Post on 02-Dec-2018
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Título: O ensino da História e Cultura Afro-Brasileira a partir da utilização de
lendas africanas.
Autor: Debora Cristina Moreira
Disciplina/Área: Geografia
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Padre José Orestes Preima
Município da escola: Prudentópolis
Núcleo Regional de Educação: Irati
Professor Orientador: Nair Fernanda Mochiutti
Instituição de Ensino Superior: UNICENTRO
Visando a valorização da cultura africana no ambiente escolar o Estado alterou a Lei nº 9394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) pela Lei nº 10.639/2003, a qual passou a incluir o estudo da “História e Cultura Afro-Brasileira” nos currículos das escolas estaduais e particulares do Brasil. Dentro deste contexto, o projeto em questão tem como um dos seus objetivos principais proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer mais profundamente alguns dos aspectos que caracterizam a cultura africana. Para tanto será feito o uso de algumas lendas africanas de países que falam a língua portuguesa. Estas lendas serão trabalhadas de diferentes formas (leitura, teatro, ilustração) com alunos do 8° ano do Colégio Estadual Padre José Orestes Preima. Desta forma espera-se encontrar ferramentas eficientes de tornar o que está disposto na lei uma realidade na escola e também contribuir no processo de valorização e respeito das diversidades.
Palavras-chave: Cultura; África; lendas.
Formato do Material Didático: Caderno Temático
Público: 8°ano do Ensino Fundamental
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE
DEBORA CRISTINA MOREIRA
O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA A PARTIR DA
UTILIZAÇÃO DE LENDAS AFRICANAS
IRATI
2014
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DEBORA CRISTINA MOREIRA
O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA A PARTIR DA
UTILIZAÇÃO DE LENDAS AFRICANAS
Caderno Temático apresentado ao
Programa de Desenvolvimento da
Educação – PDE – vinculado à
Universidade Estadual do Centro
Oeste – UNICENTRO.
Orientação: Prof.ª Nair Fernanda
Mochiutti
IRATI
2014
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Sumário
Apresentação ................................................................................................ 6
OFICINA 1 – Localização geográfica e características do continente
africano ..........................................................................................................
8
Fundamentação teórica .................................................................................. 9
Metodologia ..................................................................................................... 11
Material didático 1 – Texto Localização geográfica, aspectos físicos e
sociais da África ..............................................................................................
12
Atividade 1 ...................................................................................................... 14
Material didático 2 – Planisfério Político do Mundo ........................................ 15
Atividade 2 ...................................................................................................... 15
Material didático 3 – Música, letra e vídeo da canção “África” ........................ 16
Atividade 3 ...................................................................................................... 17
OFICINA 2 – O que você entende por cultura? .......................................... 18
Fundamentação teórica .................................................................................. 19
Metodologia ..................................................................................................... 21
Material didático 1 – Texto Descobrindo o que é cultura ................................ 22
Atividade 1 ...................................................................................................... 23
Material didático 2 – Seleção de imagens ...................................................... 24
Atividade 2 ...................................................................................................... 27
OFICINA 3 – Conhecendo e aprendendo a Lei n° 10.639/2003 ................. 28
Fundamentação teórica .................................................................................. 29
Metodologia ..................................................................................................... 31
Material didático 1 - Lei nº 10.639/2003 e os artigos 26-A e 79-B .................. 32
Atividade 1 ...................................................................................................... 33
OFICINA 4 – Conhecendo a cultura africana por meio de lendas ............ 34
Fundamentação teórica .................................................................................. 35
Mini oficina 1 – Países da PALOP e suas lendas ....................................... 37
Metodologia ..................................................................................................... 38
Material didático 1 – Texto Países que formam a PALOP .............................. 39
Atividade 1 ...................................................................................................... 41
Material didático 2 – Mapa Político da África .................................................. 42
5
Atividade 2 ...................................................................................................... 43
Material didático 3 – Lendas africanas ............................................................ 44
Atividade 3 ...................................................................................................... 52
Mini oficina 2 – Representação das lendas africanas estudadas –
caderno ilustrativo ........................................................................................
53
Metodologia ..................................................................................................... 54
Material didático 1 – Lendas estudadas ......................................................... 55
Atividade 1 ...................................................................................................... 55
Mini oficina 3 – Representação das lendas africanas estudadas –
teatro ..............................................................................................................
56
Metodologia ..................................................................................................... 57
Atividade 1 ...................................................................................................... 58
Atividade 2 ...................................................................................................... 58
Atividade 3 ...................................................................................................... 58
Referências .................................................................................................... 59
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Apresentação
O presente Caderno Temático constitui uma atividade exigida no âmbito do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o qual será apresentado à
Secretaria de Estado de Educação (SEED) e disponibilizado junto à comunidade de
professores da rede, para que possam usufruir do conteúdo e propostas de
atividades aqui elaboradas em suas escolas.
A proposta aqui construída será desenvolvida com os alunos do 8º ano do
Ensino Fundamental do Colégio Estadual Padre José Orestes Preima, localizado no
município de Prudentópolis - Paraná. Através desta produção levaremos os alunos a
conhecer mais sobre a Lei nº 10.639/2003 que inclui nos currículos escolares a
obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e também
conhecimentos sobre a cultura africana, que serão trabalhados principalmente por
meio de lendas.
Através da implantação da Lei nº 10.639/2003 aos poucos as escolas estão
se adaptando à inclusão da História e Cultura Africana nos seus currículos. Neste
contexto, a implantação deste Caderno Temático pretende colaborar neste
processo, com sugestões de materiais e atividades. Será desenvolvido em forma de
oficinas, sendo quatro no total, as quais estão divididas por temáticas, apresentando
um conjunto de materiais e atividades correspondentes às mesmas.
Na primeira oficina será trabalhada a localização do continente africano
apresentando algumas características físicas e sociais do continente, o trabalho será
desenvolvido de modo individual e em grupos, em alguns momentos. Na segunda
oficina será trabalhado o termo cultura e o trabalho também será realizado de forma
individual. Na terceira oficina todas as atividades serão desenvolvidas em grupo, e
neste momento será trabalhada a Lei nº 10.639/2003 e sua implantação nos
currículos escolares. A quarta e última oficina será dividida em mini oficinas, todas
desenvolvidas em grupos. A primeira mini oficina será direcionada à cultura
africana, momento em que serão apresentadas as lendas selecionadas para o
trabalho, explicando o critério da escolha das mesmas, e estas serão trabalhadas
através de leitura e interpretação. Na segunda mini oficina será desenvolvido a
confecção de cadernos ilustrativos relacionados às lendas analisadas e na última
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mini oficina serão elaborados teatros representando as lendas trabalhadas em cada
grupo. Posteriormente, os teatros serão apresentados a toda classe.
Todas as oficinas serão desenvolvidas com as atividades previamente
elaboradas em folhas, as quais serão recolhidas ao término de cada aula. Ao final
das atividades, será elaborada uma apostila com os trabalhos produzidos pelos
grupos de alunos, nesta apostila serão anexados também os cadernos ilustrativos
das lendas, material elaborado na última oficina.
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Localização geográfica e características do
continente africano
OFICINA 1
Conteúdo: Localização do continente africano e as principais características físicas e
sociais da África.
