Filosofia Medieval

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APRESENTAÇÃO SOBRE A LINHA FILOSOFICA MEDIEVAL

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FILOSOFIA MEDIEVAL

O cristianismo e o império romano. Da perseguição a liberdade de culto

Séc. V d.C. – O império Romano do Ocidente foi aos poucos sendo fragmentado com a ocupação de povos germânicos.levaram ao seu esfacelamento – surge nova estruturação da vida social

A Igreja católica surgiu e manteve-se como instituição social Consolidou-se como organização religiosa e difundiu o cristianismo;

A igreja passou a exercer importante papel político. Conciliador de elites, contornando problemas da nobreza feudal Tornou-se dona de 1/3 das áreas cultiváveis da Europa Ocidental;

O cristianismo , como a maioria das religiões baseia-se na fé, ou seja crença irrestrita ou adesão incondicional as verdades reveladas por Deus. Isso significa que toda investigação filosófica ou cientifica não poderia de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica, ou seja, os filósofos não precisavam buscar a verdade, pois era já teria sido revelada. Restava-lhes demonstrar racionalmente as verdades da fé.

Nesse período, alguns rejeitaram a filosofia grega, pois viam nesse forma pagã de pensar uma porta para o pecado. Mas houve também aqueles

FÉ versus RAZÃOFÉ versus RAZÃO

Nesse período, alguns rejeitaram a filosofia grega, pois viam nessa forma pagã de pensar, uma porta para o pecado. Já outros defendiam o conhecimento da filosofia grega, percebendo a possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliando com a fé cristã, esse estudo permitiria à igreja enfrentar os descrentes e derrotar os hereges.

FÉ versus RAZÃOFÉ versus RAZÃO

4 elementos da Filosofia Medieval4 elementos da Filosofia Medieval1º - Padres apostólicos.Relativo ao início do cristianismo, quando os apóstolos e seus discípulos disseminaram o cristianismo, sobretudo os temas morais. Destacou-se Paulo de Tarso ou São Paulo.2º - Padres Apologistas. Relativo a apologia, isto é, a defesa e ao elogio do cristianismo contra a filosofia pagã. Destacaram-se Tertuliano e Justino.3º - Patrística Pretendia conciliação entre razão e fé. Destaque para Santo Agostinho (filosofia Platônica).4º - Escolástica. Buscou uma sistematização da filosofia cristã, sobretudo a partir da interpretação da filosofia de Aristóteles. Destaque para Santo (São) Tomás de Aquino.

PatrísticaPatrísticaTornou-se necessário explicar seus preceitos (doutrina) às autoridades e ao povo; usou o trabalho de pregação e conquista espiritual;

Padres da igreja elaboraram diversos textos sobre fé e revelação cristã;

Tentou munir a fé de argumentos racionais (conciliação a filosofia com o cristianismo).

Santo Agostinho (354-430)Santo Agostinho (354-430) Professor de retórica em escolas romanas, Agostinho despertou-se para

a filosofia lendo as obras de Cícero (orador e politica romano). Posteriormente deixou-se influenciar pelo maniqueísmo , doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal.

Mais tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, Agostinho passou a lecionar em Roma e posteriormente em Milão. Nesse período entrou em contato com ceticismo e, depois com o neoplatonismo. Após uma crise existencial e atraído pelas pregações de Santo Ambrósio (bispo de Milão) converteu-se ao cristianismo.

Mundo Inteligível – Mundo das idéias divinas, pela iluminação o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas

RAZÃO SUBORDINADA A FÉ “CREIO PARA QUE POSSA ENTENDER”

Superioridade da Alma Superioridade da Alma Agostinho argumenta em favor da supremacia do espírito sobre o corpo, a matéria;A alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o corpo, dirigindo-o para a prática do bem;Quando o corpo se torna mais importante, assume o governo da alma, surge a ideia de pecado;Submissão do espírito à matéria, da essência à aparência;Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de pecar é escravidão.

Boas Obras ou Graça Divina?

Quem comete pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvação mediante esforço pessoal de vontade e concessão da graça divina;

Sem a graça de Deus, o ser humano nada pode conseguir. Essa graça , no entanto seria concedida apenas aos predestinados à salvação.

Pelagianismo - O teólogo Pelágio afirmava que a boa vontade e as boas obras humanas seriam o suficiente para a salvação individual (Teoria condenada por Agostinho) ;

Condena-se a teoria pelo fato de conservar a noção grega de autonomia da vida moral humana;

Noção de que o indivíduo pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas obras, sem a necessidade de ajuda divina;

Teoria contraditória à submissão total do ser humano ao Deus cristão defendida pela igreja;

Filosofia grega = cidadão, ser humano social e político; Filosofia cristã agostiniana = enfatiza no indivíduo sua ligação com Deus, a responsabilidade dos atos e exalta a salvação divina.

Liberdade e PecadoA vontade é uma força que determina a vida e não uma função e não uma função ligada ao intelectoligada ao intelecto;

A pessoa peca por usar o livre-arbítrio para satisfazer uma para satisfazer uma vontade mávontade má;

Agostinho reitera as palavras de Paulo: não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, não sou que age, mas o pecado que habita em mim (Romanos cap. 7, vers. 19-20)

O ser humano não pode ser autônomo em sua vida moral (não pode decidir livremente sobre sua conduta);

O ser humano pode querer o mal e praticar o pecado, motivo pelo qual necessita da graça divina.

