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FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR
DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL,
LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL
RAPHAEL RABELLO REIS
Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical
(Sistemática e genética de organismos tropicais)
Mestrado em Biodiversidade Tropical
(Sistemática e genética de organismos tropicais)
Centro Universitário Norte do Espírito Santo
Universidade Federal do Espírito Santo
São Mateus, abril de 2017
FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR
DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL,
LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL
Raphael Rabello Reis
Dissertação submetida ao Programa de
Pós-graduação em Biodiversidade
Tropical da Universidade Federal do
Espírito Santo como requisito para
obtenção do grau de Mestre em
Biodiversidade Tropical – Sistemática e
Genética de Organismos Tropicais
Orientador: Renato Silveira Bérnils
Centro Universitário Norte do Espírito Santo – CEUNES
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
São Mateus, abril de 2017
II
III
Deidico a todos que torceram por
mim e ajudaram de alguma forma a
alcançar minhas conquistas...
IV
“Botei meu pé na estrada, entrei no mato.
Andei por mil caminhos,
Até me acostumar de vez com aquilo que só bem me fez e que até hoje ainda me faz é bom de mais eu vou...
Morar,
Junto com a Natureza
Me entregar,
Reconquistar meus sonhos com certeza
Eu vou morar...
O teu encanto me contagiou Natureza
Tudo que você planto ta lá
Teu encanto me contagiou Natureza
Tudo que você planto ta lá
O teu encanto me contagiou Natureza”
Macucos- A Roseira e o Sabiá
”Caminhando pelo mundo, eu tropeço na estrada,
Sempre não enxergo nada
Tudo aquilo que é meu, tudo aquilo que é seu,
Sempre em menos de um segundo,
Sem pensar a humanidade, fala em desenvolvimento
Sem pensar em quem nasceu / sem pensar em ninguém
Se hoje, tenho todo o ar que respiro
Graças ao meu pai, graças aos meus amigos
A velha história de ser, um menino que brincou
Sobre o verde que nós não sabemos conservar
Temos que aprender porque temos que lutar
Porque temos que saber onde tudo foi parar
Quando meu filho entender / Que não vê o azul do céu e não vê as águas do mar
Como pode desculpar alguém que tirou sua vida
E apagou uma história / hoje quando se lembra chora
Que podia ter evitado
Olhe pro futuro se lembre do passado
Vidas e sonhos dentro de um planeta que precisa de cuidado”
Casaca - Esperança
V
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida, por ter me colocado neste caminho e nessa
profissão que só me da prazer e alegria. Agradeço pela oportunidade de fazer este mestrado e
pelas inúmeras amizades que fiz ao longo destes dois anos.
Agradeço a minha família pelo apoio incondicional que sempre me deram ao longo de toda
minha vida. Agradeço principalmente a minha mãe Regina e ao meu pai Whelligton por todo
o incentivo que sempre me deram, sempre me apoiando e nunca duvidando da minha
capacidade, agradeço especialmente pelo apoio financeiro rsrs, que sem este, esse trabalho
possivelmente não teria sido realizado.
Agradeço MUUITOO ao meu orientador Renato Silveira Bérnils, por ter aceitado me orientar,
por todo conhecimento que tem me passado ao longo destes quase sete anos de convivência,
obrigado pelo incentivo de sempre, pelos MUITOS puxões de orelha, pela MUITISSIMA
paciência, pela ajuda nos campos quando muitas vezes tirava dinheiro do bolso, sem
obrigação nenhuma para ajudar nas minhas despesas. Obrigado pelo grande carinho, pela
amizade, por muitas vezes ser um PAIZÃO, pelo exemplo de vida, de caráter, de profissional,
nada do que eu fizer vai ser suficiente para pagar por tudo que você me ensinou e fez por
mim. MUITO OBRIGADO MESMO...
Agradeço a Cecília Kierulff pelo carinho e amizade de sempre, pela confiança e oportunidade
maravilhosa de emprego que me deu antes de entrar nesse mestrado, quando eu não via outra
saída a não ser dar aulas. Foi uma experiência maravilhosa que me rendeu muito aprendizado.
Obrigado pelo exemplo de pesquisadora e humildade que vc é.
Agradeço imensamente a empresa Veracel por permitir que eu fizesse este estudo em sua
propriedade, agradeço pelo apoio dado durante os campos, como alojamento, alimentação,
suporte nos campos etc...
Agradeço aos grandes amigos que fiz na RPPN Estação Veracel ao longo destes 16 meses de
pesquisa, muito obrigado Virgínia pelo acolhimento, pela preocupação e carinho de sempre
em todos os meses que frequentei a estação. Obrigado minha “namorada” Priscilla Sales, por
não ter medido esforços pra me ajudar durante esses meses de pesquisa. Obrigado pela
preocupação, amizade, amor e carinho de sempre, você é uma pessoa maravilhosa que
pretendo levar em meu coração o resto da minha vida. Obrigado também “Pri” Priscila
VI
Ribeiro, não fica com ciúmes da Sales rsrs, muito obrigado também pelo amor, carinho e
amizade de sempre, você também vou levar comigo pro resto da vida. Obrigado Luciléia
Barros (Leinha) pelo carinho e simpatia de sempre. Obrigado Regina Damascena (Rê),
também pelo amor, carinho e simpatiade sempre, sempre sendo um amor de pessoa. Obrigado
Gildevanio Pinheiro (Gil) pela amizade, preocupação, pelo senso de humor incrível, sempre
deixando todos os campos muuuuito divertidos. Obrigado Alexandro Ribeiro (Sandro)
também pela amizade, preocupação, atenção, por todo suporte dado durante a realização da
pesquisa, por varias vezes ter me socorrido nos momentos de apuros (que não foram poucos),
pelas inúmeras brincadeiras e palhaçadas, também sempre deixando os campos mais
divertidos. Obrigado Adeilda Benfica (Déía) e Carla Borges, pelo carinho e simpatia de
sempre, pela comida MARAVILHOSA feita com muuuito amor e carinho, que saudades que
vou sentir. Obrigado vigilante Robson Andrade, também pela simpatia de sempre, por sempre
se mostra disposto a me ajudar, por varias vezes ter capturado cobras que eu não havia
conseguido capturar durante minha pesquisa. Obrigado meu amigo e grande fotógrafo Jailson
Souza pela amizade e simpatia de sempre, sempre tentando agradar e me ajudar da melhor
forma possível. Obrigado meu grande amigo Gilson Amaral, pela amizade, carinho,
simplicidade e alegria de sempre, sempre de bom humor, deixando os campos sempre
divertidos. Obrigado Rosimeire Damasceno (Meire) e Elzimária Fernandes (Mara) pela
amizade, simpatia, alegria, pelo amor de pessoa que vocês são, por sempre deixarem o
alojamento limpinho e nunca reclamarem da nossa bagunça. Obrigado meus amigos Jaildo
Sampaio (Jai) Josenildo Santiago (Nildo), Sérgio Oliveira, Daniel Cerqueira, Antônio
Delgado (Delgado), Manoel Experidião (Manel), Valdemir Chaves (Mica), Ismite Lima,
Erisvaldo Barbosa, Lidiomar de Souza, Manoel Rodrigues, Jonas Pereira e João Batista,
obrigado pela amizade, por sempre me receberem bem, pelas histórias contadas durante os
cafés da manhã e almoços, obrigado pelas brincadeiras e alegrias transmitidas por cada um.
Um MUITO OBRIGADO á família Veracel, por TUDO TUDO TUDO que fizeram por mim,
palavara nenhuma vai conseguir expressar a alegria de ter trabalhado esses meses ai e a
gratidão por ter conhecido todos vocês. Me fizeram sentir como se realmente fosse da família.
Espero do fundo do coração Deus abençoe cada um de vocês e reserve o melhor para cada
um. Amo vocês eu vou leva-los no meu coração para sempre!!!
Obrigado às minhas cadelinhas Bina e Gabi, pelo amor incondicional, por cada lambida,
carinho, brincadeira, entraram por a caso em minha vida mas hoje não consigo me imaginar
sem vocês.
VII
Obrigado a todos que foram a campo comigo (Acrísio Perini, Vinicius Martins, Marília Bautz,
Laisla, Diego Borges, Rafael Mathielo, Kariny Freire, Flora Ortiz, Arthur Abegg, Brener
Fabres, Marcela Camacho, Lucas Dias, Paulo cabeção, Adriano Ragel, Bianca Feller, Daniele
Vasconcelos, Lucas Sancio, Jadson Zampirollo e Basílio Cerri). Meu muito obrigado a cada
um de vocês, sem a ajuda de todos vocês, eu com certeza não teria conseguido realizar este
trabalho.
Obrigado a minha namorada importada linda e maravilhosa Marcela Camacho Montealegre,
obrigado pela ajuda na construção dessa dissertação, pela ajuda no campo. Obrigado amor por
ser compreensiva na minha falta, muitas vezes infelizmente não pude estar contigo por conta
deste trabalho. Obrigado por ser namorada, amiga e pessoa maravilhosa que é, sem seu apoio,
conselhos, carinhos, beijos e abraços, seria muuuuito mais difícil esses anos de fim de
graduação e mestrado. TE AMO MUCHARARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAÇO!!!
<3 S2
Agradeço a Renata Muniz, pela amizade, por ter me ajudado e ter preparado todos os mapas
de distribuição das armadilhas e dos registros de cada espécie durante o estudo, me salvou
muuuuito Nati, BRIGADÃO!
Agradeço ao meu grande amigo/irmão Adriano Ribeiro Rangel, por ter vencido seus medos e
ter embarcado comigo para a EVC quando não estava conseguindo ninguém para ir comigo,
obrigado Nano por ter me ajudado a construir todas as armadilhas de pitfal, sabemos que não
foi fácil, botou seu sange e suor em cada buraco cavado kkk. Obrigado mesmo Nano, sem vc
teria sido ainda mais difícil.
Obrigado ao Professor e amigo Luiz Weber e seus alunos Bruna, Alan, Lorrana e Caio por
todo suporte e ajuda nos campos, pela ajuda na construção dos pitfals e ajuda nas buscas
noturnas. Muito obrigado Luiz pela amizade e ensinamentos, companheirismo, você foi
importantíssimo para a concretização deste trabalho, espero que poçamos realizar outros
trabalhos juntos futuramente.
VIII
Obrigado ao meus amigos de laboratório, Renan, Marília, Diego, Bianca, Renata, Dani, Paulo,
e Kariny, pela amizade, companheirismo, brincadeiras e resenhas de sempre. Estes anos de
UFES foi muito mais divertido ao lado de vocês.
Obrigado aos meus amigos de republica, Renan que me aguentou um ano nas bagunças e
cachaçãdas, Diego e Igor por me aguentarem até o final deste mestrado, pelo companheirismo
nos botecos, conselhos, palhaçadas, cachaçadas e me aturarem minha bagunça e
desorganização kkkk.
Obrigado a CAPES pela bolsa de pesquisa.
Obrigado ao meu Citroen Picasso, meu companheiro de campo, enfrentando as mais terríveis
estradas, quase nunca me deixando na mão, mas infelizmente partiu dessa pra melhor.
Saudades eternas...
Muito obrigado a todos os que torceram por mim e me ajudaram para que este trabalho
fosse um sucesso, que Deus abeçoe a cada um de vocês. Serei eternamente grato.
Muito obrigado!!!
IX
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 MATERIAL E MÉTODOS 3
2.1 Área de estudo 3
2.2 Amostragem 6
2.3 Análise dos dados 9
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 11
3.1 Espécies inventariadas 11
3.2 Métodos amostrais X espécies inventariadas 20
3.3 História natural das espécies constatadas 22
3.4 Comparação da composição de Squamata da região estudada com áreas
similares 69
4 CONCLUSÕES 71
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72
X
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1. Localização da região da RPPN Estação Veracel em relação ao Brasil e ao estado da Bahia. 4 Figura 2. Posição geográfica e delimitações da RPPN Estação Veracel. No canto superior esquerdo,
localização da imagem de satélite em relação ao estado da Bahia. 4
Figura 3. Distribuição das armadilhas de intercepção e queda (pitfall traps) na RPPN Estação
Veracel: sete no interior da mata (pontos pretos), três na borda da mata (pontos rosa) e um no
interior de muçununga (ponto amarelo). Feito a partir do Mapa de Contenção de Incêndio da
RPPN Estação Veracel.
7
Figura 4. Armadilha de interceptação e queda (pitfall trap) montada em área aberta de
muçununga. 7
Figura 5. Delimitação das áreas contínuas da Mata Atlântica no litoral do Brasil (verde) com
destaque para a região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (quadrado azul) e as demais 22
áreas selecionadas para comparação (círculos vermelhos). 10
Figura 6. Número de registros de 41 espécies de Squamata na RPPN Estação Veracel e seu
entorno. As abreviações representam os nomes científicos das espécies. Epi = Enyalius pictus,
Sam = Salvator merianae, Gyd = Gymnodactylus darwinii, Trt = Tropidurus torquatus, Cfu =
Chironius fuscus, Aam = Ameiva ameiva, Lsi = Leposoma cf. scincoides, Nfu = Norops
fuscoauratus, Dpu = Dactyloa punctata, Abr = Amerotyphlops brongersmianus, Oae =
Oxybelis aeneus, Ble = Bothrops leucurus, Cho = Corallus hortulanus, Ana = Ameivula nativo,
Dva = Dipsas variegata, Ssu = Spilotes sulphureus, Pma = Polychrus marmoratus, Plu =
Phyllopezus lutzae, Emi = Erythrolamprus miliaris, Kca = Kentropyx calcarata, Din = Dipsas
indica, Ogu = Oxyrhopus cf. guibei, Ope = Oxyrhopus petolarius, Pol = Philodryas olfersii,
Sco = Siphlophis compressus, Sto = Strobilurus torquatus, Psm = Psychosaura macrorhyncha,
Bco = Boa constrictor, Cfo = Chironius foveatus, Tme = Tantilla aff. melanocephala, Dca =
Dipsas catesbyi, Ere = Erythrolamprus reginae semilineatus, Lan = Leptodeira annulata, Xra =
Xenodon rabdocephalus, Mib = Micrurus ibiboboca, Epc = Epicrates cenchria, Cex =
Chironius cf. exoletus, Cla = Chironius laevicollis, Lah = Leptophis ahaetulla, Pni =
Pseudoboa nigra e Aal = Amphisbaena alba.
12
Tabela 1. Táxons de Squamata não-Serpentes registrados durante o presente estudo,
complementados com registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel,
municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia.. 13
Tabela 2. Táxons de Squamata Serpentes registrados durante o presente estudo,
complementados com registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel,
municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia. 14
Tabela 3. Squamata não-Serpentes registrados para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da
Bahia, no presente estudo, através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por
pitfall (CP), encontro de animal morto (EM), doação de terceiros (DT), registro visual (RV) e
registro fotográfico (RF).
15
Tabela 4. Serpentes registradas para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da Bahia, no presente
estudo, através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por pitfall (CP),
encontro de animal morto (EM), doação de terceiros (DT) registro visual (RV) e registro
fotográfico (RF).
16
Figura 7. Curva de acumulação de espécies (curva do coletor) após 16 meses de amostragem
de Squamata na RPPN Estação Veracel. A linha vermelha mostra o aumento real das espécies
ao longo dos 16 meses e a linha preta aponta a tendência de crescimento do número estimado
de espécies.
20
Figura 8. Imagem de satélite (Google Earth) mostrando a distribuição de todos os registros de répteis
squamata feitos na RPPN Estação Veracel e em seu entorno, Bahia, durante o presente estudo. 22
Figura 9. Localização dos registros de Gymnodactylus darwinii (círculos vermelhos) e
Phyllopezus lutzae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo. 48
Figura 10: Localização dos registros de Dactyloa punctata (circulos vermelhos) e Norops
fuscoauratus (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 49
Figura 11. Localização dos registros de Enyalius pictus (circulos vermelhos), Polychrus 50
XI
marmoratus (quadrados azuis) e Psychosaura macrorhyncha (cruzes amarelas) na RPPN
Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. Figura 12 Localização dos registros de Hemidactylus mabouia (circulos vermelhos), Leposoma cf.
scincoides (quadrados azuis), Strobilurus torquatus (cruzes amarelas) e Tropidurus torquatus (asteriscos
laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 51
Figura 13. Localização dos registros de Ameiva ameiva (circulos vermelhos) e Ameivula nativo
(quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 52
Figura 14 Localização dos registros de Kentropyx calcarata (circulos vermelhos) e Salvator
merianae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 53
Figura 15. Localização dos registros de Amphisbaena alba (circulos vermelhos), Leposternon
infraorbitale (quadrado azul) e Leposternon wuchereri (cruz amarela) na RPPN Estação
Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 54
Figura 16. Localização dos registros de Boa constrictor (círculos vermelhos), Corallus
hortulanus (quadrados azuis) e Epicrates cenchria (cruzes amarelas) na RPPN Estação Veracel,
Bahia, durante o presente estudo. 55
Figura 17. Localização dos registros de Chironius cf. exoletus (circulos vermelhos), C. foveatus
(quadrados azuis), C. fuscus (cruzes amarelas) e C. laevicollis (asteriscos laranja) na RPPN Estação
Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 56
Figura 18. Localização dos registros de Leptophis ahaetulla liocercus (círculo vermelho),
Oxybelis aeneus (quadrados azuis), Spilotes sulphureus poecilostoma (cruzes amarelas) e
Tantilla aff. melanocephala (asterisco laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo.
57
Figura 19. Localização dos registros de Atractus sp, (circulo vermelho), Dipsas catesbyi
(quadrados azuis), Dipsas indica indica (cruzes amarelas) e Dipsas variegata (asteriscos laranja) na
RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 58
Figura 20. Localização dos registros de Imantodes cenchoa (circulo vermelho), Leptodeira
annulata (quadrado azul), Oxyrhopus cf. guibei (cruzes amarelas) e Oxyrhopus petolarius
(asteriscos laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 59
Figura 21. Localização dos registros de Erythrolamprus miliaris (círculos vermelhos),
Erythrolamprus poecilogyrus schotti (quadrado azul) e Erythrolamprus reginae semilineatus
(cruzes amarelas) na RPPN estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 60
Figura 22. Localização dos registros de Philodryas olfersii (círculos vermelhos), Pseudoboa
nigra (quadrados azuis), Sibynomorphus neuwiedi (cruz amarela), Siphlophis compressus
(asteriscos laranja), Xenodon rabdocephalus (triângulos verdes) e Xenopholis scalaris (losango
rosa) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
61
Figura 23. Localização dos registros de Amerotyphlops brongersmianus (círculos vermelhos),
Micrurus corallinus (asterisco laranja), Micrurus ibiboboca (triangulos verdes), Bothrops
jararaca (quadrado azul) e Bothrops leucurus (cruzes amarelas) na RPPN Estação Veracel,
Bahia, durante o presente estudo.
62
Figura 24. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo: Hemidactylus mabouia (A), Gymnodactylus darwinii (B), Phyllopezus lutzae (C),
Psychosaura machrorhynca (D), Dactyloa punctata (E), Norops fuscoauratus (F), Enyalius
pictus (G) e Polychrus marmoratus (H).
63
Figura 25. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo: Strobilurus torquatus (A), Tropidurus torquatus (B), Leposoma cf. scincoides (C),
Ameiva ameiva (D), Ameivula nativo (E), Kentropyx calcarata (F), Salvator merianae (G) e
Amphisbaena alba (H).
64
Figura 26. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo: Leposternon infraorbitale (A), foto de um exemplar com a procedência de Porto
Seguro tombado na coleção MZ UESC, Amerotyphlops brongersmianus (B), Boa constrictor
(C), foto de Jailson Souza, funcionário da RPPN, Corallus hortulanus (D), Epicrates cenchria
(E), Chironius foveatus (F), foto de funcionários da RPPN, Chironius fuscus (G) e Leptophis
ahaetula liocercus (H).
65
Figura 27. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo: Oxybelis aeneus (A), Spilotes sulphureus poecilostoma (B), Tantilla aff.
melanocephala (C), Atractus sp. (D), Dipsas catesbyi (E), Dipsas indica indca (F), Dipsas
66
XII
variegata (G) e Imantodes cencha (H), foto de Renan Moysés, colaborador do estudo.
Figura 28. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo:. Leptodeira annulata (A), Philodryas olfersii (B), Oxyrhopus cf. guibei (C), Oxyrhopus
petolarius (D), Siphlophis compressus (E), Erythrolamprus miliaris ssp. (F), Erythrolamprus
reginae semilineatus (G) e Xenodon rabdocephalus (H).
