HistóRia Da EducaçãO Brasileira

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Breve contexto histórico do 1º Reinado e Segundo Reinado e a educação neste período.

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Mulheres na sala de aula

Guacira Lopes Louro

Ávila de Casio e Renata

Primeiro reinado (1822- 1831)

A primeira tarefa de D. Pedro I foi consolidar a independência.

1822 foi constituída a primeira constituição do Brasil.

irritado com as leis da constituição decretou a dissolução da mesma e os deputados que reagissem contra o imperador foram presos e expulsos do país.

Para acalmar os ânimos da população, o imperador nomeou 10 brasileiros para formar uma nova constituição em 40 dias. Terminado o tempo dado escreveu assim a constituição de 1824.

Nela Constituição estabelecia um Governo monárquico, hereditário, constitucional, representativo.

A religião oficial da nação era o catolicismo, porém existiam outras religiões.

Confederação do Equador

O autoritarismo de D. Pedro I provocou grande revolta nos políticos e explodiu, no nordeste, a confederação do Equador liderada pela província de Pernambuco.

O nordeste apresentava uma grande crise econômica pelo fato da queda das exportações do açúcar, essa crise atingia todas as classes sociais desde os mais ricos aos mais pobres.

As províncias rebeldes pretendiam fundar um novo estado no nordeste, independente do governo.

Os lideres democráticos da confederação defendiam a extinção do trafico negreiro.

Atacados por mar e terra, os revolucionários da confederação do Equador foram derrotados, presos e condenados à morte.

Guerra da Cisplatina

A Guerra da Cisplatina foi um conflito que ocorreu de 1825 até 1828, envolvendo os países Brasil e Argentina.

O motivo desta batalha era pelo domínio da Província de Cisplatina, atual Uruguai, uma região que sempre foi cobiçada pelos portugueses e espanhóis.

Abdicação de Dom Pedro I

“Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito voluntariamente abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho o Senhor D. Pedro de Alcântara. - Boa Vista, sete de abril de mil oitocentos e trinta e um, décimo da Independência e do Império”.Pedro

www.infoescola.com/historia

Período Regencial

Segundo a constituição de 1824, caso um monarca não pudesse assumir, deveria ser formada uma regência composta por três pessoas, a chamada Regência Trina.

O que impossibilitava a ascensão de D. Pedro II ao trono do Brasil era sua idade. Ele tinha apenas 5 anos de idade em 1831.

Regência Trina Provisória (1831). Regência Trina Permanente(1831-1834). Regência Una de Feijó (1835-1837). Regência Una de Araújo Lima (1838-1840). Golpe da maioridade 1840. O Período Regencial foi um dos mais conturbados

períodos de nossa história.

Cabanagem (1834-1840) – a revolta na qual negros, índios e mestiços se insurgiram contra a elite política e tomaram o poder no Pará (Brasil). Entre as causas da revolta encontram-se a extrema pobreza das populações ribeirinhas.

Revolta do Malês (1835) - Consistiu numa rebelião de caráter racial, de escravos africanos das etnias hauçá e nagô, de religião islâmica, organizados em torno de propostas radicais para libertação dos demais escravos africanos.

Balaiada (1838-1841) - foi uma revolta de caráter popular, ocorrida no interior da então Província do Maranhão, no Brasil. Foi feita por pobres da região, escravos, fugitivos e prisioneiros. O motivo era a disputa pelo controle do poder local.

Segundo Reinado (1840-1889)

O segundo reinado foi uma época de grande progresso cultural e industrial, com o crescimento e a consolidação da nação brasileira como um país independente.

Como a elite agrária detinha o poder do Brasil no século XIX, Pedro II sempre governou aliando-se a eles.

O café era a base do sistema econômico do Brasil. A expansão das lavouras para o interior de SP levou à construção de ferrovias.

Revolução Farroupilha (1835-1845)

vários impostos impediam a ampliação dos lucros dos fazendeiros sulistas.

Buscando acordo com o governo central, os estancieiros gaúchos exigiam a tomada de medidas governamentais.

Revolução Praieira (1848-1850)

Causa imediata foi a destituição, por D. Pedro II, do Presidente da Província Antônio Pinto Chichorro da Gama representante dos liberais.

A substituição deste liberal pelo ex-regente Araújo Lima, extremamente conservador, foi o estopim para o início da revolução.

Guerra do Paraguai (1865-1860)

Maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. http:/br.geocities.com

Guerra das Mulheres (1875-1876) http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_das_Mulheres

A Guerra das Mulheres foi um movimento ocorrido em estados nordestinos do Brasil entre os anos de 1875 e 1876.

Invadiram repartições públicas e delegacias, armadas com pedras e pedaços de pau, para rasgar documentos que convocavam seus maridos para o Exército ou para a Marinha.

Anísia Floresta

Educadora, escritora e poetisa nascida em 12 de outubro de 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire;

Direito das mulheres e injustiça dos homens foi o primeiro livro de Nísia Floresta, nele ela contesta a situação em que as mulheres viviam em seu tempo, recebendo um nível de educação muito inferior ao dos homens.

