Post on 25-Jul-2020
CENTRO UNIVERSITARIO CESMAC
HELLEN GOMES DA SILVA
GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DO GÁS NATURAL
UMA ANÁLISE DE INVESTIMENTO EM UM HOTEL DE
MACEIÓ
MACEIÓ-AL
2018/1
HELLEN GOMES DA SILVA
GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DO GÁS
NATURAL:
Uma análise de investimento em um hotel em Maceió
Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial, para conclusão do curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Cesmac sob a orientação da professora M.Sc Laryssa Ramos de Holanda.
MACEIÓ-AL
2018/1
GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DO GÁS
NATURAL: Uma análise de investimento em um
hotel em Maceió
Hellen Gomes da Silva (CESMAC)
Hellen.gomes2006@gmail.com
Laryssa Ramos de Holanda (CESMAC)
Laryssarholanda@hotmail.com
Resumo:
Este artigo tem como objetivo analisar o investimento em um gerador de energia elétrica que utiliza gás natural como combustível base em um hotel, para a substituição do consumo energia elétrica das companhias convencionais no horário de ponta, onde as tarifas são mais elevadas. Para isso foi utilizada ferramentas de análise de investimento, valor presente líquido, razão benefício-custo taxa interna de retorno e pay-back descontado. Após ser colhido dados de investimento, custos operacionais e a economia que se o obteve com essa utilização junto a empresa pesquisada e aplica-los nas ferramentas todos os resultados afirmam que o investimento é positivo. A geração de energia através do gás natural é uma alternativa para a ampliação da diversificação da matriz energética brasileira. Gerando confiabilidade e rentabilidade para as empresas e indústrias que aderirem a essa tecnologia.
Palavras-chave: Geração, Energia elétrica, Gás Natural.
1.Introdução
Atualmente existe a necessidade de ampliar e diversificar a matriz energética
brasileira, devido à tendência de aumento no consumo de energia elétrica,
associado a diminuição dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Quando esses
níveis encontram-se baixos as tarifas efetuadas pelas companhias de energia
elétrica aumentam.
Desse modo, a crise energética é uma realidade, mesmo com esforço de muitos
países na racionalização da energia elétrica. Assim intensifica-se a, busca por outras
fontes de energia que possam ajudar a suprir essa demanda, como por exemplo, o
gás natural.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (2010), define-se o
gás natural (GN) como fonte de energia limpa que pode ser utilizado em diversos
setores, sendo menos poluentes que os combustíveis. Além disso o gás natural
pode ser utilizado em diversas instalações: industriais, residenciais, postos que
abastecem com gás natural veicular (GNV), hospitais e empresas comerciais. O GN
também é usado para a geração de energia elétrica, pois é um combustível seguro,
cômodo e com tarifas menores que as das companhias elétricas.
A disponibilidade do gás natural favorece o seu uso para a geração de energia
elétrica, em processos complementares de demandas energéticas de indústrias,
residências e estabelecimentos comerciais. Em algumas situações a geração
distribuída de energia pode se apresentar uma energia complementar ou tornar a
empresa autossuficiente em energia elétrica. Fator importante para quem precisa de
energia elétrica com fornecimento confiável ininterrupto, como hospitais, hotéis,
edifícios corporativos, shoppings centers e indústrias.
As indústrias e comércios que tem uma alta demanda de energia elétrica dependem
do fornecimento das companhias, e pagam altas tarifas quando os reservatórios
estão com níveis reduzidos.
A utilização do gás natural para geração de energia elétrica pode gerar uma
economia na energia produzida pelas companhias, reduzindo custos e tornando a
empresa mais competitiva no mercado. Porém trona-se necessário identificar se
essa economia junto com o custo no investimento no gerador é viável. Dessa forma
o presente artigo tem como objetivo fazer uma analise do investimento em um
gerador a gás natural realizado em um hotel de Maceió, através de ferramentas
como valor presente líquido, razão benefício-custo taxa interna de retorno e pay-
back descontado.
2. Referencial Teórico:
2.1 A situação energética do Brasil
No Brasil, a hidroeletricidade está entre as principais fontes de energia primária,
apesar de ser uma fonte renovável, encontra dificuldades de expansão no contexto
brasileiro devido ao impacto ambiental gerado pela construção das usinas, ao alto
investimento financeiro para realização da obra, e a operação e escassez dos
recursos hídricos (COSTA; 2005).