67
Figura 29. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo: Xenopholis scalaris (A), Micrurus corallinus (B), Micrurus ibiboboca (C), Bothrops
jararaca (D) e Bohtrops leucurus (E).
68
Figura 30. Dendograma da análise de agrupamento de 23 localidades litorâneas de Mata
Atlântica a partir de 197 táxons de Squamata. 69
Tabela 5. Coeficiente de Duellman mostrando a similaridade da fauna de Squamata entre a
região de Porto Seguro e outras 22 áreas selecionadas da Mata Atlântica. 70
XIII
RESUMO
Buscando conhecer melhor a composição herpetofaunística da Mata Atlântica, a Reserva
Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel foi estudada quanto aos répteis Squamata.
Para tanto, foram realizadas 16 fases de amostragem em 16 meses consecutivos, totalizando
108 dias e 1.870 horas/homem em campo, aplicando os seguintes métodos amostrais: coleta
manual por busca ativa, coleta por armadilha de intercepção e queda (pitfall traps),
recolhimento de animais encontrados mortos, doações de terceiros, registro visual e registro
fotográfico. Deste modo, obteve-se 403 registros de 51 táxons de Squamata – número que se
estima estar ainda distante da real composição herpetofaunística da RPPN, uma vez que a
curva de acumulação de espécies não atingiu sua assíntota. Ameivula nativo, Leposternon
infraorbitale, L. wuchereri, Amerotyphlops brongersmianus, Boa constrictor, Tantilla aff.
melanocephala, Dipsas catesbyi, D. i. indica, D. variegata, Sibynomorphus neuwiedii,
Imantodes cenchoa, Oxyrhopus cf. guibei, Erythrolamprus poecylogyrus schotti e Xenopholis
scalaris, foram registrados para a RPPN pela primeira vez; também se destaca a coleta de um
exemplar de Atractus que não se assemelha nenhuma espécie do gênero, indicando ser uma
espécie nova. Uma análise de agrupamento e um coeficiente de semelhança foram
empregados para comparar a fauna de Squamata da região em que se insere a RPPN contra
outras 22 áreas da Mata Atlântica que possuem condições similares; concluiu-se que, num
nível mais estrito, a região estudada tem grande afinidade faunística com o extremo norte do
Espírito Santo, e num nível mais abrangente, forma um agrupamento que envolve também
áreas ao sul da Baía de Todos os Santos (Bahia) e outras áreas do centro e sul do Espírito
Santo. Esses dois agrupamentos reforçam a proposta que nomeia esse trecho da Mata
Atlântica de Hileia Baiana, por sua similaridade faunística e florística com a Amazônia.
Palavras-chave: Mata Atlântica, Hileia Baiana, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, inventário
herpetofaunístico, répteis.
XIV
ABSTRACT
Seeking to know better the herpetofauna of the Atlantic Forest, the Squamata reptiles of the
Private Natural Heritage Reserve Estação Veracel (RPPN Estação Veracel, in Portuguese)
have been studied. So, sixteen (16) sampling phases were carried out in sixteen consecutive
months, resulting in 108 days and 1,870 hours/man in the field. The methods used were:
manual collection by active search, collection using pitfall traps, collection of dead animals,
third-party donations, visual registration and photographic records. Thus, there were 403
records of 51 Squamata taxa. Apparently, this number is still far from the actual
herpetofaunistic composition of the RPPN Estação Veracel, once the species accumulation
curve did not reach its asymptote. Among the taxa that deserve more attention are: Ameivula
nativo, Leposternon infraorbitale, L. wuchereri, Amerotyphlops brongersmianus, Boa
constrictor, Tantilla aff. melanocephala, Dipsas catesbyi, D. i. indica, D. variegata,
Sibynomorphus neuwiedii, Imantodes cenchoa, Oxyrhopus cf. guibei, Erythrolamprus
poecylogyrus schotti and Xenopholis scalaris, that had not yet been registered for the region,
and an Atractus specimen that does not resemble any species of the genus, indicating that it is
a new species. Cluster analysis and similarity coefficient were used to compare the Squamata
fauna of the region where the RPPN is inserted in relation to other 22 Atlantic forest areas
that have similar conditions. It was concluded that in a stricter level, the studied area has great
faunal affinity with the far North of the state of Espírito Santo. In a broader level, it is part of
a cluster that also includes areas in the south of the Baía de Todos os Santos (Bahia) and other
Central and southern areas of Espírito Santo. These two groups reinforce the proposal that
nominates this stretch of Atlantic forest of Bahia as Hileia Baiana, due to its faunistic and
floristic similarities with Amazon.
Key-words: Atlantic Forest, Hileia Baiana, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, herpetological
summary, reptiles.
1 INTRODUÇÃO
A América do Sul é bastante conhecida pela sua grande biodiversidade e suas várias regiões
com grande número de espécies endêmicas (SIGRIST & CARVALHO, 2010). O Brasil é um
dos países de maior biodiversidade mundial (MMA et al., 2006), com cerca de 12% da
biodiversidade do mundo e 22% das espécies vegetais do planeta, sendo que muitas são
endêmicas do país (TRANCOSO et al., 2012); possui quase um terço dos remanescentes de
florestas tropicais do planeta, que são conhecidas como berço da diversidade biológica global
(MMA et al., 2006). Todo esse acúmulo de biodiversidade e riqueza de espécies e paisagens
naturais atrai grande interesse de inumeros pesquisadores de diversas áreas, gerando
informações que contribuem para o desenvolvimento e conservação dessas importantes
regiões.
A Mata Atlântica é uma das cinco áreas de biodiversidade mais importantes da Terra, sendo
considerada um hotspot da biodiversidade global (MYERS et al., 2000; XAVIER et al.,
2015), a maior reserva da biosfera designada pela Unesco, segundo a Fundação SOS Mata
Atlântica, e um patrimônio mundial absoluto que necessita de preservação e restauração. A
Mata Atlântica, originalmente, cobria 148.194,638 hectares, principalmente ao longo da costa
do Brasil, abrangendo 17 estados brasileiros, mas também extendendo-se por dois outros
países do sul da América do Sul, Paraguai e Argentina. Devido à sua degradação, da área total
mapeada, apenas 11,26% de floresta e 0,47% de restingas e manguezais ainda restam; assim
quase 90% da Mata Atlântica original foi destruída e apenas 11,73% ainda resistem. O que
sobrou deste hotspot de biodiversidade está distribuído em 245.173 fragmentos de floresta,
dos quais 17,7% são encontrados no estado da Bahia, sendo a maior parte pequenos
fragmentos com menos de 50 ha; os poucos fragmentos grandes que ainda restam estão em
terrenos íngremes, o que dificulta a ocupação humana. A porção norte da Mata Atlântica,
comparada com sua porção sul, está bastante degradada, exceto pela região do sul da Bahia
que possui grandes mosaicos de floresta (SILVA et al., 2004; CARNAVAL & MORITZ,
2008; RIBEIRO et al., 2009).
Diversas formações vegetais, grande variação de precipitação, topografia, clima e condições
ambientais extremamente heterogêneas, favoreceram o surgimento de grande número de
espécies endêmicas e alta diversidade na Mata Atlântica, incluindo mais de 20 mil espécies de
plantas, além de 261 mamíferos, 688 aves, 200 répteis, 472 anfíbios, 269 peixes e muitas
outras espécies ainda em fase de descrição. Juntas, a flora e a fauna da Mata Atlântica podem
conter ente 1% e 8% do total de espécies do mundo. Devido principalmente à sua
2
fragmentação, grande parte dessa floresta sofre pressão e está sob ameaça de extinção - 70%
das 199 aves endêmicas da Mata Atlântica estão ameaçadas, assim como diversas espécies de
outros grupos (RIBEIRO et al., 2009; ABILHOA et al., 2011; HADDAD et al., 2013).
As condições climáticas (alta humidade e chuvas bem distribuídas) somadas a componentes
de flora e fauna compartilahdos com a Amazônia, presentes no sul da Bahia e norte do
Espírito Santo, fazem dessa região de Mata Atlântica uma das de maior biodiversidade do
mundo (SMMA, 2014), e a principal área de Mata de Tabuleiros do Corredor Central da Mata
Atlântica (MMA et al., 2006). Devido à grande semelhança com a Floresta Amazônica, esse
pequeno trecho da Mata Atlântica foi denominado de Hileia Baiana, compreendendo o litoral
norte do Espírito Santo e sul da Bahia até a divisa com Minas Gerais, entrando poucos
quilômetros nesse estado (NEMÉSIO, 2012).
A Veracel Celulose, empresa multinacional destinada à produção de celulose, desenvolve
vários projetos que visam proteger florestas sob sua responsabilidade, que hoje ocupam mais
de 114 mil ha, metade das terras da empresa. Cerca de 9 mil ha de matas preservadas pela
Veracel constituem áreas prioritárias para a conservação, incluindo a Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel (EVC) (VERACEL, 2014), que está situada na
mesorregião geográfica Sul Baiano, microrregião Porto Seguro, segundo a Superintendência
de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – (SEI), faz parte do território de identidade
denominado Costa do Descobrimento e da região econômica Extremo Sul da Bahia (SEI,
2014). A RPPN se localiza a 15 km do centro histórico de Porto Seguro, próxima à rodovia
BR-367, que liga esta cidade a Eunápolis, e ocupa 6.069 ha dos municípios de Porto Seguro e
Santa Cruz Cabrália. Este é um dos maiores patrimônios ecológicos da Bahia e a maior
reserva particular da Mata Atlântica (SCHIAVETTI et al., 2007).
Atualmente se reconhece a existência de pelo menos 773 espécies de répteis no Brasil, além
de 46 subspécies, totalizando 819 taxons divididos em Testudines (36 espécies), Crocodylia
(seis espécies) e Squamata (731 espécies, assim distribuídas: 392 serpentes, 266 lagartos e 73
anfisbenas) (COSTA & BÉRNILS, 2015). Mais de um quarto dessas espécies ocorre na Mata
Atlântica (MARTINS & MOLINA, 2008) e esse montante cresce à grandeza aproximada de
uma nova espécie de réptil descrita para o Brasil a cada 45 dias (PAGLIA et al., 2010). Essa
descoberta constante de novas espécies reforça a importância de inventários e estudos
ecológicos da herpetofauna de remanescentes de Mata Atlântica, para conhecer melhor sua
composição, diversidade e riqueza, bem como padrões de distribuição geográfica e de partilha
dos recursos disponíveis (SANTANA et al., 2008).
3
Devido à quantidade de novas descobertas, a história pouco conhecida desse hotspot de
biodiversidade e o seu grande perigo de ameaça, faz com que estudos da diversidade biológica
na Mata Atlântica sejam de grande importância para a biologia da conservação deste bioma
(CARNAVAL & MORITZ, 2008).
Aproximadamente 94 espécies de Squamata possuem distribuição potencial na RPPN
Estação Veracel, mas apenas 51 foram registradas no único levantamento já feito na região,
20 anos atrás, publicado por FRANCO et al. (1998). Desses 94 Squamata, vários se
enquadram em categorias de ameaça ou de possível ameaça nas listas de fauna ameaçada do
Brasil e de estados como Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, e quase todos são de difícil
constatação na natureza, reforçando ainda mais a importância de inventários como este
(ALMEIDA et al., 2007; MARTINS, 2007; MARTINS & MOLINA, 2008).
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
Segundo SCHIAVETTI et al. (2007), a RPPN Estação Veracel (EVC) possui 6.069 hectares de
Mata Atlântica classificada como área de floresta ombrófila densa de terras baixas, localizada
entre os municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, aproximadamente a 15 km do
centro de Porto seguro às margens da rodovia BR-367, entre as latitudes 16°17’20,37”S e
16°24’20,19”S e as longitudes 39°06’03,51”W e 39°10’49,09”W (Figuras 1 e 2).
A área foi reconhecida como RPPN pela portaria 149/98N do IBAMA. A EVC constitui parte
do Sítio do Patrimônio Natural Mundial – Sítio do Descobrimento, devido a suas
características físicas, biológicas e geológicas e seu elevado valor científico e de conservação.
Ela integra uma das zonas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e do Corredor
Central da Mata Atlântica no extremo sul da Bahia (SCHIAVETTI et al., 2007; MMA et al.,
2006) e é uma das maiores reservas particulares de Mata Atlântica em âmbito federal, tida
como área chave para a biodiversidade devido à sua importância como refúgio de espécies
ameaçadas de extinção (SCHIAVETTI et al., 2007).
A EVC se encontra em região de clima chuvoso com precipitação anual média de 1.300 a
1.600 mm, quente e úmido, sem estação seca, com temperaturas elevadas, variando entre
média máxima de 27,9°C e média mínima de 18,9°C; os meses mais quentes são de outubro a
abril e os mais frios de junho a agosto (ARGÔLO, 2004; SCHIAVETTI et al., 2007;
ÁLVARES et al., 2014).
4
Figura 1. Localização da região da RPPN Estação Veracel em relação ao Brasil e ao estado da Bahia.
Figura 2. Posição geográfica e delimitações da RPPN Estação Veracel. No canto superior
esquerdo, localização da imagem de satélite em relação ao estado da Bahia.
5
De acordo com SCHIAVETTI et al. (2007): “A RPPN EVC está localizada dentro da região
fitoecológica denominada Floresta Ombrófila Densa. Estrutural e fisionomicamente esta mata
muito se assemelha à Amazônica. Apresenta-se, via de regra, alta, densa, latifoliada, sempre-
verde, com poucas formas biológicas e muitas espécies, com estratificação bem definida e
com epífitos vasculares. A floresta apresenta-se com estrutura pluriestratificada, sendo o sub-
bosque e o estrato arbóreo os mais altos, com árvores altas frequentemente salientes”. Ainda
segundo aquele autor, essas árvores emergentes muitas vezes atingem mais de 30m de altura.
A EVC está inserida na região com o maior numero de espécies arbóreas do mundo. Uma
análise fitosociológica indicou que a RPPN está situada entre as vinte áreas com maior
número de indivíduos do mundo e com grande número de espécies. Comparando com outras
áreas no Brasil, a EVC está entre as primeiras dez áreas (SCHIAVETTI et al., 2007).
Na EVC ainda existe grande parte da biodiversidade original, apresar da forte pressão
antrópica que sofre. Já foram registradas 38 espécies de grandes e médios mamíferos na área,
dos quais 12 estão na lista de espécies ameaçadas e quatro são endêmicas da Mata Atlântica
(SCHIAVETTI et al., 2007).
A EVC se caracteriza por feições predominantemente conservadas e está inserida entre os
domínios de relevo representados pelas unidades geomorfológicas denominados de tabuleiros
costeiros e planícies litorâneas; sua biodiversidade é elevada, sendo uma das Florestas de
Tabuleiro mais preservadas do sul da Bahia (MMA et al., 2006; SCHIAVETTI et al., 2007;
(IBGE, 2016). Além disso, a EVC serve como importante refúgio para a fauna regional,
abrigando várias espécies ameaçadas ou regionalmente extintas, como o macaco-prego-de-
crista, Sapajus robustus (Kuhl, 1820), o beija-flor balança-rabo-canela, Glaucis dorhnii
(Bourcier & Mulsant, 1852), a anta, Tapirus terrestris Linnaeus, 1758, a onça-parda, Puma
concolor (Linnaeus, 1771), e o gavião-real, Harpia harpyja Linnaeus, 1758, que sofrem
pressão devido à caça predatória e ao isolamento da reserva (SCHIAVETTI et al., 2007).
A hidrografia da EVC é muito importante para a região, pois o rio Mutari, que deságua em
Coroa Vermelha, onde Pedro Alvares Cabral abasteceu suas caravelas com água doce, nasce
na EVC, e outros rios, como o Jardim, de suma importância para as comunidades locais,
também nascem no interior da EVC ou em áreas vizinhas, como o rio dos Mangues, o Ronca
Água e o Camuruji, entre outros, num total de 115 nascentes presentes no interior da RPPN
(SCHIAVETTI et al., 2007). Além dos diversos córregos presentes no interior da RPPN, várias
lagoas se localizam em áreas mais elevadas da unidade, formando grandes bacias de
6
acumulação de água. Essas lagoas são formadas pelo acúmulo de água das chuvas que não
conseguem penetrar livremente o solo ali encontrado; muitas são periódicas e secam no
período de estiagem, mas outras permanecem cheias, dando características particulares ao
solo e à vegetação, estando, muitas vezes, relacionadas a áreas de muçununga (SCHIAVETTI
et al., 2007).
A muçununga constitui um importante e diferenciado ecossistema; é bastante distinta das
florestas ao seu redor e caracteriza-se por possuir componentes herbáceos predominantes e
arbóreos pouco densos, em solo arenoso e úmido; está floristicamente relacionada às restingas
e às florestas ombrófilas que a circundam (SCHIAVETTI et al., 2007). A muçununga é muito
importante para fauna local, pois é um habitat diferenciado e serve como refúgio para várias
espécies de répteis que preferem ambientes mais abertos e ensolarados.
A EVC abriga uma fauna de vertebrados rica e relativamente bem conhecida, mas ainda existe
um déficit de conhecimento sobre vários grupos, como invertebrados, morcegos, pequenos
mamíferos, peixes e lagartos arborícolas (SCHIAVETTI et al., 2007).
2.2 Amostragem
Realizei 16 fases de campo entre os anos de 2015 e 2016 por 16 meses consecutivos, com
cada fase de campo durando em média 6,7 dias, totalizando 108 dias de campo. Para a
amostragem de Squamata, segui métodos usuais em estudos herpetológicos, conforme as
indicações de CORN (1994), CECHIN & MARTINS (2000) e FRANCO & SALOMÃO
(2002), a saber:
(1) Coleta por pitfall (CP), feita a partir de 11 conjuntos de armadilhas de interceptação e
queda (pitfall traps), montadas em diferentes fitofisionomias presentes na EVC (Figura 3).
Cada conjunto contou com quatro baldes de 30 litros enterrados rente ao solo a uma distância
de 10 metros uns dos outros, dispostos em forma de Y; cercas-guia de lona plástica (fixadas
por hastes de madeira) ligavam os baldes um ao outro, formando barreiras, conforme
demonstrado na Figura 4. Esse método é particularmente eficiente no registro de Squamata
terrestres e fossoriais de pequeno e médio porte (como Amphisbaenidae, Typhlopidae,
Elapidae, Mabuyidae e Gymnophthalmidae), mas também semi-arborícolas que regularmente
frequentam o solo da floresta (como Polychrotidae, Leiosauridae e diversos Colubridae e
Dipsadidae). Em todas as fases de campo as armadilhas de interceptação e queda eram abertas
a intervalos variáveis, não controlados, e os baldes eram examinados uma vez ao dia.
7
Figura 3. Distribuição das armadilhas de intercepção e queda (pitfall traps) na RPPN Estação
Veracel: sete no interior da mata (pontos pretos), três na borda da mata (pontos rosa) e um no
interior de muçununga (ponto amarelo). Feito a partir do Mapa de Contenção de Incêndio da
RPPN Estação Veracel (SCHIAVETTI et al., 2007).
Figura 4. Armadilha de interceptação e queda (pitfall trap) montada em área aberta de muçununga.
8
(2) Coleta manual (CM), feita através de busca ativa, seguindo métodos de LEMA &
ARAÚJO (1985), MOURA-LEITE et al. (1993) e CURCIO et al. (2010); trata-se da procura
de répteis sob caules (vivos ou mortos), pedras ou cupinzeiros, rastelando folhiço, areia e
terra, vasculhando os mais variados habitats potenciais, como bromélias, ocos de árvores,
margens de cursos d’água, cursos d’água, construções abandonadas etc. Este método permite
o encontro fortuito de espécies com hábitos diversos, ou seja, arborícolas, aquáticas, terrestres
e fossoriais, e constitui processo bastante versátil e generalista de detecção e captura de
vertebrados em campo, permitindo o registro de muitas espécies raras e/ou crípticas que
dificilmente são constatadas em amostragens passivas (armadilhas) (CRUMP & SCOTT JR.,
1994). Outra vantagem deste método é a possibilidade de registrar animais em atividades de
forrageio, reprodução, territorialidade, uso do habitat, e repouso, fornecendo dados que
enriquecem o conhecimento de história natural das espécies (SAWAYA et al., 2008). As
procuras foram realizadas nos períodos diurno e noturno, mais concentradas no começo da
manhã (horário de revisar as armadilhas) e no começo da noite, sem o emprego de transectos
ou parcelas. O esforço empregado neste método foi contabilizado por unidade de tempo,
horas/homem;
(3) Animais encontrados mortos, método que se resume ao recolhimento de espécimes
eventualmente encontrados atropelados ou mortos por outros fatores;
(4) Doações de terceiros, espécimes encontrados mortos ou que foram mortos acidentalmente
por funcionários da RPPN durante suas atividades de trabalho;
(5) Registros visuais, referentes a répteis avistados, mas não capturados, por impossibilidade
ou por não considerar necessário (espécies ameaçadas), e;
(6) Registros fotográficos de animais que não foram capturados por impossibilidade de
captura ou que foram fotografados por outras pessoas em atividade na EVC.