Objetivos: Localizar com os alunos os continentes no globo terrestre, em especial o
continente africano, e conhecer mais sobre aspectos gerais da África.
Material: Folhas de atividades, lápis preto, texto impresso, giz, quadro-negro, planisfério
político e físico, atlas geográfico, planisfério político impresso, globo terrestre, música
“África” com letra impressa, dicionário, rádio, pendrive e TV pendrive.
Duração: 5 aulas.
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Conforme Souza (2008), uma das mais importantes características da
sociedade brasileira é a mistura dos povos e das culturas. Somos um povo oriundo
de uma miscigenação de povos e culturas.
A predominância de descendentes africanos no Brasil é superior a presença
de outros povos, pois no passado essas pessoas foram por três séculos a principal
força de trabalho do país. E quando falamos dessa mistura do povo brasileiro
falamos de uma cultura baseada numa formação resultante de africanos, europeus e
indígenas.
A cultura brasileira foi fortemente influenciada pela cultura africana devido ao
período escravocrata. Segundo produção do IBGE, o processo de escravidão no
Brasil ocorrido entre os séculos XVI e XIX foi o que mais recrutou escravos entre os
países americanos, com um número de aproximadamente 4 milhões de indivíduos
entre homens, mulheres e crianças (IBGE, 2007).
Segundo Souza (2008), os portugueses foram os primeiros a contornar a
costa africana e a manter o contato com os povos da África Ocidental. Entre 1520 e
1870, a África foi fornecedora de escravos que saíram de várias regiões desse
continente e esse regime de escravidão serviu de base para a construção da maior
parte do continente americano.
O Brasil recebeu escravos oriundos de diversas regiões da África, os quais
contribuíram na formação de um povoamento diversificado em nosso país. Durante
esse período de escravidão no Brasil, os escravos não eram artigos de luxo apenas
da aristocracia, eles pertenciam a proprietários de várias classes sociais, tanto no
campo quanto na cidade, o que contribuiu para a presença dos escravos em cada
segmento da sociedade (REIS, 2007).
A ocupação dos escravos, num primeiro momento, foi na indústria açucareira
e, posteriormente, foram sendo atribuídas a eles outras atividades, como agricultura
para abastecimento interno, criação de gados e charqueadas, pequenas
manufaturas, setor mecânico entre outras ocupações domésticas.
Conforme Souza (2008), a população na África na época do período
escravagista era formada na sua maior parte por grupos e tribos. Um dos momentos
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mais difíceis que fizeram parte do processo da escravidão era o modo como as
pessoas que vinham na condição de escravos eram tratados, sendo tiradas de suas
tribos e famílias. Traziam consigo tudo o que foi construído durante sua vida até o
momento da ruptura, como seus costumes, normas, valores, tradições, as quais
eram compartilhadas já durante a viagem ao Brasil.
As relações estabelecidas entre escravos oriundos de diversos grupos se
iniciava dentro do próprio navio, pois se encontravam muitas vezes sós e
necessitavam desse contato. A aproximação entre esses escravos, a troca de
experiências, de conhecimentos, da língua, dos ritos e lendas possibilitou a
formação de uma cultura africana mista no Brasil, diferente daquela existente na
África. Ao chegarem ao país se depararam com uma cultura ainda mais
diversificada, onde havia índios, brancos, mestiços, e os próprios africanos recém-
chegados.
O tráfico de escravos se encerrou em 1850, e naquele momento ocorreu certo
rompimento no elo entre o Brasil e a África, mas as ideias, conhecimentos, valores e
tradições permaneceram vivos naqueles remanescentes africanos e seus
descendentes que no Brasil permaneceram.
No momento em que o africano se integrou à sociedade brasileira ele tornou-
se um afro-brasileiro e principalmente um brasileiro.
A África é o terceiro continente em extensão territorial (30.198.835 km²) do
mundo (FILHO e ROCHA, 2011), e enviou ao Brasil durante 300 anos pessoas, que
mesmo na condição de escravos, junto aos colonizadores e aos indígenas que aqui
viviam, deram origem a sociedade brasileira, a qual fazemos parte. Daí a
importância em conhecer um pouco mais sobre esse continente.
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► Iniciar a aula com uma indagação aos alunos sobre o continente africano,
buscando saber qual o pensamento que eles têm sobre a África.
► Ler o texto contendo a localização geográfica do continente africano e suas
principais características físicas e sociais e discutir com os alunos.
► Fazer as atividades de interpretação do texto.
► Distribuir aos alunos o Planisfério Político impresso para que eles localizem o
continente africano, posteriormente será colado na folha de atividade.
► Trabalhar com o planisfério político e o globo terrestre de modo que se possa ter
uma melhor visão dos continentes, com atenção especial para a África.
► Trabalhar com o atlas geográfico o mapa físico do continente africano.
► Trabalhar a música “África” do grupo musical Palavra Cantada, primeiramente
ouvindo a canção e depois acompanhando com a letra impressa.
► Selecionar no texto da música as palavras desconhecidas e procurar o significado
dessas palavras no dicionário com o auxílio da professora.
► Fazer a interpretação da letra expondo oralmente para a turma as considerações,
com intervenções da professora.
► Assistir o vídeo clip da música e debater.
► Solicitar aos alunos (na última aula da oficina 1) que tragam fotos de autoria
própria de elementos culturais presentes em suas comunidades. As mesmas serão
utilizadas na segunda aula da oficina 2).
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Texto: Localização geográfica, aspectos físicos e sociais da África
Conforme Filho e Rocha (2011), a África é o terceiro continente em extensão
territorial (30.198.835 km²) do mundo, ficando atrás da Ásia e América, e é o
segundo mais populoso (a Ásia é o continente mais populoso).
A África limita-se geograficamente ao norte, pelo Mar Mediterrâneo, ao sul,
pelo encontro das águas dos Oceanos Atlântico e Índico, a leste, pelo Oceano Índico
e o Mar Vermelho, e a oeste, pelo Oceano Atlântico (FILHO e ROCHA, 2011, p. 22).
A maior parte de seu território (75%) localiza-se na zona tropical, suas
extremidades (África do Norte e parte da África do Sul) estão em regiões
temperadas e de clima temperado.
No relevo há o predomínio de planaltos marcados por uma hidrografia de rios
pouco navegáveis, também estão presentes no continente algumas cadeias
montanhosas como a cadeia do Cabo, com destaque para o Monte Quilimanjaro, o
ponto mais alto da África.
Segundo Decicino (2006), as planícies ocupam menor área em relação aos
planaltos e podemos citar as planícies costeiras que se situam ao longo do litoral e
as planícies dos rios Congo e Níger, os quais apresentam grande importância para a
África, concentrando parcela importante da população em suas proximidades.
Devido à presença de extensos desertos nas regiões norte e sul, a África
possui poucos rios, alguns são extensos e volumosos por se localizarem em regiões
tropicais e equatoriais, o rio Nilo é o que mais se destaca entre os rios africanos. A
África possui outros rios menos extensos e igualmente importantes, como o
Zambeze, Senegal, Orange, Limpopo e Zaire.
Quanto aos lagos, a África possui alguns dos mais extensos e profundos,
como o lago Vitória, terceiro maior do mundo, o Rodolfo, o Chade, o Niassa e o
Tanganica.
