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CENTRO PAULA SOUZA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
FATEC SANTO ANDRÉ
Tecnologia em Mecânica Automobilística
Felipe Santana Hüne
Matheus Vitor Duarte
Estudo da evolução dos pistões de motores ciclo Otto
Santo André – São Paulo
2016
CENTRO PAULA SOUZA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
FATEC SANTO ANDRÉ
Tecnologia em Mecânica Automobilística
Felipe Santana Hüne
Matheus Vitor Duarte
Estudo da evolução dos pistões de motores ciclo Otto
Monografia apresentada ao Curso de Tecnologia em Mecânica
Automobilística da FATEC Santo André, como requisito parcial para conclusão do curso em Tecnologia em Mecânica Automobilística.
Orientador: Prof. Me. Cleber Willian
Santo André – São Paulo
2016
H677e Hüne, Felipe Santana
Estudo da evolução dos pistões de motores Ciclo Otto / Felipe Santana Hüne, Matheus Vitor Duarte. – Santo André, 2016. – 73f: il.
Trabalho de conclusão de curso – FATEC-Santo André. Curso de tecnologia em mecânica automobilística, 2016.
Orientador: Prof. Me. Cleber Willian Gomes
1. Estudo 2. Pistões 3. Ciclo Otto 4. Melhor rendimento I. Duarte, Vitor Matheus. II. Estudo de pistões de motores Ciclo Otto.
621.43
Dedicamos esse trabalho aos
professores e aos nossos amigos que
sempre estiveram próximos durante
esta jornada.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer a todos os mestres, que nos auxiliaram na
condução deste trabalho, juntamente com familiares e amigos.
RESUMO
Este trabalho tem como finalidade apresentar um estudo e evolução de
diversos tipos de pistões utilizados em motores ciclo Otto, com foco para os movidos
à Gasolina e/ou Etanol.
Além disso, o objetivo desse trabalho é reunir informações suficientes para
que, a partir do estudo dele, seja possível desenvolver uma técnica para renovar
motores antigos, fazendo com que eles se enquadrem nos novos padrões técnicos
apenas pela substituição do pistão e ajustes de calibração. Sem que seja necessário
a renovação do sistema completo.
Para o melhor funcionamento, rendimento e diminuições de emissões, a
geometria, material, peso de um pistão, se tornam fatores fundamentais para uma
melhor eficiência energética de um motor ciclo Otto.
Além disso, a tendência para motores Otto é a diminuição da capacidade
volumétrica do motor, com aumento de potência, sendo uma das possibilidades a
utilização de sobre alimentadores no motor, tendo sobre o pistão cada vez maior
pressão, temperatura, velocidade entre outros fatores.
Palavras-Chave: Estudo. Pistões. Ciclo Otto. Melhor rendimento.
ABSTRACT
This work has the purpose of presenting a study and evolution of several types
of pistons used in Otto cycle engines, focusing on those driven by Gasoline and / or
Ethanol.
In addition, the purpose of this work is to gather enough information so that,
from its study, it is possible to develop a technique to renew old engines, making
them fit the new technical standards only by replacing the piston and calibration
adjustments. It is not necessary to renew the complete system.
For better performance and emission reductions, geometry, material, piston
weight, make this fundamental factors for better energy efficiency of an Otto cycle
engine.
Besides that, the tendency for Otto engines is a decrease in the volumetric
capacity of the engine, with increased power, being one of the possibilities of using
supercharger in the motor, having on the piston increasing pressure, temperature,
among other factors.
Key Words: Study. Pistons. Otto cycle. Better performance.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Componentes de um motor de ciclo OTTO ........................................................................... 17 Figura 2: Admissão mistura ar/combustível .......................................................................................... 18 Figura 3: Compressão da mistura ......................................................................................................... 19 Figura 4: Combustão da mistura ........................................................................................................... 19 Figura 5: Exaustão dos gases ............................................................................................................... 20 Figura 6: Ciclo OTTO completo Ideal .................................................................................................... 20 Figura 7: Injeção Indireta ....................................................................................................................... 21 Figura 8: Injeção Direta ......................................................................................................................... 22 Figura 9: Ilustração da taxa de compressão estática............................................................................ 23 Figura 10: Razão porcentagem eficiência volumétrica por rotações do motor ..................................... 24 Figura 11: Evolução da taxa de compressão ao longo dos anos ......................................................... 27 Figura 12: Número de Octanas em função da Taxa de Compressão e fração de etanol na gasolina equivalente. ........................................................................................................................................... 28 Figura 13: Diagrama pressão x volume x temperatura ......................................................................... 31 Figura 14: Sistema de ignição mecânico .............................................................................................. 32 Figura 15: Efeito HALL .......................................................................................................................... 33 Figura 16: Sistema completo de ignição eletrônica .............................................................................. 33 Figura 17: Mapeamento ignição eletrônica para o combustível etanol ................................................. 34 Figura 18: Cilindro Brunido .................................................................................................................... 35 Figura 19: Camisa de pistão ................................................................................................................. 36 Figura 20: Camisa seca ........................................................................................................................ 36 Figura 21: Camisa Úmida ...................................................................................................................... 37 Figura 22: Cilindro com revestimento cerâmico .................................................................................... 38 Figura 23: Anéis de um pistão ciclo OTTO ........................................................................................... 40 Figura 24: Ângulo de montagem dos anéis em um pistão .................................................................... 41 Figura 25: Força de atrito dos anéis no cilindro .................................................................................... 43 Figura 26: Pino de pistão ...................................................................................................................... 44 Figura 27: Pistão de pino oscilante com anel elástico .......................................................................... 44 Figura 28: Aspectos constritivos de um pistão ...................................................................................... 45 Figura 29: Motor V-10 F-1 ..................................................................................................................... 46 Figura 30: Pistão de motor ciclo OTTO, Camaro LS3 .......................................................................... 47 Figura 31: Linha do tempo evolução dos pistões e taxa de compressão ............................................. 47 Figura 32: Forças no pistão ................................................................................................................... 49 Figura 33: Diagrama de força de pressão x posição da árvore de manivelas ...................................... 50 Figura 34: Forças laterais no pistão ...................................................................................................... 50 Figura 35: Diagrama do sistema biela-manivela ................................................................................... 51 Figura 36: Diagrama Pressão x Volume x Ângulo α ............................................................................. 53 Figura 37: Saia do pistão com deposição de Carbono ......................................................................... 55 Figura 38: Pistão côncavo ..................................................................................................................... 56 Figura 39: Pistão cabeça plana FORD 302 .......................................................................................... 57 Figura 40: Pistão com Dome FORD 302 .............................................................................................. 58 Figura 41: Pistão da Corvette 2014 que utiliza injeção direta de combustível ..................................... 58 Figura 42: Movimento do combustível ao se chocar com o pistão de injeção direta ........................... 59 Figura 43: Peso dos pistões em função dos anos, juntamente com o aumento de potência. ............. 60 Figura 44: Relevo da cinta de aço presente no corpo de um pistão de alumínio ................................. 62 Figura 45: Variação do diâmetro da coroa do pistão a frio e a quente ................................................. 63 Figura 46: Pistão de carbono montado em sua respectiva biela .......................................................... 63 Figura 47: Resistência a tração em função da temperatura de um pistão de carbono refratário ......... 64 Figura 48: Marcações no topo do pistão ............................................................................................... 65 Figura 49: Cotas de medidas possíveis em um pistão ......................................................................... 66 Figura 50: Temperaturas ao longo do pistão ........................................................................................ 67 Figura 51: Variação de temperatura em um pistão de motor ciclo OTTO ............................................ 68
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Eficiência volumétrica ............................................................................................................ 25 Tabela 2: Evolução da taxa de compressão desde o primeiro veículo com motor ciclo OTTO ........... 27
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1: Taxa de compressão estática ............................................................................................ 23 Equação 2: Taxa de compressão dinâmica .......................................................................................... 24 Equação 3: Equação do pistão ............................................................................................................. 51 Equação 4: Equação do pistão simplificada ......................................................................................... 51 Equação 5: β em função de α ............................................................................................................... 52 Equação 6: Posição do pistão reescrita ................................................................................................ 52 Equação 7: Velocidade do pistão .......................................................................................................... 52 Equação 8: Aceleração do pistão.......................................................................................................... 52 Equação 9: Força de pressão ............................................................................................................... 52 Equação 10: Força de pressão em função da posição do pistão ......................................................... 53 Equação 11: Força de inércia ............................................................................................................... 53 Equação 12: Força de inércia em função do ângulo percorrido pela árvore de manivelas .................. 54
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
PMS Ponto morto superior
APMS Antes do ponto motor superior
DPMS Depois do ponto morto superior
PMI Ponto morto Inferior
MCI Motor de combustão interna
GDI Gasoline direct Injection (Injeção direta de gasolina)
MIF Motor de ignição por faísca
RPM Rotações por Minuto
SUMÁRIO
1 Introdução ........................................................................................................................................... 15 1.1 Objetivos e motivação ................................................................................................................. 15 1.2 Justificativa .................................................................................................................................. 15 1.3 Metodologia ................................................................................................................................. 16
2 Conceitos Básicos .............................................................................................................................. 17 2.1 Fases de um motor ciclo OTTO................................................................................................... 18 2.2 Injeções de combustível .............................................................................................................. 20 2.3 Taxa de compressão em motores ciclo Otto ............................................................................... 22
2.3.1 Taxa de compressão Estática ............................................................................................... 22 2.3.2 Taxa de compressão Dinâmica ............................................................................................ 23 2.3.3 Problemas com taxa de compressão muito alta ................................................................... 26 2.3.4 Evolução da taxa de compressão nos motores ao longo dos anos ..................................... 26
2.4 Combustíveis ............................................................................................................................... 28 2.4.1 Gasolina ................................................................................................................................ 29 2.4.2 Etanol .................................................................................................................................... 29
2.5 Ignição ......................................................................................................................................... 30 2.5.1 Avanço e atraso de ignição ................................................................................................... 31 2.5.2 Sistema Mecânico ................................................................................................................. 32 2.5.3 Ignição eletrônica .................................................................................................................. 33 2.5.4 Ignição mapeada ................................................................................................................... 34
2.6 Cilindros do motor ........................................................................................................................ 35 2.6.1 Tipos de camisa de cilindro .................................................................................................. 36 2.6.3 Tipos de materiais de camisa e sua interação com o pistão ................................................ 37
2.7 Anéis de pistão ............................................................................................................................ 38 2.7.1 Distribuição dos anéis pelo cilindro ....................................................................................... 39 2.7.2 Materiais para anéis de pistão .............................................................................................. 42
2.8 Pino do pistão .............................................................................................................................. 44 2.8.1 Tipos de pinos ....................................................................................................................... 44
3.1 História ......................................................................................................................................... 47 3.2 Forças no pistão .......................................................................................................................... 48 3.3 Cinemática do sistema Biela-Manivela ........................................................................................ 51
3.3.1 A posição do pistão: .............................................................................................................. 51 3.3.2 A velocidade do pistão: ......................................................................................................... 52 3.3.3 A aceleração do pistão: ........................................................................................................ 52 3.3.4 FORÇA DE PRESSÃO ......................................................................................................... 52 3.3.5 FORÇA DE INÉRCIA ............................................................................................................ 53
3.4 Diferentes requisitos de um pistão .............................................................................................. 54 3.4.1 Dissipação de calor ............................................................................................................... 54 3.4.2 Resistência mecânica ........................................................................................................... 54 3.4.3 Baixo atrito ............................................................................................................................ 54 3.4.4Baixo peso com boa estabilidade .......................................................................................... 55
3.5 Tipos de pistões ........................................................................................................................... 56 3.5.1 Pistão côncavo ...................................................................................................................... 56 3.5.2 Pistão cabeça plana .............................................................................................................. 57 3.5.3 Pistão com Dome .................................................................................................................. 57 3.5.4 Pistão de injeção DIRETA de combustível ........................................................................... 58
3.6 Materiais dos pistões ................................................................................................................... 59 3.6.1 Ferro- Fundido ...................................................................................................................... 60 3.6.2 Alumínio ................................................................................................................................ 60 3.6.3 Carbono Refratário ................................................................................................................ 63
3.7 Marcações nos pistões e suas dimensões .................................................................................. 65 3.7.1 Marcações nos pistões ......................................................................................................... 65 3.7.2 Dimensões dos pistões ......................................................................................................... 66
3.8 Temperatura ................................................................................................................................ 67
4 Conclusão ........................................................................................................................................... 69
Trabalhos futuros .................................................................................................................................. 70
Referências BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 71
15
1 INTRODUÇÃO
É crescente a preocupação com as emissões proveniente de motores a
combustão que equipam a frota de automóveis pelo mundo, novos padrões para
controle de poluentes são impostos dia após dia e para que estes sejam cumpridos,
estudos vêm sendo desenvolvidos, visando o melhor aproveitamento de eficiência
energética de um motor de combustão interna, ou seja, motores consumindo cada
vez menos combustíveis e emitam menos poluentes, se possível, gerando maior
potência.