Todos os registros visuais e fotográficos foram feitos por mim ou por minha equipe, com
algumas fotografias também de autoria de funcionários e de pesquisadores em visita à EVC.
Por meio do software ArcMap 10.2.2, elaborei figuras com a localização das armadilhas e
com os pontos de registro dos espécimes de cada táxon, feitos no interior da RPPN ou em seu
entorno (registros sem coordenada foram desconsiderados e não entraram nas figuras). Para a
elaboração das figuras utilizei shapefiles cedidos pela Veracel Celulose, georreferenciados
pelo software citado.
Ao longo dos 16 meses de inventário, percorri as estradas que dão acesso à RPPN e onze
trilhas, além de riachos, áreas não nomeadas ao longo da rodovia que corta a RPPN, seu
9
entorno e áreas próximas à sede. A maior parte os exemplares coletados manualmente ou por
armadilhas de interceptação e queda, bem como os encontrados mortos ou doados por
terceiros, tiveram suas coordenadas anotadas para posterior mapeamento, foram fixados em
solução de álcool 80% ou formol a 10%, receberam número de campo e estão sob a guarda
provisória da Coleção Zoológica Norte Capixaba (CZNC), sediada no Centro Universitário
Norte do Espírito Santo, da Universidade Federal do Espírito Santo. Posteriormente, esses
exemplares serão encaminhados para tombamento definitivo na coleção herpetológica da
Universidade Estadual de Santa Cruz (MZUESC), Ilhéus, Bahia, e no Museu Nacional, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, (MNRJ), Rio de Janeiro.
2.3 Análise dos dados
Para avaliar o esforço de coleta, desenhei uma curva de acumulação de espécies (curva do
coletor) para todos os registros feitos durante o estudo, através do software Microsoft Excel
2010, onde o eixo X mostra o número de espécies e o eixo Y os meses de coleta de dados.
A fim de caracterizar melhor a composição da herpetofauna de Squamata da RPPN Estação
Veracel, selecionei, para comparação, 197 táxons levantados em 23 áreas litorâneas
(incluindo a região estudada), das quais 21 estão inseridas na Mata Atlântica. As áreas se
estendem desde o Ceará até o Rio Grande do Sul (Figura 6) e apresentam posição geográfica
comparável com a EVC, ou seja, situam-se a uma distância máxima de 25 quilômetros do
litoral, são áreas de baixada com altitudes próximas ao nível do mar, de vegetação variando
entre cobertura florestal plena, ambiente de restingas e manguezais e entorno desmatado para
atividades agrícolas.
A seleção das áreas foi feita com base nas seguintes fontes: ALMEIDA-GOMES et al.
(2008), ARGÔLO (2004), BÉRNILS et al. (2004; 2015), CARVALHO & ARAÚJO (2004),
CARVALHO et al. (2007), CASTRO & SILVA-SOARES (2016), CASTRO et al. (2012),
DIAS & ROCHA (2005), ENTIAUSPE-NETO et al. (2016), FRANÇA et al. (2012),
FRANCO et al. (1998), FREIRE et al. (2010), FREITAS (2014), GASPARINI (2014),
MARQUES & SAZIMA (2004), MARQUES et al. (2011), MARQUES et al. (2016),
OLIVEIRA & OLIVEIRA (2014), PONTES et al. (2008), QUINTELA & LOEBMANN
(2009), QUINTELA et al. (2006; 2011), ROBERTO & LOEBMANN (2016); ROCHA
(1998; 2000), ROCHA & VAN SULYS (2006; 2007), ROCHA et al. (2000; 2008), ROCHA
et al., 2014; ROCHA-E-SILVA (1998); SALES & SILVA-SOARES (2010), SALES et al.
10
(2009), SANTANA et al. (2008), SANTOS et al. (2008), SILVA et al. (2007), SILVA-
SOARES et al. (2011), TEIXEIRA (2001), TONINI et al. (2010), e VRCIBRADIC et al.
(2011). A fim de enriquecer a análise e preencher um importante hiato amostral, inclui dois
inventários inéditos realizados no litoral norte do Espírito Santo, dos quais participei entre os
anos de 2011 e 2016 (Parque Estadual de Itaúnas e Floresta Nacional do Rio Preto, ambos no
município de Conceição da Barra). Também colaboraram na composição da fauna de
Squamata de cada uma das 23 áreas comparadas, dados provenientes de publicações avulsas e
das coleções Alphonse Richard Hoge, Instituto Butantan (IBSP), em São Paulo, e Museu de
Zoologia da UESC (MZUESC), Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus.
As 23 áreas selecionadas são: CE_FORT, região de Fortaleza, RN_NATA, região de Natal,
PB_JPES, região de João Pessoa, SE_FSFR, região de Brejo Grande (foz do rio São
Francisco), BA_LITN, região de Conde (litoral norte da Bahia), BA_SALV, região de
Salvador, BA_JAGU, região de Jaguaripe, BA_ILHE, região de Ilhéus, BA_PSEG, região de
Figura 5. Delimitação das áreas contínuas da Mata Atlântica no litoral do Brasil (verde) com
destaque para a região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (quadrado azul) e as demais
áreas selecionadas para comparação (círculos vermelhos).
11
Porto Seguro (área trabalhada no presente estudo), ES_ITAU, região de Conceição da Barra,
ES_RNVA, região de Linhares, ES_VITO, região de Vitória e ES_PPCV, região de
Guarapari, RJ_CASI, região de Casimiro de Abreu, RJ_DUQU, região de Duque de Caxias,
RJ_CIDA, região da cidade do Rio de Janeiro, RJ_ILGR, região de Angra dos Reis
(especialmente Ilha Grande), SP_JURE, região de Iguape, SP_DVPR, região de Cananeia,
PR_LITS, região de Guaratuba e SC_ITAJ, região de Itajaí, RS_PALU, região de Maquiné e
RS_TAIM, região de Rio Grande.
Através de uma análise de agrupamentos (cluster), utilizando o software Past 3 (HAMMER et
al., 2001), e do cálculo do Coeficiente de Duellman (DUELLMAN, 1989) foi possível
comparar a região em que se insere a EVC com as demais áreas de Mata Atlântica
selecionadas, permitiu identificar grupos formados por regiões com maior afinidade
faunística, considerando a composição dos táxons destas 23 áreas. O Coeficiente de Duellman
é dado pela função CD=2C/(N1+N2), onde C é o numero de espécies em comum em ambas
as regiões comparadas, N1 é o numero de espécies ocorrentes na região de interesse, e N2 é o
numero de espécies ocorrentes na região utilizada para comparação.
Várias espécies registradas no estudo apresentam nomes populares que foram baseados em
literatura e em nomes utilizados por trabalhadores da região durante o trabalho de campo; os
nomes utilizados na região foram marcados com asterisco.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Espécies inventariadas
Após 16 meses consecutivos, 108 dias de campo e 1.870 horas/homem de trabalho amostral,
foram obtidos 403 registros de 51 táxons de Squamata ocorrentes na RPPN Estação Veracel.
Destas, 18 são Squamata não-Serpentes (distribuídos em 10 famílias) e 33 são Serpentes
(distribuídas em seis famílias), conforme demonstrado nas Tabelas 1 e 2. Dos 403 registros,
299 se baseiam em exemplares capturados e encaminhados para tombamento em coleção, os
quais, divididos pelas fases de amostragem, renderam, respectivamente, média de 18,69
exemplares por fase de campo e 2,77 por dia.
Entre os 403 registros totais, a Figura 6 mostra a quantidade de exemplares para cada táxon
considerado durante o presente estudo, à exceção de Hemidactylus mabouia (Moreau de
Jonnès, 1818) (12 registros), por se tratar de espécie exótica invasora. Apenas os Squamata
que contaram com dois ou mais registros estão demonstrados no gráfico, o que deixou de fora
12
nove espécies: Leposternon infraorbitale (Berthold, 1859), L. wuchereri (Peters, 1879),
Atractus sp., Erythrolamprus poecilogyrus schotti (Schlegel, 1837), Imantodes cenchoa
(Linnaeus, 1758), Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911), Xenopholis scalaris (Wucherer,
1861), Micrurus corallinus (Merrem, 1820) e Bothrops jararaca (Wied, 1824). Conforme
evidenciado nas Tabela 3 e 4, e na Figura 6, o lagarto Enyalius pictus (Schinz, 1822) foi a
espécie mais abundante, com 61 registros, seguido pelos também lagartos Salvator merianae
Duméril & Bibron, 1839 (39 registros), Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) (26),
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) (24) e pela serpente Chironius fuscus (Linnaeus, 1758)
(24).
Figura 6. Número de registros de 41 espécies de Squamata na RPPN Estação Veracel e seu entorno.
As abreviações representam os nomes científicos das espécies. Epi = Enyalius pictus, Sam = Salvator
merianae, Gyd = Gymnodactylus darwinii, Trt = Tropidurus torquatus, Cfu = Chironius fuscus, Aam
= Ameiva ameiva, Lsi = Leposoma cf. scincoides, Nfu = Norops fuscoauratus, Dpu = Dactyloa
punctata, Abr = Amerotyphlops brongersmianus, Oae = Oxybelis aeneus, Ble = Bothrops leucurus,
Cho = Corallus hortulanus, Ana = Ameivula nativo, Dva = Dipsas variegata, Ssu = Spilotes
sulphureus, Pma = Polychrus marmoratus, Plu = Phyllopezus lutzae, Emi = Erythrolamprus miliaris,
Kca = Kentropyx calcarata, Din = Dipsas indica, Ogu = Oxyrhopus cf. guibei, Ope = Oxyrhopus
petolarius, Pol = Philodryas olfersii, Sco = Siphlophis compressus, Sto = Strobilurus torquatus, Psm =
Psychosaura macrorhyncha, Bco = Boa constrictor, Cfo = Chironius foveatus, Tme = Tantilla aff.
melanocephala, Dca = Dipsas catesbyi, Ere = Erythrolamprus reginae semilineatus, Lan = Leptodeira
annulata, Xra = Xenodon rabdocephalus, Mib = Micrurus ibiboboca, Epc = Epicrates cenchria, Cex =
Chironius cf. exoletus, Cla = Chironius laevicollis, Lah = Leptophis ahaetulla, Pni = Pseudoboa nigra
e Aal = Amphisbaena alba.
13
Tabela 1. Táxons de Squamata não-Serpentes registrados durante o presente estudo, complementados
com registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel, municípios de Porto Seguro e
Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia.
Táxons Franco et
al. (1998)
Presente
estudo
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) X X
Phyllodactylidae
Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) X X
Phyllopezus lutzae (Loveridge, 1941) X X
Mabuyidae
Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951) X
Psychosaura macrorhyncha (Hoge, 1947) X X
Dactyloidae
Dactyloa punctata (Daudin, 1802) X X
Norops fuscoauratus (D'Orbigny in Duméril & Bibron, 1837) X X
Norops ortonii (Cope, 1868) X
Leiosauridae
Enyalius pictus (Schinz, 1822) X X
Polychrotidae
Polychrus marmoratus (Linnaeus, 1758) X X
Tropiduridae
Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 X X
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) X X
Anguidae
Diploglossus fasciatus (Gray, 1831) X
Gymnophthalmidae
Leposoma cf. scincoides Spix, 1825 X X
Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) X X
Ameivula nativo (Rocha, Bergallo & Peccinini-Seale, 1997) X
Kentropyx calcarata Spix, 1825 X X
Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 X X
Amphisbaenidae
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 X X
Leposternon infraorbitale (Berthold, 1859) X
Leposternon microcephalum Wagler in Spix, 1824 X
Leposternon wuchereri (Peters, 1879) X
14
Tabela 2. Táxons de Squamata Serpentes registrados durante o presente estudo, complementados com
registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel, municípios de Porto Seguro e Santa
Cruz Cabrália, estado da Bahia.
Táxons Franco et
al. (1998)
Presente
estudo
Typhlopidae
Amerotyphlops brongersmianus (Vanzolini, 1976) X
Boidae
Boa constrictor Linnaeus, 1758 X
Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) X X
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) X X
Colubridae
Chironius bicarinatus (Wied, 1820) X
Chironius cf. exoletus (Linnaeus, 1758) X X
Chironius foveatus Bailey, 1955 X X
Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) X X
Chironius laevicollis (Wied, 1824) X X
Drymoluber dichrous (Peters, 1863) X
Leptophis ahaetulla liocercus (Wied, 1824) X X
Oxybelis aeneus (Wagler in Spix, 1824) X X
Spilotes sulphureus poecilostoma (Wied, 1824) X X
Tantilla aff. melanocephala (Linnaeus, 1758) X
Dipsadidae
Atractus sp. X X
Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796) X
Dipsas indica indica Laurenti, 1768 X
Dipsas variegata (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) X X
Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911) X
Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758) X
Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) X X
Philodryas olfersii (Liechtenstein, 1823) X X
Philodryas viridissima (Linnaeus, 1758) X
Clelia plumbea (Wied, 1820) X
Oxyrhopus cf. guibei Hoge & Romano, 1978 X
Oxyrhopus petolarius (Linnaeus, 1758) X X
Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) X X
Siphlophis compressus (Daudin, 1803) X X
Erythrolamprus miliaris (Linnaeus, 1758) X X
Erythrolamprus poecilogyrus poecilogyrus (Wied, 1824) X
Erythrolamprus poecilogyrus schotti (Schlegel, 1837) X
Erythrolamprus reginae semilineatus (Wagler, 1824) X X
Erythrolamprus taeniogaster (Jan, 1863) X
Xenodon merremii (Wagler in Spix, 1824) X
Xenodon rabdocephalus (Wied, 1824) X X
Xenopholis scalaris (Wucherer, 1861) X
Elapidae
Micrurus corallinus (Merrem, 1820) X X
Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) X X
Viperidae
Bothrops bilineatus (Wied, 1821) X
Bothrops jararaca (Wied, 1824) X X
Bothrops leucurus Wagler in Spix, 1824 X X
Lachesis muta (Linnaeus, 1766) X
15
Tabela 3. Squamata não-Serpentes registrados para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da Bahia, no
presente estudo, através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por pitfall (CP), encontro
de animal morto (EM), doação de terceiros (DT), registro visual (RV) e registro fotográfico (RF).
Família Táxon CM CP EM DT RV RF TOTAL
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia 11 1 12
Phyllodactylidae
Gymnodactylus darwinii 4 21 1 26
Phyllopezus lutzae 6 6
Leiosauridae
Enyalius pictus 37 21 2 1 61
Polychrotidae
Polychrus marmoratus 5 1 1 7
Tropiduridae
Strobilurus toquatus 1 1 2 4
Tropidurus torquatus 3 1 17 3 24
Gymnophthalmidae
Leposoma cf. scincoides 4 9 13
Teiidae
Ameiva ameiva 1 12 3 16
Ameivula nativo 5 4 9
Kentropyx calcarata 1 2 1 1 5
Salvator merianae 1 5 31 2 39
Mabuyidae
Psychosaura macrorhyncha 3 1 4
Dactyloidae
Norops fuscoauratus 11 1 1 13
Dactyloa punctata 6 1 3 2 12
Amphisbaenidae
Amphisbaena alba 1 1 2
Leposternon infraorbitale 1 1
Leposternon wuchereri 1 1
Total 86 67 5 4 74 19 255
16
Tabela 4. Serpentes registradas para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da Bahia, no presente estudo,
através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por pitfall (CP), encontro de animal
morto (EM), doação de terceiros (DT) registro visual (RV) e registro fotográfico (RF).
Família Táxon CM CP EM DT RV RF TOTAL
Typhlopidae
Amerotyphlops brongersmianus 10 1 11
Boidae
Boa constrictor 3 3
Corallus hortulanus 7 1 1 9
Epicrates cenchria 2 2
Colubridae
Chironius cf. exoletus 1 1 2
Chironius foveatus 1 1 1 3
Chironius fuscus 19 3 2 24
Chironius laevicollis 1 1 2
Leptophis ahaetulla liocercus 1 1 2
Oxybelis aeneus 6 3 2 11
Spilotes sulphureus poecilostoma 4 1 2 7
Tantila aff. melanocephala 3 3
Dipsadidae
Atractus sp. 1 1
Dipsas catesbyi 2 1 3
Dipsas indica indica 5 5
Dipsas variegata 3 2 2 7
Erythrolamprus miliaris ssp. 4 1 1 6
Erythrolamprus poecilogyrus schotti 1 1
Erythrolamprus reginae semilineatus 2 1 3
Imantodes cenchoa 1 1
Leptodeira annulata 3 3
Oxyrhopus cf. guibei 2 1 1 4
Oxyrhopus petolarius 1 3 4
Philodryas olfersii 1 1 2 4
Pseudoboa nigra 2 2
Sibynomorphus neuwiedi 1 1
Siphlophis compressus 3 1 4
Xenodon rabdocephalus 1 2 3
Xenopholis scalaris 1 1
Elapidae
Micrurus ibiboboca 1 2 3
Micrurus corallinus 1 1
Viperidae
Bothrops jararaca 1 1
Bothrops leucurus 5 1 4 1 11
Total 73 17 24 23 2 9 148
17
Para o estado da Bahia foram registrados 218 táxons de Squamata (COSTA & BÉRNILS no
prelo), dos quais 74 têm registro para a região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, sendo
64 estritamente para a EVC (Tabelas 1 e 2): 51 registrados no presente estudo e outros 13
citados por FRANCO et al. (1998).
Comparando meus resultados com os de FRANCO et al. (1998) (Tabelas 1 e 2), podemos
observar que 13 táxons não citados para a EVC por aqueles autores, foram registrados na
RPPN durante o presente estudo: Ameivula nativo, Leposternon infraorbitale, L. wuchereri,
Amerotyphlops brongersmianus, Boa constrictor, Tantilla aff. melanocephala, Dipsas
catesbyi, D. i. indica, Sibynomorphus neuwiedi, Imantodes cenchoa, Oxyrhopus guibei,
Erythrolamprus poecilogyrus schotti e Xenopholis scalaris.
Por outro lado, 13 táxons citados por FRANCO et al. (1998) não foram registrados durante o
presente estudo: Brasiliscincus heathi, Norops ortonii, Diploglossus fasciatus, Leposternon
microcephalum, Chironius bicarinatus, Drymoluber dichrous, Philodryas viridissima, Clelia
plumbea, Erythrolamprus p. poecilogyrus, E. taeniogaster, Xenodon merremii, Bothrops
bilineatus e Lachesis muta. Em contato com o autor-sênior daquela publicação, Dr Francisco
L. Franco, do Instituto Butantan, São Paulo, descobri que pelo menos três espécies
consideradas raras na Mata Atlântica, Clelia plumbea, Lachesis muta e Bothrops bilineatus,
não foram registradas diretamente por eles durante seu inventário na EVC. Essas três espécies
foram incluídas na referida publicação a partir de material tombado em uma coleção antes
mantida pela Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) com
sede em Ilhéus, atualmente sob os cuidados da Universidade Estadual Santa Cruz (UESC),
também em Ilhéus. Os espécimes tinham como procedência apenas “Porto Seguro”, sem
informações adicionais de coleta, como o ponto exato ou a data, podendo ser até de áreas
distantes da EVC. Desse modo, não podemos afirmar a existência dessas espécies na RPPN, e
o fato delas não terem sido registradas durante o presente estudo pode significar que elas (a)
nunca ocorreram na RPPN, (b) foram regionalmente extintas, ou (c) são espécies de difícil
constatação em campo.
Pelo menos outros 30 táxons também podem ocorrer na área de estudo, pois foram registrados
em Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália ou em municípios vizinhos à região estudada: Enyalius
bibronii e E. catenatus (Leiosauridae), Brasiliscincus agilis (Mabuyidae), Ophiodes fragilis
(Anguidae), Ecpleopus gaudichaudii e Micrablepharus maximiliani (Gymnophthalmidae),
Trilepida salgueiroi (Leptotyphlopidae), Eunectes murinus (Boidae), Amphisbaena
nigricauda (Amphisbaenidae), Chironius quadricarinatus, Drymarchon corais e
18
Mastigodryas bifossatus (Colubridae), D. indica petersi, D. sazimai, Caaeteboia amarali,
Coronelaps lepidus, Elapomorphus wuchereri, Helicops carinicaudus, Philodryas
patagoniensis, O. formosus, O. trigeminus, Siphlophis leucocephalus, S. pulcher,
Thamnodynastes hypoconia, T. nattereri, T. pallidus, Tropidodryas serra, Erythrolamprus
aesculapii venustissimus e Cercophis auratus (Dipsadidae) – dados obtidos após exame
minucioso da literatura herpetológica levantada e de coleções que encerram material sul
baiano em seus acervos. Diversos fatores podem explicar a falta de registros destas espécies
durante o presente estudo, como: (a) nunca ocorreram na RPPN; (b) foram regionalmente
extintas; (c) são espécies de difícil constatação em campo; (d) não foram constatadas pelos
métodos amostrais empregados; ou (e) ocupam, na EVC, apenas as áreas de acesso limitado,
que não foram visitadas durante o presente estudo.
