Post on 18-Nov-2018
Filosofia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:Profa. Dra. Andrea Borelli
Revisão Técnica:Prof. Ms. Edson Alencar Silva
Revisão Textual:Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Introdução à Reflexão Filosófica
• O que é Filosofia?
• Para que Filosofia?
· Discutir a definição de Filosofia, de conhecimento, Ciência e senso comum. Além disso, discutiremos também os principais períodos da Filosofia.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Introdução à Refl exão Filosófi ca
Orientações de estudoPara que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas:
Assim:Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte
Mantenha o foco! Evite se distrair com
as redes sociais.
Mantenha o foco! Evite se distrair com
as redes sociais.
Determine um horário fixo
para estudar.
Aproveite as indicações
de Material Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma
Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado.
Aproveite as
Conserve seu material e local de estudos sempre organizados.
Procure manter contato com seus colegas e tutores
para trocar ideias! Isso amplia a
aprendizagem.
Seja original! Nunca plagie
trabalhos.
UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
ContextualizaçãoVamos iniciar nosso trabalho contextualizando a importância da Filosofia por
meio de um texto de Karl Jaspers.
Leia com atenção!
O texto vale a pena!
Quando se fala em estudar Filosofia, não é raro nos depararmos com perguntas como: Há uma utilidade para a Filosofia? Por que ela é tão complexa? Karl Jaspers, um importante pensador alemão, responde essa questão dizendo que estas são falsas perguntas, pois trabalham a favor de uma “antifilosofia”, ou seja, um tipo de pensamento que im-pede que a reflexão se contraponha à lógica que reduz tudo a fórmulas prontas e acabadas questões cruciais para a nossa vida. Para ele “a Filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora da paz”.
Ao se voltar para questões “que o mundo não quer” o pensamen-to filosófico se transforma em algo que ora é evitado, ora é temido. Evitado porque o conhecimento é enganadoramente associado a uma atividade sem sentido, mas na realidade é algo que pode nos levar a uma relação com o mundo muito mais profunda. E temido apenas por aqueles que não querem que se pense livremente, pois é mais fácil ma-nipular quem não questiona. Convidamos a utilizarem um antigo lema latino que diz Sapere Audi! (Ouse saber!), ou seja, atreva-se a utilizar o seu próprio conhecimento!
Karl Jasper
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O que é Filosofi a?Essa pergunta permite muitas respostas...
Alguns podem apontar que a Filosofia é o “estudo de tudo” ou “o nada que pretende abarcar tudo”.
Diante de tantas possibilidades, podemos iniciar nosso trabalho procurando o significado da palavra, que é de origem grega.
Trata-se da junção de dois termos: philos que significa amizade, e sophia que significa sabedoria; portanto, Filosofia é o amor pela sabedoria.
Philo = amizade
Sophia = sabedoria filosofia
Figura 1
Considerando essa ideia, podemos dizer que a Filosofia indica um estado de espírito, um desejo de procurar o conhecimento, cultivá-lo e respeitá-lo.
Figura 2 - Pitáoras de SamosFonte: Wikimedia Commons
Segundo a tradição, foi o grego Pitágoras de Samos que criou esse conceito. Pitágoras considerava que a sabedoria absoluta era um privilégio divino, mas os homens poderiam desejá-la e ao se dedicarem a obtê-la tornavam-se Filósofos.
A Filosofia é uma criação grega. Foram os gregos que, encantados com o mundo que os cercava e insatisfeitos com as explicações de caráter tradicional, procuraram entender os fenômenos com base na inteligência humana. Em suma, eles perceberam que o mundo poderia ser conhecido pelo homem e, por isso, ensinado.
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
Para que Filosofia?Marilena Chauí conta que quando você pergunta a um filósofo para que serve a
Filosofia, a primeira resposta será “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p.9.
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O que ela quer dizer com isso?
Sua afirmação permite considerar que a Filosofia demanda uma atitude diferenciada perante o conhecimento e as suas formas.
Trata-se da Atitude Filosófica.
• Atitude Filosófica• Atitude crítica e pensamento crítico.
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A atitude Filosófica é marcada por dois movimentos: a atitude crítica perante as informações recebidas e o pensamento crítico, marcado por indagações rigorosas sobre o mundo.
Esse tipo de atitude aponta a necessidade de observar o conhecimento como algo em construção e que pode ser alterado, ampliado e, acima de tudo, criticado.
O filósofo grego Sócrates dizia que a atitude filosófica fundamental era aceitar que: “Sei que nada sei”.