Além do desenvolvimento da eletrônica embarcada nos veículos, o
aperfeiçoamento das partes mecânicas de um motor ciclo Otto se torna
indispensável nos dias atuais.
Dentro do campo de inovações, materiais nobres com processos produtivos
viáveis e novas geometrias propiciam o desenvolvimento de partes de automóveis
mais duráveis e leves.
Devido a esses fatores, este trabalho apresentará o estudo do componente
que realiza trabalho através da expansão elástica dos gases, o pistão, de um motor
de combustão interna, ciclo Otto.
1.1 Objetivos e motivação
O objetivo deste trabalho é realizar o estudo de pistões aplicados em
diferentes motores ciclo Otto, que utilizam Gasolina ou Etanol como combustível,
visando à facilidade do entendimento do conteúdo, mostrando o que há de novo em
desenvolvimento de pistões.
1.2 Justificativa
O pistão é um componente de grande importância dentro de um motor ciclo
Otto, além de transmitir movimento através da expansão elástica dos gases, possui
inúmeras outras tarefas com, por exemplo, dissipação de calor.
No mercado de desenvolvimento de motores, não se encontra estudo aberto
voltado ao pistão de um motor ciclo Otto, não há uma divulgação de materiais para
estudos acadêmicos. Grade parte disto se deve por conta dessas informações
serem segredos industriais.
16
1.3 Metodologia
O trabalho apresenta em seu primeiro capítulo o porquê do seu
desenvolvimento, o que será estudado e seu objetivo.
No segundo capítulo, apresenta funcionalidades e particularidades de um
motor ciclo Otto, objetivando melhor entendimento do seu funcionamento, assim
facilitando a compreensão do estudo proposto.
No terceiro capítulo, é apresentado um estudo sobre tipos de pistões,
materiais, temperatura, cinemática entre outros fatores, sendo este o corpo do
trabalho.
Por fim, é feita a conclusão do trabalho, apresentando as novas tendências do
mercado quando se diz respeito a pistões de motores ciclo Otto e apresentação dos
trabalhos futuros.
17
2 CONCEITOS BÁSICOS
Para poder compreender com clareza a pesquisa desenvolvida neste
trabalho, é necessário entender o que é um motor de combustão interna ciclo Otto e
sua importância em um veículo movido à combustão.
Desde os relatos dos primeiros automóveis movidos a combustão, o conceito
é um mesmo, um veículo equipado com um motor, com ciclos, realizando trabalho,
através da expansão dos gases, resultando em energia térmica e cinética. [1], [5]
Peças móveis e fixas compõem o conjunto de um motor ciclo Otto, como pode
ver na imagem a seguir:
Figura 1: Componentes de um motor de ciclo OTTO Fonte: MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA - PROF. DURVAL PIZA DE OLIVEIRA JUNIOR
Legenda: 01-Bloco
02-Cabeçote
03-Carter
04-Válvulas
05-Eixo comando de
Válvulas
06-Balancim
07-Molas
08-Anéis
09-Pistão
10-Biela
11-Pino do pistão
12-Bronzinas
13-Árvore de manivelas
14-Volante do motor
15-Vareta
16-Tuchos
18
A imagem acima mostra três tipos de construção de motores diferentes:
OHV- Over Head Valves, Válvulas no Cabeçote, ou seja, o comando de
válvulas, parte que controla a abertura e fechamento das válvulas, está no bloco do
motor.
OHC- OVER HEAD CAMSHAFT, Comando de válvulas no cabeçote, possui
um único comando de válvulas para admissão e escape.
DOHC- Double over head camshaft, duplo comando de válvulas no cabeçote,
um para admissão e outro para escape dos gases advindos da combustão. [1], [10]
2.1 Fases de um motor ciclo OTTO
• 1º Fase (Admissão): Com o pistão do motor localizado em PMS, este
começa a deslocar de forma descendente, ao mesmo tempo, a válvula de admissão
abre gradativamente, admitindo a mistura ar/ combustível, no caso de motores com
injeção indireta.
Ao pistão chegar ao PMI, válvula de admissão se fecha.
Figura 2: Admissão mistura ar/combustível Fonte: Adaptado TCC Joel, submetido à Universidade Católica de Brasília.
• 2º Fase (Compressão): Com o pistão em PMI, e válvulas fechadas,
este começa a deslocar-se de forma ascendente, comprimindo a mistura
ar/combustível, após a árvore de manivelas rotacionar 180º, o pistão chega ao PMS.
19
Figura 3: Compressão da mistura Fonte: Adaptado TCC Joel, submetido à Universidade Católica de Brasília.
• 3º Fase (Expansão): De 11 à 6º antes do PMS, em fase de compressão
da mistura, uma centelha é disparada pela vela de ignição, o pistão então chega ao
PMS, e começa a descida através de energia cinética acumulada e principalmente
pela expansão elástica dos gases, chegando rapidamente ao PMI.
Figura 4: Combustão da mistura Fonte: Adaptado TCC Joel, submetido à Universidade Católica de Brasília.
• 4º Fase (Exaustão): Na última fase com o pistão em PMI, a válvula de
exaustão se abre, o pistão começa a deslocar-se ao PMS, eliminando os gases da
queima para o sistema de exaustão, retornando à primeira fase, realizando o ciclo
novamente.
20
Figura 5: Exaustão dos gases Fonte: Adaptado TCC Joel, submetido à Universidade Católica de Brasília.
Os ciclos descritos acima podem ser mais bem representados de uma só
forma no diagrama Pressão x Volume:
Figura 6: Ciclo OTTO completo Ideal Fonte: Adaptado TCC Joel, submetido à Universidade Católica de Brasília.
Com a análise do gráfico acima, é possível visualizar que a maior pressão sobre o cilindro atinge seu
pico logo após a explosão, entrando no ciclo de expansão, sendo cerca de 6º DPMS. [8], [11], [13].
2.2 Injeções de combustível
Para o motor realizar trabalho resultando em energia cinética nas rodas do
veículo é necessária a admissão de ar e combustível, sendo estes entrando em
ignição gerando uma força de expansão elástica.
O modo que o combustível e o ar entram no cilindro de motor Otto com
injeção eletrônica difere basicamente de duas formas, de forma indireta e direta:
• Injeção de combustível Indireta:
21
Este tipo de construção consiste na injeção de combustível em um coletor de
admissão, onde devido ao arrasto proporcionado pela abertura da válvula de
admissão, passando pela galeria de admissão conduz o combustível advindo do
tanque, e injetado sobre pressão pelo bico injetor, e o ar, advindo da abertura do
corpo de borboleta, juntos para o cilindro.
O Sistema pode ser visualizado na imagem abaixo:
Figura 7: Injeção Indireta Fonte: http://imgs.opovo.com.br
Este sistema apesar de eficiente, baixo custo e utilizado até hoje em veículos
de menor valor agregado, possui desvantagens como, desperdício de combustível,
pois este acaba sofrendo adsorção pelas paredes da galeria de admissão,
determinada quantidade de combustível que adentra o cilindro não é queimada
corretamente devido à pulverização inadequada.
• Injeção de combustível direta
Na injeção direta de combustível, o bico injetor fica instalado geralmente no
cabeçote do veículo, e o lado responsável pela liberação do combustível fica dentro
da câmara de combustão, assim no momento de injetar o combustível este não
sofrerá perdas como no sistema indireto, onde combustível é atomizado de forma
ideal e projetado diretamente para a posição certa na cabeça do pistão.
