Post on 25-Jul-2016
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GIUSEPPEFALSTAFF
VERDI
FALSTAFFÓpera em três atos
Música de Giuseppe Verdi
Libreto de Arrigo Boito
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Abril 2014
Nova montagem do Theatro Municipal de São Paulo
William Shakespeare 450 anos de nascimento
Giuseppe Verdi
Falstaff
12 sábado 20h
13 domingo 18h
15 terça 20h
17 quinta 20h
19 sábado 20h
20 domingo 18h
22 terça 20h
24 quinta 20h
Direção Musical e Regência
Direção Cênica, Cenografia e
Desenho de Luz
Cenografia
Figurinos
Regente do Coro
Falstaff
Ford
Fenton
Dr. Caius
Bardolfo
Pistola
Alice Ford
Nannetta
Mrs. Quickly
Mrs. Meg Page
John Neschling
Davide Livermore
Giò Forma
Gianluca Falaschi
Bruno Greco Facio
Ambrogio Maestri
Nelson Martinez
Rodrigo Esteves
Luca Salsi
Marco Frusoni
Blagoj Nacoski
Saverio Fiore
Stefano Consolini
Diógenes Randes
Saulo Javan
Virginia Tola
Adriane Queiroz
Rosana Lamosa
Lina Mendes
Elisabetta Fiorillo
Romina Boscolo
Denise de Freitas
Luciana Bueno
12 15 17 19 22 24
13 20
12 17 2o 24
13 15 19 22
12 15 19 22 24
13 17 20
12 15 19 22
13 17 20 24
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13 17 20
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13 17 20 24
12 15 19 22
13 17 20 24
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Programa sujeito a alterações.
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Na Taberna da Jarreteira, o Dr. Caius se retira indignado, de-
pois de acusar Bardolfo e Pistola, os dois criados de Falstaff,
de embebedá-lo para roubá-lo. Sem dinheiro para pagar a
conta da taberna, Falstaff pede aos servos que levem suas
cartas de amor às mulheres de Ford e Page. Ambos se re-
cusam, alegando que a tarefa está abaixo de suas honras, e
são enxotados pelo patrão com uma vassoura.
Na casa de Ford, Alice e Meg Page comparam as cartas
idênticas que receberam de Falstaff, do qual decidem se vingar,
com a participação de sua amiga Quickly. Enquanto isso, Bar-
dolfo e Pistola contam os planos de seu empregador a Ford, que
também planeja desforra. Separadamente, homens e mulhe-
res tramam contra Falstaff, ao mesmo tempo que Fenton e Nan-
netta (filha de Ford) aproveitam para levar adiante seu namoro
clandestino: o pai prefere que a moça se case com o Dr. Caius.
Ainda na taberna, Falstaff recebe os fingidos pedidos de per-
dão de Bardolfo e Pistola, que conduzem à sua presença
Quickly. Ela anuncia ao nobre que Alice poderá recebê-lo
naquela tarde, das duas às três horas.
Depois da partida de Quickly, é a vez de Falstaff falar com
Ford, que se apresenta como o Senhor Fontana, apaixonado
por Alice Ford. Ele propõe a Falstaff que a seduza, para facilitar
que a dama posteriormente seja sua, algo com que o fidalgo
concorda prontamente, comunicando que já tem encontro mar-
cado com ela – o que deixa Ford/Fontana enfurecido.
Falstaff é recebido por Alice na casa de Ford, e seus ga-
lanteios são interrompidos por Meg e Quickly, que anunciam a
ato I
ato II
Intervalo 25'
Sinopse
Sinopse baseada no libreto
original de Arrigo Boito.
aproximação do marido enciumado. O sedutor é inicialmente
escondido atrás de um biombo, sendo introduzido em um
cesto de roupas sujas quando Ford e seus asseclas procuram
por ele. Ouve-se um beijo atrás do biombo: Ford tem a expec-
tativa de desmascarar Falstaff e a esposa, mas descobre que
os enamorados furtivos são Nannetta e Fenton. Alice ordena
que o conteúdo do cesto de roupas seja lançado no rio Tâmisa,
e contempla, com o marido, Falstaff a se debater nas águas.
Depois de se lamuriar de suas vicissitudes, Falstaff recebe, na
Taberna da Jarreteira, a visita de Quickly, marcando um novo
encontro com Alice – dessa vez, em um carvalho, na floresta
de Windsor. Reza a lenda que um caçador teria se enforcado
na árvore, tornando-a assombrada por duendes e feiticeiras.
Dessa vez, a conspiração contra o nobre envolve todos
os personagens. Paralelamente, Ford trama o casamento da
filha com o Dr. Caius, enquanto as mulheres tentam arranjar
para que Nannetta se case com Fenton.
Falstaff entra, disfarçado, com uma galhada de veado na
cabeça, e chega a se encontrar com Alice, que logo o deixa
sozinho. O nobre é atormentado por Nannetta, fantasiada
de fada, que evoca seu séquito e começa a atormentar o fi-
dalgo. Finalmente, os presentes se revelam e denunciam as
culpas de Falstaff, que assume a derrota.
Ford toma a filha pela mão e anuncia seu noivado com o Dr.
Caius, aceitando fazer o mesmo com um casalzinho incógnito
que lhe é apresentado por Alice. Descobre, para seu espanto,
que Bardolfo estava disfarçado de Nannetta, e que o outro ca-
sal era formado pela filha e Fenton. Curva-se ao destino e aben-
çoa os apaixonados, enquanto Falstaff puxa a fuga final, em
que todos cantam a moral da história: “Tudo no mundo é burla”.
ato III
Intervalo 20''
Estreia mundial
9 de fevereiro de 1893 no
Teatro alla Scala de Milão
Regente Edoardo Mascheroni
Victor Maurel (Sir John Falstaff), Emma
Zilli (Alice Ford), Antonio Pini-Corsi (Ford),
Edoardo Garbin (Fenton), Giovanni Paroli
(Doutor Caius), Paolo Pelagelli-Rossetti
(Bardolfo), Vittorio Arimondi (Pistola),
Adelina Stehle (Nannetta), Virginia Guerrini
(Meg Page), Giuseppina Pasqua (Quickly)
Primeira apresentação no Brasil
24 de agosto de 1893 no Teatro São José
Regente Cleofonte Campanini
Antonio Scotti (Sir John Falstaff), Eva
Tetrazzini (Alice Ford), Achille Moro (Ford),
Giuseppe Cremonini (Fenton), Roberto
Ramini (Doutor Caius), Carlo Vanni
(Bardolfo), Leopoldo Cromberg (Pistola),
Cesira Ferrani (Nannetta), Ida Rappini (Meg
Page), Maria Judice Costa (Quickly)
Primeira apresentação no Theatro
Municipal de São Paulo
03 de outubro de 1916
Regente Giuseppe Baroni
Giacomo Rimini (Sir John Falstaff), Rosa
Raisa (Alice Ford), Armand Crabbé (Ford),
Tito Schipa (Fenton), Angelo Algos (Doutor
Caius), Sinay Maury (Bardolfo), Gaudio
Mansueto (Pistola), Ninon Vallin-Pardo
(Nannetta), Adelina Roessinger (Meg Page),
Giuseppina Bertazzoli (Quickly)
Mais recente apresentação no
Theatro Municipal de São Paulo
Abril de 2008
Orquestra Sinfônica e Coro Lírico
Municipal de São Paulo
Regente Rodolfo Fischer
Diretor Cênico José Possi Neto
Licio Bruno/Douglas Hahn (Sir John
Falstaff), Laura de Souza (Alice Ford),
Leonardo Estévez (Ford), Marcos Paulo
(Fenton), Paulo Queiróz (Doutor Caius),
Sérgio Weintraub (Bardolfo), Pepes do
Valle (Pistola), Flávia Fernandes (Nannetta),
Edinéia de Oliveira (Meg Page), Regina
Elena Mesquita (Quickly)
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”Prefiro ShakeSPeare a todoS oS outroS autoreS dramáti-
coS, sem exceção dos gregos”, Verdi escreveu certa vez a
Antonio Somma, que seria seu libretista em Un Ballo in Mas-
chera. Naquela época (1853, o emblemático ano de estreia
de Il Trovatore e La Traviata), o compositor se sentia algo em
débito com o Bardo: o Macbeth, de 1847, embora bem-suce-
dido, chegou a receber críticas de que o compositor não en-
tendera Shakespeare, e sofreria profundas revisões em 1865,
enquanto Rei Lear (para o qual Somma chegou a ser convi-
dado a escrever o libreto) ficaria como um projeto acalen-
tado e jamais concretizado.
O dramaturgo britânico seria, contudo, o principal foco
do período tardio de Verdi. Embora parecesse firmemente
decidido a “pendurar as chuteiras” em 1871, depois de Aida,
o compositor se sentiu estimulado a voltar a compor óperas
depois de seu editor, Giulio Ricordi, convencê-lo a conhecer,
em 1879, o vêneto Arrigo Boito (1842-1918).
Representante do movimento artístico conhecido como
Falstaff de Giuseppe Verdi Irineu Franco Perpetuo
Irineu Franco Perpetuo
é jornalista e tradutor,
colaborador do jornal Folha de
S. Paulo, da Revista Concerto
e correspondente no Brasil da
revista Ópera Actual (Barcelona).
Scapigliatura (do italiano scapigliato, cuja tradução literal se-
ria “descabelado”), que planejava renovar a cultura italiana
da segunda metade do século XIX por meio da absorção de
influências estrangeiras, como a poesia de Baudelaire e a
música de Wagner, Boito era também um compositor, cuja
ópera Mefistofele é ainda hoje ocasionalmente apresentada.
Seus principais talentos, contudo, eram de libretista.
Como assinala William Weaver em Verdi and his Italian Li-
brettists, “diferentemente da maioria dos outros libretistas de
Verdi, Boito era um intelectual e, pelos padrões culturais ita-
lianos da época, um cosmopolita. Viajara (sua mãe era uma
condessa polonesa) e conhecia línguas”.
Com Verdi, ele compartilhava o amor por Shakespeare –
que conhecia não no original inglês, mas graças à tradução
francesa de François-Victor Hugo (filho do autor de Os Mi-
seráveis). E acabou convencendo o compositor a trocar a
aposentadoria pela adaptação de uma obra-prima shakes-
peariana. O resultado foi Otello, estreado com sucesso no
alla Scala de Milão, em 1887.
Intenso e sofisticado, Otello tinha tudo para ser o fe-
cho de ouro de uma carreira gloriosa. Porém, em seguida,
Boito apresentou ao compositor um projeto com vários in-
gredientes para seduzi-lo. Tratava-se de uma nova adapta-
ção de Shakespeare. E, dessa vez, uma chance de acertar as
contas com a comédia.
Pois, embora houvesse episódios cômicos no Rigoletto
e La Forza del Destino (cujo frade Melitone pode ser visto
como uma espécie de ancestral verdiano de Falstaff), o com-
positor não escrevia uma comédia desde sua segunda ópera,
Un Giorno di Regno (Um Dia de Reinado), de 1840 – seu
único fracasso.
Assim, depois dos habituais queixumes sobre a idade
excessiva e o impacto sobre sua saúde física e mental que a
composição de uma nova ópera poderia ter, Verdi se lançou
ao trabalho. No final de 1890, aos 77 anos de idade, ele es-
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creveu ao crítico Giulio Monaldi: “Quis escrever uma ópera
cômica por 40 anos, e conheço As Alegres Comadres há 50;
[…] contudo, os habituais 'poréns' que estão em todo lugar
sempre me impediram de satisfazer tal desejo. Agora Boito
resolveu todos os 'poréns', e escreveu para mim uma comé-
dia lírica que não tem nada a ver com nenhuma outra. Estou
me divertindo ao escrever a música; sem nenhum tipo de
plano, e nem sei se vou concluí-la”.
O trabalho avançou, com Verdi envolvido, com o per-
feccionismo de sempre, não apenas em todos os detalhes
da composição, mas também da apresentação de sua nova
obra. Depois de diversos ajustes, a estreia aconteceu no
alla Scala de Milão, em 9 de fevereiro de 1893. Em 10 de
outubro do mesmo ano, Verdi completaria seu 80º aniver-
sário. Embora sua popularidade tenha ficado um pouqui-
nho atrás com relação a blockbusters verdianos como La
Traviata ou Aida, Falstaff foi saudada desde o início como
uma obra-prima, a derradeira e suprema realização de um
mestre da arte lírica.
Um dos mais célebres personagens shakespearianos, Sir
John Falstaff aparece em nada menos do que três criações
do Bardo: A História de Henrique IV, A Segunda Parte de Hen-
rique IV e As Alegres Comadres de Windsor. E, embora não
entre em cena, é mencionado ainda em A Vida de Henrique V.
Fanfarrão, inescrupuloso e covarde, Falstaff surge nas
peças históricas de Shakespeare como a “má companhia”
que aparentemente está desencaminhando Hal, o príncipe
herdeiro da Inglaterra – o qual, depois de ascender ao trono
como Henrique V, repudia seu antigo companheiro de far-
ras, em um gesto que simboliza sua mudança de tempera-
mento e caráter.
As Alegres Comadres de Windsor teria sido encenada
para comemorar a condecoração, em 1597, de George Ca-
A sabedoria cega por amor
rey, patrono da companhia de teatro de Shakespeare, com a
Ordem da Jarreteira (Order of the Garter), a mais antiga or-
dem de cavalaria da Inglaterra – basta lembrar que um pe-
daço da peça (e da ópera) se passa na Taberna da Jarreteira
(Garter Inn). Uma teoria mais divertida vem do século XVIII:
As Alegres Comadres de Windsor teriam sido encomenda
da Rainha Elizabeth I, desejosa de ver Falstaff enamorado.
Trata-se da única comédia elisabetana de Shakespeare
ambientada em Londres, com maior proporção de prosa
com relação a verso do que em qualquer outra peça do au-
tor, linguagem coloquial e alusões a fatos conhecidos do pú-
blico de seu tempo. O argumento central, girando em torno
das tentativas frustradas do protagonista em seduzir duas
mulheres casadas, e o ciúme de um dos maridos, vem da
tradição italiana, brotando possivelmente de Il Pecorone (O
Bronco), coletânea de 50 novelas de Giovanni Fiorentino, es-
crita no século XIV, e publicada em 1558, que serviu como
base também para O Mercador de Veneza.
Shakespeare urde uma trama de nada menos que onze
intrigas e contra-intrigas, muitas das quais simultâneas. E o
personagem-título sofre uma significativa modificação com
relação ao mentor das esbórnias de Henrique V.
Embora haja a crença de que o dramaturgo possa ter se
inspirado em um colega de pena contemporâneo, o escri-
tor Robert Greene, de comportamento dissoluto, para criar o
personagem, costuma-se ver como sua fonte principal uma
figura histórica: John Oldcastle, líder do movimento político
e religioso Lollard, que pedia reformas na Igreja. Amigo de
Henrique V, foi perseguido por heresia, e executado em 1417.
Shakespeare teria inicialmente batizado seu anti-heroi de
John Oldcastle, porém, devido a queixas de um descendente
dele, Lord Cobham, teria sido forçado a mudar o nome para
Falstaff – dessa vez, em “homenagem” a outra personalidade
histórica, Sir John Fastolf, líder militar da Guerra dos Cem
Anos cuja reputação permanece manchada até hoje pelas
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Croqui de
acusações de covardia na derrota inglesa diante dos france-
ses comandados por Joana D'Arc na Batalha de Patay (1429).
Em Shakespeare's Festive Comedy, Cesar Lombard Bar-
ber aponta para as características físicas essenciais de Fals-
taff: seu “microcosmo é guiado por um nariz vermelho 'que,
como um farol, avisa todo o resto de seu pequeno reino,
homens, às armas' (citação da segunda parte de Henrique
IV)”. Já a barriga é a sua “insígnia de ofício”. Na opinião do
estudioso, tais características associariam-no a Baco e ao
“personagem de pantomima da Terça-Feira Gorda (Shrove
Tuesday)”. Como consequência direta desse raciocínio, tal-
vez não seja completamente descabido, no Brasil, ver Fals-
taff como uma espécie de Rei Momo.
Em Shakespeare's Comedies, Bertrand Evans, por seu
turno, enfatiza a metamorfose de um personagem que se,
em Henrique IV, fora “abençoado acima de tudo com uma
visão verdadeira de si mesmo”, aqui aparece em todo seu
ridículo por ser sempre, literalmente, o último a saber de
todas as intrigas da peça. Evans atribui tal mudança à legen-
dária exigência da Rainha: “um pedido para mostrar Falstaff
apaixonado era um pedido para vê-lo feito de bobo por ou-
tros”. Assim, “um homem maravilhosamente circunspecto, de
grande sabedoria, que é exibido em momento de profundo
desconhecimento, no fim só pode parecer bobo”. E Falstaff,
“da estirpe de Rosalinda e Próspero” (ambos distinguidos
pela astúcia: a primeira, em Como Gostais e, o segundo, em
A Tempestade), vê-se condenado a “desempenhar o papel
de Bottom” (personagem transformado em asno nos Sonhos
de Uma Noite de Verão).
Como seria de se esperar, Verdi não foi o primeiro compo-
sitor a se encantar com o potencial operístico do persona-
gem shakespeariano. Rival (porém não assassino) de Mozart,
Antonio Salieri (1750-1825) estreou seu Falstaff, ossia Le Tre
Um sorriso sábio
para o mundo
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Burle (Falstaff, ou As Três Piadas) em Viena, em 1799, en-
quanto o irlandês Michael William Balfe teve seu Falstaff, em
italiano, apresentado com êxito em Londres, em 1838.
Hoje em dia, tais criações estão completamente fora
do repertório, não constituindo mais do que curiosidades.
A única outra adaptação da peça de Shakespeare que fre-
quenta ocasionalmente os palcos de ópera é Die lustigen
Weiber von Windsor, estreada em Berlim, em 1849, pelo ale-
mão Otto Nicolai (1810-1849).
Entre críticos e musicólogos, a partitura de Verdi, que
começa com uma alusão à forma sonata na primeira cena
do primeiro ato, e conclui com uma grande fuga na cena fi-
nal, tem sido louvada como uma das maiores realizações do
compositor.
Inserindo a ópera na grande tradição cômica italiana de
Cimarosa e Rossini, os estudiosos vêem nela, como talvez em
nenhuma outra criação verdiana, a forte presença de auto-
res da tradição austro-germânica.
Assim, Charles Villiers Stanford, depois de ouvir a estreia
da ópera, declarou Beethoven como sua influência princi-
pal: “o estudo de perto dos quartetos e sonatas para piano
fez-se evidente em toda a parte; o compositor da 'Walds-
tein' é o ancestral dessa grande criação”. Em Kobbé – o Li-
vro Completo da Ópera, o Conde de Harewood escreve que
“há na escrita dos ensembles uma cintilação, uma rapidez de
movimento, uma vivacidade expressiva e uma economia de
meios que não se via desde Mozart”. E Julian Budden, em
seu ambicioso estudo sobre as óperas de Verdi, destaca que
“não apenas a orquestra de Falstaff é idêntica à de Meister-
singer [a ópera cômica de Wagner], com um piccolo além
de duas flautas e um terceiro trompete; como os primeiros
atos de ambas as óperas terminam com um ensemble dese-
nhado em linhas bastante similares”.
Teríamos aqui então Verdi como um compositor que
soube assimilar e digerir as influências estrangeiras, sem que
sua linguagem perdesse o caráter individual ou “nacional”.
Por isso, de uma perspectiva histórica, Massimo Mila afirma
que, em Falstaff, Verdi “afinou e modernizou sua linguagem
musical, permitindo-lhe levar a bom termo e por sua conta
essa grande manobra histórica que foi o resgate da música
italiana de seu estancamento no provincialismo e sua inser-
ção na circulação da cultura europeia”.
“Talvez o nível mais imediato de diferença entre Fals-
taff e todas as óperas anteriores de Verdi seja a tendência da
música a responder ao elemento verbal do drama com um
detalhamento sem precedentes. Em boa parte da partitura,
especialmente nos grandes duetos e monólogos, o ouvinte
é bombardeado com uma diversidade assombrosa de ritmos,
texturas orquestrais, motivos melódicos e recursos harmôni-
cos”, descreve Roger Parker, em seu artigo sobre Falstaff para
The New Grove Book of Operas.
Parker crê que essa “literalidade exagerada” poderia
truncar uma ópera trágica, mas serve às maravilhas em uma
cômica, para “preencher o espaço musical com uma varie-
dade infinita de cores”. Com a imaginação criativa do com-
positor estimulada por novos aspectos que apenas um meio
como a comédia poderia oferecer, a ópera, nas palavras do
autor, “nos deixa com uma imagem musical que é o reflexo
exato das famosas fotografias de Verdi nos últimos anos: um
velho de cartola, com olhos que viveram uma vida de lutas,
lançando um sorriso sábio na direção do mundo”.
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falStaff, ou maiS PreciSamente Sir John falStaff, é uma
das mais famosas criações de William Shakespeare. Harold
Bloom, por exemplo, considera que ele e Hamlet são os prin-
cipais personagens de toda a obra do poeta, o que sem dú-
vida é um pouco exagerado. Mas a história de Falstaff é em
si tão interessante quanto a sua figura. Era parte da tradição
o fato de o príncipe Hal, futuro Henrique V, ter tido uma ju-
ventude bastante desregrada, e se ter transformado quase
que miraculosamente no momento em que herdou a coroa,
para se tornar o mais perfeito rei-cavaleiro. A esse respeito
há toda uma coleção de documentos, onde são encontrados
os vários episódios que se tornaram parte do retrato geral
que dele tinham os ingleses durante o reinado de Elizabeth I.
Foi nos historiadores (então chamados cronistas) como
Edward Hall (1497–1547) e Raphael Holinshed (1529–1580)
que Shakespeare encontrou a base histórica para suas pe-
ças Henrique IV, 1 e 2, onde nasce o personagem Falstaff. A
não ser pela informação geral de suas pândegas juvenis, é
Falstaff de William ShakespeareBarbara Heliodora
Barbara Heliodora é tradutora,
diretora e foi crítica teatral dos
jornais O Globo e Jornal do Brasil.
no precário texto de uma peça chamada The Famous Victo-
ries of Henry V que Shakespeare encontra três companheiros
identificados do jovem príncipe, sendo o mais importante
chamado Sir John Oldcastle, mas que não era nem gordo
e nem velho, e menos ainda espirituoso. Tanto o príncipe
quanto o seu amigo são muito mais comprometidos com o
crime, e Sir John estimula o príncipe em sua contínua ânsia
pela coroa, que o faz não só desejar a morte do pai constan-
temente, como até mesmo chegar a só recuar no último mo-
mento, quando já está com a faca apontada para a garganta
do rei, quando este está doente.
O texto das Famous Victories parece ser o produto da
memória de vários atores, que armaram essa única versão
hoje conhecida para apresentar a peça, muito popular, pelo
interior da Inglaterra, durante o longo período (1592-94) em
que os teatros londrinos ficaram fechados por causa da epi-
demia de peste bubônica. Mas apesar dos defeitos, o texto
contém, superficialmente, todo o enredo das duas peças de
Shakespeare sobre Henrique IV. Nas mãos de Shakespeare
o que aparece é uma versão indizivelmente aprimorada de
uma mistura do vaidoso e covarde Miles Gloriosus − O Sol-
dado Fanfarrão, de Titus Maccius Plautus (230 a.C. - 180 a.C.)
− da comédia romana (e suas várias versões na commedia
dell'arte), com os antigos personagens alegóricos do teatro
medieval como o Vício e o Boas Companhias, típicos desen-
caminhadores de jovens. A essa mistura Shakespeare juntou
o que conhecia das tavernas e do submundo londrino, seus
hábitos e seu vocabulário, assim como tudo aquilo que so-
bre esse tipo de vida cantavam as mais populares baladas.
Falstaff, que com sua costumeira falta de modéstia diz
de si mesmo "eu sou não só espirituoso eu mesmo, mas a ra-
zão para que o espírito apareça em outros homens", e sem
dúvida boa parte de sua capacidade para encantar vem de
sua alegria, assim como de sua ocasional capacidade de rir
de si mesmo e de ter consciência de seus erros e sua corrup-
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ção. E seu sucesso foi imediato e absoluto; dentro de pouco
tempo já houve, na corte, quem apelidasse o inimigo de Fals-
taff, e que o apelido pegasse, para desespero da vítima.
Uma das eternas questões que marcam os estudos
shakespeareanos é a de Shakespeare ter planejado desde
o primeiro momento escrever duas peças sobre Henrique
IV e o príncipe Hal, ou se só o sucesso da primeira o tenha
levado a criar a segunda. Só falamos aqui desse problema
porque, provavelmente, no final da segunda parte, Shakes-
peare teria de apresentar a cena em que o príncipe repudia
o antigo companheiro de farras. Nela Falstaff aparece sob
uma luz bem mais condenável e corrupta do que na primeira.
Quando as duas peças sobre o rei Henrique IV foram
escritas, o personagem se chamava Sir John Oldcastle, e foi
talvez pelo fato de o gordo cavaleiro ter comportamento
ainda mais vergonhoso nessa segunda parte que só de-
pois de ela ter sido apresentada é que Henry Brooke, Lord
Cobham, descendente de um histórico e heróico Sir John
Oldcastle, reclamou contra o uso do nome para persona-
gem tão desmoralizado. As devidas pressões foram usadas
e Shakespeare mudou o nome de seu divertido mau-caráter
para Sir John Falstaff, alusão ao nome do cavaleiro John Fas-
tolf, de carreira brilhante e meritória, até a batalha de Patay,
na França, da qual fugiu, ou pelo menos retirou sua tropa ao
ver a situação totalmente perdida. Esse já tinha aparecido
na obra de Shakespeare, na primeira parte de Henrique VI,
onde é visto perdendo a Ordem da Jarreteira, como acon-
teceu na vida real, muito embora mais tarde ele tenha sido
perdoado e tido o nome novamente honrado.
Falstaff, seja qual for o nome pelo qual é tratado, virtu-
almente adquiriu vida própria, tamanha a sua popularidade.
Nas duas peças que lhe deram fama, 1 e 2 Henrique IV, o sol-
dado fanfarrão, sejam quais forem seus pecados ou crimes,
tem em seu brilho e humor a justificativa para que o príncipe
seja seu amigo e o proteja em seus freqüentes conflitos com
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a lei. E o sucesso, quando as peças foram apresentadas na
corte, foi tamanho que vive até hoje a tradição de que foi a
própria Rainha Elizabeth quem disse que gostaria de o ver
apaixonado. Reza também a tradição que em duas semanas
Shakespeare escreveu a comédia, que deveria ser apresen-
tada na corte por ocasião de uma solenidade de concessão
da Ordem da Jarreteira.
Fora de seu universo de mau guerreiro e bom aprovei-
tador, a verdade é que o Falstaff de As Alegres Comadres de
Windsor pode ter seus encantos, mas não se iguala ao das
duas peças originais, pois fica mais tolo e menos esperto. O
que nos leva, então, à sua terceira encarnação, que é como
o Falstaff de Arrigo Boito/Giuseppe Verdi. O libreto enxuga
a ação, corta o segundo fracasso do gordo herói junto à es-
perta Sra. Ford, corta um dos pretendentes à mão de Anne
(agora Nannetta), para fazer a trama caber nas dimensões e
no tom de uma ópera alegre e tão espirituosa quanto o Fals-
taff original se gabava de levar os outros a serem.
Verdi é manifestamente admirador de Shakespeare e,
portanto, é bem possível e até provável que tenha partido
dele a ideia de incluir, na trama de sua adaptação de As Co-
madres, uma das mais famosas falas de Falstaff em Henrique
IV, sua fascinante dissertação sobre a inutilidade da honra, que
o gordo e covarde cavaleiro vê como atributo geralmente
restrito aos mortos, assim, nada desejável para um apaixo-
nado apreciador da vida como ele. É claro que a fala adquire
uma dimensão muito maior quando é dita no campo de ba-
talha, aquele mesmo em que o gordo cavaleiro vai se fazer
de morto e, passado o perigo, levantar-se e dar um golpe no
Henry Hotspur que o príncipe matou, e se apresentar como
sendo ele o responsável pela morte. Mas como os planos de
Falstaff para conquistar as alegres, bem casadas e fieis coma-
dres de Windsor, o desprezo pela honra não fica deslocado.
Única obra de Shakespeare que se passa em um am-
biente de classe média, As Alegres Comadres de Windsor
mostra, mais do que qualquer outra, o quanto o poeta era
um inglês de seu tempo, nascido ele mesmo em universo bem
semelhante àquele que optou por apresentar na única obra
que escreveu de encomenda para a corte, o que muito de-
põe a respeito de seu bom senso, de seu amor ao mundo hu-
mano que o cercava. Sir John pode ter a ilusão de poder fazer
conquistas fáceis graças à sua superioridade social, para ser
derrotado pelo juízo, o bom senso e também o senso de hu-
mor daqueles que se mostram perfeitamente capazes não só
de enfrentá-lo mas até mesmo de se divertir à custa dele. Por
sorte, a personalidade daquela figura que tanto sucesso al-
cançara nas peças históricas, tinha todas as fragilidades que,
em Falstaff, libreto e música tão bem aproveitam.
No Falstaff de Verdi o personagem de Shakespeare real-
mente tomou nova vida, sem dúvida também por estar am-
parado por música da mais alta qualidade; na ópera ele tem
o brilho, o humor, que o tornaram tão famoso, muito em-
bora seja fundamental lembrar que, por mais que ele deva
à dupla Boito/Verdi, ainda assim é graças à criatividade de
Shakespeare que ele existe, pois sua personalidade origi-
nal é que seduziu Verdi, a ponto de se igualar a Macbeth ou
Otelo como fonte de inspiração.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 22
Quando falStaff eStreou no teatro Scala de milão, em 9
de fevereiro de 1893, foi acolhido com enorme sucesso e
entusiasmo por um público que não podia acreditar no que
acabara de ver e ouvir. A ópera era um milagre de frescor,
de talento e sabedoria musical. Os críticos, que comparece-
ram em massa, admiraram sobretudo a capacidade de re-
cuperar o espírito da ópera buffa italiana, por um músico
à beira dos oitenta anos e que tinha escrito, quase como
um passatempo, uma das máximas obras primas de todos
os tempos.
O sucesso foi tamanho que, na plateia, ao final da repre-
sentação, aconteceram verdadeiras situações de histeria po-
pular: o compositor foi chamado ao palco 30 vezes e, à saída
do teatro, a multidão desatou os cavalos da sua carruagem
e a puxou até o Grand Hotel de Milão, sua residência. De-
pois de 54 anos de presença contínua nos teatros de ópera
do mundo todo ele não poderia ter fechado o seu percurso
artístico de um modo melhor e mais estrepitoso.
O Don Giovanni TrapalhãoLuis Pellegrini
Luis Pellegrini é jornalista,
escritor, tradutor e diretor de
redação da revista Planeta.
Verdi tinha setenta e seis anos quando aceitou o con-
vite do velho amigo compositor e libretista Arrigo Boito para
compor uma ópera cômica desbragada, baseada em As Ale-
gres Comadres de Windsor, de William Shakespeare. As he-
sitações e reticências foram muitas, quase totais. Mas Boito
não desistiu e desencadeou uma verdadeira campanha de
sedução até conseguir vencer a resistência do maestro que,
até então, acreditava ter encerrado a carreira com o grande
sucesso de sua ópera anterior, Otello, estreada no alla Scala
em 5 de fevereiro de 1887.
Uma carta de Boito, enviada a Verdi em 9 de julho de
1889, foi definitiva para convence-lo: “Só existe um modo de
encerrar a carreira melhor que com Otelo: é fechá-la vitorio-
samente com Falstaff. Depois de ter feito rebombar todos os
gritos e lamentos do coração humano, sair de cena com uma
imensa gargalhada hilária. A Terra vai estremecer!” No dia
seguinte Verdi respondeu de forma breve e decidida: “Caro
Boito, Amém; que assim seja!... Não pensarei mais nos obs-
táculos, na idade, nas doenças!”
Obstáculos, idade avançada, doenças: seriam preocupa-
ções sinceras ou caprichos de artista? Nas imagens daquela
época que restaram ele parece um velho vigoroso, de olhar
vivo e penetrante, a coluna dorsal bem ereta e a expressão
orgulhosa, cheia de vitalidade.
