentos distintos,
porém interligados. Primeiro, faz-se o resgate histórico da inserção do professor da
educação infantil no Brasil. Em seguida, aborda-se a formação do professor da
infância no século XX, e por último, tece as considerações finais.
HISTÓRICO DA INSERÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL
Este estudo situa-se no campo da educação infantil e este tópico destaca
atuação do professor em relação à criança pequena, por meio de mecanismos de
flexibilização da diversidade existente, nos quais é necessário haver uma integração
de conhecimentos, uma preparação com a formação acadêmica, ética, ampliação da
qualidade e capacidade para o exercício da educação no Brasil desde tempos atrás
até os dias de hoje.
Para Oliveira (2002), a história da inserção do professor na educação infantil
passou por diversas fases. Em meados do século XVIII, surgiram, na França,
comunidades para cuidar das crianças pobres, enquanto seus pais trabalhavam, as
mulheres dessas comunidades ensinavam seus filhos a ler a bíblia e a tricotar. A
preocupação era com o cuidar, com a paciência e o afeto em relação à criança, pois
não havia profissionais capacitados para esse tipo de trabalho, então as crianças
eram zeladas por pessoas despreparadas e que só sabiam cuidar como se fossem
filhos, um modelo familiar, não havia nenhum tipo de remuneração, nem um lugar
adequado para realizar as atividades, as pessoas que cuidavam das crianças eram
voluntárias que prestavam seus serviços.
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Portanto, as crianças não recebiam estímulo que favorecesse o seu
desenvolvimento intelectual. Tinham também as “criadeiras”, mulheres que
“cuidavam” das crianças pobres em troca de dinheiro, as “fazedoras de anjos”, pela
alta mortalidade infantil em conseqüência da falta de higiene, e pela precariedade
dos locais onde essas crianças eram expostas.
De acordo com Amorim, no século XIX, com a Revolução Industrial, surgem,
então, novos mecanismos para o desenvolvimento da educação da criança e do
adolescente. Não foi algo muito rápido, mas neste momento a criança começou a
ser valorizada, já que, no passado, era tratada como um adulto em miniatura, com
tarefas a fazer e não havia nenhuma esperança de crescimento intelectual, já que
nem eram levadas em consideração.
O delineamento da história da educação infantil por pesquisadores de muitos países tem evidenciado que a concepção de infância é uma construção histórica e social, coexistindo em um mesmo momento múltiplas idéias de criança e de desenvolvimento infantil. Essas idéias, perpassadas por quadros ideológicos em debate a cada momento, constituem importante mediador das práticas educacionais com crianças até 6 anos de idade na família e fora dela.(OLIVEIRA, 2002, p.57).
Os pioneiros da educação pré-escolar como, Comênio, Rosseau, Pestalozzi,
Decroly, Froebel e Montessori, por meio de suas pesquisas, descobriram formas de
educar sem punições, eles concluíram que cada criança tinha uma necessidade
própria e diversas características que precisavam ser trabalhadas, com uma
elaboração de propostas de atividades nas escolas que fossem benéficas para seu
desenvolvimento.
Tais idéias deram um caminho a ser seguido pelas escolas e pelos
educadores de crianças pequenas. Comênio afirmava que, o aluno é a cópia do
professor, e que, com a utilização dos jogos e das brincadeiras, irá ajudar no seu
desenvolvimento. Para Rosseau, a criança é como um todo (sujeito que é capaz de
se desenvolver), a educação começa de dentro para fora, com a aprendizagem
encaixando-se em cada fase da criança.
Para Pestalozzi, os trabalhos manuais e intelectuais, em geral, são muito
valorizados na educação popular, a educação humana é baseada na natureza
espiritual e física da criança; Decroly, o trabalho com crianças não pode ser uma
simples cópia, é necessário que estimule o seu pensamento por meio de questões
que a fazem pensar; Froebel, a criança é como uma planta em fase de formação,
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que exige cuidados para que cresça saudável; Montessori, não valorizava o
tradicional, por isso foi percussora da Nova Escola e dizia que somos capazes de
educar a nós mesmos, se nos dar condições.
A apropriação das teorias desses autores pelas instituições de educação infantil envolveu um longo processo. Seus modelos pedagógicos, inicialmente voltados para atender populações socialmente desfavorecidas, gradativamente, foram sendo utilizados para orientar escolas e outras instituições que atendiam os filhos de alguns segmentos da classe média e alta em vários países. Muito contribuiu para isso a modificação dos princípios advogados para a educação fundamental, que passaram a admitir a importância da observação e da pesquisa científica do desenvolvimento infantil, além da elaboração de material educativo a ser usado livremente pelas crianças. (OLIVEIRA, 2002, p. 69).
Em 1924, educadores interessados no Movimento das Escolas Novas
fundaram a Associação Brasileira de Educação conhecida com o ABE, por Heitor
Lyra da Silva, no Rio de janeiro, sem fins lucrativos e em defesa dos Direitos da
Pessoa Humana, um órgão ligado ao Ministério da Justiça. É uma instituição que
tem por finalidade congregar educadores, professores, pessoas físicas e jurídicas
que se interessam no estudo e debate de assuntos ligados à educação e à cultura,
do processo de aprendizagem e ensino, do desenvolvimento cognitivo, da influência
de tecnologias na educação, e todos os assuntos que possam apoiar o processo de
formação de crianças e jovens.