A atitude filosófica, portanto, é uma atitude de indagação constante e as perguntas que marcam essas indagações são as mesmas, independente dos objetos que a Filosofia pretenda conhecer.
Observe a imagem a seguir:
Atitude Filosó�ca
Por quê?Origem ou Causa das coisas
Como?Estruturas e Relações que
O quê?Sigini�cação de algo.
Re�exão Filosó�ca
Para que pensamos?Finalidade
O que pensamos?Conteúdo
Por que pensamos?Motivos
Figura 3
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Aos poucos, a Filosofia volta as suas questões para o próprio pensamento, ou seja, o pensamento passa a interrogar a si mesmo e esse movimento é chamado de Reflexão.
• Refl exão Filosófi ca = pensar o pensamento
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A reflexão filosófica é considerada radical, pois coloca em discussão como é possível a existência do próprio pensar e como isso realmente acontece.
A reflexão filosófica também procura observar as relações que estabelecemos com o mundo e como essas se efetivam.
Observe a imagem:
Atitude Filosó�ca
Por quê?Origem ou Causa das coisas
Como?Estruturas e Relações que
O quê?Sigini�cação de algo.
Re�exão Filosó�ca
Para que pensamos?Finalidade
O que pensamos?Conteúdo
Por que pensamos?Motivos
Figura 4
Essas questões, contudo, não podem ser respondidas ao acaso ou com base em opiniões pessoais. A Filosofia é uma Ciência que trabalha com raciocínios lógicos e enunciados precisos.
No campo da Filosofia, o processo de pensar algo é acompanhado por um rigor sistemático que garante organicidade, lógica e sentido a tudo que é postulado.
As respostas obtidas a essas questões, portanto, precisam formar um conjunto coerente e sistemático de ideias que possa ser comprovado e demonstrado logicamente.
Filoso�a: Conhecimento Sistemático
Coerência Relação entre ideias
Figura 5
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
Considerando o que já foi dito, voltamos à questão: Para que Filosofia?
Ora, a Filosofia nos ensina a pensar de forma crítica, a criticar o pensamento.
A filósofa Marilena Chauí aponta:
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos, for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história, for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política, for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos, for útil; então, podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.
A Filosofia Ocidental tem seu estudo dividido em grandes momentos, que algumas vezes estão próximos à periodização utilizada na História, e algumas vezes ficam bem distantes.
Os principais períodos são:
Filosofia Antiga – Século VI a.C. ao século VI d.C.
Esse período compreende os quatro grandes períodos da Filosofia greco-romana.
São eles:
Filosofia Antiga
Nome Período Característica
Pré-Socrático ou Cosmológico Séc. VI a.C. -
Séc. V a.C.• Mapear a origem do mundo.• Mapear as causas das transformações da natureza.
Período Socrático ou AntropológicoSéc. V a.C. - Séc. IV a.C.
• Mapear questões voltadas à questão humana como: ética, política.
Período SistemáticoSéc. IV a.C. - Séc. III a.C.
• Sistematizar os conhecimentos sobre Cosmologia e Antropologia.• Tudo pode ser objeto da Filosofia
Período Helenístico ou Greco-romanoSéc. III a.C. - Séc. VI d.C.
• Ocupa-se de questões sobre ética, do conhecimento humano e das relações homem/natureza e natureza/Deus.
Os filósofos pré-socráticos são aqueles que vieram antes de Sócrates e tinham como preocupação buscar entender a origem das coisas. O foco de reflexão era, portanto, o mundo exterior, ou cosmológico. Entre os nomes de maior relevo estão Tales de Mileto e Heráclito de Éfeso.
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Filosofi a Patrística – Século I ao século VII
Trata-se de um esforço sistemático de conciliação da Filosofia Greco-romana, com o pensamento cristão e pode ser dividida em duas: a Patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e a Patrística Romana (ligada à Igreja de Roma).
A Patrística terá como questão principal a conciliação entre a fé e razão e seus autores vão introduzir no campo do pensamento a noção de que algumas verdades foram reveladas por Deus; trata-se dos dogmas.
O termo remete à Filosofi a cristã desenvolvida por padres ou pais da Igreja, nos primeiros três séculos depois de Cristo. Daí o nome Filosofi a Patrística.Ex
plor
Com isso, surge uma distinção desconhecida aos pensadores antigos, entre as verdades reveladas por Deus (os dogmas) e as verdades da razão humana.
As verdades divinas são tidas, para esses autores, como mais importantes e superiores ao pensamento racional humano.