O trabalho demolidor do tempo, no entanto, não pou-
para Verdi. O mundo a seu redor estava desabando; um a
um, os velhos amigos partiam, levados pela idade ou pela
doença. Em carta a um amigo, ele escreve: “E assim, um após
o outro, todos estão partindo. De todos que conheci em Mi-
lão na minha juventude não sobrou quase ninguém. Dois ou
três, no máximo”. Sua rotina de vida, nesses anos, reduzira-se
a longas permanências para curas medicinais nas Termas de
Montecatini, em companhia das veteranas sopranos Giusep-
pina Strepponi, sua esposa, e Teresa Stoltz, velha amiga. Du-
rante o inverno ia a Gênova, hospedando-se no Palácio do
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 24
Príncipe, pertencente à família Doria Pamphili; no verão, per-
manecia em sua propriedade rural em Sant’Ágata.
O que, realmente, o teria levado a renunciar à sua pa-
cata e confortável rotina de músico aposentado para se de-
dicar de corpo e alma à composição de uma nova ópera,
dificílima, genial, inovadora, repleta de uma juventude e vi-
gor difíceis de serem encontrados até mesmo em autores
muito jovens? A resposta está contida na própria obra, na
metáfora que ela representa, na simbologia dos seus perso-
nagens e de tudo aquilo que eles fazem.
Falstaff não é apenas um legado artístico de Giuseppe
Verdi: é, sobretudo, o seu testamento anímico. A obra onde
ele declara e deixa explícita a sua visão de mundo, tudo
aquilo que ele percebeu e concluiu ao longo da sua larga e
profícua existência. Falstaff é uma imensa e terrível tragédia
que surge nas vestes de comédia buffa.
Quem é Falstaff? Em cena, o personagem aparece como
um fanfarrão de meia idade, gordo, desengonçado, apro-
veitador, mitômano, ególatra, de moralidade duvidosa, não
exatamente maldoso ou cruel, mas capaz de provocar algum
sofrimento nos outros. É um desses tipos primários, de ego
inchado, com uma visão falsa a respeito de si mesmo, com
pouca consciência de limites; sobretudo, como é destituído
de visão do outro, tenta continuamente seduzir os outros –
sobretudo as mulheres – para provar que existe e tem algum
valor. Falstaff se parece com alguém que conhecemos, al-
guém com quem, hoje como sempre, cruzamos ao caminhar
pelas ruas, ou sentado na mesa ao lado em nossos escritó-
rios. Ele é o protótipo do homem comum, deseducado, frá-
gil, solitário e perdido na voragem do seu próprio narcisismo
barato. Um menino crescido que, apesar do peso dos anos e
da gordura que o reveste, apesar do crânio seboso e quase
pelado, permanece um menino em sua psique. Alguém que,
muito mais que relho e chibata, precisaria de compreensão,
ajuda e amparo.
O que ele recebe, no entanto, está bem longe disso. Na
trama da ópera, após cometer alguns desmandos típicos
de pequeno delinquente, ele comete um erro fatal: tenta
seduzir, ao mesmo tempo, duas mulheres espertalhonas.
Sem saber que elas são amigas íntimas, manda para am-
bas a mesma carta de amor, sem mudar uma vírgula sequer.
Apesar de serem casadas, as duas comadres recebem com
entusiasmo aquela carta recheada de galanteios. Mas esse
entusiasmo vira animosidade quando percebem que o Don
Giovanni trapalhão mandou para ambas a mesma missiva. E
decidem nele aplicar uma punição exemplar. Graças a seus
estratagemas, desenvolvidos na trama da ópera, o sedutor
vai parar dentro de uma arca cheia de roupa suja que é ati-
rada, afinal, num esgoto que conduz a sujeira ao rio Tâmisa.
Ele quase perde a vida nessa aventura.
A punição seria mais que suficiente, mas assim não pen-
sam as comadres vingadoras. Tomadas pelo prazer da vin-
gança, decidem prosseguir na “lição” a Falstaff. Convencem
a população inteira da aldeia a participar de uma encenação
capaz de levar qualquer um ao manicômio. Trabalhando as-
tutamente sobre a vaidade pueril do sedutor, marcam com
ele um encontro amoroso no meio da noite escura, nas pro-
ximidades do cemitério. E quando Falstaff está lá, sozinho, à
espera da amada, os aldeões começam a surgir a seu redor,
fantasiados de bruxas, fantasmas, fadas e duendes, vampi-
ros, mortos-vivos e demônios. O que era no início a fruição
jocosa de um simples prazer de vingança, transforma-se num
irrefreável delírio de crueldade coletiva. Aterrorizado e es-
condido no fundo de uma cova, Falstaff é agora apenas o
bode expiatório de toda uma comunidade empenhada na
catarse de seus próprios maus sentimentos.
É Giuseppe Verdi que, ainda uma vez, escancara para
nós a sua opinião sobre o mundo e o homem. Ninguém es-
capa ao delírio da crueldade, nem sequer o casal de jovens
enamorados, Fenton e Nannetta, que durante a maior parte
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 26
da trama se mantém mais ou menos puros e alheios ao que
está acontecendo. Mas após cantar uma das mais belas árias
de amor de toda a história da ópera como gênero músico/
teatral (Dal labbro il canto estasiato vola), Fenton reúne-se à
sua Nannetta e ambos, respectivamente fantasiados de fan-
tasma e de fada, reúnem-se à turba para aterrorizar Falstaff
nas imediações do cemitério.
Para Verdi, todos, no fundo, em maior ou menor medida,
são Falstaffs, sem exceção, irmanados na incapacidade de
controlar os próprios sentimentos e pulsões. Nisso sua es-
colha difere daquela de William Shakespeare. Para o grande
dramaturgo inglês, Sir John Falstaff não é de modo algum
uma figura apenas cômica; não é somente um cavaleiro de-
cadente da declinante Idade Média que, reduzido agora à
figura patética de um anacronismo vivo, tenta conduzir uma
existência de parasita à custa dos burgueses ingleses enri-
quecidos. O Falstaff shakespeariano é um filósofo dono de
uma sabedoria trágica e consciente das incongruências da
vida, da honra e das noções éticas convencionais. Um filó-
sofo que, ao final, com ironia superior, percebe existir na lou-
cura uma prerrogativa universal: “Tudo no mundo é burla,
o homem nasceu enganador, no seu cérebro há mais safa-
deza que razão”.
Foi sobretudo na condição da ambivalência do trágico
e do cômico, dos limites flutuantes entre essas duas formas
de gênero dramático que Verdi, nos seus anos de alta ma-
turidade, se aproximou ainda mais de Shakespeare. Como
para o bardo inglês, o caminho que Giuseppe Verdi teve de
percorrer para adquirir tais conhecimentos foi muito duro e
difícil, da mesma forma que foi duro e difícil o desenvolvi-
mento do seu caminho criativo como artista.
E, como todo artista de primeira grandeza, Verdi perce-
beu que a própria experiência da vida é o modo mais eficaz
para se colher em profundidade a realidade humana com
toda a sua trama de paixões. A sua extensa obra é, integral-
mente, expressão de uma visão trágica do mundo, com to-
dos os seus ápices luminosos e os seus abismos escuros. A
glória e o horror sempre juntos, de braços dados.
A excepcionalidade de Falstaff talvez resida na constante
serenidade que paira sobre toda essa ópera, por mais inquie-
tantes que sejam as situações descritas ao longo da trama.
Mas trata-se de uma serenidade de oitava superior, nunca
caracterizada por um otimismo rasteiro e despreocupado.
Longe disso, uma serenidade que aparece como avesso do
trágico, com o qual se liga indissoluvelmente, como o yin se
liga ao yang, e vice versa, no taoísmo da China. Em Falstaff,
Verdi exibe uma sorridente superioridade, um desejo quase
explícito de explicar a vida como uma comédia e o sorriso
como o último recurso do homem sábio.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 30
Não necessariamente, mas apesar de ser originalmente
ambientada no século 15, há margem para deslocar a ação
para outro ponto no tempo. Um diretor cênico sensível e
aberto a entender a partitura encontrará o Verdi leitor de
Shakespeare, apaixonado pela obra do Bardo. Neste caso,
o diretor deve agir como um tradutor da obra verdiana/
shakespeareana.
Tentei me aproximar ao máximo do palco elisabetano. Creio
que, caso interferisse na leitura que Verdi faz de Shakespe-
are com um excesso de subjetividade, com minhas interpre-
tações, com muitos elementos cênicos, isso penalizaria a
música. Já tinha essa preocupação quando montei Otello
e considero necessário dar um espaço vazio à criação ver-
diana/shakespeareana para que ela aflore. Partindo dessa
ideia, quis fazer um teatro dentro do Theatro.
Quatro perguntas
para o diretor cênico
Davide Livermore
Quais foram as suas
escolhas nesta montagem?
O libreto de Falstaff
permite especialmente
alguma flexibilidade ao
diretor cênico?
O que o público deve
esperar dessa montagem
inédita de Falstaff?
Você pode olhar alguns elementos do cenário/figurino e pen-
sar “esta é uma montagem punk de Falstaff”. Não é. É uma
montagem inglesa de Falstaff. Há uma série de elementos de
diversos aspectos da cultura inglesa, que é riquíssima: old en-
glish, punks, engravatados da City londrina. A cultura inglesa
é incrível em uma série de aspectos, tem algumas linhas divi-
sórias borradas, tem humor. Ela é anarco-monarquista. Qual
monarca celebraria seu 50° aniversário de reinado como a Eli-
zabeth II fez, com o guitarrista do Queen, Brian May, tocando
o Hino Inglês, em pé sobre o Palácio de Buckingham? Ou que
participaria do show de abertura dos Jogos Olímpicos de Lon-
dres como ela fez, com aquela montagem com o James Bond,
na qual a Rainha chega ao estádio de paraquedas? Shakespe-
are conseguiu ver isso. Verdi também.
Sim! Se posso dizer que tenho orgulho de ser conterrâneo
de alguém, esse é Verdi. Assim como o Bardo, ele era um
homem aberto, com uma visão muito à frente de seu tempo,
um sujeito totalmente internacional, que vivia independente
das amarras impostas pela tradição, pelo espírito gregário.
Infelizmente, sinto que hoje na Itália há algo que sufoca a
criação artística, sempre numa tentativa de enquadrar as coi-
sas dentro de critérios pré-definidos. Mais de 100 anos após
sua morte, Verdi é uma luz que desfaz as trevas.
Quais as razões para
deslocar a ação do
século 15 para o século
20 e fazer uma série de
referências à cultura pop
e underground? Qual foi
o efeito almejado?
Então, esses elementos
estão já na obra de
Shakespeare e Verdi?
William Shakespeare
(1564-1616)
Giuseppe Verdi
(1813-1901)
Arrigo Boito
(1842-1918)
Teatro alla Scala de Milão,
local da estreia da
ópera Falstaff
Edoardo Mascheroni,
o regente da estreia
(1852-1941)
Cartaz da apresentação
em Trieste com o
elenco original
Johann Heinrich Füssli
(1741-1825): Falstaff in
the laundry bascket
(1792)
Adolf Schrödter
(1805-1875):
Falstaff und sein Page
(1841)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 36
1564 Batismo de William Shakespeare no dia 26 de abril, na
cidade de Stratford-upon-Avon, Inglaterra. A data de
nascimento do bardo é desconhecida.
1597 Primeira aparição da personagem Falstaff na obra de
William Shakespeare, na peça Henrique IV, parte 1. A
personagem aparece também na segunda parte de
Henrique IV, composta em 1599.
1602 Publicação de As Alegres Comadres de Windsor, peça de
William Shakespeare que serviu de base para criação de
Falstaff pelo libretista Arrigo Boito.
1813 Nascimento de Giuseppe Verdi no dia 10 de outubro, na
cidade de Roncole, próximo a Parma, na Itália.
1842 Após a morte dos filhos, seguida da morte da primeira
esposa, e do fracasso de público da ópera Un Giorno di
Regno, Verdi entra em reclusão e resolve abandonar a
carreira lírica. Com a insistência de Bartolomeo Merelli,
empresário do Teatro alla Scala e amigo do compositor,
ele decide voltar a escrever. Sua próxima ópera
Nabucco, é um estrondoso sucesso. O coro Va, Pensiero,
cantado pelos escravos hebreus, se torna um símbolo
da ocupação austríaca da Itália, fazendo de Verdi um
símbolo do Risorgimento.
Shakespeare,
Verdi e Falstaff
1842 Nascimento de Arrigo Boito no dia 24 de fevereiro, na
cidade de Pádua, na Itália.
1881 Primeira colaboração entre Boito e Verdi: o libretista
revisa Simon Boccanegra e a nova versão tem grande
êxito.
1887 Estreia Otello, com libreto de Arrigo Boito, baseado na
peça homônima de Shakespeare.
1893 Estreia Falstaff, última ópera de Verdi, com libreto de
Arrigo Boito, baseado nas peças Henrique IV, parte 1 e 2,
e As Alegres Comadres de Windsor de Shakespeare.
1901 Morre de Giuseppe Verdi, no dia 27 de janeiro, em sua
suíte do Grand Hotel de Milão. Seu amigo, o regente Arturo
Toscanini, organiza um coro com mais de 800 pessoas que
entoa Va, Pensiero, em homenagem ao compositor.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 38
Meg Page Hilde Rössl-Majdan
Dr. Caius Gerhard Stolze
Bardolfo Murray Dickie
Pistola Erich Kunz
Filarmônica de Viena
CBS/Sony
Gravações de Referência
Regente Claudio Abbado
Falstaff Bryn Terfel
Ford Thomas Hampson
Alice Ford Adrianne Pieczonka
Fenton Danill Shtoda
Nannetta Dorothea Röschmann
Quickly Larissa Diadkova
Regente Leonard Bernstein
Falstaff Dietrich Fischer-Dieskau
Ford Rolando Panerai
Alice Ford Ilva Ligabue
Fenton Juan Oncina
Nannetta Graziella Sciutti
Quickly Regina Resnik
Regente Herbert von Karajan
Falstaff Tito Gobbi
Ford Rolando Panerai
Alice Ford Elisabeth Schwarzkopf
Fenton Luigi Alva
Nannetta Anna Moffo
Quickly Fedora Barbieri
CDs
Meg Page Stella Doufexis
Dr. Caius Enrico Facini
Bardolfo Anthony Mee
Pistola Anatoly Kotcherga
Filarmônica de Berlim
Deutsche Grammophon
Meg Page Nan Merriman
Dr. Caius Tomaso Spataro
Bardolfo Renato Ercolani
Pistola Nicola Zaccaria
Philharmonia Orchestra
EMI
Regente Carlo Maria Giulini
Diretor Cênico Ronald Eyre
Falstaff Renato Bruson
Ford Leo Nucci
Alice Ford Katia Ricciarelli
Fenton Dalmacio González
Nannetta Barbara Hendricks
Quickly Lucia Valentini-Terrani
Regente Daniele Gatti
Diretor Cênico Sven-Eric Bechtolf
Falstaff Ambrogio Maestri
Ford Massimo Cavalletti
Alice Ford Barbara Frittoli
Fenton Javier Camarena
Nannetta Eva Liebau
Quickly Yvonne Naef
DVDs
BLU-RAY
Meg Page Brenda Boozer
Dr. Caius John Dobson
Bardolfo Francis Egerton
Pistola William Wilderman
Orchestra and Chorus of the Royal
Opera House Covent Garden
Warner Classics
Meg Page Judith Schmid
Dr. Caius Peter Straka
Bardolfo Martin Zysset
Pistola Davide Fersini
Orchester der Oper Zürich & Chor
der Oper Zürich
C Major
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 40
L'interno dell'Osteria della
Giarrettiera. Una tavola, un gran
seggiolone, una panca. Sulla tavola i
resti di un gran desinare, parecchie
bottiglie e un bicchiere. Calamaio,
penne, carta, una candela accesa.
Una scopa appoggiata al muro.
Uscio nel fondo, porta a sinistra.
(entrando minaccioso)
Falstaff!
(senza abbadare alle vociferazioni
del Dr. Cajus, chiama l'Oste che si
avvicina)
Olà!
(più forte di prima)
Sir John Falstaff!
(al Dr. Cajus)
Oh! che vi piglia?
(sempre vociando e
avvicinandosi a Falstaff, che non gli
dà retta)
Hai battuto i miei servi!...
(all'Oste, che esce per eseguire
l'ordine)
Oste!
un'altra bottiglia di Xeres.
(come sopra)
Interior da taverna da
Jarreteira. Uma mesa, uma grande
poltrona, um banco. Sobre a mesa,
os restos de uma grande refeição,
muitas garrafas e um copo. Tinteiro,
penas, papel, uma vela acesa. Uma
vassoura apoiada na parede. Saída
ao fundo, porta à esquerda.
(entrando ameaçador)
Falstaff!
(sem atentar para as vociferações
do Dr. Caius, chama o taverneiro
que se aproxima)
Olá!
(mais alto do que antes)
Sir John Falstaff!
(para o Dr. Caius)
Oh! O que te deu?
(sempre vociferando e
aproximando-se de Falstaff, que não
lhe dá atenção)
Você bateu nos meus servos!…
(ao taverneiro, que sai para atender
o pedido)
Taverneiro!
outra garrafa de xerez!
(como acima)
Ato I
Primeira Cena
Atto I
Scena Prima
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Bardolfo
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
LIBRETO Falstaff
A ação original ocorre em Windsor, Inglaterra, no reinado de Henrique IV, no início do século 15.
Hai fiaccata la mia giumenta baia,
sforzata la mia casa.
(con flemma)
Ma non la tua massaia
Troppa grazia!
Una vecchia cisposa.
Ampio Messere, se foste venti
volte
John Falstaff Cavaliere
vi sforzerò a rispondermi
Ecco la mia risposta:
ho fatto ciò che hai detto.
E poi?
L'ho fatto apposta.
(gridando)
M'appellerò al Consiglio Real.
Vatti con Dio. Sta zitto
o avrai le beffe;
quest'è il consiglio mio.
(ripigliando la sfuriata contro Bardolfo)
Non é finita!
Al diavolo!
Bardolfo!
Ser Dottore.
(sempre con tono minaccioso)
Tu, ier, m'hai fatto bere.
(Si fa tastare il polso dal Dr. Cajus)
Você destroçou minha jumenta baia,
arrombou minha casa...
(com fleuma)
Mas não a sua empregada.
Quanta graça!
Uma velha remelenta.
Grão-Mestre, mesmo se fosse vinte
vezes
John Falstaff Cavaleiro,
eu o forçaria a responder-me.
Eis a minha resposta:
fiz aquilo que você disse.
E então?
E o fiz de propósito.
(gritando)
Apelarei ao Conselho Real.
Vá com Deus. Fique calado
ou zombarão de você;
esse é o meu conselho.
(retomando a fúria contra Bardolfo)
Não terminei!
Vá para o diabo!
Bardolfo!
Senhor Doutor.
(sempre com tom ameaçador)
Você, ontem, me fez beber.
(Dá o pulso para o Dr. Caius tomar)
Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Falstaff
Dr. Cajus
Bardolfo
Dr. Cajus
Bardolfo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42
Pur troppo! e che dolore!...
Sto mal. D'un tuo pronostico m'assisti.
Ho l'intestino Guasto.
Malanno agli osti
che dan la calce al vino!
(mettendo l'indice sul proprio naso
enorme e rubicondo)
Vedi questa meteora?
La vedo.
Essa si corca rossa così ogni notte.
(scoppiando)
Pronostico di forca!
M'hai fatto ber, furfante, con lui...
(indicando Pistola)
...narrando frasche;
poi, quando fui ben ciùschero,
m'hai vuotato le tasche.
(con decoro)
Non io.
Chi fu?
(chiamando)
Pistola!
(avanzandosi)
Padrone.
(sempre seduto sul seggiolone
e con flemma)
Hai tu vuotate le tasche a quel
Messere?
Infelizmente! E que dor!...
Estou mal. Dê-me um prognóstico seu.
Meu intestino está arruinado.
Malditos os taverneiros
que põem cal no vinho!
(metendo o indicador sobre o próprio
nariz, enorme e avermelhado)
Está vendo este meteoro?
Estou vendo.
Ele fica vermelho assim toda noite.
(descontrolando-se)
Prognóstico de forca!
Você me fez beber, malandro, com ele...
(apontando para Pistola)
...narrando bobagens;
depois, quando fiquei bem bêbado,
você me esvaziou os bolsos.
(com decoro)
Eu não.
Quem foi?
(chamando)
Pistola!
(avançando)
Patrão.
(sempre sentado na poltrona
e com fleuma)
Você esvaziou os bolsos desse
Senhor?
Dr. Cajus
Bardolfo
Dr. Cajus
Bardolfo
Dr. Cajus
Falstaff
Pistola
Falstaff
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
(scattando contro Pistola)
Certo fu lui. Guardate.
Come s'atteggia al niego
quel ceffo da bugiardo!
(vuotando una tasca del
farsetto)
Qui c'eran due scellini
del regno d'Edoardo
E sei mezze-corone.
Non ne riman più segno.
(a Falstaff, dignitosamente
brandendo la scopa)
Padron, chiedo di battermi
con quest'arma di legno.
(al Dr. Cajus con forza)
Vi smentisco!
Bifolco! tu parli a un
gentiluomo!
Gonzo!
Pezzente!
Bestia!
Can!
Vil!
Spauracchio!
Gnomo!
Germoglio di mandragora!
(enfurecendo-se com Pistola)
Claro que foi ele. Vejam.
Como se prende à negação
esse focinho de mentiroso!
(esvaziando um bolso
do gibão)
Aqui havia dois xelins
do reino de Eduardo
e seis meias-coroas.
Não ficou nem sinal.
(para Falstaff, brandindo
dignamente a vassoura)
Patrão, peço que me bata
com esta arma de madeira.
(para o Dr. Caius com força)
Desminto você!
Caipira! Está falando com um
cavalheiro!
Tolo!
Pedinte!
Besta!
Cachorro!
Vil!
Espantalho!
Gnomo!
Broto de mandrágora!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 44
Chi?
Tu.
Ripeti!
Si.
Saette!!!
(al cenno di Falstaff, Pistola
si frena)
Ehi là! Pistola!
Non scaricarti qui!
(chiamando Bardolfo che
s'avvicina)
Bardolfo!
Chi ha vuotato le tasche a quel
Messere?
(subito)
Fu l'un dei due.
(con serenità, indicando il
Dr. Cajus)
Costui beve, poi pel gran bere
Perde i suoi cinque sensi,
poi ti narra una favola
Ch'egli ha sognato mentre
dormì sotto la tavola.
(al Dr. Cajus)
L'odi?
Se ti capaciti, del ver tu sei
sicuro.
I fatti son negati.
Vattene in pace.
Quem?
Você!
Repita!
Sim.
Moleques!!!
(a um sinal de Falstaff, Pistola
contém-se)
Opa! Pistola!
Não vá se descarregar aqui!
(chamando Bardolfo, que se
aproxima)
Bardolfo!
Quem esvaziou os bolsos daquele
Senhor?
(repentino)
Foi um dos dois!
(com serenidade, apontando para o
Dr. Caius)
Ele bebeu, e depois de muito beber
perdeu seus cinco sentidos,
e então nos contou uma fábula
com que sonhou enquanto
dormia sob a mesa.
(para o Dr. Caius)
Está ouvindo?
Se compreender, terá certeza da
verdade.
Os fatos estão negados.
Vá em paz.
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Dr. Cajus
Pistola
Falstaff
Dr. Cajus
Bardolfo
Falstaff
Giuro che se mai mi ubbriaco
ancora all'osteria
Sarà fra gente onesta,
sobria, civile e pia.
(Esce dalla porta di sinistra)
(accompagnando buffonescamente
fino all'uscio il Dr. Cajus e
salmodiando)
Amen.
Cessi l'antifona. Le urlate in
contrattempo.
L'arte sta in questa massima:
"Rubar con garbo e a tempo".
Siete dei rozzi artisti.
A...!
(si mette ad esaminare il conto che
l'Oste avrà portato insieme alla
bottiglia di Xeres)
Sei polli: sei scellini,
trenta giarre di Xeres: due lire;
tre tacchini...
(a Bardolfo gettandogli la borsa)
Fruga nella mia borsa.
Due fagiani, un'acciuga.
(estrae dalla borsa le monete
e le conta sul tavolo)
Un mark, un mark, un penny.
Fruga.
Ho frugato.
Juro que se voltar a me embebedar
na taverna,
será entre gente honesta,
sóbria, civilizada e piedosa.
(Sai pela porta da esquerda)
(acompanhando comicamente
até a saída do Dr. Caius,
salmodiando)
Amém!
Pare com a antífona. Gritam em
contratempo.
A arte está nesta máxima:
"Roubar com garbo e na hora certa".
Vocês são artistas rudes.
A…!
(põe-se a examinar a conta que
o taverneiro trouxe junto à
garrafa de xerez)
Seis frangos: seis xelins;
trinta jarras de xerez: duas liras;
três perus...
(para Bardolfo, jogando-lhe a bolsa)
Procure na minha bolsa.
Dois faisões, uma anchova...
(extrai da bolsa as moedas
e as conta sobre a mesa)
Um mark, um mark, um penny.
Procure.
Procurei.
Dr. Cajus
Bardolfo Pistola
Falstaff
Bardolfo Pistola
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 46
Fruga!
(gettando la borsa sul tavolo)
Qui non c'è più uno spicciolo.
(alzandosi)
Sei la mia distruzione!
Spendo ogni sette giorni dieci
ghinee!
Beone!
So che se andiam, la notte,
di taverna in taverna,
Quel tuo naso ardentissimo
mi serve da lanterna!
Ma quel risparmio d'olio
tu lo consumi in vino.
(con flemma)
Son trent'anni che abbevero
quel fungo porporino!
Costi troppo.
(a Pistola)
E tu pure.
Oste! un'altra bottiglia.
Mi struggete le carni!
Se Falstaff s'assottiglia
Non è più lui, nessuno più l'ama;
in quest'addome
C'è un migliaio di lingue che
annunciano
il mio nome!
(acclamando)
Falstaff immenso!
(come sopra)
Enorme Falstaff!
Procure!
(jogando a bolsa sobre a mesa)
Aqui não tem mais nenhum troco.
(levantando-se)
Você é a minha perdição!
Gasto a cada sete dias dez
guinéus!
Beberrão!
Sei que se vamos, à noite,
de taverna em taverna,
esse seu nariz ardente
me serve de lanterna!
Mas essa economia de óleo,
você a consome em vinho.
(com fleuma)
Há trinta anos que rego
esse fungo púrpura!
Você custa demais.
(para Pistola)
E você também.
Taverneiro! Outra garrafa.
Vocês destroem minhas carnes!
Se Falstaff emagrecer,
não seria mais ele, ninguém o amaria;
neste abdome
há milhares de línguas que
anunciam
o meu nome!
(aclamando)
Imenso Falstaff!
(como acima)
Falstaff enorme!
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Pistola
Bardolfo
(guardandosi e toccandosi l'addome)
Questo è il mio regno. Lo ingrandirò
Falstaff immenso!
Enorme Falstaff!
Ma é tempo d'assottigliar l'ingegno.
Assottigliam.
V'è noto un tal, qui del paese
che ha nome Ford?
Si.
Si.
Quell'uomo é un gran
borghese...
Più liberal d'un Creso.
È un Lord!
Sua moglie é bella.
E tien lo scrigno.
È quella! O amor! Sguardo di stella!
Collo di cigno! e il labbro?
Un fior. Un fior che ride.
Alice é il nome,
e un giorno come passa mi vide
Ne'suoi paraggi, rise.
M'ardea l'estro amatorio
Nel cor. La Dea vibrava
raggi di specchio ustorio.
(pavoneggiandosi)
(olhando-se e tocando seu abdome)
Este é o meu reino. Eu o engrandecerei.
Imenso Falstaff!
Falstaff enorme!
Mas é hora de aguçar o engenho.
Agucemos!
Conheceram um tal, daqui da aldeia,
cujo nome é Ford?
Sim.
Sim.
Aquele homem é um grande
burguês...
Mais liberal do que um Creso.
É um Lord!
Sua mulher é bela.
E cuida do cofre.
É ela! Oh, amor! Olhar de estrela!
Pescoço de cisne! E o lábio?
Uma flor! Uma flor que ri.
Alice é seu nome,
e um dia, ao me ver passar
por suas paragens, riu.
Me ardeu a inspiração apaixonada
no coração. A Deusa lançava
raios de espelho ustório...
(apavonando-se)
Falstaff
Pistola
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo Pistola
Falstaff
Bardolfo
Pistola
Falstaff
Pistola
Bardolfo
Falstaff
Pistola
Falstaff
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48
Su me, su me, sul fianco baldo,
sul gran torace,
Sul maschio pie',
sul fusto saldo, erto,
capace;
E il suo desir in lei fulgea sì
al mio congiunto
Che parea dir:
"Io son di Sir John Falstaff".
Punto.
(continuando la parola di Bardolfo)
e a capo. Un'altra;
Un'altra?
... un'altra,
e questa ha nome Margherita.
La chiaman Meg.
È anch'essa dei miei pregi
invaghita.
E anch'essa tien le chiavi dello
scrigno.
Costoro saran le mie Gioconde
e le mie Coste d'oro!
Guardate. Io sono ancora
una piacente estate
Di San Martino.
A voi, due lettere infuocate.
(Dà a Bardolfo una delle due lettere
che sono rimaste sul tavolo)
Tu porta questa a Meg;
tentiam la sua virtù.
(Bardolfo prende la lettera)
sobre mim, sobre o valente flanco,
sobre o tórax grande,
sobre o pé masculino,
sobre o robusto torso, escarpado,
capaz;
e o seu desejo nela refulgia, tanto,
ao estar perto de mim,
que parecia dizer:
"Eu sou do Sir John Falstaff".
Ponto.
(continuando a fala de Bardolfo)
Parágrafo. Uma outra...
Uma outra?
...uma outra,
e esta tem como nome Margarida.
Chamam-na de Meg.
E ela também está atraída por meu
prestígio.
E ela também tem as chaves do
cofre.
Essas serão as minhas Giocondas
e a minha Costa Dourada!
Olhem: sou ainda
um agradável verão
de San Martino.
Para vocês, duas cartas ardentes.
(Dá a Bardolfo uma das duas cartas
que ficaram sobre a mesa)
Você leva isto para Meg;
tentemos a sua virtude.
(Bardolfo pega a carta)
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo Pistola
Falstaff
Pistola
Falstaff
Già vedo che il tuo naso arde
di zelo.
(a Pistola, porgendogli l'altra lettera)
E tu porta questa ad Alice.
(ricusando con dignità)
Porto una spada al fianco.
Non sono un Messer Pandarus.
Ricuso.
(con calma sprezzante)
Saltimbanco.
(avanzandosi e gettando la lettera
sul tavolo)
Sir John, in quest'intrigo
non posso accondiscendervi.
Lo vieta...
(interrompendolo)
Chi?
L'Onore
(vedendo il paggio Robin che
entra dal fondo)
Ehi! paggio!
(poi subito a Bardolfo e Pistola)
Andate a impendervi. Ma non più
a me.
(al paggio che uscirà correndo
con le lettere)
Due lettere, prendi, per due
signore.
Já estou vendo que seu nariz arde
de ciúmes.
(a Pistola, oferecendo a outra carta)
E você leva esta para Alice.
(recusando com dignidade)
Levo uma espada no flanco.
Não sou um alcoviteiro.
Me recuso.
(com calma desdenhosa)
Saltimbanco.
(avançando e jogando a carta
sobre a mesa)
Sir John, nesta intriga
não posso lhe ser condescendente.
Me impede...
(interrompendo-o)
Quem?
A honra.
(vendo o pajem Robin que
entra pelo fundo)
Ei! Pajem!
(prontamente para Bardolfo e Pistola)
Podem ir para a forca. Mas não
comigo.
(para o pajem que sairá correndo
com as cartas)
Duas cartas, tome, para duas
senhoras.
Pistola
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50
Consegna tosto, corri, lesto, va!
(rivolto a Pistola e Bardolfo)
L'Onore! Ladri!
Voi state ligi all'onor vostro,
voi!
Cloache d'ignominia,
quando, non sempre, noi
Possiam star ligi al nostro.
Io stesso, sì, io, io,
Devo talor da un lato
porre il timor di Dio
E, per necessità, sviar l'onore,
usare
Stratagemmi ed equivoci,
Destreggiar, bordeggiare.
E voi, coi vostri cenci
e coll'occhiata torta
Da gattopardo e i fetidi sghignazzi
avete a scorta
Il vostro Onor! Che onore?!
che onor? che onor! che
ciancia!
Che baia!
Può l'onore riempirvi la pancia?
No. Può l'onor rimettervi uno
stinco?