A vegetação no continente apresenta florestas densas, como a floresta
equatorial, e as savanas, com predomínio desta última (equivalente ao cerrado
brasileiro). Estão presentes também no continente as estepes, as vegetações
desérticas e a vegetação mediterrânea.
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O clima da África é diversificado, apresentando os climas tropical, equatorial,
desértico e mediterrâneo.
Segundo Filho e Rocha (2011), a África possui alguns dos mais extensos e
famosos desertos do mundo, entre eles o deserto do Kalahari e o deserto do Saara,
que é o maior do mundo em extensão.
De acordo com o processo de ocupação do continente, se classifica a África
em duas regiões: África do Norte ou África “branca”, com uma cultura árabe, e África
Subsaariana ou África “negra”, com culturas locais, muitos estudiosos acreditam que
a cor da pele também serviu de base para a classificação, para além dos aspectos
culturais.
O histórico da África é marcado pelos conflitos que permanecem até os dias
atuais e que acentuam os problemas sociais como a fome e a AIDS, que assolam o
continente. A fome é um sério problema social que leva ao agravamento das
doenças e conflitos. A AIDS também é outro grave problema social fruto das
péssimas condições de saúde pelas quais passa mais da metade da população,
resultado também das políticas ineficazes da prevenção de doenças e que deixa a
África com o maior número de infectados pelo vírus no mundo. A doença afeta
também a estrutura produtiva, pois os maiores infectados são da idade adulta.
Pesquisas constataram que cerca de 11,5 milhões de pessoas nessa faixa etária
teriam morrido por conta da doença.
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Com base no texto “Localização geográfica, aspectos físicos e sociais da
África”, responda as seguintes questões:
1 – Qual é a extensão territorial do continente africano?
2 – Quais são os limites geográficos da África?
3 – Sobre os aspectos físicos descreva:
a) relevo
b) hidrografia
c) clima
d) vegetação
4 – Qual o ponto mais elevado da África?
5 – Na África se localiza o maior deserto do mundo, qual é esse deserto?
6 – Como se divide a África de acordo com o processo de colonização?
7 – Quais os principais problemas pelos quais passa o continente africano?
8 – Você identificou no texto algum aspecto que remete ao preconceito? Qual?
9 – Escreva alguma informação sobre a África que você tenha conhecimento e que
não foi informada no texto, para compartilhar com os colegas.
INDIVIDUAL
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Planisfério Político do mundo - Vamos localizar a África?!
Figura 1- Planisfério Político do mundo. Fonte: http://profdanielgeo.blogspot.com.br/p/mapas-base.html
Observe a figura do planisfério e localize no mapa os
continentes, identificando-os da seguinte forma: Pintar os
continentes, escrever os seus respectivos nomes e
destacar o continente Africano dentre os demais.
INDIVIDUAL
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Música, letra e vídeo da canção “África” – Grupo musical Palavra Cantada
África
“Quem não sabe onde é o Sudão
saberá
A Nigéria o Gabão Ruanda
Quem não sabe onde fica o Senegal,
A Tanzânia e a Namíbia,
Guiné Bissau?
Todo o povo do Japão Saberá...”
Fonte da letra e áudio: http://www.vagalume.com.br/palavra-cantada/africa.html#ixzz38VDdrUcY.
Fonte do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kKjsfsuxhsk.
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1 – Após ter escutado a música “África” do grupo musical Palavra Cantada, faça a
leitura da letra impressa.
2 – Após a leitura da letra da música, cole o texto em sua folha de atividade, grife as
palavras desconhecidas e em seguida copie-as no caderno.
3 – Com ajuda do dicionário e da professora procure o significado dessas palavras e
anote no caderno.
4 – Façam a interpretação da letra da música escrita e escolham um aluno do grupo
para expor as ideias aos demais colegas.
5 – Após assistir o vídeo da mesma música, discuta com o grupo e sintetize no
caderno os elementos que foram utilizados para ilustrar a canção.
INDIVIDUAL
GRUPO
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O que você entende por cultura?
Conteúdo: O conceito de cultura.
Objetivos: Possibilitar aos alunos a compreensão da palavra cultura e dos elementos que
ela abarca.
Material: folhas de atividades, lápis preto, texto impresso, giz, quadro-negro, pendrive e TV
pendrive.
Duração: 4 aulas
OFICINA 2
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Segundo Gomes (2003), em seu artigo “Cultura Negra e educação”, no Brasil,
assim como em outros países, muito está se discutindo sobre cultura, aqui
especialmente no campo educacional, e que mais que um momento isolado esta é a
oportunidade de compreendê-la e dar a devida atenção, pois se for direcionada de
modo que evidencie apenas as diferenças e como parte integrante do currículo,
pode ficar comprometido o seu real significado.
A cultura vai além das entrelinhas do ensino.
Ela diz respeito às vivências concretas dos sujeitos, à variabilidade de formas de conceber o mundo, às particularidades e semelhanças construídas pelos seres humanos ao longo do processo histórico e social (GOMES, 2003, p. 75).
Todas as relações e convivências entre os indivíduos ocorrem através da
cultura: regras, valores, comunicação, que permitem a sua adaptação ao meio,
sendo que as suas ações possibilitam a transformação desse meio.
Segundo Freitas (2011), assim como a cultura apresenta regras aos
indivíduos pertencentes a certo grupo social, vai havendo uma transformação e se
criam regras e normas e isso torna a sociedade dinâmica. Muitas vezes nos
deparamos com certas afirmações como o fato de que algumas espécies são mais
desenvolvidas que outras, sendo então superiores a estas. Essa ideia vem a explicar
de certa forma a ideia de superioridade de um grupo sobre outro, fato comum na
história mundial representado pelas guerras, conflitos e extermínios, onde muitas
sociedades desapareceram e com elas sua cultura, muitas vezes milenar. Se
entendermos a cultura como forma de ver a vida, o mundo e os seres humanos,
estamos diante da diversidade cultural a qual somos chamados a conhecer e
respeitar.
Nascer, crescer e morrer faz parte do ciclo vital de qualquer grupo humano,
mas o significado que se atribui a esses processos é constitutivo de cultura
e somente os humanos se ocupam dos rituais que marcam esses
significados (FREITAS, 2011 p. 31).
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Gomes (2003) chama a atenção para as semelhanças e diferenças entre
negros e brancos, se estes são geneticamente semelhantes, é a cultura que irá dar
a esses dois grupos suas particularidades e diferenças. As relações estabelecidas
hoje entre negros e brancos estão ligadas à forma comportamental de ambos no
decorrer da história, o branco em situação de domínio e o negro de dominado, que
foram assim construídas e consequentemente assimiladas.
No que diz respeito ao sistema educacional, a escola, lugar de acesso ao
conhecimento é também de socialização, é o ambiente perfeito para encontrarmos
inúmeras diferenças e onde muitas das atribuições negativas ao negro acontecem, é
também o local onde essas situações devem ser revistas.
Para Gomes (2003), aos professores é dada a missão de analisar a jornada
dos povos no decorrer da história, os momentos de supremacia de alguns povos
sobre outros e como esses acontecimentos construíram situações de racismo
provocando danos na auto-estima dos marginalizados. Devem também apresentar
as contribuições positivas desenvolvidas por comunidades e movimentos negros, o
que pode dar suporte para reverter esse quadro. Um caminho interessante é ver o
modo como a cultura negra no contato com outros grupos culturais estão presente
na maneira de viver do povo brasileiro.