Anísia Floresta denunciava a condição em que viviam as mulheres no Brasil e reivindicava sua emancipação elegendo a educação como o instrumento através do qual essa meta seira alcançada.

Opúscula Humanitário – nesta obra a autora faz críticas contundentes aos métodos educacionais da época. os castigos brutais e humilhantes eram freqüentes, daí a revolta da autora tanto neste texto como em outras obras.

Proclamada a independência surge a necessidade de construir uma imagem do país que afastasse do caráter colonial.

A importância da educação na modernização do país era um assunto recorrente.

O Brasil caminhava para o século XX e, nas cidades e povoados, grande parte da população continuava analfabeta.

Lei 15 de novembro de 1827

Art. 1º - Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias.

Art. 4º As escolas serão do ensino mútuo nas capitais das províncias; e serão também nas cidades, vilas e lugares populosos delas, em que for possível estabelecerem-se.

Art. 11. Haverão escolas de meninas nas cidades e vilas mais populosas, em que os Presidentes em Conselho, julgarem necessário este estabelecimento.

Art. 13. As Mestras vencerão os mesmos ordenados e gratificações concedidas aos Mestres.

Após a lei de 1827 fundam-se escolas, em maior número para meninos, mas também para meninas.

Escolas fundadas por congregações e ordens religiosas.

Professores para a classe de meninos e professoras para a classe de meninas.

Os professores deveriam ter boa moral, pois as famílias lhes confiavam seus filhos.

Os primeiros ensinamentos para ambos os sexos eram: ler, escrever e contar, saber as quatro operações mais a doutrina cristã.

Os meninos aprendiam noções de geometria enquanto que, para as meninas, se ensinava a bordar e costurar. Começa a aparecer uma distinção entre a educação masculina e feminina.

Embora a lei determinasse salários iguais para os professores, a inclusão da geometria para meninos implicava outro nível de remuneração.

Sem dúvida, as meninas tinham uma educação diferenciada dos meninos, pois, desde muito cedo, estavam envolvidas nas tarefas domésticas. Será que isso ainda acontece nos dias de hoje em nossa sociedade?

As divisões de classe tinham um papel importante na determinação das formas de educação das crianças.

A educação para as crianças negras se dava na violência do trabalho, na luta pela sobrevivência. A escravidão era marcante neste período. Ela negava qualquer forma de escolarização da população de origem africana.

A educação dos descendentes indígenas se davam com as práticas de seus próprios grupos de origem, uma vez que era proibida nas escolas.

Muitos imigrantes, com propostas educativas diferentes, construíam escolas para meninos e meninas com auxílio de suas regiões de origem.

A educação das meninas órfãs era, muitas vezes, feita por ordens religiosas as quais procuravam preservá-las dos vícios.

As filhas dos grupos sociais privilegiados aprendiam, além da leitura, escrita e das noções básicas de matemática, tinha também o aprendizado do piano e do francês. Muitas vezes por professoras particulares.

Faziam parte da educação das moças: as habilidades com a agulha, os bordados, as rendas, as habilidades culinárias e tudo que as tornassem uma boa companhia para o esposo.

O domínio da casa era o seu destino e para isso, deveria estar preparadas.

Elas só poderiam andar pela cidade em datas especiais ligadas às atividades da igreja.

Na opinião de muitos não havia a necessidade de mobilizar a cabeça da mulher com conhecimentos, pois elas seriam esposa e mães, cabendo a elas uma moral sólida e bons princípios.

A educação feminina continuava justificada por deu destino de mãe - a educadora dos filhos.

No final do século XIX percebe-se a necessidade de educação para a mulher. Elas deveriam ser honestas, diligentes, asseadas. Para muitos a formação cristã era de fundamental importância neste processo educativo.

A moral religiosa vigorava neste período. Se esperava que as meninas e jovens constituíssem suas vidas pela imagem de pureza feminina, isso por meio do modelo de Eva e Maria. A busca da perfeição moral.

Após a proclamação da república, José Veríssimo diz que:

“A mulher brasileira como a de outra qualquer sociedade da mesma civilização, tem de se mãe, esposa, amiga e companheira do homem, sua aliada na luta da vida, criadora e primeira mestra de seus filhos, conselheira natural de seu marido(...)”

O magistério transforma-se em trabalho de mulher

A falta de mestres e mestras com boa formação levam muitas pessoas a reclamarem por escola de preparação de professores e professoras. Isso fez como que fossem criadas as escolas normais.

A primeira Escola Normal brasileira foi criada em Rio de Janeiro, no ano de 1835. O curso normal tinha o objetivo de formar professores para atuarem no magistério de ensino primário.

Foram abertas escolas para ambos os sexos. A atividade docente tinha sido iniciada por homens, agora as mulheres eram também necessárias.

Nas escolas normais pretendiam-se formar tanto professores como professoras, porém começou a perceber que estavam formando mais mulheres do que homem.

Em várias províncias, as escolas normais registravam um número crescente de alunas e a diminuição de alunos era visível.

Muitos homens estavam abandonando as escolas. Acontecia, então, a feminização do magistério.

Esse processo da mulher na docência gerava muitas discussões e polêmicas.