Non può.
Nè un piede? No. Nè un dito?
Nè un capello? No.
L'onor non é chirurgo.
Che é dunque? Una parola.
Che c'è in questa parola?
C'è dell'aria che vola.
Bel costrutto!
L'onore lo può sentire chi é
morto?
No. Vive sol coi vivi?...
Neppure: perchè a torto
Entregue logo, corra, rápido, vá!
(virado para Pistola e Bardolfo)
A honra! Ladrões!
Vocês estão ligados à sua honra,
vocês!
Cloacas de ignomínia,
quando, nem sempre, nós
podemos estar ligados à nossa.
Eu mesmo, sim, eu, eu,
devo às vezes colocar de lado
o temor a Deus
e, por necessidade, desviar a honra,
usar
estratagemas e equívocos,
manobrar, bordejar.
E vocês, com seus trapos,
com o olhar torto
de leopardo e gargalhadas fétidas,
têm como escolta
a sua honra! Que honra?
Que honra? Que honra! Conversa
fiada!
Que gozação!
A honra pode encher sua pança?
Não. A honra pode reparar suas
canelas?
Não pode.
E um pé? Não. E um dedo?
E um cabelo? Não.
A honra não é cirurgião.
O que é então? Uma palavra.
O que há nesta palavra?
Há ar, que voa.
Bela construção!
A honra, pode senti-la quem está
morto?
Não. Vive somente com os vivos?...
Tampouco: pois de qualquer maneira
Segunda Cena
Scena Seconda
Meg
Alice
Lo gonfian le lusinghe,
lo corrompe l'orgoglio,
L'ammorban le calunnie;
e per me non ne voglio!
Ma, per tornare a voi, furfanti,
ho atteso troppo.
E vi discaccio.
(Prende in mano la scopa e
insegue Bardolfo e Pistola che
scansano i colpi correndo qua
e là)
Olà! Lesti! Lesti!
Al galoppo! A galoppo!
Il capestro assai bene vi sta.
Ladri! Via! Via di qua!
Via di qua! Via di qua!
(Bardolfo fugge dalla porta a sinistra.
Pistola dalla porta del fondo, non
senza essersi buscato qualche colpo
di granata, e Falstaff lo insegue)
(Giardino. A sinistra la casa di
Ford. Gruppi d'alberi nel centro
della scena. Alice, Nannetta, Meg,
Mrs. Quickly, poi Mr. Ford, Fenton,
Dr. Cajus, Bardolfo, Pistola. Meg e
Mrs. Quickly da destra. S'avviano
verso la casa di Ford e sulla soglia si
imbattono in Alice e Nannetta che
stanno per uscire)
(salutando)
Alice.
(come sopra)
Meg
incham-no as lisonjas,
corrompe-o o orgulho,
contaminam-no as calúnias;
e isto para mim não quero!
Mas, para voltar a vocês, tratantes,
esperei demais.
E os expulso.
(Pega a vassoura com as mãos e
persegue Bardolfo e Pistola, que
evitam os golpes correndo daqui
para lá)
Olá! Rápido! Rápido!
A galope! A galope!
O cabestro cai muito bem em vocês!
Ladrões! Saiam! Saiam daqui!
Saiam daqui! Saiam daqui!
(Bardolfo foge pela porta da
esquerda. Pistola pela porta do
fundo, não sem levar alguns golpes
de vassoura, e Falstaff o persegue)
(Jardim. À esquerda, a casa de
Ford. Grupos de árvores no centro
da cena. Alice, Nannetta, Meg, Mrs.
Quickly e depois Mr. Ford, Fenton,
Dr. Caius, Bardolfo, Pistola. Meg e
Mrs. Quickly à direita. Caminham
rumo à casa de Ford e encontram-se
com Alice e Nannetta, que estão de
saída, à soleira)
(saudando)
Alice!
(como acima)
Meg!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52
(salutando)
Nannetta.
(a Meg)
Escivo appunto. Per ridere con
te.
(a Mrs. Quickly)
Buon dì, comare.
Dio vi doni allegria.
(accarezzando la guancia di
Nannetta)
Botton di rosa!
(ancora a Meg)
Giungi in buon punto.
M'accade un fatto da
trasecolare.
Anche a me.
(avvicinadosi con
curiosità)
Che?
(avvicinandosi)
Che cosa?
(a Meg)
Narra il tuo caso.
Narra il tuo.
Narra! Narra!
Promessa di non ciarlar.
Ti pare?
(saudando)
Nannetta!
(para Meg)
Estava mesmo saindo. Para rir com
você.
(para Mrs. Quickly)
Bom dia, comadre.
Deus lhe dê alegria.
(acariciando a bochecha de
Nannetta)
Botão de rosa!
(ainda para Meg)
Chegou num bom momento.
Aconteceu-me um fato
inacreditável.
A mim também.
(aproximando-se com
curiosidade)
O quê?
(aproximando-se)
O que foi?
(para Meg)
Conte seu caso.
Conte o seu.
Conte, conte!
Prometa não fazer fofoca.
Imagine!
Meg
Alice
Quickly
Alice
Meg
Quickly
Nannetta
Alice
Meg
Nannetta Quickly
Alice
Meg
Oibò! Vi pare?
Dunque: se m'acconciassi a entrar
ne' rei
Propositi del diavolo, sarei
Promossa
al grado si Cavalleressa!
Anch'io
Motteggi.
(cerca in tasca, estrae una lettera)
Non più parole,
Ché qui sciupiamo la luce del sole.
Ho una lettera.
(cerca in tasca)
Anch'io.
Oh!
(dà la lettera a Meg)
Leggi.
(scambia quella di Alice)
Leggi.
(leggendo la lettera di Alice)
"Fulgida Alice! amor t'offro..."
...Ma come?
Che cosa dice?
Salvo che il nome
La frase é uguale.
(ripete la lettera di Meg)
"Fulgida Meg, amor t'offro..."
"...amor bramo."
Ora essa! Imagine!
Então: se eu me enfeitasse para
entrar nos
reais propósitos do diabo, seria
promovida
ao grau de Cavaleira!
Eu também.
Está brincando.
(procura no bolso, tira uma carta)
Chega de palavras,
estamos desperdiçando a luz do sol.
Tenho uma carta.
(procura no bolso)
Eu também.
Oh!
(dá a carta a Meg)
Leia.
(dá a sua a Alice)
Leia.
(lendo a carta de Alice)
“Fúlgida Alice! amor lhe ofereço...”
Mas como?
O que está dizendo?
Salvo o nome,
a frase é igual.
(lendo a carta de Meg)
"Fúlgida Meg, amor lhe ofereço..."
"...amor desejo."
Quickly
Alice
Meg
Alice
Meg
Alice
Nannetta Quickly
Alice
Meg
Alice
Meg
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54
Qua "Meg", là "Alice"
È tal e quale,
"Non domandar perchè, ma dimmi..."
"...t'amo"
Pur non gli offersi cagion.
Il nostro caso é pur strano.
(tutte in un gruppo addosso alle
lettere, confrontandole e
maneggiandole con curiosità)
Guardiam con flemma.
Gli stessi versi.
Lo stesso inchiostro.
La stessa mano.
Lo stesso stemma.
(leggendo insieme ciascuna sulla
propria lettera)
"Sei la gaia comare,
il compar gaio "son io,
e fra noi due facciamo il
paio."
Già.
Lui, lei, te.
Un paio in tre.
"Facciamo il paio in un amor
ridente"
"di donna bella e d'uom..."
Aqui “Meg”, lá “Alice”.
É tal e qual,
"Não pergunte por quê, mas me diga:..."
"...amo você."
Mas nunca lhe dei razão.
O nosso caso é mesmo estranho.
(todas em grupo ao redor das
cartas, confrontando-as e
manejando-as com curiosidade)
Vamos olhar com calma.
Os mesmos versos.
A mesma tinta.
A mesma mão.
O mesmo brasão.
(lendo juntas, cada uma sua
própria carta)
"Você é a alegre comadre,
o compadre alegre sou eu,
e aqui entre nós dois formamos um
par."
É.
Ele, ela, você.
Um par de três.
“Formamos um par em um amor
risonho”
“de uma bela mulher e um homem..."
Alice
Meg
Alice
Meg
Quickly
Meg
Alice
Quickly
Nannetta
Alice Meg
Alice
Nannetta
Quickly
Alice
"...appariscente..."
"Ma il viso tuo su me
risplenderà
Come una stella sull'immensità."
(ridendo)
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
"Rispondi al tuo scudiere,
John Falstaff Cavaliere."
Mostro!
Monstruo!
Dobbiam gabbarlo.
E farne chiasso.
E metterlo in burletta.
Oh! Oh! che spasso!
Che allegria!
Che vendetta!
Quell'otre, quel tino!
Quel Re delle pance,
Ci ha ancora le ciance
Del bel vagheggino.
E l'olio gli sgocciola
Dall'adipe unticcio
E ancor ei ne snocciola
La strofa e il bisticcio!
Lasciam ch'ei le pronte
Sue ciarle ne spifferi;
Farà come i pifferi
Che sceser dal monte.
Todas Tutte
Alice
Todas Tutte
Alice
Quickly
Meg Nannetta Alice
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
Quickly
Meg
Alice
"... vistoso..."
"Mas o seu rosto sobre mim
resplandecerá
como uma estrela sobre a imensidão."
(rindo)
Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha!
"Responda ao seu escudeiro,
John Falstaff Cavaleiro."
Monstro!
Monstro!
Devemos enganá-lo.
E fazer um estardalhaço.
E expô-lo ao ridículo.
Oh, oh! Que divertido!
Que alegria!
Que vingança!
Aquele odre, aquela tina!
Aquele Rei das panças,
e que ainda tem a conversa fiada
de um belo galanteador.
E o óleo pinga
da sua gordura sebosa
e ele ainda recita
versos e jogos de palavras!
Deixemos que ele desembuche
suas frases feitas;
fará como os pífaros
que descem da montanha.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56
Vedrai che, se abbindolo
Quel grosso compar,
Più lesto d'un guindolo
Lo faccio girar.
Quell'uomo é un cannone!
Se scoppia, ci spaccia.
Colui, se l'abbraccia,
Ti schiaccia Giunone.
Ma certo si spappola.
Quel mostro a tuo cenno
E corre alla trappola
E perde il suo senno.
Potenza di un fragile
Sorriso di donna!
Scienza d'un agile
Movenza di gonna!
Se il vischio lo impegola
Lo udremo strillar,
E allor la sua fregola
Vedremo svampar.
Se ordisci una burla,
Vo' anch'io la mia parte.
Conviene condurla
Con senno, con arte.
L'agguato ov'ei sdrucciola
Convien ch'ei non scerna;
Già prese una lucciola
Per una lanterna.
Che il gioco riesca
Perciò non dubito;
Per coglierlo subito.
Bisogna offrir l'esca
E se i scilinguagnoli
Sapremo adoprar,
Vedremo a rigagnoli
Quell'orco sudar.
Un flutto in tempesta
Vocês verão que, se eu enganar
aquele compadre gordo,
mais rápido do que um moinho
o farei girar.
Aquele homem é um canhão!
Se dispara, a nós é que lança!
Aquele lá, se abraçá-la,
derrota a sua Juno.
Mas certamente se derrete
aquele monstro a um aceno seu,
e corre para a armadilha
e perde o juízo.
O poder de um frágil
sorriso de mulher!
A ciência de um ágil
movimento de saia!
Se ele morder a isca,
o ouviremos estrilar,
e então o seu desejo
veremos se dissipar.
Se você planeja uma burla,
também quero fazer parte.
Convém conduzi-la
com juízo e com arte.
Da emboscada em que vai cair
convém que ele não suspeite;
Já confunde um vagalume
com uma lanterna.
Que o jogo funcionará,
disso não duvido;
para pegá-lo rápido,
precisa oferecer a isca.
E se o bom papo
soubermos utilizar,
veremos então como um regato
aquele gordo suar.
Uma grande onda na tempestade
Meg
Nannetta
Quickly
Gittò sulla rena
Di Windsor codesta
Vorace balena.
Ma qui non ha spazio
Da farsi più pingue;
Ne fecer già strazio
Le vostre tre lingue.
Tre lingue più allegre
D'un trillo di nacchere,
Che spargon più chiacchiere
Di sei cingallegre.
Tal sempre s'esilari
Quel bel cinguettar.
Così soglion l'ilari
Comari ciarlar.
(S'allontanano. Mr. Ford, Dr. Cajus,
Fenton, Bardolfo, Pistola entrano,
parlando a bassa voce e
brontolando)
(a Ford)
È un ribaldo, un furbo, un ladro,
Un furfante, un turco, un vandalo;
L'alto dì mandò a soqquadro
La mia casa e fu uno scandalo.
Se un processo oggi
gl'intavolo
Sconterà le sue rapine,
Ma la sua più degna fine
Sia d'andare in man del diavolo.
E quei due che avete accanto
Genti son di sua tribù,
Non son due stinchi di santo
Né son fiori di virtù.
(a Ford)
Falstaff, sì ripeto, giuro,
Per mia bocca il ciel v'illumina,
Contro voi John Falstaff rumina
lançou sobre a arena
de Windsor
uma voraz baleia.
Mas aqui não há mais espaço
para tornar-se mais gordo;
tamanho é já o estrago
feito por suas três línguas.
Três línguas mais alegres
do que um trinado de castanholas,
que são mais faladeiras
do que seis papagaios.
Que sempre seja alegre
aquele belo tagarelar.
Assim é que soam as felizes
comadres a conversar.
(Afastam-se. Mr. Ford, Dr. Caius,
Fenton, Bardolfo e Pistola entram,
falando com voz baixa e
resmungando)
(para Ford)
É um patife, um velhaco, um ladrão,
um tratante, um turco, um vândalo;
outro dia causou um estrago
em minha casa e foi um escândalo.
Se hoje um processo lhe
entabulamos,
vingaremo-nos dos seus roubos,
mas fim mais digno ele terá
se nas mãos do diabo terminar.
E os dois que estão ali no canto
são gente com a mesma atitude,
não têm feitio de santo
nem são flores de virtude.
(para Ford)
Falstaff, sim, repito, juro,
por minha boca o céu os ilumina,
contra vocês John Falstaff rumina
Dr. Cajus
Bardolfo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58
Un progetto alquanto impuro.
Son uom d'arme e quell'
infame
Più non vo' che v'impozzangheri;
Non vorrei, no, escir dai gangheri
Dell'onor per un reame!
Messer Ford, l'uomo avvisato
Non é salvo che a metà.
Tocca a voi d'ordir l'agguato
Che l'agguato stornerà.
(a Ford)
Sir John Falstaff già v'appresta,
Messer Ford, un gran pericolo.
Già vi pende sulla testa
Qualche cosa a perpendicolo.
Messer Ford, fui già un armigero
Di quell'uom dall'ampia cute;
Or mi pento e mi morigero
Per ragioni di salute.
La minaccia or v'è scoperta,
Or v'è noto il ciurmador.
State all'erta, all'erta, all'erta!
Qui di tratta dell'onor.
(a Ford)
Se volete, io non mi perito
Di ridurlo alla ragione
Colle brusche o colle buone,
E pagarlo al par del merito.
Mi dà il cuore e mi solletica,
E sarà una giostra gaia,
Di sfondar quella ventraia
iperbolico-apoplettica.
Col consiglio o colla spada
Se lo trovo al tu per tu,
O lui va per la sua strada
O lo assegno a Belzebù.
Un ronzio di vespe e d'avidi
um projeto um tanto impuro.
Sou homem de armas e aquele
infame
quer apenas envenená-los.
Não queria, não, deixar a compostura
e a honra por um reino!
Senhor Ford, o homem avisado
está a salvo só pela metade.
É seu dever tramar a emboscada
de que o emboscado desviará.
(para Ford)
Sir John Falstaff para vocês prepara,
Senhor Ford, um grande perigo.
Sobre sua cabeça já se dependura
um ameaçador artigo.
Senhor Ford, eu já fui escudeiro
daquele homem de grossa cútis,
agora me arrependo e me corrijo
por razões de saúde.
A ameaça é por vocês agora conhecida,
agora conhecem o enganador.
Fique alerta, alerta, alerta!
É a sua honra, meu senhor!
(para Ford)
Se quiserem, não hesito
de levá-lo à razão,
por bem ou por mal então,
e pagar de acordo com seu mérito.
Me traz coragem e causa cócegas,
e será um duelo alegre,
arrebentar aquela barrigona
hiperbólica-apoplética.
Com conselhos ou com a espada,
se encontrá-lo cara a cara,
ou ele segue seu caminho,
ou a Belzebu eu o envio.
Um zumbido de vespas e de ávidos
Pistola
Fenton
Ford
Calabron brontolamento,
Un rombar di nembi gravidi
D'uragani é quel ch'io sento.
Il cerebro un ebro allucina
Turbamento di paura
Ciò che intorno a me si buccina,
È un sussurro di congiura.
Parlan quattro e uno ascolta;
Qual dei quattro ascolterò?
Se parlaste uno alla volta
Forse allor v'intenderò
(a Pistola)
Ripeti.
(a Ford)
In due parole: L'enorme Falstaff
vuole
Entrar nel vostro tetto,
Beccarvi la consorte,
Sfondar la cassaforte
e sconquassarvi il letto.
Caspita!
Quanto guai!
(a Ford)
Già le scrisse un biglietto...
(interrompendolo)
Ma quel messaggio abbietto
ricusai.
Ricusai.
Badate a voi!
Badate!
zangões um sussurro,
um retumbar de nuvens carregadas
de tempestade é o que escuto.
O cérebro um ébrio alucina,
um medo profundo chama;
isto ao meu redor como uma buzina
é um sussurro de grande trama.
Falam quatro e um escuta;
qual dos quatro devo escutar?
Se falasse um de cada vez,
talvez assim eu viesse a concordar.
(para Pistola)
Repita.
(para Ford)
Em duas palavras: o enorme Falstaff
quer
entrar sob seu teto,
mordiscar sua consorte,
arrombar a caixa forte
e destruir o seu leito.
Cáspite!
Que problema!
(para Ford)
Já lhe escreveu um bilhete...
(interrompendo-o)
Mas recusei aquela mensagem
abjeta.
Recusei.
Tenham cuidado!
Cuidado!
Pistola
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo
Pistola
Bardolfo
Pistola
Bardolfo
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60
Falstaff le occhieggia tutte,
Che siano belle o brutte,
Pulzelle o maritate.
Tutte! Tutte! Tutte! Tutte!
La corona che adorna
D'Atteòn l'irte chiome
Su voi già spunta.
Come sarebbe a dir?
Le corna.
Brutta parola!
Ha voglie voraci il Cavaliere.
Sorveglierò la moglie.
Sorveglierò il messere.
(rientrano da sinistra le quattro
donne)
Salvar vo' i beni miei
Dagli appetiti altrui.
(vedendo Nannetta)
È lei
(vedendo Fenton)
È lui
(vedendo Alice)
È lei
(vedendo Ford)
È lui
(vedendo Alice)
Falstaff fica de olho em todas,
sejam bonitas ou feias,
solteiras ou casadas.
Todas! Todas! Todas! Todas!
A coroa que adorna
a cabeleira eriçada de Atteon
sobre vocês já desponta.
O que está dizendo?
Os chifres.
Palavra feia!
Tem desejos vorazes o Cavaleiro.
Vigiarei a mulher.
Vigiarei o senhor.
(retornam pela esquerda as quatro
mulheres)
Quero salvar meus bens
dos apetites de outro.
(vendo Nannetta)
É ela.
(vendo Fenton)
É ele.
(vendo Alice)
É ela.
(vendo Ford)
É ele.
(vendo Alice)
Pistola
Bardolfo Pistola
Bardolfo
Ford
Bardolfo
Ford
Dr. Cajus
Ford
Fenton
Nannetta
Ford
Alice
Dr. Cajus
Meg
Alice
Nannetta
Alice
Meg
Alice
Quickly
Alice
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta Fenton
É ela.
(vendo Ford)
É ele.
(vendo Ford)
Se ele soubesse!
Olhem!
Esquivemo-nos dos seus passos.
Ford é ciumento?
Muito.
Silêncio.
Tenhamos cuidado.
(Alice, Meg e Quickly saem
pela esquerda. Nannetta fica.
Ford, Dr. Caius, Bardolfo e Pistola
saem pela direita. Fenton fica)
(com voz baixa)
Psiu, psiu, Nannetta.
(colocando o indicador nos lábios)
Ssshhh.
Venha cá.
(olhando ao redor com cautela)
Calado. O que você quer?
Dois beijos.
Depressa.
È lei
(vedendo Ford)
È lui
(vedendo Ford)
S'egli sapesse!
Guai!
Schiviamo i passi suoi.
Ford é geloso?
Assai.
Zitto
Badiamo a noi.
(Alice, Meg e Quickly escono
da sinistra. Resta Nannetta.
Ford, Dr. Cajus, Bardolfo e Pistola
escono da destra. Resta Fenton)
(a bassa voce)
Pst, pst, Nannetta.
(mettemdo l'indice al labbro)
Sss.
Vien qua
(guardando attorno con cautela)
Taci. Che vuoi?
Due baci.
In fretta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
(Si bacciano rapidamente).
Labbra di foco!
Labbra di fiore!...
Che il vago gioco sanno d'amore.
Che spargon ciarle,
Che mostran perle,
Belle a vederle,
Dolci a baciarle!
(tenta di abbracciarla)
Labbra leggiadre!
(difendendosi e guardandosi
attorno)
Man malandrine!
Ciglia assassine!
Pupille ladre!
T'amo!
(fa per baciarla ancora).
Imprudente, no.
Sì... due baci.
(si svincola)
Basta.
Mi piaci tanto!
Vien gente.
(si allontanano l'uno dall'altro, mentre
ritornano le donne)
(Beijam-se rapidamente)
Lábios de fogo!
Lábios de flor!
Que sabem o jogo vago do amor.
Que dizem fofocas,
que mostram pérolas,
belas ao se ver,
doces ao se beijar!
(tenta abraçá-la)
Lábios graciosos!
(defendendo-se e olhando
ao redor)
Mãos malandrinhas!
Olhar assassino!
Pupilas ladras!
Amo você!
(tenta beijá-la de novo)
Imprudente, não.
Sim... dois beijos
(solta-se)
Basta.
Gosto tanto de você!
Vem vindo gente.
(se afastam um do outro, enquanto
retornam as mulheres)
(cantando allontanandosi)
"Bocca baciata non perde
ventura"
(continuando il canto di
Fenton, avvicinandosi alle
altre donne)
"Anzi rinnova come fa
la luna"
(Fenton si nasconde dietro gli
alberi del fondo).
Falstaff m'ha canzonata.
Merita un gran castigo.
Se gli scrivessi un
rigo?...
Val meglio un'ambasciata.
Si.
(a Quickly)
Da quel brigante
Tu andrai. Lo adeschi all'offa
D'un ritrovo galante con me.
Questa é gaglioffa!
Che bella burla!
Prima, per attirarlo a noi,
Lo lusinghiamo...
E poi?
... e poi gliele cantiamo in
rima.
(cantando ao se afastar)
"Boca beijada não perde a
ventura"
(continuando a canção de
Fenton e aproximando-se das
outras mulheres)
"Pelo contrário, se renova, como faz
a lua"
(Fenton se esconde atrás das
árvores ao fundo)
Falstaff zombou de mim.
Merece um grande castigo.
E se lhe escrevesse uma
mensagem?…
É melhor uma embaixada.
Sim.
(para Quickly)
Até aquele bandido
você irá. Seduza-o com a oferta
de um galante encontro comigo.
Essa é boa!
Excelente embuste!
Primeiro, para atraí-lo até nós,
o iludimos…
E depois?
...e depois daremos a ele o que
merece.
Fenton
Nannetta
Alice
Meg
Alice
Nannetta
Alice Quickly
Alice
Quickly
Nannetta
Alice
Nannettta
Alice
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 64
Quickly
Alice
Meg
Alice
Meg
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Meg Quickly
Alice Nannetta
Meg
Quickly
Meg
Fenton
Nannetta
Fenton
Non merita riguardo.
È un bove.
È un uom senza fede.
È un monte di lardo.
Non merta clemenza.
È un ghiotton che scialacqua
Tutto il suo aver nel cuoco.
Lo tufferem nell'acqua.
Lo arrostiremo al fuoco.
Che gioia!
Che allegria!
Che gioia!
(a Quickly)
Procaccia di far bene la tua parte.
Chi viene?
La c'è qualcun che spia.
(Escono rapidamente da destra
Alice, Meg, Quickly. Nannetta resta,
Fenton le torna accanto)
Torno all'assalto.
Torno alla gara. Ferisci!
Para!
Não merece um olhar.
É um boi.
E um homem sem fé.
É um monte de toucinho.
Não merece clemência.
É um glutão que desperdiça
tudo o que tem com seu cozinheiro.
Vamos mergulhá-lo na água.
Vamos assá-lo no fogo.
Que felicidade!
Que alegria!
Que felicidade!
(para Quickly)
Procure fazer bem a sua parte.
Quem está vindo?
Tem alguém ali espiando.
(Saem rapidamente pela direita
Alice, Meg e Quickly. Nannetta fica,
Fenton se aproxima dela)
Volto ao ataque.
Volto à luta. Fira!
Para!
(Si slancia per baciarla. Nannetta
si ripara il viso con una mano
che Fenton bacia e ribacia; ma
Nannetta la sollea più alta che
può Fenton ritenta invano di
raggiungerla con le labbra)
La mira é in alto.
L'amor é un agile Torneo,
sua corte
Vuol che il più fragile
Vinca il più forte.
M'armo, e ti guardo.
T'aspetto al varco.
Il labbro é l'arco.
E il bacio é il dardo
Bada! la freccia
Fatal già scocca
Dalla mia bocca
Sulla tua treccia.
(Le bacia la treccia)
(annodandogli il collo
colla treccia)
Eccoti avvinto.
Chiedo la vita!
Io son ferita,
Ma tu sei vinto.
Pietà! Facciamo
La pace e poi...
E poi?
(Lança-se para beijá-la; Nannetta
protege o rosto com uma mão,
que Fenton beija sem parar, mas
Nannetta a eleva o mais alto
que pode e Fenton tenta em vão
alcançá-la com os lábios)
A mira é para o alto.
O amor é um ágil torneio,
sua corte
quer que o mais frágil
vença o mais forte.
Me armo e olho para você.
Ficarei de tocaia.
O lábio é o arco.
E o beijo é o dardo.
Cuidado! A flecha
fatal já dispara
da minha boca
rumo à sua trança.
(Beija a trança dela)
(envolvendo o seu pescoço
com a trança)
Eis que está preso.
Imploro pela vida!
Eu estou ferida,
mas você está vencido.
Piedade! Façamos
as pazes e depois...
E depois?
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 66
Se vuoi, ricominciamo.
Bello é quel gioco
Che dura poco. Basta.
Amor mio!
Vien gente. Addio!
(fugge da destra)
"Bocca baciata non perde ventura".
(di dentro rispondendo)
"Anzi rinnova come fa la luna"
(Rientrano dal fondo Ford, Dr. Cajus,
Bardolfo, Pistola)
(a Ford)
Udrai quanta egli sfoggia
Magniloquenza altera.
Diceste ch'egli alloggia.
Dove?
Alla Giarrettiera.
A lui mi annuncerete,
Ma con un falso nome;
Poscia vedrete come
Lo piglio nella rete.
Ma... non una parola.
In ciarle non m'ingolfo.
Io mi chiamo Bardolfo.
Io mi chiamo Pistola.
Siam d'accordo.
Se quiser, recomeçamos.
Belo é aquele jogo
que dura pouco. Basta.
Meu amor!
Vem vindo gente. Adeus!
(foge pela direita)
"Boca beijada não perde a ventura"
(de dentro, respondendo)
"Pelo contrário, se renova, como faz a lua"
(Regressam do fundo Ford, Dr. Caius,
Bardolfo e Pistola)
(para Ford)
Você ouvirá o quanto ele ostenta
uma alterada grandiloquência.
Você disse que ele está alojado.
Onde?
Na Jarreteira.
Para ele você me anunciará,
mas com um nome falso;
depois você verá como
o pego com minha rede.
Mas… nem uma palavra.
Em fofocas não me envolvo.
Eu me chamo Bardolfo.
Eu me chamo Pistola.
Estamos de acordo.
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Bardolfo
Ford
Pistola
Ford
Bardolfo
Pistola
Ford
Bardolfo
Pistola
Ford
Bardolfo Pistola
Ford
Dr. Cajus
Pistola
Ford
L'arcano custodirem.
Son sordo e muto.
Siam d'accordo tutti.
Sì.
Qua la mano.
(Si avanzano nel fondo Alice,
Nannetta, Meg, Quickly)
(a Ford)
Del tuo barbaro diagnostico
Forse il male é assai men barbaro.
Ti convien tentar la prova
Molestissima del ver.
Così avvien col sapor
ostico
Del ginepro e del rabarbaro;
Il benessere rinnova
L'amarissimo bicchier.
(a Ford)
Voi dovete empirgli il calice,
Tratto tratto, interrogandolo,
per tentar se vi riesca
Di trovar del nodo il bandolo.
Come all'acqua inclina il
salice,
così al vin quel Cavalier.
Scoverete la sua tresca,
scoprirete il suo pensier.
(a Pistola)
Tu vedrai se bene adopera
L'arte mia con quell'infame.
E sarà prezzo dell'opera
S'io discopro le sue trame.
O arcano guardaremos.
Sou surdo e mudo.
Estamos de acordo todos.
Sim.
Aqui, a mão.
(Aproximam-se ao fundo Alice,
Nannetta, Meg e Quickly)
(para Ford)
Do seu bárbaro diagnóstico
talvez o mal seja menos bárbaro.
Convém a você tentar a prova
molestíssima da verdade.
Assim se dá com o desagradável
sabor
do gengibre e do ruibarbo:
a amaríssima bebida
o bem-estar renova.
(para Ford)
Vocês devem encher o seu cálice,
sem parar, interrogando-o,
para tentar conseguir
encontrar o “x” da questão.
Como até a água inclina-se o
salgueiro,
ao vinho inclina-se esse Cavaleiro.
Descobrirão a sua treta,
revelarão seu pensamento.
(para Pistola)
Você verá se funciona bem
a minha arte com aquele infame.
E terá valido a pena
se eu descobrir as suas tramas.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 68
Se da me storno il ridicolo
Non avrem sudato invan.
S'io mi salvo dal pericolo,
L'angue morde il cerretan.
(a Ford)
Messer Ford, un infortunio
Marital in voi si incorpora;
Se non siete astuto e cauto
Quel sir John vi tradirà.
Quel paffuto plenilunio
Che il color del vino imporpora
Troverebbe un pasto lauto
Nella vostra ingenuità.
(fra sè)
Qua borbotta un crocchio
d'uomini,
C'è nell'aria una malia.
Là cinguetta un stuol di femine,
Spira un vento agitator.
Ma colei che in cor mi nomini,
Dolce amor, vuol esser mia!
Noi sarem come due gemine
Stelle unite in un ardor.
(a Meg)
Vedrai che, se abbindolo
Quel grosso compar.
Più lesto d'un guindolo
Lo faccio girar
(ad Alice)
Se il vischio lo impegola
Lo udremo strillar,
E allor la sua fregola
Vedremo svampar.
(ad Alice)
E se i scilinguagnoli
Se de mim eu desviar o ridículo,
nosso suor não terá sido em vão.
Se eu me salvar do perigo,
a serpente morde o charlatão.
(para Ford)
Senhor Ford, um infortúnio
marital o ameaça,
se não for astuto e cauto
aquele Sir John o trairá.
Aquela lua cheia gorducha
que a cor do vinho torna púrpura
encontrará um pasto abundante
na sua ingenuidade.
(para si)
Aqui resmunga um bando de
homens,
há no ar um encantamento.
Ali gorjeia uma multidão de mulheres,
sopra um vento agitador.
Mas aquela que no coração me chama,
doce amor, quer ser minha!
Nós seremos como duas estrelas
gêmeas unidas em um ardor.
(para Meg)
Vocês verão que, se eu enganar
aquele compadre gordo,
mais rápido do que um moinho
o farei girar
(para Alice)
Se ele morder a isca,
o ouviremos estrilar,
e então o seu desejo
veremos se dissipar.
(para Alice)
E se o bom papo
Bardolfo
Fenton
Alice
Meg
Nannetta
Sapremo adoprar,
Vedremo a rigagnoli
Quell'orco sudar
Tal sempre s'esilari
Quel bel cinguettar;
Così soglion l'ilari
Comari ciarlar.