Para garantir à criança o educar em estabelecimento adequado, a legislação
criou a Reforma do Ensino Primário e Secundário – Lei 5.692/71 “Os sistemas
velarão para que as crianças de idade inferior a sete anos recebam educação em
escolas maternais, jardins-de-infância ou instituições equivalentes”. (OLIVEIRA,
2002, p.108).
Dessa forma, a educação infantil como direito se configura em uma conquista
a partir de muitas e longas lutas na história da sociedade brasileira.
Em 1975, quando da realização do primeiro Diagnóstico Nacional da Educação Pré-escolar, feito pelo MEC, passando por 1979 - Ano Internacional da Criança-, pela Constituinte de 1988, pelo Estatuto da criança e do adolescente de 1990, até a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, trata-se da conquista de uma visão das crianças enquanto cidadãos de direitos, inclusive o direito à educação infantil. (KRAMER, 2005, p.118).
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No final dos anos 80, ocorreram algumas mudanças no atendimento das
crianças pequenas, as autoridades perceberam a necessidade de ter um profissional
para assumir a função do ensinar, assim o professor foi inserido nas creches e pré-
escolas. A Constituição Federal de 1988 (Art. 208; inciso IV) estabelece: é direito da
criança de zero a cinco anos de idade e dever do Estado o atendimento a infância.
A LDB nº 9394/96, determina no artigo 9º, respectivamente que cabe a união,
a elaboração do plano, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
municípios, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação2 para todos.
Ao ser inserido nos estabelecimentos de ensino, o professor não teve uma
preparação adequada para transmitir conhecimentos, e o que agravava muito é o
fato de que nas creches havia pessoas leigas sem formação científica, o que
prejudicou ainda mais o aprendizado das crianças. A presença da mulher era
marcante na educação infantil, haja vista que mudou pouca coisa até os dias de
hoje.
Conforme Oliveira (2002), a formação do professor é de extrema importância,
embora o mercado de trabalho esteja bastante saturado, precisa-se ainda de
profissionais qualificados e competentes. Esta formação depende muito de cada um,
o empenho faz parte dos objetivos a serem seguidos pelo profissional que gosta do
que faz e fazendo com ousadia e criatividade, que só poderá ter sucesso no
contexto dessa diversidade existente nos estabelecimentos de ensino.
Há diversas maneiras de educar em países do mundo inteiro, cada um
trabalha de maneira específica para atender as necessidades de melhoria, neste
caso, das crianças. No Brasil, o professor da educação infantil precisa de formação
profissional em nível médio e superior, como dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDB nº 9394-96, Art. 62:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
A formação e o aperfeiçoamento do profissional trarão benefícios para atuar
tanto na rede pública quanto na privada. O professor ousado e criativo pode
2 Declaração Mundial sobre Educação – Há mais de quarenta anos, as nações do mundo afirmaram
na Declaração Universal dos Direitos Humanos que “toda pessoa tem direito à educação.”
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participar dos acontecimentos que se passa na escola, assim, com essa interação,
ele poderá crescer e melhorar a cada dia, zelando pela aprendizagem e
desenvolvimento da criança que são alguns dos motivos de sua formação.
Para ter retorno, é preciso buscar uma formação completa, que não seja em
curto prazo e sim em tempo integral, de modo que consiga conciliar seus afazeres
com a profissão.
De acordo com Oliveira (2002), orientações legais aprovadas pelo Conselho
Nacional de Educação (particularmente a Resolução CNE/CP nº 2/99 e o parecer
CNE/CEB nº 1/99, que tratam da formação de professores para educação infantil e
as séries iniciais do ensino fundamental em nível médio e também a Resolução
CNE/CP nº 1/99 e o parecer CNE/CES nº 970/99, que tratam daquela formação em
nível superior) e pelos Conselhos Estaduais de Educação estabelecem condições
para a formulação de cursos de formação inicial.
O professor de educação infantil precisa de uma sólida formação básica. Não apenas no sentido da formação profissional, advinda dos cursos de magistério e pedagogia, mas naquela formação básica a que todos têm direito. São necessários conhecimentos de história, de filosofia, de antropologia que ofereçam aos professores os alicerces básicos e sólidos para que possam construir compreender e confrontar ideologias, uma vez que o mundo educacional é calçado em representações ideológicas. (CRAIDY, 2001, p.45).
O professor da educação infantil precisa se especializar e também ter
experiências do cotidiano, não só teoria, mas também prática, isto é, a formação
acadêmica juntamente com a atuação em sala de aula trarão diferentes perspectivas
na sua aprendizagem e, consequentemente, esta experiência será transmitida para
criança. O profissional deverá ter certo domínio dos conhecimentos científicos e
básicos que serão necessários para o trabalho com a criança, e isso irá implicar em
todas as áreas de sua vida. Com ética e competência, a interação com seus alunos
nos acontecimentos voltados para aprendizagem; ter controle emocional para
conduzir e resolver conflitos; confiar na sua capacidade de superar problemas que
estão, ou não, ao seu alcance, fará com que o profissional tenha segurança para
conduzir seu trabalho com seus educandos, pais e demais colegas de trabalho.