De acordo com a Eletrobrás (2011), as características físicas e geográficas do Brasil
foram determinantes para a predominância hidráulica, as usinas hidrelétricas são
responsáveis por 95% da energia elétrica gerada no país, e estima-se que
futuramente as fontes hidráulicas continuarão a desempenhar importante papel no
atendimento à crescente demanda de energia elétrica.
Costa (2005) falou que o esgotamento dos potenciais hídricos é algo que também
preocupa, mesmo com todos os projetos de expansão do setor elétrico o Brasil
ainda sofre com a escassez dos recursos hídricos e todo esse problema é
repassado a população que tem que racionalizar ou tem as tarifas elevadas.
Padro (1991), afirmou que é notório o fato de que o Brasil é um país com elevado
potencial hidrelétrico. No entanto, este fato em si não é garantia de ausência de
problemas futuros, por isso, a busca por outras formas de geração de energia.
O aumento do uso de derivados da cana, palha de arroz, serragem e outros
resíduos da biomassa, em conjunto com a geração hidráulica de energia, fez do
Brasil um dos países com maior utilização de energia renovável no mundo (BEN;
2005).
A falta de uma política energética para promover o aproveitamento racional de
outros dos recursos energéticos, bem como aproveitar as outras fontes de energia
como o álcool, o gás natural, o carvão, a eólica e a energia termonuclear, foram
fatais na crise que o País enfrentou em 2001. Hoje, o Governo Federal depois de
muitos erros estratégicos, começa a alterar sua visão das necessidades energéticas
futuras (MME; 2008).
2.2 O Gás Natural
Atualmente o gás natural tem sido de suma importância para a engenharia de
produção, pois é um dos combustíveis mais utilizados no momento, por ser seguro,
cômodo e econômico. E ainda evita consideravelmente a emissão de poluentes,
além de ser uma ótima alternativa energética para reduzir os problemas associados
com os combustíveis fósseis. (SANTOS; 2008)
Segundo a Petrobrás (2015), o gás natural é um combustível fóssil encontrado no
subsolo, podendo ser ou não associado ao petróleo. Sua formação é resultante do
acúmulo de matérias orgânicas soterradas em grandes profundidades, do tempo
pré-histórico. É composto por gases inorgânicos e hidrocarbonetos saturados, com
predominância do metano e em menores quantidades o butano e propano, entre
outros. Sob pressão atmosférica e e temperatura ambiente o gás natural encontra-se
no estado gasoso.
A extração é realizada através de pesquisas e teste sísmicos onde se verifica a
existência de bacias sedimentares de rochas reservatórias. Se o resultado da
pesquisa for positivo o poço é perfurado para a extração do gás (NASCIMENTO;
2005). O transporte e distribuição do gás é realizado através de gasodutos, sob a
forma liquefeita, em navios e caminhões. Sendo o gasoduto a forma mais utilizada.
(SANTOS; 2008)
De acordo com a Companhia de Gás de Alagoas (Algás) (2016), as principais
aplicações do gás natural podem ser, industrial, automotiva, residencial, termelétrica
entre outras. As vantagens da utilização desse combustível são muitas como: maior
competitividade nas indústrias, diversificação da matriz energética, disponibilidade
ampla e crescente, combustão limpa, sem emissão de cinzas (foligens), fácil
adaptação à instalações já existentes, sem armazenamento, combustível facilmente
regulado, pagamento após o consumo e custo bastante competitivo comparado a
outros combustíveis
Em contrapartida as desvantagens são, por se tratar de um combustível fóssil, ele é
uma energia não renovável finita, apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão,
alta geração de monóxido de carbono, altamente toxico (SANTOS; 2008).
2.3 A geração
Em tempos de escassez de energia elétrica, cresce a procura por uma opção de
fonte de energia que seja abundante, não ofereça riscos de interrupção, que tenha
baixo impacto no meio ambiente e a garantia de uma distribuidora de confiança. E o
gás natural, quando usado para fins de geração, tem se apresentado como uma das
melhores alternativas (ALGÁS; 2017). A eficiência que esse sistema proporciona a
produção de energia confiável e com baixo custo, podendo tornar a unidade
industrial ou comercial autossuficiente na geração de energia elétrica (COMPANHIA
DE GÁS DE SÃO PAULO – COMGÁS; 2017).