Filosofi a Medieval – Século XIII ao século XIV
Método da Disputa = Uma ideia seria considerada verdadeira ou falsa, dependendo da força e da qualidade dos argumentos.Ex
plor
Trata-se do surgimento de uma Filosofia que pode ser considerada realmente cristã. Suas questões centrais são: as relações entre Deus e o homem, a relação entre fé e razão, a diferença entre o corpo e alma, o Universo como uma hierarquia de seres e a subordinação do poder temporal ao poder espiritual.
A Filosofia medieval sofreu grande influência do pensamento neoplatônico e das leituras árabes do pensamento de Aristóteles.
Outra característica importante era o método desenvolvido, conhecido por disputa. Uma ideia seria considerada verdadeira ou falsa, dependendo da força e da qualidade dos argumentos apresentados pelo autor.
O pensamento está subordinado ao princípio da autoridade, isto é, uma ideia era considerada verdadeira, dependendo se estava baseada na opinião de alguma autoridade reconhecida.
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
Importante!
O termo Filosofia Medieval tem início no período conhecido por Idade Média. Esteve concentrada e desenvolvida em centros universitários e escolares. Daí também ser conhecida por Filosofia Escolástica.
Você Sabia?
Filosofia da Renascença – Século XV ao Século XVI
Trata-se de um período marcado pela descoberta de novas obras de Platão e Aristóteles, bem como a recuperação do trabalho de outros autores do mundo greco-romano.
São três as linhas de pensamento no período:
Filosofia da Renascença
• A Natureza é um grande ser vivo.
• O homem é parte da natureza e pode agir sobre ela.
• O homem pode conhecer os vínculos estabelecidos pelos elementos da natureza e criar outros.
• Valorização da “vida ativa”, ou seja, a participação política.
• Renascimento da liberdade política.
• Homem como artífice de seu destino.
• Destino determinado pelo conhecimento da política, das técnicas e da arte.
Filosofia Moderna – Século XVII a Século XVIII
Esse período é conhecido como Grande Racionalismo Clássico. Nenhum outro período da história da Filosofia foi tão marcado pela crença na Razão. Conside-rava-se que a razão seria capaz não só de conhecer a origem, as causas/efeitos das paixões humanas e controlá-las, como também determinar o melhor regime político para as sociedades e de mantê-lo racionalmente.
• Filosofia Moderna - Primado da RAZÃOExpl
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É um período marcado por três grandes mudanças de atitude intelectual.
Filosofia Moderna• A Filosofia deve começar pela reflexão.
• Indagar a capacidade humana de conhecer e demonstrar a verdade dos conhecimentos.
• Tudo que pode ser conhecido é passível de ser transformado em conceito claro, distinto, demonstrável e necessário.
• Natureza, Sociedade e Política podem ser conhecidas totalmente, pois são inteligíveis.
• A realidade é um sistema de causalidades racionais, rigorosas que podem ser conhecidas e transformadas pelo homem.
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Filosofi a da Ilustração ou Iluminismo – Século XVIII ao Século XIX
Esse período também crê no poder absoluto da razão e seus pensadores consideram que ela “ilumina” o caminho humano.
O Iluminismo afirma que:
Filosofi a da Ilustração ou Iluminismo• A Razão permite
conquistar liberdade, felicidade social e política.
• A Razão é capaz de progresso.
• O homem pode atingir a perfeição por meio do conhecimento, das artes, da Moral e da Ciência.
• O Aperfeiçoamento da Razão se realiza pelo progresso das civilizações.
• As civilizações evoluem das mais primitivas para as mais desenvolvidas
• Natureza é o reino das relações necessárias e imutáveis.
• Civilização é o reino da liberdade e da finalidade produzida pelo homem.
Filosofi a Contemporânea – Século XIX até os nossos dias
O pensamento filosófico atual é marcado pelas questões sobre a relatividade do pensamento, a crítica à razão instrumental e a necessidade de perceber a pluralidade das sociedades humanas.
Seus principais problemas são:
Razão – Deve alertar para o perigo do pensamento instrumental. Trazer liberdade ao ser humano.
História e progresso – A História é descontínua e não progressista.
Filoso�a – A�rmar sua posição de compreensão e crítica às Ciências.
Crítica às Utopias Revolucionárias – Somos capazes de criar uma sociedade mais justa?
Cultura – Pluralidade cultural.
Crítica à Razão. O que podemos realmente conhecer?
Interesse pela multiplicidade e pela diferença.
Coerência
Figura 6
Os campos próprios de estudo da Filosofia.