Uma boa formação adquirida pelo profissional da educação pode proporcionar
e internalizar a criança como um cidadão com direitos e deveres. É claro que
também é preciso levar em consideração a sua fase de desenvolvimento,
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respeitando estas fases, nesse sentido o professor tem um papel fundamental na
construção e na formação do caráter das crianças, pois a educação infantil é a base
que irá dar suporte para a formação contínua destes menores. Portanto, essa
primeira etapa da educação básica será o alicerce para sustentar as barreiras que
cada um terá de passar e, nesta trajetória escolar, a criança terá maior condição e
maturidade para superar as dificuldades das fases seguintes do ensino. E isso
depende muito do professor, pois ele será o mediador entre a aprendizagem e o
desenvolvimento da criança.
O profissional da educação infantil precisa ter uma visão ampla do seu papel
social na construção e na formação de pessoas críticas, ele é um instrumento que
irá conduzir e facilitar o ensinar, pois foi preparado para tal e cada um é levado a
realizar uma leitura de sua atuação, para rever onde há falhas e no que é preciso
mudar, fazendo com que os alunos sejam preparados intelectual e moralmente para
assumir sua posição e opiniões na sociedade. Dessa maneira a função social do
educador é orientar e conscientizar seus educandos sobre a diversidade cultural que
existe como também saber fazer valer os seus direitos e que essas crianças façam
parte de uma sociedade mais digna, que, no futuro, sejam cooperativos para o
crescimento do nosso país.
A profissionalização do educador infantil, todavia, não está ligada simplesmente à formação, mas ocorre também com a experiência, com a aprendizagem cotidiana, com as interações construídas com diferentes atores e que conduzem a formas de intervenção em situações específicas. Não é um caminho a ser trilhado individualmente, mas um processo grupal de aperfeiçoamento que continua por todo o período de atuação do profissional. (OLIVEIRA, 2002, p. 30).
De acordo com Palhares e Martinez (2005), o educar é uma tarefa que, está
muito em discussão, pois a criança pequena precisa de estímulos para querer
aprender e isto tem como referência a experiência concreta propiciada pelo
professor em sala de aula.
Como não poderia deixar de ser, a educação fica empobrecida, se temos
professores pouco qualificados, sem nenhuma perspectiva e nenhum estímulo para
atuar na sua profissão, bem como pais ausentes ou pouco participativos com a
aprendizagem de suas crianças, isto significa que consequências referentes a esta
falta de interesse entre as partes poderá refletir no presente e no futuro desse aluno
em relação a sua formação, então é preciso haver um diálogo entre as partes
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interessadas, um entendimento para que se chegue a uma conclusão que seja o
melhor para as crianças. Se pais e professores trabalharem em conjunto com o
objetivo de melhorar a educação essa parceria só trará benefícios para todos.
A inserção do professor na educação infantil foi e é pautada por diferentes
fases no Brasil. No passado o professor não precisava de uma formação acadêmica,
bastava completar o normal (magistério), mas hoje a necessidade e a exigência é
que tenha uma formação acadêmica especializada, graduações, cursos extras ou
formação continuada para exercer a profissão em um país com tanta desigualdade
social e profissional. A trajetória vivida por milhares de professores, com seus
anseios, com a falta de reconhecimento por parte dos governantes e não
governantes, sem estímulo, como poderá este profissional levar a diante uma função
tão poderosa que é a de formar caráter das crianças? Não sabemos até quando
teremos profissionais interessados a levar adiante este legado.
Para Nascimento (2005), o Ministério da Educação e Cultura – MEC colocou
o perfil do professor da educação infantil e séries iniciais como alvo de suas
pesquisas, sendo que a formação desse profissional deve ser completa a fim de
desenvolver competências para uma formação acadêmica eficiente no sentido de
está melhor preparado para trabalhar com a diversidade existente nas escolas bem
como saber educar em diversas áreas do conhecimento com o intuito de
aperfeiçoar em suas habilidades e competências. O educador deve dialogar com os
colegas de profissão nas trocas de experiências do cotidiano escolar; estimular a
participação da família de seus filhos na escola. Portanto, essas ações podem
propiciar inovação em seus conhecimentos de modo que satisfaça as necessidades
de seu trabalho como educador. No entanto, os professores têm muitas dificuldades
para realizar seu trabalho pedagógico por falta de suporte e apoio para aprimorar
seus conhecimentos.
Vygotsky (1984) propõe que, o desenvolvimento do sujeito ocorre a partir das
interações com o meio social em que vive, já que as formas psicológicas mais
complexas emergem da vida social. Pois o ser humano nasce em culturas
diferentes, tem uma interpretação de mundo diferente, de modo que com o convívio
criam-se hábitos resultantes da interação das diferentes maneiras de pensar e agir
desses sujeitos. Portanto, o conceito da zona de desenvolvimento proximal
transforma as informações recebidas de acordo com conhecimentos adquiridos.