Conforme apresentado em Material e Métodos, a EVC apresenta, basicamente, áreas com
vegetação primária e secundária de floresta ombrófila densa, entremeadas com áreas de
muçununga (vegetação mais rala e solo arenoso, mas, ainda assim, de caráter florestal),
cercadas por áreas desmatadas usadas para cultivos diversos, silvicultura, pastagens,
mineração (extração de areia) e circulação de veículos. Espécies especialistas de habitat,
como o lagarto Brasiliscincus agilis e as serpentes Chironius quadricarinatus e Caaeteboia
amarali, habitantes preferenciais de restingas, podem não ocorrer na EVC por conta da
inexistência, na RPPN, de ambientes que lhes sejam propícios (ARGÔLO, 1998; 2004;
ROCHA et al., 2004; MARQUES et al., 2010). O mesmo raciocínio vale para Eunectes
murinus, registrada para o rio Jequitinhonha (espécime MZUESC 8155), distante cerca de
30km da EVC, em linha reta; trata-se de uma serpente que ocupa apenas corpos d’água de
grandes dimensões (RIVAS, 2000), enquanto a EVC possui apenas córregos e riachos de
pequeno porte.
Algumas espécies podem ter sido localmente extintas na região de Porto Seguro, como ocorre
com médios e grandes mamíferos em vários remanescentes de Mata Atlântica (CANALE et
al., 2012). A fragmentação e degradação da Mata Atlântica, com ações de desmatamento,
queimadas e caça, são fortes fatores que contribuem para que espécies raras sejam cada vez
mais raras ou até extintas. A EVC, mesmo com seu tamanho significativo e toda a
preocupação em preservar e proteger os ecossistemas ali presentes, ainda sofre com a extração
ilegal de madeira e, principalmente, com a caça, que foi muito observada durante as fases de
campo do presente estudo; a falta de registro de determinadas espécies pode ter como causa
essas ações de empobrecimento faunístico. Além disso, outro fator de ameaça à biota da
19
RPPN é a estrada que a corta longitudinalmente, pois ela apresenta tráfego intenso de
veículos, é muito utilizada por moradores locais e caçadores, e para transporte de areia por
caminhões e carretas pesadas. A estrada não possui pavimentação e liga a rodovia BR-367 ao
município de Santa Cruz Cabrália. As rodovias estão entre as principais causas de morte de
animais selvagens, além de representarem obstáculos para o deslocamento dos indivíduos,
dividindo suas populações, diminuindo e afetando assim a possibilidade de sobrevivência das
mesmas (CEIA-HASSE et al., 2017). Durante o estudo, pelo menos 29 répteis foram
encontrados mortos nessa estrada que corta a EVC e no trecho da BR-367 que se avizinha à
RPPN, fora espécies de pequenos mamíferos, aves e anfíbios.
Répteis Squamata naturalmente raras, de pequeno porte, atividade noturna, hábito arborícola,
aquático ou fossorial, e/ou com coloração camuflativa, são difíceis de localizar em campo.
Assim sendo, espécies como Philodryas viridissima e Bothrops bilineatus, que são verdes e
arborícolas, Helicops carinicaudus, aquática que se camufla com o leito dos córregos, ou
Trilepida salgueiroi, pequena serpente estritamente fossorial, podem não ter sido encontradas
durante o presente estudo exatamente por causa de suas características comportamentais e de
habitat, associadas à sua excassez natural (FRANCO et al., 1998; ARGÔLO, 2004;
MARQUES et al., 2004; COSTA et al., 2009).
Determinadas espécies podem não ter sido registradas na EVC durante o presente estudo em
função da ineficácia dos métodos utilizados, levando em consideração os hábitos e habitats de
cada lagarto ou serpente. As armadilhas de intercepção e queda, por exemplo, dificilmente
capturam espécies terrestres de grande porte ou espécies arborícolas que pouco frequentam o
solo, o que dificulta também sua captura na busca ativa; e espécies fossoriais, por outro lado,
são dificeis de constatar pelos métodos de busca ativa, pois vivem enterradas ou sob a
serrapilheira.
Por fim, vale frisar que nem todos os ambientes da RPPN puderam ser amostrados, e isso
também pode ter contribuído para a falta de registro de alguns destes táxons. Espécies mais
exigentes quanto à qualidade do ambiente, como Oxyrhopus formosus, Siphlophis pulcher,
Bothrops bilineatus e Lachesis muta, podem ocupar apenas as áreas melhor conservadas da
EVC, as quais são de difícil acesso e, portanto, não foram suficientemente exploradas durante
as atividades de campo do presente estudo.
Após 16 meses de amostragens, a curva de acumulação de espécies (curva do coletor) (Figura
7) não atingiu sua assíntota, ou seja, ainda não estabilizou, mostrando a provável ocorrência
20
de muitas daquelas espécies que não foram registradas durante o presente estudo ou pelo
inventário anterior, de FRANCO et al. (1998). Esse gráfico indica a importância da
continuação dos estudos com Squamata na região, abrangendo principalmente as áreas acima
citadas como mais conservadas e de difícil acesso.
Figura 7. Curva de acumulação de espécies (curva do coletor) após 16 meses de amostragem de
Squamata na RPPN Estação Veracel. A linha vermelha mostra o aumento real das espécies ao
longo dos 16 meses e a linha preta aponta a tendência de crescimento do número estimado de
espécies.
3.2 Métodos amostrais X espécies inventariadas
Dos métodos de registros, a coleta manual foi o que obteve o maior número de capturas
(Tabelas 3 e 4), com um total de 159 registros de 21 espécies, das quais sete foram
encontradas exclusivamente por esse método: Phyllopezus lutzae, Epicrates cenchria, Dipsas
i. indica, Imantodes cenchoa, Leptodeira annulata, Xenopholis scalaris e Bothrops jararaca.
O sucesso desse método pode ser explicado pelo fato dele permitir a exploração de ambientes
do interior da mata, pouco frequentados por funcionários ou visitantes da RPPN, e em
horários variados; além disso, muitos destes animais não caem em armadilhas, pois são
grandes ou não se locomovem pelo solo, ou porque possuem preferência por ambientes mais
preservados.
O segundo método mais eficiente foi o de coleta por armadilhas de intercepção e queda
(pitfall traps): 84 registros de 15 espécies de Squamata, das quais duas foram encontradas
exclusivamente por este método, Tantilla aff. melanocephala e Micrurus corallinus.
0
10
20
30
40
50
60
Mês1
Mês2
Mês3
Mês4
Mês5
Mês6
Mês7
Mês8
Mês9
Mês10
Mês11
Mês12
Mês13
Mês14
Mês15
Mês16
21
Outros dois métodos que se mostraram importantes durante o estudo foram os registros
visuais e fotográficos, que, juntos, obtiveram 104 registros de 19 espécies, das quais duas
foram constatadas exclusivamente por estes métodos: Ameivula nativo (visual e fotográfico) e
Boa constrictor (fotográfico).
O método que amostra animais encontrados mortos, especialmente aqueles atropelados em
rodovias ou estradas menores, revelou 29 registros de 21 espécies de Squamata, das quais três
foram amostradas exclusivamente por este método: Atractus sp., Pseudoboa nigra e
Erythrolamprus poecilogyrus schotti. A maioria dos registros foi feita na rodovia BR-367,
próximo à RPPN, e na estrada de chão que corta a EVC conectando aquela rodovia federal
(em Porto Seguro) à rodovia estadual BA-685 (em Santa Cruz Cabrália). Estes registros foram
fortuitos, feitos durante as atividades de campo ou em viagens entre a rodovia e a RPPN.
Outro recurso que se mostrou eficiente durante o estudo foi o de doação de terceiros, que
obteve 27 registros de 18 espécies, das quais três foram registradas exclusivamente por este
método: Leposternon infraorbitale, L. wuchereri e Sibynomorphus neuwiedi, salientando a
importância da comunicação contínua com moradores e trabalhadores locais durante estudos
herpetológicos, principalmente em inventários faunísticos de longa duração.
Assim, é possível afirmar que a complementação dos métodos utilizados (armadilhas, coleta
manual, registros fotográficos e visuais, recolhimento de animais mortos e doações de
terceiros) permitiu traçar com maior propriedade o perfil da fauna de Squamata da EVC, uma
vez que todos os métodos renderam resultados exclusivos, isto é, registraram espécies que,
pelos demais métodos, não foram encontradas.
Como se observa na Figura 8, os pontos com registro de répteis Squamata ao longo da RPPN
cobrem uma extensão pequena em comparação com a área total da EVC, expondo grandes
lacunas amostrais. Isso se explica pelo fato de que nem toda a EVC pôde ser explorada
durante o presente estudo, pois muitas áreas eram de difícil acesso em função do relevo
irregular, da inexistência de trilhas que dessem acesso a essas regiões, da dificuldade de
locomoção por terrenos encharcados ou escorregadios em períodos chuvosos, e de riscos no
contato com assentamentos vizinhos à RPPN, em tensão com a Veracel Celulose e outros
proprietários da região. Essas lacunas amostrais podem ter comprometido os resultados,
conforme exposto anteriormente, pois algumas das áreas mais conservadas da EVC se situam
em seu quadrante noroeste, justamente onde essas condições desfavoráveis de acesso são
maiores.
22
Figura 8. Imagem de satélite (Google Earth) mostrando a distribuição de todos os registros de répteis
squamata feitos na RPPN Estação Veracel e em seu entorno, Bahia, durante o presente estudo.
3.3 História natural das espécies constatadas
Segue abaixo uma lista comentada de cada um dos 51 táxons registrados na EVC durante o
presente estudo, com informações sobre os ambientes em que foram encontrados e dados de
história natural colhidos em campo e obtidos na literatura herpetológica.
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) (Figuras 12 e 24)
Briba*, lagartixa-de-parede*, bibra-de-casa, taruíra
Espécie de pequeno porte (comprimento rostro-cloacal médio de 63 mm), exótica (de origem
africana), introduzida com ampla distribuição no Brasil. Sua presença em áreas antropizadas e
periantropizadas é também muito comum, principalmente em edificações humanas. É
noturna, ovípara (dois ovos de cada vez) e se reproduz ao longo de todo o ano; é frequente
também em troncos de palmeiras e moitas de bromélias e sua dieta é composta basicamente
por artrópodes, predominantemente insetos, embora até o canibalismo tenha sido registrado
para H. mabouia (HOWARD et al., 2001; CARVALHO et al., 2005; ROCHA & ANJOS,
2007; ANJOS & ROCHA, 2008; FORLANI et al., 2010; ROCHA et al., 2011). No presente
23
estudo foram registrados 12 indivíduos, sempre relacionados aos prédios existentes na sede da
EVC.
Phyllodactylidae
Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) (Figuras 9 e 24)
Lagartixa*, taruíra
Gymnodactylus darwinii é pequeno, com tamanho máximo de 48 mm, comum na Mata
Atlântica do norte da Bahia até o litoral norte de São Paulo, mas com a crescente destruição
de seu habitat natural, sua população parece estar diminuindo em comparação com H.
mabouia, que é exótica invasora e sempre aparece em maior abundância, usando bromélias
terrestres como principal refúgio (TEIXEIRA, 2001; PELLEGRINO et al., 2005). No
presente estudo o número de G. darwinii foi maior do que o de H. mabouia, sendo registardos
26 exemplares, sempre relacionados ao ambiente florestal. Num desses registros a lagartixa
estava dentro de um tronco que virou cupinzeiro junto com dois ovos que não eclodiram;
outro foi avistado tomando sol sobre um tronco em área semiaberta.
Phyllopezus lutzae (Loveridge, 1941) (Figuras 9 e 24)
Lagartixa*, briba*
Esta espécie pode ocorrer em áreas de restinga com bromélias, ambientes florestais e até
habitações humanas; é ovípara e sua distribuição vai de Pernambuco até a Bahia, pela Mata
Atlântica. Possui hábito noturno e se alimenta de artrópodes através da caça de espera
(FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al., 2005). Foram obtidos seis registros desta espécie
durante o presente estudo: quatro encontrados nos prédios da sede da EVC (três durante a
noite e um durante a tarde) e dois em trilhas no interior da mata (um durante a manhã, sob
casca de árvore, e outro forrageando no tronco de uma árvore durante a noite).
Mabuyidae
Psychosaura macrorhyncha (Hoge, 1947) (Figuras 11 e 24)
Lagartixa*, bibra-brilhante, lagartixa-dourada
Espécie de pequeno porte, com 60 a 75 mm de comprimento entre o focinho e a abertura
cloacal, mas com dimorfismo sexual, sendo as fêmeas maiores do que os machos. Sua
distribuição abrange áreas litorâneas da Mata Atlântica da Paraíba até São Paulo. São lagartos
diurnos, vivíparos, com reprodução cíclica, produzindo uma só ninhada por ano após gestação
24
de quase doze meses, algo muito incomum para lagartos, comumente encontrados sob troncos
caídos e serapilheira, dentro de bromélias, sobre arbustos, tufos de grama, árvores, cactos,
rochas e mesmo em habitações humanas. Alimentam-se de artrópodes em estratégia de
forrageio ativo do tipo senta-e-espera; eventualmente comem matéria vegetal e podem predar
pequenos anfíbios (BLACKBURN & VITT, 1992; STEVAUX, 1993; VRCIBRADIC &
ROCHA, 1995; VRCIBRADIC & ROCHA, 1996 VRCIBRADIC et al., 1998; 2007).
Durante o presente estudo obtivemos quatro registros desta espécie: um indivíduo fotografado
em trilha no interior da mata, na serapilheira, assoalhando, e três em armadilhas na borda ou
no interior da mata.
Dactyloidae
Dactyloa punctata (Daudin, 1802) (Figuras 10 e 24)
Camaleão*, anolis
Esta espécie se distribui pela Amazônia e pela Mata Atlântica, chegando até São Paulo. É
diurna, arborícola e, quando ameaçada, sobe para o alto das árvores; caça de senta-e-espera,
alimentando-se de pequenos artrópodes, e é ovípara, com um a dois ovos por fêmea, por
temporada (FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al., 2005). Foram obtidos 12 registros de
D. punctata durante o presente estudo: um atropelado na estrada que corta a EVC, três
observados forrageando no chão da mata (subiram em árvores com nossa aproximação), cinco
avistados subindo em árvores e três encontrados em galhos ou folhas no interior da mata.
Norops fuscoauratus (D'Orbigny, 1837 in Duméril & Bibron, 1837) (Figuras 10 e 24)
Camaleão*, anolis
Esta espécie ocorre em florestas primárias, secundárias e áreas antropizadas da Amazônia e da
Mata Atlântica. São lagartos diurnos e semi-arborícolas que se alimentam de pequenos
artrópodes e produzem dois ovos por temporada (FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al.,
2007; COSTA et al., 2009). Dos treze exemplares obtidos durante o presente estudo, onze
foram encontrados dormindo sobre a vegetação ou forrageando no chão ou sobre galhos, no
interior ou na borda da mata.
Leiosauridae
Enyalius pictus (Schinz, 1822) (Figuras 11 e 24)
Camaleão*
25
O gênero Enyalius Wagler, 1830 é composto atualmente por nove espécies de leiosaurídeos
neotropicais com ampla distribuição na Mata Atlântica e em outros biomas. São lagartos
diurnos de hábito semi-arborícola e terrícola, cripticamente coloridos. Apresentam
dicromatismo sexual evidente e nítido dimorfismo sexual, com fêmeas maiores que machos.
O polimorfismo cromático confere camuflagem em diferentes hábitats no interior da mata e,
ao que tudo indica, está relacionado a estratégias de predação e fuga de predadores. Sua dieta
é composta principalmente de artrópodes do solo; são lagatos ovíparos, com oviposição e
recrutamento ocorrendo principalmente nos meses mais quentes e úmidos (JACKSON, 1978;
VAN SLUYS et al., 2004; TEIXEIRA et al., 2005; LIOU, 2008). No presente estudo, esta
espécie foi a que obteve o maior número de registros, 61 indivíduos: 21 através de armadilhas
de pitfall, sempre no interior da mata, 37 através de coleta manual, a maioria durante a noite
enquanto dormiam sobre galhos, folhas e cipós, mas alguns poucos também coletados no chão
durante o dia. Ao sentirem a aproximação, tentavam fugir sempre subindo nas árvores ou nos
cipós. Alguns indivíduos foram coletados durante o dia se camuflando sobre troncos ou
galhos, inclusive um indivíduo foi observado subindo em uma árvore a aproximadamente dez
metros de altura. Uma fêmea de outubro de 2016 estava com o ventre cheio de ovos, mas não
foi aberta para preservar melhor o espécime para estudos específicos de reprodução da
espécie. Todos os indivíduos coletados tentaram morder, tanto jovens quanto adultos.
Polychrotidae
Polychrus marmoratus (Linnaeus, 1758) (Figuras 11 e 24)
Camaleão*, papa-vento
É uma espécie amplamente difundida pela Amazônia e Mata Atlântica, onde se distribui do
Ceará até São Paulo. São lagartos caracteristicamente arborícolas, com corpo comprimido
lateralmente e cauda longa e preênsil. É reconhecida como espécie diurna, ovípara, associada
a cursos d’água no interior de florestas tropicais e de hábito onívoro – termo muito amplo,
mas que pode ser aplicado a esta espécie por se alimentar de pequenos artrópodes e vegetais
(VANZOLINI, 1983; KAWASHITA-RIBEIRO & ÁVILA, 2008; ARAÚJO-NETO et al.,
2012). Durante o presente estudo foram feitos sete registro: dois na sede da EVC, um no solo
e outro no caule de uma palmeira, ambos de dia, e os demais pela noite, no interior da mata,
incluindo dois no solo e três dormindo em galhos (um a cerca de 7m de altura). Uma fêmea
em abril de 2016 estava com o ventre cheio de ovos, que não puderam ser contados. Todos os
indivíduos coletados demonstraram agressividade, tentando morder.
26
Tropiduridae
Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 (Figuras 12 e 25)
Calango*, lagartixa*
Ocorre em áreas de Mata Atlântica do Ceará ao Espírito Santo e Minas Gerais. Esta espécie
tem tamanho médio, é diurno, semigregária e florestal, com reprodução ovípara; encontrada
forrageando na serapilheira, onde realiza caça de senta-e-espera (JACKSON, 1978;
RODRIGUES et al., 1989; FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al., 2005; COSTA, 2011).
Quatro registros foram feitos durante o estudo: um em armadilha no interior da mata, outro
em trilha no interior da mata, o terceiro foi visto assoalhando na estrada que corta a EVC, e o
quarto foi capturado na sede da EVC, indicando que a espécie não se limita ao interior da
mata.
Tropidurus torquatus (Wied, 1820) (Figuras 12 e 25)
Lagartixa*, calango, calango-preto
Durante muito tempo se considerou esta uma espécie amplamente distribuída pelo Brasil e
alguns países vizinhos, ocupando tanto a Mata Atlântica quanto o Cerrado e áreas de transição
entre estes e os biomas adjacentes (RODRIGUES, 1988). Porém, estudos recentes têm
indicado que, ao longo dessa vasta área, diversas espécies crípticas parecem estar envolvidas,
permitindo interpretar Tropidurus torquatus (stricto sensu) como sendo um táxon que talvez
ocupe apenas as restingas e outros ambientes estritamente litorâneos da Mata Atlântica, entre
os estados da Bahia e São Paulo (ÁLVAREZ et al., 2002; KUNZ & BORGES-MARTINS,
2013), ou com área ainda mais restrita (Renato S. Bérnils, Universidade Federal do Espírito
Santo, com. pess. em 2016). Trata-se de espécie com tamanho médio de 130mm de
comprimento rostro-cloacal, terrícola e semi-arborícola, que se locomove tanto na vegetação
quanto em áreas pedregosas. É diurna, ativa nas horas mais quentes do dia, e possui hábito
onívoro, consumindo matéria vegetal, artrópodes e pequenos vertebrados. Possui dimorfismo
sexual, com machos maiores do que fêmeas (GANDOLFI & ROCHA, 1998; FIALHO et al.,
2000; VAN SLUYS et al., 2004; SENA et al., 2008; DUTRA et al., 2011; SIQUEIRA et al.,
2011; WINCK et al., 2011). Durante o presente estudo foram feitos 24 registros de T.
torquatus: onze foram obtidos em áreas de muçununga, vegetação relativamente aberta em
meio às áreas densamente florestadas, dois na estrada que corta a EVC, e os na sede da EVC,
próximos ou em habitações humanas: Todos os registros diretos (excluídas as armadilhas,
portanto) foram feitos durante o dia enquanto os indivíduos forrageavam ou termorregulavam.