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► Iniciar a aula com a seguinte pergunta: O que você entende por cultura?
► Debater com os alunos as diferentes formas de expressão cultural.
► Distribuir aos alunos um texto sobre cultura.
► Descrever o parecer dos grupos sobre questões culturais.
► Exibir imagens que retratam algumas manifestações culturais do Brasil e do
mundo.
► Exibir imagens que retratam as comunidades as quais os alunos são
provenientes.
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Texto: Descobrindo o que é cultura
A palavra cultura é comumente utilizada em nosso dia a dia, na mídia, por
exemplo, e em especial na escola, onde ela acaba tomando significado.
Percebemos que muitas vezes nos deparamos com entendimentos equivocados a
seu respeito, é tão comum ouvirmos a seguinte frase: “fulano não tem cultura” ou
“ciclano é uma pessoa culta”, essas frases, ditas por todo tipo de pessoas, mostra a
ideia errada de que cultura está relacionada ao nível de escolaridade de uma pessoa
ou mesmo a aspetos de educação e civilidade. Mas por que isso acontece? Será
que desconhecemos o real significado da palavra cultura?
O significado de cultura popular segundo o Almanaque Abril (2014, p. 240) é:
A cultura popular é o conjunto de tradições de um povo, tais como danças,
folguedos, cantorias, artesanato, comidas, contos, lendas, crenças e festas.
No Brasil, ela se constitui de contribuições das culturas indígena, africana e
europeia.
A citação acima descreve cultura como o conjunto de tradições e costumes de
um povo e isso envolve todos os elementos presentes na história desse povo, tudo
que está presente no dia a dia da sociedade esteja ela onde estiver, a cultura é algo
inerente ao ser humano que faz parte desta ou daquela sociedade.
Aos olhos da Sociologia, cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. São ideias, artefatos, costumes, leis, crenças morais, conhecimento, adquirido a partir do convívio social. Só o homem possui cultura. Seja a sociedade simples ou complexa, todas possuem sua forma de expressar, pensar, agir e sentir, portanto, todas têm sua própria cultura, o seu modo de vida. Não existe cultura superior ou inferior, melhor ou pior, mas sim culturas diferentes (CAMARGO, SEM ANO).
Para Libanio (2013):
A cultura se alimenta de arte, de literatura, de cinema, de linguagem, de construções, de artesanato, de música, de dança, de culinária, de gestualidade, de programas televisivos e radiofônicos, e de tantos infinitos sinais humanos a revelarem a alma do povo. Sem zelar pela tradição e pelo patrimônio espiritual que um povo constrói, a cultura se perde. Na sociedade globalizada cresce o risco de as culturas de países dependentes sofrerem danos irreversíveis pelo impacto das culturas dominantes.
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Os diferentes povos têm sim que lutar para preservar seus aspectos culturais,
pois se não o fizerem correm o risco de perder sua identidade cultural, isso é
perceptível em sociedades dominadas, onde muitas vezes se anula uma cultura em
benefício de outra.
A cultura deve ser preservada e valorizada, seja a nossa própria cultura, seja
a do outro, e para que isso ocorra primeiramente temos que conhecê-la, para assim
aprendermos a respeitá-la.
1 - Escreva o que você entende por cultura?
2 - De que modo podemos nos expressar culturalmente?
3 - Após a leitura do texto “Descobrindo o que é cultura”, faça um
comparativo com o que foi escrito nas questões acima e corrija ou
complemente se necessário.
INDIVIDUAL
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Seleção de imagens que serão apresentadas nessa oficina
Figura 2 - Representa o chimarrão, bebida típica do Rio Grande do Sul feita com água quente e erva mate.
Necessita também da cuia e da bomba para ser consumida. Fonte: http://designechimarrao.com.br/design-chimarrao-estreia/
Rio Grande do Sul
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE
ALGUMAS REGIÕES DO BRASIL
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25
Figura 3 - Carnaval no Rio de Janeiro. Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/aspectos-culturais-regiao-
sudeste.htm
Figura 4 - Festa do Boi Bumbá - Festival de Parintins. Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/aspectos-
culturais-regiao-norte.htm
Rio de Janeiro
Amazonas
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26
Figura 5 – Ritos Africanos. Fonte: http://www.brasilescola.com/cultura/cultura-africana.htm
Figura 6 – Festival de São Firmino – Pamplona – Espanha. Fonte: http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-
fotos/festival-de-sao-firmino-2014
África
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE
ALGUMAS REGIÕES DO MUNDO
Europa
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Figura 6 – Aborígenes – Austrália. Fonte:
http://www.alunosonline.com.br/geografia/osaborigenesaustralianos.html
1 - Observe as imagens projetadas e descreva na folha de atividades os
elementos culturais presentes nelas e a que etnia/povo você acha que
elas estão associadas.
Oceania
INDIVIDUAL
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Conhecendo e aprendendo a Lei n° 10.639/2003
Conteúdo: Lei nº 10.639/2003
Objetivos: Apresentar aos alunos a Lei nº 10.639/2003 e estimular a sua compreensão e
debate.
Material: Lei n° 9394/1996, Lei nº 10.639/2003 (artigos 26-A e 79-B impressos), folhas de
atividades, pendrive, TV pendrive, cartolina, lápis preto, borracha, canetinhas e lápis de
cor, fita adesiva.
Duração: 4 aulas
OFICINA 3
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O preconceito e a discriminação racial ainda estão muito presentes na
sociedade brasileira e, consequentemente, nas escolas, fruto de um período
escravocrata vivido pelo Brasil entre os séculos XVI e XIX.
Neste contexto, visando à valorização da cultura africana e sua importância
na formação da sociedade brasileira, o Estado substituiu a Lei n° 9.394/1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – LDB) pela Lei n° 10.639/2003, incluindo nos
currículos das escolas públicas e privadas a temática História e Cultura Afro-
Brasileira e a obrigatoriedade do seu ensino. A Lei n° 10.639/2003 foi, por sua vez,
alterada em março de 2008 pela Lei n° 11.645/2008, passando a incluir também nos
currículos a temática da História e Cultura Indígena. Tais leis:
(...) asseguram o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos brasileiros (BRASIL, 2005, p.9).
No âmbito educacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) entrou em vigor no dia 20 de dezembro de 1996, promulgada pelo então
Presidente da República do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Tal Lei sofreu
alterações em 09 de janeiro de 2003 com a implantação da Lei nº 10.639/2003,
quando foi instituída no artigo 26A1 da LDB a obrigatoriedade do ensino da História e
Cultura Afro-Brasileira em todos os estabelecimentos de ensino público e privado.
Foi instituído também nesse momento o dia 20 de novembro como “Dia da
Consciência Negra”2, Lei esta assinada pelo então Presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Em 10 de março de 2008 a Lei nº 10.639/2003 foi alterada pela Lei nº
11.645/2008, a qual acrescenta ao artigo 26A3 da LDB a obrigatoriedade também do
ensino da História e Cultura Indígena nos estabelecimentos de ensino público e
privado. 1 Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o
ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira (BRASIL, 2003). 2 Art. 79-B: O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência
Negra (BRASIL, 2003). 3 Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se
obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (BRASIL, 2008).