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Para ensinar a turma toda, parte-se do fato de que os alunos sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe é próprio. Além do mais, é fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade de progredir dos alunos e que não desista nunca de buscar meios para ajudá-los a vencer os obstáculos escolares. (MANTOAN, 2003, p.70).
A criança se desenvolve em um processo de interação com o outro, ou seja,
com a família, com o professor e com seus colegas. Essa ralação entre esses
sujeitos tem um papel fundamental na aprendizagem dos mesmos, em especial,
desses menores. Para que, a criança construa seu próprio conhecimento, o
professor, além de mediador, deve, constantemente, incentivar e estimular seus
alunos, criando situações que exigem o envolvimento de todos. O que permite que o
professor tenha a sensibilidade de entender e respeitar as limitações e dificuldades
de cada um e por isso ele é o maior colaborador na construção e na formação do
caráter e aprendizagem da criança, como uma pessoa que irá crescer e ser um
membro da sociedade com conhecimentos para conduzir todas as fases da sua
vida.
Assim, o educador deve conhecer não só teorias sobre como cada criança reage e modifica sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também o potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada na instituição de educação infantil. Deve também refletir sobre o valor dessa experiência enquanto recurso necessário para o domínio de competências consideradas básicas para todas as crianças terem sucesso em sua inserção em uma sociedade concreta. (OLIVEIRA, 2002, p.124).
Para Pereira (2002), o pedagogo que se empenha em fazer um trabalho digno
e ético foi e sempre será importante na vida de todos, ele se prepara para exercer a
função de repassar conhecimento e isto é uma arte que vem desde os primórdios
até os dias atuais, entretanto, na atualidade, há uma maior exigência para a
capacitação profissional, cada vez mais o professor precisa se atualizar para se
inserir no mercado de trabalho que procura pessoas qualificadas para garantir uma
aprendizagem eficiente.
No passado não muito distante, a educação brasileira não dispunha de
recursos que se tem agora, como: o computador, a internet, e o acesso aos livros
para classes menos favorecidas. Mesmo assim, o método da aprendizagem
tradicional ainda é aplicado nas instituições de ensino, aquelas imposições
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detalhadas na maneira de ensinar e o método de decorar estão no cotidiano dos
alunos, já que os recursos enviados para a educação ainda são insuficientes para
atender toda a demanda neste contexto educacional. Isto é histórico.
O estudo da educação e da pedagogia é imprescindível ao conhecimento da educação atual, pois esta é um produto histórico e não invenção exclusiva do nosso tempo. A educação presente é, com efeito, fase do passado e preparação do futuro. É como um corte transversal que se fizesse no interminável envolver histórico da educação. (PEREIRA, 2002, p.18).
A preocupação com desenvolvimento nos primeiros anos escolares não é
única e exclusiva das autoridades, mas também da sociedade, das ONG’S como
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, que trabalha com os governos
nacionais e organizações locais em programas de desenvolvimento em longo prazo
nos setores da saúde, educação, nutrição, água e saneamento e também em
situações de emergência, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e
contribuir para o seu pleno desenvolvimento.
Houve uma melhoria significativa na preparação dos profissionais que atuam
na educação infantil, ainda existem grandes possibilidades para educação dar certo,
isto requer capacidade e competência de cada professor, em exercer sua função
com profissionalismo, dedicação, inovação e criatividade.
O professor de educação infantil deve buscar uma formação sólida,
embasada não somente nos conhecimentos pedagógicos, mas também em outras
áreas do conhecimento, para oferecer uma aprendizagem de qualidade e completa.
Isso faz com que os educandos construam alicerces para desenvolver suas idéias,
sejam compreendidos e aceitos em todos os lugares, sendo assim, o compromisso
do professor, com a educação e a emancipação de seus educandos, acontece de
forma integral.
A prática educativa, pelo contrário, é algo muito sério. Lidamos com gente, com crianças, adolescentes ou adultos. Participamos de sua formação. Ajudamo-los ou os prejudicamos nesta busca. Estamos intrinsecamente a eles ligados no seu processo de conhecimento. Podemos concorrer com nossa incompetência, má preparação, irresponsabilidade, para o seu fracasso. Mas podemos, também, com nossa responsabilidade, preparo científico e gosto do ensino, com nossa seriedade e testemunho de luta contra injustiças, contribuir para que os educandos vão se tornando presenças marcantes no mundo. (FREIRE, 1997, p.32).
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O professor da educação infantil deve se posicionar de modo democrático,
tratar todos com igualdade, impedir exclusão social dentro e fora da escola, ajudar a
criança a ampliar desde cedo sua relação com o saber, incentivar o domínio de
diferentes tipos de linguagens, valores culturais, padrões estéticos e éticos, para que
se torne um adulto melhor preparado, que seja crítico, e que tenha sempre vontade
de estar adquirindo conhecimento através da leitura, isso é educar.
A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PROFESSOR DA INFÂNCIA NO SÉCULO XX
O objetivo deste tópico é discorrer entre os níveis e as modalidades de
ensino, relacionando a formação do professor da infância juntamente com as
políticas educacionais existentes.