27
Gymnophthalmidae
Leposoma cf. scincoides Spix, 1825 (Figuras 12 e 25)
Lagartinho-de-folhiço
Na Mata Atlântica, Leposoma scincoides ocorre entre o sul da Bahia e o Rio de Janeiro. Ela é
uma espécie de pequeno porte, não ultrapassando 40mm de comprimento rostro-cloacal,
hábitos diurnos e ovípara (um ou dois ovos por temporada); vive na serapilheira do interior da
mata, onde se alimenta de pequenos artrópodes (FRANCO et al., 1998; TEIXEIRA &
FONSECA, 2003). Foram feitos 13 registros durante o presente estudo, dos quais um na
borda da mata, outro em ambiente de muçununga e um terceiro em trilha no interior da mata;
os outros dez foram coletados manualmente ou por armadilhas de intercepção e queda no
interior da mata. O status desta espécie é contestado por pesquisadores que a estão revisando,
e suas conclusões iniciais indicam que, ao longo da Mata Atlântica, diferentes populações do
que hoje se considera L. scincoides, constituem espécies distintas (Pedro M. Sales Nunes,
Universidade de São Paulo, São Paulo, com. pess. em 2016); como o holótipo do táxon é
amazônico, optei por tratar os exemplares da Bahia como Leposoma cf. scincoides.
Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) (Figuras 13 e 25)
Calango-verde, bico-doce, lagarto-víbora, bebe-ovo, tejubina
Este é um dos lagartos neotropicais mais amplamente distribuídos, habitando desde regiões
semiáridas até florestas úmidas de terras baixas. Segundo CARVALHO et al. (2005), é
também a espécie que mais rapidamente coloniza áreas desmatadas, o que explica sua
presença em muitas áreas da Mata Atlântica que eram originalmente cobertas por
floresta, mas hoje se encontram desmatadas. Ameiva ameiva caça ativamente sobre o
solo, onde se alimenta de artrópodes, gastrópodes, pequenos vertebrados, carniça e
matéria vegetal; ovíparo com reprodução contínua, põe de um a onze ovos, dependendo
do tamanho da fêmea, e apresenta dimorfismo sexual, com machos maiores que fêmeas
(COSTA et al., 2010b; SALES et al., 2010; MORATO, 2012; CASTRO & SILVA-
SOARES, 2016). Pode ser reservatório natural de Salmonella sp. (SARTORIUS et al., 1999).
Durante o presente estudo foram feitos 16 registros desta espécie, todos em áreas abertas da
EVC, como na sede, na borda ou em clareiras da mata, na estrada e em ambiente de
muçununga.
28
Ameivula nativo (Rocha, Bergallo & Peccinini-Seale, 1997) (Figuras 13 e 25)
Lagartinho-de-Linhares
Essa espécie possui uma distribuição restrita, ocorrendo nas restingas e outros ambientes
abertos do sul da Bahia ao sudeste do Espírito Santo, especialmente aqueles com solo
arenoso. É uma espécie de pequeno porte, não ultrapassando 70mm de comprimento rostro-
cloacal, e paternogênica, produzindo de um a quatro ovos por vez, sem estação reprodutiva
definida; diurna, com atividades principalmente no período da manhã, e dieta baseada
principalmente em cupins, mas complementada com outros artrópodes (ROCHA et al., 1997;
1998; MENEZES et al., 2004; PELOSO et al., 2008; SILVA-SOARES et al., 2011;
CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Durante o presente estudo obtive nove registros desta
espécie: na borda da mata, em trilha no interior da mata, na estrada que corta a EVC e na área
aberta de muçununga, em comportamento de forrageio ou assoalhando. Nenhum exemplar de
Ameivula nativo foi coletado, em função de sua condição de espécie ameaçada de extinção,
incluída tanto na lista de fauna ameaçada do Brasil (ICMBIO, 2016), quanto do Espírito Santo
(ALMEIDA et al., 2007) e da Bahia (ainda inédita, mas pronta desde 2013; Antônio J. S.
Argôlo, Universidade Estadual Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, com. pess. em 2016).
Kentropyx calcarata Spix, 1825 (Figuras 14 e 25)
Calango
Esta espécie ocorre de forma disjunta na Amazônia e na Mata Atlântica, onde se estende do
Ceará e Rio Grande do Norte ao Espírito Santo e Minas Gerais. Pode ser encontrada em áreas
florestadas, onde frequenta ambientes associados a corpos d’água e lugares ensolarados, como
clareiras ou ambientes de borda; semi-arborícola, se alimenta de pequenos artrópodes e é
ovípara, com reprodução ao longo de todo o ano; seus ovos, entre três e dez por ninhada, são
depositados na areia, em cavidades de caules vivos e mortos ou em bromélias, e já foram
registrados ninhos comunais para K. calcarata (FRANCO et al., 1998; SOUZA & FREIRE,
2008; FILADELFO et al., 2013). Durante o presente estudo foram feitos cinco registros dessa
espécie: em corpos d’água perenes ou temporários, no interior da mata, na borda da mata e em
área aberta ao lado da estrada que corta a EVC.
Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 (Figuras 14 e 25)
Teú*, lagarto*, teiú, lagarto-do-papo-amarelo
29
Ocorre em boa parte do Brasil ao sul da bacia amazônica, estendendo sua distribuição até
Uruguai, Paraguai, leste da Bolívia e norte da Argentina. É um teídeo de grande porte, o
maior presente na Mata Atlântica, podendo atingir mais de 600 mm do focinho à cloaca, com
cauda igualmente longa, e ultrapassar 1.500 mg. Possui atividade diurna e predominantemente
terrestre; é ovíparo, com registros de 13 a 29 ovos por ninhada, e onívoro, com dieta que
inclui desde matéria vegetal variada até cogumelos, moluscos, aranhas, insetos, lacraias,
peixes, pequenos vertebrados terrestres, ovos e carniça. Busca alimento ativamente sobre o
solo durante o dia, podendo atuar como dispersor de sementes. Apresenta atividade sazonal,
sendo mais raro seu encontro durante os quatro a cinco meses mais frios do ano, quando
permanece em dormência em abrigos naturais. Quando molestado, pode apresentar
comportamento de defesa característico, no qual ergue o corpo e as patas dianteiras, e enfrenta
o agressor nessa posição com a boca aberta; também pode morder e bater com a cauda para
intimidar potenciais agressores. Não apresenta especificidade de hábitat e pode ser encontrado
em ambientes florestados, de borda ou abertos, além de frequentar áreas antropizadas (LEMA,
1983; SAZIMA & HADDAD, 1992; ABE, 1995; VAN SLUYS & ROCHA, 1999; CASTRO
& GALETTI, 2004; TOLEDO et al., 2004; DIXO & VERDADE, 2006; BOVENDORP et al.,
2008; HARTMANN & GIASSON, 2008; WINCK & CECHIN, 2008; CONDEZ et al., 2009;
CHIARELLO et al., 2010; FORLANI et al., 2010; CASTRO & SILVA-SOARES, 2016).
Durante o presente estudo foram feitos 39 registros desta espécie: cinco jovens foram
amostrados através de armadilhas de intercepção e queda no interior e na borda da mata,
enquanto os demais foram adultos, quase sempre registrados termorregulando em ambientes
abertos, como ao longo da estrada e na sede da EVC.
Amphisbaenidae
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 (Figuras 15 e 25)
Cobra-de-duas-cabeças*, cobra-da-terra*, cobra-cega
Esta é a espécie mais amplamente distribuída entre os Amphisbaenidae sulamericanos; ocorre
em praticamente todos os biomas presentes no Brasil, à exceção do Pampa, e parece ser mais
comum na Amazônia e no Cerrado; na Mata Atlântica, ocupa principalmente as áreas mais
baixas, tanto em ambientes florestados quanto abertos, inclusive em zonas antropizadas. Pode
ultrapassar 700 mm de comprimento total, e passa a maior parte da vida em galerias no
interior de solos desde arenosos até plenamente argilosos, mas após as chuvas costuma
aparecer na superfície. Alimenta-se principalmente de larvas e adultos de insetos, mas
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também de aracnídeos e anelídeos. É ovípara, com dois a seis ovos por ninhada. Para se
locomover, usa movimento retilíneo, sendo capaz de recuar com facilidade; quando se
defende de um agressor, A. alba soergue a cauda curta e rombuda, aumentando a similaridade
entre suas extremidades, e pode morder e rodopiar o corpo, causando lacerações no local da
mordida (VANZOLINI, 1955; SAZIMA, 2001; FREITAS & SILVA, 2007; CAMPOS et al.,
2014; CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Durante o presente estudo foram feitos apenas
dois registros desta espécie: um indivíduo foi encontrado atropelado na rodovia BR-367, a
aproximadamente 3 km da entrada da EVC, e outro foi encontrado na sede da EVC, dentro da
cozinha do restaurante.
Leposternon infraorbitale (Berthold, 1859) (Figuras 15 e 26)
Cobra-de-duas-cabeças*, cobra-cega.
O gênero Leposternon possui espécies caracterizadas por terem a cabeça achatada dorso-
ventralmente, com a abertura nasal na superficie ventral do focinho, que é arrebitado, dando à
cabeça desses animais uma forma de pá que os auxilia a cavar galerias no solo. Possuem
hábitos fossoriais e se alimentam principalmente de minhocas. Leposternon infraorbitale
possui registros confirmados para áreas de Cerrado dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso
e Goiás, e áreas de Mata Atlântica dos estados de Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e Rio de
Janeiro. Devido à vida fossorial e à raridade natural dessa espécie, pouco se conhece sobre sua
biologia (FRANCO et al., 1998; NAVAS et al., 2004; BARROS-FILHO et al., 2008; PEREZ
& RIBEIRO, 2008). Somente um registro de L. infraorbitale foi feito na EVC, através de um
indivíduo encontrado morto na abertura de uma galeria no solo, numa trilha no interior da
mata, próximo a uma área esporadicamente alágavel.
Leposternon wuchereri (Peters, 1879) (Figura 15)
Cobra-de-duas-cabeças*, cobra-cega.
O gênero Leposternon possui espécies caracterizadas por terem a cabeça achatada dorso-
ventralmente, com a abertura nassal na superficie ventral do focinho, que é arrebitado, dando
à cabeça desses animais uma forma de pá que os auxilia a cavar galerias no solo. Possuem
hábitos fossoriais e se alimentam principalmente de minhocas. Leposternon infraorbitale é
conhecida apenas para áreas de Mata Atlântica da Bahia ao Rio de Janeiro. Devido à vida
fossorial e à raridade natural dessa espécie, pouco se conhece sobre sua biologia (FRANCO et
al., 1998; NAVAS et al., 2004; BARROS-FILHO et al., 2008; PEREZ & RIBEIRO, 2008).
31
Leposternon wuchereri foi registrado para a EVC a partir de um único espécime, morto
acidentalmente na sede da EVC por um funcionário da RPPN.
Typhlopidae
Amerotyphlops brongersmianus (Vanzolini, 1976) (Figuras 23 e 26)
Cobra-cega*, cobra-da-terra
Espécie de pequeno porte, com no máximo 330 mm de comprimento rostro-cloacal. É uma
das serpentes mais amplamente distribuídas pela América do Sul, ocorrendo em vários
biomas da Venezuela ao Uruguai. É relativamente abundante e suporta vários graus de
antropização, sendo encontrada inclusive em áreas desmatadas, terras agrícolas e áreas
urbanas. Apresenta hábito fossorial e é ovípara com reprodução é sazonal, ocorrendo no final
da estação seca. Alimenta-se de larvas, pupas e adultos de formigas (ARGÔLO, 2004;
ÁVILA et al., 2006; HARTMANN & GIASSON, 2008; MARTINS et al., 2010; ARRUDA et
al., 2011). Durante o presente estudo fora feitos 11 registros desta espécie: um indivíduo foi
encontrado atravessando a estrada que corta a EVC e os outros dez foram obtidos em
armadilhas de intercepção e queda, sete em ambientes de borda ou próximos a áreas abertas e
três no interior da mata.
Boidae
Boa constrictor Linnaeus, 1758 (Figuras 16 e 26)
Jiboia*, salamanta*
Trata-se do boídeo mais amplamente distribuído pela região Neotropical, ocorrendo em
florestas e áreas abertas dos mais diversos biomas da América do Sul cisandina, ausente
apenas das áreas mais meridionais, com clima subtropical e temperado. Na Mata Atlântica,
parece ser particularmente comum em áreas próximas ao litoral (restingas arbóreas e
arbustivas). Com comprimento máximo em torno de 4.000 mm, é comumente considerada
uma espécie terrestre que eventualmente sobe em árvores. Predominantemente noturna, mas
pode ser encontrada ativa durante o dia. Alimenta-se principalmente de mamíferos, aves e
lagartos, mas há relatos de Boa constrictor predando também anfíbios, ovos e outras
serpentes; é vivípara, parindo até 64 filhotes no inverno. Apresenta comportamento defensivo
de escancarar a boca desferindo botes, mas também realiza descargas cloacais e produz um
som sibilante intimidativo ao forçar a expulsão do ar dos pulmões (MARQUES et al.,
2001;ARGÔLO, 2004; PONTES & ROCHA, 2008; OLIVEIRA et al., 2015; CASTRO &
32
SOARES-SILVA, 2016). Não foi incluída na lista nacional ou nas listas estaduais de fauna
ameaçada de extinção, mas demanda cuidado porque é vítima de captura para manutenção em
cativeiro e para consumo de sua carne e couro. Assim, durante o presente estudo nenhum
exemplar foi coletado. Foram feitos dois registros fotográficos, ambos na rodovia BR-376,
nas proximidades da EVC: um indivíduo encontrado atropelado e outro encontrado vivo (foi
solto na mata após as fotografias); um terceiro espécime foi registrado atravessando a estrada
que corta a EVC, a aproximadamente 100 m da sede. Não foi possível determinar subespécie
para esses exemplares, mas seu padrão de cor e desenhos indicam ser Boa c. constrictor.
Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) (Figuras 16 e 26)
Cobra-de-veado, suaçuboia
Esta espécie está amplamente distribuída pela América do Sul, especialmente concentrada na
Amazônia e na metade norte da Mata Atlântica (do Ceará até São Paulo), chegando à Costa
Rica e ao Panamá. É predominantemente florestal, mas pode ser encontrada em áreas com
formações vegetacionais abertas, onde aparece associada a matas de galeria ou a relictos
florestais isoaldos. Suporta diversos graus de alterações antrópicas, não sendo rara na periferia
das cidades ou em propriedades rurais. É arborícola, mas ocasionalmente desce ao solo, e
vivípara, podendo gerar entre três e 24 filhotes que nascem na estação chuvosa; noturna, se
alimenta de mamíferos, aves, anfíbios e lagartos, com dieta diferenciada conforme a idade;
possui grande variação na coloração das escamas, e quando ameaçada pode desferir botes
(FRANCO et al., 1998; ARGÔLO, 2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; PALMUTI et al.
2009; COSTA et al., 2010). Nove indivíduos desta espécie foram registrados durante o
presente estudo: sete na sede da EVC, tanto nos edifícios (refeitório, alojamento, grade que
cerca o espaço e outros), quanto sobre árvores isoladas da mata ou atravessando a estrada que
corta a RPPN, e dois foram encontrados provavelmente em forrageio sobre árvores na borda
da mata, um a aproximadamente 1,50 m de altura e outro a aproximadamente 3m de altura.
Oito espécimes foram registrados no período noturno e um apresentava dois espinhos de
ouriço (Coendou insidiosus (Olfers, 1818); Rodentia, Erethizontidae) atravessando seu corpo
de dentro para fora, um na cabeça e outro no abdomen.
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) (Figuras 16 e 26)
Jiboia*, salamanta*
Epicrates cenchria ocorre de forma disjunta na Amazônia e na metade norte da Mata
Atlântica, onde possui registros de Pernambuco até o Rio de Janeiro. É uma serpente que
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atinge até 2.000 mm de comprimento rostro-cloacal, e que ocorre preferencialmente em
florestas fechadas, pois não suporta bem os ambientes perturbados pelo homem. Diuturna,
vivípara, produz até 15 filhotes por vez, e tem dieta baseada em mamíferos, aves e ovos de
aves, além de alguns registros de anuros e lagartos. É terrícola, mas não encontra dificuldades
para subir em árvores (FRANCO et al., 1998; ARGÔLO, 2004; PALMUTI et al., 2009;
MARTÍN-SOLANO et al., 2016). Apenas dois indivíduos, ambos jovens, foram registrados
durante o presente estudo: um encontrado atravessando a estrada que corta a EVC e o outro
sobre uma folha grande, a mais ou menos 1,80m de altura, na beira de um riacho no interior
da mata; ambos no período noturno.
Colubridae
Chironius cf. exoletus (Linnaeus, 1758) (Figura 17)
Cobra-cipó*, caninana*
Sua distribuição se dá desde a Costa Rica até a Argentina, essencialmente em ambientes
florestais ou de mata de galeria. Possui registros para o Cerrado, mas ocorre principalmente
na região Amazônica e por quase toda a Mata Atlântica. Trata-se de espécie semi-arborícola
de grande porte, podendo atingir 1.200 mm de comprimento rostro-cloacal. É ovípara, com
reprodução sazonal, ovipositando de cinco a 12 ovos por temporada, isto é, no período
chuvoso do ano. Forrageia durante o dia e pela noite pode ser encontrada em repouso sobre
arbustos e árvores. Alimentam-se de anfíbios e ocasionalmente lagartos, principalmente
espécies arborícolas. Quando ameaçada, pode se achatar lateralmente, abrir a boca de forma
ameaçadora, desferir botes e soltar descarga cloacal (MARQUES et al., 2001; ARGÔLO,
2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; CONDEZ et al., 2009; HARTMANN et al., 2009;
COSTA et al., 2010; FORLANI et al., 2010; BARBO et al., 2011). Foram feitos apenas dois
registro durante o presente estudo, ambos a partir de espécimes encontrados atropelados na
rodovia BR-367 próximo à EVC; nenhum registro feito no interior da RPPN. O status desta
espécie está sendo questionado por taxônomos que estudam o gênero Chironius; ligado a um
espécime amazônico, o nome C. exoletus talvez não seja aplicável às formas encontradas na
Mata Atlântica; em função disso, optei por tratar os espécimes citados como Chironius cf.
exoletus (Felipe Curcio, Universidade Federal do Mato Grosso, com. pess. em 2016).
Chironius foveatus Bailey, 1955 (Figuras 17 e 26)
Cobra-verde, cobra-cipó, caninana*
34
Possui uma coloração predominantemente verde, sua distribuição se da na mata atlântica dá
da Bahia até Santa Catarina. São áglifas, de grande porte, ovíparas, pondo de quatro a nove
ovos, e como outras espécies do gênero, se reproduzem no período chuvoso do ano. Ocorre
em florestas, é semi-arborícola, diurna e pode usar a vegetação para dormir durante a noite,
alimenta-se de aves e anfíbios. Quando ameaçadas podem se achatar lateralmente, abrir a
boca de forma ameaçadora, desferir botes e soltar descarga cloacal, é uma espécie restrita a
Mata Atlântica (FRANCO et al., 1998; FORLANI et al., 2010; MARQUES et al., 2001;
ARGOLO, 2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; HARTMANN et al., 2009). Apenas três
indivíduos foram registrados durante o presente estudo: um jovem encontrado durante a noite,
descansando sobre galho a menos de dois metros do solo, mais um indivíduo encontrado
atropelado na estrada que corta a EVC e outro capturado por funcionários da EVC – espécime
apenas com a metade traseira do corpo, pois estava sendo predado por um gavião-carcará,
Caracara plancus (Miller, 1717).
Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) (Figuras 17 e 26)
Cobra-cipó*, caninana*, espia-caminho*, cobra-cipó marrom, cobra-espada
Chironius fuscus é uma serpente áglifa, diurna, terrestre e arborícola que ocupa a Amazônia e
a Mata Atlântica, podendo incluir alguns ambientes abertos nesses biomas (DIXON et
al.,1993; HOLLIS, 2006). Sua dieta é composta de anuros, principalmente Leptodactylidae,
mas ocasionalmente caça outros anfíbios e também lagartos, e para capturar suas presas, os
indivíduos desta espécie movem-se ao longo do chão da floresta e na vegetação baixa
forrageando (MARQUES et al., 2001; MARQUES & SAZIMA 2003; HARTMANN et al.,
2009). Seu comprimento máximo chega a 1.400 mm (ARGÔLO, 2004; PONTES & ROCHA,
2008) e possui coloração que varia ontogeneticamente, sendo castanho-acinzentada com
faixas claras nos jovens, as quais desaparecem no adulto, que passa a uma coloração
castanho-ferruginosa. Defende-se erguendo e achatando lateralmente a parte anterior do
corpo, vibrando a cauda, desferindo botes, mordendo e, também, por contorção violenta do
corpo. É ovípara, com postura de três a sete ovos alongados na primavera e no fim do inverno
(PONTES & ROCHA, 2008). Chironius fuscus foi a serpente com o maior número de
registros durante o presente estudo, com 24 indivíduos no total. A maioria (19 registros) foi
obtida por coleta manual, principalmente de indivíduos encontrados pela noite, descansando
sobre a vegetação, de 10 até 3.500 mm de altura do solo, mas também indivíduos capturados
durante o dia enquanto tomavam sol ou forrageavam pelo chão ou sobre galhos; quatro
exemplares foram encontrados atropelados na estrada que corta a EVC ou na rodovia BR-367,
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e um foi encontrado na sede da RPPN. Um indivíduo foi capturado enquanto predava uma rã
Haddadus binotatus (Spix, 1824) (Anura, Craugastoridae). Todos os coletados vivos se
monstraram agressivos, batendo a cauda, soltando descarga cloacal, desferindo botes ou
mordendo.
Chironius laevicollis (Wied, 1824) (Figura 17)
Cobra-cipó preta, cobra-cipó verde, caninana, papa-pinto
Exclusiva da Mata Atlântica, esta é a mais robusta das espécies do gênero, com comprimento
rostro-cloacal chegando a 1.700 mm, o que parece refletir seu hábito preferencialmente
terrícola (DIXON et al., 1993; MARQUES, 1998; ARGÔLO, 2004). A espécie tem hábitos
diurnos e forrageia movendo-se sobre o chão da floresta ou sob a vegetação, procurando por
anuros (HARTMANN et al., 2009). Apresenta mudança ontogenética na coloração, com
juvenis de cor verde; conforme crescem, a parte posterior do corpo torna-se gradualmente
mais escura, e em grandes indivíduos a cor de fundo varia do preto ao marrom amarelado
(HARTMANN et al., 2009). MARQUES & SAZIMA (2003) sugerem que a cor verde da
descendência de C. laevicollis está relacionada ao hábito arborícola mais pronunciado nos
juvenis. A cor verde dos jovens de C. laevicollis pode também servir para imitar a serpente
peçonhenta Philodryas aestiva do sul da mata atlântica, pois Philodryas também possui
hábitos arborícolas. Sua alimentação é principalmente baseada em anuros Leptodactylidae,
mostrando as tendências tipicamente terrestres do gênero (MARQUES & SAZIMA, 2003), e
sua reprodução é sazonal (MARQUES, 1998). Apenas dois indivíduos foram registrados
durante o estudo, ambos na rodovia BR-367, próximo à EVC.
Leptophis ahaetulla liocercus (Wied, 1824) (Figuras 18 e 26)
Caninana*, cobra-cipó azulada, azulão-boia, boiubu
Esta subespécie é exclusiva da Mata Atlântica, com ocorrência da Paraíba ao Rio de Janeiro,
onde ocupa as florestas ombrófilas de baixada, mas também restingas e alguns ambientes
alterados (ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; ALBUQUERQUE et al., 2007). É
uma serpente semi-arborícola, diurna, comumente vista em arbustos e árvores, embora
também frequente o solo; possui tamanho moderado, com comprimento rostro-cloacal de até
1.300 mm; alimenta-se principalmente de anfíbios, mas também preda lagartos, aves e até
outras cobras (ARGÔLO, 2004; FRANÇA et al., 2012). Foram obtidos dois registro desta
espécie durante o estudo: um indivíduo fotografado próximo à sede, em trilha na mata, e outro
36
encontrado atravessando a estrada que corta a EVC – este espécime estava bastante agressivo,
deu descarga cloacal, desferiu vários “botes” e mordeu.
Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) (Figuras 18 e 27)
Cobra-cipó*, Cobra-bicuda
Esta espécie ocorre desde o estado do Arizona, nos Estados Unidos, até o sudoeste do Brasil,
sendo uma das serpentes mais amplamente distribuídas pelas Américas (KEISER, 1982). É
arbórea, longa e delgada, mas também pode ser encontrada no solo; possui tamanho
moderado, com comprimento rostro-cloacal máximo de 1.700 mm; alimenta-se de lagartos,
anuros e pequenos pássaros (ARGÔLO, 2004; FREITAS & SILVA, 2007; MESQUITA et al.,
2010; FRANÇA et al., 2012). Oxybelis aeneus é principalmente diurna e, antes ou logo
depois de escurecer, recorre a poleiros para dormir. Sua coloração e comportamento ajudam a
se camuflar ente os galhos, fazendo com que se torne quase imperceptível. Quando contida,
assume posição em forma de "S" e abre a boca para mostrar a mucosa azul escura/preta que
pode parecer ameaçadora aos predadores (FRANCO et al., 1998; MARQUES et al., 2001;
ARGÔLO, 2004; HENDERSON, 1974). Durante o estudo foram obtidos 11 registros desta
espécie: três encontradas dormindo enroladas em galhos durante a noite, três atravessando a
estrada que corta a EVC, uma se movendo no galho de uma árvore a mais ou menos 1,70m de
altura, uma na sede da RPPN e três encontrados atropelados na estrada que corta a EVC.
Todos os indivíduos eram bastante agressivos, abriram a boca mostrando a mucosa preta,
desferiram “botes”, morderam e deram descarga cloacal.
Spilotes sulphureus poecilostoma (Wied, 1824) (Figuras 18 e 27)
Caninana*
Espécie de grande porte, semi-arborícola, que frequenta tanto a vegetação como o solo; é
diurna, ovípara, alimenta-se tanto de aves e mamíferos (ARGÔLO, 2004). Foram feitos sete
registros desta espécie durante o presente estudo: um registo foi feito na sede da EVC, três na
estrada que corta a EVC, dois em trilhas na borda da mata e um foi encontrado em descanso
sob tronco, no interior da mata. Todos os registros foram feitos durante o dia, na parte da
manhã.
Tantilla aff. melanocephala (Linnaeus, 1758) (Figuras 18 e 27)
Cabecinha-preta
37
Sob o nome Tantilla melanocephala encontram-se várias formas muito semelhantes que,
aparentemente, compõem um complexo de espécies crípticas, provavelmente com parentesco
muito próximo (Adriano Silveira, Museu Nacional, Rio de Janeiro, com. pess. em 2012), mas
tal revisão taxonômica ainda não foi publicada. Se considerarmos essas formas em conjunto,
veremos que Tantilla cf. melanocephala encontra-se amplamente distribuída desde o sul da
Guatemala para o Peru, Bolívia, norte da Argentina, Brasil e Uruguai, ocorrendo em florestas
e também em áreas abertas (SAWAYA & SAZIMA, 2003). É uma serpente de pequeno porte,
com comprimento rostrocloacal máximo de 300 mm, tanto terrícola quando fossorial, e na
Amazônia é referida como diurna, porém tem sido registrada em atividade noturna no Cerrado
e em partes do sudeste do Brasil. Sua dieta é constituída principalmente de lacraias e insetos,
e sua reprodução é ovípara, com ciclo reprodutivo sazonal, com vitelogênese começando no
meio da estação chuvosa (ARGÔLO, 2004; BARBO et al., 2011). Três indivíduos (dois
machos e uma fêmea) desta espécie foram registrados durante o estudo, todos dentro de um
mesmo balde, em armadilha de pitfall armada no interior da mata.
Dipsadidae
Atractus sp. (Figuras 19 e 27)
Sem nome popular
Serpentes do gênero Atractus são fossoriais, ovíparas, diuturnas e se alimentam de minhocas e
artrópodes que encontram sob a serrapilheira ou em galerias no solo. Podem ser encontradas
sob troncos caídos ou pedras, e, quando ameaçadas, tentam fugir se escondendo sob a
vegetação ou em frestas, se enterrando, ou ainda se enrolar protegendo a cabeça, se achatar
dorso-ventralmente, realizar movimentos erráticos e soltar descarga cloacal (MARQUES et
al., 2001; ARGÔLO, 2004; HARTMANN & GIASSON, 2008; CONDEZ et al., 2009;
HARTMANN et al., 2009; FORLANI et al., 2010; BARBO et al., 2011). Apenas um registro
desse gênero foi realizado durante o presente estudo: um espécime encontrado atropelado na
estrada que corta a EVC. Apesar de encontrado morto por atropelamento, o espécime
apresenta boas condições e aparenta ser uma espécie nova, pois apresenta um conjunto de
caracteres não conhecido em outras espécies de Atractus (Renato S. Bérnils, Universidade
Federal do Espírito Santo, São Mateus; e Paulo Passos, Museu Nacional, Rio de Janeiro; com.
pess. em janeiro de 2017). A existência de outro exemplar com as mesmas características,
também encontrado atropelado na EVC pelo autor-sênior do estudo de FRANCO et al.
(1998), Dr. Francisco L. Franco, reforça a suspeita de se tratar de nova espécie.
38
Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796) (Figuras 19 e 27)
Dormideira
É uma espécie de pequeno a médio porte, ovípara, que ocorre principalmente em florestas,
mas pode frequentar ambientes alterados; é semi-arborícola, podendo usar a vegetação e o
solo como substrato; noturna, alimenta-se principalmente de moluscos, mas também pode
comer larvas de insetos e lagartos (ARGÔLO, 2004). Foram obtidos três registros desta
espécie durante o presente estudo: um indivíduo foi encontrado morto na sede da EVC
(provavelmente predado por um dos gatos domésticos que a população abandona na RPPN) e
dois registros foram feitos em trilhas no interior da floresta, um encontrado em galhos secos
próximos ao chão e outro na serrapilheira.
Dipsas indica indica Laurenti, 1768 (Figuras 19 e 27)
Dormideira, dorme-dorme, falsa-jararaca, pingo-de-ouro
Esta subespécie ocorre na Amazônia e na Mata Atlântica, onde é encontrada apenas no
sudeste da Bahia e norte do Espírito Santo (ARGÔLO & ALVES, 2002; ARGÔLO, 2004;
obs. pess.). Dipsas i. indica é uma forma florestal, sendo encontrada tanto sobre a vegetação
como no solo; é noturna e alimenta-se de moluscos, com comprimento máximo em torno de
600 mm (ARGÔLO, 2004). O comportamento defensivo mais comum em cobras deste grupo
é o achatamento dorsoventral da cabeça para produzir uma forma triangular, quando assumem
posição similar à de ataque de cobras venenosas como Bothrops jararaca, das quais ainda
imitam a cor, o padrão e o movimento; também efetua descarga cloacal de fezes ou de
secreções da glândula anal (ROJAS & ESCOBAR, 2010). Cinco indivíduos foram registrados
durante o presente estudo, todos através de coleta manual em busca ativa noturna: três em
uma mesma trilha no interior da mata, próximo a um riacho, outro em outra trilha, também no
interior da mata, e um quinto espécime foi coletado atravessando a estrada que corta a EVC.
Alguns estavam enrolados sobre galhos e folhas e outros possivelmente em forrageio.
Dipsas variegata (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Figuras 19 e 27)
Jararaca*, dormideira, dorme-dorme, falsa-jararaca, pingo-de-ouro
É uma espécie da Mata Atlântica que ocorre nas florestas ombrófilas densas da região
costeira, de Alagoas até Santa Catarina, mas habita também, ainda que marginalmente,
florestas semideciduais na Bahia e florestas ombrófilas mistas no Paraná (PORTO &
FERNANDES, 1996). Trata-se de serpente de tamanho moderado, com comprimento rostro-
39
cloacal máximo de 800 mm, que pode ser encontrada em bromélias, sobre a vegetação ou no
solo; é noturna e alimenta-se exclusivamente de moluscos (PORTO & FERNANDES, 1996;
ARGÔLO, 2004). O tamanho da ninhada é relativamente pequeno entre os dipsadíneos,
ovipositando de três a cinco ovos, e a produção de espermatozoides ocorre durante todo o ano
(PIZZATTO et al., 2008). Sete indivíduos foram registrados durante este estudo: três na sede
da EVC, um em eucaliptal vizinho à RPPN, dois encontrados atropelados, e um individuo foi
encontrado no interior da mata sobre um tronco caído na beira de um riacho. Um dos
exemplares encontrados na sede estava enrolado no chão sobre folhas secas, e ao ser
manuseado assumiu posição de “bote” e triangulou a cabeça, lembrando o formato típico dos
Bothrops (gênero peçonhento, possível mimetismo).
Sibynomorphus newviedi (Ihering, 1910) (Figura 22)
Surucucu-do-brejo*, dormideira
Possuem de pequeno a médio porte, são ovíparas de reprodução sazonal, podendo colocar de
quatro a 12 ovos. Ativas no período crepuscular e noturno, alimentam-se de moluscos, como
lesmas e caramujos, e são terrestres ou semi-arborícolas. Ocorrem em florestas e áreas
perturbadas da Mata Atlântica. Quando ameaçadas, triangulam a cabeça, podem dar descarga
cloacal ou se enrolam escondendo a cabeça (ARGÔLO, 2004; MARQUES & SAZIMA,
2004; HARTMANN et al. 2009; COSTA et al., 2010; FORLANI et al., 2010; BARBO et al.
2011; CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Apenas um indivíduo desta espécie foi
registrado durante o estudo, encontrado atropelado na rodovia BR-367 a mais ou menos 2 km
da entrada da EVC.
Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758) (Figuras 20 e 27)
Cobra-cipó*
Possuem corpo fino e achatado lateralmente, além de cauda muito longa; são arborícolas que
ocorrerem em florestas e ambientes antropizados, mas podem frequentar o solo
ocasionalmente. São noturnas e ovíparas que se alimentam de lagartos e anfíbios. Quando
ameaçadas, podem esconder a cabeça e soltar descarga cloacal (MARQUES et al., 2001;
ARGOLO, 2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; HARTMANN et al., 2009). Apenas um
registro desta espécie foi feito durante o presente estudo: a coleta manual de um indivíduo que
parecia estar forrageando durante a noite, sobre galhos secos próximo a uma poça temporária
em área semiaberta.
40
Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) (Figuras 20 e 28)
Jararaca*, dormideira, dorme-dorme, falsa-jararaca, malha-de-sapo
Leptodeira annulata é espécie de ampla distribuição geográfica, com registro para diversas
formações vegetacionais do México à Argentina; ocorre em florestas, mas pode ser
encontrada em ambientes alterados e áreas abertas, frequentando a superfície do solo, arbustos
e arvoretas (DUELLMAN, 1958). Esta serpente tem hábitos crepusculares e noturnos e é
confundida com espécies de Bothrops, sendo ambas popularmente conhecidas como malha-
de-sapo. Ovípara, com três a nove ovos por período, alimenta-se de lagartos e anuros adultos,
mas girinos também já foram registrados em sua dieta; possui dimorfismo sexual, com
machos menores que fêmeas; atinge 1.100 mm de comprimento rostro-cloacal (CARVALHO
et al., 2005; FREITAS & SILVA, 2007; PIZZATTO et al., 2008; PONTES & ROCHA,
2008). Apenas três indivíduos foram registrados durante o presente estudo, todos através de
coleta manual no período noturno, e notei que os três indivíduos apareceram após período
chuvoso, quando muitos anuros estavam ativos: um exemplar foi encontrado entrando em
tronco oco próximo a uma poça temporária, e outros dois sobre a vegetação, também em poça
temporária, em área de muçununga; um deles estava próximo a uma Phyllomedusa sp.
(Anura, Phyllomedusidae).
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) (Figuras 22 e 28)
Cobra-cipó*, cobra-verde*
Esta espécie possui ampla distribuição na América do Sul cisandina, desde as Guianas até o
Uruguai. Possui porte médio, é ovípara e possui coloração predominante verde; é diurna, mais
ativa nas horas mais quentes do dia, e semi-arborícola. Pode ocorrer em florestas, ambientes
perturbados e áreas abertas, alimentam-se de anfíbios, lagartos, pequenos mamíferos, aves e
ovos de répteis. É ovípara, podendo colocar até 20 ovos por vez. Quando em repouso,
permanece sobre a vegetação em locais protegidos, sob troncos caídos ou em galerias no solo.
Para se defender, pode morder e soltar descarga cloacal. Acidentes com esta espécie podem
causar hematomas, edemas e dores, e podem ser considerados graves (FRANCO et al., 1998;
MARQUES et al., 2001; ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; CONDEZ et al., 2009;
HARTMANN et al., 2009; COSTA et al., 2010; FORLANI et al., 2010; BARBO et al., 2011;
CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Foram obtidos quatro registros desta espécie durante o
presente estudo: um foi capturado em estrada na borda da RPPN, e três foram encontrados
atropelados na rodovia BR-367, relativamente afastados da EVC.
41
Oxyrhopus cf. guibei Hoge & Romano, 1978 (Figuras 20 e 28)
Coral*, falsa-coral
Oxyrhopus guibei ocorre nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, bem
como no leste da Bolívia e do Paraguai, e no nordeste da Argentina, principalmente em áreas
com vegetação aberta, como no Cerrado; sua presença na Mata Atlântica pode ser considerada
invasão, uma vez que ela vem sendo registrada apenas em áreas abertas antropizadas (Renato
S. Bérnils, Universidade Federal do Espírito Santo, com. pess. em 2016). Sua dieta
(principalmente lagartos e pequenos roedores), baseada em animais que sobrevivem bem em
ambientes urbanos, é outro indício de que O. guibei é potencialmente adaptada a locais com
alteração antrópica. Trata-se de serpente de porte médio a grande, com comprimento rostro-
cloacal de até 815 mm; ovípara, se reproduz durante o ano todo e suas ninhadas têm de três a
20 ovos; as fêmeas, que não comem enquanto estão prenhes, são capazes de estocar
espermatozoides e apresentam dimorfismo sexual, sendo maiores que machos. Tem hábitos
terrícolas, predominantemente crepusculares e noturnos, podendo ser encontrada ativa durante
o dia. (MARQUES et al., 2001; PIZZATTO & MARQUES, 2003; ARGÔLO, 2004;
TOZETTI et al., 2004; CONDEZ et al., 2009; FORLANI et al., 2010; COSTA et al., 2010a;
BARBO et al., 2011; BRAZ & GRANVILLE, 2011; ALENCAR et al., 2012). Durante o
presente estudo foram obtidos quatro exemplares que podem ser identificados como O.
guibei, mas com dúvidas, pois, em relação àquela espécie, apresentam diferenças de
coloração, porte físico e preferência de habitat que podem indicar se tratar de outra espécie,
ainda não descrita e habitante exclusiva da Mata Atlântica litorânea do sul da Bahia e norte do
Espírito Santo (Renato S. Bérnils, Universidade Federal do Espírito Santo, com. pess. em
2016). Dois indivíduos de Oxyrhopus cf. guibei foram encontrados de noite, em trilha no
interior da mata, aparentemente forrageando; outro foi encontrado por um funcionário da
RPPN preso em uma armadilha de cola na qual havia pequenos ratos presos (provavelmente
tentava capturá-los); e um quarto foi encontrado atropelado no acostamento da rodovia BR-
367 próximo à reserva.
Oxyrhopus petolarius (Linnaeus, 1758) (Figuras 20 e 28)
Falsa-coral
Distribui-se do Panamá ao litoral brasileiro, passando pela Hileia Amazônica, parte do
Cerrado e, na Mata Atlântica, descendo até o norte do estado do Paraná e nordeste da
Argentina, ocorrendo em florestas, áreas perturbadas e áreas urbanas. Possui comprimento
42
médio, é ovípara com ninhadas variando de três a dez ovos, e terrícola, podendo subir na
vegetação; noturna, alimenta-se de lagartos, roedores e ovos de aves, e quando ameaçada
pode realizar movimentos erráticos ou esconder sua cabeça como forma de defesa (FRANCO
et al., 1998; MARQUES et al., 2001; ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; COSTA et
al., 2010). Quatro registros foram obtidos durante o presente estudo: três foram encontrados
atropelados na rodovia BR-367, todos próximos à EVC, e um individuo parecia estar
forrageando no chão da sede da RPPN.
Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Figura 22)
Muçurana, cobra-preta, cobra-malhada
Pseudoboa nigra ocorre na Caatinga e no Cerrado do norte do Brasil até as regiões Sudeste e
Centro-Oeste, além de parte de Paraguai, Bolívia e Argentina; sua presença na Mata Atlântica
pode ser considerada secundária, ou seja, ligada à ocupação de áreas que perderam suas
florestas e hoje apresentam paisagens predominantemente abertas e ensolaradas, condizentes
com seus hábitos. É espécie terrícola, crepuscular e noturna, mas pode ser vista de dia. Possui
tamanho moderado, podendo chegar a 1.200 mm, e apresenta grande variação de coloração,
predominando três tipos: dorso preto liso, dorso preto com manchas brancas irregularmente
distribuídas e dorso róseo ou branco com manchas negras parcamente distribuídas; a
diversidade de padrões de cores e desenhos dorsais dessa espécie é encarada por alguns
pesquisadores como podendo representar táxons diferentes. É ovípara, com reprodução ao
longo de todo o ano, e apresenta dimorfismo sexual, com fêmeas maiores que machos.
Alimenta-se preferencialmente de lagartos e ovos, mas também preda pequenos mamíferos
(ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; COSTA et al., 2010a; OROFINO et al., 2010;
MONDIN et al., 2011; FRANÇA et al., 2012). Durante o presente estudo foram obtidos dois
exemplares de P. nigra, ambos encontrados atropelados na rodovia BR-367, próximo à EVC.
Siphlophis compressus (Daudin, 1803) (Figuras 22 e 28)
Coral, falsa coral
Siphlophis compressus ocorre da Costa Rica até a Amazônia e, de forma disjunta, também na
Mata Atlântica do Ceará ao Rio de Janeiro. Os representantes desta espécie possuem tamanho
médio, ocorrem em florestas e áreas abertas, são semí-arborícolas, diuturnas e alientam-se
principalmente de lagartos, mas ocasionalmente predam serpentes, pequenos mamíferos,
anuros e ovos de lagartos (FRANCO et al., 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1998;
ARGÔLO, 2004; GUEDES et al., 2011; MOLLO NETO et al., 2013). Foram obtidos quatro
43
registro desta espécie durante o presente estudo: um indivíduo foi capturado saindo de uma
armadilha de pitfall no interior da mata e três foram encontrados atravessando em estradas no
interior da mata (dois em área afastada da estrada principal, que corta a EVC).
Erythrolamprus miliaris ssp. (Linnaeus, 1758) (Figuras 21 e 28)
Cobra-d'água*, cobra-lisa
Erythrolamprus miliaris possui ampla distribuição pela América do Sul, da Amazônia à
Argentina, e se encontra repartida em pelo menos cinco subespécies; na Mata Atlântica, entre
o litoral nordestino e o Rio de Janeiro, ocorre a forma Erythrolamprus miliaris merremi
(GANS, 1964; DIXON, 1983; 1989; GIRAUDO et al., 2006). Trata-se de espécie de porte
médio, com cerca de 680 mm de comprimento rostro-cloacal máximo; ovípara, com ninhadas
entre um e 30 ovos, apresenta hábitos semi-aquáticos, podem ser encontrada à margem de
alagados, lagoas, córregos, manguezais e também no habitat marinho, sendo encontrada em
atividade tanto de dia quanto de noite. Alimenta-se de peixes, anfíbios, ovos de anuros,
lagartos, anfisbenas e mesmo de outras serpentes. Na região Sudeste do Brasil, sua
reprodução parece ser sazonal, concentrada no final do ano com recrutamento nos primeiros
meses do ano seguinte, mas há também registro de estoque de esperma por parte das fêmeas;
quando manuseada, pode utilizar-se de descarga cloacal como forma de defesa (MARQUES
& SOUZA, 1993; ARGÔLO, 2004; LINGNAU & DI BERNARDO, 2006; HARTMANN &
GIASSON, 2008; HARTMANN & GIASSON, 2008; CONDEZ et al., 2009; COSTA et al.,
2010a; FORLANI et al., 2010). Durante o presente estudo foram obtidos seis registros: três
durante a noite, sendo um em poça temporária entrando em uma espuma que parecia ser
desova de anuro, outro nadando em riacho dentro da mata e o terceiro aparentemente
forrageando na beira de poça temporária; um foi encontrado durante o dia descansando sob
tronco seco em área aberta alagável; e dois foram encontrados atropelados na estrada que
corta a EVC.
Erythrolamprus poecilogyrus schotti (Schlegel, 1837) (Figura 21)
Cobra-de-lixo, cobra-de-capim
Espécie de médio porte que ocorre predominantemente em áreas abertas e também em regiões
urbanas, do leste da Amazônia até o nordeste da Argentina, em diferentes biomas. Seus
exemplares são terrícolas, diuturnos e ovíparos, podendo se reproduzir ao longo de todo o
ano; alimentam-se se anfíbios anuros, lagartos e anfisbenas (ARGÔLO, 2004; FERNANDES,
44
2006). Foi feito apenas um registro desta espécie durante o presente estudo, um indivíduo
encontrado atropelado no acostamento da rodovia BR-367, próximo à entrada da EVC.
Erythrolamprus reginae semilineatus (Wagler, 1824) (Figuras 21 e 28)
Jabotiboia, cobra-d’água, cobra-de-capim
Distribui-se pela bacia amazônica e pela Mata Atlântica, das regiões Nordeste e Sudeste do
Brasil, onde pode ocorrer em florestas, áreas abertas e ambientes antropizados. É espécie
terrícola, frequentando ocasionalmente a vegetação, diuturna, ovípara e com dieta baseada em
anfíbios e pequenos lagartos. Quando ameaçada pode apresnetar achatamento dorso-ventral e
soltar descarga cloacal (FRANCO et al., 1998; MARQUES et al., 2001; ARGÔLO, 2004).
Apenas três indivíduos foram registrados durante o presente estudo: dois através de
armadilhas de intercepção e queda (uma em ambiente de borda, outra no interior da mata) e
um espécime foi encontrado atropelado na estrada que corta a EVC, próximo à sede. Um dos
indivíduos das armadilhas regurgitou dois anfíbios anuros ao ser manuseado.
Xenodon rabdocephalus (Wied, 1824) (Figuras 22 e 28)
Jararacuçu*, boipeva, falsa-jararaca
Esta espécie é compartilhada entre a Amazônia e a Mata Atlântica, na qual ocorre do litoral
nordestino até o Espírito Santo, principalmente em florestas, mas também em áreas abertas. É
uma serpente de porte médio, com comprimento máximo em torno de 800 mm, com história
natural ainda pouco estudada; é terrícola, diurna e se alimenta de anfíbios anuros adultos, mas
ocasionalmente também de girinos (ARGÔLO, 2004). Durante o presente estudo foram
obtidos três registros desta espécie: um indivíduo foi capturado na sede da EVC, outro
atravessando a estrada que corta a EVC (ambos durante o dia, mas sem horário definido por
terem sido capturados por terceiros) e o terceiro foi encontrado atropelado na estrada que
corta a EVC, próximo à sede.
Xenopholis scalaris (Wucherer, 1861) (Figuras 22 e 29)
Falsa-coral
Espécie de pequeno porte, com comprimento máximo de 300mm, que ocorre em florestas da
região amazônica e da Mata Atlântica. Seus representantes são terrícolas, mas podem subir na
vegetação ocasionalmente; diuturnos, ovíparos e com dieta baseada em anfíbios, ainda não
possuem estudos mais completos de história natural (ARGÔLO, 2004; CONDEZ et al.,
2009). Foi obtido apenas um registro desta espécie durante o presente estudo, um individuo
45
encontrado provavelmente forrageando no interior da mata, que, ao ser iluminado por
lanterna, achatou o corpo dorso-ventralmente e desferiu descarga cloacal ao ser manuseado.
Elapidae
Micrurus corallinus (Merrem, 1820) (Figuras 23 e 29)
Coral*, coral-verdadeira, coral-comum
Ocorre por quase todo o domínio da Mata Atlântica, em áreas florestadas das baixadas
litorâneas e de parte do planalto, da Bahia até o Rio Grande do Sul e Misiones, na Argentina,
evitando apenas as serras e os planaltos mais frios. É uma espécie semifossorial, de médio
porte, com comprimento rostro-cloacal em torno de 1.000 mm. É ovípara de reprodução
sazonal, com nascimento de dois a 12 filhotes no final da estação chuvosa e início da seca; os
machos estocam espermatozoides na porção final dos dutos deferentes do outono à primavera,
quando ocorre a cópula. Tem hábito predominantemente diurno, mas pode ser encontrada
ativa durante a noite. Alimenta-se de outras serpentes e vertebrados alongados como cecílias e
alguns lagartos. A defesa é feita por movimentos erráticos do corpo, escondendo a cabeça e
levantando a cauda, mas também mordendo ou fugindo (MARQUES, 1996; MARQUES &
SAZIMA, 1997; 2004; DIXO & VERDADE, 2006; PONTES & ROCHA, 2008; CONDEZ et
al., 2009; HARTMANN et al., 2009; COSTA et al., 2010a; FORLANI et al., 2010; BARBO
et al., 2011). Foi obtido apenas um registro de M. corallinus durante o presente estudo, um
espécime que caiu numa armadilha de intercepção e queda na borda da mata, e aparentava
estar com conteúdo estomacal.
Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) (Figuras 23 e 29)
Coral*, coral-verdadeira
Ocorre na Caatinga e na Mata Atlântica da região Nordeste, do Maranhão à Bahia. Possui
comprimento máximo em torno de 1.400mm e pode ocorrer em florestas e ambientes
antropizados; diurna ou crepusculare, ovípara, com dieta baseada em répteis serpentiformes e
cecilídeos; semi-fossorial que, quando ameaçada, pode se achatar dorso-ventralmente, enrolar
a cauda, realizar movimentos erráticos e esconder a cabeça (FRANCO et al., 1998;
MARQUES et al., 2001; ARGOLO, 2004; CARVALHO et al., 2005). Três indivíduos foram
registrados durante o estudo: um indivíduo parecia estar forrageando próximo à borda da
mata, no final da manhã, outro foi capturado por um funcionário da RPPN na sede da EVC,
durante o dia, e o terceiro encontrado atropelado na estrada que corta a EVC, próximo à sede.
46
Viperidae
Bothrops jararaca (Wied, 1824) (Figuras 23 e 29)
Surucucu*, jararacuçu*, boca-podre, jararaca, jararaca-do-rabo-branco
A distribuição desta espécie abrange áreas florestadas e algumas abertas, incluindo plantações
e ambientes urbanos, sendo endêmica da Mata Atlântica, da Bahia até o Rio Grande do Sul,
além de Paraguai e Argentina. É bastante comum e causa importante de acidentes ofídicos,
devido a sua abundância e irritabilidade. Trata-se de viperídeo de médio a grande porte,
podendo ultrapassar 1.000mm de comprimento rostro-cloacal. Sua reprodução é sazonal
(bienal), com cópula ocorrendo no início da estação seca e recrutamento no final da estação
chuvosa; as fêmeas podem estocar o esperma dos machos no útero posterior até o período de
fertilização, na primavera, e nascem de três a 36 filhotes da metade da estação chuvosa ao
início da estação seca. É predominantemente noturna e de hábito terrestre, mas também semi-
arborícola. Quando filhotes, as jararacas consomem principalmente quilópodes, anfíbios e
lagartos, mas na fase adulta comem pequenos mamíferos, e aves ocasionalmente (SAZIMA,
1992; MARQUES et al., 2001; DIXO & VERDADE, 2006; HARTMANN & GIASSON,
2008; CONDEZ et al., 2009; HARTMANN et al., 2009; COSTA et al., 2010a; FORLANI et
al., 2010; BARBO et al., 2011). Foi obtido apenas um registro desta espécie durante o
presente estudo, um indivíduo atravessando uma estrada secundária no interior da mata, no
período crepuscular.
Bothrops leucurus Wagler, 1824 (Figuras 23 e 29)
Surucucu*, jararacuçu*, malha-de-sapo*, boca podre, patrona, caiçaca, jararaca, jararaca-
preguiçosa, jararaca-do-rabo-branco, patrona
Esta espécie se distribui ao longo da costa atlântica do Ceará ao Espírito Santo, sendo mais
comum entre Sergipe e o litoral norte capixaba; habita desde matas úmidas até restingas e
áreas urbanas, sendo responsável pela maioria dos acidentes ofídicos nesse trecho da Mata
Atlântica. Trata-se de viperídeo terrícola, crepuscular a noturno, de médio a grande porte, com
até 1.500mm de comprimento rostro-cloacal. Bothrops leucurus é polimórfico e mostra
grande variedade de padrão de coloração, com variação geográfica, ontogenética e sexual;
quando jovem, caça de senta-e-espera, e sua alimentação inclui de preferência lagartos e
anuros, enquanto os adultos predam ativamente, principalmente mamíferos. Os juvenis
realizam movimento caudal para atrair suas presas para captura, e, para tanto, apresentam a
extremidade caudal branca, bege ou amarela; esse aspecto é perdido na medida em que os
47
animais crescem, mas alguns machos sub-adultos e adultos ainda mantém esta coloração
visível na cauda. É vivípara e a reprodução ocorre entre setembro e outubro, com filhotes
nascendo entre janeiro e março. O período mínimo de gestação é de cinco meses, quando, em
média, 12 filhotes nascem por ninhada, em proporção sexual de 40% fêmeas e 60% machos
(ARGÔLO, 2004; VILAR et al., 2004; CARVALHO et al., 2005; LIRA-DA-SILVA, 2009;
FRANÇA et al., 2012). Foram obtidos 11 registros desta espécie durante o presente estudo:
três na rodovia BR-367, próximos à entrada da EVC, dois na estrada que corta a EVC, dois na
sede da RPPN, dois no interior da mata, sendo um na beira de riacho e outro em trilha, um na
borda, perto de poça temporária, e outro no campus da Universidade Federal do Sul da Bahia,
não muito distante da EVC. Todos os exemplares encontrados vivos foram registrados em
horário crepuscular ou noturno.
48
Figura 9. Localização dos registros de Gymnodactylus darwinii (círculos vermelhos) e
Phyllopezus lutzae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo.
49
Figura 10: Localização dos registros de Dactyloa punctata (circulos vermelhos) e
Norops fuscoauratus (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo.
50
Figura 11. Localização dos registros de Enyalius pictus (circulos vermelhos), Polychrus
marmoratus (quadrados azuis) e Psychosaura macrorhyncha (cruzes amarelas) na RPPN
Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
51
Figura 12. Localização dos registros de Hemidactylus mabouia (circulos vermelhos),
Leposoma cf. scincoides (quadrados azuis), Strobilurus torquatus (cruzes amarelas) e
Tropidurus torquatus (asteriscos laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo.
52
Figura 13. Localização dos registros de Ameiva ameiva (circulos vermelhos) e Ameivula nativo
(quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
53
Figura 14. Localização dos registros de Kentropyx calcarata (circulos vermelhos) e
Salvator merianae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo.
54
Figura 15. Localização dos registros de Amphisbaena alba (circulos vermelhos),
Leposternon infraorbitale (quadrado azul) e Leposternon wuchereri (cruz amarela) na
RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
55
Figura 16. Localização dos registros de Boa constrictor (círculos vermelhos), Corallus
hortulanus (quadrados azuis) e Epicrates cenchria (cruzes amarelas) na RPPN Estação
Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
56
Figura 17. Localização dos registros de Chironius cf. exoletus (circulos vermelhos), C.
foveatus (quadrados azuis), C. fuscus (cruzes amarelas) e C. laevicollis (asteriscos laranja) na
RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
57
Figura 18. Localização dos registros de Leptophis ahaetulla liocercus (círculo
vermelho), Oxybelis aeneus (quadrados azuis), Spilotes sulphureus poecilostoma (cruzes
amarelas) e Tantilla aff. melanocephala (asterisco laranja) na RPPN Estação Veracel,
Bahia, durante o presente estudo.
58
Figura 19. Localização dos registros de Atractus sp, (circulo vermelho), Dipsas catesbyi
(quadrados azuis), Dipsas indica indica (cruzes amarelas) e Dipsas variegata (asteriscos
laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
59
Figura 20. Localização dos registros de Imantodes cenchoa (circulo vermelho),
Leptodeira annulata (quadrado azul), Oxyrhopus cf. guibei (cruzes amarelas) e
Oxyrhopus petolarius (asteriscos laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo.
60
Figura 21. Localização dos registros de Erythrolamprus miliaris (círculos vermelhos),
Erythrolamprus poecilogyrus schotti (quadrado azul) e Erythrolamprus reginae
semilineatus (cruzes amarelas) na RPPN estação Veracel, Bahia, durante o presente
estudo.
61
Figura 22. Localização dos registros de Philodryas olfersii (círculos vermelhos),
Pseudoboa nigra (quadrados azuis), Sibynomorphus neuwiedi (cruz amarela), Siphlophis
compressus (asteriscos laranja), Xenodon rabdocephalus (triângulos verdes) e Xenopholis
scalaris (losango rosa) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
62
Figura 23. Localização dos registros de Amerotyphlops brongersmianus (círculos
vermelhos), Micrurus corallinus (asterisco laranja), Micrurus ibiboboca (triangulos
verdes), Bothrops jararaca (quadrado azul) e Bothrops leucurus (cruzes amarelas) na
RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.
63
Figura 24. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo:
Hemidactylus mabouia (A), Gymnodactylus darwinii (B), Phyllopezus lutzae (C), Psychosaura machrorhynca
(D), Dactyloa punctata (E), Norops fuscoauratus (F), Enyalius pictus (G) e Polychrus marmoratus (H).
64
Figura 25. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante
o presente estudo: Strobilurus torquatus (A), Tropidurus torquatus (B), Leposoma
cf. scincoides (C), Ameiva ameiva (D), Ameivula nativo (E), Kentropyx calcarata
(F), Salvator merianae (G) e Amphisbaena alba (H).
65
Figura 26. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo: Leposternon infraorbitale (A), foto de um exemplar com a procedência
de Porto Seguro tombado na coleção MZ UESC, Amerotyphlops brongersmianus (B),
Boa constrictor (C), foto de Jailson Souza, funcionário da RPPN, Corallus hortulanus
(D), Epicrates cenchria (E), Chironius foveatus (F), foto de funcionários da RPPN,
Chironius fuscus (G) e Leptophis ahaetula liocercus (H).
66
Figura 27. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo: Oxybelis aeneus (A), Spilotes sulphureus poecilostoma (B), Tantilla aff.
melanocephala (C), Atractus sp. (D), Dipsas catesbyi (E), Dipsas indica indca (F),
Dipsas variegata (G) e Imantodes cencha (H), foto de Renan Moysés, colaborador do
estudo.
67
Figura 28. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo:. Leptodeira annulata (A), Philodryas olfersii (B), Oxyrhopus cf. guibei
(C), Oxyrhopus petolarius (D), Siphlophis compressus (E), Erythrolamprus miliaris ssp.
(F), Erythrolamprus reginae semilineatus (G) e Xenodon rabdocephalus (H).
68
Figura 29. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o
presente estudo: Xenopholis scalaris (A), Micrurus corallinus (B), Micrurus ibiboboca
(C), Bothrops jararaca (D) e Bohtrops leucurus (E).
69
3.4 Comparação da composição de Squamata da região estudada com áreas similares
Na Figura 30, o dendograma de similaridade obtido pela análise de agrupamento (cluster)
mostra a formação de quatro grupos principais com maior semelhança. O primeiro agrupa
áreas da Bahia ao sul da Baía de Todos os Santos com áreas do Espírito Santo, a saber:
BA_JAGU, BA_ILHE, BA_PSEG, ES_ITAU, ES_RNVA, ES_VITO e ES_PPCV; o segundo
grupo reune parte das áreas localizadas ao norte de Salvador com áreas do Rio Grande do Sul,
a saber: SE_FSFR, BA_LITN, CE_FORT, RN_NATA, RS_PALU e RS_TAIM; o terceiro
grupo é formado por áreas localizadas nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e
Santa Catarina, a saber: RJ_CASI, RJ_DUQU, RJ_CIDA, RJ_ILGR, SP_JURE, SP_DVPR,
PR_LITS e SC_ITAJ; e o quarto agrupamento reuniu as áreas BA_SALV e PB_JPES.