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
OntologiaFundamento
últimos de todosos seres Lógica
Formas e regrasdo pensamento
verdadeiro
EpistemologiaAnálise crítica
das ciências
Teoria doConhecimento
Estudo dasmodalidades deconhecimento
humano
ÉticaEstudos dos
valores moraisFiloso�a PolíticaEstudo da
natureza dopoder
Filoso�a daHistória - Estudo
da dimensãotemporal daexperiência
humana
EstéticaEstudo das
formas a artee do trabalho
artístico
Filoso�a daLinguagem
A linguagemcomo manifestação
da humanidade
História daFiloso�a Estudo
dos períodosFilosó�cos
FILOSOFIA
Figura 7
A Filosofia realizou seus estudos em diversas áreas e ao longo de sua existência, como uma Disciplina do pensamento, foi capaz de desenvolver alguns campos de estudo que lhe são próprios.
São eles:
O ConhecimentoAs noções, que discutimos até agora, apontam que a questão central da Filosofia,
que envolve a crítica ao ato de pensar e, conectado a ele, ao ato de conhecer.
O conhecimento permeia todo o nosso cotidiano; por meio dele, sabemos como nos portar, o que evitar, o que é adequado. Enfim, o conhecimento do mundo nos garante um grande repertório de ações e pode ser percebido de duas maneiras:
Na primeira, o conhecimento é a relação estabelecida pela consciência do observador e o mundo que o cerca e na segunda possibilidade, o conhecimento é o conteúdo dessa relação. Trata-se, portanto, do saber adquirido e transmitido.
Quando interagimos com o mundo, criando o conhecimento, nunca o fazemos despidos de conceitos anteriores, pois, ao longo da nossa relação com o mundo, somos educados e absorvemos conceitos que nos permitem ampliar o saber que temos. Trata-se de construir um edifício, em que cada um contribui com sua vivência.
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Existem muitas formas de conhecer e, entre elas, destacam-se o Senso Comum e a Ciência.
O Senso Comum
O senso comum é uma forma de conhecimento espontâneo que resulta das experiências cotidianas dos indivíduos para resolver problemas. Nesse processo, ele troca informações com seus contemporâneos e recebe informações de gerações anteriores. Trata-se de um conhecimento empírico e fragmentário que não estabelece relações com outros fenômenos.
Suas características centrais são:
Senso Comum
Saber Imediato
Observação
Confunde a aparência com o real
Observação
Centrado nas opiniões do indivíduo
Acúmulo não sistemático de informações
Não analisa criticamente o conhecimento
Saber Subjetivo Saber Heterogêneo Saber Não Crítico
Figura 8
É importante perceber que o Senso Comum pode ser considerado uma etapa na construção do saber. Ele precisa ser substituído por uma abordagem crítica e coerente, ou seja, o senso comum deve ser transformado em BOM SENSO. O Bom Senso, segundo Gramsci é “o núcleo sadio do senso comum”.
ARANHA, Maria Lucia. Filosofando, Introdução à Filosofi a. São Paulo: Moderna, 1993, p 37.
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Qualquer pessoa, se não privada de sua liberdade de pensamento, e se teve condição de desenvolver sua atitude crítica, será capaz de autoconsciência, de perceber criticamente o próprio pensamento e de analisar o mundo que a cerca. Portanto, todos somos capazes de atingir o bom senso proposto por Gramsci e, a partir dele, construir um conhecimento, fruto da crítica sistemática.
Como fazer isso?
É necessário assumir a postura de dúvida perante o mundo que nos cerca e considerar que as informações, as quais recebemos, precisam ser alvo de crítica. Dessa forma, entramos no mundo das Ciências.
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
A Ciência
Ao longo do tempo, podemos observar a existência de três formas de conceber as Ciências ou noções do que é cientificidade. A primeira, chamada concepção racionalista, tem sua origem no pensamento dos gregos e pode ser percebida até o final do século XVII.
As características centrais dessa abordagem são:
Conhecimento racional,dedutivo e
demonstrativo – tidocomo real
Objeto cientí�co ématemático = realidade
possui uma estruturamatemática
As experiênciascientí�cas = veri�car e
con�rmar asdemonstrações teóricas
Objeto cientí�co = representação intelectual,
necessária, verdadeira e realverdadeira das coisas – corresponde à própria
realidade
Ciência – unidade sistemática de
postulados – relações de causalidade sobre o
objeto
Ciência – unidade sistemática de
postulados – natureza do objeto natureza e as propriedades de
seu objeto
CONCEPÇÃORACIONALISTA
Figura 9
Deve-se observar que, para essa perspectiva, a Ciência faz uma radiografia da realidade. Ela definia um objeto e dele procurava deduzir os efeitos e propriedades do fenômeno estudado, trata-se de uma abordagem hipotético-dedutiva.