Segundo Goldbarg (2005), dentre as fontes de energias através de combustíveis
para os sistemas de geração, o gás natural tem se mostrado um combustível
bastante atrativo, pois ele realiza uma queima eficiente e limpa. Alguns fatores
determinam para o crescimento dos sistemas de geração com o gás natural como
base: melhor aproveitamento da capacidade de geração de energia no usuário,
independência da rede elétrica e segurança no fornecimento, alta eficiência na
geração de energia e calor, redução de gastos com transporte e distribuição.
2.4 Conceitos e Definições elétricas:
Segundo o Manual de Tarifação da Energia Elétrica da Eletrobrás, 2011, é
necessário conhecer alguns conceitos e definições elétricas. São eles:
a) Consumo de energia elétrica: Quantidade de potência elétrica (kW)
consumida em um intervalo de tempo, expresso em quilowatt-hora (kWh). No caso
de um equipamento elétrico o valor é obtido através do produto da potência do
equipamento pelo seu período de utilização e, em uma instalação residencial,
comercial ou industrial, através da soma do produto da demanda medida pelo
período de integração.
b) Demanda: Média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao
sistema elétrico pela parcela da carga instalada em operação na unidade
consumidora, durante um intervalo de tempo especificado.
c) Demanda contratada: Demanda de potência ativa a ser obrigatoriamente e
continuamente disponibilizada pela concessionária, no ponto de entrega, conforme
valor e período de vigência no contrato de fornecimento e que deverá ser
integralmente paga, seja ou não utilizada durante o período de faturamento,
expressa em quilowatts (kW).
d) Energia Elétrica: Simplificadamente, é o produto da potência elétrica pelo
intervalo de tempo de utilização de um equipamento ou de funcionamento de uma
instalação (residencial, comercial ou industrial).
e) Horário de ponta: É o período de 3 (três) horas consecutivas exceto sábados,
domingos e feriados nacionais, definido pela concessionária, em função das
características de seu sistema elétrico. Em algumas modalidades tarifárias, nesse
horário a demanda e o consumo de energia elétrica têm preços mais elevados.
f) Horário fora de ponta: Corresponde às demais 21 horas do dia, que não
sejam aos referentes ao horário de ponta.
3. Metodologia
A metodologia utilizada no presente trabalho tem como objetivo analisar a
viabilidade do investimento para gerar energia elétrica. O objeto do estudo possui
características de um estudo de caso, em um hotel da rede privada em Maceió, AL.
Gil (2009), com base nas técnicas a respeito da metodologia empregada, o estudo
torna-se: estudo de artigos e pesquisa exploratória.
A implantação de um projeto como esse não se isola apenas as características
técnicas, mas também o seu retorno financeiro para a empresa, sendo assim os
custos operacionais de um sistema de geração devem ser menores que os do
sistema convencional, apresentando assim a redução dos custos como uma
vantagem importante.
As ferramentas que serão utilizadas para a análise do investimento no gerador a gás
natural são: valor presente líquido, razão benefício-custo taxa interna de retorno e
pay-back descontado. Para isso serão coletados junto ao gestor do hotel dados
referentes ao investimento realizado no gerador, custos com manutenção e
operação e a economia que a utilização do gerador no horário de ponta proporciona,
ou seja, quanto ele esta deixando de gastar ou até mesmo eliminar o consumo de
energia da companhia de eletricidade no período do horário de ponta.
3.1 O Valor Presente Líquido (VPL)
Conforme Ferreira (1987), é a diferença entre o valor investido e o valor resgatado
ao fim do investimento, trazidos ao valor presente. Se VPL for positivo, então o valor
investido será recuperado e haverá um ganho. Se VPL for zero significa que aplicar
ou não fará diferença. Agora se VP for negativo significa que o investidor estará
resgatando um valor menor que o valor investido, então não se deve aplicar neste
investimento. Conforme a equação 1 da figura 1.
3.2 A taxa Interna de Retorno (TIR)
É a taxa, i, que no fluxo de caixa iguala o valor presente de um ou mais
equipamentos com o valor obtido no caixa após o investimento. A TIR iguala as
entradas e saídas do caixa. Quanto maior Taxa Interna de Retorno melhor.