(Ford, Dr. Cajus, Fenton, Bardolfo,
Pistola escono)
Qui più non si vagoli...
(a Quickly)
Tu corri all'ufficio tuo.
Vo' ch'egli miagoli
D'amor come un micio.
(a Quickly)
È intesa.
Sì.
È detta.
Domani.
Sì. Sì.
Buon dì, Meg.
Nannetta, buon dì.
Addio.
Buon dì.
soubermos utilizar,
veremos então como um regato
aquele gordo suar.
Que sempre seja alegre
aquele belo tagarelar.
Assim é que soam as felizes
comadres a conversar.
(Ford, Dr. Caius, Fenton, Bardolfo
e Pistola saem)
Nada de vagar mais por aqui…
(para Quickly)
Corra para o seu trabalho.
Quero que ele mie de amor
como um gatinho.
(para Quickly)
Concorda.
Sim.
Assim será.
Amanhã.
Sim. Sim.
Bom dia, Meg.
Nannetta, bom dia.
Adeus.
Bom dia.
Quickly
Alice
Nannetta
Alice
Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
Alice
Quickly
Nannetta
Meg Nannetta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 70
Alice
Alice Meg
Alice Meg
Quickly Nannetta
Alice
Todas
Tutte
Ato II
Primeira Cena
Atto II
Parte Prima
Bardolfo Pistola
Falstaff
Bardolfo Pistola
Bardolfo
Vedrai che quell'epa
Terribile e tronfia si gonfia.
Si gonfia.
Si gonfia e poi crepa.
"Ma il viso mio su lui
risplenderà..."
"Come una stella
sull'immensità"
Ah! Ah! Ah!...
(s'allontanano ridendo)
Fine del Primo Atto.
(L'interno dell'Osteria della
Giarrettiera, come nell'atto primo.
Falstaff sempre adagiato nel suo
gran seggiolone al suo solito posto
bevendo il suo Xeres. Bardolfo e
Pistola verso il fondo accanto alla
porta di sinistra. Poi Mrs. Quickly)
(cantando insieme e battendosi il
petto in atto di pentimento)
Siam pentiti e contriti.
(volgendosi appena verso
Bardolfo e Pistola)
L'uomo ritorna al vizio,
La gatta al lardo...
E noi, torniamo al tuo servizio.
(a Falstaff)
Padron, là c'è una donna
Verão que aquela pança
terrível e metida se incha.
Se incha.
Se incha e depois racha.
"Mas o meu rosto sobre ele
resplandecerá...
“... como uma estrela
sobre a imensidão!"
Ah! Ah! Ah!…
(Afastam-se rindo)
Fim do Primeiro Ato
(Interior da taverna da Jarreteira,
como no primeiro ato. Falstaff
sempre acomodado na sua grande
poltrona, no mesmo lugar, bebendo
seu xerez. Bardolfo e Pistola mais
ao fundo, próximos da porta da
esquerda. E Mrs. Quickly)
(cantando juntos e batendo
no peito, em ato de arrependimento)
Estamos arrependidos e contritos.
(mal voltando-se para
Bardolfo e Pistola)
O homem retorna ao vício,
a gata ao toucinho...
E nós, voltamos ao seu serviço.
(para Falstaff)
Patrão, tem aí uma mulher
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
que à sua presença
pede para ser admitida.
Que entre.
(Bardolfo sai pela esquerda e regressa
logo, acompanhando Mrs. Quickly)
(inclinando-se profundamente para
Falstaff, que permanece sentado)
Reverência!
Bom dia, boa mulher.
Se Sua Graça permite,
(aproximando-se com grande respeito
e cautela)
se Sua Graça permite,
eu queria, secretamente,
dizer-lhe quatro palavras.
Concedo-lhe a audiência.
(para Bardolfo e Pistola, parados
ao fundo, espiando)
Saiam.
(saem pela esquerda, fazendo
gestos de escárnio)
(inclinando-se novamente e
aproximando-se mais do que antes)
Reverência! A dama…
(com voz baixa)
Alice Ford...
che alla vostra presenza
Chiede d'essere ammessa.
S'inoltri.
(Bardolfo esce da sinistra e ritorna
subito accompagnando Mrs Quickly)
(inchinandosi profondamente verso
Falstaff il quale é ancora seduto)
Reverenza!
Buon giorno, buona donna.
Se Vostra Grazia vuole,
(avvicinandosi con gran rispetto
e cautela)
Se Vostra Gracia vuole,
Vorrei, segretamente,
dirle quattro parole.
T'accordo udienza.
(a Bardolfo e Pistola, rimasti nel
fondo a spiare)
Escite.
(escono da sinistra facendo
sberleffi)
(facendo un altro inchino ed
avvicinandosi più di prima)
Reverenza! Madonna
(a bassa voce)
Alice Ford...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 72
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
(alzandosi ed accostandosi a
Quickly premuroso)
Ebben?
Ahimè! Povera donna!
Siete un gran seduttore!
(subito)
Lo so. Continua.
Alice
Sta in gran agitazione
d'amor per voi; vi dice
Ch'ebbe la vostra lettera,
che vi ringrazia e che
Suo marito esce sempre
dalle due alle tre.
Dalle due alle tre.
Vostra Grazia a quell'ora
Potrà liberamente salir ove dimora
La bella Alice!
Povera donna!
le angosce sue
Son crudeli! ha un marito
geloso!
(rimuginando le parole di Quickly)
Dalle due alle tre.
(a Quickly)
Le dirai che impaziente aspetto
Quell'ora. Al mio dovere non
mancherò.
Ben detto. Ma c'è un'altra
ambasciata
per Vostra Grazia.
(levantando-se e encostando-se
em Quickly solícito)
O que tem?
Ai de mim! Pobre mulher!
Você é um grande sedutor!
(rápido)
Sou. Continue.
Alice
está muito agitada
com o amor por você; manda dizer
que recebeu sua carta,
que lhe agradece e que
seu marido sai sempre
das duas às três.
Das duas às três.
Sua graça a essa hora
poderá livremente subir aonde mora
a bela Alice!
Pobre mulher!
Suas angústias
são cruéis! Tem um marido
ciumento!
(remoendo as palavras de Quickly)
Das duas às três.
(para Quickly)
Diga a ela que impaciente espero
essa hora. Ao meu dever não
faltarei.
Muito bem. Mas há outra
embaixada
para Sua Graça.
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Fale.
A bela Meg,
um anjo que apaixona quem a olha,
também ela o saúda
muito amorosamente;
diz que seu marido
raramente está ausente.
Pobre mulher!
Um lírio de candura e de fé!
Você enfeitiçou todas.
Bruxaria não há,
mas sim um certo encanto pessoal
de minha parte... Diga: uma
sabe da outra?
Jamais! A mulher nasce astuta.
Não tema.
(procurando na sua bolsa)
Agora quero remunerá-la...
Quem semeia graças, colhe amor.
(extraindo uma moeda e
dando-a a Quickly)
Pegue, Mercúrio-fêmea.
(dispensando-a com um gesto)
Saúde as suas damas.
Me inclino.
(Sai)
(sozinho)
Alice é minha!
Vá, velho John, vá, vá por seu caminho.
Parla.
La bella Meg ,
un angelo che innamora a guardarla,
Anch'essa vi saluta
molto amorosamente;
Dice che suo marito
é assai di rado assente.
Povera donna!
un giglio di candore e di fe'!
Voi le stregate tutte.
Stregoneria non c'è,
Ma un certo qual mio fascino
personal!... Dimmi: l'altra
Sa di quest'altra?
Oibò! La donna nasce scaltra.
Non temete.
(cercando nella sua borsa)
Or ti vo' remunerar...
Chi semina grazie, raccoglie amore.
(estraendo una moneta e
porgendola a Quickly)
Prendi, Mercurio-femina.
(congedandola col gesto)
Saluta le tue dame.
M'inchino
(Esce)
(solo)
Alice é mia!
Va, vecchio John, va, va per la tua via.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 74
Questa tua vecchia carne
ancora spreme
Qualche dolcezza a te.
Tutte le donne ammutinate insieme
Si dannano per me!
Buon corpo di Sir John,
Ch'io nutro e sazio,
Va, ti ringrazio.
(entrando da sinistra)
Padron, di là c'è un certo
Messer Mastro Fontana
Che anela di conoscervi;
offre una damigiana
Di Cipro per l'asciolvere
di Vostra Signoria.
Il suo nome é Fontana?
Sì.
Bene accolta sia
La fontana che spande
Un simile liquore!
Entri.
(Bardolfo esce)
Va, vecchio John, per la tua via.
(Ford travestito entra da sinistra,
preceduto da Bardolfo che si ferma
all'uscio e s'inchina al suo passaggio
e seguito da Pistola, il quale tiene
una damigiana che depone sul
tavolo. Pistola e Bardolfo restano
sul fondo. Ford tiene un sacchetto
in mano)
(avanzandosi dopo un grande
Esta sua velha carne
ainda traz
para você alguma doçura.
Todas as mulheres amotinadas juntas
perdem-se por mim!
Corpo bom de Sir John,
que eu nutro e sacio,
vá, eu agradeço.
(entrando pela esquerda)
Patrão, tem aí um certo
Senhor Mestre Fontana
que anseia por conhecê-lo;
oferece um garrafão de vinho
de Chipre para o café da manhã
de Sua Senhoria.
Seu nome é Fontana?
Sim.
Bem-vinda seja
a fonte que derrama
um licor assim!
Entre.
(Bardolfo sai)
Vá, velho John, pelo seu caminho.
(Ford disfarçado entra pela
esquerda, precedido por Bardolfo,
que para à porta e se inclina à sua
passagem, e é seguido por Pistola,
o qual tem um garrafão de vindo
que coloca sobre a mesa. Pistola e
Bardolfo ficam ao fundo. Ford tem
na mão um saquinho)
(aproximando-se depois de inclinar-se
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Bardolfo
Pistola
profundamente para a Falstaff)
Senhor, que o céu o proteja!
(retribuindo a saudação)
Que o proteja também, senhor.
(sempre muito cortês)
Eu sou,
na verdade, muito indiscreto,
e peço-lhe perdão,
se, sem cerimônias,
aqui venho desprovido
de mais longos preâmbulos.
Você é bem-vindo.
Em mim, você vê um homem
que tem uma grande abundância
das riquezas da vida;
um homem que gasta e reparte
como melhor lhe apraz
em sua extravagância.
Me chamo Fontana!
(indo apertar sua mão
com grande cordialidade)
Caro senhor Fontana!
Eu gostaria de
conhecê-lo muito mais.
Caro Sir John,
desejo falar confidencialmente
com você.
(sussura para Pistola no fundo,
espiando)
Atento!
(sussurra para Bardolfo)
Silêncio!
inchino a Falstaff)
Signore, v'assista il cielo!
(ricambiando il saluto)
Assista voi pur, signore.
(sempre complimentoso)
Io sono,
Davver, molto indiscreto,
e vi chiedo perdono,
Se, senza cerimonie,
qui vengo e sprovveduto
Di più lunghi preamboli.
Voi siete il benvenuto.
In me vedete un uomo
ch'ha un'abbondanza grande
Degli agi della vita;
un uom che spende e spande
Come più gli talenta
pur di passar mattana.
Io mi chiamo Fontana!
(andando a stringergli la mano
con grande cordialità)
Caro signor Fontana!
Voglio fare con voi
Più ampia conoscenza.
Caro Sir John,
desidero parlarvi in
confidenza.
(sottovoce a Pistola nel fondo,
spiando)
Attento!
(sottovoce a Bardolfo)
Zitto!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 76
Bardolfo
Pistola
Bardolfo
Pistola
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Guarda! Scommetto! Egli va dritto
Nel trabocchetto.
Ford se lo intrappola...
Zitto!
Zitto!
(a Bardolfo e Pistola)
Che fate là?
(a Ford, col quale é rimasto solo)
V'ascolto.
Sir John, m'infonde ardire
Un ben noto proverbio popolar:
si suol dire
Che l'oro apre ogni porta,
che l'oro é un talismano,
che l'oro vince tutto.
L'oro é un buon capitano
Che marcia avanti.
(avviandosi verso il tavolo)
Ebbene. Ho un sacco si
monete
Qua, che mi pesa assai.
Sir John, se voi volete
Aiutarmi a portarlo...
(prende il sacchetto e lo depone
sul tavolo)
Con gran piacer...
non so, davver,
per qual mio merito, Messer.
Ve lo dirò.
Olhe! Aposto que ele vai direto
para a armadilha.
Ford o ludibria...
Silêncio!
Silêncio!
(para Bardolfo e Pistola)
O que fazem aí?
(para Ford, que ficou sozinho)
Estou ouvindo.
Sir John, me inspira coragem
um bem conhecido provérbio popular:
costuma-se dizer
que o ouro abre qualquer porta,
que o ouro é um talismã,
que o ouro vence tudo.
O ouro é um bom capitão
que marcha adiante.
(avançando rumo à mesa)
Muito bem. Tenho um saco de
moedas
aqui, que me pesa demais.
Sir John, se você quiser
me ajudar a carregá-lo...
(pega o saquinho e o coloca
sobre a mesa)
Com grande prazer...
não sei, na verdade,
qual é o meu mérito, Senhor...
Eu os direi para você.
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Há em Windsor uma dama,
muito bela e graciosa;
chama-se Alice,
é mulher de um certo Ford.
Estou escutando.
Eu a amo e ela não me ama:
lhe escrevo, não responde;
a olho, não me olha;
a procuro e se esconde.
Por ela desperdicei tesouros,
esbanjei presentes sobre presentes,
idealizei, tramando,
o sonho das ocasiões.
Ai de mim! Tudo foi em vão!
Fiquei sobre a escada,
negligenciado, com a boca seca,
cantando um madrigal.
(cantarolando em tom de brincadeira)
"O amor,
o amor que nunca nos dá trégua,
até que a vida..."
“... ele destrói.
É como a sombra...
...há quem fuja...
...persiga…”
“E quem o persegue...
... foge.
O amor, o amor!”
E este madrigal
aprendi a preço de ouro.
Este é o destino fatal
do mísero amante.
O amor, o amor,
C'è a Windsor, una dama,
bella e leggiadra molto.
Si chiama Alice;
é moglie di un certo Ford.
V'ascolto.
Io l'amo e lei non m'ama;
le scrivo, non risponde;
La guardo, non mi guarda;
la cerco e si nasconde.
Per lei sprecai tesori,
gittai doni su doni,
Escogitai, tramando,
il vol delle occasioni.
Ahimè! tutto fu vano!
Rimasi sulle scale,
Negletto, a bocca asciutta,
cantando un madrigale.
(canterellando scherzosamente)
"L'amor,
l'amor che non ci dà mai tregue"
"finchè la vita...
..."strugge.
È come l'ombra...
" c'è chi fugge..."
"...insegue,,,"
"E chi l'insegue..."
"...fugge"
L'amor, l'amor!
E questo madrigale
l'ho appreso a prezzo d'or.
Quest'è il destin fatale
del misero amator.
L'amor, l'amor
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 78
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Che non ci dà mai luogo a
lusinghe?
Essa non vi die' mai luogo a
lusinghe?
No.
Ma infin, perchè v'aprite
a me?
Ve lo dirò:
Voi siete un gentiluomo
prode, arguto, fecondo,
Voi siete un uom di guerra,
voi siete un uom di mondo...
(con gento d'umiltà)
Oh!...
Non vi adulo,
e quello é un sacco di monete
Spendetele! Spendetele!
sì, spendete e spandete
Tutto il mio patrimonio!
Siate ricco e felice!
Ma, in contraccambio,
chiedo che conquistiate Alice!
Strana ingiunzion!
Mi spiego: quella crudel beltà
Sempre é vissuta
in grande fede di castità.
La sua virtù importuna
m'abbarbagliava gli occhi:
La bella inespugnabile dicea:
"Guai se mi tocchi"
Ma se voi l'espugnate,
poi, posso anch'io
que não nos dá nunca espaço para
ilusões?
E ela nunca lhe deu espaço para
ilusões?
Não.
Mas, enfim, por que se abre
comigo?
Eu lhe direi:
você é um cavalheiro
pródigo, arguto, fecundo,
você é um homem de guerra,
você é um homem do mundo…
(com humildade)
Oh!
Não o estou adulando,
e isso é um saco de moedas:
Gaste-as! Gaste-as!
Sim, gaste e espalhe
todo o meu patrimônio!
Seja rico e feliz!
Mas, em troca,
quero que você conquiste Alice!
Estranha imposição!
Me explico: aquela cruel beldade
sempre viveu
em grande voto de castidade.
A sua virtude inoportuna
me deslumbrava os olhos:
A bela inexpugnável dizia:
“Ai de você, se me tocar!”
Mas se você a expugnar,
depois eu também posso ter
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
sperar:
Da fallo nasce fallo e allor...
Che ve ne par?
Prima di tutto, senza complimenti,
Messere,
accetto il sacco.
E poi, fede il cavaliere,
Qua la mano!
farò le vostre brame sazie.
(stringendo forte la mano a Ford)
Voi, la moglie di Ford possederete.
Grazie!!
Io san già molto innanzi;
(non c'è ragion ch'io taccia
Con voi) fra una mezz'ora
sarà nelle mie braccia.
Chi?...
Alice. Essa mandò dianzi una...
confidente
Per dirmi che quel tanghero
di suo marito é assente
Dalle due alle tre.
Dalle due alle tre.
Lo conoscete?
Il diavolo
Se lo porti all'inferno
con Menelao suo avolo!
Vedrai! Te lo cornifico netto!
se mi frastorna
Gli sparo una girandola
di botte sulle corna!
esperança:
da falha nasce outra falha e então...
O que lhe parece?
Antes de tudo, sem lisonjas,
Senhor,
aceito o saco.
E depois, palavra de cavaleiro,
eis aqui a minha mão!
Farei que seus desejos se saciem.
(apertando forte a mão de Ford)
Você, a mulher de Ford possuirá.
Obrigado!
Eu já estou muito adiantado;
(não há razão para que me cale
com você) dentro de meia hora
estará em meus braços.
Quem?
Alice. Ela me mandou há pouco uma…
confidente
para me dizer que o cafona
do seu marido está ausente
das duas às três.
Das duas às três.
Você o conhece?
O diabo
que o carregue para o inferno,
com Menelau, seu avô!
Você verá! Claro que vou corneá-lo!
Se me perturbar,
lhe desço um monte
de pancadas sobre os cornos!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 80
Ford
Quel Messer Ford é un bue!
Un bue! Te lo corbello,
Vedrai! Ma é tardi.
Aspettami qua.
Vado a farmi bello.
(Piglia il sacco di monete ed esce
dal fondo)
(solo)
È sogno o realtà?... Due
rami enormi
Crescon sulla mia testa.
È un sogno? Mastro Ford!
Mastro Ford! Dormi?
Svegliati! Su! Ti desta!
Tua moglie sgarra
e mette in mal assetto
L'onor tuo, la casa ed il tuo letto!
L'ora é fissata, tramato
l'inganno;
Sei gabbato e truffato!...
E poi diranno
Che un marito geloso é un
insensato!
Già dietro a me nomi d'infame
conio
Fischian passando;
mormora lo scherno.
O matrimonio, inferno!
Donna: Demonio!
Nella lor moglie abbian fede i
babbei!
Affiderei
La mia birra a un Tedesco,
Tutto il mio desco
A un Olandese lurco,
La mia bottiglia d'acquavite
a un Turco,
Non mia moglie a se stessa.
Esse Senhor Ford é um bobo!
Um bobo! Vou enganá-lo,
você vai ver! Mas está tarde.
Espere-me aqui.
Vou me arrumar.
(Pega o saco de moedas e sai
pelo fundo)
(sozinho)
É um sonho ou é realidade?… Dois
ramos enormes
crescem sobre minha cabeça.
É um sonho? Senhor Ford!
Senhor Ford! Está dormindo?
Acorde! Rápido! Desperte!
Sua mulher está cometendo um erro
e colocando em maus lençóis
a sua honra, a casa e o seu leito!
A hora está marcada, tramado está
o engano;
você será enganado e trapaceado!…
E depois dirão
que um marido ciumento é um
insensato!
Já, por trás de mim, nome de
infame cunho
assoviam ao passar,
murmura o escárnio.
Oh, matrimônio, inferno!
Mulher: Demônio!
Em sua mulher confiam os bobos!
Confiaria
minha cerveja a um alemão,
toda a minha mesa de jantar
a um holandês comilão,
minha garrafa de aguardente
a um turco,
mas não minha mulher a si mesma.
Oh, sorte obscena!
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Aquela palavra feia
volta ao meu coração:
Ah, os chifres! Os chifres!
Mas não escapará de mim! Não!
Sujo, réu,
epicúrio danado!
Primeiro os uno
e depois o pego. Perco a cabeça!
Vingarei a afronta!
Fincado para sempre esteja
o ciúme no fundo do meu coração.
(regressando pela porta do fundo.
Tem um novo gibão, chapéu e
bastão)
Eis-me aqui. Estou pronto.
Me acompanha um momento?
Eu o deixo no caminho.
(Saem: quando chegam à
porta fazem gestos de
gentileza para ceder a
precedência da passagem)
Primeiro você.
Primeiro você.
Não, estou na minha casa.
(retirando-se um pouco)
Passe.
(retirando-se)
Por favor...
Está tarde. A hora marcada se
aproxima.
O laida sorte!
Quella brutta parola in cor mi torna:
Le corna! Bue! Capron! le fusa torte!
Ah! le corna! le corna!
Ma non mi sfuggirai! no! sozzo, reo,
Dannato epicureo!
Prima li accoppio
E poi lo colgo. Io scoppio!
Vendicherò l'affronto!
Laudata sempre sia
Nel fondo del mio cor la gelosia.
(rientrando dalla porta del fondo.
Ha un farsetto nuovo, cappello e
bastone)
Eccomi qua. Son pronto.
M'accompagnate un tratto?
Vi metto sulla via.
(Si avviano: giunti presso
alla soglia fanno dei gesti
complimentosi per cedere la
presedenza del passo)
Prima voi.
Prima voi.
No, sono in casa mia.
(ritirandosi un poco)
Passate.
(ritirandosi)
Prego...
È tardi. L'appuntamento
preme.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 82
Non fate complimenti...
Passate!
Prego!
Passate!
Prego!
Ebben; passiamo insieme.
(Prende il braccio di Ford sotto il
suo ed escono a braccetto)
(Una sala nella casa di Ford. Ampia
finestra nel fondo. Porta a destra,
porta a sinistra e un'altra porta
verso l'angolo di destra nel fondo
che esce sulla scala. Un'altra scala
nell' angolo del fondo a sinistra.
Dal gran finestrone spalancato si
vede il giardino. Un paravento
chiuso sta appoggiato alla parete
sinistra, accanto ad un vasto camino.
Armadio addossato alla parete
di destra. Lungo le pareti, un
seggiolone e qualche scranna. Sul
seggiolone, un liuto. Sul tavolo, dei
fiori. Alice, Meg, poi Quickly dalla
porta a destra ridendo. Poi Nannetta)
Presenteremo un "bill",
per una tassa
Al parlamento, sulla gente grassa.
(entrando)
Comari!
Ebben?
Não faça gentilezas...
Passe!
Por favor!
Passe!
Por favor!
Muito bem, passemos juntos.
(Toma o braço de Ford sob o
seu e saem de braços dados)
(Uma sala na casa de Ford. Janela
ampla ao fundo. Porta à direita, porta
à esquerda e outra porta na direção
do canto direito do fundo, que dá
para a escada. Outra escada no canto
do fundo, à esquerda. Do grande
janelão escancarado vê-se o jardim.
Um biombo fechado está apoiado
na parede esquerda, ao lado de uma
chaminé larga. Armário encostado
na parede da direita. Ao longo das
paredes, uma poltrona e algumas
cátedras. Sobre a poltrona, um
alaúde. Sobre a mesa, flores. Alice,
Meg, e depois Quickly, estão rindo
na porta à direita. Depois, Nannetta)
Apresentaremos um "bill",
para imposto,
ao Parlamento, sobre gente gorda.
(entrando)
Comadres!
E então?
Ford
Falstaff
Ford
Falstaff
Ford
Ford Falstaff
Segunda Cena
Parte Seconda
Alice
Quickly
Alice
Meg
Quickly
Alice
Quickly
Alice Meg
Quickly
Alice
Meg Alice
Quickly
Alice
O que acontece?
Será derrotado!
Brava!
Dentro em pouco lhe faremos a festa!
Muito bem!
Caiu de cabeça no laço.
Conte-me tudo, depressa.
Depressa.
Junto ao albergue
da Jarreteira
peço para ser admitida
na presença
do Cavaleiro, secreta mensageira.
Sir John se digna
a conceder-me audiência,
me acolhe estúpido,
em pose malandra:
"Bom dia, boa mulher."
"Reverência."
Ante ele me inclino
muito obsequiosamente
e depois passo às notícias apetitosas.
Enfim, em resumo,
acreditou que ambas estejam
enamoradas
de sua beleza.
(para Alice)
E logo vocês o verão aos seus pés.
Quando?
Che c'è?
Sarà sconfitto!
Brava!
Fra poco gli farem la festa!
Bene!
Piombò nel laccio a capofitto.
Narrami tutto, lesta.
Lesta.
Giunta all'Albergo
della Giarrettiera
Chiedo d'essere ammessa
alla presenza
Del Cavalier, segreta messaggera.
Sir John si degna
d'accordarmi udienza,
M'accoglie tronfio
in furfantesca posa:
"Buon giorno, buona donna"
"Reverenza"
A lui m'inchino
molto ossequiosamente,
poi passo alle notizie ghiotte.
Infin, per farla spiccia,
Vi crede entrambe
innamorate cotte.
Delle bellezze sue.
(ad Alice)
E lo vedrete presto ai vostri pie'.
Quando?
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 84
Oggi, qui, dalle due alle tre.
Dalle due alle tre.
(guardando l'oriolo)
Son già le due.
(accorrendo subito all'uscio del
fondo e chiamando)
Olà! Ned Will!
(a Quickly)
Già tutto ho preparato.
(Torna a gridare dall'uscio verso
l'esterno)
Portate qui la cesta del bucato.
Sarà un affare gaio!
Nannetta, e tu non ridi?
Che cos'hai?
(avvicinandosi a Nannetta ed
accarezzandola)
Tu piangi? Che cos'hai?
Dillo a tua madre.
(singhiozzando)
Mio padre...
Hoje, aqui, das duas às três.
Das duas às três.
(olhando para o relógio)
Já são duas!
(correndo para a porta aos
fundos e chamando)
Olá! Ned! Will!
(para Quickly)
Eu já preparei tudo.
(voltando a gritar da porta para
fora)
Tragam aqui o cesto de roupa.
Será uma feliz tarefa!
Nannetta, e você, não ri?
O que você tem?
(aproximando-se de Nannetta e
acariciando-a)
Está chorando? O que você tem?
Diga para sua mãe.
(soluçando)
Meu pai...
Quickly
Meg
Alice
Quickly
Alice
Nannetta
Ebben?
Mio padre...
(scoppiando in lacrime)
Vuole ch'io mi mariti al Dr.Cajus!!
A quel pedante?!
Oibò!
A quel gonzo!
A quel grullo!
A quel bisavolo!
No! No!
No! No!
Piuttosto lapidata viva..
Da una mitraglia di torsi di cavolo.
Ben detto!
Brava!
Non temer.
(saltando di gioia)
Evviva!
Col Dottor Cajus non mi sposerò!
O que foi?
Meu pai...
(soluçando, às lágrimas)
Quer que eu me case com o Dr. Caius!!
Com aquele pedante?
Nossa!
Com aquele tonto!
Com aquele burro!
Com aquele bisavô!
Não! Não!
Não! Não!
Antes ser sepultada viva...
Por uma metralha de talos de couve!
Muito bem dito!
Brava!
Não tema.
(saltando de alegria)
Viva!
Com o doutor Caius não me casarei!
Alice
Nannetta
Alice
Quickly
Meg
Alice
Nannetta
Alice Meg Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
Meg
Alice
Nannetta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 86
(Intanto entrano due servi portando
una cesta piena di biancheria)
(ai servi)
Mettete là.
Poi, quando avrò chiamato,
Vuoterete la cesta nel fossato.
Bum!
(a Nannetta)
Taci.
(poi ai servi che escono)
Andate.
Che bombardamento!
Prepariamo la scena
(corre a pigliare una sedia e la
mette presso al tavolo)
Qua una sedia.
(corre a pigliare il liuto e lo
mette sulla tavola)
Qua il mio liuto.
Apriamo il paravento.
(Nannetta e Meg corrono a prendere
il paravento, lo aprono dopo
averlocollocato fra la cesta e il camino)
(Entram neste momento dois criados
carregando um cesto cheio de roupa)
(aos criados)
Ponham ali.
Depois, quando eu os chamar,
esvaziem o cesto no fosso.
Bum!
(para Nannetta)
Cale-se.
(depois, aos criados que saem)
Andem.
Que bombardeio!
Preparemos a cena.
(corre para buscar uma cadeira e a
coloca perto da mesa)
Aqui, uma cadeira.
(corre para pegar o alaúde e o
coloca sobre a mesa)
Aqui, o meu alaúde.
Abramos o biombo.
(Nannetta e Meg correm para pegar o
biombo, abrem-no depois de teremo
colocado entre o cesto e a chaminé)
Alice
Nanneta
Alice
Nannetta
Alice
Nannnetta
Alice
Bravissime! Così. Più aperto
ancora
Fra poco s'incomincia la commedia.
Gaie comari di Windsor!
é l'ora!
L'ora di alzar la risata sonora!
L'alta risata che scoppia,
che scherza,
Che sfolgora, armata
Di dardi e di sferza!
Gaie comari, festosa brigata!
Sul lieto viso
Spunti il sorriso,
Splenda del riso- l'acuto fulgor!
Favilla incendiaria
Di gioia nell'aria,
Di gioia nel cor.
(a Meg)
A noi! Tu la parte
Farai che ti spetta.
(ad Alice)
Tu corri il tuo rischio
Col grosso compar.
Io sto alla vedetta.
(a Quickly)
Se sbagli ti fischio.
Io resto in disparte
Sull'uscio a spiar.
Bravíssimas! Assim. Mais aberto
ainda.
Daqui a pouco começa a comédia.
Alegres comadres de Windsor!
Chegou a hora!
A hora da sonora risada!
A grande risada que estoura,
que brinca,
que fulgura, armada
de dardos e de chibata!
Alegres comadres, festiva brigada!
Sobre o rosto feliz
apareça o sorriso,
Resplandeça do riso o agudo fulgor!
Faísca incendiária
de alegria no ar,
de alegria no coração.
(para Meg)
A nós! Você fará a parte
que te espera.
(para Alice)
Você corre o seu risco
com o compadre gordo.
Eu fico de vigia.
(para Quickly)
Se você se enganar, assovio.
Eu fico à espreita,
à porta, para espiar.
Meg
Quickly
Alice
Nannetta
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 88
E mostreremo all'uomo che
l'allegria
D'oneste donne ogni onestà
comporta.
Fra le femmine quella é la più ria
Che fa la gattamorta.
(che sarà andata alla finestra)
Eccolo! È lui!
Dov'è?
Poco discosto.
Presto.
A salir s'avvia.
(prima a Nannetta,
poi a Meg)
Tu di qua. Tu di là!
Al posto!
Al posto!
(esce correndo)
Al posto!
(Alice si sarà seduta accanto al
tavolo, avrà preso il liuto toccando
qualche accordo)
(entra con vivacità: vedendola
suonare, si mette a canterellare)
E mostraremos aos homens que a
alegria
de mulheres honestas toda
honestidade comporta.
Entre as fêmeas, a mais perversa
é a santa do pau oco.
(que está ao lado da janela)
Aqui está! É ele!
Onde?
Um pouco distante.
Rápido.
Vai começar a subir.
(primeiro para Nannetta,
depois para Meg)
Você, por aqui. Você, por lá.
A postos!
A postos!
(sobe correndo)
A postos!
(Alice se senta junto à
mesa, pega o alaúde e toca
alguns acordes)
(entra com vivacidade e, ao vê-la
tocar, põe-se a cantarolar)
Alice
Quickly
Alice
Quickly
Nannetta
Quickly
Alice
Nannetta
Meg Quickly
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
"Alfin t'ho colto,"
"Raggiante fior,"
"T'ho colto!"
(prende Alice pel busto. Alice avrà
cessato di suonaree si sarà alzata)
Ed or potrò morir felice.