O sistema pode ser visualizado na imagem abaixo:
22
Figura 8: Injeção Direta
Fonte: http://imgs.opovo.com.br/
Este sistema possui inúmeras vantagens em relação ao anterior, sendo uma
delas na qual com uma menor quantidade de combustível consegue-se o mesmo
rendimento da injeção indireta, assim obtendo maior eficiência. [15], [18], [19].
2.3 Taxa de compressão em motores ciclo Otto
Com base em conceitos químicos, toda reação necessita de um tempo para
ocorrer, e quanto maior for à temperatura e pressão no meio da reação, mais rápida
esta ocorre.
O pistão de um motor ciclo Otto é um dos principais afetados pela taxa de
compressão exercida no motor, sendo assim, se torna indispensável o estudo nessa
área.
Em um MCI, a taxa de compressão varia de acordo com a construção de um
projeto, sendo hora Estática, hora Dinâmica. [1], [9]
2.3.1 Taxa de compressão Estática
Razão de compressão dada pelo volume da mistura comprimida.
Assim quando se diz taxa de compressão de 10:1 significa que, para cada
uma parte de mistura admitida, está se comprime dez vezes. [1], [8], [9], [10].
Como pode-se visualizar na figura a seguir:
23
Figura 9: Ilustração da taxa de compressão estática Fonte: lidermotors.com.br
Calcula-se a taxa estática da seguinte forma: (Volume do cilindro + Volume da
Câmara + Volume Junta/ Volume Câmara), esta pode ser mais bem visualizada na
equação a seguir:
Taxa de compressão estática:
Equação 1: Taxa de compressão estática
(Vcil + Vcam) / Vcam (1)
Onde:
Vcil = Volume deslocado pelo pistão
Vcam = Volume da câmara de combustão
2.3.2 Taxa de compressão Dinâmica
A taxa de compressão dinâmica é calculada utilizando a Estática. Esta
apresenta os resultados de compressão para motores aspirados ou sobre
alimentados, em diferentes regimes de potência.
A exemplo disto, caso um motor esteja em regime de rotação máxima, com
máxima abertura do corpo de borboleta, a admissão da mistura ar/combustível irá
ocupar todo o físico disponível no interior do cilindro juntamente com o volume da
câmara de explosão.
Porém em alguns carros que utilizam turbo compressor, por exemplo, o
sobrealimentado irá introduzir no interior do motor mais moléculas de ar do que a
pressão atmosfera promove em motores naturalmente aspirados, assim em regime
24
de rotação máxima do motor, a taxa de compressão promovida dentro do cilindro
será maior do que a estática, devido a maior quantidade de gases comprimidas
dentro de um mesmo espaço.
Deve-se lembrar de que tal fato também é possível alcançar em motores
naturalmente aspirados que utilizam comando de válvulas variável, onde nos
primeiros instantes no tempo de admissão do motor a válvula de escapamento
continua aberta, gerando um arrasto proveniente dos gases expulsos do cilindro,
está pressão negativa do arrasto, causa uma admissão de ar maior do que a
promovida da pressão atmosférica em carros aspirados, assim é possível verificar
uma eficiência volumétrica maior que 100%.
Taxa de compressão Dinâmica:
Equação 2: Taxa de compressão dinâmica
(Vcil + Vcam) *η/ Vcam (2)
Onde:
Vcil = Volume deslocado pelo pistão
Vcam = Volume da câmara de combustão
η = Eficiência volumétrica do motor
Fato é possível demonstrar na razão de admissão de ar em relação a
velocidade angular da arvore de manivelas, RPM, em motor Duratec Cosworth.
Figura 10: Razão porcentagem eficiência volumétrica por rotações do motor Fonte: Adaptado Flatout.com
25
Ao observar o gráfico, podemos ver a relação: Porcentagem de eficiência
volumétrica por rotações do motor por minuto, podendo ser visualizado também na
tabela abaixo:
RPM ROCAM DURATEC ARRANCADA
2250 78 75 270
2750 84 78 283
3250 83 81 289
3750 84 83 295
4250 92 84 283
4750 99 83 279
5250 102 80 279
5750 103 77 289
6250 103 73 312
6750 102 69 310
7250 101 65 308
7750 100 62 261
8250 96 58 263
8750 94 54 261
9250 92 52 261
9750 87 49 258
10000 86 45 255 Tabela 1: Eficiência volumétrica
Fonte: Elaborada pelo autor com dados obtidos através do site www.flatout.com.br
Com isso, ao analisar o motor Duratec Cosworth da montadora Ford Motor
Company, este é um 2.0 litros com taxa de compressão estática de 13:1, cada
cilindro admite por ciclo 500 ml em plena carga, sendo comprimido em 38,8mililitros.
Com isso, a dois mil setecentos e cinquenta rotações (2750 RPM), tem
eficiência volumétrica de 83,6%, ou seja, admite 418 mililitros, sendo comprimido
nos mesmos 38,5 mililitros, sendo assim a taxa de compressão para 2750 RPM, é
de 10:1.
Já a 6000 RPM, o cilindro admite 517 ml, então a taxa Dinâmica é eleva para
13,4: 1.
Tal elevação da taxa de compressão dinâmica em relação à estática se dá
devido ao comando variável empregado neste motor.
Outro exemplo se aplica quando se observa a eficiência de um veículo de
arrancada, onde este utiliza sobre alimentadores, e sua taxa de compressão
dinâmica se eleva fortemente quando comparada com a estática. [8], [9].
26
2.3.3 Problemas com taxa de compressão muito alta
De acordo com Juliano Barata (2015), quanto maior a taxa de compressão,
maior a pressão no interior do cilindro e consequentemente maior a pressão e
temperatura atingida pelo sistema. Quando o motor atinge sua temperatura de
funcionamento, uma alta taxa de compressão aliado a um combustível com baixa ou
media octanagem, pode ocorrer pré-ignição do combustível, ou seja, antes de o
pistão terminar a fase de compressão e atingir o PMS, o combustível irá entrar em
ignição liberando uma quantidade de energia contraria ao movimento do pistão
naquele momento, ocorrendo perda de potência e podendo chegar até a quebra no
MCI.
Assim, para maior eficiência nos motores ciclo Otto se torna indispensável
maior taxa de compressão, sendo no geral quanto maior for à razão comprimida,
maior será a velocidade de liberação de energia gerada, maior sendo o
aproveitamento energético, porém a taxa de compressão tem limites, sendo por tipo
de construção do motor, alimentado naturalmente ou sobre alimentado, materiais do
sistema, durabilidade ou razão pelo combustível usado x pré-ignição. [8], [9], [10].
2.3.4 Evolução da taxa de compressão nos motores ao longo dos anos
Ao longo dos anos, com novas descobertas de antidetonantes para a
gasolina, e novas ligas de pistões que suportassem maior força de expansão
elástica, promoveu a elevação da taxa de compressão nos motores ciclo Otto.
No Brasil, a indústria de produção de Açúcar, e ou Etanol a partir da cana-de-
açúcar, sempre teve grande capacidade de produção, com a crise do petróleo, em
1975 o General Ernesto Geisel, deu origem ao programa Proálcool, este
desenvolvendo alternativas ao uso de Gasolina como combustível.
Porém com o passar dos anos, o preço do barril de petróleo caiu, e o
programa entrou em declínio, assim para compensar a produção de Etanol como
combustível e juntamente com programas sendo desenvolvidos para a eliminação do
chumbo tetraetila da gasolina, foi sendo adicionado o Etanol como antidetonante na
Gasolina, com isso tornou-se viável o aumento da taxa de compressão dos motores
Otto, consequentemente aumentando a eficiência dos motores.
Assim, é possível ver o avanço da taxa de compressão ao longo dos anos nos
motores naturalmente aspirados de acordo com a tabela a seguir:
27
Ano Combustível Taxa de compressão
1886 Veículo BENZ 3,5
1921 BRENNABOR TYPS
6/20 5,25
1960 FUSCA 14:24
1975 PASSAT 7
1980 GOL 8,5
2001 GOL 10
2016 GOLF 11,5 Tabela 2: Evolução da taxa de compressão desde o primeiro veículo com motor ciclo OTTO
Fonte: Elaborado pelo Autor com dados obtidos no WWW.carrosnaweb.com.br
A evolução das taxas de compressão de acordo com a tabela pode ser
melhor visualizada na figura abaixo:
Figura 11: Evolução da taxa de compressão ao longo dos anos
Fonte: Elaborado pelo Autor com dados obtidos no www.carrosnaweb.com.br
A figura mostra a evolução da taxa de compressão desde o primeiro carro
popularmente conhecido a utilizar um motor de ciclo Otto, no qual era utilizado um
pistão de ferro fundido, devido a isto a cor preta em destaque, e os demais
automóveis ao longo dos anos utilizando pistão de alumínio, na cor azul, desde o
primeiro veículo, BRENNABOR TYPS 6/20, a utilizar este material para confecção
dos pistões. [9]
28
2.4 Combustíveis
Um dos grandes problemas relacionados à utilização de combustíveis em
motores ciclo Otto é a octanagem característica que cada tipo de combustível
possui, sendo que um combustível com baixa octanagem oferece grande risco para
um MCI, pois no momento da compressão pode ocorrer a Autoignição sem que o
pistão tenha chegado ao PMS, como discutido anteriormente, proporcionando alto
risco de quebra ao motor, ocorrendo no pistão um imenso impacto, com grande
aumento residual de tensão.
Devido a isso, durante o desenvolvimento de um MCI, é indispensável
determinar qual combustível será utilizado, assim definindo as características do
pistão a ser aplicado.
Motores ciclo Otto no Brasil utilizam principalmente dois tipos de
combustíveis: Gasolina e/ou Etanol.
Podemos ver na tabela seguinte a influência da taxa de compressão em
relação ao combustível utilizado:
Figura 12: Número de Octanas em função da Taxa de Compressão e fração de etanol na gasolina equivalente.
Fonte: Adaptado de Flatout.com.br
Assim, quanto maior for à porcentagem de etanol na Gasolina tipo A,
explicada abaixo, a chance de risco de autoignição aumenta, assim elevando a
chance de quebra do motor.