Matematicamente, a Taxa Interna de Retorno é a taxa de juros que torna o valor
presente das entradas de caixa igual ao valor presente das saídas de caixa do
investimento, como apresentado na equação 2, presente na figura 1(FERREIRA;
1987).
Geralmente os valores a partir de 15% já se tornam atrativos ao investidor.
3.3 Razão Custo Benefício
Benefícios são as receitas anuais e os custos são os custos de produção anuais e
custo de investimento de implantação, a razão entre o VPL benefício e o VPL custo
acima de 1 já indica quer o investimento é viável (FERREIRA; 1987). Presente na
equação 3 da figura1.
3.4 O Pay-back descontado
De acordo com Ferreira (1987), este método determina o tempo decorrido entre o
valor do investimento realizado e recuperado pelo investidor. Tornando-se assim um
dos métodos mais importantes para a análise de viabilidade econômica do projeto.
Os valores podem variar de acordo com o investidor, porém sempre visa-se o menor
tempo de retorno possível ou que atenda o tempo de garantia do produto ou projeto.
Encontra-se na equação 4, figura 1.
Figura 1 - Descrição das fórmulas
Valor Presente Líquido Taxa Interna de Retorno Razão Benefício
Custo Pay-Back
Descontado
𝑉𝑃𝐿(𝑖) = −𝐼 + ∑𝑅𝑡 − 𝐶𝑡
(1 + 𝑖𝑀)𝑡
𝑛
𝑡=0
(1)
𝑉𝑃𝐿(𝑖) = −𝐼 + ∑𝑅𝑡 − 𝐶𝑡
(1 + 𝑖𝑀)𝑡
𝑛
𝑡=0
(2) 𝑅𝐵𝐶 = 𝑉𝑃𝐿𝑏𝑒𝑛𝑒𝑓í𝑐𝑖𝑜
𝑉𝑃𝐿𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 (3)
𝑃𝐵
= −𝐼 + (𝑅 − 𝐶
1 + 𝑖)𝑛 (4)
i: é a taxa de desconto; i: é a taxa de desconto (igual ao custo de capital da empresa);
i: é a taxa de desconto;
PB: é o valor presente de capital, ou seja, o fluxo de caixa
Fonte: Autores (2018)
Para a análise do projeto é utilizada uma taxa mínima de atratividade (𝑖𝑀) de 6,5%
ao ano, que é a taxa de juros aplicada no mercado atual brasileiro, portanto pode ser
descrita como o custo de oportunidade do capital a ser investido.
4. Resultados e Discussões
4.1 O hotel
Hotel situado na cidade de Maceió-AL, no bairro da Jatiúca, inaugurado em 2017
tem como diferencial a gestão voltada para a sustentabilidade, eficiência e
economia, otimizando o uso de energia, água e descartes.
São 8000 m² de área construída, dividida em 16 pavimentos com 164 acomodações
todas climatizadas e equipadas. No horário de ponta (entre 17:30h e 20:30 com
exceção de sábados, domingos e feriados nacionais) todo o hotel é abastecido com
energia elétrica gerada pelo próprio gerador à gás natural, consumindo 70% da
capacidade produtiva do gerador. Essa decisão por investir no gerador a gás natural
foi adotada para reduzir os custos com energia elétrica no horário de ponta onde as
tarifas são mais elevadas.
descontado para o valor presente cumulativo até o instante t;
t: é o período genérico para t= (0...n), percorrendo todo o fluxo de caixa;
t: é o período genérico para t= (0...n), percorrendo todo o fluxo de caixa;
t: é o período genérico para t= (0...n), percorrendo todo o fluxo de caixa;
I: é o investimento inicial;
R: é o fluxo genérico para t=(0...n) que pode ser positivos (ingressos) ou negativos (desembolsos);
R: é o valor presente das entradas de caixa
R: é o fluxo genérico para t=(0...n) que pode ser positivos (ingressos) ou negativos (desembolsos);
R: é a receita proveniente do ano n;
VPL: é o valor presente líquido descontado a uma taxa i;
VPL: é o valor presente líquido descontado a uma taxa i;
VPL: é o valor presente líquido descontado a uma taxa i;
C: é o custo proveniente do ano n;
n: é o número de períodos do fluxo;
n: é o tempo de desconto de cada entrada de caixa;
n: é o número de períodos do fluxo;
n: é o número de períodos do fluxo;
I: é o investimento inicial;
I: é o investimento inicial; I: é o investimento inicial;
C: é o custo proveniente do ano n;
C: é o custo proveniente do ano n;
C: é o custo proveniente do ano n;
4.2 Geração de energia
Um gerador a gás natural é um equipamento que queima o gás para gerar
eletricidade. Geradores a gás podem ser vistos em uso em configurações diferentes,
e eles estão prontamente disponíveis em lojas especializadas em equipamentos
industriais.