Precedência e FéPrecedência e Fé

Influência HelenísticaManiqueísmo – herdou a concepção dualista – luta do bem e mal, luz e trevas;

O ser humano tem uma inclinação natural para o mal – pecado; Já nascemos pecadores – pecado original;

Mal = afastamento de Deus; Defendia uma intensa educação religiosa;

Ceticismo – desconfiança nos sentidos, conhecimento sensorial;

Platonismo – Concepção de verdade como conhecimento eterno, deveria ser buscada no mundo das ideias; Somente o íntimo de nossa alma, iluminada por Deus poderia atingir as verdades

Escolástica: Matriz aristotélica até DeusEscolástica: Matriz aristotélica até Deus

Séc. VIII Carlos Magno organizou o ensino e fundou as escolas ligadas às instituições católicas;

A cultura greco-romana (até então guardada nos mosteiros) voltou a ser divulgada, passando a ter influência nas reflexões;

Adotou-se modelo de educação romana: Matérias Trivium (gramática, retórica e dialética) e o Quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) submetidas à teologia;

Séc. XIII – aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico (devido à descoberta de muitas obras de Aristóteles, desconhecidas até então e à tradução para o latim).

A questão dos universais Método escolástico de investigação:

Estudo da linguagem (gramática, retórica, dialética);Exame das coisas (geometria, aritmética, astronomia e música);

Pergunta: Qual a relação entre as palavras e as coisas?

Ex.: Rosa (nome de flor, quando esta morre, o nome permanece existindo)Ideia Geral

Questão dos universais = relação entre as coisas e seus conceitos.

RealismoSustenta a tese de que os universais existiam de fato;

Ex.: a bondade e a beleza seriam modelos/moldes – a partir disso se criariam as coisas boas ou más;

Santo Anselmo: universais na mente divina;

Quanto mais universal fosse o termo gramatical, maior seria seu grau de perfeição;

Nominalismo Nominalismo Os universais não existiriam em si mesmo, pois seriam somente palavras, sem existência real;

O universal não passa de um nome;

Realismo moderado – busca de semelhanças entre os seres individuais (equilíbrio);

A dominação muçulmana na Espanha durante o século XII trouxe a ciência árabe à Europa.

Com Averrois, as universidades medievais redescobrem o pensamento grego (obras: física, metafísica e ética).

Filósofos árabesAvicena (980 – 1037) Averróis (1126 – 1198)

São Tomás de Aquino – 1225 - São Tomás de Aquino – 1225 - 12741274

“O mais sábio dos santos e o mais santo dos

sábios”

Tomismo Objetivo:

◦Não contrariar a fé;Finalidade:

◦Organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo;

Tomás reviveu o pensamento de Aristóteles, em busca de argumentos para explicar a fé

cristã;Fez da filosofia um instrumento a serviço

da igreja católica.

Princípios básicos

Princípio da não contradição – o ser é ou não é. Não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo, sob o mesmo ponto de vista.

Princípio da substância:Substância – essência de uma coisa, sem

ela não seria aquilo que é. Ex. Racionalidade é a essência do ser humano Acidente - qualidade não essencial,

acessória do ser. Ex. Ser gordo, magro, ser jovem ou idoso são atributos

que não mudam o ser humano na sua essência

Princípio da causa eficiente ( seres contingentes) não possuem em si a causa eficiente de sua existência. Portanto para existir , o ser contingente depende outro ser que representa sua causa eficiente, o ser necessário

Princípio da finalidade - todo ser contingente existe em função de uma finalidade ‘razão de ser”. Enfim, todo ser contingente tem uma causa final.

Princípio de ato e potência- todo ser contingente possui duas dimensões:◦ Ato – essência (forma) da coisa como ela é.◦ Potência – capacidade de tornar-se alguma coisa,

aquilo que uma coisa poderá vir a ser.◦ Mudança – passagem da potência para o ato.

Teoria das quatro causas de Aristóteles

Causa material- aquilo de que a coisa é feita (o mármore); Causa eficiente- que da impulso ao movimento (o escultor

que a modela); Causa formal- aquilo que a coisa tende a ser ( a forma que

o mármore adquire ); Causa final – aquilo para o qual a coisa e feita( a

finalidade de fazer a estátua: a beleza, a gloria, a devoção religiosa etc.).

Todo ser contingente foi produzido por outro ser, que também é contingente. Para não ir ao infinito na sequencia de causas, é preciso admitir uma primeira causa, um ser necessário. “Tudo que se move é necessariamente movido por outro”

A existência de Deus por meio da razão (5 vias de demonstração)

Primeira via (prova) Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é

movido por alguém,. Tudo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido. Esse motor é Deus.

Segunda via (prova) Causa eficiente ( Primeira): todas as coisas existentes dependem de alguma causa. É necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão dos efeitos. Essa causa é Deus.

Terceira via (prova) Ser Necessário e ser contingente: É preciso admitir que há um ser que sempre

existiu, um ser absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa de sua existência, mas que seja a causa dos seres contingentes.

Nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser. Esse ser é DEUS).

Quarta viaSer Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição

nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres. Esse ser é Deus.

Quinta via (prova)Graus de perfeição/Inteligência Ordenadora:

Todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, uma finalidade, tal como a flecha do arqueiro. Devemos admitir , então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.