29
Observa-se na tabela que um combustível constituído com 100% de etanol
possui um Research octane number, ou número de resistência a autoignição com
motor em baixa rotação, porém com plena carga, mais alto da tabela, desse modo
motores com maior taxa de compressão utilizando combustível 100% Etanol tem
menores chances de quebra. [10], [14].
Seguem as características dos combustíveis estudados no próximo subtítulo.
2.4.1 Gasolina
Derivado do petróleo possui principalmente em sua composição
Hidrocarbonetos com 4 a 12 átomos de Carbono.
Possui ponto de ebulição entre 30ºC à 225ºC.
A gasolina é obtida através de diversos processos como a destilação.
No Brasil basicamente existem dois tipos de gasolina:
Tipo A= não possui em sua composição etanol, produzida nas refinarias e
comercializado com os distribuidores.
TIPO C= possui em sua composição atualmente, 2016, por lei 27% de Etanol,
vendida através das distribuidoras aos postos de combustíveis.
Tal porcentagem de Etanol adicionada na Gasolina tipo C, aumentando a
octanagem da Gasolina quando misturada com ar e sofrendo compressão, evitando
a autoignição.
A cada 1% de volume de etanol na gasolina tipo A, eleva o número de
octanas em aproximadamente 0,29.
O poder de vaporização da Gasolina tipo A é de 325 KJ/litro. [1], [10], [14].
2.4.2 Etanol
Combustível que pode ser utilizado em qualquer veículo FLEX ou movido a
álcool etílico (Etanol), sua produção não depende do petróleo, sendo obtido no
Brasil, principalmente através da fermentação da cana de açúcar.
Na década de 1970, com a crise mundial de petróleo o Brasil incentivou-se o
uso do Etanol como combustível para veículos no lugar da gasolina.
Este possui resistência à alta compressão, a octanagem do Etanol é por volta
de 110 enquanto a da gasolina é de 87, assim um motor que funciona com Etanol
pode-se utilizar uma taxa de compressão entre 10,5 a 13:1 sem que ocorra pré-
ignição.
30
O poder de vaporização do Etanol é de 744 KJ/L, isso mostra que o Etanol
necessita mais do que o dobro de energia utilizada para a Gasolina, tipo A,
vaporizar.
Em motores movidos a Etanol é viável taxa de compressão maior do que
aqueles movidos exclusivamente a gasolina, pois de acordo com propriedades
físicas, quanto maior a pressão e temperatura em um sistema fechado, maior é a
velocidade para ocorrer uma reação química.
Portanto, como o Etanol é um combustível que tem maior poder antidetonante
em relação à Gasolina tipo A, se justifica um aumento da taxa de compressão em
motores movidos a este tipo de combustível, consequentemente aumentando sua
eficiência.
Aliado a uma taxa de compressão maior, a razão partes de ar para partes de
combustível do Etanol é 9:1, assim para cada nove partes de Ar é necessária uma
parte de Etanol, ao contrário da Gasolina A 15:1, desta forma para uma mesma
combustão é necessário um maior volume de Etanol, resultando teoricamente em
maior consumo de etanol se comparado à gasolina.
Grande parte do aumento de compressão se dá pelo desenho e geometria do
pistão, sendo este estudado no capitulo três.
A variação de ponto de ignição tem grande influência quando se trata de
pressões exercidas no pistão, podendo ocorrer em casos extremos como ponto de
ignição errado, muito adiantado, uma falha catastrófica no pistão, comprometendo
todo o motor.
A variação de ponto de ignição será discutida no tópico abaixo. [1], [10], [14].
2.5 Ignição
O sistema de ignição em um automóvel com motor ciclo Otto tem extrema
importância.
A mistura Ar/Combustível adentra a câmara de combustão no ciclo de
admissão, logo após, no segundo tempo, é comprimida, promovendo a
homogeneização e Vaporização do combustível com o ar, sendo este ciclo descrito
para motores de injeção indireta de combustível, podendo haver no caso de motores
GDI, a injeção de combustível atomizado no tempo de compressão.
31
Neste momento, a combustão apresenta uma primeira fase onde, esta é
necessária para o desenvolvimento das primeiras reações, nas proximidades da vela
de ignição, atingindo certa concentração, liberando calor suficiente para propagar a
chama, ocorrendo à expansão elástica dos gases.
Porém, devido a variação de rotação como principal fator, é necessário o
avança ou atraso de ignição, descrito detalhadamente no tópico a seguir:
2.5.1 Avanço e atraso de ignição
Fato descrito na introdução deste capítulo denomina-se “retardamento
químico da combustão’ ou “Avanço de ignição”.
Esse tempo de retardamento é um dos responsáveis pelo avanço da faísca,
ou seja, ocorre a faísca no tempo de compressão alguns graus antes do pistão
chegar a PMS”, assim no momento que o pistão chega ao ponto morto superior a
ignição possa se propagar, chegando a pressão máxima em 6º DPMS.
Figura 13: Diagrama pressão x volume x temperatura Fonte: Material motor ciclo Otto professor Fróes FATEC Santo André
Os graus de avanço ou atraso de liberação da faísca podem variar de acordo
com tipo de combustível utilizado no motor ciclo Otto (Gasolina ou Etanol),
concepção de entrada de ar no motor (Aspirado ou Turbo) e a taxa de compressão
estática adotada no projeto deste, além da variação de rotação da árvore de
manivelas.
O sistema de ignição sofreu alterações ao longo do tempo, basicamente
existem três principais sistemas de ignição em um MIF. [1], [8].
32
2.5.2 Sistema Mecânico
Utilizado em carros de construção antiga, no qual em sua produção não se
tinha tecnologia vivenciada nos dias de hoje.
Ao acionar a chave, é liberada a tensão armazenada na bateria para a
bobina, que converte 12 volts em uma tensão alta, entre 20.000v podendo chegar a
85.000v, para que a faísca possa saltar entre os eletrodos da vela de ignição
formando um arco elétrico.
Possui um distribuidor mecânico, no qual de acordo com a posição da árvore
de manivelas, distribui a centelha no momento certo e no pistão correto, através dos
cabos de velas, elemento que conduz faísca do distribuidor até as velas de ignição,
tendo este tendo uma camada externa isolante para não sofrer interferências.
Dentro do distribuidor possui um elemento chamado platinado, no qual faz o
chaveamento mecanicamente, liberando a tensão armazenada na bobina para os
cabos de vela.
Este sistema possui deficiências, como o chaveamento de descarga de
tensão é feito mecanicamente, este contato acaba se desgastando, podendo até
ocorrer o não funcionamento do veículo.
O avanço ou atraso de ignição desse sistema é feito através de uma cápsula
de avanço a vácuo presente no distribuidor, este sistema possui suas limitações por
não poder variar a ignição, com atraso de ponto em caso de pré-ignição por
exemplo. [1], [8].
Abaixo é possível ver na figura 8, o esquema de ignição mecânico:
Figura 14: Sistema de ignição mecânico Fonte: willysoverland.com
33
2.5.3 Ignição eletrônica
Com a evolução tecnológica ao passar dos anos, e sendo necessária
manutenção constante em sistemas de ignição com platinado, foi desenvolvida a
ignição eletrônica.
Foi adicionado um módulo de ignição ao sistema, no qual este monitora e
libera a tensão armazenada pela bobina no momento certo para o distribuidor,
através do efeito Hall.
Figura 15: Efeito HALL Fonte: http://www.newtoncbraga.com.br
Com o distribuidor em funcionamento, Imãs, passagem por um sensor
magnético, gerando um sinal de saída, enviado ao módulo de ignição.
O sistema de ignição eletrônica passa a se tornar mais robusto e confiável
para época, porém ainda existe a limitação de avança ou atraso de ignição em caso
de autoignição do combustível por exemplo. [1], [8].
Figura 16: Sistema completo de ignição eletrônica Fonte: willysoverland.com
34
2.5.4 Ignição mapeada
O desenvolvimento da tecnologia trouxe para os automóveis grandes
avanços, sendo um deles a ignição Mapeada.
Neste sistema é apenas utilizado, bobina de ignição, cabos de vela, quando
não se utiliza bobina de topo, sendo este integrado cabo de vela com bobina de
ignição em uma única peça.
Sensores como o de roda fônica, identifica a rotação do veículo, juntamente
com sensor de oxigênio identificando combustível utilizado pelo fator Lambda (λ),
assim o ponto de ignição do veículo é ajustado eletronicamente.
Figura 17: Mapeamento ignição eletrônica para o combustível etanol
Fonte: willysoverland.com
A imagem acima mostra o avanço de ignição pela relação de rotação do
motor e pressão na câmara de combustão. Assim, por exemplo, estando o veículo
calibrado com este mapa de ignição a 1800 rotações por minuto e com pressão na
câmara de combustão de 85KPA teremos um avanço de ignição de 16º APMS.
Este sistema possui excelentes benefícios sobre forças atuantes no pistão, já
que corrige o avanço ou atraso de ignição no momento exato para o combustível
exato, e para a quantidade de ar admitida pelo cilindro, assim não havendo forças
indesejáveis sobre o pistão. [1], [8].
35
2.6 Cilindros do motor
Superfície no qual o pistão percorre seu curso linear, além disso, tem a
função de juntamente com o conjunto pistão/anel propiciar vedação, liberação de
calor proveniente da combustão e garantir lubrificação adequada através do
brunimento, este é um processo de usinagem que realiza ranhuras em ângulos
podendo variar entre 90 e 120º. Desse modo, sua principal função é garantir maior
dificuldade para o óleo escoar até o cárter do motor, garantindo assim maior
lubrificação entre anéis e cilindros.
Tal processo de usinagem feito no cilindro pode ser visualizado na imagem
abaixo:
Figura 18: Cilindro Brunido Fonte: http://forum.hotcampinas.com
Algumas construções de motores contém o próprio material do bloco como
parede do cilindro, já outros possuem cilindros removíveis, denominado camisa,
como mostra a figura a seguir:
36
Figura 19: Camisa de pistão
Fonte: Adaptado MWN Internetional, 2009.