Conforme Kishimoto (2005), desde tempos atrás, vem-se discutindo a
formação do profissional da educação. O professor da educação infantil representa o
início da vida escolar da criança, por isso este profissional é capaz de perceber as
peculiaridades e separar a metodologia de acordo com a idade do aluno, para que o
educar se integre na prática pedagógica.
O professor da educação infantil precisa se aprofundar nas questões da
metodologia apropriada a crianças de zero a seis anos de idade, pois esta fase da
vida a criança é única, ela irá ter uma base para passar por outras fases, isto é, o
ensino fundamental, ensino médio, graduações e assim sucessivamente. Portanto, a
criança que tem uma educação de qualidade conseguirá se destacar futuramente,
não será aquela criança apática, sem ação, pois a primeira fase da educação, no
caso a educação infantil é o alicerce para a construção de uma autonomia, e isso
será mérito do professor, conseguir transformações por meio do conhecimento.
Kishimoto (2005) ressalta que, é preciso reconhecer que a educação infantil é
uma fase da educação, e o ensino fundamental é outra, o planejamento deve ser
diferenciado e, portanto, vê-se a importância de o professor ser melhor instruído
neste aspecto no sentido de saber diferenciar uma modalidade da outra, e que o
curso de Pedagogia construísse projetos para separar e para melhorar o
entendimento destas práticas pedagógicas.
A formação curricular do professor não permite este tipo de diferenciação,
entre educação infantil e ensino fundamental, estes desencontros evidenciam muitas
dificuldades no processo de aprendizagem do aluno. No sentido de que a
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metodologia utilizada deveria ser específica para cada fase da educação, pois
quando o acadêmico está se interagindo com conhecimento na instituição de ensino
superior não é separado uma fase da outra.
A tradição verbalista dos cursos de formação de professores coloca o aluno em formação em contato com livros, no interior da universidade ou cursos de formação, mas pouco se vai à realidade, às escolas, para observar e aprender no contexto como se processa a relação ensino/aprendizagem ou, como dizem Oliveira Formosinho e Formosinho (2001), para partilhar desse processo de formação em contexto. Perde-se a oportunidade de compreender que o projeto curricular é parte integrante do projeto educativo da escola em ação. (KISHIMOTO, 2005, p.109).
O profissional precisa ter um equilíbrio entre seus conhecimentos adquiridos
no curso de Pedagogia, e no que será resgatado através do conhecimento de
mundo, nisto poderá ocorrer alguns desencontros. O professor deve refletir na sua
formação e carreira profissional para não agir valorizando mais o senso comum ou o
cientifico, o interessante seria mediar as duas experiências e, nessa perspectiva,
estabelecer conexão entre saberes adquiridos ao longo das experiências de sua
atuação profissional.
A formação do profissional da educação é pautada pela tradição, na qual não
é permitido modernizar, avançar, sendo que, algumas matérias fazem parte de
outras, pois faz parte da história, do passado, e que vem se arrastando até aos dias
atuais. Se no curso de Pedagogia existisse um plano curricular para cada nível, para
que, cada nível fizesse melhor e com mais dedicação o que escolher, tudo ficaria
resolvido em matéria de aprendizagem.
Se a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 são marcos históricos, conceituais e simbólicos, no sentido de ver à criança como sujeito de direitos e propor a igualdade de oportunidades para uma educação de qualidade, é preciso analisar como tais significados são transformados em ações com visibilidade, para que não fiquemos a mercê de subterfúgios retóricos, com idealizações da criança e aspirações para a educação infantil. (KISHIMOTO, 2005, p.113).
A criança é um ser que tem uma boa percepção, ela aprende com o ambiente
em que convive, sendo assim, a maneira com qual o currículo tradicional é
estabelecido para esta fase da educação não é a mais apropriada, pois valorizar os
conhecimentos adquiridos dos educandos e os recursos do cotidiano como o brincar
serão conquistas benéficas para o processo de aprendizagem dos mesmos. A
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formação do professor deixa passar partes importantes para a construção da
aprendizagem, no qual o brincar é uma parte importante na prática educacional em
sala de aula.
De acordo com Kishimoto (2005), a formação do profissional da educação
tem um mesmo plano curricular para todos os níveis de ensino, portanto, o curso
para ter reconhecimento e ser eficiente precisa separar cada nível, para que não se
perca a solidez necessária para uma boa aprendizagem.
Diante de desafios e dificuldades é que se alcançará às oportunidades de
expor valores inerentes ao ser humano, com justiça, igualdade e solidariedade.
Nesse sentido, compreender qual é o papel, enquanto educadores, bem como, qual
a melhor forma de desempenhar esse papel de professor.
A formação superior não pode representar apenas um diploma, pois o saber
que se concentra através de estudos feitos após quatro anos de academia quase
não é levado em consideração por parte das instituições de ensino do nível básico,
pois são subordinados a fazer o que a instituição quer, o tradicional. Mas tudo isso é
um desafio para os professores, é esforçar-se na reflexão crítica e fazer com que a
prática do tradicional perca as forças para o novo.