O gerador usa o combustível para gerar energia mecânica que é convertida em
energia elétrica baseado no fenômeno da indução eletromagnética. O dínamo
gerador de corrente contínua, funciona convertendo a tal energia mecânica contida
na rotação do eixo em intensidade de um campo magnético produzido por um imã, o
girar do rotor induz uma tensão nos terminais dos enrolamentos, onde conectados a
cargas levam a circulação de correntes elétricas. A quantidade de energia produzida
pelo gerador depende dos componentes e da quantidade de combustível utilizado.
Existem quatros tipos de geradores que convertem a energia mecânica em energia
elétrica, são eles gerador de corrente contínua, gerador de indução, gerador
síncrono e motores elétricos, eles apresentam voltagens e tensões diferentes. Os
mais utilizados são modelos a base de gasolina e diesel.
O equipamento utilizado é o Gerador de indução Stemac modelo OC13A de 400kVA
de potência e motor Scania com 487 CV, suas dimensões são 2,06m de
comprimento por 0,88m de largura e 1,40m de altura, massa total 640kg.
4.3 Levantamento de dados
Para a demanda de 13824kw, consumo médio mensal do hotel, utilizando 70% da
capacidade do gerador é utilizado aproximadamente 4200m³ de gás natural, em um
regime de três horas por dia (horário de ponta), e em aproximadamente 22 dias
(referente às 3horas diárias de segunda-feira a sexta-feira) no mês.
Apresenta-se na tabela 3 uma comparação tarifária entre o gás natural e a energia
elétrica fornecida pela companhia convencional, no horário de ponta a tarifa da
companhia chega a R$ 2,10/kWh, enquanto a de gás natural juntamente com a
manutenção do equipamento encontra-se no valor de R$ 1,70/m³. Os custos
operacionais mensais encontram-se respectivamente nos valores de R$29.030,40 e
R$7.140,00 levando a uma economia de R$ 21.890,40 por mês e de R$ 262.684,80
por ano.
Tabela 3 - Custo Operacional
Consumo (Mensal)
Tarifa Hora Ponta
Tarifa Hora Fora
Ponta
Custo Mensal Custo Anual Economia Anual
Energia Elétrica (kWh)
(Fornecida pela Eletrobrás)
13824 R$ 2,10 R$ 0,44 R$ 29.030,40 R$ 348.364,80 R$ 262.684,80
Gás Natural (m³)
4200 R$ 1,70 R$ 1,70 R$ 7.140,00 R$ 85.680,00
Fonte: Autores (2018)
O investimento inicial no equipamento junto com mão-de-obra para instalação é de
aproximadamente R$ 350.000,00, com 5 anos de garantia dada pelo fabricante. Ou
seja a vida útil será considerada igual a 5.
4.4 Análise do investimento
Tendo em vista os dados coletados, a vida útil do gerador e a taxa mínima de
atratividade são calculados os critérios de avaliação.
4.3.1Valor Presente Líquido
Como já mencionado, o valor presente líquido (VPL) mensura o lucro ou prejuízo
líquido de um projeto antes de sua implementação. Nesta equação I será o valor do
investimento R$350.000,00, 𝑅𝑡 será o valor de energia fornecido pela companhia
convencional R$348.364,80, 𝐶𝑡 é o valor que gasto em gás natural para gerar a
mesma energia necessária em kWh o equivalente a 85.680,00, i é a taxa de juros
aplicada que corresponde a 6,5%, e n será o tempo de vida útil nesse caso 5 anos,
todos em valores anuais. Utilizando a equação 1 tem-se o VPL,
𝑉𝑃𝐿(𝑖) = −𝐼 + ∑𝑅𝑡 − 𝐶𝑡
(1 + 𝑖𝑀)𝑡
𝑛
𝑡=0
𝑉𝑃𝐿( 6,5%) = −350.000 + ∑348.364,8−85.680
(1+0,065)𝑡𝑛=5𝑡=1
𝑉𝑃𝐿 = 𝑅$ 741.633,82
Ou seja, o investimento no gerador de energia elétrica a gás natural é viável pois é
maior que zero.
