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História 7º ano/Tema: a Grécia no séc. V a. C
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Escola Secundária Carlos Amarante
História 7º Ano
Tema: a Grécia no século V a. C.
Um país montanhoso e pobre
A Grécia é um país mediterrânico, situado no Sueste da Europa. É uma
região de costas muito recortadas e rodeada por numerosas ilhas que
se estendem pelo mar Egeu até ao litoral da Ásia Menor.
Cerca de 80% do território é montanhoso e árido. O clima mediterrânico
também não é muito favorável à agricultura. As zonas altas aproveitavam-
nas para a pastorícia. Nos vales e pequenas planícies cultivavam os
cereais (trigo, cevada) e, nas encostas, plantavam a vinha, a oliveira e a
figueira.
A atração do mar
O solo é pobre mas, em compensação, existem na Grécia ótimas
condições para a vida marítima: um mar geralmente tranquilo, inúmeros
golfos e enseadas abrigados, ilhas próximas da costa que constituem
pontos de apoio seguro para a navegação.
Deste modo, os Gregos desde cedo se dedicaram à pesca e ao comércio,
primeiro junto ao litoral, depois no mar Egeu. Mais tarde, acabaram por se
aventurar por todo o Mediterrâneo.
Como nasceu o povo grego
Os Gregos - que a si próprios se chamavam Helenos resultaram da
mistura de diversos povos, oriundos do Sul da Rússia, que vieram fixar-se
na Grécia, em vagas sucessivas, durante o 2º milénio a. C. Falavam todos
uma mesma língua indo-europeia, da qual derivou a língua grega.
Depois de um longo período de guerras e devastações, agravado pela
difusão das armas de ferro. Neste período, muitas populações emigraram,
indo povoar as ilhas e as costas da Ásia Menor. O mundo habitado pelos
Gregos ou Helenos alargou-se assim a todos os territórios banhados pelo
mar Egeu.
A formação das Cidades-Estados
As barreiras montanhosas que dividem o território grego contribuíram para
o isolamento das populações. Este facto não facilitava a unificação política
da Grécia. O país permaneceu sempre um mosaico de pequenos Estados
independentes.
No século VIII a. C., deu-se um crescimento populacional e desenvolveram-
se os núcleos urbanos. Nasceram assim numerosas Cidades-Estados. Com
exceção de Atenas, Esparta e Tebas, todas tinham dimensões muito
reduzidas.
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O que era uma Cidade-Estado
Uma Cidade-Estado - a que os Gregos chamavam pólis era uma
comunidade de homens livres, os cidadãos, que tinham governo
autónomo e leis próprias. Ocupava um território independente, composto
por uma cidade e pela área rural circundante, devendo ter condições para
garantir a subsistência e a defesa dos cidadãos.
O centro urbano era o coração desse pequeno Estado. Numa das suas
colinas situava-se a acrópole amuralhada, onde se erguiam os templos
em honra dos deuses protetores da pólis. Na praça pública, ou ágora,
realizava-se o mercado, bem como a assembleia em que se debatiam os
assuntos políticos, relativos ao governo da comunidade.
A colonização do Mediterrâneo
A partir de meados do século VIII a. C., as Cidade gregas atravessaram um
período de crise, devido ao excesso de população. Para fugirem à fome e
às lutas civis, muitos gregos emigraram, espalhando-se pelas costas do
Mediterrâneo, desde o mar Negro à Península Ibérica.
Esta aventura marítima conduziu à fundação de numerosas colónias. Cada
colónia era uma Cidade-Estado independente, mas continuava ligada à sua
metrópole por laços comerciais e religiosos.
O mundo helénico estendeu-se, assim, por quase toda a bacia do
Mediterrâneo. Mas, apesar de espalhados por regiões longínquas e de se
manterem divididos em tantas Cidades-Estados, os Gregos
consideravam-se um só povo, porque tinham a mesma religião, os
mesmos costumes e falavam a mesma língua. Conscientes desta unidade
cultural, sentiam-se diferentes dos outros povos a que chamavam
bárbaros.
Organização Social Organização Política
Cidadãos
Metecos
Escravos
Mulheres, sem direitos de
cidadania, confinadas ao espaço
doméstico do gineceu,
nomeadamente as das famílias
mais abastadas.
- Democracia direta;
- Péricles, político ateniense criador da
remuneração dos cargos
políticos/magistraturas para possibilitar a
participação dos cidadãos mais pobres;
- Democracia limitada
Escravos, metecos e mulheres sem
direitos de cidadania;
Ostracismo;
Condenação à morte;
Imperialismo da Liga de Delos.
Atenas (séc. V a. C.)
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Cidadãos, uma minoria
No século V a. C., a população de Atenas rondaria as 400 mil pessoas.
No entanto, os cidadãos não seriam mais de 40 mil, uma minoria.
Eram cidadãos os indivíduos do sexo masculino, maiores de 18 anos, filhos
de pai e de mãe atenienses. Só eles podiam participar no governo da póIis. E
também só eles podiam possuir propriedades (terras e casas) na Ática, não
estando sujeitos a impostos.
