Post on 07-Apr-2016
Fluxos de carbono inorgânico dissolvido em igarapés na Amazônia
OcidentalEliete dos Santos Sousa- elieth.ss@bol.com.br Universidade Federal do AcreCleber Ibraim Salimon clebsal@cena.usp.br Centro de Energia Nuclear na Agricultura CENA/USPReynaldo Luiz Victoria reyna@cena.usp.br Centro de Energia Nuclear na Agricultura CENA/USP
Resumo 9
INTRODUÇÃO – O considerável aumento da concentração de CO2 na atmosfera seja talvez uma das grandes preocupações deste século. Durante muito tempo a Floresta Amazônica foi alvo de diversas pesquisas com o objetivo de descobrir qual o seu papel na determinação das concentrações de CO2 na atmosfera. Agora, a mais recente preocupação dos pesquisadores
não se refere apenas à florestas somente, mas ao grande número de ambientes aquáticos que elas abrigam. De acordo com Richey et al. (2002), a evasão de CO2 de águas superficiais para a atmosfera da Amazônia Central execde 1 Mg C h-1a-1. Estudos
realizados nos maiores rios do mundo, dentre eles o Amazonas (Stallard, 1980; Devol et al., 1987; Richey et al., 1988) mostram que as concentrações de CO2 são cerca de 10 a 15 vezes maior do que o esperado para o equilíbrio com a atmosfera. Estas
observações demonstram que os rios liberam ativamente este gás para a atmosfera.
OBJETIVO – O objetivo deste trabalho é determinar as concentrações de carbono inorgânico dissolvido
de dois igarapés na Amazônia Ocidental, localizados no leste do Estado do Acre, contribuindo assim na discussão do papel de sistemas fluviais na evasão de CO2 para a atmosfera.
ÁREAS DE ESUTUDO – As coletas de água foram realizadas no igarapé Floresta, localizado na Fazenda Experimental Catuaba, onde o solo é classificado como latossolo e no igarapé da Ponte, localizado na Reserva Humaitá, com solo classificado como argissolo distrófico (Brasil, 1976). As duas áreas de estudo são caracterizadas como floresta ombrófila aberta com predominância de bambus (Silveira, 1999). A temperatura média de 26 °C, com pluviosidade entre 1750 e 2000 mm. O mês mais seco é junho, com uma pluviosidade de 32mm e o mais chuvoso é fevereiro, com 299mm (Duarte te al., 2000).
METODOLOGIA – As determinações de CID foram feitas por análise da fase gasosa. As concentrações
foram determinadas em um Analisador de Gás por Infravermelho (IRGA, Li 800).
5.00
5.20
5.40
5.60
5.80
6.00
6.20
6.40
6.60
6.80
7.00
Todo o período Período de Seca Período de Cheia
pH
Igarapé da Ponte (Argissolo) Igarapé Floresta (Latossolo)
Figura 2. Valores médios de pH das águas dos igarapés para todo o período de estudo e para os períodos de seca e cheia.
D
B
200300400500600700800
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
abr/0
5
mai
/05
jun/
05
CID
tota
l (µM
)
5.605.806.006.206.406.606.80
pH
50100
150200
250300
350
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
abr/0
5
mai
/05
jun/
05
HC
O3-
(µM
)
5.605.80
6.006.20
6.406.60
6.80
pH
100150200250300350400450500550
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
abr/0
5
mai
/05
jun/
05
CO
2 liv
re (µ
M)
5.605.806.006.206.406.606.80
pH
0
20
40
60
80
100
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
abr/0
5
mai
/05
jun/
05
Por
cent
agem
do
CID
6.006.106.206.306.406.506.606.706.80
pH
A
C
05 0
10 0
5 . 0 05 . 105 . 2 05 . 3 05 . 4 05 . 5 05 . 6 05 . 7 05 . 8 05 . 9 0
CO2 HCO3-
pH
5 01 5 0
2 5 03 5 0
5 .00
5 .5 0
6 .00
CID pH
05 0
10 0
5 . 0 05 . 105 . 2 05 . 3 05 . 4 05 . 5 05 . 6 05 . 7 05 . 8 05 . 9 0
CO2 HCO3-
pHFigura 3. Concentrações médias do CID total (A), HCO3- (B), CO2 livre (C), porcentagem de HCO3- e CO2 livre no CID total (D) e pH nas águas do igarapé da Ponte.