O professor da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental são
malabaristas por conseguir administrar os níveis de ensino e, em cada nível, há uma
modalidade específica. Ele tem que planejar a sua aula de acordo com o nível e,
muitas das vezes, o profissional trabalha em dois turnos, um turno na educação
infantil e outro no ensino fundamental. Isso quer dizer que irá precisar planejar suas
aulas com a mesma estrutura para ambas as fases da educação. Dessa forma, a
sobrecarga de tarefas proporciona a ineficiência do planejamento e da ação, pois a
educação infantil é um nível e o ensino fundamental é outro. Pois, o professor da
educação infantil tem que atuar na educação infantil, mas o que prevalece com a
metodologia para a educação infantil hoje nas escolas é o modelo do ensino
fundamental.
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Outra razão para justificar a inadequação da natureza dos cursos de formação é a polivalência, do professor de educação infantil. Se professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental são polivalentes, monodocentes, a estrutura da formação disciplinar não tem lógica. Deve-se pensar em outra modalidade de formação que respeite a organização da área da infância, uma pedagogia da infância com novos pressupostos e formas alternativas de organização curricular. No Brasil, a pedagogia da infância, apesar de assumir a especificidade da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental, não atingiu a estrutura curricular, que permaneceu inalterada, sem dispor de supervisão e coordenação próprias em cada nível de ensino. Prevalece, a parte específica o currículo de formação profissional, o modelo do ensino fundamental, com o predomínio de organização disciplinar estruturada por conteúdos. (KISHIMOTO, 2005, p.113).
A formação do profissional da educação terá que ser continuada, pois ter
conhecimento é sinônimo de uma boa referência para um profissional de qualidade,
se aprimorando em sua área de trabalho, consequentemente, irá melhorar a prática
pedagógica. Em parceria com os profissionais da educação, os pais podem
favorecer a inserção social e escolar de seus filhos. Para que isso aconteça é
necessário que cada envolvido nessa difícil tarefa desempenhe o seu papel sem
medir esforços.
Para ser um professor é preciso saber ensinar, mas também gostar de
aprender, desse modo terá que se aprofundar e estudar mais, são atitudes que
devem fazer parte do seu cotidiano e, incansavelmente, buscar desafios para se
manter atualizado. O respeito e a ética trilham o caminho de suas ações, do cuidar e
educar. É preciso se atualizar para enfrentar o mercado de trabalho e repassar um
conhecimento de qualidade aos seus alunos.
Segundo Amorim (2007), a formação do profissional da educação no século
XX tem como finalidade se desvencilhar do modelo histórico que está arraigado na
profissão, o que causa danos na maneira de ensinar e, consequentemente, na
maneira de aprender do aluno, pois esta “dependência” nas atividades do professor
está ligada ao passado e, mesmo com tantas mudanças no cenário mundial, a
sociedade pouco se preocupou com relação à educação, apesar dos profissionais
docentes se esforçarem, esta visão de que a educação é algo sem compromisso,
lento e que não tem avaliação crítica não é verdadeira. Pode haver alguns
professores que não acreditam nessas mudanças, mas é a minoria, muitos teóricos
da educação e estudiosos trabalham para mudar esta visão deturpada da educação
no Brasil.
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Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu cumprimento enquanto ser tia é viver em uma relação de parentesco. Ser professora implica assumir uma profissão enquanto não se é tia por profissão. (FREIRE, 1997, p. 09 apud AMORIM, 2007).
O conceito de tia é um símbolo que foi criado pelas primeiras instituições de
ensino, que trouxe desde tempos remotos, quando as crianças eram cuidadas por
mulheres que não tinham nenhuma qualificação para ensinar só para cuidar, então
ficou esta denominação arcaica que se carrega até os dias atuais.
É bem verdade que a infância estava sendo descoberta nesse momento no velho mundo, resultado da transformação nas relações entre indivíduo e grupo, o que ensejava o nascimento de novas formas de efetividade e a própria “afirmação do sentimento da infância” na qual Igreja e Estado tiveram um papel fundamental. (DEL PRIORI, 2002, p.58 apud AMORIM, 2007).
Este termo tia assim carinhosamente tratado pelas crianças em relação às
professoras é histórico, essa tradição vem passando de geração a geração. Mas
este tratamento não é condizente com o contexto atual, pois a formação dos
profissionais, atualmente, tem uma visão mais aguçada do conhecimento sabe que
está maneira de tratar o professor está um tanto quanto ultrapassada, já que tia é
uma pessoa da família, e não o professor que está a serviço de ensinar. Portanto, o
termo tia é algo que está enraizado na maioria das instituições de ensino do país, o
que prejudica o reconhecimento social pelo profissional da educação, de modo que
nas outras profissões não existe o termo tia.
No primeiro tópico deste artigo, aborda-se um pouco do histórico do professor
da educação infantil no Brasil em relação ao método tradicional de ensinar como
também a propostas ultrapassadas e insuficientes para assistir as crianças de hoje.
Mas esse método ainda persiste, fazendo com que a influência sobre a sociedade
seja algo que perdure. Entretanto, é necessário entender o passado das instituições
para refletir e discutir sobre o profissionalismo do educador, sendo que a capacidade
e a habilidade de cada um foram adquiridas por meio do conhecimento.