2.6.1 Tipos de camisa de cilindro
• Camisa Seca: Se caracteriza camisa seca quando o líquido de
arrefecimento do motor não tem contato direto com estas, como mostra a figura
abaixo:
Figura 20: Camisa seca
Fonte: Adaptado ebah.com.br/apostila-ciclo-diesel
• Camisa Úmida: Líquido de arrefecimento tem contato direto com a
camisa, como mostra a figura a seguir:
37
Figura 21: Camisa Úmida Fonte: Adaptado ebah.com.br/apostila-ciclo-diesel
A decisão de qual camisa usar, parte das solicitações térmicas exigidas pelo
motor e sua construção, e tipo de refrigeração sendo a água mais eficiente devido à
maior troca térmica, inclusive com o veículo parado, onde não ocorre um fluxo de ar
suficiente para refrigerar adequadamente. [3], [6].
2.6.3 Tipos de materiais de camisa e sua interação com o pistão
O Cilindro de um MCI pode ser constituído do próprio material do bloco, ou
materiais mais nobres, no caso desse ser composto por camisas.
Os principais materiais são:
• Ferro fundido Cinzento: Proporciona boas propriedades de
deslizamento ao Pistão, propiciando juntamente ao uso de um óleo lubrificante
adequado, uma vida mais longa ao conjunto.
• Elementos de liga (Cromo, Níquel, Molibdênio e Manganês): Quando
adicionados ao material base proporcionam o aumento da dureza do cilindro,
resistência ao desgaste e corrosão, sendo estes essenciais, pois com a
descentralização do pino do pistão, na transição do segundo ciclo (Compressão)
para o terceiro (Combustão) no momento da ignição o topo do pistão é pressionado
contra um lado da camisa, enquanto a sua saia exerce pressão sobre o outro lado,
assim as camisas devem ter obrigatoriamente dureza suficiente para suportar tais
esforços.
38
• Cilindro com revestimento Cerâmico: O Cilindro é revestido
internamente por uma fina camada de material cerâmico, composto com partículas
de níquel e fósforo, assim aumentando a dureza e diminuindo o atrito, sendo mais
liso, possui maior tendência de preservar o filme de óleo em suas paredes auxiliando
na lubrificação.
Outro fator de extrema importância é a dilatação, como os materiais
cerâmicos possuem dilatações muito pequenas em relação aos demais, pois estes
têm uma excelente dissipação de calor, a folga pistão/camisa pode ser mais bem
ajustada, uma vez que o único componente que irá dilatar consideravelmente é o
pistão, melhorando vazão e fluxos de lubrificante além de melhor vedação. [3]
A imagem a seguir mostra melhor o revestimento cerâmico na parte interna
do cilindro:
Figura 22: Cilindro com revestimento cerâmico Fonte: motoesporte.com.br
2.7 Anéis de pistão
Para um perfeito funcionamento de um motor ciclo Otto, os anéis de
segmento são peças de extrema importância, estes, que quando dentro da camisa
39
junto ao pistão possuem formato circular, garantem vedação entre o pistão e a
câmara.
Dentro de um MCI os anéis têm três importantes funções:
• Limitam e regulam o consumo de óleo, uma vez que este veda da
melhor forma possível, a contenção do óleo vindo da parte de baixo do motor
(Bomba de óleo, árvore de manivelas e cárter) para que este não passe para a parte
de cima do pistão e acabe sendo queimado junto com a mistura ar/ combustível.
• Isolam a câmara de combustão do cárter, sendo que a mistura de
Ar/Combustível não acabe passando pelas paredes e chegue até o óleo lubrificante
presente no cárter do motor modificando sua viscosidade, é de grande importância
também que no momento de explosão da mistura, os anéis de seguimento
mantenham toda a pressão acima do topo do pistão, não havendo perdas de fuga
pela parede da câmara.
• Transferem calor adquirido pelo pistão durante a combustão as
paredes do cilindro, contribuindo para o equilíbrio da temperatura do sistema. [3], [6].
2.7.1 Distribuição dos anéis pelo cilindro
Em um pistão de motor ciclo Otto encontra-se a distribuição de três anéis pelo
corpo, no qual cada um possui uma função e distribuição pelo corpo do pistão, como
pode-se ver na figura abaixo:
40
Figura 23: Anéis de um pistão ciclo OTTO Fonte: curso-mecanica-motos.com.br
Como se pode ver na imagem acima, o anel primário (Anel de fogo) tem a
função de conter a pressão gerada no momento da explosão e evita a perda de
pressão gerada pela fase de compressão do motor.
Já o anel secundário (anel de compressão intermediário) tem também a
função de conter a compressão, para que essa não seja transferida para o cárter,
perdendo potência e gerando grandes pressões na parte inferior do motor, assim
estes fazem que o pistão possa comprimir a mistura e posterior queima, mantendo a
estanque idade onde a pressão gerada irá empurrar o pistão para baixo gerando
trabalho.
O terceiro anel (Raspador de óleo) tem a função de conter o óleo, jogado nas
paredes da câmara de combustão, mantendo uma fina camada de óleo entre as
ranhuras do brunimento, explicado no tópico de Camisa de pistão, reduzindo o atrito
entre o cilindro e os anéis.
Entretanto a colocação dos anéis no pistão além de obedecer a uma ordem,
quanto a grau e posição.
41
Figura 24: Ângulo de montagem dos anéis em um pistão Fonte: Adaptado de curso-mecanica-motos.com.br
A disposição dos anéis ao longo do cilindro tem grande importância para a
correta vedação que cada um proporciona, uma vez que os anéis são fabricados de
forma oval com um rasgo, este quando dentro do cilindro é diminuído, uma vez que
o anel adquire formato cilíndrico, exercendo forças sobre as paredes da câmara
garantindo a vedação.
Contudo, caso os rasgos dos anéis sejam montados de forma que fiquem
alinhados, haverá perda em relação a vazamento de compressão, mistura
ar/combustível, óleo entre outros, assim é importante seguir os ângulos de
separação do rasgo de cada anel, assim irá garantir uma excelente vedação.
42
É de grande importância no momento da montagem, visualizar a marcação
TOP no anel, sendo que esta indica que a face escrita do anel deverá ser montada
virada para o topo do pistão. Fato este se dá devido ao anel possuir uma geometria
de construção, visando sempre melhor vedação entre pistão e camisa. [3], [6], [12].
2.7.2 Materiais para anéis de pistão
Para cargas normais, como em motores aspirados sem grandes rotações de
trabalho utiliza-se ferro fundido de grafite lamelar, já motores que utilizam grandes
cargas de trabalho, altas rotações podendo ser sobre alimentados utiliza-se ferro
fundido de grafite nodular ou aço.
Além do material de fabricação podem ser aplicados revestimentos nos anéis
para aumentar a durabilidade e evitar formação de marcas expressivas que
poderia comprometer a vedação, assim são usados revestimentos de cromo ou de
spray de plasma de materiais cerâmicos, metálicos.
O último método de revestimento de anéis foi desenvolvido pela empresa MAHLE, o
PVD (Physical vapour Deposition), ou deposição física por vapor, é um revestimento
de carbono, com estrutura como a de um diamante, é depositado através de vapor
nos anéis em um ambiente a vácuo, causando um revestimento altamente
resistente, proporcionando menor perda por atrito e além disso há maior resistência,
assim é possível dimensionar um anel com menor espessura e maior resistência,
gerando menor atrito resultando em maior aproveitamento energético do MCI. [3], [6]
Fato este é possível observar na figura a seguir:
43
Figura 25: Força de atrito dos anéis no cilindro
Fonte: Adaptado de Book MAHLE
Dois anéis com espessuras diferentes, o laranja, B, com 1,2/1,2/2,0 mm sem
tratamento de deposição de carbono e o segundo representado na cor azul, A,
possui dimensões de 1,0/1,0/ 1,5 mm, com o menor tamanho deste, é possível
verificar um menor atrito, obtendo um melhor aproveitamento energético.
Com os fatos abordados até então, é possível iniciar o estudo proposto por
este trabalho, abordando a fundo características de um pistão de um motor ciclo
Otto. [3], [6], [7].
44
2.8 Pino do pistão
“O pino do pistão é uma peça de aço, tratada termicamente, que atua como elemento de união e de transmissão de força entre o pistão e a biela, estando suas características de projeto intimamente ligadas com as do próprio pistão. ” (Manual da MAHLE brochura- 01-98- primeira parte, 2012, p. 74)
Figura 26: Pino de pistão
Fonte: Adaptado de www.mahle-aftermarket.com
2.8.1 Tipos de pinos
2.8.1.1 Presos
O pino é prensado no corpo do pistão, e deslizante na parte de fixação na biela.
2.8.1.2 Oscilantes
O pino é prensado no corpo da biela e deslizante no pistão, na extremidade do pino
guia há um rebaixo para um anel elástico para impedir que o pino escape do pistão,
como pode-se ver na imagem abaixo:
Figura 27: Pistão de pino oscilante com anel elástico
Fonte: http://docplayer.com.br
45
2.8.1.3 Flutuantes
Deslizante tanto no cilindro quanto na biela, como na imagem anterior, é usado anel
elástico para impedir que o pino escape do pistão. [3], [5], [12].
3 ESTUDO DE UM PISTÃO DE UM MOTOR CICLO OTTO
Em um motor de combustão interna, o pistão é a parte móvel da câmara de
combustão responsável por transmitir a energia contida no combustível que é
liberada, na forma de calor e pressão, durante a fase de expansão em motores de
ciclo Otto, convertendo-a em trabalho mecânico. Um pistão é constituído por uma
estrutura básica contendo os seguintes aspectos:
Figura 28: Aspectos constritivos de um pistão Fonte: Adaptado manual técnico da MAHLE
A pressão dos gases sobre a cabeça do pistão é fração aproveitável da
energia gerada pela combustão da mistura ar-combustível. Quanto mais energia for
convertida em pressão sobre a cabeça do pistão e melhor for à transmissão da força
resultante por parte do pistão para a biela, mais eficiente será esse motor.
Pode-se ver a importância de um pistão no conjunto móvel um motor ciclo
Otto quando se observa a imagem a seguir:
46
Figura 29: Motor V-10 F-1 Fonte: www.k20a.org
Além de transmitir a força gerada pela combustão, o pistão é parte atuante
para que ela ocorra em ambiente controlado, o pistão tem que garantir a vedação da
câmara de combustão (o faz com a ajuda dos anéis de pistão). Isso para que o
máximo possível de pressão obtida atue sobre a cabeça do pistão gerando o maior
trabalho mecânico disponível, e para evitar que o óleo lubrificante penetre na
câmara, desequilibrando a mistura.