Já a abordagem empirista era hipotético-indutiva, ou seja, criava suposições ao objeto e, depois de realizar um conjunto de experiências, definia suas características e propriedades.
A concepção empírica pode ser relacionada ao pensamento de Aristóteles e pode ser rastreada até o século XIX.
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Suas características centrais são:
A ciência é uma interpretação dos
fatos, baseada em observações
experimentos
Métodos experimentais rigorosos
A experiência tem a função de produzir
conhecimento
A ciência é uma interpretação dos fatos, baseada em
experimentos
A CONCEPÇÃO EMPIRISTA
Figura 10
A concepção construtivista combina elementos vindos do empirismo e do racionalismo e indica uma nova perspectiva para a noção de Ciência. Procura-se explicar a realidade e não construir um raio X do mundo que nos cercam; trata-se de um conhecimento que pode ser ampliado e corrigido. Trata-se da concepção de Ciência que domina o conhecimento atual.
As características dessa concepção são:
O objeto uma construção
lógico-intelectual
Modelos explicativos
construidos – observação e
experimentação
Os resultados obtidos possam ser
alterados e alterem a proópria teoria
Coerência entre os princípios que
orientam a teoria
CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA
Figura 10
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
Deve-se observar que, apesar de a concepção racionalista e a empirista terem sua origem no pensamento grego, a concepção dos gregos do que era Ciências é radicalmente diferente da nossa. Existem muitas diferenças; contudo, a que merece destaque é a relação entre a Ciência e a Técnica.
No mundo grego, que era escravista, a técnica era considerada um saber inferior. Ela estava ligada a práticas necessárias à vida e nada tinha a oferecer à Ciência nem a receber dela.
Tecnologia é um saber teórico que pode ser aplicado praticamente.
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Já a Ciência moderna está intimamente ligada à intervenção no mundo natural e, nesse sentido, a Ciência moderna não se separa da questão técnica, pois no mundo, o controle da natureza é considerado fundamental para a Ciência.
Na verdade, a Ciência moderna coloca em evidência a questão da Tecnologia, que pode ser definida como um saber teórico, o qual é passível de ser aplicado praticamente.
A Filosofia, com sua atitude crítica, é a alma mater da ciência e permite ao ser humano interferir no seu meio, procurando um mundo melhor, como aponta Marilena Chauí:
Penso que quem busca a filosofia como forma de expressão de seu pensamento, de seus sentimentos, de seus desejos e de suas ações, decidiu-se por um modo de vida, um certo modo de interrogação e uma certa relação com a verdade, a liberdade, a justiça e a felicidade. É uma decisão existencial, como nos aparece com tanta clareza nas primeiras linhas do Tratado da emenda do intelecto, de Espinosa. Essa decisão intelectual, penso, não é possível a menos que aceitemos aquilo que Merleau-Ponty chamou de “nossa vida meditante” em busca de uma razão alargada, capaz de acolher o que a excede, o que está abaixo e acima dela própria. Essa decisão, penso também, não é possível se não admitirmos com Espinosa que pensar é a virtude própria da alma, sua excelência. O desejo de viver uma existência filosófica significa admitir que as questões são interiores à nossa vida e à nossa história e que elas tecem nosso pensamento e nossa ação. Significa também uma relação com o outro na forma do diálogo e, portanto, como encontro generoso, mas também como combate sem trégua.
CHAUI, Marilena. A Filosofia como vocação para a liberdade. Estudos Avançados 17 (49), São Paulo: 2003, p.11.
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Material ComplementarIndicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
SitesBons e Maus Ensaios FilosóficosHEPBURN, Ronald W. Bons e maus ensaios filosóficos.https://goo.gl/Dz4qZr
LeituraComo se lê um Ensaio de FilosofiaPRYOR, James. Como se lê um ensaio de filosofia.https://goo.gl/Glt8tW
O que é Filosofia e por que Vale a Pena Estudá-laEWING. A. C. O que é Filosofia e por que vale a pena estudá-lahttps://goo.gl/ELgz7t
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UNIDADE Introdução à Reflexão Filosófica
ReferênciasARANHA, Maria Lucia. Filosofando, Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.
CHAUI, Marilena. A Filosofia como vocação para a liberdade. Estudos Avançados 17 (49), São Paulo, 2003.
________. Convite à Filosofia. São Paulo, Ática, 2000.
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