Post on 12-Jun-2015
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Análise de uma situação social na Zululândia Moderna.
Max Gluckman [1958]
In. Feldman-Bianco (org). Antropologia das Sociedades
Contemporâneas – Método, 1987.
Prof. Gabriel O. AlvarezMétodo Etnográfico
• África do Sul. 2 milhões de brancos, 6,5 milhões de africanos.
• O sistema social do país consiste de relações interdependentes em cada grupo e entre vários grupos enquanto grupos raciais.
• Trabalho de campo 1936-1938• 2/5 dos africanos moram em reservas.• Apenas alguns europeus (administradores, técnicos do
governo, missionários, comerciantes e recrutadores)• Africanos realizam migração laboral (fazenda,
industria, criados)
• Situação social como uma série de eventos.• A partir das situações sociais e de suas inter-
relações numa sociedade particular, podem-se abstrair a estrutura social, as relações sociais, etc.
• Validar e verificar as generalizações.
• 1938- morando no sítio de Matolana– Plano, inauguração da ponte e encontro distrital na
magistratura Nongoma– Richard (filho) e Matolana, vestimentas– Episódio do policial– Carona ao velho líder de seita cristã separatista– Separação no hotel em Nongoma e encontro com
veterinário do governo.– Reclamações de Matolana para o veterinário– Distribuição no carro, brancos na frente, africanos
detrás.
• Inauguração da ponte– Construída pelo Departamento de Assuntos
Nativos– Magistrado colocou guerreiro Zulu na bifurcação;– Carro di regente da Casa Real Zulu, saudações,
uniformes– Ponte e cênario• Zulus em ambas margens (A e B no mapa)• Europeus na barraca (C no mapa)
• Brancos presentes: equipe administrativa; magistrado, assistente, mensageiro; cirurgião, missionários, funcionários do Hospital; comerciantes e recrutadores; policiais e técnicos; leiloeiro nas vendas de gado. Comissário Chefe dos nativos, representante de Departamento de Estradas da Província.
• Zulus presentes: Chefes locais, líderes e seus representantes; os que construíram a ponte; policiais do governo; funcionários nativos da magistratura; zulus residentes nas proximidades
• 24 Europeus e 400 zulus
• Arco na extremidade sul da ponte, com guerreiro Zulu.• Construtores, com lanças e escudos. Altos dignitários Zulus com roupas
de montaria européias; resto dos zulus combinavam roupas européias e tradicionais
• Tropa de guerreiros zulus marcha pela ponte e saúda o comissário chefe dos nativos.
• Inauguração. Hino inglês conduzido por missionário, zulus em pé e tiraram o chapéu.
• Magistrado, discurso em inglês traduzido pelo funcionário zulu; fala do comissário-chefe dos Nativos (primeiro em inglês depois em zulu); representante do Departamento de Estradas; Adams, velho zulu; último discurso do Regente Mshiyeni (Mkhize em inglês), agradece ponte para hospital e demanda ponte na estrada principal. Anuncia doação de uma cabeça de gado e cerimônia tradicional disposta por comissãrio-chefe.
• Comissário-chefe atravessou a ponte ao som de cantos zulus, seguido de outros carros com europeus e do regente.
• Europeus na barraca, chá com bolo• Outra margem zulus matam três animais para
festa. Regente organiza e toma cerveja com súbditos (D no mapa). Envio de cerveja ao comissário-chefe.
• Comissário chefe e europeus foram embora.
• Zulus dividiram-se em três grupos. Regente e idunas; mais longe os plebeus. Cerveja e conversa à espera da carne. Rio acima (A no mapa), homens cortando os animais. A maior distância missionário sueco com cristãos zulus cantando hinos religiosos.
• Ida para a reunião em Nongoma.• Hotel, almoço separado.• Reunião na magistratura, 200 a 300 zulus
presentes.
• Três tribos– Usuthu , linhagem real, sequito e clientes do rei
zulu (hoje o regente)– Amateni, tribo real governada pelo pai
classificatorio do rei– Mandlakazi governados por um principe de um
ramo colateral da flia real (separados em guerras civis depois de 1880).
• Guerras entre facções Mandlakazi• Permaneceu chefe Amateni (sem plebeus).• Chegada de Mshiney levantaram-se para
saudá-lo• Pronunciamento do chefe Mandlakazi
Análise da situação social
• Vários eventos, ocorridos em diferentes partes, envolvendo diferentes grupos, interligados pela presencia do antropólogo como observador. Através destas situações e de seu contraste com outras situações não descritas, delineia a estrutura social da Zululândia moderna. Análise envolve contexto e outras situações no sistema social da Zululândia.
• Uma situação social é o comportamento, em algumas ocasiões, de individuo como membros de uma comunidade, analisado e comparado com seu comportamento em outras ocasiões. Desta forma, a análise revela o sistema de relações subjacentes entre a estrutura social da comunidade, as partes da estrutura social, o meio ambiente e a vida fisiológica dos membros da comunidade.
• Nota de rodapé 21. Cita Fortes, Evans- Pritchard e Malinowski como referência sobre o significado sociológico de situações sociais.
• Zulus e Europeus cooperaram na inauguração da ponte. Mostra que formam uma única comunidade com modos específicos de relacionamento. Ponto de partida deve ser uma única comunidade branco-africana e não o contato cultural.
• Ponte: Engenheiros europeus, trabalhadores zulus, usada por magistrado europeu governando os zulus e por mulheres zulus rumo ao hospital. Inaugurada por funcionarios europeus e pelo regente zulu, numa cerimônia híbrida (européia com componentes zulus).
• Motivos e interesses diferentes que causaram a presença dos diversos atores– Magistrado local– Comissário chefe dos nativos– Europeus– Veterinário do governo e antropólogo– Esposas dos europeus (poucas esposas dos Zulus
cristãos).