30
Na educação, a prática pedagógica voltada para o ensino da História e da
Cultura Afro-Brasileira não deve ser vista apenas como meio de reparação de algo
que aconteceu dentro da nossa história e que deixou marcas profundas na
sociedade brasileira, mas deve estar voltada também ao ensino de uma cultura que
formou, ao lado da cultura indígena e europeia, a cultura brasileira e que é
predominante na composição atual da sociedade do nosso país. Tal fato é
comprovado pelos dados do IBGE, que mostra pelo último censo (AFROPRESS,
2013), que a população negra e parda somam juntas 50,7% da população total.
É papel do Estado proporcionar políticas de reparação que garantam aos
afrodescendentes medidas compensatórias pelos danos sofridos durante o período
de escravidão, com reflexos nos dias atuais e também ações de combate ao
racismo, preconceito e discriminação. A Lei nº 10.639/2003 vem de encontro a essa
luta da comunidade afro-brasileira, pelo seu reconhecimento, valorização e acesso
aos seus direitos. Isso significa a busca pela justiça e igualdade de direitos a todos
pertencentes aos diversos grupos étnicos que formam a população brasileira. É
preciso sim uma mudança no comportamento frente a essa situação de garantias de
direito a esse grupo.
O que foi possível observar durante este período é que ainda temos muito a
ensinar e aprender sobre a história e cultura africana, pois esta, dentre todas as
etnias, é a que está mais arraigada na miscigenação e na formação do povo e da
cultura brasileira.
Conforme SEED (2008), com a implantação da Lei nº 10.639/2003 e
posteriormente da Lei nº 11.645/2008 e da Deliberação 04/06 do Conselho Estadual
no Paraná, as práticas de ensino e história tendem a grandes mudanças, mas
sempre tendo o cuidado em não direcionar essas questões históricas de modo que
leve a discriminação, ao preconceito e ao racismo na sociedade.
Diante das alterações no currículo escolar, incluindo a temática da História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena e a obrigatoriedade do seu ensino, levanta-se a
questão de como a história e, principalmente, a cultura africana vêm sendo
trabalhadas nas escolas. É importante que seja apresentada uma proposta de
trabalho contínua, sendo a cultura algo formidável, um tema abrangente com o qual
se pode trabalhar inúmeros aspectos, tais como música, dança, culinária, vestuário
entre outros.
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► Iniciar essa oficina com a apresentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(Lei n° 9394/1996) com ênfase na inclusão dos artigos 26-A e 79-B a partir da Lei nº
10.639/2003.
► Questionar os alunos sobre o conhecimento da existência da Lei nº 10.639/2003
e o que ela representa.
► Distribuir aos alunos os artigos impressos da Lei nº 10.639/2003 para serem lidos
e discutidos em grupo. Um aluno por grupo irá repassar os apontamentos feitos por
ele e seus colegas para a turma.
► Elaborar cartazes com trabalho livre sobre os artigos contidos na Lei.
► Apresentar aos demais grupos seu trabalho e fixar os cartazes elaborados no
mural da escola.
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Lei nº 10.639/2003 e os artigos 26-A e 79-B
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos: 26-A e 79-B.
Art. 2° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182° da Independência e 115° da República.
LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.
“Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de
Ensino a obrigatoriedade da Temática “História e
Cultura Afro-Brasileira” e dá outras providências”.
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.”
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
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1 – Algum integrante do grupo já conhecia algo sobre a Lei nº 10.639/2003?
2 – Debatam em grupo e escrevam na folha o que entenderam sobre a Lei e a
importância de sua aplicação nas escolas.
3 – Escolham um aluno do grupo para relatar para os demais colegas suas
conclusões sobre a Lei.
3- Representem de modo livre os artigos contidos na Lei nº 10.639/2003 em forma
de cartazes.
4 – Escolham um aluno do grupo para apresentar o trabalho dos cartazes aos
demais colegas.
5 – Encerradas as apresentações, fixar os cartazes no mural da escola.
GRUPO
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Um interessante ponto de partida para trabalhar a cultura africana seriam as
lendas. Neste contexto, podem ser apresentadas as diferenças e as semelhanças
entre as crenças e costumes dos povos. Dentro do universo de possibilidades de
ferramentas a serem adotadas no processo ensino-aprendizagem sobre a cultura
afro-brasileira, as lendas se mostram um instrumento válido para mexer com a
imaginação dos alunos, despertando neles ainda mais o interesse, a curiosidade e
também o seu aprendizado.
O significado de cultura popular segundo o Almanaque Abril (2014, p. 240) é:
A cultura popular é o conjunto de tradições de um povo, tais como danças,
folguedos, cantorias, artesanato, comidas, contos, lendas, crenças e festas.
No Brasil, ela se constitui de contribuições das culturas indígena, africana e
europeia.
Dentro do contexto de cultura popular, a palavra lenda tem origem no latim e
significa “o que deve ser lido”. Segundo Bayard apud Gomes e Silva (2011), no
passado tal significado estava mais ligado ao religioso e aos poucos foi tendo
características mais populares. Hoje as lendas estão ligadas a um produto
inconsciente da imaginação popular.
Conforme Cascudo (1984, p. 434), lenda é:
Episódio heroico ou sentimental com o elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral popular, localizável no espaço e no tempo. De origem letrada, lenda, legenda, “legere”, possui características de fixação geográfica e pequena deformação. Liga-se a um local, como processo etiológico de informação, ou a vida de um herói, sendo parte e não todo biográfico ou temático.
Segundo Gomes e Silva (2011), a lenda está ligada à imaginação popular e
enquanto linguagem trabalha o pensamento, apresenta experiências e constrói a
história se utilizando da memória.
A lenda permite a conservação da tradição, ela narra uma história de
existência não apenas imaginária, pois o imaginário se manifesta através da cultura
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utilizando imagens e símbolos, colocando o homem em sintonia consigo, com o
outro e com o mundo.
As lendas estão presentes no meio simbólico da linguagem por nos aproximar
da dimensão transcendental de determinada cultura, pois o símbolo representa o
lado oculto das coisas, do mundo e do ser humano. A lenda representa a
imaginação popular, é uma narrativa que faz ligações com a realidade. “Portanto, a
lenda concerne essencialmente a um fato acrescido da imaginação popular, ou seja,
é uma narrativa imaginária que possui raízes na realidade objetiva” (GOMES e
SILVA, 2011).
Cecato e Camargo (2013) desenvolveram na Universidade Federal do Pampa
(Bagé, RS), um trabalho sobre lendas ligado à disciplina de Espanhol. Segundo
Cecato e Camargo (2013), a lenda é uma ferramenta que possibilitou desenvolver
um projeto de ensino de língua com base em estudos culturais e também projetos
interdisciplinares. O trabalho desenvolveu nos alunos certos estímulos para
dramatizações, leituras, discussões sobre fatos sobrenaturais e o estímulo à
pesquisa, possibilitando ainda a identificação e reconhecimento de traços da própria
cultura. O objetivo do trabalho estava na transformação do aluno em pesquisadores
da sua história e através dela estabelecer relações entre sua cultura e costumes
próprios. O contato com outra cultura possibilita a reflexão sobre as diversidades
culturais para então valorizá-las e respeitá-las.