As mulheres dos cidadãos não só eram excluídas da vida política, como
gozavam de direitos muito limitados, vivendo na dependência dos pais ou dos
maridos.
Metecos e escravos
A maioria da população ateniense era formada pelos metecos e pelos
escravos.
Os metecos eram os estrangeiros residentes em Atenas. Dedicavam-se
fundamentalmente ao artesanato e ao comércio. Embora deles dependesse o
desenvolvimento económico da Cidade, não lhes eram reconhecidos direitos
políticos. Prestavam, porém, serviço militar e tinham de pagar impostos.
Os escravos eram considerados meros instrumentos de trabalho. Eram
propriedade dos donos que os compravam ou vendiam como qualquer
mercadoria e os utilizavam em todo o tipo de tarefas: serviço doméstico,
trabalho nos campos, nas oficinas ou nas minas. Tratavam-nos, todavia,
com relativa humanidade.
Uma sociedade democrática?
Eram, pois, os cidadãos quem constituía a pólis e a quem cabia o dever
de governá-la. Para que pudessem exercer capazmente a cidadania,
recebiam, em geral, uma boa formação. Na escola aprendiam a ler e a
escrever e a recitar os poemas homéricos. E, quando jovens, desenvolviam o
corpo e o espírito a fim de se tornarem aptos a combater em defesa da
Cidade e a participar na vida democrática.
Este sistema político quase perfeito ainda hoje nos serve de modelo. Não
podemos porém, esquecer que ele tinha em Atenas profundas limitações.
Mulheres, metecos e escravos estavam privados, em parte ou totalmente,
de direitos. E, se a maior parte dos cidadãos podia viver no ócio,
dedicando-se tão intensamente à vida política, era porque milhares de
escravos asseguravam o trabalho indispensável à sociedade.
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Funcionamento da democracia ateniense (século V a. C.)
Sorteio Eleição ou
sorteio
Sorteio
Reconstituição de uma sessão
da Eclésia.
A Assembleia reunia-se cerca de
40 vezes por ano, na Pnyx, uma
colina fronteira á Acrópole.
Bulé
Assembleia de 500 membros
(por 1 ano)
Preparava as leis
Arcontes (10)
Funções judiciais e religiosas
Estrategos
Funções políticas e militares
(por 1 ano)
Eclésia
(Assembleia dos cidadãos)
votava as leis e o ostracismo
decidia da guerra e da paz
Helieu
Tribunal de 6000 membros
(por 1 ano)
Funções judiciais
CIDADÃOS
35 000 a 40 000 pessoas
O único grupo social com direitos políticos
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Religião
A vida dos cidadãos atenienses repartia-se entre a política e o culto. Na
verdade, o seu dia-a-dia estava muito ligado à religião. Que caraterísticas tinham
os deuses gregos? De que forma, os Gregos prestavam culto aos seus deuses?
Os Gregos, à semelhança dos demais povos da Antiguidade (com exceção
dos Hebreus), adoravam muitos deuses. Eram, assim, politeístas.
Os deuses gregos eram representados sob a forma humana (antro-
pomorfismo). Tal como os seres humanos, tinham as suas virtudes e vícios, os
seus ódios e paixões, gostos e preferências. Contudo, distinguiam-se dos
homens pelos seus poderes sobrenaturais e pela imortalidade. À volta da vida
dos deuses, criaram-se numerosos mitos.
Os Gregos pensavam que os seus deuses moravam no Olimpo, a montanha
mais alta da Grécia. Nela residiam 12 deuses, cada um com os seus atributos,
entre os quais Zeus (deus dos deuses e senhor do Universo), Poseidon (deus
do mar), Hades (deus dos mortos), Apolo (deus do SoI, da poesia, da música e
da juventude), Dioniso (deus do vinho e das artes), Afrodite (deusa do amor) e
Atena (deusa da sabedoria e padroeira da cidade de Atenas).
A variedade do culto
A religião ocupava um lugar importante na vida dos Gregos. O culto era
prestado em diversos locais e sob formas diferentes:
o culto doméstico - em casa, junto ao altar, a família prestava culto
aos deuses em ocasiões importantes como o nascimento, a passagem
à idade de adulto, o casamento, a morte dos seus membros;
o culto cívico - dirigido por magistrados e sacerdotes, era prestado em
templos, em honra dos deuses protetores da cidade (o caso da deusa
Atena, em Atenas). Algumas cidades organizavam grandes festas
religiosas que atraíam peregrinos de toda a Grécia (culto pan-
helénico). Assim aconteceu com o santuário de Apolo, e Delfos, em
virtude da fama dos seus oráculos, isto é, mensagens transmitidas aos
crentes, de forma pouco clara e ambígua, por uma sacerdotisa. Outro
importante culto pan-helénio realizava-se no santuário de Zeus, em
Olímpia, onde de 4 em 4 anos se realizavam grandes festas religiosas
e desportivas - os Jogos Olímpicos.