• Zulus– Regente– Escrivão zulu e polícia guvernamental– Chefe e idunas locais– Trabalhadores zulus– Público em geral
• Para zulus era um evento local, europeios mobilidade maior.
• Magistrado local – prestígio e cerimônia– Cerimônia com padrões europeus e elementos zulus.– Representante do governo com formação europeia e
contato com cultura zulu– Fez como representante do governo.– Teve o poder para organizá-la dentro dos limites de certas
tradições sociais e pôde fazer inovações de acordo a condições locais.
– Ações não planejadas.
• Os presentes na cerimônia divididos em dois grupos raciais. Relação marcada por por separação e reserva. Não se confrontam em situação de igualdade. Separação é também forma indireta de associação.
• Na zululândia um africano nunca poderá transformar-se em um branco. Para os brancos esta separação é um valor dominante.
• Zulus separados em dois grupos, Unidos na celebração de um assunto de interesse comum.
• Relações freqüentemente marcadas por hostilidade e conflito.
• Grupos com status diferentes (brancos e zulus)– Posição dominante dos europeus– Inter-relação
• Separação• Conflito• Cooperação
• Governo detém a autoridade suprema da força, da penalidade, do aprisionamento.
• Governo funções judiciais, administrativas e ambientais.
• Zulus que ocupam posições governamentais– Dever em relação ao governo, manter a ordem.
Comissário chefe/regente
• Zulus interligados com brancos no aspecto econômico, como trabalhadores não qualificados.
• Zulus dependem do dinheiro• Integração econômico num sistema industrial e agrícola.– Fluxo dos trabalhadores (1/3 ausente). – Organizados pelos empregadores– Agrupamentos por parentesco e identidade tribal
• Zulus / Bantus
– Autoridade no trabalho separada de autoridade tradicional (no trabalho autoridades brancas)
• Chefe zulu não tem palavra em assuntos que envolvam zulus e brancos.
• Governo, manter e controlar o fluxo de mão de obra ( e evitar que se fixem nas cidades).
• Desenvolvimento da reserva como secundário• Contradição com êxito de leilões de gado.• Contradições da estrutura.• Sindicatos (pouca colaboração entre Africanos e brancos)• A oposição africana à dominação européia, liderada por capitalistas
e trabalhadores qualificados, está começando a se expressar na Indústria
• Lealdade tribal vs lealdade sindical
• Oposição zulu ao domínio europeu se expressa também em organizações religiosas.
• Estratificação da organização do trabalho (capitalistas, trabalhadores qualificados/ camponeses, trabalhadores não qualificados; corte racial).
• Línguas diferentes• Modos de vida e costumes diferentes, valores e
organização social.• Situações de cooperação (cerimônia).• Base material de diferenciação e cooperação
• Ambientes sociais especiais: missão, hospital, centros de treinamento.
• Separação sexual• Relações pessoais no trabalho (castigos e
exploração, memória seletiva). • Divisão entre pagãos e cristãos entre os Zulus,
cisão não é absoluta, laços de parentesco, cor, aliança política e cultura.
• Divisões sociais entre os zulus• Trabalho asalariado/subsistência• Trabalho para o governo• Cristãos (escolas e hospitais)• Zulus associados a brancos• Divisões em tribos• Regente• Tribos hostis entre sim, mesma nação frente a outros.
Relação com Bantu em oposição ais brancos.• Apoio ao governo na Guerra
• Sítios habitados por um grupo de agnatas com suas esposas e filhos.
• Grande parte da vida dispendida nos agrupamentos com parentes e vizinhos. Tensões, acusações de bruxaria
• Laços de parentesco• Novos costumes cristãos estão enfraquecendo o
parentesco. • Contraste entre inauguração (cooperação), com
fazendas e cidades (conflito)
• Relações entre europeios funcionarios da reserva e zulus (ligados pela rutina da admnistração)– A favor dos zulus frente a outros brancos, contudo
unem-se contra o grupo africano quando agem como membros do grupo branco em oposição aos africanos
• Missionários “protegem” os zulus dos brancos e ao mesmo tempo os tornam mais dispostos a aceitarem valores europeus.
• Funcionamento da estrutura social em termos de relações entre grupos, indicando algumas complexidades que permeiam essas relações.
• Pessoas podem pertencer a inúmeros grupos, em oposição ou unidos em diferentes situações.
• Comportamento dos indivíduos• Grupos principais, divididos em grupos subsidiarios,
formalizados e não formalizados, sendo que de acordo com interesses, valores e motivos determinam seu comportamento em situações diferentes, o individuo modifica sua participação nesses grupos.
• Através da comparação de inúmeras situações seremos capazes de delinear o equilibro da estrutura social de Zululândia em um certo período de tempo. A hegemonia do grupo branco é o fator social principal na manutenção deste equilibro.
• As mudanças de participação nos grupos em situações diferentes revela o funcionamento da estrutura, pois a a participação do indivíduo e determinada pelos motivos e valores. Os mesmos podem ser contraditórios.
• As contradições transformam-se em conflitos na medida em que a freqüência e importancia relativa das diferentes situações aumentam no funcionamento das organizações.
• Relações que envolvem africanos e brancos estão tornando-se dominantes
• Um número cada vez menor de zulus está se comportando como membro do grupo africano em oposição ao grupo branco. Esta situação afeta as relações entre africanos.
• Influências de valores e grupos diferentes produzem conflitos na personalidade do indivíduo zulu e ba estrutura social de Zululândia. Estes conflitos fazem parte da estrutura social.
• Estes conflitos imanentes no interior da estrutura de Zululândia irão a desencadear seu futuro desenvolvimento.