O pistão também auxilia na formação de mistura combustível, para essa
função ele apresenta sua superfície com um desenho característico adequado à sua
finalidade e condições de projeto. Dentre as condições de projeto que determinam o
desenho da cabeça do pistão está a necessidade de dissipação de calor, que deve
apresentar valores suficientes para em conjunto com os outros responsáveis pela
dissipação do calor (velas de ignição, sistema de arrefecimento, gases de escape,
válvulas e cabeçote) a temperatura da câmara de combustão seja mantida em uma
faixa de trabalho aceitável. O calor é absorvido pela cabeça do pistão e transmitido
para ser dissipado, pelos anéis de pistão e pela saia do pistão em contato com o
cilindro, e pelo contorno interno inferior do pistão que dissipa o calor para o ar no
alojamento do óleo lubrificante e para o próprio óleo lubrificante.
Com isso, o pistão é o elemento que realiza trabalho, dentro de um motor
ciclo Otto. [1], [7].
47
A estrutura básica é um cilindro oco, fechado dos lados.
Figura 30: Pistão de motor ciclo OTTO, Camaro LS3 Fonte: http://hotrodenginetech.com
3.1 História
Figura 31: Linha do tempo evolução dos pistões e taxa de compressão
Fonte: Elaborada pelo autor com dados obtidos através no WWW.carrosnawebcom.br
48
O relato do veículo mais conhecido a utilizar um motor de combustão ciclo
Otto foi o veículo de Benz, Patent-Motorwagen, no qual um fato inusitado aconteceu
na história. A esposa de Karl Benz, Bertha Benz, decidiu levar seus dois filhos a
bordo da invenção do seu marido e ir visitar sua cidade natal, a viagem total foi de
194 quilômetros, e ficou marcada como a primeira viagem feita utilizando um
automóvel. Este veículo possui uns motores com pistão de Ferro-fundido pesando
cerca de 2200 kg, pouco eficientes devidos diversos fatores como alto peso do
pistão e taxa de compressão baixa.
Com o passar dos anos as tecnologias de motores foram aprimoradas, tendo
um enorme avanço devido à contribuição das disputas entre países na primeira
guerra mundial, no qual se tem o relato do primeiro motor quatro tempos a utilizar
pistão feito com alumínio. Após o termino da primeira grande guerra, esta tecnologia
foi utilizada em veículos automotores, no qual o primeiro veículo a utilizar um motor
com pistão de liga de alumínio foi o BRENNABOR TYP S 6/20 OS, com este novo
material em motores ciclo Otto a inércia passou a ser vencida com menor gasto
energético.
Novas ligas de alumínio foram sendo desenvolvidas, aliada ao aumento da
octanagem do combustível, assim, a potência por cilindro foi sendo aumentada e a
capacidade volumétrica sofreu redução para maior economia de combustível e
redução de emissões, como pode-se observar na linha do tempo.
Veículo como o VOLKSWAGEN Fusca 1960 possuíam uma taxa de 6,6:1,
passando por VOLKSWAGEN Passat 1975 7:1, VOLKSWAGEN GOL 1990 8,5:1,
Volkswagen GOL 2001 10:1, chegando atualmente a uma taxa de compressão de
11,5:1 no veículo VOLKSWAGEN GOLF 2016. [1], [8], [21].
3.2 Forças no pistão
A pressão da expansão dos gases juntamente com forças inerciais atua no
pistão, fazendo este realizar movimento linear. Por conta da reação da biela sobre o
pistão, uma força lateral é criada fazendo com que o pistão “bata saia”.
49
Figura 32: Forças no pistão Fonte: Adaptado manual técnico traduzido da MAHLE
Onde:
• : Força de pressão
• : Força de trabalho
• : Força lateral
• : Força de inércia
A cada 720º ocorre expansão elástica novamente.
50
Figura 33: Diagrama de força de pressão x posição da árvore de manivelas
Fonte: Manual técnico MAHLE
A força de pressão empurra o embolo para baixo, é nesse momento que, com
o movimento do pistão, a energia contida no combustível é transformada em
trabalho.
Figura 34: Forças laterais no pistão Fonte: Manual técnico MAHLE
As forças laterais levam a saia do pistão a se chocar com a parede do
cilindro, ocorrendo perdas e afetando o rendimento do motor. [2], [3], [4].
51
3.3 Cinemática do sistema Biela-Manivela
A figura abaixo representa esquematicamente o sistema biela-manivela. A
partir dele desenvolveremos os equacionamentos que representam a posição,
velocidade e aceleração do pistão. [4]
x
PMS
r
L
r +
L
L.c
os
r.co
s
Figura 35: Diagrama do sistema biela-manivela
Fonte: Adaptado Material Cinemática e dinâmica do motor, Silvio Chizuo.
Tomando o PMS (Ponto Morto Superior) como referência, e adotando que: r é
o raio de giro da árvore de manivelas, L é o comprimento da biela, α é o ângulo
percorrido pela árvore de manivelas, β é o ângulo formado entre a biela e o eixo do
cilindro, x é a posição do pistão, v é a velocidade do pistão, a é a aceleração do
pistão, ω é a velocidade angular da árvore de manivelas e λ é a razão r/L. [2]
Temos:
3.3.1 A posição do pistão:
Equação 3: Equação do pistão
x = (r + L) – (r * cos α + L cos β) (3)
Simplificando:
Equação 4: Equação do pistão simplificada
x = r (1 – cos α) + L (1 – cos β) (4)
52
Como é possível obter β em função de α através da seguinte relação:
Equação 5: β em função de α
L sen β = r sen α (5)
É possível reescrever a equação da seguinte forma:
Equação 6: Posição do pistão reescrita
x = r (1 – cos α) + L * (λ^2) /4 * ( 1 – cos 2α ) (6)
3.3.2 A velocidade do pistão:
Equação 7: Velocidade do pistão
v = ω * r (sen α + λ/2 sen 2α) (7)
3.3.3 A aceleração do pistão:
Equação 8: Aceleração do pistão
a = ω^2 * r (cos α + λ cos 2α ) (8)
3.3.4 FORÇA DE PRESSÃO
É a força resultante da compressão e da expansão da mistura combustível
criada a partir da ignição da mesma. O aproveitamento da força de pressão é que
determinará a capacidade de executar trabalho por parte do mecanismo biela-
manivela. [2]
A força de pressão Fp é resultado do produto entre a pressão no interior da
câmara (P) e a área projetada do cilindro (A):
Equação 9: Força de pressão
Fp = P * A = P * π (D^2) /4 (9)
A pressão P varia em função do volume no interior do cilindro. Lembrando
que o volume no interior do cilindro (Vα) é definido pela posição (x) do pistão.
Podemos escrever:
53
Equação 10: Força de pressão em função da posição do pistão
Vα = x * A = [ r (1 – cos α) + L (λ^2) /4 (1 – cos 2α) ] A (10)
Com o diagrama Pressão x Volume do motor definido, através de medição ou
por meio de estimativa. É possível obter a pressão P em função do ângulo α. Dessa
maneira temos a seguinte representação gráfica:
Com essas equações poderemos determinar a força de pressão no interior do
cilindro e a força de inércia do pistão. [2], [4].
Figura 36: Diagrama Pressão x Volume x Ângulo α
Fonte: Fonte: BRUNETTI, FRANCO. Motores de Combustão Interna: volume 2/Franco Brunetti.- São
Paulo: Blusher, 2012
3.3.5 FORÇA DE INÉRCIA
A força de inércia do pistão é o resultado da resistência ao movimento
alternativo das massas:
Equação 11: Força de inércia
Fa = - m * a (11)
Onde:
Fa: força de inércia do movimento alternativo;
m: massa do pistão;
a: aceleração do pistão.
Utilizando a equação de aceleração do pistão. Obtemos a força de inércia do
pistão em função do ângulo percorrido pela árvore de manivelas (α):
54
Equação 12: Força de inércia em função do ângulo percorrido pela árvore de manivelas
Fa = - m * ω^2 * r (cos α + λ cos 2α) (12)
3.4 Diferentes requisitos de um pistão
3.4.1 Dissipação de calor
“A energia química contida no combustível é convertida em calor no interior da câmara de combustão. Como o pistão é a parte móvel da câmara de combustão, ele transforma parte da energia liberada em trabalho mecânico. Parte do calor não aproveitado como trabalho mecânico é dissipado pelos gases de escapamento. O calor restante é transferido, por convecção e radiação, para as partes próximas à câmara de combustão. ” (MAHLE GmbH (Ed.), p.83)
Por convecção, o calor é dissipado pela parte inferior do pistão para os fluidos
que circulam no alojamento do óleo lubrificante (ar e o próprio óleo lubrificante). E
também para o filme lubrificante que separa o pistão da parede do cilindro.
Por radiação, o pistão transmite calor para as outras partes internas do motor
que não têm contato direto com o pistão. Como por exemplo a parede inferior do
cabeçote, o óleo que está armazenado no cárter e a árvore de manivelas. [3], [7].
3.4.2 Resistência mecânica
As solicitações sobre o pistão são bastante severas. Isso porque durante o
funcionamento do motor, o pistão é responsável pela conversão da energia contida
no combustível em trabalho mecânico, durante o ciclo de expansão. E durante este
ciclo, os valores de pressão e temperatura no interior do cilindro aumentam muito em
um curtíssimo intervalo de tempo.
A resistência mecânica do pistão deve ser suficiente para que ele suporte,
sem danos à sua estrutura e forma, a força criada pela pressão resultante a
combustão e os choques da saia do pistão contra a parede do cilindro por conta da
força lateral criada pela reação oblíqua da biela contra o pistão. [3], [7].
3.4.3 Baixo atrito
Para manter a estrutura física do pistão é necessário que o sistema apresente
baixo atrito. Isso é garantido por meio de aplicações de tratamentos superficiais nas
55
paredes dos cilindros e dos pistões e pela lubrificação dinâmica do sistema. Dessa
forma, o funcionamento ocorre de maneira mais suave, com menos choques
gerando menos ruídos e menos perdas mecânicas. [3], [7].
Tal tratamento superficial, visualizado na imagem abaixo, é atualmente
aplicado na saia do pistão através da deposição de carbono, para que ocorra menos
atrito entre a saia e cilindro resultando em melhor rendimento do MCI.