Avrò vissuto molto
Dopo quest'ora di beato amor.
O soave Sir John!
Mia bella Alice!
Non so far lo svenevole,
Nè lusingar, nè usar frase fiorita,
Ma dirò tosto un mio pensier
colpevole.
Cioè?
Cioè:
Vorrei che Mastro Ford
Passasse a miglior
vita...
Perchè?
Perchè? Lo chiedi?
Saresti la mia Lady
E Falstaff il tuo Lord!
Povera Lady inver!
Degna d'un Re.
"Por fim a encontro,”
“Radiante flor,
“Colhi você!"
(Segura Alice pelo corpete. Alice
para de tocar e se levanta)
E agora poderei morrer feliz.
Terei vivido muito
depois desta hora de amor feliz.
Oh, suave Sir John!
Minha bela Alice!
Não sei me fazer de melindroso,
nem lisonjear, nem usar frases floridas,
mas direi logo meu culpado
pensamento.
Que é?
É este:
gostaria que o Senhor Ford
passasse para uma vida
melhor...
Por quê?
Por quê? Quer saber?
Você seria minha "Lady"
e Falstaff seu "Lord".
Pobre "Lady" na verdade!
Digna de um rei.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 90
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
T'immagino fregiata del mio stemma,
Mostrar fra gemma e gemma
La pompa del tuo sen.
Nell'iri ardente e mobile dei rai
Dell'adamante,
Col picciol pie' nel nobile
Cerchio d'un guardinfante
Risplenderai!
Più fulgida d'un ampio arcobaleno.
Ogni più bel gioiel mi nuoce e
spregio
Il finto idolo d'or.
Mi basta un vel legato in croce,
un fregio al cinto
e in testa un fior.
(si mette un fiore nei capelli)
(per abbracciarla)
Sirena!
(facendo un passo indietro)
Adulator!
Soli noi siamo
E non temiamo agguato.
Ebben?
Io t'amo!
Voi siete nel peccato!
(avvicinandola)
Imagino você enfeitada com meu brasão,
mostrar entre gema e gema
a pompa de seu seio.
Na íris ardente e móvel dos olhos
do diamante,
com o pequeno pé no nobre
cerco de um guardainfantes,
você resplandecerá!
Mais fúlgida que um grande arco-íris.
Cada linda joia me faz mal e
desprezo
o falso ídolo de ouro.
Me basta um véu unido em cruz,
um enfeite na cintura
e na cabeça uma flor.
(coloca uma flor nos cabelos)
(tentando abraçá-la)
Sereia!
(dando um passo para trás)
Adulador!
A sós estamos
e não tememos armadilhas.
E então?
Amo você!
Você está em pecado!
(aproximando-se dela)
Sempre l'amor l'occasione azzecca.
Sir John!
Chi segue vocazion non pecca.
T'amo! e non é mia colpa...
(interrompendolo)
Se tanta avete vulnerabil polpa...
Quand'ero paggio
Del Duca di Norfolk ero sottile,
Ero un miraggio
Vago, leggero, gentile, gentile.
Quello era il tempo
Del mio verde Aprile,
Quello era il tempo
Del mio lieto Maggio,
Tant'ero smilzo, flessibile e snello
Che avrei guizzato attraverso un anello.
Voi mi celiate.
Io temo i vostri inganni.
Temo che amiate...
Chi?
Meg.
Colei? M'è in uggia la sua faccia.
Non traditemi, John...
Mi par mill'anni
D'avervi fra le braccia.
Sempre o amor a ocasião aproveita.
Sir John!
Quem segue sua vocação não peca.
Amo você! E não é minha culpa...
(interrompendo-o)
Se você tem tão vulnerável polpa...
Quando era pajem
do Duque de Norflok, eu era sutil,
era uma miragem
vaga, leve, gentil, gentil.
Aquele era o tempo
do meu verde abril,
aquele era o tempo
do meu ledo maio,
eu era tão magro, flexível e ágil,
que poderia atravessar um anel.
Está zombando de mim.
Temo os seus enganos.
Temo que você ame...
Quem?
Meg.
Ela? Antipatizo com sua cara.
Não me traia, John.
Me parece que há mil anos
espero tê-la entre meus braços.
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 92
(rincorrendola e tentando di abbracciarla)
T'amo...
(difendendosi)
Per carità...
(la prende attraverso il busto)
Vieni!
(dall'antisala gridando)
Signora Alice!
(abbandona Alice e rimane turbato)
Chi va là?
(entrando e fingendo agitazione)
Signora Alice!
Chi c'è?
Mia signora!
C'è Mistress Meg e vuol
parlarvi,
Sbuffa... strepita, s'abbaruffa...
Alla malora!
E vuol passare e la trattengo a stento.
Dove m'ascondo?
Dietro il paravento.
(Falstaff si rimpiatta dietro il paravento.
(perseguindo-a e tentando abraçá-la)
Amo você...
(defendendo-se)
Por caridade…
(a toma pela cintura)
Venha!
(da ante-sala, gritando)
Senhora Alice!
(solta Alice e fica perturbado)
Quem está aí?
(entrando e fingindo agitação)
Senhora Alice!
O que foi?
Minha senhora!
Aí está a Senhora Meg e quer falar
com você,
bufa… berra, cria confusão…
Que hora ruim!
Ela quer entrar e custei a impedir.
Onde me escondo?
Atrás do biombo.
(Falstaff se refugia atrás do biombo.
Alice
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Alice
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
Alice
Quando Falstaff é nascosto, Quickly
fa cenno a Meg che sta dietro l'uscio
di destra: Meg entra fingendo
d'essere agitatissima. Quickly torna
ad escire)
Alice! che spavento!
Che chiasso! Che discordia!
Non perdere un momento.
Fuggi!...
Misericordia! che avvenne?
Il tuo consorte
Vien gridando "accorr'uomo!"
Dice...
(presto a bassa voce)
Parla più forte
... che vuol scannare un uomo!
Non ridere.
Ei correva
Invaso da tremendo
Furor! Maledicendo
Tutte le figlie d'Eva!
Misericordia!
Dice che un tuo ganzo hai
nascosto;
Lo vuole ad ogni costo
Scoprir...
Quando Falstaff se esconde, Quickly
faz sinal para Meg de que ele está
atrás da saída da direita. Meg entra
fingindo estar agitadíssima. Quickly
volta a sair)
Alice! Que espanto!
Que rumor! Que discórdia!
Não perca um momento!
Fuja!...
Misericórdia! O que acontece?
O seu consorte
vem gritando "acudam homens!"
Ele diz...
(rápido, com a voz baixa)
Fale mais alto.
... que quer esganar um homem!
Não ria.
Ele corria
invadido de tremendo furor!
Maldizendo a todas
as filhas de Eva!
Misericórdia!
Diz que um seu amante você
escondeu,
e quer a qualquer custo
descobrir…
Meg
Alice
Meg
Alice
Meg
Alice
Meg
Alice
Meg
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 94
(ritornando spaventatissima e
gridando più di prima)
Signora Alice!
Vien Mastro Ford! Salvatevi!
È come una tempesta!
Strepita, tuona, fulmina,
Si dà dei pugni in testa,
Scoppia in minacce ed urla...
(a Quickly a bassa voce
e un poco allarmata)
Dassenno oppur da burla?
(ancora ad alta voce)
Dassenno. Egli scavalca
Le siepi del giardino...
Lo segue una gran calca
Di gente... é già vicino...
Mentr'io vi parlo ei valca
L'ingresso...
(di dentro urlando)
Malandrino!!!
Il diavolo cavalca
Sull'arco di un violino!!
(dal fondo gridando volto a
chi lo segue)
Chiudete le porte!
Sbarrate le scale!
Seguitemi a caccia!
Scoviamo il cignale!
(entrano correndo il Dr. Cajus e Fenton)
(retornando assustadíssima e
gritando mais do que antes)
Senhora Alice!
Está vindo o Senhor Ford! Salve-se!
Parece uma tempestade!
Berra, estrondeia, fulmina,
esmurra a própria cabeça,
explode em ameaças e grita...
(para Quickly em voz baixa
e um pouco alarmada)
Fala sério ou está brincando?
(de novo em voz alta)
Falo sério. Ele está pulando
a cerca do jardim...
E o segue um grande tropel
de gente... já está perto...
Enquanto falo com você, ele
atravessa a entrada...
(de dentro gritando)
Malandrinho!
O diabo cavalga
sobre o arco de um violino!
(do fundo, gritando voltado a
quem o segue)
Fechem a porta!
Barrem as escadas!
Sigam-me na caça!
Descubramos o porco-do-mato!
(entram correndo Dr. Caius e Fenton)
Quickly
Alice
Quickly
Ford
Falstaff
Ford
Correte sull'orme, sull'usta.
(a Fenton)
Tu fruga negli anditi.
(irrompono)
A caccia!
(a Bardolfo e Pistola, indicando
la camera a destra)
Sventate la fuga!
Cercate là dentro!
(Bardolfo e Pistola si precipitano
nella camera coi bastoni levati)
(affrontando Ford)
Sei tu dissennato?
Che fai?
(vede il cesto)
Chi c'è dentro quel cesto?
Il bucato.
Mi lavi!! rea moglie!
(consegnando un mazzo di chiavi al
Dr. Cajus)
Tu, piglia le chiavi,
Rovista le casse, va.
(rivolgendosi ancora ad Alice)
Corram atrás das pegadas, do cheiro.
(para Fenton)
Você procure nos corredores.
(irrompem)
À caça!
(para Bardolfo e Pistola, indicando
o quarto à direita)
Impeçam a fuga!
Procurem lá dentro!
(Bardolfo e Pistola precipitam-se no
quarto com os bastões levantados)
(enfrentando Ford)
Perdeu o juízo?
O que está fazendo?
(vê o cesto)
O que tem dentro daquele cesto?
A roupa suja.
Me lave! Mulher culpada!
(entregando um maço de chaves ao
Dr. Caius)
Você, pegue as chaves,
reviste os cofres, vá.
(voltando-se de novo para Alice)
Bardolfo Pistola
Ford
Alice
Ford
Alice
Ford
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 96
Ben tu mi lavi!
(dà un calcio alla cesta)
Al diavolo i cenci!
(gridando verso il fondo)
Sprangatemi l'uscio del parco!
(estrae furiosamente la biancheria dalla
cesta, frugando e cercando dentro, e
disseminando i panni sul pavimento)
Camice... gonnelle...- Or ti s
guscio,
Briccon! - Strofinacci!
Via! Via! Cuffie
rotte! - Ti sguscio. - Lenzuola...
berretti da notte... - Non c'è...
Che uragano!!
(correndo e gridando, dalla porta
a sinistra)
Cerchiam sotto il letto.
Nel forno, nel pozzo, nel bagno,
sul tetto, in cantina...
È farnetico!
Cogliam tempo.
Troviamo modo
com'egli esca.
Que bom que você me lava!
(dando um chute na cesta)
Para o diabo com esses trapos!
(gritando para o fundo)
Tranquem a saída do parque!
(extrai furiosamente a roupa da cesta,
tateando e procurando dentro, e
espalhando os panos sobre o chão)
Camisas... saias… Agora vou achar
você,
patife! Trapos!
Fora! Fora! Toucas podres!
Eu vou achar! Lençóis…
gorros de dormir… Não está!…
Que furacão!
(correndo e gritando, pela porta
à esquerda)
Procuremos debaixo da cama.
No forno, no poço, no banheiro,
sob o teto, na cantina…
Está frenético!
Ganhemos tempo.
Encontraremos um modo
para ele sair.
Alice Meg Quickly
Ford
Alice
Quickly
Alice
Meg
Alice
Falstaff
Alice
Meg
Falstaff
Quickly
Meg
Falstaff
Quickly
Nel panier.
No, là dentro
non c'entra, é troppo grosso.
(corre alla cesta)
Vediam; sì, c'entro, c'entro.
Corro a chiamare i servi.
(esce)
(a Falstaff, fingendo sorpresa)
Sir John! Voi qui? Voi?
(entrando nella cesta)
T'amo
Amo te sola... salvami!
salvami!
(a Falstaff, raccattando i panni)
Svelto!
Lesto!
(accovacciandosi con grande sforzo
nella cesta)
Ahi!...Ahi!...Ci sto...Copritemi...
(a Meg)
Presto! colmiamo il cesto.
(Fra tutte due in gran fretta ricacciano
la biancheria nel cesto. Nannetta e
Fenton entrano da sinistra)
No cesto.
Não, lá dentro
ele não entra, é gordo demais.
(corre para a cesta)
Vejamos; sim, entro, entro.
Corro para chamar os servos.
(sai)
(para Falstaff, fingindo surpresa)
Sir John! Você aqui? Você?
(entrando na cesta)
Amo você!
Amo você somente… me salve! me
salve!
(para Falstaff, catando os panos)
Esbelto!
Rápido!
(enfiando-se com grande esforço
na cesta)
Ai!… Ai!… Consegui… Me cubram…
(para Meg)
Depressa! Enchamos o cesto.
(As duas, muito apressadas, enfiam
a roupa suja no cesto. Nannetta e
Fenton entram pela esquerda)
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 98
(sottovoce, con cautela a
Fenton)
Vien qua.
Che chiasso!
(avviandosi al paravento: Fenton
la segue)
Quanti schiamazzi!
Segui il mio passo.
Casa di pazzi!
Qui ognun delira
Con vario error.
Son pazzi d'ira...
E noi d'amor.
(Lo prende per mano, lo conduce
dietro il paravento e vi si
nascondono)
Seguimi. Adagio.
Nessun m'ha scorto.
Tocchiamo il porto.
Siamo a nostr'agio.
Sta zitto e attento.
(abbracciandola)
Vien sul mio petto!
(em voz baixa, com cautela, para
Fenton)
Venha aqui.
Que barulho!
(escondendo-se atrás do biombo:
Fenton a segue)
Quanto cacarejo!
Siga meus passos.
Casa de loucos!
Aqui todos deliram
com erros vários.
Estão loucos de ira...
E nós de amor.
(Toma-o pela mão, o conduz
para trás do biombo e se
escondem)
Siga-me. Devagar.
Ninguém me descobriu.
Chegamos ao abrigo.
Estamos cômodos.
Fique calado e atento.
(abraçando-a)
Venha para o meu peito!
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Nannetta
Fenton
Il paravento...
...sia benedetto!
(urlando di dentro)
Al ladro!
(come sopra)
Al pagliardo!
(entra, attraversando di corsa la sala)
Squartatelo!
Al ladro!
(incontrando Bardolfo e Pistola)
C'è?
No.
(a Bardolfo)
C'è?
Non c'è, no.
Vada a soqquadro la casa.
(Bardolfo e Pistola escono da
sinistra)
(dopo aver guardato nel camino)
Non trovo nessuno.
Eppur giuro
O biombo...
... seja bendito!
(gritando de dentro)
Ao ladrão!
(como acima)
Ao libertino!
(entra, atravessando a sala correndo)
Esquartejem-no!
Ao ladrão!
(encontrando Bardolfo e Pistola)
Ele está?
Não.
(para Bardolfo)
Ele está?
Não está, não.
Arruínem a casa.
(Bardolfo e Pistola saem pela
esquerda)
(depois de ter olhado a chaminé)
Não encontro ninguém.
Pois juro
Nannetta
Nannetta Fenton
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Pistola
Ford
Bardolfo
Ford
Dr. Cajus
Ford
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 100
Che l'uomo é qua dentro.
Ne sono sicuro!
Sicuro! Sicuro!
Sir John! Sarò gaio
Quel dì ch'io ti veda dar calci a
rovaio!
(slanciandosi contro l'armadio e
facendo sforzi per aprirlo)
Vien fuora, furfante! T'arrendi!
O bombardo le mura!
(tenta d'aprire l'armadio con le chiavi)
T'arrendi!
Vien fuora! Codardo! Sugliardo!
(dalla porta di destra, di corsa)
Nessuno!
Cercatelo ancora!
T'arrendi! Scafandro!
(Riesce finalmente ad aprire
l'armadio)
Non c'è!
(aprendo a sua volta la cassapanca)
Vieni fuori!
Non c'è!
(gira per la sala sempre cercando
e frugando)
que o homem está aqui dentro.
Estou seguro,
seguro, seguro!
Sir John! Ficarei feliz
no dia em que o vir ter o que
merece!
(lançando-se contra o armário e
fazendo esforços para abri-lo)
Venha para fora, malandro! Renda-se!
Ou bombardeio os muros!
(tenta abrir o armário com as chaves)
Renda-se!
Venha para fora! Covarde! Libertino!
(da porta direita, correndo)
Ninguém!
Procurem-no ainda!
Renda-se! Sem-vergonha!
(Consegue finalmente abrir o
armário)
Não está!
(abrindo, por sua vez, o banco)
Venha para fora!
Não está!
(gira pela sala sempre procurando
e tateando)
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo Pistola
Ford
Dr. Cajus
Pappalardo! Beòn! Bada a te!
(come un ossesso aprendo il
cassetto del tavolino)
Scagnardo! Falsardo!
Scagnardo! Falsardo! Briccon!!
(Nannetta, Fenton si danno un
bacio sonore)
(sottovoce, guardando il paravento)
C'è.
C'è
(avviandosi pian piano e cautamente
al paravento)
Se t'agguanto!
Se ti piglio!
Se t'acciuffo!
Se t'acceffo!
Ti sconquasso!
T'arronciglio come un can!
Ti rompo il ceffo!
Guai a te!
Prega il tuo santo!
Glutão! Beberrão! Tenha cuidado!
(como um possuído abrindo a
gaveta da mesa)
Cachorro! Falsário!
Cachorro! Falsário! Patife!
(Nannetta e Fenton dão-se um
beijo sonoro)
(em voz baixa, olhando o biombo)
Está!
Está!
(aproximando-se bem devagar e
com cautela do biombo)
Se eu agarro você!
Se pego você!
Se aferro você!
Se apanho você!
Arrebento você!
Arrasto você como um cão!
Quebro a sua cara!
Cuidado!
Reze ao seu santo!
Ford
Dr. Cajus Ford
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 102
(accanto alla cesta, a Meg)
Facciamo le viste
D'attendere ai panni;
Pur ch'ei non c'inganni
Con mosse impreviste.
Finor non s'accorse
Di nulla; egli può
Sorprenderci forse,
Confonderci no.
(accanto alla cesta, a Quickly)
Facciamogli siepe
Fra tanto scompiglio.
Ne' giuochi il periglio
È un grano di pepe.
Il rischio é un diletto
Che accresce l'ardor.
Che stimola in petto
Gli spirti e il cor.
Se te piglio!
Se t'acciuffo!
Se t'agguanto!
Se t'acciuffo!
Se t'agguanto!
(rientrando da sinistra)
Non si trova.
(rientrando con alcuni del vicinato)
Non si coglie.
(do lado do cesto, para Meg)
Vamos fingir
que cuidamos dos panos;
para que ele não nos engane
com movimentos imprevistos.
Até agora não se deu conta
de nada, ele pode
surpreender-nos talvez,
mas não nos confundir.
(do lado do cesto, para Quickly)
Façamos obstáculo
entre tanta desordem.
No jogo, o perigo
é um grão de pimenta.
O risco é um deleite
que acrescenta o ardor,
Que estimula no peito
o espírito e o coração.
Se pego você!
Se aferro você!
Se agarro você!
Se aferro você!
Se agarro você!
(voltando pela esquerda)
Não se encontra.
(voltando com alguns vizinhos)
Não se pega.
Quickly
Meg
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo
Pistola
Ford
Bardolfo
Dr Cajus Ford Pistola
Falstaff
Quickly
Falstaff
Meg
Quickly
Ford
Bardolfo
Ford
(a Bardolfo, Pistola e loro
compagni)
Pss... Qua tutti.
(sottovoce con mistero,
indicando il paravento)
L'ho trovato.
Là c'è Falstaff con mia moglie.
Sozzo can vituperato!
Zitto!
(sbucando colla faccia)
Affogo!
(ricacciandolo giù)
Sta sotto, sta sotto...
Affogo!
Or questi s'insorge
Se l'altro ti scorge sei morto!
Sta sotto! Sta sotto!
Urlerai dopo.
Là s'è udito il suon d'un bacio.
Noi dobbiamo pigliare il topo
Mentre sta rodendo il cacio.
Ragioniam....
(para Bardolfo, Pistola e seus
companheiros)
Pss… Aqui, todos!
(à meia voz, com mistério,
indicando o biombo)
Eu o encontrei.
Ali está Falstaff com minha mulher.
Sujo cão vituperado!
Silêncio!
(aparecendo com o rosto)
Me afogo!
(enfiando-o de volta para baixo)
Fique aí dentro, fique aí dentro...
Me afogo!
Agora ele aparece.
Se o outro avistar você, está morto!
Fique aí dentro! Fique aí dentro!
Gritará depois.
Ouviu-se ali o som de um beijo.
Devemos pegar o rato
enquanto rodeia o queijo.
Pensemos...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 104
(a Nannetta)
Bella! Ridente!
Oh! come pieghi
Verso i miei prieghi
Donnescamente!
Come ti vidi
M'innamorai,
E tu sorridi
Perchè lo sai.
(a Fenton)
Mentre qui vecchi
Corron la giostra,
Noi si sottecchi
Corriam la nostra.
L'amor non ode
Tuon nè bufere,
Vola alle sfere
Beate e gode.
...colpo non vibro
Senza un piano di battaglia.
Bravo.
Un uom di quel calibro
Con un soffio ci sbaraglia.
La mia tattica maestra
Le sue mosse pria registra
(a Pistola e a due compagni)
Voi sarete l'ala destra.
(para Nannetta)
Bela! Risonha!
Oh! Como se rende
aos meus pedidos
femininamente!
Ao ver você
me enamorei,
e você sorri,
porque sabe disso.
(para Fenton)
Enquanto estes velhos
lutam a justa,
nós, escondidos,
cuidamos de nós.
O amor não ouve
trovão, nem temporal,
voa às esferas
felizes e goza.
... golpe não dou
sem um plano de batalha.
Bravo!
Um homem desse calibre
com um assovio se desbarata!
A minha tática mestra
seus movimentos registra.
(para Pistola e dois companheiros)
Vocês ficarão à direita.
Fenton
Nannetta
Ford
Os outros Gli Altri
Dr. Cajus
Ford
Todos os outros Tutti gli altri
Dr. Cajus
Nannetta
Fenton
Falstaff
Meg
Falstaff
Quickly
Falstaff
Meg
Falstaff
(a Bardolfo e al Dr. Cajus)
Noi sarem l'ala sinistra
(agli altri compagni)
E costor con pie' gagliardo
Sfonderanno il baluardo.
Bravo, bravo, Generale.
Aspettiamo un tuo segnale.
Lo spiritello
D'amor, volteggia.
Già un sogno bello
D'Imene albeggia.
(rispondendo sotto la biancheria)
Son cotto!
Sta sotto!
Che caldo!
Sta sotto!
Mi squaglio!
Il ribaldo vorrebbe un ventaglio.
(supplicante, col naso fuori)
Un breve spiraglio
Non chiedo di più.
(para Bardolfo e Dr. Caius)
Nós ficaremos à esquerda.
(aos outros companheiros)
E estes com pés valentes
romperão o baluarte.
Bravo, bravo, general!
Esperamos um sinal seu.
O espírito
do amor volteia.
Um belo sonho de Himeneu
já alveja.
(respondendo sob as roupas)
Estou cozido!
Fique embaixo!
Que calor!
Fique embaixo!
Me derreto!
O canalha gostaria de um leque!
(suplicante, com o nariz para fora)
Um breve respiro,
não peço nada mais.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 106
Ti metto il bavaglio se parli.
(ricacciandolo sotto la biancheria)
Giù!
Tutto delira
Sospiro e riso.
Sorride il viso
E il cor sospira.
Dolci richiami d'amor.
Fra quelle ciglia
Vedo due fari
A meraviglia
Sereni e chiari.
(al Dr. Cajus, accostando
l'orecchio al paravento)
Senti, accosta un po' l'orecchio!
Che patetici lamenti!!
Su quel nido d'usignuoli
Scoppierà fra poco il tuon.
(a Pistola)
È la voce della donna
Che risponde al cavalier.
(a Ford, accostando
l'orecchio al paravento)
Sento,sento,
Sento, intendo e vedo chiaro
Delle femmine gl'inganni;
(a Bardolfo)
Ma fra poco il lieto gioco
Coloco uma mordaça em você, se falar.
(empurrando-o para baixo das roupas)
Pra baixo!
Tudo delira,
suspira e ri.
Sorri o rosto
e o coração suspira
doces reclames de amor.
Entre aqueles olhos
vejo dois faróis
maravilhosamente
serenos e claros.
(para o Dr. Caius, encostando a
orelha no biombo)
Escute, encoste um pouco a orelha!
Que patéticos lamentos!
Sobre esse ninho de rouxinóis
estalará dentro em pouco o estrondo.
(para Pistola)
É a voz da mulher
que responde ao cavaleiro.
(para Ford, encostando a
orelha no biombo)
Escuto, escuto,
escuto, entendo e vejo claro
das mulheres os enganos.
(para Bardolfo)
Mas dentro em pouco uma dura lição
Quickly
Meg Quickly
Nannetta
Fenton
Ford
Bardolfo
Dr. Cajus
Pistola
Vizinhos
Gente del vicinato
Meg
Quickly
Falstaff
Alice
Falstaff
Meg Quickly
Falstaff
Meg Quickly
Turberà dura lezion.
Egli canta, ma fra poco
Muterà la sua canzon.
S'egli cade più non scappa,
Nessuno più lo può salvar.
Nel tuo diavolo t'incappa;
Che tu possa stramazzar!
(a Quickly)
Parliam sottovoce
Guardando il Messer
Che brontola e cuoce
Nel nostro panier.
(a Meg)
Costui s'é infardato
Di tanta viltà.
Che darlo al bucato
È averne pietà.
(sbucando e sbuffando)
Ouff... Cesto molesto!
(che é rientrata e avvicinata alla cesta)
Silenzio!
Protesto!
Che bestia restia!
(gridando)
Portatemi via!
È matto furibondo!
perturbará o ledo jogo.
Ele canta, mas dentro em pouco
mudará a sua canção.
Se ele cair, não mais escapará,
ninguém o poderá salvar.
Encare o seu diabo,
que você caia por terra!
(para Quickly)
Falemos baixo,
vigiando o senhor
que reclama e cozinha
em nosso cesto.
(para Meg)
Ele se fartou
de tanta vileza,
que dar-lhe uma lavada
é ter dele piedade.
(aparecendo e bufando)
Uff.. Maldita cesta!
(que voltou e aproximou-se do cesto)
Silêncio!
Protesto!
Que besta empacada!
(gritando)
Levem-me embora!
Está louco furibundo!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 108
Aiuto!
Dimmi sem'ami!
Sì, t'amo!
T'amo!
(agli altri)
Zitto! A noi! Quest'è il momento.
Zitto! Attenti! Attenti a me.
Dà il segnal.
Uno... Due... Tre...
(rovesciando il paravento)
Non é lui!!!
Sbalordimento!
È il finimondo!
Ah!
(a Nannetta, con furia)
Ancor nuove rivolte!
(a Fenton)
Tu va pe' fatti tuoi!
L'ho detto mille volte:
Costei non fa per voi.
Falstaff
Fenton
Nannetta
Fenton
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr Cajus
Todos Tutti
Alice Meg Quickly
Nannetta Fenton
Ford
Socorro!
Diga se me ama!
Sim, amo você!
Amo você!
(aos outros)
Silêncio! Vamos! Este é o momento!
Silêncio! Atentos! Atentos a mim.
Dê o sinal.
Um... dois... três.
(derrubando o biombo)
Não é ele!!!
Que assombro!
É o fim do mundo!
Ah!
(para Nannetta, com fúria)
De novo novas revoltas!
(para Fenton)
Vá cuidar da sua vida!
Eu já disse mil vezes:
ela não é para você.
Bardolfo Pistola
Ford
Bardolfo Pistola
Ford
Dr Cajus Pistola Bardolfo
Companheiros
Compagni
Quickly
Alice
Nannetta Meg Quickly
(Nannetta sbigottita fugge e Fenton
esce furibondo)
(correndo verso il fondo)
È là! Ferma!
Dove?
Là! Là! Sulle scale.
Squartatelo!
A caccia!
Che caccia infernale!
(Tutti gli uomini salgono a corsa
la scala del fondo)
Ned! Will! Tom! Isaac!
Su! Presto! Presto!
(Nannetta rientra con quattro servi
e un paggetto)
Rovesciate quel cesto
Dalla finestra nell'acqua del fosso..
Là! Presso alle giuncaie
Davanti al crocchio delle lavandaie.
Sì, sì, sì, sì!
(ai servi, che s'affaticano a
(Nannetta amedrontada foge e
Fenton sai furibundo)
(correndo até o fundo)
Está ali! Pare!
Onde?
Ali! Ali! Nas escadas.
Esquartejem-no!
À caça!
Que caça infernal!
(Todos os homens saem correndo
pela escada ao fundo)
Ned! Will! Tom! Isaac!
Vamos! Rápido! Rápido!
(Nannetta regressa com quatro
servos e um pequeno pajem)
Esvaziem esse cesto
pela janela na água do fosso…
Lá! Perto dos juncos
diante do monte de lavadeiras.
Sim, sim, sim, sim!
(para os servos, que se esforçam
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 110
sollevare la cesta)
C'è dentro un pezzo grosso.
(al paggetto)
Tu chiama mio marito;
(a Meg)
Gli narreremo il nostro
caso pazzo.
Solo al vedere il Cavalier
nel guazzo
D'ogni gelosa ubbia sarà
guarito.
(ai servi)
Pesa!
(ai servi)
Coraggio!
Il fondo ha fatto crac!
Su!
(La cesta é portata in alto)
Trionfo!
Trionfo! Ah! Ah!
(La cesta, Falstaff e la biancheria
capitombolano giù dalla finestra)
para levantar o cesto)
Aí dentro tem um figurão gordo.
(para o pajem)
Você, chame meu marido;
(para Meg)
Narraremos para ele o nosso
caso louco.
Somente ao ver o Cavaleiro no chão
molhado
ele estará curado de todo ciúme
maníaco.
(para os criados)
Pesa!
(aos servos)
Coragem!
O fundo fez "crack"!
Vamos!
(o cesto é levado ao alto)
Triunfo!
Triunfo! Ah! Ah!
(O cesto, Falstaff e a roupa suja
caem pela janela)
Nannetta
Alice
Quickly
Alice Meg
Nannetta
Nannetta Meg
Quickly
Alice
Nannetta Meg
Quickly
Che tonfo!
Che tonfo!
Patatrac!
(gran grido e risata di tutti:
immensa risata di Alice, Nannetta,
Meg e Quickly. Ford e gli altri
uomini rientrano: Alice vedendo
Ford la piglia per un braccio e lo
conduce rapidamente alla finestra)
Fine del Secondo Atto
(Un piazzale. A destra l'esterno
dell'Osteria della Giarrettiera
coll'insegna e il motto: "Honny
soit qui mal y pense". Una panca
di fianco al portone. E' l'ora
del tramonto. Falstaff, poi l'Oste)
(seduto)
Ehi! Taverniere!
Mondo ladro. Mondo rubaldo.
Reo mondo!
(entra l'Oste)
Taverniere: un bicchier di vin caldo.
(L'Oste riceve l'ordine e rientra)
Io, dunque, avrò vissuto tanti anni,
audace e destro Cavaliere,
Que tombo!
Que tombo!
Patatrac!
(grande grito e risadas de todos;
imensa risada de Alice, Nannetta,
Meg e Quickly. Ford e os outros
homens regressam: Alice, vendo
Ford, o toma por um braço e o
conduz rapidamente até a janela)
Fim do Segundo Ato
(Uma praça. À direita, o exterior
da taverna da Jarreteira com um
letreiro e o mote: " Honny soit qui
mal y pense". Um banco ao lado
do portão. É a hora do por do sol.
Falstaff, depois o taverneiro)
(sentado)
Ei! Taverneiro!
Mundo ladrão. Mundo canalha.
Mundo culpado!
(Entra o taverneiro)
Taverneiro, um copo de vinho quente.
(O taverneiro recebe a ordem e sai)
Eu, então, vivi tantos anos,
audaz e destro cavaleiro,
Alice
Nannetta Meg
Todas Tutte
Ato III
Primeira Parte
Atto III
Parte Prima
Falstaff
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 112
per essere portato in un canestro
E gittato al canale co' pannilini biechi,
Come si fa coi gatti
e i catellini ciechi.