O profissional da educação como qualquer outro precisa lutar pelos seus
direitos, conquistar seu espaço em uma profissão tão difícil e precária. Lutar significa
ter um ideal a conquistar e para o professor este ideal é ser reconhecido pelo
esforço do trabalho e do estudo que lhe é exigido ao longo de sua carreira.
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Para Amorim (2007), existem contradições em relação ao estudante que se
forma no curso de Pedagogia no sentido que este tem um propósito de se formar
para educar, de ser um bom professor, todavia, quando o profissional encontra uma
realidade diferente de muito do que se discutiu e refletiu enquanto acadêmico. Sua
realização profissional pós-curso adquire, de certo modo, uma desilusão e
desconforto no exercício da profissão.
Diante dos obstáculos do cotidiano, as boas experiências e os resultados
satisfatórios se devem ao professor que participa e se compromete com o processo
de ensino-aprendizagem. Elaborando propostas e atividades com o objetivo de
aprimorar as capacidades e habilidades de seus educandos.
A relação do passado e presente para o professor significa que pouco foi
mudado, pois a sociedade não muda em relação à educação, e faz do profissional
um enclausurado atrapalhando os seus interesses e suas necessidades de um ideal
que seja valorizado.
A recuperação do sentido de nosso ofício de mestre não passará por desprezar a função de ensinar, mas reinterpretá-la na tradição mais secular, no ofício de ensinar a ser humanos. Podemos aprender a ler, escrever sozinhos, podemos aprender geografia e a contar sozinhos, porém não aprendemos a ser humanos sem a relação e o convívio com outros humanos que tenham aprendido essa difícil tarefa. Que nos ensinem essas artes, que se proponham e planejem didaticamente essas artes. Que sejam pedagogos, mestres desse humano ofício. (ARROYO, 2002, p.54 apud AMORIM, 2007).
A atuação do profissional da educação infantil é complexa, pois exige uma
preparação para ensinar estes menores, este preparo consiste em oferecer a cada
criança ideais que os guiem como valores, ética e convívio com o outro para terem
um envolvimento com a aprendizagem. O professor precisa também ter suas
convicções e fazer valer suas idéias seu ponto de vista para que as ações
pedagógicas tenham sustentação. Com essa mudança, o desenvolvimento da
profissão tornar-se-á evidente e os projetos terão êxito. O profissional precisa
dedicar-se também à sua carreira, não deixando jamais de adquirir conhecimento,
para se atualizar e para desempenhar melhor suas funções.
De acordo com Amorim (2007), os governantes faziam com que a educação
tivesse limites, com o intuito de deixar os alunos adquirir um “conhecimento” que
fosse apenas para alienação, ou seja, submissão. Essa questão perpassa pelos dias
atuais, esta herança do passado traz conseqüências graves para o sistema
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educacional atual, não só para os alunos, mas também para os professores. E tudo
isto provém de uma política que foi e será feita por classes dominantes.
As políticas públicas mostram que, em se tratando de criança, ainda deixam
muito a desejar em relação à educação, por isso o governo impõe maneiras de
“sanar” esses problemas das classes menos favorecidas com algumas
compensações que não poderão jamais substituir a educação. Esta maneira do
governo de ver a educação e de solucionar os problemas tem apenas provocado
mais problemas para a sociedade, independentemente da classe social, como bolsa
escola, bolsa família. Se, em vez de dar estes “benefícios”, o governo repassasse
essa verba para as instituições de educação, talvez houvesse uma melhora
significativa na educação brasileira aos olhos da sociedade e, consequentemente,
dos alunos. Poderiam implantar novos programas dentro das instituições, como
jogos, cursos profissionalizantes, e outras soluções que dependem de recursos e
verbas.
Para que o Brasil se torne um país de primeiro mundo e deixe de ficar no fim
do ranking mundial das pesquisas por uma educação de baixa qualidade é
necessário investir mais e melhor para sair deste patamar de classificação.
Quando se questiona o próprio sentido da escola, sua função social e a natureza da atividade educativa (como conseqüências das transformações e das mudanças radicais tanto no panorama político e econômico como no terreno dos valores, das idéias e dos costumes que compõem a cultura, ou as culturas da comunidade social), nós docentes, aparecemos sem iniciativa, isolados ou deslocados pela avassaladora força dos fatos, pela vertiginosa sucessão de acontecimentos que tornaram obsoletos nossos conteúdos e nossas práticas. Como não podia ser de outra maneira, nós, docentes, vivemos no olho do furacão da inegável situação de crise social, econômica, política e cultural que vive nosso meio no final desse milênio. (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p.11 apud AMORIM, 2007).
O professor da educação infantil juntamente com a instituição em que
trabalha deverá criar meios para que as crianças possam interagir e socializar,
levando em consideração que nenhuma criança é igual a outra, também saber
trabalhar a diversidade existente, estabelecendo normas para fins de socialização
com valores e idéias compartilhadas por todos, como corretos e verdadeiros.
O profissional da educação irá fazer uma mediação entre criança e
conhecimento, reorganizando idéias para que a aprendizagem seja completa. A
competência exige esforço, mas é possível dominar esta função quando é
prazerosa. Portanto, comprometer-se com o bem estar e o desenvolvimento integral
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da criança tem um preço, gostar do que faz e fazer com prazer, o que trará bons
resultados.