Assim, a utilização das lendas em sala de aula pode possibilitar um
enriquecimento cultural e paralelamente o respeito à diversidade muito presente no
cotidiano escolar.
A escolha das lendas a serem utilizadas nesta oficina foi feita com base no
critério de lendas pertencentes a países que falam a língua portuguesa. O continente
africano foi colonizado por diversos países europeus, dentre eles Portugal, que
colonizou Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe.
Estes países juntos formam a PALOP (Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa).
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Países da PALOP e suas lendas
MINI OFICINA 1
Conteúdo: Características dos países que formam a PALOP e suas lendas.
Objetivos: Apresentar aos alunos os países africanos que falam a língua portuguesa e
lendas a eles associadas, selecionadas para as atividades.
Material: Texto impresso, lendas impressas, Mapa Político da África impresso, folhas de
atividades, atlas geográfico, lápis preto, borracha.
Duração: 5 aulas
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► Explicar aos alunos qual foi o critério usado para escolher as lendas que serão
trabalhadas.
► Distribuir aos alunos um texto que fala sobre os países que compõem a PALOP.
► Ler e discutir o texto.
► Localizar no mapa da África os cinco países membros da PALOP.
► Distribuir aos grupos as lendas africanas referentes a cada país apresentado.
► Ler e interpretar as lendas.
► Registrar as interpretações realizadas.
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Texto: Países que formam a PALOP
Angola - segundo informações do Almanaque Abril (2014), possui uma área
de 1.246.700 km², apresenta um clima tropical na maior parte de seu território, a
população em 2013 era de 21,5 milhões de habitantes e sua independência de
Portugal ocorreu em 1975 após uma luta iniciada em 1961.
A Angola viveu um intenso período de guerra civil, aproximadamente 40
anos. A economia está baseada na exploração e exportação de diamantes e na
produção de petróleo, sendo o 2° maior da África Subsaariana, e graças à matéria-
prima sua economia está crescendo. Mas o país ainda sofre com a desnutrição e
mortalidade infantil, sendo que grande parte de sua população vive em condições de
pobreza, por conta da intensa concentração de renda (CALDEIRA, 2010). Angola é
o país que no período de escravidão vivido pelo Brasil foi o maior fornecedor de
mão-de-obra escrava.
Moçambique - conforme dados do Almanaque Abril (2014), possui uma área
de 799.380 km², apresenta um clima tropical, sua população em 2013 era de 25,8
milhões de habitantes e se tornou independente de Portugal em 1975.
Moçambique viveu um período de 20 anos de guerra civil obtendo um acordo
de paz em 1992. É o país que mais se destaca na construção do pós-guerra. Possui
um bom potencial turístico, mas o destaque na economia é o petróleo, o gás natural
e os minérios.
Caldeira (2010) diz que Moçambique é um país multirracial e a maioria da sua
população é negra. Sobre as guerras, comenta que tais tensões sociais não ocorrem
por fatores étnicos e sim entre o norte mais pobre e o sul mais rico.
Guiné-Bissau - segundo o Almanaque Abril (2014), possui uma área de
36.125 km², apresenta clima equatorial, sua população em 2013 era de 1,7 milhão
de habitantes e se tornou independente de Portugal em 1974, sendo a primeira
nação africana a se tornar independente.
A agricultura e a presença de produtos como a castanha de caju e o algodão
são importantes para o país junto com as reservas de bauxita e fosfato, mesmo
assim é um dos países mais pobres do mundo.
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Conforme Caldeira (2010), Guiné-Bissau possui um patrimônio cultural rico e
diversificado e as diferenças étnicas e lingüísticas contribuíram para expressivas
manifestações culturais que ocorrem usualmente em épocas de colheitas,
casamentos, funerais e outras cerimônias.
Cabo Verde – é um arquipélago, formado por 10 ilhas vulcânicas, e conforme
dados do Almanaque Abril (2014), possui uma área de 4.014 km² e apresenta um
clima tropical. Sua população em 2013 era de 499 mil habitantes e obteve sua
independência de Portugal em 1975.
Cabo Verde vem apresentando certo crescimento econômico nos últimos
anos e isso se deve ao turismo, mas apesar desse crescimento ainda é dependente
da ajuda externa e de dinheiro repassado por familiares que estão fora do país aos
que ali residem.
Caldeira (2010) acrescenta que a população de Cabo Verde descende de
escravos africanos com seus senhores portugueses.
São Tomé e Príncipe - segundo o Almanaque Abril (2014), possui uma área
de 1001 km², apresenta um clima equatorial chuvoso, sua população em 2013 era
de 193 mil habitantes e sua independência de Portugal ocorreu em 1975, como a
maioria dos países lusófonos na África.
São Tomé e Príncipe tem o cacau e a pesca como base de sua economia e
após a descoberta de petróleo no final da década de 1990 teve um avanço na sua
economia.
Segundo Caldeira (2010), o país é constituído por duas ilhas, Ilha de São
Tomé e Ilha do Príncipe, apresentando outras muitas ilhotas em seu território.
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1 – Discuta com os integrantes do grupo sobre o critério que levou a escolha das
lendas a serem estudadas e escrevam suas considerações.
2 - Após a leitura do texto “Países que formam a PALOP”, selecionem aspectos
comuns entre os países (além do idioma) e registrem.
GRUPO
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Mapa Político da África – Localizando os países da PALOP
Figura 8 – África Político. Fonte:http://misosoafricapt.files.wordpress.com/2012/03/mapa_africa-pt12.jpg.
Figura 7 – Mapa Político da África. Fonte: http://misosoafricapt.files.wordpress.com/2012/03/mapa_africa-
pt12.jpg
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1 – Localize no mapa Político da África os cinco países integrantes da PALOP. Em
seguida destaque-os grifando seus nomes e, utilizando o atlas geográfico,
acrescente no mapa suas respectivas capitais.
GRUPO
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LENDAS AFRICANAS
ANGOLA – A LENDA DA GALINHA DE ANGOLA
"Numa certa manhã, vinha de cabeça baixa e muito triste uma Kerere, lamentando-
se:
- Estou fraca, estou fraca, estou fraca!
Resolveu saciar a sede num riacho. Lá deparou-se com uma linda mulher que se
banhava e, coquete como só ela sabia, começou a pintar-se.
Kerere quando viu aquilo admirou-se. Era Dandalunda, aquela que dá brilho às jóias
e se banha e se pinta antes mesmo de cuidar dos filhos.
Dandalunda quando percebeu a tristeza daquela ave perguntou-lhe:
- Porque essa tristeza Kerere?
Kerere respondeu-lhe:
- Entre os meus pares eu sou a mais feia!
Naquela época Kerere era toda preta.
Dandalunda então pediu para Kerere se aproximar. Ela pegou em osum e pintou o
seu bico, depois, com osum vermelho, pintou os brincos. Depois com waji tornou as
penas azul escuro e com efum fez as pinturas brancas. E continuou a pintar Kerere.
Esta, ao ver a sua imagem no abebé de Dandalunda, saiu correndo de tanta
felicidade cantando:
- Kuéim, kuéim, kuéim.