Che se non galleggiava per me
Quest'epa tronfia,
Certo affogavo. Brutta morte.
L'acqua mi gonfia.
Mondo reo. Non c'è più
virtù.
Tutto declina.
Va, vecchio John, va,
va per la tua via; cammina
Finchè tu muoia.
Allor scomparirà la vera
Virilità del mondo.
Che giornataccia nera!
M'aiuti il ciel! Impinguo troppo.
Ho dei peli grigi.
(ritorna l'Oste portando su
d'un vassoio un gran bicchiere
di vino caldo)
Versiamo un po' di vino
nell'acqua del Tamigi!
(Beve sorseggiando de assaporando.
sbottona il panciotto, si sdraia,
ribeve a sorsate, rianimandosi
poco a poco)
Buono. Ber del vino dolce
e sbottonarsi al sole,
Dolce cosa!
para ser levado numa cesta
e jogado no canal com os trapinhos,
como se faz com os gatos
e os cachorrinhos cegos.
E se não flutuasse por mim
esta enorme pança,
na certa me afogaria. Feia morte.
A água me incha.
Mundo culpado. Não existe mais
virtude.
Tudo declina.
Vá, velho John, vá,
vá por sua via, caminhe
até que você morra.
Então desaparecerá a verdadeira
virilidade do mundo.
Que jornada negra!
Ajude-me o céu! Engordo demais.
Estou com cabelos brancos.
(regressa o taverneiro levando
numa bandeja um grande copo
de vinho quente)
Derramemos um pouco de vinho
sobre a água do Tâmisa.
(Bebe sorvendo e saboreando.
Desabotoa o colete, deita-se, bebe
aos sorvos, reanimando-se aos
poucos)
Que bom! Beber vinho doce
e abrir os botões ao sol,
que coisa doce!
Quickly
Falstaff
Quickly
Falstaff
O bom vinho dispersa a
tétrica loucura
do desconforto, acende
o olho e o pensamento, do lábio
sobe ao cérebro e ali
desperta o pequeno operário
dos trinados; um negro grilo
que vibra dentro do homem ébrio.
Trina cada fibra no coração,
o alegre éter ao trinado
desliza e o alegre globo
desequilibra uma demência
trinadora!
E o trinado invade o mundo!…
(inclinando-se e interrompendo
Falstaff)
Reverência! A bela Alice...
(levantando-se e enfurecendo-se)
Para o diabo você e sua bela Alice!
Estou com o saco cheio!
Estou com o bucho cheio!
Você está errado…
Uma ova! Sinto ainda as corneadas
daquele bode ciumento!
Ainda estou com os ossos quebrados
por ter ficado curvo,
como uma boa lâmina
de Bilbao, no espaço
de uma merendeira!
Com aquele tufo! E aquele calor!
Um homem com a minha têmpera,
Il buon vino sperde le
tetre fole
Dello sconforto, accende
l'occhio e il pensier, dal labbro
Sale al cervel e quivi
risveglia il picciol fabbro
Dei trilli; un negro grillo
che vibra entro l'uom brillo
Trilla ogni fibra in cor,
l'allegro etere al trillo
Guizza e il giocondo globo
squilibra una demenza
Trillante!
E il trillo invade il mondo!...
(inchinandosi e interrompendo
Falstaff)
Reverenza. La bella Alice...
(alzandosi e scattando)
Al diavolo te con Alice bella!
Ne ho piene le bisacce!
Ne ho piene le budella!
Voi siete errato...
Un canchero! Sento ancor le cornate
Di quell'irco geloso!
Ho ancor l'ossa arrembate
D'esser rimasto curvo,
come una buona lama
Di Bilbào, nello spazio
D'un panierin di dama!
Con quel tufo! E quel caldo!
Un uom della mia tempra,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 114
Che in uno stillicidio
continuo si distempra!
Poi, quando fui ben cotto,
rovente, incandescente,
M'han tuffato nell'acqua. Canaglie!!!
(Alice, Meg, Nannetta, Ford, Cajus,
Fenton sbucano dietro una casa, or
l'uno or l'altro spiando, non visti da
Falstaff)
Essa é innocente.
Prendete abbaglio.
Vattene!
La colpa é di quei fanti
Malaugurati!
Alice piange,
urla, invoca i santi.
Povera donna! V'ama. Leggete.
(Estrae di tasca una lettera. Falstaff la
prende e si mette a leggere)
(nel fondo sottovoce agli altri,
spiando)
Legge.
(sottovoce)
Legge.
Vedrai che ci ricasca.
L'uom non si corregge.
que numa monotonia
contínua se destempera!
Depois, quando estava bem cozido,
brasil, incandescente,
me enfiaram na água. Canalhas!
(Alice, Meg, Nannetta, Ford, Caius
e Fenton aparecem de trás de uma
casa, espiando, sem serem vistos
por Falstaff)
Ela é inocente.
É um erro.
Vá embora!
A culpa é daqueles garotos
desgraçados!
Alice chora,
grita, invoca os santos.
Pobre mulher! Ela ama você. Leia.
(Tira do bolso uma carta. Falstaff a
pega e começa a ler)
(no fundo, à meia-voz, aos outros,
espiando)
Ele lê.
(à meia-voz)
Ele lê.
Vejam como ele recai.
O homem não se corrige.
Quickly
Falstaff
Quickly
Alice
Ford
Nannetta
Alice
Meg
Dr. Cajus
Ford
Falstaff
Quickly
Falstaff
Quickly
Ford
Quickly
(para Alice)
Esconda-se.
Relê.
Relê. Engole a isca.
(relendo em voz alta)
"Esperarei por você no parque Real,
à meia-noite.”
“Você virá disfarçado
de Caçador Negro”
“No carvalho de Herne."
O amor ama o mistério.
Para revê-lo, Alice,
vale-se de uma lenda popular.
Aquele carvalho
é um lugar de tragédia.
O Caçador Negro foi suspenso
em um ramo seu.
Existe quem creia em sua aparição…
(Dá o braço a Quickly e
apressa-se para entrar com ela
na taverna)
Entremos.
Lá se discute melhor.
Conte-me seus caprichos.
Quando o toque da meia-noite…
Cai sobre nós.
... escuro se espalha
(ad Alice)
Nasconditi.
Rilegge.
Rilegge. L'esca inghiotte.
(rileggendo ad alta voce)
"T'aspetterò nel parco Real,
a mezzanotte"
"Tu verrai travestito
da Cacciatore nero"
"Alla quercia di Herne"
Amor ama il mistero
Per rivedervi Alice,
si val d'una leggenda Popolar.
Quella quercia
é un luogo da tregenda.
Il Cacciatore nero s'è impeso
ad un suo ramo.
V'ha chi crede vederlo ricomparir...
(Prende per un braccio Quickly e
s'avvia per entrare con essa
all'osteria)
Entriamo.
Là si discorre meglio
Narrami la tua frasca.
Quando il rintocco della mezzanotte...
Ci casca.
...cupo si sparge
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 116
Alice
Nannetta
Meg
Alice
Alice Meg
Nannetta
Alice
nel silente orror,
sorgon gli spirti vagabondi
a frotte...
(avanzandosi con tutto il crocchio,
comicamente e misteriosamente
ripigliando il racconto di Mrs Quickly)
Quando il rintocco della mezzanotte
Cupo si sparge nel silente orror,
Sorgon gli spirti vagabondi
a frotte
E vien nel parco il nero Cacciator.
Egli cammina lento, lento, lento,
Nel gran letargo della sepoltura.
S'avanza livido...
Oh! Che spavento!
Già sento il brivido della paura!
(con voce naturale)
Fandonie che ai bamboli
Raccontan le nonne
Con lunghi preamboli,
Per farli dormir.
Vendetta di donne
Non deve fallir.
S'avanza livido e il passo converge
Al tronco ove esalò
l'anima prava.
Sbucan le Fate.
Sulla fronte egli erge
Due corna lunghe, lunghe, lunghe...
no silencioso horror,
surgem os espíritos vagabundos
aos bandos...
(avançando com todos os
outros, cômica e misteriosamente
retomando a história de Mrs. Quickly)
Quando o toque da meia-noite
escuro se espalha no silencioso horror,
surgem os espíritos vagabundos
aos bandos
e vem ao parque o Negro Caçador.
Ele caminha lento, lento, lento,
na grande letargia da sepultura.
Avança lívido...
Oh! Que susto!
Já sinto o calafrio do medo!
(com voz natural)
Fábulas que aos meninos
contam as avós
com longos preâmbulos,
para fazê-los dormir.
Vingança de mulheres
não deve falhar.
Avança lívido e o passo converge
para o tronco de onde exalou
a alma perversa.
Surgem as Fadas.
Sobre a fronte ele ergue
dois chifres longos, longos, longos…
Ford
Alice
Ford
Alice
Meg
Fenton
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Brava.
Quelle corna saranno la mia gioia!
(a Ford)
Bada! tu pur mi meriti
Qualche castigatoia!
Perdona. Riconosco i miei demeriti.
Ma guai se ancor ti coglie
Quella mania feroce
Di cercar dentro il guscio d'una
noce
L'amante di tua moglie.
Ma il tempo stringe
e vuol fantasia lesta.
Affrettiam.
Concertiam la mascherata.
Nannetta!
Eccola qua!
(a Nannetta)
Sarai la Fata Regina delle Fate,
in bianca veste
Chiusa in candido vel, cinta
di rose.
E canterò parole armoniose.
(a Meg)
Tu la verde sarai Ninfa silvana,
Brava!
Esses chifres serão a minha alegria!
(para Ford)
Cuidado! Pois você ainda merece
algum tipo de castigo!
Perdoe. Reconheço meus erros.
Mas cuidado se ainda o toma
essa mania feroz
de procurar dentro da casca de uma
noz
o amante de sua mulher.
Mas o tempo ratifica
e quer a fantasia veloz.
Apressemo-nos.
Concertemos a mascarada.
Nannetta!
Eis-me aqui!
(para Nannetta)
Você será a Fada Rainha das Fadas,
com branca veste
fechada em cândido véu, cercada
de rosas.
E cantarei palavras harmoniosas.
(para Meg)
Você será a verde Ninfa selvagem,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 118
E la comare Quickly una befana.
(Scende la sera, la scena si oscura)
A meraviglia!
Avrò con me dei putti
Che fingeran folletti,
E spiritelli,
E diavoletti,
E pipistrelli,
E farfarelli.
Su Falstaff camuffato in manto e
corni
Ci scaglieremo tutti...
Tutti! Tutti!
...e lo tempesteremo
Finch'abbia confessata
La sua perversità.
Poi ci smaschereremo
E, pria che il ciel raggiorni,
La giuliva brigata
Se ne ritornerà.
Vien sera. Rincasiam.
L'appuntamento é
alla quercia di Herne.
È inteso.
A meraviglia!
Oh! che allegro spavento!
e a comadre Quickly uma bruxa.
(Cai a noite, a cena escurece)
Que maravilha!
Terei comigo meninos
que fingirão ser duendes
e espiritozinhos,
e diabinhos,
e morcegos,
e borboletas.
Sobre Falstaff camuflado com
manto e chifres
nos atiraremos todos…
Todos! Todos!
... e o atormentaremos
até que confesse
a sua perversidade.
Depois nos desmascaremos
e, antes que o céu se ilumine,
a alegre brigada
retornará.
Vem a noite. Voltemos para casa.
O encontro é
no carvalho de Herne.
Entendido.
Ah, maravilha!
Oh! Que susto alegre!
Nannetta
Alice
Meg Nannetta Fenton
Alice
Meg
Alice
Fenton
Nannetta
Alice Nannetta Fenton
Meg
Alice
Ford
Dr. Cajus
Alice
Meg
Ford
Addio.
Addio.
(Alice, Nannetta, Fenton escono
da sinistra: in questo momento
Mrs Quickly esce dall'osteria
e vedendo Ford e il Dr. Cajus
che parlano, sta ad origliare
sulla soglia).
(a Meg)
Provvedi le lanterne.
(a Cajus)
Non dubitar, tu sposerai
mia figlia.
Rammenti bene il suo travestimento?
Cinta di rose, il vel bianco e
la vesta.
(di dentro a sinistra gridando)
Non ti scordar le maschere.
(di dentro a destra gridando)
No, certo.
Nè tu le raganelle!
(continuando il discorso col
Dr. Cajus)
Io già disposi La rete mia.
Sul finir della festa
Verrete a me col volto
ricoperto
Adeus.
Adeus.
(Alice, Nannetta e Fenton saem
pela esquerda: neste momento,
Mrs. Quickly sai da taverna
e, vendo Ford e o Dr. Caius
conversando, põe-se a escutar
da soleira).
(para Meg)
Prepare as lanternas.
(para Caius)
Não duvide, você se casará com
minha filha.
Lembra-se bem do seu disfarce?
Cercada de rosas, o véu branco e
a veste.
(de dentro, à esquerda, gritando)
Não se esqueça das máscaras.
(de dentro, à direita, gritando)
Não, claro.
Nem você das pererecas!
(continuando o discurso com
o Dr. Caius)
Já dispus da minha rede.
Ao findar a festa,
vocês virão até mim com o rosto
coberto,
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 120
Dr. Cajus
Quickly
Nannetta
Quickly
Nannetta
Alice
Quickly
Segunda Parte
Parte Seconda
Essa dal vel, tu da un mantel
fratesco
E vi benedirò come due sposi.
Siam d'accordo.
(esce)
Stai fresco!
(Esce rapidamente da destra
gridando)
Nannetta! Ohè! Nannetta! Ohè!
(di dentro a sinistra, allontanandosi)
Che c'è? Che c'è?
Prepara la canzone della Fata.
È preparata.
(di dentro a sinistra)
Tu, non tardar.
(come sopra, più lontana)
Chi prima arriva, aspetta.
(Il parco di Windsor. Nel centro, la
grande quercia di Herne. Nel fondo,
l'origine di un fosso. Frone foltissime.
Arbusti in fiore. E'notte. Si odono gli
appelli lontani dei guardiaboschi. Il
parco a poco a poco si rischiarirà coi
raggi della luna)
ela com um véu, você com um traje
de frade,
e eu os abençoarei como dois esposos.
Estamos de acordo.
(sai)
Que cara de pau!
(Sai rapidamente pela direita
gritando)
Nannetta! Ei! Nannetta! Ei!
(de dentro, à esquerda, afastando-se)
O que foi? O que foi?
Prepare a canção da Fada.
Está preparada.
(de dentro, à esquerda)
Você, não tarde.
(como acima, mais distante)
Quem chegar primeiro, espera.
(O parque de Windsor. No centro,
o grande carvalho de Herne. Ao
fundo, o início de um fosso. Folhagem
espessíssima. Arbustos em flor. É noite.
Ouvem-se os chamados distantes
dos guardas florestais. O parque aos
poucos ficará claro com os raios da lua)
(solo)
Dal labbro il canto estasiato vola
Pe' silenzi notturni e va lontano
E alfin ritrova un altro labbro
umano
Che gli risponde colla sua parola.
Allor la notte che non é più sola
Vibra di gioia in un accordo arcano
Come altra voce al suo fonte rivola.
Quivi ripiglia suon, ma la sua cura
Tende sempre ad unir chi lo disuna.
Così baciai la disiata bocca!
Bocca baciata non perde ventura.
(di dentro, lontana e avvicinandosi)
Anzi rinnova come fa la luna.
Ma il canto muor
nel bacio che lo tocca.
(Nannetta vestita da Regina delle
Fate. Alice, non mascherata
portando sul braccio una cappa e in
mano una maschera. Mrs Quickly in
gran cuffia e manto grigio da befana,
un bastone e un brutto ceffo di
achera in mano. Poi Meg vestita con
dei veli e mascherata)
(a Fenton)
Nossignore! Tu indossa questa cappa.
(aiutato da Alice e Nannetta ad
indossare la cappa)
Che vuol dir ciò?
(sozinho)
Do lábio o canto extasiado voa
pelos silêncios noturnos e vai longe
e ao fim encontra um outro lábio
humano
que lhe responde com sua palavra.
Então a noite, que não está mais só,
vibra de alegria em um acorde arcano,
como outra voz, à sua fonte regressa.
Ali retoma o som, mas sua cura
tende sempre a unir quem o desuna.
Assim beijei a desejada boca!
Boca beijada não perde ventura.
(de dentro, distante e aproximando-se)
Antes se renova, como faz a lua.
Mas o canto morre
no beijo que o toca.
(Nannetta, vestida de Rainha das
Fadas. Alice, sem máscara, levando
sobre o braço uma capa e na
mão uma máscara. Quickly, com
uma grande touca e manto cinza
de bruxa, um bastão e uma feia
carranca na mão. Depois, Meg
vestida com véus e mascarada)
(para Fenton)
Não, senhor! Você veste esta capa.
(ajudado por Alice e Nannetta a
colocar a capa)
O que quer dizer isso?
Fenton
Nannetta
Fenton
Alice
Fenton
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 122
Nannetta
Alice
Nannetta
Alice
Fenton
Alice
Quickly
Meg
Alice
(aggiustandogli il cappuccio)
Lasciati fare.
(porgendo la maschera a Fenton)
Allaccia.
(rimirando Fenton)
È un fraticel sgusciato dalla
Trappa.
(aiutando Fenton ad allacciare la
maschera)
Il tradimento che Ford ne minaccia
Tornar deve in suo scorno
e in nostro aiuto.
Spiegatevi
Ubbidisci presto e muto.
L'occasione come viene scappa.
(a Mrs Quickly)
Chi vestirai da finta sposa?
Un gaio Ladron nasuto
che aborre il Dr. Cajus.
Ho nascosto i folletti lungo il
fosso.
Siam pronte.
Zitto. Viene il pezzo grosso.
Via!..
(ajustando o capuz)
Relaxe.
(oferecendo a máscara para Fenton)
Coloque.
(olhando para Fenton)
É um passarinho que escapou da
armadilha.
(ajudando Fenton a prender a
máscara)
A traição com que Ford nos ameaça
se voltará como desprezo para ele
e como ajuda para nós.
Expliquem-se.
Obedeça rápido e mudo.
A ocasião, como vem, escapa.
(para Mrs. Quickly)
Quem se vestirá de falsa esposa?
Um alegre ladrão narigudo
que aborrece o doutor Caius.
Escondi os duendes ao lado do
fosso.
Estamos prontas.
Silêncio. Está vindo o figurão.
Fora!...
Meg Quickly Nannetta Alice
Falstaff
Alice
Fora, fora, fora, fora!
(Todos fogem com Fenton pela
esquerda. Falstaff, com dois chifres
de cervo na cabeça e enrolado num
amplo manto. Depois Alice. Depois
Meg. Enquanto Falstaff entra em
cena, soa a meia-noite)
Um, dois, três, quatro,
cinco, seis, sete golpes,
oito, nove, dez, onze,
doze. Meia-noite.
Este é o carvalho. Deuses,
me protejam! Júpiter!
Você, por amor a Europa
se transformou em touro;
carregou chifres.
Os deuses nos ensinam a modéstia.
O amor metamorfoseia
um homem em uma besta.
(escutando)
Ouço um suave passo!
(Alice aparece ao fundo)
Alice! O amor a chama!
(aproximando-se de Alice)
Venha! O amor me inflama!
Sir John!
Via! Via! Via! Via!
(Tutte fuggono con Fenton da
sinistra. Falstaff con due corna di
cervo in testa e avviluppato in un
ampio mantello. Poi Alice. Poi Meg.
Mentre Falstaff entra in scena, suona
la mezzanotte)
Una, due, tre, quattro,
cinque, sei, sette botte,
Otto, nove, dieci, undici,
dodici. Mezzanotte.
Questa é la quercia. Numi,
proteggetemi! Giove!
Tu per amor d'Europa
ti trasformasti in bove;
Portasti corna.
I numi c'insegnan la modestia.
L'amore metamorfosa
un uom in una bestia.
(ascoltando)
Odo un soave passo!
(Alice comparisce nel fondo)
Alice! Amor ti chiama!
(avvicinadosi ad Alice)
Vieni! l'amor m'infiamma!
Sir John!
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 124
Sei la mia dama!
Sir John!
(afferrandola)
Sei la mia dama!
O sfavillante amor!
(attirandola a sè con ardore)
Vieni! Già fremo e fervo!
(sempre evitando l'abbraccio)
Sir John!
Sono il tuo servo!
Sono il tuo cervo, imbizzarrito.
Ed or piovan tartufi,
rafani e finocchi!!
E sian la mia pastura!
E amor trabocchi! Siam soli...
No. Qua nella selva densa
Mi segue Meg.
È doppia l'avventura!
Venga anche lei!
Squartatemi
Come un camoscio a mensa!
Sbranatemi!!
Cupido alfin mi ricompensa.
Io t'amo! t'amo!
(di dentro)
Aiuto!
Você é a minha dama!
Sir John!
(agarrando-a)
Você é a minha dama!
Oh, faiscante amor!
(apertando-a contra si com paixão)
Venha! Já tremo e fervo!
(sempre evitando o abraço)
Sir John!
Sou seu servo!
Sou seu cervo, embezerrado.
E agora chovam trufas,
rábanos e funchos!
E que sejam meu pasto!
E que o amor transborde! Estamos sós...
Não. Aqui na densa selva
me segue Meg.
É dupla a aventura!
Venha ela também!
Esquartejem-me
como uma corça à mesa!
Destrocem-me!
O Cupido ao fim me recompensa!
Eu amo você! Amo você!
(de dentro)
Socorro!
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Meg
Alice
Meg
Alice
Falstaff
Alice
Falstaff
Nannetta
Fadas Le Fate
Falstaff
(fingindo pânico)
Um grito! Ai de mim!
Lá vem o pandemônio!
(Foge)
Ai de mim! Fujamos!
(assustado)
Onde?
(fugindo)
Que o céu perdoe o meu pecado!
(escondendo-se perto do tronco
do carvalho)
O diabo não quer que eu seja danado.
(de dentro)
Ninfas! Elfos! Sílfides! Sereias!
O astro dos encantamentos
no céu surgiu.
(Aparece no fondo, entre as
folhagens)
Surjam! Sombras serenas!
Ninfas! Sílfides! Sereias!
(jogando-se de cara contra
a terra, totalmente estirado)
São as Fadas.
(fingendo spavento)
Un grido! Ahimè!
Vien la tregenda!
(Fugge)
Ahimè! Fuggiamo!
(spaventato)
Dove?
(fuggendo)
Il cielo perdoni al mio peccato!
(appiattendosi accanto al tronco
della quercia)
Il diavol non vuol ch'io sia dannato.
(di dentro)
Ninfe! Elfi! Silfi! Sirene!
L'astro degli incantesimi
in cielo é sorto.
(Comparisce nel fondo fra le
fronde)
Sorgete! Ombre serene!
Ninfe! Elfi! Silfi! Sirene!
(gettandosi colla faccia contro
terra, lungo disteso)
Sono le Fate.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 126
Chi le guarda é morto.
(Nannetta vestita da Regina delle
Fate. Alice: alcune Ragazzette vestite
da Fate bianche e da Fate azzurre.
Falstaff sempre disteso contro terra,
immobile)
Inoltriam.
(scorgendo Falstaff)
Egli é là.
Steso al suol.
Lo confonde il terror
(tutte si inoltrano con precauzione)
Si nasconde
Non ridiam!
Non ridiam!
Tutte qui, dietro a me.
Cominciam.
Tocca a te.
(Le piccole Fate si dispongono in
cerchio intorno alla loro Regina)
Sul fil d'un soffio etesio
Scorrete, agili larve;
Quem as olha está morto.
(Nannetta, vestida de Rainha das
Fadas. Alice: algumas mocinhas
vestidas de Fadas brancas e de
Fadas azuis. Falstaff sempre estirado
contra a terra, imóvel)
Avancemos.
(descobrindo Falstaff)
Ele está lá.
Estirado no chão.
O terror o confunde.
(todas avançam com precaução)
Se esconde.
Não vamos rir!
Não vamos rir!
Todas aqui, atrás de mim.
Comecemos.
É sua vez.
(As pequenas Fadas se dispoem
em círculo em torno de sua Rainha)
Sobre o fio de um sopro de vento
escorram, ágeis espectros;
Alice
Nannetta
Alice
Nannetta
As Fadas Le Fate
Alice
As Fadas Le Fate
Nannetta
As Fadas Le Fate
Rainha das Fadas
La Regina delle Fate
As Fadas
Le Fate
Rainha das Fadas
La Regina delle Fate
As Fadas
Le Fate
Rainha das Fadas
La Regina delle Fate
As Fadas Le Fate
entre os ramos um brilho césio
da aurora lunar aparece.
Dancem! E que o passo brando
meça um brando som.
As mágicas acoplando
bailados à canção.
A selva dorme e dispersa
incenso e sombra; e parece,
no ar denso, um verde
refúgio no fundo do mar.
Erremos sob a lua
escolhendo flores das flores,
cada corola no coração
porta a sua fortuna.
Com os lírios e as violetas
escrevamos nomes arcanos,
das mãos das fadas
germinam palavras,
palavras iluminadas
com pura prata e ouro,
poemas e encantamentos.
As fadas escrevem com flores.
(enquanto vão colhendo flores)
Movamo-nos uma a uma
sob a aurora lunar,
até o carvalho escuro
do Negro Caçador…
As fadas escrevem com flores.
... até o carvalho escuro
Fra i rami un baglior cesio
D'alba lunare apparve.
Danzate! e il passo blando
Misuri un blando suon.
Le magiche accoppiando
Carole alla canzon.
La selva dorme e sperde
Incenso ed ombra; e par
Nell'aer denso un verde
Asilo in fondo al mar.
Erriam sotto la luna
Scegliendo fior da fiore,
Ogni corolla in core
Porta la sua fortuna.
Coi gigli e le viole
Scriviam de' nomi arcani,
Dalle fatate mani
Germoglino parole,
Parole illuminate
Di puro argento e d'or,
Carni e malie. Le Fate
Hanno per cifre i fior.
(mentre vanno cogliendo fiori)
Moviam ad una ad una
Sotto il lunare albor,
Verso la quercia bruna
Del nero Cacciator....
Le fate hanno per cifre i fior.
...verso la quercia bruna
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 128
Bardolfo
Pistola
Falstaff
Quickly
Nannetta Alice Meg
Coro
del Nero Cacciator.
(Tutte le Fate colla Regina mentre
cantano si avviano lentamente
verso la quercia. Dal fondo a sinistra
sbucano: Alice mascherata, Meg
da Ninfa verde colla maschera, Mrs
Quickly da befana, mascherata.
Sonon precedute da Bardolfo, vestito
con una cappa rossa, senza maschera,
col cappuccio abbassato sul volto
e da Pistola, da satiro. Seguono:
Dr. Cajus, in cappa grigia, senza
maschera, Fenton, in cappa nera,
colla maschera, Ford, senza cappa
nè maschera. Parecchi borghesi
in costumi fantastici chiudono il
corteggio e vanno a formare gruppo
a destra. Nel fondo altri mascherati
portano lanterne di varie fogge)
(intoppando nel corpo di Falstaff)
Alto là!
Chi va là?
Pietà!
(toccando Falstaff col bastone)
C'è un uomo!
C'è un uom!
C'è un uom!
do Negro Caçador.
(Todas as fadas com a rainha,
enquanto cantam se aproximam
lentamente em direção ao carvalho.
No fundo, à esquerda, aparecem:
Alice mascarada, Meg de Ninfa
verde com máscara, Mrs. Quickly de
bruxa, mascarada. São precedidas
por Bardolfo, vestido com uma capa
vermelha, sem máscara, com o capuz
abaixado sobre o rosto, e por Pistola,
de sátiro. Seguem: Dr. Caius, de capa
cinza, sem máscara, Fenton, de capa
negra, com máscara, Ford, sem capa
nem máscara. Alguns burgueses
em costumes fantásticos fecham
o cortejo e vão formar um grupo à
direita. No fundo, outros mascarados
carregam lanternas de várias formas)
(tropeçando no corpo de Falstaff)
Alto lá!
Quem vai lá?
Piedade!
(tocando Falstaff com o bastão)
É um homem!
É um homem!
É um homem!
Ford
Pistola
Bardolfo
Bardolfo Pistola
Falstaff
Ford
Quickly
Coro
Alice Nanneta Meg
Coro
Bardolfo
Alice
Nanneta
Cornudo como um boi!
Redondo como uma maçã!
Grande como uma nau!
(tocando Falstaff com o pé)
Levante-se, vamos!
(levantando a cabeça)
Tragam-me uma grua!
Não consigo.
É pesado demais!
Está podre!
Está podre!
É impuro!
É impuro!
(com os grandes gestos de um bruxo)
Que se faça o esconjuro!
(o Dr. Caius gira como quem procura
alguém. Fenton e Quickly escondem
Nannetta com seus corpos)
(à parte, para Nannetta)
Evita o seu perigo.
O doutor Caius já a procura.
Encontremos um esconderijo.
Cornuto come un bue!
Rotondo come un pomo!
Grosso come una nave!
(toccando Falstaff col piede)
Alzati, olà!
(alzando la testa)
Portatemi una grue!
Non posso.
È troppo grave.
È corrotto!
È corrotto!
È impuro!
È corrotto!
(con dei gran gesti da stregone)
Si faccia lo scongiuro!
(il Dr. Cajuss'aggira come chi cerca
qualcuno. Fenton e Quickly nascondono
Nannetta colle loro persone)
(in disparte a Nannetta)
Evita il tuo periglio.
Già il Dottor Cajus ti cerca.
Troviamo un nascondiglio.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 130
Quickly
Bardolfo
Falstaff
Duendes Folletti
Diabos Diavoli
Alice Meg Quickly
Falstaff
(Si avvia con Fenton nel fondo della
scena, protetta da Alice e Quickly)
Poi tornerete lesti al
mio richiamo.
Spiritelli! Folletti!
Farfarelli! Vampiri! Agili insetti
Del palude infernale!
Punzecchiatelo!
Orticheggiatelo!
Martirizzatelo
Coi grifi aguzzi!
(Accorrono velocissimi alcuni
ragazzi vestiti da folletti, e si
scagliano su Falstaff. Altri
folletti, spiritelli, diavoli sbucano
da varie parti)
(a Bardolfo)
Ahimè! tu puzzi
Come una puzzola.
(spingendolo e facendolo
ruzzolare)
Ruzzola, ruzzola, ruzzola, ruzzola!
Pizzica, pizzica,
Pizzica, stuzzica,
Spizzica, spizzica
Pungi, spilluzzica,
Finch'egli abbai!
Ahi! Ahi! Ahi! Ahi!
(Se afasta com Fenton no fundo da
cena, protegida por Alice e Quickly)
Depois vocês voltam rápido, ao
meu chamado.
Espíritos! Duendes!
Borboletas! Vampiros! Ágeis insetos
do pântano infernal!
Piquem-no!
Urtiquem-no!
Martirizem-no
com focinhos pontudos!
(Correndo velozes vêm alguns
rapazes vestidos da duendes, e
jogam-se sobre Falstaff. Outros
duendes, espíritos, diabos aparecem
de vários lugares)
(para Bardolfo)
Ai de mim! Você fede
como uma doninha!
(empurrando-o e fazendo-o
rolar)
Rola, rola, rola, rola!
Belisque, belisque,
belisque, palite,
futuque, futuque,
punja, lambisque,
até ele latir!
Ai! Ai! Ai! Ai!
Duendes Folletti
Diabos Diavoli
Alice Meg Quickly
Falstaff
Duendes Folletti
Diabos Diavoli
Diabos Diavoli
Falstaff
Mulheres Donne
Agitemos chocalhos,
matracas e castanholas!
Que de esguichos e de barro
esse odre se manche!
Metamo-lhe os pés,
dancemos uma dança,
dancemos a farândola
sobre a ampla barriga.
Mosquitos e moscardos,
voem sobre a pista
com dardos e alfinetes!
Que ele arrebente de ira!
Belisque, belisque,
belisque, palite,
futuque, futuque,
punja, lambisque,
até ele latir!
Ai! Ai! Ai! Ai!
Batam nele, instiguem-no
dos pés ao cocoruto!
Esganem, espremam!
Retirem dele o desejo!
Belisque, belisque, a unha lhe enfie!
Rola, rola, rola, rola!
Que ele arrebente, que arrebente,
que arrebente de ira!
Rola! Rola!…
Ai! Ai! Ai! Ai!
Belisque, belisque…
Scrolliam crepitacoli,
Scarandole e nacchere!
Di schizzi e di zacchere
Quell'otre si macoli.
Meniam scorribandole,
Danziamo la tresca,
Treschiam le faràndole
Sull'ampia ventresca.