A construção da aprendizagem para as crianças requer habilidades, pois ela
chega à instituição com um saber do senso comum e o professor é responsável por
esta transformação entre o novo e o velho. Assim a criança pode entender esse
processo por meio dos recursos próprios disponíveis, assim o professor poderá
ampliar o seu conhecimento e o da criança, com novas informações adquiridas
neste contexto.
Segundo Amorim (2007), a aprendizagem é um processo de construção de
significados, em que o professor irá buscar recursos para que a criança compreenda
o objetivo do contexto existente e se aproprie dele. O conhecimento exige uma
reorganização constante, em que a criança traz hipóteses e o professor
problematiza com a intenção de esclarecer e fazer com que ela entenda.
A reflexão do professor não poderá ser apenas como um técnico seguindo
teóricos como uma técnica de ensino, mas trazer para seu campo de trabalho novas
perspectivas, o mais próximo da sua realidade, questionando erros e acertos para
tanto chegar a uma conclusão adequada a situação educacional.
Teoria e prática andam juntas, portanto, quando o professor se apropria da
teoria é preciso também apropriar-se da prática, um exemplo: o acadêmico de
pedagogia precisa auxiliar um professor, estagiar para entender a sua profissão isto
é a relação da teoria com a prática para que a eficácia seja completa.
A educação infantil é uma fase da educação que precisa ser respeitada como
todas as outras, mas com uma significativa diferença, os estudantes são menores e
são mais dependentes da atenção do professor, porque o que esta em questão é a
formação do caráter de futuro cidadãos. Portanto, o profissional para ensinar a
criança precisa estar habilitado com graduação em curso superior. Apesar da
formação do professor e de suas graduações, o reconhecimento social e econômico
continua baixo e com condições de trabalho bastante precárias.
Para Amorim (2007), o governo começou a exigir que o professor tivesse
graduação para ensinar na educação infantil apenas no século XX. Mas a
valorização do profissional não aconteceu em século nenhum. O curso de pedagogia
ficou ridicularizado pela política existente, com aspectos do curso de que a profissão
não exige características sólidas de conhecimento, que mesmo qualquer um que só
esteja pensando em remuneração possa ensinar sem responsabilidade que a
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profissão requer, e isto desvaloriza a classe de profissionais, pois deveria haver
normas para combater esta traição, sendo assim a classe ficaria unida, e teria uma
visão melhor dos professores perante a sociedade e consequentemente da
educação.
Valorizar o profissional da educação é um serviço a ser feito por todos que
estão ligados à educação e pela sociedade. Pois estudar ano após ano em uma
faculdade para ser desvalorizado é uma injustiça sem tamanho, o compromisso que
o professor tem com os alunos e com a sociedade é algo sólido para a construção
de saberes, então é preciso procurar valorizar os avanços e as conquistas destes
bravos e incansáveis mestres.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foram apresentados estudos bibliográficos realizados desde
século XVIII até os dias atuais. Foi abordado neste contexto observando-se as
grandes e diferentes fases em que passou a educação e, consequentemente, a
formação do professor da educação infantil.
Pode-se perceber a evolução histórica da educação a partir do
assistencialismo, no início era arraigado o preconceito, pois achavam que só as
mulheres que não tinham nenhum tipo de preparo poderiam ensinar as crianças e
com isso a educação era prejudicada, mas com passar dos anos esta concepção foi
mudando. Na atualidade, é preciso que o professor seja formado e que tenha
graduações para exercer o ofício de educar.
No que tange a educação, pode-se afirmar que, apesar de certas conquistas,
principalmente com a aprovação da LDB nº 9394/96, não foram resolvidos
problemas existentes que, historicamente, se arrastam com o passar dos anos, tais
como: falta de verbas e recursos para as escolas, professores despreparados e com
isso, consequentemente, atrasos em todas as áreas da educação são evidentes. A
desvalorização do professor de educação infantil perpassa as esferas: institucional,
social e salarial demonstrando o histórico de descaso com a formação do professor.
Observa-se então, que a formação do professor ainda é complexa e a
educação também, por tantos problemas existenciais. Diante das políticas públicas
atuais que contemplam a formação dos docentes para esse nível de ensino,
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constatou-se que existem distorções entre o que se propõe, e o que realmente se
efetiva na prática.
Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para a investigação de futuros
acadêmicos, que tenham como foco a formação do professor da educação infantil.
Abstract: This article, titled: Teacher education in early childhood education: an introductory study, we attempted to analyze the formation of teacher education. Aiming to make a historical review regarding the inclusion of early childhood education teacher in Brazil, analyzing the LDB nº 9394/96 concerning the assurance of teacher training in early childhood education, and the academic study of teacher's childhood in the twentieth century. Therefore, this study chose to conduct a literature search using the following authors: Amorim (2007), Kishimoto (2005), Nascimento (2005) and also the LDB No 9394/96. At first, this research aims to examine the history of the introduction of early childhood education teacher in Brazil, later addressed the education of teachers of children in the twentieth century, and finally made up the final remarks. Keywords: Early Childhood Education. Training. Teacher.
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