4.3.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)
Com a taxa interna de retorno tem-se o percentual de rendimento do projeto no
gerador de energia elétrica, com os mesmo valores adotados no VPL e agora
adotando VPL igual a 0, utiliza-se a equação 2.
𝑉𝑃𝐿 (𝑖) = 0 = −𝐼 + ∑𝑅𝑡 − 𝐶𝑡
(1 + 𝑖)𝑡
𝑛
𝑡=0
0 = −350.000 + ∑348.364,8−85.680
(1+𝑖)𝑡𝑛=5𝑡=1 = 69,66%
Portanto, esse resultado indica que o projeto é viável pois a TIR é maior que a TMA.
4.3.4 Pay-Back Descontado
Utilizando a equação 4 e adotando os mesmos valores usados no VPL, tem-se o
pay-back descontado que é o tempo de recuperação do investimento no gerador.
𝑉𝑃𝐿 (𝑛) = −𝐼 + ∑𝑅𝑡−𝐶𝑡
(1+𝑖)𝑡𝑛𝑡=0 = 𝑉𝑃𝐿 (𝑛) = −350.000,00 + ∑
348.364,8−85.680
(1+0,065)𝑡𝑛𝑡=0 = 21meses
Portanto, Pay-Back de 1 ano, 9 meses e 20 dias, ou aproximadamente 21 meses.
Com esse resultado o investimento é viável pois é menor que a vida útil do projeto
que é 5.
4.3.3 Razão benefício/custo
Com a equação 3, tem-se o cálculo da razão benefício-custo do investimento o gerador de
energia elétrica, será adotado os mesmos valores do VPL.
𝑅𝐵𝐶 = 𝑉𝑃𝐿𝑏𝑒𝑛𝑒𝑓í𝑐𝑖𝑜
𝑉𝑃𝐿𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜=
𝐼 + ∑𝑅𝑡 − 𝐶𝑡
(1 + 𝑖𝑀)𝑡𝑛𝑡=0
−𝐼 + ∑𝑅𝑡 − 𝐶𝑡
(1 + 𝑖𝑀)𝑡𝑛𝑡=0
RBC =
350.000 + ∑348.364,8 − 85.680
(1 + 0,065)𝑡𝑛=5𝑡=1
−350.000 + ∑348.364,8 − 85.680
(1 + 0,065)𝑡𝑛=5𝑡=1
= 2,0503
Como o resultado foi maior que 1 o investimento no projeto é atrativo.
5. Conclusão
O presente estudo de caso analisou a viabilidade econômica de utilizar o gás natural
como combustível para gerar energia elétrica no horário de ponta, onde as tarifas
adotadas pela companhia fornecedora de eletricidade convencional.
Esse modelo de processo produtivo auxilia para a redução de custo na fatura de
energia, tornando a empresa eficiente na geração de sua própria energia, além de
ser mais uma alternativa para atender a crescente demanda brasileira por
eletricidade que vem ocorrendo nos últimos anos juntamente ao crescimento
econômico do país.
Utilizando valores de receita, custo e investimento foi executada a análise de
viabilidade econômica para a aplicação do projeto. Através de cálculos
metodológicos do Valor Presente Líquido, Pay-Back Descontado, Taxa Interna de
Retorno e da razão entre benefício e custo.
Os resultados obtidos comprovam que o projeto é economicamente viável, positivo e
o seu retorno se da após aproximadamente vinte e um meses.
A redução no custo é observada quando comparando as tarifas utilizadas para se
obter a mesma demanda de consumo em kWh. Em outra ocasião pode-se analisar e
comparar com geradores que utilizam o Diesel como combustível já que são
facilmente encontrados no mercado.
Referências
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