Zanzare ed assilli,
Volate alla lizza
Coi dardi e gli spilli!
Ch'ei crepi di stizza!
Pizzica, pizzica,
Pizzica, stuzzica,
Spizzica, spizzica,
Pungi, spilluzzica
Finch'egli abbai!
Ahi! Ahi! Ahi! Ahi!
Cozzalo, aizzalo
Dai pie' al cocuzzolo!
Strozzalo, strizzalo!
Gli svampi l'uzzolo!
Pizzica, pizzica, l'unghia rintuzzola!
Ruzzola, ruzzola, ruzzola, ruzzola!
Ch'ei crepi, ch'ei crepi
Ch'ei crepi di stizza!
Ruzzola! Ruzzola!...
Ahi! Ahi! Ahi! Ahi!
Pizzica, pizzica...
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 132
Cialtron!
Poltron! Ghiotton!
Pancion! Beòn! Briccon!
In ginocchion!
(Lo alzano in quattro e lo obbligano
a star ginocchioni)
Pancia ritronfia!
Guancia rigonfia!
Sconquassa letti!
Spacca-farsetti!
Vuota-barili!
Sfonda-sedili!
Sfianca-giumenti!
Triplice mento!
Di' che ti penti!
(Bardolfo prende il bastone di Quickly
e dà una bastonata a Falstaff)
Ahi! Ahi! mi pento!
Uom frodolento!
Indolente!
Vagabundo! Glutão!
Pançudo! Beberrão! Patife!
De joelhos!
(Levantam-no os quatro e
obrigam-no a se ajoelhar)
Pança inflada!
Bochecha inchada!
Destroça-camas!
Rompe-corpetes!
Esvazia-barris!
Afunda-assentos!
Desanca-jumentos!
Queixo triplo!
Diga que se arrepende!
(Bardolfo pega o bastão Quickly
e dá uma bastonada em Falstaff)
Ai! Ai! Me arrependo!
Homem fraudulento!
Dr. Cajus Ford
Bardolfo Pistola
Homens Uomini
Ford
Alice
Bardolfo
Quickly
Pistola
Meg
Dr. Cajus
Ford
Bardolfo Pistola
Alice Meg Quickly
Falstaff
Homens Uomini
Alice Meg Quickly
Falstaff
Homens Uomini
Alice Meg Quickly
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
As Mulheres Le Donne
Homens Uomini
Falstaff
Diabos Diavoli
As Mulheres Le Donne
Falstaff
As Mulheres Le Donne
Falstaff
Diga que se arrepende!
Ai! Ai! Me arrependo!
Homem turbulento!
Diga que se arrepende!
Ai! Ai! Me arrependo!
Cabrão! Aproveitador! Fanfarrão!
Perdão!
(com a cara muito próxima à
de Falstaff)
Reforma a sua vida!
Você fede a aguardente!
Senhor, torne-o casto!
Pança inchada!
Mas salve-lhe o abdômen.
Belisque, belisque, belisque!
Senhor, torne-o casto!
Mas salve-lhe o abdômen.
Castigue-o, Senhor!
Mas salve-lhe o abdômen.
Di' che ti penti!
Ahi! Ahi! mi pento!
Uom turbolento!
Di' che ti penti!
Ahi! Ahi! mi pento!
Capron! Scroccon! Spaccon!
Perdon!
(colla faccia vicinissima alla faccia
di Falstaff)
Riforma la tua vita!
Tu puti d'acquavita.
Domine fallo casto!
Pancia ritronfia!
Ma salvagli l'addomine.
Pizzica, pizzica, pizzica!
Domine fallo guasto!
Ma salvagli l'addomine.
Fallo punito Domine!
Ma salvagli l'addomine.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 134
Pancia ritronfia!
Globo d'impurità! Rispondi.
Ben mi sta.
Monte d'obesità! Rispondi.
Ben mi sta.
Otre di malvasia! rispondi.
Così sia.
Re dei panciuti!
Va via, tu puti.
Re dei cornuti!
Va via, tu puti.
Furfanteria!
Ahi! Così sia.
Gagliofferia!
Ahi! Così sia.
Furfanteria! Gagliofferia!
Ed or che il diavol ti porti via!!
Pança inchada!
Globo de impureza! Responda!
Por mim, está bem.
Monte de obesidade! Responda!
Por mim, está bem.
Odre de malvasia! Responda!
Assim seja.
Rei dos pançudos!
Fora, você fede.
Rei dos cornudos!
Fora, você fede.
Patifaria!
Ai! Assim seja.
Galhofaria!
Ai! Assim seja.
Patifaria! Galhofaria!
E agora que o diabo o leve embora!
Homens Uomini
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Bardolfo
Falstaff
Homens Uomini
Falstaff
Dr. Cajus Ford
Bardolfo Pistola
Falstaff
Dr. Cajus Ford
Bardolfo Pistola
Bardolfo
(Nella foga del dire gli casca
il cappuccio)
(rialzandosi)
Nitro! Catrame! Solfo!!
Riconosco Bardolfo!
(violentissimamente contro Bardolfo)
Naso vermiglio!
Naso bargiglio!
Puntuta lesina!
Vampa di resina! Salamandra!
Ignis fatuus! Vecchia alabarda!
Stecca di sartore!
Schidion d'inferno!
Aringa secca!
Vampiro! Basilisco!
Manigoldo! Ladrone!
Ho detto. E se smentisco
Voglio che mi si spacchi il cinturone!!
Bravo!
Un poco di pausa. Sono stanco.
(a Bardolfo, gli dice a bassa voce)
Vieni, Ti coprirò col velo
bianco.
(Mentre il Dr. Cajus ricomincia a
cercare e cercando esce, dalla
parte opposta, Quickly e Bardolfo
scompaiono dietro gli alberi
del fondo)
(Na fúria do grito cai
o seu capuz)
(levantando-se)
Nitro! Alcatrão! Enxofre!
Reconheço Bardolfo!
(violentamente contra Bardolfo)
Nariz vermelho!
Nariz peludo!
Pontuda sovela!
Chama de resina! Salamandra!
Fogo fátuo! Velha alabarda!
Vareta de alfaiate!
Agulha do inferno!
Arenque seco!
Vampiro! Basilisco!
Bandido! Ladrão!
Eu disse. E se minto,
quero que me caia o cinturão!
Bravo!
Um pouco de pausa. Estou cansado.
(para Bardolfo, em voz baixa)
Venha. Vou cobrir você com o véu
branco.
(Enquanto o Dr. Caius recomeça
a procurar e sai procurando, do
lado oposto, Quickly e Bardolfo
desaparecem atrás das árvores
ao fundo)
Falstaff
Todos Tutti
Falstaff
Quickly
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 136
(ironico a Falstaff)
Ed or, mentre vi passa la scalmana,
Sir John, dite:
il cornuto Chi é?
(smascherandosi)
Chi é?
Vi siete fatto muto?
(dopo un primo istante di
sbalordimento andando
incontro a Ford)
Caro signor Fontana!
(interponendosi)
Sbagliate nel saluto,
Questo é Ford, mio marito.
(ritornando)
Cavaliero...
Reverenza...
Voi credeste due donne
così grulle,
Così citrulle,
Da darsi anima e corpo
all'Avversiero,
Per un uom vecchio, sudicio
ed obeso...
...con quella testa calva...
...e con quel peso!
(irônico para Falstaff)
E agora, enquanto passa a sua inquietação,
Sir John, diga:
o cornudo quem é?
(desmascarando-se)
Quem é?
Acaso ficou mudo?
(depois de um instante de
abalo andando ao
encontro de Ford)
Ah! Caro senhor Fontana!
(interpondo-se)
Você errou a saudação,
este é Ford, meu marido.
(retornando)
Cavaleiro...
Reverência...
Você acreditou em duas mulheres tão
tolas,
tão bobas,
a ponto de entregar alma e corpo ao
Diabo,
por um homem velho, sujo
e obeso…
... com essa cabeça calva...
... e com esse peso!
Ford
Alice Meg
Alice
Falstaff
Alice
Quickly
Falstaff
Quickly
Meg Quickly
Alice Meg Quickly
Ford
Falstaff
Alice
Ford
Todos Tutti
Falstaff
Todos Tutti
Ford
Falam claro.
Começo a me dar conta
de ter sido um asno.
Um cervo.
Um boi.
(rindo)
Ah! Ah!
É um monstro raro!
Um cervo! Um boi!
Ah! Ah!
(que retomou a sua calma)
Todo tipo de gente ordinária
zomba de mim e se vangloria disso;
mas, sem mim, esses com tanta presunção
não teriam uma migalha de sal.
Sou eu quem os faz espertos.
A minha argúcia cria a argúcia dos
outros.
Que bravo!
Pelos deuses!
Se eu não estivesse rindo, o
despedaçaria!
Mas basta. E agora me escutem.
Coroaremos a bela mascarada
com as bodas da
Rainha das Fadas.
(O doutor Caius e Bardolfo, vestido
Parlano chiaro.
Incomincio ad accorgermi
D'esser stato un somaro.
Un cervo.
Un bue.
(ridendo)
Ah! Ah!
È un mostro raro!
Un cervo! Un bue!
Ah! Ah!
(che avrà riacquistato la sua calma)
Ogni sorta di gente dozzinale
Mi beffa e se ne gloria;
Pur, senza me, costor con tanta boria
Non avrebbero un briciolo di sale.
Son io che vi fa scaltri.
L'arguzia mia crea l'arguzia
degli altri.
Ma bravo!
Per gli Dei!
Se non ridessi ti sconquasserei!
Ma basta. Ed ora vo' che
m'ascoltiate.
Coronerem la mascherata bella
Congli sponsali della
Regina delle Fate.
(Il Dr. Cajus e Bardolfo, vestito da
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 138
Regina delle Fate col viso coperto
da un velo, s'avamzano lentamente
tenendosi per mano. Il Dr. Cajus ha
la maschera sul volto)
Già s'avanza la coppia degli sposi.
Attenti!
Attenti!
Eccola, in bianca vesta
Col velo e il serto delle rose in testa
E il fidanzato suo ch'io le disposi.
Circondatela, o Ninfe.
(Il Dr. Cajuse Bardolfo si collocano
nel mezzo: le Fate li circondano)
(presentando Nannetta chi ha un
gran velo celeste che la copre tutta.
Fenton ha la maschera e la cappa)
Un'altra coppia
D'amanti desiosi
Chiede d'essere ammessa
agli augurosi connubi!
E sia. Farem la festa doppia.
Avvicinate i lumi.
(I folletti guidati da Alice si
avvicinano colle loro lanterne)
Il ciel v'accoppia.
Giù le maschere e i veli.
Apoteosi!
Todos Tutti
Ford
Alice
Ford
de Rainha das Fadas e com o rosto
coberto por um véu, avançam
lentamente de mãos dadas. O Dr.
Caius põe a sua máscara sobre o rosto)
O par de noivos já se aproxima.
Atentos!
Atentos!
Ei-la, em branca veste,
com o véu e a coroa de flores na cabeça
e o seu noivo, com quem a casarei.
Rodeiem-na, oh, Ninfas!
(O doutor Caius e Bardolfo colocam-se
no meio: as Fadas os rodeiam)
(apresentando Nannetta com um
grande véu celeste que a cobre toda.
Fenton está de máscara e capa)
Outro casal
de amantes desejosos
quer ser admitido
nas felizes bodas!
Que seja. Faremos uma festa dupla.
Aproximem as luzes.
(Os duendes guiados por Alice se
aproximam com suas lanternas)
O céu os une.
Tiram as máscaras e os véus.
Apoteose!
(rapidamente Fenton e il Dr. Cajus
si tolgono la maschera; Nannetta e
Bardolfo il velo)
(ridendo tranne Ford e il Dr. Cajus)
Ah! Ah! Ah! Ah!
(riconoscendo Bardolfo,
immobilizzato dalla sorpresa)
Spavento!
(sorpreso)
Tradimento!
(ridendo)
Apoteosi!
(guardando l'altra coppia)
Fenton con mia figlia!!
Ho sposato Bardolfo!!
Ah! Ah!
Spavento!
Vittoria!
(tranne Dr. Cajus e Ford)
Evviva! Evviva!
Oh! Meraviglia!
(avvicinandosi a Ford)
L'uom cade spesso nelle reti ordite
Todos Tutti
Dr. Cajus
Ford
Os outros Gli altri
Ford
Dr. Cajus
Todos Tutti
Dr. Cajus
As mulheres Le donne
Todos Tutti
Ford
Alice
(rapidamente Fenton e o Dr. Caius
tiram a máscara; Nannetta e
Bardolfo o véu)
(rindo, menos Ford e o Dr. Caius)
Ah! Ah! Ah! Ah!
(reconhecendo Bardolfo,
imobilizado pela surpresa)
Que susto!
(surpreso)
Traição!
(rindo)
Apoteose!
(olhando para o outro casal)
Fenton com a minha filha!
Casei-me com Bardolfo!
Ah! Ah!
Terror!
Vitória!
(menos Caius e Ford)
Viva! Viva!
Oh! Maravilha!
(aproximando-se de Ford)
O homem sempre cai nas redes urdidas
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 140
Dalle malizie sue.
(ironico a Ford)
Caro buon Messer Ford,
ed ora, dite: Lo scornato chi è?
(accenna al Dr. Cajus)
Lui.
(accenna a Ford)
Tu.
No.
Sì.
(accenna a Ford e al Dr. Cajus)
Voi.
(accenna pure a Ford e
al Dr. Cajus)
Lor.
(mettendosi con Ford)
Noi.
Tutti e due.
(mettendo Falstaff con Ford e Cajus)
No. Tutti e tre.
(a Ford, mostrando Nannetta
e Fenton)
Volgiti e mira quelle ansie leggiadre.
por suas malícias.
(irônico para Ford)
Caro bom Senhor Ford,
e agora, diga: o descornado quem é?
(aponta para o Dr. Caius)
Ele.
(aponta para Ford)
Você.
Não.
Sim.
(aponta para Ford e para o Dr. Caius)
Vocês.
(aponta também para Ford e
o Dr. Caius)
Eles.
(juntando-se a Ford)
Nós.
Todos os dois.
(juntando Falstaff com Ford e Caius).
Não. Todos os três.
(para Ford, apontando para
Nannetta e Fenton)
Volte-se e veja essas formosas ânsias.
Falstaff
Ford
Dr. Cajus
Ford
Dr. Cajus
Bardolfo
Fenton
Dr. Cajus
Falstaff
Alice
(a Ford, giungendo le mani)
Perdonateci, padre.
Chi schivare non può
la propria noia
L'accetti di buon grado.
Facciamo il parentado
E che il ciel vi dia gioia.
(tranne il Dr. Cajus)
Evviva!
Un coro e terminiam la scena
Poi con Sir Falstaff,
tutti, andiamo a cena.
Evviva!
Tutto nel mondo é burla.
L'uom é nato burlone...
Tutto nel mondo é burla.
L'uom é nato burlone,
La fede in cor gli ciurla,
Gli ciurla la ragione.
Tutti gabbati! Irride
L'un l'altro ogni mortal.
Ma ride ben chi ride
La risata final.
(cala la tela)
FINE
(para Ford, segurando sua mão)
Perdoe-os, pai.
Quem não pode se esquivar
de sua própria moléstia,
que a aceite de bom grado.
Façamos o casamento
e que o céu lhes dê alegria.
(menos o Dr. Caius)
Viva!
Um coro e terminemos a cena.
E depois, com Sir Falstaff,
todos, saímos de cena.
Viva!
Tudo no mundo é burla.
O homem nasceu burlão...
Tudo no mundo é burla.
O homem nasceu burlão,
a fé no seu coração vacila,
vacila também a sua razão.
Todos enganados! Riem
uns dos outros todos os mortais.
Mas ri melhor quem ri
por último.
(cai a cortina)
FIM
Nannetta
Ford
Todos Tutti
Falstaff
Ford
Todos Tutti
Falstaff
Todos Tutti
Denisede Freitas
Luca Salsi
JohnNeschling
Nelson Martinez
RominaBoscolo
Bruno Greco Facio
Virginia TolaDavide Livermore
Saulo Javan
AmbrogioMaestri
RosanaLamosa
StefanoConsolini
Adriane Queiroz
Lina Mendes
DiógenesRandes
Marco Frusoni
Blagoj Nacoski
Saverio FioreLuciana Bueno
ElisabettaFiorillo
RodrigoEsteves
GianlucaFalaschi
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 144
A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-
nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de
São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra to-
cou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich,
Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur,
Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guar-
nieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Mag-
nani, além de vários compositores regendo suas obras,
como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solis-
tas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda
Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Ac-
cardo, Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início
de 2013, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem
como diretor artístico o maestro John Neschling.
O Coro Lírico foi criado em 1939 por iniciativa do prefeito
Prestes Maia, sob a coordenação do Maestro Armando Be-
lardi, então diretor artístico do Theatro Municipal.
As 16 óperas que marcaram sua temporada de estreia
foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi.
Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titu-
lar e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve sob a
regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Ele-
azar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Hei-
tor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti e
Fábio Mechetti.
Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando
de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de
Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Car-
los Gomes, na categoria ópera, em 1997.
Desde dezembro de 2013, o grupo é dirigido por Bruno
Greco Facio.
Orquestra
Sinfônica
Municipal
de São Paulo
Coro Lírico
Municipal
de São Paulo
Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo, John
Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se de-
dicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos
reestruturado a Osesp, transformando-a num ícone da mú-
sica sinfônica na América Latina.
Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling
dirigiu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos
(Lisboa), St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França), Massimo de
Palermo (Itália), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e
se apresentou em muitas das maiores casas de ópera da Eu-
ropa e dos EUA, em mais de 70 produções diferentes. Diri-
giu ainda, nos anos de 1990, os teatros municipais do Rio de
Janeiro e de São Paulo.
Como regente sinfônico, tem uma longa experiência
frente a grandes orquestras dos continentes americano, eu-
ropeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente
premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N.1 de
Beethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone
como um dos melhores da história. No momento, se pre-
para para gravar o terceiro volume das obras de Respi-
ghi pela gravadora sueca BIS, frente à Filarmônica Real de
Liege, Bélgica.
Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua for-
mação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres fo-
ram Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann
no Brasil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein
nos EUA.
É membro da Academia Brasileira de Música.
Davide Livermore estudou canto lírico e atuou como tenor por
dez anos, até 1998, quando direcionou suas energias criativas
para a direção cênica. Durante sua carreira, dirigiu importan-
tes produções de ópera em vários teatros da Itália, como o Te-
atro del Maggio Musicale de Florença, Teatro Regio de Turim,
John Neschling
Regente
Davide Livermore
Direção Cênica, Cenografia
e Desenho de Luz
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Teatro San Carlo de Nápoles, Teatro Carlo Felice de Gênova,
Teatro La Fenice de Veneza, e em outros países, como Opera
Company da Filadélfia e a Opéra de Montpellier.
Atua como diretor artístico do Cineteatro Baretti, em Tu-
rim, e leciona educação musical e canto na Escola do Teatro
Stabile da mesma cidade. Em fevereiro de 2013, foi nome-
ado diretor artístico do Centro de Perfeccionamiento Plácido
Domingo do Palau de les Arts de Valência, Espanha.
Nas últimas temporadas, Davide Livermore dirigiu La
Bohème na Opera Company da Filadélfia e no Palau de les
Artes de Valência, na qual também realizou uma nova monta-
gem do Otello de Giuseppe Verdi, e As Bodas de Fígaro, de
Mozart, no Teatro Colón de Buenos Aires e no Teatro Carlo
Felice de Gênova, dentre outras óperas. Neste ano, ele diri-
giu esta montagem inédita de Falstaff no Theatro Municipal
de São Paulo, e dirigirá Carmen, de Bizet, no Teatro Carlo Fe-
lice de Gênova, e Narciso, de Scarlatti, no Innsbrucker Fes-
twochen der Alten Musik.
Nascido em Roma, trabalhou com alguns dos mais presti-
giados diretores da cena teatral, como Arturo Cirillo, Cristina
Pezzoli, Antonio Latella, Davide Livermore, Pierpaolo Sepe,
Alessandro Gassman, Giuseppe Marini, Walter Le Moli. Sua
entrada no mundo da ópera ocorreu a partir da parceria ar-
tística com Cirillo: Falaschi assinou o figurino da montagem
de Alidoro, de Leonardo Leo, no Teatro Valli de Reggio Emilia
e de Napoli milionaria!, de Nino Rota, no Festival de Martina
Franca. Colaborou no Trítico de Puccini no Teatro Comunale
de Módena, espetáculo sob a direção de Cristina Pezzoli, para
quem também desenhou o figurino de Mãe Coragem, de Ber-
tolt Brecht. Com Davide Livermore, colaborou com o figurino
na bem-sucedida encenação de Don Giovanni de Mozart no
Teatro Carlo Felice de Gênova. A parceria entre os dois foi re-
petida na montagem da peça Peter Pan de James Barrie no
Gianluca Falaschi
Figurinos
Teatro Due de Parma; das óperas A Filha do Regimento, de
Donizetti, no Teatro Verdi di Trieste e L’Italia del destino, de
Luca Mosca, no Teatro del Maggio Musicale de Florença. É
professor de Figurinismo na Accademia d’Arte Drammatica
Silvio D’Amico. Recebeu o Prêmio Abbiati de 2013 pelo figu-
rino de Ciro in Babilonia, de Rossini, produzido para o Rossini
Opera Festival, com direção de Davide Livermore.
Paulistano, graduado em composição e regência pelas Fa-
culdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orien-
tação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi
Munakata. No ano de 2011 assumiu a regência do Collegium
Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando
continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha.
Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho res-
ponsável pela formação musical de jovens cantores e regen-
tes. Durante 2010 foi preparador do coro da Cia. Brasileira
de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que
percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Bar-
beiro de Sevilha, de Gioachino Rossini.
A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titu-
lar do Coral Paulistano em fevereiro de 2013; em dezembro
do mesmo ano assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro
Municipal de São Paulo.
Natural de Pavia, norte de Itália, Ambrogio Maestri teve sua
carreira alavancada após brilhar como Falstaff em apresenta-
ção regida por Riccardo Muti e com direção artística de Gior-
gio Strehler, que fazia parte das festividades do centenário
da morte de Verdi. Desde então, é muito requisitado pelos
mais importantes teatros de ópera do mundo todo. Sua re-
lação com Muti o levou a interpretar, no Teatro alla Scala de
Milão, alguns papeis verdianos bastante emblemáticos: Iago
Bruno Greco Facio
Regente do Coro
Ambrogio Maestri
Barítono
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em Otello, Renato em Um Baile de Máscara, Don Carlo di Var-
gas em A Força do Destino e Giorgio Germont em La Traviata.
Convidado de famosas companhias de ópera do mundo
todo, como a Metropolitan Opera, Ópera de Paris, Covent
Garden e Staatsoper de Vienna, Maestri continua seu per-
curso verdiano, atuando em montagens de Il Trovatore, Aida,
Simon Boccanegra, Rigoletto e Nabucco. Aclamado tanto
pelo público como pela crítica, Maestri é um dos barítonos
mais reverenciados do cenário internacional.
Nos últimos quatro anos, Maestri se dedicou a papeis
de óperas de Puccini e do Verismo, participando de monta-
gens de Tosca, Pagliacci e Cavalleria Rusticana em teatros de
Viena, Munique, Zurique, Salzburgo e Tóquio. Durante sua
carreira, foi dirigido por grandes regentes e diretores cêni-
cos como Zubin Mehta, Daniele Gatti, Daniel Oren, Franco
Zeffirelli, Robert Carsen, Graham Vick, Peter Stein e Bob Wil-
son, dentre outros.
Nascido em Cuba, Nelson começou a carreira operística aos
19 anos, tendo, desde o início, êxito em teatros de todo o
mundo, interpretando uma grande variedade óperas italia-
nas e francesas, bem como zarzuelas espanholas e cubanas.
Nelson tem uma voz de barítono verdiano altamente
dramática, combinando um legato elegante com musicali-
dade inteligente, além de uma presença de palco dominante.
Em 2001, Nelson se mudou para os EUA, onde continua
sua carreira operística, atuando com companhias de ópera
de várias cidades americanas, como Saint Louis, Knoxville,
Miami, Nova Jersey, Baltimore, dentre outras, e de vários pa-
íses, como Espanha, França, China, Rússia, Coréia e México.
No universo verdiano, Nelson Martinez interpretou o papel
principal em Rigoletto, na Ópera Nacional da Grécia, em Ate-
nas, e a personagem título em Nabucco, na Florida Grand
Opera de Miami.
Nelson Martinez
Barítono
Aclamado pela beleza de sua voz e rica expressão de suas
interpretações, tem intensa carreira internacional brilhando
nos palcos de Madri, Bilbao, Valencia, Tóquio, Monte Carlo,
Mallorca, Pamplona, Sicilia, Cagliari, Buenos Aires, Spoleto, Rio
de Janeiro, São Paulo, Manaus, Belo Horizonte, Belém, entre
outros. Venceu por duas vezes o Prêmio Carlos Gomes como
melhor cantor e gravou na Espanha pela EMI e RTVE e, no Bra-
sil, pela Algol e Biscoito Fino. Representou papeis principais
em óperas como Don Carlo, Nabucco, Macbeth, Fastaff, Um
Baile de Máscaras, Il Trovatore, La Traviata, de Verdi; Fausto,
Romeu e Julieta, de Charles Gounod; I Pagliacci, de Leonca-
vallo; La Bohème e Tosca, de Puccini; O Cavaleiro da Rosa, de
Richard Strauss; Canções das Crianças Mortas, A Canção da
Terra, de Gustav Mahler.
Nascido em San Secondo Parmense, na Itália, Luca Salsi es-
treou no Teatro Comunale de Bolonha em A Escada de Seda
de Rossini, em 1997. Desde então, estabeleceu uma carreira
internacional apresentando-se em importantes teatros do
mundo, como o Metropolitan de Nova York, Teatro alla Scala
de Milão, Teatro Colón de Buenos Aires, Washington Opera,
Los Angeles Opera, Staatsoper de Berlim, Teatro Regio de
Parma, Teatro Lirico de Cagliari, Teatro Carlo Felice de Gê-
nova e Teatro San Carlo de Nápoles.
Trabalhou com importantes regentes, como Mark Elder,
Gabriele Ferro, Daniele Gatti, Plácido Domingo, Gustavo
Dudamel, Riccardo Muti, Renato Palumbo, Donato Renzetti,
Emanuel Villaume e Alberto Zedda; e prestigiados diretores
de cena, incluindo Daniele Abbado, Robert Carsen, Hugo De
Ana, Giuseppe Patroni Griffi, Antony Minghella, Lamberto Pu-
ggelli, Maurizio Scaparro e Franco Zeffirelli.
Nos últimos anos, interpretou Don Carlo em A Força
do Destino, seguido de outros importantes papeis verdia-
nos: Macbeth e Nabucco, ambos sob a regência de Riccardo
Luca Salsi
Barítono
Rodrigo Esteves
Barítono
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Muti, o papel principal em Rigoletto, Ford em Falstaff, Conte
di Luna em Il Trovatore e Ernani em Don Carlo. Além disso,
atuou como Marcello em La Bohème, Sharpless em Madama
Butterfly, de Puccini, Fígaro em O Barbeiro de Sevilha, de
Rossini, e Valentin no Fausto de Charles Gounod.
Natural de Santa Fé, Argentina, Virginia tem em seu reper-
tório diversas obras sinfônicas e operísticas e se apresentou
em importantes teatros, como o Palau de les Arts Reina So-
fia de Valência, Ópera de Monte Carlo, Nederlandse Opera
de Amsterdã, Teatro Colón de Buenos Aires, Ópera de Lau-
sanne e Den Norske Opera de Oslo.
Apresentou-se diversas vezes com Plácido Domingo
pela Ásia, Europa e América do Norte. Interpretou a Con-
dessa de Almaviva em As Bodas de Fígaro e Fiordiligi em
Così fan Tutte, de Mozart, Violetta em La Traviata e Desde-
mona em Otello, de Verdi, Mimì em La Bohème, de Puccini,
Micaela em Carmen, de Bizet, Rosina em O Barbeiro de Se-
vilha, de Rossini, Valencienne em A Viúva Alegre, de Franz
Lehár, Margarita em Mefistófeles, de Arrigo Boito, e Nedda
em I Pagliacci, de Leoncavallo.
Destacam-se em sua discografia as gravações de Don
Rodrigo e de Milena, obras do compositor argentino Alberto
Ginastera.
A paraense Adriane Queiroz desenvolve sua carreira na Eu-
ropa, principalmente na Alemanha, onde integra o ensemble
de solista da Staatsoper de Berlim. Formada em canto pelo
Conservatório Carlos Gomes, foi selecionada pela concorrida
Academia de Música de Viena, onde se diplomou em ópera e
atuou sob a direção de maestros como Barenboim, Nagano,
Rene Jacobs, dentre outros. Cantou também com a Filarmô-
nica de Berlim a Oitava Sinfonia de Mahler, com Pierre Bou-
Virginia Tola
Soprano
Adriane Queiroz
Soprano
lez, gravada pela Deutsche Grammophon.
Em seu repertório operístico encontramos títulos como
As Bodas de Fígaro, A Flauta Mágica, Così fan Tutte, Don Gio-
vanni, Turandot e Carmen. Cantou Rosalinde, na opereta O
Morcego, na Semperoper de Dresden.
Paralelamente, realiza um trabalho de divulgação da
música brasileira. Em 2011, gravou um álbum com Canções
de Camargo Guarnieri. Ano passado, estreou a opereta O Es-
tudante Mendigo, de Karl Millöcker, no festival de Mörbisch,
Áustria, que também foi gravada e lançada pelo selo Oehms.
Reconhecida como uma das mais importantes sopranos bra-
sileiras, Rosana Lamosa é convidada frequentemente a atuar
em palcos do Brasil e do mundo, tendo se apresentado em
importantes teatros como o Carnegie Hall de Nova York e o
Concert Hall de Seul. Interpretou Mélisande em Pelléas et
Mélisande, de Debussy, Mimì em La Bohème, de Puccini, Vio-
letta em La Traviata e Gilda em Rigoletto, de Verdi, Susanna
em As Bodas de Fígaro, de Mozart, Marie em A Filha do Re-
gimento, de Donizetti, e o papel princial em Manon, de Mas-
senet. Além disso, se apresentou como Cecy em O Guarani,
de Carlos Gomes, no Teatro São Carlos de Lisboa, no papel
principal em Armide, de Gluck, no Buxton Festival, na Ingla-
terra e como Gilda em Rigoletto na Michigan Opera House.
Recebeu o Prêmio APCA de melhor cantora em 1996 e
o Prêmio Carlos Gomes em 1999 e 2002. Em 2009 recebeu
a Ordem do Ipiranga do Governo de São Paulo, por servi-
ços prestados à arte e à cultura. Gravou as Canções de Amor
de Claudio Santoro, a ópera Jupyra de Francisco Braga com
a Osesp, as Bachianas Brasileiras N. 5 de Villa–Lobos com a
Nashville Symphony Orchestra, Canções de Gilberto Mendes
e Missa de N. Sra. da Conceição de José Mauricio Nunes Gar-
cia com a OSB.
Rosana Lamosa
Soprano
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Nascida em Niterói, ainda pequena Lina foi solista no Thea-
tro Municipal do Rio de Janeiro nas óperas Tosca, de Puccini,
Rigoletto, de Verdi, e A Flauta Mágica, de Mozart. Interpre-
tou Nedda na ópera I Pagliacci, de Leoncavallo, e foi solista
em Maroquinhas Fru-Fru de Ernst Mahle, La Canterina de
Haydn, Un Mari à La Porte de Offenbach e em Orfeu e Eurí-
dice de Gluck.
No centenário do Theatro Municipal de São Paulo, inter-
pretou Gilda na ópera Rigoletto, sob regência de Abel Ro-
cha. Naquele mesmo ano, viveu Ninette da ópera O Amor
das Três Laranjas de Prokofiev, no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, sob regência de Isaac karabtchevsky.
Em 2010, Lina foi convidada a participar do Schleswig
Holstein Musik Festival, passando por diferentes cidades da
Alemanha, sob regência de Rolf Beck, Christopher Hogwood,
Stefan Parkman, Bobby McFerrin e Christoph Eschenbach.