Dandalunda que ainda não tinha terminado de pintar Kerere pediu a Kakulu,
divindade dos gêmeos, para que corresse atrás de Kerere e a trouxesse de volta
pois não tinha pintado o seu peito.
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Kerere lá voltou e pediu para que Dandalunda, ao invés de pintar o peito, lhe desse
um colar. Dandalunda fez-lhe a vontade e ofereceu-lhe um colar em forma de coroa
que Kerere carrega até hoje, e entre os seus pares é a mais linda de todas.
Tempos depois, Kerere voltou e tornou-se o primeiro ser que “tomou” obrigações por
aquela que é capaz de modificar todos com a sua doce magia encantada. Kerere foi
o primeiro ser raspado, adornado e pintado por Dandalunda e é por este motivo que
quando um Kerere é sacrificado temos que tirar este colar em forma de coroa e
coloca-lo em evidência!
Kerere é também conhecida por Konquem, “Tô” fraco, E tu ou Galinha de Angola.
Fonte: http://contosencantar.blogspot.com.br/2009/03/lenda-da-galinha-dangola.html
Acesso em: 04 de novembro de 2014.
GLOSSÁRIO
Abebé Paramento do candomblé com um espelho no centro
Coquete Que procura despertar a atenção, vaidoso (a)
Efum Tipo de pó de cor branca utilizados em rituais afro-brasileiros
Osum (Osún) Espécie de um pó vegetal de cor vermelha
Waji Espécie de pó mineral de cor azul
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MOÇAMBIQUE – A LENDA DA GAZELA E DO CARACOL
Uma gazela encontrou um caracol e disse-lhe:
- Tu, caracol, és incapaz de correr, só te arrastas pelo chão.
O caracol respondeu:
- Vem cá no Domingo e verás!
O caracol arranjou cem papéis e em cada folha escreveu: "Quando vier a gazela e
disser "caracol", tu respondes com estas palavras: "Eu sou o caracol"". Dividiu os
papéis pelos seus amigos caracóis dizendo-lhes:
- Leiam estes papéis para que saibam o que fazer quando a gazela vier.
No Domingo a gazela chegou à povoação e encontrou o caracol. Entretanto, este
pedira aos seus amigos que se escondessem em todos os caminhos por onde ela
passasse, e eles assim fizeram. Quando a gazela chegou, disse:
- Vamos correr, tu e eu, e tu vais ficar para trás!
O caracol meteu-se num arbusto, deixando a gazela correr.
Enquanto esta corria ia chamando:
- Caracol!
E havia sempre um caracol que respondia:
- Eu sou o caracol. Mas nunca era o mesmo por causa das folhas de papel que
foram distribuídas.
A gazela, por fim, acabou por se deitar, esgotada, morrendo com falta de ar. O
caracol venceu, devido à esperteza de ter escrito cem papéis.
Comentário do narrador: "Como tu sabes escrever e nós não,
nós cansamo-nos, mas tu não. Nós nada sabemos!".
Fonte: http://www.ponto.altervista.org/Lugares/Lendas/gazz.html5. Acesso em: 04 de
novembro de 2014.
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GUINÉ-BISSAU – A LENDA DO TAMBOR AFRICANO
Corre entre os Bijagós, da Guiné, a lenda de que foi o macaquinho de nariz branco
quem fez a primeira viagem à Lua. A história começou assim:
Nas proximidades de uma aldeia, os macaquinhos de narizes brancos, certo dia, de
que se haviam de lembrar? De fazer uma viagem à Lua e trazê-la para baixo, para a
Terra.
Ora, numa bela manhã, depois de terem em vão tentado encontrar um caminho por
onde subir, um deles, por sinal o mais pequeno, teve uma ideia: encavalitarem-se
uns nos outros. Um agora, outro depois, a fila foi-se erguendo ao céu e um deles
acabou por tocar na Lua.
Embaixo, porém, os macacos começaram a cansar-se e a ficar impacientes. O
companheiro que tocou na Lua nunca mais conseguia entrar. As forças faltaram-
lhes, ouviu-se um grito, e a coluna desmoronou-se.
Um a um, todos foram arrastados na queda e caíram no chão. Apenas um só, só um
macaquito, por sinal o mais pequeno, ficou agarrado à Lua, que o segurou pela mão
e o ajudou a subir.
A Lua olhou-o com espanto e tão engraçadinho o achou que lhe deu de presente um
tamborinho. O Macaquinho começou a aprender a tocar no seu tamborinho e por
longos dias deixou-se ficar por ali. Mas tanto andou, tanto passeou, tanto no
tamborinho tocou, que os dias se passaram uns atrás dos outros e o macaquinho de
nariz branco começou a sentir profundas saudades da Terra e das
suas gentes. Então, foi pedir à Lua que o deixasse voltar.
— Para que queres voltar?
— Tenho saudades da minha terra, das palmeiras, das mangueiras, das acácias,
dos coqueiros, das bananeiras.
A Lua mandou-o sentar no tamborinho, amarrou-o com uma corda e disse-lhe:
— Macaquinho de nariz branco, vou-te fazer descer, mas toma tento no que te digo.
Não toques o tamborinho antes de chegares lá abaixo. E quando puseres os pés na
Terra, tocarás então com força para eu ouvir e cortar a corda. E assim ficarás liberto.
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O Macaquinho, muito feliz da vida, foi descendo sentado no tambor. Mas a meio da
viagem, oh, não resistiu à tentação. E de leve, levezinho, de modo que a Lua não
pudesse ouvir, pôs-se a tocar o tambor tamborinho. Porém, o vento soltando
brandos rumores fazia estremecer levemente a corda. Ouviu a Lua os sons
compassados do tantã e pensou: “O Macaquinho chegou à Terra”. E logo mandou
cortar a corda. E eis o Macaquinho atirado ao espaço, caindo desamparado na ilha
natal.
Ia pelo caminho diante uma rapariga, cantando e meneando-se ao ritmo de uma
canção. De repente viu, com espanto, o infeliz estendido no chão. Mas tinha os
olhos muito abertos, despertos, duas brasas produzindo luz.
O tamborinho estava junto dele. E ainda pôde dizer à rapariga que aquilo era um
tambor e o entregava aos homens do seu país.
A moça, ainda não refeita da surpresa, correu o mais velozmente que pôde a contar
aos homens da sua raça o que acabava de acontecer.
Veio gente e mais gente. Espalhavam-se archotes. Ouviam-se canções. E naquele
recanto da terra africana fazia-se o primeiro batuque ao som do maravilhoso tambor.
Então os homens construíram muitos tambores e, dentro em pouco, não havia terra
africana onde não houvesse esse querido instrumento.
Com ele transmitiam notícias a longas distâncias e com ele festejavam os grandes
dias da sua vida e a sua raça.
O tambor tamborinho ficou tão querido e tão estremecido do povo africano que, em
dias de tristeza ou em dias de alegria, é ele quem melhor exprime a grandeza da
sua alma.
Fonte:
http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas/obino/cruzadas1/africanidades_atividades/gali
nha_angola.html. Acesso em: 04 de novembro de 2014.
GLOSSÁRIO
Acácias Árvore que possui cerca de 500 variedades distintas.
Archotes Uma espécie de tocha
Bijagós Arquipélago situado no Oceano Atlântico, ao largo da costa da Guiné Bissau.