Figura 37: Saia do pistão com deposição de Carbono Fonte: http://www.carpower360.com/2014-corvette-stingray
3.4.4Baixo peso com boa estabilidade
“A massa do pistão está concentrada na porção superior dele, algo em torno
de 80% localizada na região a partir do centro do pino do pistão para cima,
e 20% localizada na região a partir do centro do pino do pistão para baixo. ”
[MAHLE GmbH (Ed.), p.7]
Essa característica faz com que, para qualquer redução de massa pretendida,
a primeira região analisada seja a porção superior do pistão. As reduções de massa
são necessárias para que se obtenha o mínimo de inércia do sistema que dificulte a
alternância de movimento do pistão. Essa resistência pode impedir o funcionamento
do motor, tornando esse projeto tecnicamente inviável, ou causar grandes perdas do
sistema para que se mantenha em funcionamento, reduzindo a eficiência do motor.
56
Por outro lado, o pistão precisa apresentar estrutura suficiente para suportar
as solicitações às quais é exposto e volume que atenda às medidas do projeto. Para
efetuar esse equilíbrio entre pouca massa e bom comportamento dinâmico, materiais
de baixa densidade e alta resistência mecânica são o foco de desenvolvimento em
projetos de pistões. [3], [7].
3.5 Tipos de pistões
Os vários processos de operações de um motor de combustão interna tipo
Otto pode levar a vários tipos de pistões a serem aplicados.
Deve ser levado em conta variável como dimensões, material, forma e
construção além do combustível a ser usado no motor.
Para o controle de dilatação, a cabeça dos pistões é cônica e seção
transversal oval. [3], [7].
3.5.1 Pistão côncavo
Normalmente utilizado em motores quatro tempos a gasolina, pois este devido
possuir uma depressão em seu topo acaba diminuindo a taxa de compressão, já que
este combustível possuir menor octanagem.
Figura 38: Pistão côncavo Fonte: www.raybarton.com
57
3.5.2 Pistão cabeça plana
Utilizado em motores no qual necessita ter uma taxa de compressão
relativamente maior, geralmente utilizado em motores sobre alimentados com taxa
de compressão por volta de 10:1 podendo utilizar álcool como combustível.
Figura 39: Pistão cabeça plana FORD 302
Fonte: www.modmaxracing.com
3.5.3 Pistão com Dome
É empregado em motores no qual há necessidade de uma taxa de
compressão mais elevada, para utilização de combustíveis como Etanol.
Possui uma saliência em seu topo, no qual quando o pistão está em PMS,
esta ocupa uma parte da câmara de combustão, assim com um menor volume, uma
mesma mistura será mais comprimida elevando a taxa do MCI.
58
Figura 40: Pistão com Dome FORD 302 Fonte: www.raybarton.com
3.5.4 Pistão de injeção DIRETA de combustível
Figura 41: Pistão da Corvette 2014 que utiliza injeção direta de combustível
Fonte: http://www.carpower360.com/2014-corvette-stingray
59
Utilizado em motores com o sistema de injeção direta de combustivel, onde
este devido a alta pressão de injeção aliado com uma concavidade na corôa do
pistão possibilita que o combustivel seja atomizado e direcionado para as paredes
do cilindro do MCI.
Tal atomização favorece a homegênização do combustivel com o ar admitido
anteriormente pelo ciclo de admissão, proporcionando uma melhor queima deste.
O movimento que o combustivel atomizado realiza ao se chocar com a
concavidade do cilindro é mostrado na imagem a seguir:
Figura 42: Movimento do combustível ao se chocar com o pistão de injeção direta
Fonte: http://forums.nasioc.com/
O combustível refere-se a parte laranja da imagem, e os pontos em azul
representam o ar presente na câmara de combustão. [15], [20].
3.6 Materiais dos pistões
Pistões estão expostos a severas mudanças de temperatura, pressão e
desgaste moderado, assim para a escolha do material a ser utilizado para produção
de um pistão é de grande importância para a produção de um motor ciclo Otto.
Ao longo dos anos a evolução dos materiais propiciou a redução da massa
dos pistões, como pode-se visualizar na imagem a seguir:
60
Figura 43: Peso dos pistões em função dos anos, juntamente com o aumento de potência. Fonte: Elaborado pelo autor com dados obtidos no aftermarket Book MAHLE,
http://www.caranddriver.com/ e dados cedidos pelas VW do Brasil.
Desde o primeiro veículo popularmente conhecido a utilizar um motor ciclo
Otto, Veículo de Benz, nota-se a evolução dos materiais e a respectiva diminuição
de peso, resultando em aumento considerável de potência.
A coluna de cor preta no gráfico, representa o pistão de primeiro veículo de
Benz de 1886 no qual utilizava pistão de fero fundido, as demais colunas em azul
mostram pistões confeccionados em alumínio, e a linha em laranja representa o
crescimento de potência por pistão.
Contudo segue os principais materiais e suas ligas que compõem pistões de
um motor ciclo Otto:
3.6.1 Ferro- Fundido
Os primeiros pistões utilizados em um motor ciclo Otto foram construídos
utilizando ferro-fundido, devido a altas temperaturas e pressões que é submetido,
para a tecnologia de materiais da época do início da segunda metade de 1800
tornava-se inviável a utilização de outros materiais. [5], [7].
3.6.2 Alumínio
Sendo uma liga leve, com alta condutividade térmica, o alumínio é um
material de excelente qualidade para ser utilizado para a confecção de um pistão,
porém no estado puro não suporta altas forças e possui elevada resistência ao
desgaste.
61
Através do processo de precipitação descoberto em 1906 que consiste em
formação de solido durante uma reação química, através de adição de elementos de
liga no alumínio.
Com isso, o elemento adquire maior resistência a impacto (dureza), sendo
ideal para utilização em sistemas como em motores ciclo Otto.
Além de tudo, o alumínio possui uma excelente propriedade de dissipar calor,
quando comparado ao ferro fundido, por exemplo, sendo este fator extremamente
importante para um pistão. [3], [5], [7].
3.6.2.1 Ligas de alumínio-silício
Atualmente as ligas de alumínio-silício são as mais usadas para carros de
produção em série com motores de baixa e média potência, atendendo resistência
mecânica especificados nos projetos.
Assim as ligas mais utilizadas para construção de pistões de alumínio
utilizada pela indústria brasileira são as ML-124.
Caso a aplicação seja direcionada a motores que necessitam de maior
resistência advinda de pistões de alumínio que utilizam ligas de alumínio-silício é
utilizada a liga ML-138, no qual o teor de silício é utilizado em maior quantidade. [5],
[7].
3.6.2.2 Ligas de alumínio-cobre Utilizados em motores onde uma maior resistência à temperatura é algo
desejável no projeto, assim utiliza-se pistões de alumínio confeccionados com liga
de alumínio-cobre.
De acordo com o Manual da MAHLE brochura, 01-98, primeira parte, as ligas
usualmente mais utilizadas pela indústria para os quesitos citados acima são as ML-
132 e Ml-332, quando o motor é submetido a altíssimas temperaturas recomenda-se
o uso da liga alumínio-cobre ML-Y, porém seu custo é mais elevado perante as
demais.
Para motores que são submetidos a diversos esforços e não podem submeter
a falhas, como na aviação, são utilizadas ligas AMS, devido a sua homogeneidade
cristalina, reduzindo a possibilidade de ocorrência de falhas praticamente a zero. [5],
[7].
3.6.2.3 Cinta de aço no interior do cilindro Entretanto, o uso do alumínio trouxe uma dificuldade, onde o coeficiente de
dilatação de alumínio é grande, sendo assim a folga do pistão obtido de liga de
62
alumínio é muito maior em relação a um pistão de ferro fundido, para conter tal
dilatação a maioria dos pistões feitos de ligas de alumínio possui em seu processo
de produção uma cinta de aço adicionada na parte interna da sua superfície
superior, assim, a dilatação do conjunto é diminuída.
Figura 44: Relevo da cinta de aço presente no corpo de um pistão de alumínio
Fonte: Imagem elaborada pelo Autor.
Além disso pistões de liga de alumínio no mercado possuem formato cônico,
onde o topo do pistão possui diâmetro menor em relação à saia quando, em baixas
temperaturas, e estas por sua vez, são revestidas com ligas de aço para diminuir
sua dilatação linear. Assim quando o pistão atinge sua temperatura de trabalho,
devido ao fato de temperaturas na cabeça do pistão chegar a 300ºC, ele assume
uma forma cilíndrica, eliminando sua conicidade, e assim, cumprindo uma de suas
funções de realizar a vedação a correta vedação da mistura ar/combustível.
Como pode-se observar na imagem a seguir:
63
Figura 45: Variação do diâmetro da coroa do pistão a frio e a quente Fonte: Adaptado da revista motores.
3.6.3 Carbono Refratário
Pistões de Carbono refratário possuem uma excelente estabilidade térmica,
quando comparado com pistões de alumínio, ao atingir a temperatura de trabalho
dentro da câmara de combustão, o pistão confeccionado com este material não irá
dilatar expressivamente como pistões de outros materiais, assim sua construção
poderá ser realizada diminuindo a conicidade, como as presentes em pistões de
alumínio, por exemplo, assim o consumo de óleo do motor até atingir sua
temperatura de funcionamento é menor contribuindo para diminuição de emissões.
Figura 46: Pistão de carbono montado em sua respectiva biela Fonte: Adaptado de http://www.gmh-torana.com.au
A resistência à tração quando comparado a um pistão de alumínio, em função
da temperatura pode ser observada no gráfico a seguir:
64
Figura 47: Resistência a tração em função da temperatura de um pistão de carbono refratário Fonte: WWW.autoentusiastas.com.br
É visível que a queda de resistência a tração de um pistão de alumínio em
função da temperatura é muito maior em relação a um pistão feito com carbono
refratário ACC-4, isso mostra que em aplicações atuais, onde motores tendem a
terem capacidade volumétrica menor com maior potência, alguns mecanismos como
sobre alimentadores exigem cada vez mais dos pistões, assim quando
confeccionados de carbono refratários esse tem a capacidade de atender maiores
esforços.