Micro- Bacia em Argissolo
0100200300400500600
mai/0
4
jun/
04
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
mar
/05
abr/0
5
mai/0
5
jun/
05
HCO
3- (µ
M)
0100200300400500600700
mai
/04
jun/
04ju
l/04
ago/
04se
t/04
out/0
4no
v/04
dez/
04ja
n/05
fev/
05m
ar/0
5ab
r/05
mai
/05
jun/
05
CID
tota
l (µM
)
0100200300400500
mai
/04
jun/
04
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
mar
/05
abr/0
5
mai
/05
jun/
05
CO
2 liv
re (µ
M)
Figura 5. Comparação entre as concentrações médias do CID total (A), HCO3- (B) e CO2 livre (C)
nas águas dos dois igarapés.
Comparação entre igarapés
Argissolo X Latossolo
RESULTADOS Os valores de pH apresentaram-se intimamente relacionadas com a geologia da microbacia de drenagem dos igarapés. O igarapé da Ponte, que drena um terreno de argissolo , apresentou pH médio de 6,38. Por outro lado, o igarapé Floresta, que drena um terreno de latossolo, apresentou pH médio de 5,40. Além destas diferenças espaciais, também foi observada uma variação de pH ao longo do ano para os dois igarapés. No igarapé floresta, os valores foram iguais a 5,50 e 5,29 para os períodos de cheia e seca, respectivamente. Os valores de pH para o igarapé de Ponte variaram entre 6,49 para o período de cheia e 6,28 para o período seco. As maiores concentrações de CID total no igarapé Ponte foram observadas no período seco, com valor máximo de 653,45 µM registrado no mês de abril, o qual caracteriza o fim das chuvas. A menor concentração ocorreu no mês de janeiro (235,62 µM). O igarapé Floresta apresentou o mesmo padrão, com as maiores concentrações de CID total observadas no período de seca. A menor concentração foi registrada no mês de abril (256,46 µM) e a menor concentração no mês de janeiro ( 84,45 µM).
O igarapé da Ponte apresenta maiores concentrações de CID que o igarapé Floresta, principalmente com relação às concentrações de HCO3
-. Esta discrepância é resultado da influencia da bacia de drenagem sobre o pH que por sua vez determina a distribuição das frações de CID. A distribuição das frações de CID também foi influenciada pela sazonalidade com uma maior uniformidade ocorrendo no período das chuvas no igarapé da Ponte. Já no igarapé Floresta, houve sempre a predominância de CO2 em ralação ao HCO3
- em ambos os períodos.
ConclusãoO tipo de solo, e conseqüentemente o pH, está diretamente influenciando os padrões de CID nos respectivos igarapés
A B
DC
50
100
150
200
250
300
mai
/04
jun/
04ju
l/04
ago/
04se
t/04
out/0
4no
v/04
dez/
04ja
n/05
fev/
05m
ar/0
5ab
r/05
CID
tota
l (µM
)
5.005.105.205.305.405.505.605.705.805.90
pH
50
100
150
200
250
300
mai
/04
jun/
04
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
mar
/05
abr/0
5
CO
2 liv
re (µ
M)
5.005.105.205.305.405.505.605.705.805.90
pH
0
5
10
15
20
25
mai
/04
jun/
04ju
l/04
ago/
04se
t/04
out/0
4no
v/04
dez/
04ja
n/05
fev/
05m
ar/0
5ab
r/05
HC
O3-
(µM
)
5.005.105.205.305.405.505.605.705.805.90
pH
0
20
40
60
80
100
mai
/04
jun/
04
jul/0
4
ago/
04
set/0
4
out/0
4
nov/
04
dez/
04
jan/
05
fev/
05
mar
/05
abr/0
5
Por
cent
agem
do
CID
5.005.105.205.305.405.505.605.705.805.90
pH
05 0
10 0
5 . 0 05 . 105 . 2 05 . 3 05 . 4 05 . 5 05 . 6 05 . 7 05 . 8 05 . 9 0
CO2 HCO3-
pH
5 0
1 5 0
2 5 0
3 5 0
5 .00
5 .5 0
6 .00
CID pH
05 0
10 0
5 . 0 05 . 105 . 2 05 . 3 05 . 4 05 . 5 05 . 6 05 . 7 05 . 8 05 . 9 0
CO2 HCO3-
pHFigura 4. Concentrações médias do CID total (A), HCO3- (B), CO2 livre (C), porcentagem de HCO3- e CO2 livre no CID total (D) e pH nas águas do igarapé Floresta.
Micro-Bacia em latossolo BA
C D
Ig. Ponte (Argissolo)
Ig. Floresta (Latossolo)
Ig. Ponte (Argissolo)
Ig. Floresta (Latossolo)
Figura 1. Localização das áreas de estudo.
Ig. da Ponte (Argissolo)Ig. Floresta (Latossolo)