Nos últimos anos, cantou o papel de Nannetta, trechos
da ópera Falstaff na sala de música de câmara do Teatro Re-
gio de Parma; interpretou Liberty na ópera Ça Ira, de Roger
Waters, no Theatro Municipal de São Paulo; como Blonde,
participou da ópera O Rapto do Serralho de Mozart. No Pa-
lácio das Artes, em Minas Gerais, interpretou Oscar da ópera
Um Baile de Máscara de Verdi.
Marco Frusoni estreou em 2008 no Teatro dell’Opera de
Roma em La Camerata Bardi, espetáculo que traça um per-
curso da ópera de Claudio Monteverdi a Andrea Morricone.
No mesmo ano participou da apresentação da Missa de Gló-
ria, de Puccini, na Basílica de San Frediano em Lucca, com
a Orquestra de Torre del Lago, que fez parte da celebração
dos 150 anos do nascimento do compositor.
No ano seguinte, no Teatro dell’Opera de Roma, inter-
pretou Gabalo na estreia mundial de Il Re Nudo, de Luca
Lombardi. Em Spoleto foi o protagonista de Il Cuoco e La
Lina Mendes
Soprano
Marco Frusoni
Tenor
Madama de Giuseppe Sigismondi e, em Teramo, Cassio, em
Otello de Verdi, com Renato Bruson.
Nos últimos anos, atuou no papel de Fenton, no Falstaff,
e Alfredo, La Traviata, de Verdi, como Lord Riccardo Percy em
Anna Bolena, de Donizetti, Rinuccio em Gianni Schicchi e Ro-
dolfo em La Bohème, ambas de Puccini, como Don Josè na Car-
men de Bizet, junto a Alberto Gazale, tendo se apresentado
em diversos teatros de Milão, Modena, Pisa, Livorno e Verona.
O macedônio Blagoj Nacoski, após ter estudado em Skopje
e Florença, estreou em 2003 no Teatro dell’Opera de Roma,
no papel de Arturo, em Lucia di Lammermoor de Donizetti.
Desde então, se apresentou nos mais prestigiados teatros do
mundo: Teatro del Maggio Musicale de Florença, Teatro Carlo
Felice de Gênova, Festival de Salzburgo, Concertgebouw de
Amsterdã, Bayerische Staatsoper de Munique, Teatro Regio
de Parma, Opernhaus de Zurique, Ópera de Frankfurt, Teatro
Verdi de Trieste, Teatro La Fenice de Venezia, Teatro Lirico de
Cagliari, Staatsoper de Stuttgart, dentre outras.
Atuou no papel de Ferrando em Così fan Tutte, Tamino
em A Flauta Mágica, Don Ottavio em Don Giovanni, Bel-
monte em O Rapto do Serralho, Scipione em Il sogno di Sci-
pione, de Mozart; Ernesto em Don Pasquale, Nemorino em
O Elixir do Amor, de Donizetti; Lindoro em L’Italiana in Algeri,
Don Narciso em Il Turco in Italia, Almaviva em O Barbeiro de
Sevilha, de Rossini; Fenton em Falstaff, de Verdi; Elvino em
La Sonnambula, de Bellini; Peter Quint em A Volta do Para-
fuso, Lysander em Sonho de um Noite de Verão, de Britten.
Paralelamente às suas atuações operísticas, Blagoj Na-
coski também se dedicou à música sinfônica, tendo se apre-
sentado no Il Quirinale, o palácio presidencial italiano; foi o
tenor solista na Sinfonia N.9 de Beethoven, além de ter can-
tado várias vezes o Messias de Händel e a Missa em Si Me-
nor de J. S. Bach em Roma, Florença e Bolonha.
Blagoj Nacoski
Tenor
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 154
Em 2013, Denise de Freitas brilhou como Azucena em Il Tro-
vatore, de Verdi, no Festival do Teatro da Paz, e como Fricka
em As Valquírias, de Richard Wagner, no Theatro Municipal
do Rio de Janeiro. Em 2012, cantou Waltraute em O Crepús-
culo dos Deuses, de Richard Wagner, no Theatro Municipal
de São Paulo.
Recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor cantora em
2004, 2009 e 2012. Apresentou-se na ópera Yerma em Ber-
lim, Paris e Lisboa. Seu repertório inclui Dalila, Compositor
(Ariadne), Mère Marie (Diálogo das Carmelitas), Cherubino,
Nicklausse (Les Contes d'Hoffmann), Siebel (Fausto), O Ra-
poso (Raposinha Esperta), além de Suzuki, Laura, Adalgisa e
Charlotte. Apresentou-se sob a regência dos maestros Isaac
Karabtchevsky, Luiz Fernando Malheiro, John Neschling, Silvio
Viegas, Fabio Mechetti, Jamil Maluf, Marcelo de Jesus, Rafael
Frühbeck de Burgos, J. Pons, K. Martin, C. Villaret e R. Arms-
trong. E atuou sob a direção de Jorge Takla, Aidan Lang, Carla
Camurati, Lívia Sabag e André Heller. Estudou com L. Prioli e
se aperfeiçoou com C. Green, P. McCaffrey e com S. Sass.
Estreou em O Barbeiro de Sevilha como Rosina, sob direção
de Enzo Dara. Desde então tem se apresentado como Car-
men (Carmen), Donna Elvira (Don Giovanni), Lola (Cavalleria
Rusticana), João (João e Maria), Suzuki (Madama Butterfly),
Meg Page (Falstaff), Katisha (O Mikado), Giulietta (Os Contos
de Hoffmann), Aksinya (Lady Macbeth de Mtzenski), La Cene-
rentola (Cenerentola), Romeo (I Capuleti e I Montecchi), Mãe
(Poranduba), Teresa (Magdalena), Mãe/ Xícara Chinesa/Libé-
lula (O Menino e os Sortilégios de Ravel), Miss Jessel (The
Turn of the Screw) e Mãe, na estreia de O Menino e a Liber-
dade, de Ronaldo Miranda. Foi Suzuki, em Madama Butterfly,
na Royal Opera Canada e solista no Glória de Vivaldi, Mes-
sias de Händel, Requiem de Verdi, Missa em Dó Menor de
Mozart, Missa em Dó Maior e Nona Sinfonia de Beethoven e
Denise de Freitas
Mezzo-Soprano
Luciana Bueno
Mezzo-Soprano
Lobgesang de Mendelssohn. Estudou com Pier Miranda Fer-
raro (Itália) e Leilah Farah, e atualmente desenvolve repertó-
rio com Ricardo Ballestero.
A carreira de Elisabetta Fiorillo tem início com a conquista
do primeiro prêmio no Concurso Mattia Battistini di Rieti, em
1983, destacada por sua qualidade de mezzo-soprano dra-
mática, típicamente verdiana. É no universo deste composi-
tor que ela se desenvolve, tendo se apresentado nos mais
importantes teatros italianos, como o La Fenice de Veneza,
o San Carlo de Nápoles, o Regio de Turim, o Comunale de
Florença; aplaudida por sua interpretação de Eboli em Don
Carlos, Amneris em Aida, Preziosilla em A Força do Destino,
Ulrica em Um Baile de Máscaras e, sobretudo, de Azucena
em Il Trovatore, essa última interpretada também em Viena
e Mônaco com regência de Zubin Mehta e na Opernhaus de
Zurique com Riccardo Chailly.
Elisabetta é presença frequente em teatros europeus,
como a Deutsche Oper de Berlim, a Staatsoper de Hamburgo,
a Bayerische Staatsoper de Munique e o Liceu de Barcelona.
Destacam-se em sua discografia o Requiem de Guiseppe
Verdi, lançado pela Deutsche Grammophon, La Gioconda,
de Ponchielli, pela EMI, e L’Arlesiana de Francesco Cilea, pela
Bongiovanni.
Depois de ter estudado em Turim, Veneza e Siena, Romina
Boscolo foi para a Salzburgo e, sob a orientação de Christa
Ludwig, foi apresentada ao universo mahleriano; sua estreia
cantando o ciclo Kindertotenlieder foi recebida com muito
entusiasmo. Aos 20 anos, estreou no palco dramático como
Ramiro em La Finta Giardiniera de Mozart, no Teatro Gustavo
Modena de Gênova. Anos depois, interpretou pela primeira
vez uma personagem protagonista, como Isabella em A Ita-
Elisabetta Fiorillo
Mezzo-Soprano
Romina Boscolo
Mezzo-Soprano
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liana em Argel, no Teatro Carignano de Turim. Em 2005, rece-
beu o primeiro reconhecimento internacional com o Prêmio
Jovem Promessa do Concurso Renata Tebaldi em San Marino.
Nos anos seguintes alcançou sucessos em concertos,
como no Réquiem de Dvorák, Édipo Rei de Stravinsky, Sta-
bat Mater de Pergolesi e algumas estreias operísticas como
Adalgisa em Norma, Maddalena em Rigoletto, Ottavia em
L'incoronazione di Poppea de Claudio Monteverdi.
Dentre os trabalhos recentes e futuros, destacam-se
Il Trítico pucciniano em Colônia, Falstaff em Sassari e Jesi,
Gianni Schicchi de Puccini em Parma e o Messias de Hän-
del em Bari.
Saverio fez sua estreia em 1998 na ópera Il fortunato inganno
de Gaetano Donizetti, no Festival della Valle D’Itria; desde
então, participou de montagens de La bohème, Madama
Butterfly, Don Pasquale, La traviata, Don Carlo e Werther. Em
2009, estreou no Festival de Salzburgo com Riccardo Muti.
Foi muito aclamado em Lucia di Lammermoor no Teatro del
Maggio Musicale de Florença e no Parsifal em Valência, am-
bas montagens com regência de Lorin Maazel.
Cantou em importantes teatros da Itália, como o Tea-
tro Filarmonico in Verona, o Teatro La Fenice de Veneza, Tea-
tro dell’Opera de Roma, e com grandes maestros como Seiji
Ozawa, Renato Palumbo e Zubin Mehta.
No último ano, se apresentou em Florença e em Roma e
para este ano está escalado a participar de montagens de Na-
bucco em Salzburgo, Aida, Rigoletto, Gala Verdi em Verona, I
Pagliacci em Cagliari, Nabucco e Simon Boccanegra em turnê
pelo Japão com o Teatro dell’Opera de Roma.
Nascido em São Paulo, Diógenes Randes recebeu seu pri-
meiro pepel no Theater Freiburg aos 24 anos e, naquele te-
Saverio Fiore
Tenor
Diógenes Ranges
Baixo
atro, interpretou por três anos importantes papeis como
Sarastro, na Flauta Mágica, Banco em Macbeth, Sparafucile
em Rigoletto, Guglielmo em Così fan Tutte e Timur em Turan-
dot. Anos mais tarde, Diógenes fez parte da Staatsoper de
Hamburgo, onde atuou em importantes óperas de Mozart,
Wagner, Verdi, Puccini e Palestrina.
Recentemente, Diógenes Randes foi ouvido interpre-
tando Gurnemanz em Parsifal, em Manaus, Padre Guardiano
em A Força do Destino, em Barcelona, Daland em O Holan-
dês Voador, em Tóquio, como Pistola em Falstaff e como
Colline em La Bohème em Toulouse, Hans Foltz em Os Mes-
tres Cantores de Nuremberg e Fafner em O Ouro do Reno,
em Bayreuth. Atuou sob a regência de grandes maestros
como Claudio Abbado, Riccardo Chailly, Daniele Gatti, Mau-
rizio Benini e Christian Thielemann.
Reconhecido pela crítica como um dos grandes artistas de
ópera do Brasil, tem se apresentado nas principais casas de
concerto do país, como a Sala São Paulo, o Theatro Munici-
pal de São Paulo, Theatro São Pedro, Teatro Tobias Barreto,
Teatro Santa Isabel, entre outros. Gravou a Sinfonia Amerín-
dia, de Heitor Villa-Lobos, com a Osesp, interpretou Padre
José em Magdalena, de Villa-Lobos, Bonzo em O Rouxinol,
de Stravinsky, Ramphis em Aida, de Verdi, Dulcamara em
O Elixir do Amor e Don Pasquale, ambas de Donizetti e Si-
mone em Gianni Schicchi, de Puccini. Integrou o elenco da
Cia. Brasileira de Ópera e cantou o papel de Bozo na es-
treia da ópera Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura. Ou-
tras performances incluem Salieri, em Mozart & Salieri, de
Rimsky-Korsakov, O Homem dos Crocodilos, de Arrigo Bar-
nabé, O Franco Atirador, de Weber, Don Giovanni e As Bo-
das de Fígaro, de Mozart, Alcina, de Händel, Escamillo em
Carmen, de Bizet, e Treemonisha, de Scott Joplin. Em 2002,
venceu o Concurso de Canto Villa-Lobos, em Araçatuba.
Saulo Javan
Baixo
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Formado pelo Teatro Comunale de Bolonha, sob orientação
do Maestro Paride Venturi, Stefano Consolini iniciou pronta-
mente uma carreira brilhante. Foi residente de alguns tea-
tros e festivais internacionais, como o Teatro Indipendente
de Santa Fé, na Argentina, Sava Center, de Belgrado, Teatro
Nazionale da Tunísia, Festival de Santander, apesar de ter
concentrado sua carreira principalmente na Itália, onde can-
tou em importantes teatros: Teatro alla Scala, Teatro Massimo
de Palermo, Teatro Donizetti de Bérgamo, Teatro dell’Opera
de Roma, Teatro Carlo Felice de Gênova, Teatro La Fenice de
Veneza, Teatro Comunale de Bolonha, Teatro Verdi de Trieste,
Teatro Regio de Turim e Teatro San Carlo de Nápoles. Seu re-
pertório é vasto, incluindo La Traviata, Um Baile de Máscara,
Il Trovatore, Rigoletto, Nabucco e Falstaff, de Verdi; Tosca,
Turandot, Manon Lescaut, La Bohème e Madama Butterfly,
de Puccini; A Falsa Simples e Le Nozze di Figaro, de Mo-
zart; Lucia di Lammermoor, de Donizetti; A Viúva Alegre, de
Franz Lehár; Orfeu no Inferno, de Jacques Offenbach, den-
tre outros.
Stefano Consolini
Tenor
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Maio e Junho
Carmen Georges Bizet
Mai qui (29) às 20h, sáb (31) às 20h
Jun ter (03 / 10), qua (11) qui (05 / 11) e
sáb (07) às 20h, dom (01 / 08) às 18h
Theatro Municipal de São Paulo
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Regência Ramón Tebar
Direção Cênica Filippo Tonon
Cenografia Juan Guillermo Nova
Carmen Rinat Shaham / Luisa Francesconi
Don José Thiago Arancam / Fernando Portari
Escamillo Rodrigo Esteves / David Marcondes
Micaela Lana Kos / Andrea Aguilar
Frasquita Marta Torbidoni
Mercedes Malena Dayen
Dancairo Francis Dudziak
Remendado Rodolphe Briand
Morales Norbert Steidl / Vinícius Atique
Zuñiga Massimiliano Catellani
Setembro
Salomé Richard Strauss
ter (09 / 16), qui (11 / 18) e sáb (06 / 20) às 20h
dom (14) às 18h
Theatro Municipal de São Paulo
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Regência John Neschling
Direção Cênica Livia Sabag
Cenografia Nicolás Boni
Figurinos Veridiana Piovezan
Desenho de Luz Wagner Pinto
Coreografia Ana Paula Mastrodi
Salomé Nadja Michael / Alexandrina Pendatchanska
Herodes Peter Bronder / Jürgen Sacher
Herodias Iris Vermillion / Alejandra Malvino
Jochanaan Steven Mark Doss / Michael Kupfer
Theatro Municipal de São Paulo
Temporada Lírica 2014
Narraboth Stanislas De Barbeyrac / István Horváth
1º Judeu Paulo Chamié–Queiroz
2º Judeu Rubens Medina
3º Judeu Eduardo Trindade
4º Judeu Miguel Geraldi
5º Judeu Sérgio Righini
1º Nazareno Carlos Eduardo Marcos
2º Nazareno Sérgio Weintraub
1º Soldado Marcos Carvalho
2º Soldado Paulo Menegon
Capadócio Jonas Mendes
Pajem de Herodias Elaine Martorano
Escravo Elisabeth Ratzersdorf
Outubro
Cavalleria Rusticana / I Pagliacci
Pietro Mascagni / Ruggero Leoncavallo
ter (21 / 28), qua (29), qui (23) e sáb (18 / 25) às 20h
dom (19 / 26) às 18h
Theatro Municipal de São Paulo
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Regência Ira Levin
Direção Cênica (Cavalleria Rusticana) Pier
Francesco Maestrini
Direção Cênica (I Pagliacci) Francesco Micheli
Cenografia Juan Guillermo Nova
Santuzza Tuija Knihtlä / Elena Lo Forte
Turiddu Giancarlo Monsalve / Marcello Vannucci
Alfio Angelo Veccia / Francesco Landolfi
Lola Luciana Bueno
Mamma Lucia Lídia Schäffer
Canio Walter Fraccaro / Richard Bauer
Nedda Inva Mula / Marina Considera
Tonio Angelo Veccia / Francesco Landolfi
Beppe Daniele Zanfardino / Saverio Fiore
Silvio Davide Luciano / Norbert Steidl
Novembro / Dezembro
Tosca Giacomo Puccini
Nov sáb (29) às 20h | dom (30) às 18h
Dez ter (02 / 09), qui (04 / 11) e sáb (06 / 13) às 20h
dom (07 ) às 18h
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Coro Lírico Municipal de São Paulo
Regência Oleg Caetani
Direção Cênica Marco Gandini
Floria Tosca Amanda Echalaz / Ausrine Stundyte
Mario Cavaradossi Marcelo Alvarez / Stuart Neill
Scarpia Roberto Frontali / Nelson Martinez
Cesare Angelotti Massimiliano Catellani
Sacristão Saulo Javan
Spoletta Luca Casalin
Programação sujeita a alterações.
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 162
FALSTAFF
Regente Assistente
Michelangelo Mazza
Pianistas Correpetidores
Anderson Brenner
Paulo Almeida
Rafael Andrade
Atores
Alex Bingó
Alexandra Ucanda
André Madrini
Andréia Ferriello
Felipe Barros
Gabriel Castilho
Giballin Gilberto
Helena Cukier
Henrique Rizzo
Leila Bass
Nubia Cabral
Renan Sant'Anna
Renato Caetano
Victor Gomes
Washington Lins
Cenografia
Giò Forma
Assistente de Cenografia
Nathalie Deana
Produção de Cenografia
Praxinoscópio Produções
Cenográficas
Coordenação de
Execução Cenográfica
Renato Theobaldo
Roberto Rolnik
Equipe de Projeto
Eduardo Orelana
Isabel Vieira
Lua Gimenez
Mara Feres
Marcela Costa
Marina Peev
Samara Cardoso
Sheila Campos
Tamyris Alves
Modelistas
Nilda Dantas
Judite de Lima
Elizangela Dally
Tandara Hoffman
Alfaiates
Betto Rigor
Miguel Arrua
Costureiras
Antonio Fernandes
Claudineia Cavalcante
Cristina França
Dilma de Oliveira
Dirlene Emilio
Ivete Dias
Josefa Maria Gomes
Lucia Medeiros
Laurita Machado
Aderecistas
João Carlos Silva
Beto Casal de Rey
Edu Paiva
Estagiários
João Paulo Bertini
Ana Oliveira
Rogério Pinto
Nina Nuerenberger
Renata Candido
Rosana Rocha
Gabriela Menacho
Juliana Neves
Diego Rocha de Carvalho
Aderecistas
Allan Torquatto
André Vizotto
Assistentes
de Aderecista
Alicio Silva
Karen Luizi
Michael Costa Almeida
Nery Mordoch
Rúbia de Campos
Cenotécnicos
João Ferreira de Oliveira
Pedro Lino de Oliveira
Produtor de Cenografia
Marcos Terra
Serralheiros
José Gomes dos Santos
David de Souza Oliveira
Diogo Junior V. de Jesus
Samuel de S. Nascimento
Secretaria Administrativa
Any Ribeiro
Assistente de Produção
Dhones R. dos Santos
Visagista
Simone Batata
Assistente de Visagismo
Tiça Camargo
Maquiadores
Alina Peixoto
Bia Bombom
Bruno Cezar
Caroline Gonzaga
Diogo Souza
Elisani Souza
Giulia Piantino
Gleice Diana
Inais Tereza
Sinopse e gravações
de referência
Irineu Franco Perpetuo
Tradução do Libreto
e Legendas
Hugo Casarini
Croquis dos figurinos
Gianluca Falaschi
Roney Stella*
Hugo Ksenhuk
Luiz Cruz
Marim Meira
Agnelson Gonçalves**
Tuba
Gian Marco de Aquino*
Harpa
Jennifer Campbell*
Paola Baron*
Piano
Cecília Moita*
Percussão
Marcelo Camargo*
César Simão
Magno Bissoli
Sérgio Coutinho
Thiago Lamattina
Tímpanos
Danilo Valle*
Márcia Fernandes*
Violão
Vitor Garbelotto**
Gerente da Orquestra
Paschoal Roma
Assistentes
Yara de Melo
Manuela Cirigliano
Inspetor
Carlos Nunes
Montadores
Alexandre Greganyck
Paulo Broda
* Chefe de naipe
** Músico convidado
Flautas
Cássia Carrascoza*
Marcelo Barboza*
Andréa Vilella
Cristina Poles
Renan Dias Mendes
Michel de Paula**
Oboés
Alexandre Ficarelli*
Rodrigo Nagamori*
Marcos Mincov
Victor Astorga**
Clarinetes
Luís Afonso Montanha*
Otinilo Pacheco*
Diogo Maia Santos
Domingos Elias
Marta Vidigal
Fagotes
Fábio Cury*
Marcos Fokin*
Matthew Taylor*
Marcelo Toni
Osvanilson Castro
Renato Perez**
Trompas
André Ficarelli*
Luiz Garcia*
Eric Gomes da Silva
Rogério Martinez
Vagner Rebouças
Flavio Vilela Faria**
Mario Rocha**
Trompetes
Fernando Guimarães*
Marcos Motta*
Breno Fleury
Eduardo Madeira
Albert Santos**
Trombones
Gerson Nonato**
Kleberson Buso**
Karen Crippa**
Violas
Alexandre De León*
Silvio Catto*
Abrahão Saraiva
Tânia de Araújo Campos
Adriana Schincariol
Bruno de Luna
Cindy Folly Farias
Eduardo Cordeiro
Eric Schafer Licciardi
Jessica Wyatt
Pedro Visockas
Roberta Marcinkowski
Tiago Vieira
Everton de Souza**
Violoncelos
Mauro Brucoli*
Raïff Dantas Barreto*
Mariana Amaral
Alberto Kanji
Charles Brooks
Cristina Manescu
Joel de Souza
Maria Eduarda Canabarro
Moisés F. dos Santos
Sandro Francischetti
Teresa Catto
Ana Chamorro**
Contrabaixos
Taís Gomes*
Sanderson Cortez Paz
Adriano Costa Chaves
Miguel Dombrowski
Ricardo Busatto
Vinicius Frate
Walter Müller
André Teruo**
Orquestra Sinfônica
Municipal de São Paulo
Diretor Artístico
John Neschling
Primeiros-violinos
Martin Tuksa (spalla)
Pablo De León (spalla)
Maria Fernanda Krug
Fabian Figueiredo
Adriano Mello
Fábio Brucoli
Fábio Chamma
Fernando Travassos
Francisco Ayres Krug
Heitor Fujinami
John Spindler
José Fernandes Neto
Liliana Chiriac
Mizael da Silva Júnior
Paulo Calligopoulos
Rafael Bion Loro
Sílvio Balaz
Victor Bigai
Segundos-violinos
Andréa Campos*
Laércio Diniz*
Nadilson Gama
Otávio Nicolai
André Luccas
Dajvan Caetano
Edgar Montes Leite
Evelyn Carmo
Helena Piccazio Ornellas
Oxana Dragos
Ricardo Bem-Haja
Sara Szilagyi
Ugo Kageyama
Wellington R. Guimarães
theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 164
Prefeitura do Município
de São Paulo
Prefeito
Fernando Haddad
Secretário Municipal
de Cultura
Juca Ferreira
Fundação Theatro
Municipal de São Paulo
Direção Geral
José Luiz Herencia
Diretora de Gestão
Ana Flávia Cabral S. Leite
Instituto Brasileiro
de Gestão Cultural
Presidente do Conselho
Cláudio Jorge Willer
Diretor Executivo
William Nacked
Diretora Técnica
Isabela Galvez
Diretor Financeiro
Neil Amereno
Diretor Artístico
John Neschling
Diretora de Produção
Cristiane Santos
Direitos Autorais
Olivieri Advogados
Associados
Diretoria Geral
Assessora
Maria Carolina G. de Freitas
Secretárias
Ana Paula S. Monteiro
Marcia de Medeiros Silva
Monica Propato
Diógenes Gomes
Eduardo Paniza
Jang Ho Joo
Luis Orefice
Marcio Martins
Miguel Csuzlinovics
Roberto Fabel
Sandro Bodilon
Baixos
Claudio Guimarães
Fernando Gazoni
Jessé Vieira
José Nissan
Josué Silva
Leonardo Amadeo Pace
Marcos Carvalho
Orlando Marcos
Rafael Thomas
Sérgio Righini
Assistente
Cristina Cavalcante
Inspetora
Eugenia Sansone
Montador
Alfredo Barreto de Souza
Coro Lírico do
Theatro Municipal
Regente Titular
Bruno Greco Facio
Regente Assistente
Sérgio Wernec
Pianistas
Marcos Aragoni
Marizilda Hein Ribeiro
Sopranos
Adriana Magalhães
Berenice Barreira
Claudia Neves
Elaine Moraes
Elayne Caser
Elisabeth Ratzersdorf
Graziela Sanchez
Huang Shu Chen
Ivete Montoro
Jacy Guarany
Juliana Starling
Marcia Costa
Angélica Feital
Maria Antonieta Soares
Milena Tarasiuk
Monique Corado
Marivone P. Caetano
Marta Mauler
Nadja Sousa
Rita de Cassia Polistchuk
Rosana Barakat
Sandra Félix
Mezzo-Sopranos
Elisa Nemeth
Erika Mendes Belmonte
Heloísa Junqueira
Keila de Moraes
Juliana Valadares
Maria Luisa Figueiredo
Mônica Martins
Contraltos
Celeste do Carmo
Claudia Arcos
Clarice Rodrigues
Elaine Martorano
Lidia Schäffer
Magda Painno
Mara Dalva de Alvarenga
Margarete Loureiro
Maria José da Silveira
Vera Ritter
Tenores
Alex Flores de Souza
Antonio Carlos Britto
Dimas do Carmo
Eduardo Pinho
Eduardo de Góes
Eduardo Trindade
Fernando de Castro
Gilmar Ayres
Joaquim Rollemberg
José Silveira
Luciano Goés
Luiz Antonio Doné
Marcello Vannucci
Márcio Lucas Valle
Miguel Geraldi
Paulo Chamié Queiroz
Renato Tenreiro
Rúben de Oliveira
Rubens Medina
Sérgio Sagica
Valter Felipe
Valter Estefano Mesquita
Barítonos
Alessandro Gismano
Ary Lima Jr.
Daniel Lee
Davi Marcondes
Lindinalva M. Celestino
Maria Auxiliadora
Maria Gabriel Martins
Marlene Collé
Nina de Mello
Regiane Bierrenbach
Tonia Grecco
Central de Produção
"Chico Giacchieri"
Coordenação de Costura
Emília Reily
Acervo de Figurinos
Marcela de Lucca M. Dutra
Assistente
Ivani Rodrigues Umberto
Acervo de Cenário
e Aderecista
Aloísio Sales
Expediente
José Carlos Souza
José Lourenço
Paulo Henrique Souza
Diretoria de Gestão
Lais Gabriele Weber
Carolina Paes Simão
Cristina Gonçalves Nunes
João Paulo Alves Souza
Juçara A. de Oliveira
Juliana do Amaral Torres
Oziene O. dos Santos
Paula Melissa Nhan
Vera Lucia Manso
Assistência
Administrativa
Alexandro R. Bertoncini
Seção de Pessoal
Cleide Chapadense da Mota
Antonio Oliveira Almeida
Alexandre N. Pinheiro
Aristide da Costa Neto
Cláudio Nunes Pinheiro
Cristiano T. dos Santos
Edival Dias
Ermelindo T. Sobrinho
Julio de Oliveira
Lourival F. Conceição
Marcelo Luiz Frosino
Paulo Miguel Filho
Rodrigo Nascimento
Thiago Panfieti
Assistentes
Elisabeth de Pieri
Ivone Ducci
Contrarregras
Alessander de O. Rodrigues
Bruno Farias
Carlos Bessa
Eneas Leite
Marcelo Luiz Frosino
Piter Silva
Sandra Satomi Yamamoto
Chefe de Som
Sérgio Luis Ferreira
Operadores de Som
Guilherme Ramos
Daniel Botelho
Kelly Cristina da Silva
Chefe de Iluminação
Valéria Lovato
Iluminadores
Alexandre de Souza
Igor Augusto F. de Oliveira
Luciano Paes
Fernando Azambuja
Ubiratan Nunes
Camareiras
Alzira Campiolo
Arquivo Artístico
Coordenadora
Maria Elisa P. Pasqualini
Assistente
Ana Raquel Alonso
Arquivistas
Ariel Oliveira
Guilherme Prioli
Karen Feldman
Leandro José Silva
Leandro Ligocki
Copista
Ana Cláudia Oliveira
Ação Educativa
Aureli Alves de Alcântara
Centro de Documentação
Chefe de seção
Mauricio Stocco
Equipe
Lumena A. de Macedo Day
Diretoria de Produção
Produção Executiva
Anna Patrícia Araújo
Rosa Casalli
Produtores
Aelson Lima
Pedro Guida
Miguel Teles
Nathalia Costa
Assistente de Produção
Arthur Costa
Palco
Chefe da Cenotécnica
Aníbal Marques (Pelé)
Técnicos de Palco
Antonio Carlos da Silva
Cerimonial
Egberto Cunha
Sofia Amaral Ramos
Bilheteria
Nelson F. de Oliveira
Diretoria Artística
Assessoria de
Direção Artística
Stefania Gamba
Luís Gustavo Petri
Clarisse De Conti
Secretária
Eni Tenório dos Santos
Coordenação de
Programação Artística
João Malatian
Diretor Técnico
Juan Guillermo Nova
Assistente de
Direção Técnica
Giuseppe Cangemi
Diretor de Palco Cênico
Ronaldo Zero
Assistente de Direção
de Palco Cênico
Sabrina Mirabelli
Assistente de Direção
Cênica Residente
Julianna Santos
Segunda Assistente
de Direção Cênica
Ana Vanessa
Assistente de Direção
Cênica e Casting
Sérgio Spina
Figurinista Residente
Veridiana Piovezan
Produção de Figurinos
Fernanda Câmara
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José Luiz P. Nocito
Solange F. França Reis
Tarcísio Bueno Costa
Parcerias
Suzel Maria P. Godinho
Contabilidade
Alberto Carmona
Cristiane Maria Silva
Diego Silva
Luciana Cadastra
Marcio Aurélio O. Cameirão
Meire Lauri
Compras e Contratos
George Augusto
Rodrigues
Jessica Elias Secco
Marina Aparecida Augusto
Infraestrutura
Marly da Silva dos Santos
Antonio Teixera Lima
Cleide da Silva
Eva Ribeiro
Israel Pereira de Sá
Luiz Antonio de Mattos
Maria Apª da C. Lima
Pedro Bento Nascimento
Therezinha P. da Silva
Almoxarifado
Nelsa A.Feitosa da Silva
Bens Patrimoniais
José Pires Vargas
Informática
Ricardo Martins da Silva
Renato Duarte
Estagiários
Victor Hugo A. Lemos
Yudji A. Otta
Arquitetura
Lilian Jaha
Estagiários
Marina Castilho
Vitória R. R. Dos Santos
Seção Técnica
de Manutenção
Edisangelo R. da Rocha
Eli de Oliveira
Narciso Martins Leme
Estagiário
Vinícius Leal
Comunicação
Editor e Coordenador
Marcos Fecchio
Editor assistente
Gabriel Navarro Colasso
Mídias Eletrônicas
Desirée Furoni
Assessoras de Imprensa
Amanda Sena
Daniela Oliveira
Design Gráfico
Kiko Farkas/ Máquina
Estúdio
Designer Assistente
Ana Lobo
André Kavakama
Atendimento
Michele Alves
Impressão
Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo
Agradecimentos
Escarlate
Hotel Marabá
co-realização
patrocínio
apoio
Organização Social de Cultura do Município de São Paulo
MUNICIPAL. O PALCO DE SÃO PAULO