Para alguns era uma grande falta de responsabilidade deixar as mulheres educar as crianças, pois elas eram consideradas por muitos como portadoras de cérebros “pouco desenvolvidos”.

Para outros as mulheres eram as primeiras “educadoras naturais”, por isso caberia à elas educar as crianças. Elas tinha, por natureza, uma inclinação para o trato com as crianças.

O magistério representava, de certa forma, a extensão da maternidade; uma atividade de amor.

Isso justificava a saída dos homens das salas de aula para exercer outras atividades, na maioria das vezes, mais lucrativas.

Certamente foi um avanço muito grande para as mulheres, pois suas vidas se resumiam ao lar e à igreja.

O magistério foi definido por características tipicamente femininas: afetividade, minuciosidade, paciência etc., como se os homens não tivessem essas características.

Docência como um sacerdócio – tradição religiosa.

Começa a faltar professores para ensinar os meninos. Diante isso a solução é permitir que as mulheres lhes ensinem.

Relatório de 1887 diz: Para as aulas do sexo masculino poderão ser nomeadas as normalistas com 23 anos de idade. Estas aulas serão mistas e só receberão meninos de até 10 anos. Dessa forma protegiam a sexualidade dos meninos e das professoras.

A mulher como ser frágil precisava ser protegida e controlada.

Mesmo no magistério as jovens normalistas eram cercadas por restrições e cuidados para que sua profissionalização não prejudicasse sua feminilidade, sua vida familiar, pois o casamento e a maternidade era uma verdadeira carreira feminina.

A transitoriedade dos trabalhos desempenhados pelas mulheres contribuíam para que seus salários mantivessem baixos.

O sustento da família cabia ao homem. Símbolo de masculinidade.

O magistério era próprio para as mulheres porque era um trabalho de “um só turno”, isso justificava ainda mais o salário reduzido – um salário complementar.

Produzindo professoras

Por fim, os cursos normais tornam-se escolas de mulheres.

A própria arquitetura da escola era como um programa que fala aos sujeitos como ser e como agir.

O cotidiano da escola era planejado e controlado; as alunas deveriam estar sempre ocupadas em atividades. p.455

As escolas normais se tornaram prestigiadas instituições de ensino e acrescentaram, ao curso de formação de professores, cursos de especialização. p.455

As mulheres tinha aula de português, matemática, geografia nacional, história do Brasil e geral, história sagrada, catecismo, pedagogia economia doméstica e outras.

Instituto de educação do Rio de Janeiro wojciech (artigo 1998)

Grupo de alunas do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (turma de 1954).

Disciplinas de psicologia e higiene escolar começa a integrar os currículos de várias escolas normais. Cuidados afetivos, a alimentação, a higiene das crianças passam por descobertas e conceitos científicos; a infância torna-se alvo de discursos científicos.

O afeto passa a ser visto como um facilitador da aprendizagem; com isso incentiva-se mais a presença feminina nos cursos de magistério.

p. 457-458

Na maioria das vezes era os homens que ocupavam a função de diretores. As mulheres estavam na posição de executar as funções do ensino e os homens dirigiam todo o sistema. Estes tinham firmeza nas decisões enquanto que elas tinham excesso de sentimento.

Revolta contra a nomeação de Ester como diretora.

Algumas delas criaram escolas.p. 460.

Havia um controle à respeito da conduta dos professores em sala de aula.1929

Exigia-se uma boa conduta moral, bons costumes, resultado da orientação religiosa para a admissão de estudantes.1869 a religião católica: oficial no

império.

O jogo da representações

A professora estava associada à imagem da mulher pouco graciosa, da solteirona e retraída.A vocação para o magistério estava justificada por uma lógica que se apoiava na compreensão social do magistério como função adequada para mulheres pela aproximação desta à maternidade.A professora era representada como uma figura severa, de poucos sorrisos e cuja afetividade estava de algum modo escondida.

Aparentemente negada a sexualidade da professora, está também podia ser representada como homossexualidade.

As representações de professora tiveram um papel ativo na construção da figura e função desta, elas fabricaram professoras, deram significado e sentido ao que era e ao que é ser professor.

Observar como um grupo social é representado pode nos indicar o quanto esse grupo exercita o poder.

Representações sociais se constituíam e mudavam, as representações de professoras carregavam, através dos anos, algumas continuídades, mas também se transformaram historicamente.

Professorinhas, tias e trabalhadoras

Na medida em o discurso científico ganha terreno no âmbito pedagógico, as teorias psicológicas e sociológicas contribuem para engendrar uma nova representação de professora.Há uma tendência em se substituir a representação da professora como mãe espiritual por uma figura: a de profissional do ensino.

O magistério primário já era então claramente demarcado como um lugar de mulher e os cursos normais representavam a meta mais alta dos estudos a que uma jovem poderia pretender.

Professores e professoras introduziram características próprias aos sistemas de instrução e passam a usar tia como uma denominação substituta à de professora.

As greves constituem práticas sociais ainda novas. A decisão de se engajar no movimento mobiliza e coloca em xeque muitas referências ao papel e função da professora.

A história das mulheres nas salas de aula é constituída e constituinte de relações sociais de poder.