Figura 30. Dendograma da análise de agrupamento de 23 localidades litorâneas de Mata Atlântica a
partir de 197 táxons de Squamata.
O Coeficiente de Duellman, proposto por DUELLMAN (1989), largamente utilizado em
estudos herpetofaunísticos por conta de sua simplicidade e resultados de fácil interpretação, é
dado pela função CD=2C/(N1+N2), onde C é o número de espécies em comum em ambas as
regiões comparadas, N1 é o numero de espécies ocorrentes na região de interesse, e N2 é o
numero de espécies ocorrentes da região utilizada para comparação.
70
Tabela 5. Coeficiente de Duellman mostrando a similaridade da fauna de Squamata entre a região de
Porto Seguro e outras 22 áreas selecionadas da Mata Atlântica.
Área Coeficiente de
Duellman BA_ILHE 0.7647 ES_RNVA 0.7538 BA_JAGU 0.7096 ES_ITAU 0.7058 ES_VITO 0.6567 BA_SALV 0.5850 ES_PPCV 0.5840 RJ_DUQU 0.5210 PB_JPES 0.4480 RJ_CIDA 0.4242 RJ_CASI 0.4000
Área Coeficiente de
Duellman RJ_ILGR 0.3921 BA_LITN 0.3428 RN_NATA 0.2990 SC_ITAJ 0.2905 SP_JURE 0.2857 SP_DVPR 0.2692 CE_FORT 0.2522 PR_LITS 0.1978 SE_FSFR 0.1839 RS_TAIM 0.0612 RS_PALU 0.0246
Na análise de agrupamento podemos observar que o primeiro grupo na Figura 30 é composto
por áreas do sul da Bahia e do norte do Espirito Santo, o que indica alto grau de similaridade
entre essas regiões. Dentro deste grupo podemos ainda observar a formação de um subgrupo
composto pelas áreas BA_PSEG, ES_ITAU e ES_RNVA, que englobam o extremo sul da
Bahia e o extremo norte do Espírito Santo, sugerindo uma similaridade ainda maior entre
estas regiões. Esses dados, somados ao cálculo do Coeficiente de Duellman, que também
mostra grande similaridade entre essas regiões, ajudam a corroborar a idéia sugerida por
alguns autores (e.g. ANDRADE-LIMA, 1966; MORI et al., 1983; NEMÉSIO, 2012) de que
esta microrregião (definida mais ou menos pelo interflúvio Contas-Doce) possui um
ecossistema diferenciado, se assemelhando com regiões amazônicas por compartilhar muitos
elementos de fauna e flora não presentes em outras áreas da Mata Atlântica, e portanto
denominada de Hileia Baiana.
Apesar da grande pressão antrópica sofrida ao longo dos anos, a RPPN Estação Veracel se
esforça para proteger um dos principais remanescente de Mata Atlântica do sul da Bahia, que
serve de refúgio para inúmeras espécies de vários grupos faunísticos, e espécies raras e de
grande e médio porte, como a anta (Tapirus terrestris Linnaeus, 1758; Perissodactyla,
Tapiridae) e o jupará (Potos flavus Schreber, 1774; Carnivora, Procyonidae), ou espécies topo
de cadeia, como a suçuarana (Puma concolor (Linnaeus, 1771); Carnivora, Felidae) e o
gavião-real (Harpia harpyja Linnaeus, 1758; Accipitriformes, Accipitridae).
Além das espécies citadas, a RPPN é de fundamental importância para muitas espécies de
Squamata. Além das 51 espécies diretamente registradas no presente estudo, pelo menos
outros 13 táxons foram registrados há 20 anos por FRANCO et al. (1998), e levantei pelo
71
menos outros 30 répteis Squamata com possibilidade de ocorrência na EVC. Espécies raras e
de difícil localização em campo, como Clelia plumbea, Bothrops bilineatus e Lachesis muta,
que possuem registros para Porto Seguro, ou Philodryas viridissima, registrada na RPPN por
FRANCO et al. (1998), MARQUES & FRANCO (1998) e MARQUES (1999), dependem da
proteção e refúgio que esta floresta pode oferecer.
4 CONCLUSÕES
Os métodos amostrais empregados no presente estudo se mostraram complementares e
forneceram, cada qual, registros exclusivos, isto é, que não foram obtidos pelos
demais métodos. Com 159 registros de 21 espécies, a Coleta Manual foi o mais
expressivo: sete espécies foram registradas exclusivamente por este método. Os
demais também renderam resultados significantes: Coleta por Pitfall, 84 registros de
15 espécies (duas exclusivas); Registros Visuais e Registros Fotográficos, juntos,
forneceram 104 registros de 19 espécies (duas exclusivas); Animais encontrados
Mortos, 29 registros de 21 espécies (duas exclusivas); e Doações de Terceiros, 27
registros de 18 espécies (três exclusivas).
Treze táxons inventariados no presente estudo representam registros inéditos para a
RPPN EVC: Ameivula nativo (Teiidae), Leposternon infraorbitale e L. wuchereri
(Amphisbaenidae), Amerotyphlops brongersmianus (Typhlopidae), Boa constrictor
(Boidae), Tantilla aff. melanocephala (Colubridae), Dipsas catesbyi, D. i. indica,
Sibynomorphus neuwiedi, Imantodes cenchoa, Oxyrhopus cf. guibei, Erythrolamprus
poecilogyrus schotti e Xenopholis scalaris (Dipsadidae).
O espécime de Atractus obtido no inventário se distingue de todas as espécies
conhecidas para o gênero, o que sugere se tratar de nova espécie; o estudo anterior
feito na EVC registrou a mesma espécie, também a partir de um único exemplar
encontrado morto, mas, à epoca, FRANCO et al. (1998) consideraram-no
provisoriamente como pertencente a Atractus maculatus (Günther, 1858).
O estudo de FRANCO et al. (1998) também registrou 51 espécies de répteis
Squamata, mas em composição distinta. Assim como 13 táxons foram aqui registrados
pela primeira vez para aquela Unidade de Conservação, o estudo anterior citou 13
répteis Squamata que o inventário atual não comprovou. Destes, vale salientar que
alguns não foram efetivamente registrados para a área da RPPN, mas sim inferidos
72
pelos autores anteriores a partir de dados de coleção para os municípios de Porto
Seguro e Santa Cruz Cabrália.
A curva de acumulação de espécies não atingiu sua assíntota, mostrando que o
trabalho deveria ter continuidade na busca de um inventário mais completo. Para
tanto, será necessário investir na amostragem das áreas da EVC que não puderam ser
acessadas durante o presente estudo, pois além dos 64 táxons totais citados para a
RPPN, sabe-se que pelo menos 30 outras espécies ocorrem na região.
A análise de cluster somada aos cálculos do Coeficiente de Duellman, na comparação
entre a fauna de Squamata da RPPN Estação Veracel com outras áreas de Mata
Atlântica ao longo da costa oceânica brasileira, mostrou elevada similaridade entre a
região do presente estudo e o norte do Espírito Santo, acima do rio Doce, reforçando a
denominação Hileia Baiana usada por alguns autores para se referir a esse trecho
diferenciado da Mata Atlântica, que engloba o interflúvio Contas-Doce, isto é, o
extremo sul da Bahia e a metade norte do Espírito Santo.
A RPPN Estação Veracel é um importante refúgio para muitas espécies de Squamata,
destacando-se Clelia plumbea, Philodryas viridissima, Bothrops bilineatus e Lachesis
muta, serpentes essencialmente florestais e exigentes quanto à qualidade do habitat, e,
portanto, dependentes da proteção e refúgio que esta floresta pode oferecer.
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ANEXO I
Relação das espécies e das áreas utilizadas para a comparação da composição de Squamata da
região estudada com áreas similares pela análise de agrupamento (cluster) e pelo Coeficiente
de Duellman.
TÁXONS A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W
Amphisbaenidae Amphisbaena alba X X X
X X X
X X X X X
Amphisbaenidae Amphisbaena heathi
X
Amphisbaenidae Amphisbaena hogei
X
Amphisbaenidae Amphisbaena mertensii
X
Amphisbaenidae Amphisbaena nigricauda
X X X X
Amphisbaenidae Amphisbaena pretrei X
X
Amphisbaenidae Amphisbaena prunicolor
X
Amphisbaenidae Amphisbaena trachura
X X
Amphisbaenidae Amphisbaena vermicularis X
X
Amphisbaenidae Leposternon infraorbitale
X
Amphisbaenidae Leposternon microcephalum
X X
X X X X
X X
Amphisbaenidae Leposternon octostegum
X
Amphisbaenidae Leposternon polystegum X
X
Amphisbaenidae Leposternon wuchereri
X X X
X
Anomalepididae Liotyphlops trefauti
X
Boidae Boa constrictor X X X X X X X X X X X X X X X X
Boidae Corallus hortulanus
X X X X
X X X X X
X
Boidae Epicrates assisi X
X
X
Boidae Epicrates cenchria
X X X
X X X
X
X
Boidae Eunectes murinus X
X X X
X
Colubridae Chironius bicarinatus
X X X X X
X X X X X X X X X X X
Colubridae Chironius carinatus
X X X X
Colubridae Chironius exoletus
X
X X X X X X X X X
X X X X X X X
Colubridae Chironius foveatus
X X X
X X X
X X X X X X X
Colubridae Chironius fuscus
X X X X X X
X X X X
X X
Colubridae Chironius laevicollis
X X X X X X
X X
X
X
Colubridae Chironius quadricarinatus
X X
Colubridae Drymarchon corais X X X X
X X X
Colubridae Drymoluber dichrous)
X
X X X X X X
Colubridae Leptophis ahaetulla liocercus X X X
X X X X X X X X X X X
Colubridae Mastigodryas bifossatus X
X X X X
X
X X X
Colubridae Oxybelis aeneus X X X
X X X X X X X X X
X
Colubridae Spilotes pullatus X X X
X X X X
X X X X X X X X X X
Colubridae Spilotes sulphureus poecilostoma X
X
X X X X X X
X
X X
Dactyloidae Dactyloa punctata
X
X
X X X X X
X X
Dactyloidae Norops fuscoauratus
X X
X
X
X X
X
Dactyloidae Norops ortonii
X
X
X
X
Diploglossidae Diploglossus fasciatus
X X X X
X
X X
X
Diploglossidae Diploglossus lessonae
X
Diploglossidae Ophiodes fragilis
X
X X
X
Dipsadidae Apostolepis cearensis X X X
Dipsadidae Apostolepis cf. longicaudata
X
X
Dipsadidae Atractus potschi
X
Dipsadidae Atractus trihedrurus
X
Dipsadidae Boiruna maculata
X
Dipsadidae Boiruna sertaneja X
X
Dipsadidae Caaeteboia amarali
X
X
X
Dipsadidae Cercophis auratus
X
X
X
Dipsadidae Clelia plumbea
X X X X
X X X X
X
X
Dipsadidae Coronelaps lepidus
X
Dipsadidae Dipsas albifrons
X
X X
X X X
Dipsadidae Dipsas alternans
X
X
X
Dipsadidae Dipsas catesbyi
X X X
Dipsadidae Dipsas indica indica
X X X
Dipsadidae Dipsas indica petersi
X X
X X X X
X X
Dipsadidae Dipsas sazimai
X
Dipsadidae Dipsas variegata
X X X X
X
Dipsadidae Echinanthera cephalostriata
X X
X
Dipsadidae Echinanthera cyanopleura
X
X X
Dipsadidae Echinanthera melanostigma
X
Dipsadidae Echinanthera undulata
X
X
X
Dipsadidae Elapomorphus quinquelineatus
X
X X
Dipsadidae Elapomorphus wuchereri
X X X X
X
Dipsadidae Erythrolamprus aesculapii venustissimus
X
X
X X
X X
X X X
Dipsadidae Erythrolamprus almadensis
X
X X X
X
Dipsadidae Erythrolamprus jaegeri jaegeri
X X X
Dipsadidae Erythrolamprus miliaris
X X X X X X X X X X X X X X X X
71
TÁXONS A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W
Dipsadidae Erythrolamprus poecilogyrus poecilogyrus
X X X X X X X
X X X
Dipsadidae Erythrolamprus poecilogyrus schotti X
X
X X X X
X
Dipsadidae Erythrolamprus poecilogyrus sublineatus
X X
Dipsadidae Erythrolamprus reginae acrosoma
X
X X
X X
X
Dipsadidae Erythrolamprus semiaureus
X X
Dipsadidae Erythrolamprus taeniogaster
X
X X X X X
Dipsadidae Erythrolamprus viridis
X
X X
Dipsadidae Helicops angulatus X
X
X X
Dipsadidae Helicops carinicaudus
X
X X X X X
X X
X
Dipsadidae Helicops infrataeniatus
X X X
Dipsadidae Helicops leopardinus X
X X X
Dipsadidae Imantodes cenchoa
X
X X X X
X
X X
X
Dipsadidae Leptodeira annulata X
X X X
X X X X X X X X X
X
Dipsadidae Lygophis anomalus
X
Dipsadidae Lygophis dilepis
X
Dipsadidae Lygophis flavifrenatus
X X
Dipsadidae Oxyrhopus clathratus
X X X X X
Dipsadidae Oxyrhopus formosus
X
X X
Dipsadidae Oxyrhopus guibei
X
X X X X
Dipsadidae Oxyrhopus petolarius digitalis
X
X X X X X X X X X X X
Dipsadidae Oxyrhopus rhombifer
X
Dipsadidae Oxyrhopus trigeminus X X X X X X X
X X
Dipsadidae Paraphimophis rusticus
X
Dipsadidae Phalotris lemniscatus
X
Dipsadidae Philodryas aestiva
X X X
Dipsadidae Philodryas nattereri
X X X X X
Dipsadidae Philodryas olfersii
X X
X X X X X X X X X X X X
X
X
Dipsadidae Philodryas patagoniensis
X X
X X
X
X X X X X
X
Dipsadidae Philodryas viridissima
X
X
Dipsadidae Phimophis guerini
X
X X
Dipsadidae Pseudoboa nigra X
X
X X X X X X X X X
Dipsadidae Psomophis joberti
X
Dipsadidae Sibon nebulatus
X
Dipsadidae Sibynomorphus mikanii
X
Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedi
X
X X X X X X X X X
X
X X X X X
Dipsadidae Sibynomorphus ventrimaculatus
X
Dipsadidae Siphlophis compressus
X
X
X X
X X
X X X X
Dipsadidae Siphlophis leucocephalus
X X
Dipsadidae Siphlophis pulcher
X
X X X X
Dipsadidae Sordellina punctata
X X
Dipsadidae Taeniophallus affinis
X
X
X
X
Dipsadidae Taeniophallus bilineatus
X
X X
X
Dipsadidae Taeniophallus occipitalis
X X
X X
Dipsadidae Taeniophallus persimilis
X
X X
Dipsadidae Thamnodynastes hypoconia
X X X
X X
X X X
Dipsadidae Thamnodynastes nattereri
X X
X
Dipsadidae Thamnodynastes pallidus
X
X
Dipsadidae Tomodon dorsatus
X X
X X X
Dipsadidae Tropidodryas serra
X X
X
X X
X X X X
Dipsadidae Tropidodryas striaticeps
X
X X
X
X
Dipsadidae Xenodon dorbignyi
X
Dipsadidae Xenodon merremii
X
X X
X X X
X
X
X
Dipsadidae Xenodon neuwiedii
X X X X X X X X X X
Dipsadidae Xenodon rabdocephalus
X X X X X X X
Dipsadidae Xenopholis scalaris
X X X
X
Elapidae Bothrops alternatus
X
Elapidae Micrurus altirostris
X
Elapidae Micrurus cf. ibiboboca X X X X X X
X X
Elapidae Micrurus corallinus
X
X X X X X X X X X X X X X X X
Elapidae Micrurus frontalis
Elapidae Micrurus lemniscatus X
X
Gekkonidae Hemidactylus agrius X
Gekkonidae Hemidactylus brasilianus
X
X
Gekkonidae Lygodactylus klugei X
Gymnophthalmidae Alexandresaurus camacan
X
X
Gymnophthalmidae Cercosaura ocellata
X
Gymnophthalmidae Cercosaura schreibersii X X
Gymnophthalmidae Colobodactylus taunayi
X X
Gymnophthalmidae Colobosauroides cearensis X
Gymnophthalmidae Dryadosaura nordestina
X X
X
Gymnophthalmidae Ecpleopus gaudichaudii
X X X X X
X X X X
X
Gymnophthalmidae Heterodactylus imbricatus
X
X
Gymnophthalmidae Leposoma scincoides
X
X X
X
Gymnophthalmidae Micrablepharus maximiliani X X
X
X
Gymnophthalmidae Placosoma cordylinum
X
X
Gymnophthalmidae Placosoma glabellum
X X X X
X X
72
TÁXONS A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W
Gymnophthalmidae Vanzosaura rubricauda
X
Iguanidae Iguana iguana iguana X X
X X X
Leiosauridae Anisolepis grilli
X
Leiosauridae Enyalius bilineatus
X
Leiosauridae Enyalius brasiliensis
X X X X X X
Leiosauridae Enyalius catenatus
X
X X X X
X
X
Leiosauridae Enyalius iheringii
X X
X X X X X
Leiosauridae Enyalius perditus
X X X X X X
Leiosauridae Enyalius pictus
X X X
Leiosauridae Urostrophus vautieri
X
X
Leptotyphlopidae Epictia borapeliotes
X
Leptotyphlopidae Trilepida salgueiroi
X X X
Liolaemidae Liolaemus lutzae
X
X X
Liolaemidae Liolaemus occipitalis
X
Mabuyidae Aspronema dorsivittatum
X
X
X
Mabuyidae Brasiliscincus agilis
X
X X X X X X X X
X
Mabuyidae Brasiliscincus heathi X X
X
X
Mabuyidae Psychosaura macrorhyncha
X X
X X X X X X X X X X
X X
Mabuyidae Varzea bistriata
X
Phyllodactylidae Gymnodactylus darwinii
X X
X X X X X X X X X X X X
Phyllodactylidae Gymnodactylus geckoides X X
X
Phyllodactylidae Phyllopezus lutzae
X X
X X
Phyllodactylidae Phyllopezus pollicaris
X
Polychrotidae Polychrus acutirostris X X
X
Polychrotidae Polychrus marmoratus
X
X X
X X X X X
X
Sphaerodactylidae Coleodactylus meridionalis X
X
X X X X
Sphaerodactylidae Coleodactylus natalensis
X
Teiidae Ameiva ameiva X X X
X X X X X X X X X X
X
Teiidae Ameivula nativo
X X X X X X X
Teiidae Ameivula ocellifera X X X X X X X
Teiidae Glaucomastix abaetensis
X X
Teiidae Glaucomastix littoralis
X
X
Teiidae Kentropyx calcarata
X X
X X X X X X X
Teiidae Salvator merianae X X
X X X X
X X X X X X X X X X X X X X X
Teiidae Teius oculatus
X
Tropidophiidae Tropidophis paucisquamis
X
Tropiduridae Strobilurus torquatus
X
X X
X
X
Tropiduridae Tropidurus hispidus X X X X
X
X
Tropiduridae Tropidurus hygomi X X
Tropiduridae Tropidurus semitaeniatus X
X
Tropiduridae Tropidurus torquatus
X X X X X X X X X X X
Typhlopidae Amerotyphlops brongersmianus X
X X X X X X X X X X X
Typhlopidae Amerotyphlops paucisquamus X X X
Viperidae Bothrops bilineatus
X X X X X X
X
Viperidae Bothrops erythromelas X
X
Viperidae Bothrops jararaca
X X X X X X X X X X X X X X
Viperidae Bothrops jararacuçssu
X
X X X X X X
X
Viperidae Bothrops leucurus
X
X X X X X X X X
Viperidae Bothrops lutzi
X
Viperidae Bothrops pirajai
X
Viperidae Bothrops pubescens
X
Viperidae Crotalus durissus cascavella X
X X
Viperidae Crotalus durissus terrificus
X
Viperidae Lachesis muta
X
X X X
X X
Áreas consideradas: A = CE_FORT, B = RN_NATA, C = PB_JPES, D = SE_FSFR, E = BA_LITN, F =
BA_SALV, G = BA_JAGU, H = BA_ILHE, I = BA_PSEG, J = ES_ITAU, K = ES_RNVA, L = ES_VITO, M =
ES_PPCV, N = RJ_CASI, O = RJ_DUQU, P = RJ_CIDA, Q = RJ_ILGR, R = SP_JURE, S = SP_DVPR, T =
PR_LITS, U = SC_ITAJ, V = RS_PALU e W = RS_TAIM (ver texto para maiores explicações).