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Atenas, escola da Grécia
Os Gregos desenvolveram a mais brilhante cultura da Antiguidade. Desde o
século VII a. C. que se destacaram poetas, artistas e pensadores notáveis. Mas
foi no século V a. C., coincidindo com o apogeu de Atenas, que a arte e o
pensamento atingiram maior beleza e profundidade. Atenas tornou-se então a "escola da Grécia", um centro intelectual e artístico
que atraía sábios e artistas de todo o mundo helénico. Sob o patrocínio de Péricles, construíram-se os mais belos monumentos. Organizaram-se festivais de teatro magníficos. Os pensadores encontravam na cidade o ambiente estimulante para lançar novas ideias.
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O teatro, espelho da vida
O teatro nasceu em Atenas, associado ao culto de Dioniso. Nas festas em
sua honra, realizavam-se concursos de representações teatrais que, a partir do
século V a. C., passaram a ter lugar em grandes anfiteatros construídos ao ar
livre.
Havia dois tipos de peças teatrais: tragédias e comédias.
As tragédias, inspiradas em antigas lendas, tinham um elevado sentido
moral. As desgraças que sofriam as personagens, vítimas das suas paixões e do
Destino, suscitavam nos espectadores o terror e a piedade. Os maiores trágicos
foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.
As comédias satirizavam figuras típicas da época. Eram peças de crítica
social que provocavam o riso. O mais célebre comediógrafo foi Aristófanes.
O amor da sabedoria
Os Gregos foram também os criadores da filosofia. Filósofos, isto é, amigos
da sabedoria, eram os pensadores que refletiam sobre os problemas do mundo e
da existência humana, procurando dar-lhes resposta e encontrar a verdade.
Um dos maiores filósofos foi Sócrates. Interessado pelos problemas do
homem, dialogava com os seus discípulos levando-os a descobrir a verdade em
si próprios. As ideias de Sócrates foram desenvolvidas por Platão e Aristóteles,
dois geniais pensadores cuja influência se faz sentir ainda hoje.
Devem-se ainda aos Gregos duas outras criações. Uma delas foi a história:
Heródoto e Tucídides deixaram-nos uma narração dos factos do seu tempo,
baseada em investigações rigorosas. A outra foi a oratória, isto é, a arte de
discursar, que nasceu com os debates políticos e teve em Demóstenes um dos
principais representantes.
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“A educação grega”
Logo que a criança começa a compreender o que lhe dizem, a ama, a mãe, o pedagogo e
até o próprio pai esforçam-se para que ela se torne o mais perfeita possível. Mandam-na à
escola, com a recomendação de se cuidar da aprendizagem das letras e da cítara. Os
mestres, depois de lhes ensinarem as letras e verificarem que compreendem o que
escrevem (…) põem-nas a ler as obras dos grandes poetas e obrigam-nas a decorar
esses poemas, nos quais se encontram elogios à valentia dos antigos, a fim de que a
criança (…) os imite e se esforce por ser igual a eles. Depois de saberem tocar cítara
aprendem as obras dos poetas líricos, que executam. Além disso, ainda se mandam as
crianças ao pedótriba1, a fim de possuírem melhores condições físicas, para poderem
servir a um espírito são e não serem forçados a cobardia, por fraqueza corpórea, quer na
guerra quer noutras atividades.
Protágoras
História 7º ano/Tema: a Grécia no séc. V a. C
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Atividades de exploração:
1. Como eram educados os jovens atenienses?
2. Quais eram os vários espaços que os jovens atenienses frequentavam para a sua
formação?
3. Comenta a educação que dos jovens gregos.
Uma arte à medida do homem
Templo de Atena Niké – Calícrates e Fídias
Esquemas da ordem dórica
(1) e da ordem jónica (2)
(A) Frontão
(B) Friso
(C) Arquitrave
(D) Coluna
(E) Capitel
(F) Fuste
(G) Base
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Pártenon: reconstituição
Escultura
Escultura
Com Policleto
e o seu
Dorífero
estabeleceu-se
o cânone
clássico – o
ideal da figura
humana,
caraterizado
pelo equilíbrio
e a harmonia
das partes
anatómicas,
por um ligeiro
movimento de
ombros e
quadris e pela
altura do corpo
igual a sete
vezes a da
cabeça.
Lisipo
apresenta no
seu
Apoxiomeno
um novo
cânone com
novas
proporções –
altura do
corpo igual a
oito vezes a
da cabeça –,
resultando um
corpo mais
esbelto e
uma cabeça
mais
pequena.
História 7º ano/Tema: a Grécia no séc. V a. C
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Referências bibliográficas
- História sete, 7º Ano de Escolaridade, Lisboa Editora, pp.60-80, 1ª edição, 2006;
- Sinais da História, 7º Ano de Escolaridade, Asa Edições, pp. 58-69, 1ª edição, 2006