A densidade deste material quando comparado ao alumínio pode chegar a
redução de 30%, sendo assim reduzindo perdas inerciais e aumentando a eficiência
do MCI.
A principal desvantagem deste pistão é seu custo e tempo de produção,
sendo atualmente inviável sua aplicação em automóveis de produção em série. [16],
[17].
65
3.7 Marcações nos pistões e suas dimensões
Ao deparar-se com um pistão de um MCI, é possível verificar que em seu
topo possui uma serie de marcações, estas serão mostradas a seguir juntamente
com suas funcionalidades, além de pontos especificados para obtenção de medidas
do pistão:
3.7.1 Marcações nos pistões
Marcações nos pistões são essenciais para uma correta montagem e
ajustagem no cilindro.
As marcações ficam no topo do pistão, são expressas em milímetros para
peças do mercado fabricadas no mercado nacional. [3].
Figura 48: Marcações no topo do pistão Fonte: Adaptado aftermarket Book MAHLE
• Marcação número 1: Marca registrada da empresa MAHLE/ Metal leve
no produto, seguido de ou Mês/ano de produção ou dias corridos do ano mais a hora
de fabricação.
• Marcação número 2: Instruções do fabricante do motor, indicando
sentido de montagem do pistão.
66
• Marcação número 3: Folga necessária em milímetros, representando a
exata diferença de diâmetro entre a saia e o topo do pistão, sendo que quando frio
possui uma conicidade.
• Marcação número 4: Maior diâmetro do pistão, marcado em milímetro.
3.7.2 Dimensões dos pistões
As medidas do pistão possuem grande importância tanto na elaboração de
um novo motor, quanto na execução da manutenção, onde a utilização de um pistão
não especificado certamente levará a problemas severos no MCI.
A imagem abaixo ilustra algumas das medidas que possam ser realizadas em
um pistão: [3].
Figura 49: Cotas de medidas possíveis em um pistão
Fonte: Adaptado aftermarket Book MAHLE
Legenda: AA: Distância entre cubos F: Altura da zona de fogo VT: Profundidade de rebaixo de válvulas GL: Altura total KH: Altura de compressão MØ: Diâmetro da Câmara MT: Profundidade da Câmara MV: Deslocamento da Câmara
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3.8 Temperatura
Motores ciclo Otto são maquinas que funcionam com elevada temperatura,
esta, podendo chegar facilmente a mais de 2000ºC dentro da câmara de combustão,
devendo ser todo o conjunto dimensionado para suportar tal temperatura.
Embora, elevada temperatura dentro da câmara de combustão, a temperatura
de um pistão feito em alumínio, por exemplo, pode chega a 430ºC em seu topo.
Deve ressaltar também, que o pistão possui diferentes temperaturas ao longo
de sua superfície, visto que no momento da expansão elástica dos gases ocorre
uma alta liberação de calor, sendo a superfície que entra em contato com tamanha
temperatura é a cabeça do pistão, principalmente através da convecção, senda esta
‘espalhada’ ao longo do pistão por condução.
A variação de temperatura em pistões de diferentes materiais pode ser vista
na figura a seguir:
Figura 50: Temperaturas ao longo do pistão Fonte: Adaptado de Manual MAHEL brochura - 01-98, primeira parte
Com a análise da imagem acima, pode-se verificar que apesar motores ciclo
Otto ter uma temperatura menor em relação a um motor DIESEL, esta ainda é alta,
68
variando de acordo com o material utilizado para a construção do pistão (Ferro
Fundido, Alumínio) e o tipo de refrigeração que possui o motor (A ar ou a água).
Outra imagem, apresentada a seguir, mostra a variação de temperatura no
pistão em sua temperatura de funcionamento e plena carga:
Figura 51: Variação de temperatura em um pistão de motor ciclo OTTO FONTE: Book Mahle Piston and Pins Test
Assim em temperatura normal de funcionamento, cerca de 90º Celsius
medido no liquido de arrefecimento do motor, a temperatura média de um
pistão em funcionamento varia fortemente ao longo do seu corpo, como pode-
se observar na figura acima, esta variação pode chegar a mais de 150º
Celsius entre o topo e a base do pistão. [3], [5], [7].
69
4 CONCLUSÃO
As alterações efetuadas nas características de um pistão são de suma
importância para a eficiência do motor ciclo Otto. Com a crescente diminuição
volumétrica dos motores e aumento de potência através de utilização de turbo
compressores, por exemplo, o pistão passa a ser mais exigido, assim alterações são
necessárias para minimizar perdas de desempenho, valores de emissões ou até
mesmo risco de quebras.
Fatores como qual combustível será utilizado, taxa de compressão estática e
ignição são fatores essenciais para o projeto de um pistão eficiente.
Como visto ao longo do trabalho, alterações podem ocorrer tanto no material,
na geometria do pistão, ou até mesmo um conjunto de ambos, como ocorre no
pistão de carbono refratário, no qual um novo material garante maior resistência com
menor dilatação, quando comparado a um pistão de alumínio.
Efetuando uma análise em conjunto dessas alterações é possível se obter
ganhos expressivos na eficiência de motores ciclo Otto, tendo sua consequência
direta percebida através de melhor potência, torque e consumo, além de reduzir as
emissões de poluentes proveniente da utilização de um novo modelo de pistão.
70
TRABALHOS FUTUROS
Através do estudo proposto neste trabalho, é possível compreender que um
pistão de um motor ciclo Otto é uma peça em constante evolução ao longo da
história do automóvel, assim, deixamos aqui, trabalhos futuros a ser desenvolvidos:
Construir protótipos de pistões utilizando as informações contidas neste
trabalho para quantificar os resultados e parametrizar os efeitos das alterações.
Variação da eficiência energética de um motor atual quando tem o pistão
substituído por um de carbono refratário.
Realizar o estudo de modos de falhas e efeitos de pistões (FMEA).
Quantificar a variação de emissões de poluentes, quando utilizado um pistão
de carbono refratário com folgas reduzidas no lugar de um pistão de liga de
alumínio.
Aprofundar o estudo de saia de pistão, quando tem sua superfície revestida
com Carbono, o quanto diminui-se em atrito.
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[2] Motores de Combustão Interna - Vol. 2 Brunetti, Franco.
[3] MAHLE. Pistões, Camisas, Kits e Bronzinas. Disponível em <http://www.mahle-
aftermarket.com/media/local-media-latin-america/download-center/product-
catalogs/catalogo-de-pistoes-camisas-kits-e-bronzinas-mh-ml-2015-2016.pdf.>.
Acesso em 23/06 as 18 horas e 24 minutos.
[4] Material didático Cinemática e Dinâmica do Motor, ministrado pelo Professor
Silvio Chizuo pelo curso de Engenharia mecânica pela FEI.
[5] Manual MAHLE brochura - 01-98, primeira parte.
[6] Manual MAHLE brochura - 99-164, segunda parte.
[7] Book MAHLE Piston and Pins Test.
[8] Material didático da disciplina de Motores ciclo Otto, ministrado pelo Professor
Marco Aurélio Fróes, pelo curso de tecnólogo em mecânica automobilística pela
FATEC Santo André.
[9] Juliano Barata. TAXA DE COMPRESSÃO: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA PARA
OS MOTORES?. Disponível em <http://www.flatout.com.br/taxa-de-compressao-
qual-a-sua-importancia-para-os-motores/>. Acesso em 23/06 as 18 horas e 11
minutos.
[10] Clube da performance. O que é taxa de compressão? Disponível em
<http://clubedaperformance.blogspot.com.br/2010/08/o-que-e-taxa-de-
compressao.html>. Acesso em 23/06 as 23:43 minutos.
[11] Joel Henrique Silva do Nascimento. ESTUDO DOS PROCESSOS FÍSICOS
ENVOLVIDOS NOS MOTORES QUE UTILIZAM COMO COMBUSTÍVEL ÁLCOOL E
GASOLINA (CICLO OTTO). Disponível em
<https://www.ucb.br/sites/100/118/TCC/2%C2%BA2008/TCC03Joel.pdf>. Acesso
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[12] Carros infoco. Componentes do conjunto móvel dos motores automotivos.
Disponível em Disponível em
<http://www.carrosinfoco.com.br/carros/2015/09/componentes-do-conjunto-movel-
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72
[13] Carlos Antônio da Costa Tillmann . Motores de Combustão Interna e seus
Sistemas. Disponível em
<http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos/ifsul/tecnico_biocombustivel/motores_combu
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[14] LUIZ RICARDO DOS SANTOS. OCTANAGEM. DISPONÍVEL EM <HTTP://WWW.INFOESCOLA.COM/QUIMICA/OCTANAGEM/>. ACESSO EM 26/06 AS 20 HORAS E 48 MINUTOS. [15] LARRY CARLEY. NEW ENGINES FORCE NEW PISTONS. DISPONÍVEL EM <HTTP://WWW.ENGINEBUILDERMAG.COM/2015/02/NEW-ENGINES-FORCE-NEW-PISTONS/>. ACESSO EM 7/09 AS 18 HORAS E 38 MINUTOS. [16] Schunk Kohlenstofftechnik. Carbon Pistons for Internal Combustion Engine.
Disponível em <http://www.schunk-
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[17] Milton Belli. Pistões de carbono para motores de combustão interna.
http://www.autoentusiastas.com.br/2015/02/pistoes-de-carbono-para-motores-de-
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[18] Injeção direta. Disponível em <HTTP://IMGS.OPOVO.COM.BR/APP/NOTICIA_132346504881/2015/04/28/3429313/INJECAO-DIRETA.JPG>. Acesso em 20/11 as 03h14min. [19] AKWELI PARKER. How Direct Injection Engines Work. DISPONÍVEL EM
http://auto.howstuffworks.com/direct-injection-engine1.htm>. Acesso em 07/09 AS
23 HORAS E 56 MINUTOS.
[20] Car and Driver. Everything You Ever Wanted to Know About Modern Pistons
(and Probably Some Things You Didn't). Disponível em
<http://www.caranddriver.com/features/everything-you-ever-wanted-to-know-about-
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[21] Erste Auto mit Aluminiumkolben. Brennabor oldtimer- Erstklassige B-Ware.
Disponível em <http://www.oldtimer-klassiker.de/brennabor.php>. Acesso em 06/11
as 18 horas e 56 minutos.