Encavalitar Colocar-se um sobre outro
Menear Mover de um lado para outro
Rapariga Moça, mulher nova
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CABO VERDE – LENDA DE UNINE
Era uma vez uma mãe que teve uma filha muito, muito bonita. Tão bonita que o sol,
mal um dia a viu, logo se perdeu de paixão por ela.
Ciumento, não deu mais luz nesse dia para que outros não a vissem e também não
se apaixonassem pela linda menina. Fez-se um eclipse.
A mãe, com medo de ficar sem a única filha que tinha, a única companheira que
Deus lhe dera, resolveu escondê-la dos olhos do mundo.
A menina se chamava Unine e pela mãe foi levada e escondida numa gruta, o que
dificilmente lhe seria perdoado por muitos sete anos e sete dias de vida que lhe
fosse dado viver.
Uma noite escura ela levou Unine para a gruta que se situava numa montanha
afastada da povoação. Disse-lhe:
- Minha filha, tu ficas aqui para o teu bem. A porta da gruta não se abrirá por nada
deste mundo, a não ser quando for ouvida a voz da tua mãe.
E cantou uma canção para ela. Era a senha que faria com que a porta, uma enorme
pedra que tapava a entrada da gruta, magicamente se abrisse. E assim Unine
receberia comida e água que a mãe lhe levaria duas vezes ao dia.
Todas as madrugadas, antes que o Sol despontasse, e todas as noitinhas, logo que
o sol se punha, lá estava a mãe com a merenda e com a cantiga.
Era assim:
"Unine, Unine, unine,
Cosi, cosi
Cosi, cosa
Qui vem di dia
Qui vem di noite
Unine, Unine!"
O Sol inquietava-se. Nunca mais pôde ver a sua menina. Todos os dias ele se
levantava e percorria o povoado, a ilha toda, todos os continentes, todos os cantos
do mundo, perguntando peça menina mais bela que jamais tivessem visto.
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Perguntava ao mar:
- Mar, não viste a criatura mais bela?
O mar respondia:
- Se mais bela que as minhas ondas, pergunta então à nuvem.
E o Sol, virando-se para a branca nuvem, perguntava:
- Não viste, querida nuvem, a criatura mais bela?
E a nuvem, empalidecida, sempre se julgara a mais bela, respondia:
- Não, Senhor Sol, se não é a mim que procurais.
Era assim todos os dias. E no final de cada dia, o Sol, exausto, caía de sono na sua
imensa cama no fundo do mar, para na manhã seguinte despertar muito cedo e
repetir o mesmo ciclo.
Fonte: http://verbumimagus.blogspot.com.br/2005/04/unine.html. Acesso em: 04 de
novembro de 2014.
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SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - A LENDA DO CANTA-GALO
Conta a lenda que há tempos São Tomé era o refúgio de todos os galos do mundo.
O "cocorococó" na ilha era imenso e ensurdecedor, porque os galos esqueciam-se
que não eram os únicos a viver na ilha.
Com o passar do tempo, as outras criaturas começaram a incomodar-se com o
modo barulhento das aves.
Um dia, resolveram dar-lhes um ultimato: "Para evitar uma guerra, todos os galos
deveriam mudar-se para um local afastado em 24 horas. Somente o vencedor
poderia ficar no local".
Os galos, seres pacíficos, cantadores e alegres, optaram pela paz e por mudarem-
se todos para outro local onde pudessem cantar à vontade.
Escolheram então um guia, o galo maior, mais preto e mais visível dentre eles.
Partiram todos e depois de muito procurarem encontraram um lugar ideal. Desde
então, nunca mais se ouviu os galos cantarem desordenadamente, mas sempre em
local e hora determinados.
Os habitantes da ilha designaram esse lugar de Canta Galo. Esse local existe ainda
hoje e é um distrito na ilha de São Tomé com o mesmo nome.
Fonte: http://eportuguese.blogspot.com.br/2011/07/lenda-do-canta-galo-sao-tome-e-
principe.html. Acesso em: 04 de novembro de 2014.
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52
1 – Leiam juntos a lenda entregue ao seu grupo.
2 - Interpretem a lenda buscando enfatizar o papel dos personagens, as relações
com a cultura e/ou geografia do país relacionado e os diferentes significados deste
relato. Façam o registro das considerações na folha de atividades.
GRUPO
52
53
Representação das lendas africanas estudadas –
caderno ilustrativo
Conteúdo: Representação das lendas africanas estudadas.
Objetivos: Despertar nos alunos a imaginação e estimular a representação das lendas
em forma de desenho.
Material: Lendas impressas, folhas de atividades, lápis preto, lápis de cor, borracha.
Duração: 4 aulas.
MINI OFICINA 2
54
► Reler as lendas em grupo.
► Representar as lendas através de desenhos.
► Elaborar um caderno ilustrativo para as lendas.
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L E N D A S
1 – Após reler a lenda, elaborem desenhos que a retratem e montem um
caderno ilustrativo para a mesma. Uma dica é fazer os desenhos
obedecendo a sequência do relato, uma espécie de “quadrinhos”. Podem
explorar o uso de caixas de diálogo para as conversas entre os
personagens!
Angola: A lenda da galinha de Angola
Moçambique: A lenda da gazela e o caracol
Guiné-Bissau: A lenda do tambor africano
Cabo Verde: A lenda de Unine
São Tomé e Príncipe: A lenda do Canta- Galo
GRUPO
55
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Representação das lendas africanas estudadas -
teatro
Conteúdo: Elaboração de teatro sobre as lendas africanas.
Objetivos: Despertar nos alunos a imaginação e incentivar a representação das lendas
através de teatro.
Material: Lendas impressas, caderno ilustrativo (confeccionado pelos grupos), folhas de
atividades, lápis preto, borracha, roupas e objetos criados pelos alunos.
Duração: 10 aulas
MINI OFICINA 3
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► Redigir na folha de atividade a lenda em forma de teatro, distribuindo os
personagens e as falas para cada integrante do grupo.
► Preparar a encenação do teatro relativo a sua lenda, com cenário, roupas e
objetos.
► Ensaiar a peça teatral.
► Apresentar o teatro aos colegas de classe.
Observação: Nesta mini oficina não há material didático associado, pois é o
momento em que os alunos irão elaborar seu teatro com base na lenda pertencente
ao seu grupo. Os grupos vão elaborar e ensaiar suas peças e, posteriormente,
encerrando a oficina, farão a apresentação para toda a classe. Todas as atividades
neste momento serão realizadas em grupo.
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1 – Escrevam na folha de atividade o teatro que será apresentado pelo grupo.
Pensem no cenário, nas roupas e nos objetos que precisarão reunir e confeccionar e
providenciem tudo isso junto à escola, à professora e em suas casas.
2 – Distribuam entre os componentes do seu grupo o personagem/função que cada
um deve incorporar e os textos que devem ser estudados e decorados.
3 – Escolher um integrante do grupo para que assuma a posição de diretor da peça,
organizando o ensaio e a apresentação.
1 – Após realizar a atividade 1, iniciem os ensaios do teatro.
1 – Finalizados os ensaios, apresentem aos colegas da classe a sua peça teatral,
representando a lenda do seu grupo. Lembrando que essa peça teatral representará
a avaliação final de nossas atividades.
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Referências
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