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História da Filosofia Moderna
02
1. Apresentação 4
A Filosofia Moderna 5
1.2 História 6
1.3 Características 6
1.4 Dogmatismo 8
1.5 Ceticismo 11
2. Escolas da Filosofia Moderna 14
2.1 Racionalismo 15
2.2 Empirismo 16
3. Galileu Galilei 19
4. Descartes 22
4.1 O Método Cartesiano 22
4.2 Filosofia e Ciência 24
4.3 O Discurso do Método – 1637 24
5. Thomas Hobbes 26
6. Revolução Científica 29
Material Complementar 31
Anexos 32
7. Atividade de Fixação 34
8. Referências Bibliográficas 37
03
4
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
1. Apresentação
Fonte: www.todamateria.com.br1
rezados (as) aluno (as),
Na presente apostila iremos es-
tudar sobre a filosofia moderna. Es-
tudaremos a história, características
e conceituaremos o dogmatismo e o
ceticismo.
No capítulo seguinte aborda-
remos sobre as escolas da filosofia
moderna e os períodos de raciona-
1 Retirado em www.todamateria.com.br
lismo e empirismo, citando os filóso-
fos responsáveis pelos pensamentos
modernos e sua relevância na socie-
dade. Ao final estudaremos sobre a
filosofia moderna pelos filósofos Ga-
lileu Galilei e Descartes, veremos
também sobre o método cartesiano,
o discurso do método e a revolução
cientifica frente a filosofia moderna.
P
5
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
Caso apresente alguma dú-
vida, não deixe de encaminhar as
suas perguntas ao setor pedagógico
por meio do protocolo ou atendi-
mento aos alunos. Bons estudos!
A Filosofia Moderna
A filosofia moderna pode ser
conceituada como uma extensa cor-
rente de pensamento com começo
no século XV e perdurou até o século
XVIII.
O início da filosofia moderna
se deu no começo do século XI e seu
fim ocorreu no século XVIII com a
chegada da filosofia contemporânea.
René Descartes foi um dos filósofos
que marcaram o começo da filosofia
moderna e sua principal marca foi o
incentivo ao humanismo, que se deu
pelo começo do renascentismo e
pelo maior valor trazido a razão por
causa do ceticismo que se desenvol-
veu na época.
De acordo com Moura, pode-
mos ver que: Como é um fato que o passado da filosofia é relevante para a reflexão do presente – dirá GUEROULT –, o estudo da his-tória da filosofia tem interesse para a filosofia, e essa história, bem compreendida, é sempre uma história SAPIENTIAE, que nos mostra o passado como contemporâneo ao presente – sem com isso deformá-lo. A his-
tória da filosofia pode ser tanto ciência rigorosa quanto disci-plina filosófica, e o estrutura-lismo – assegura GOLDSCH-MIDT – pretende ser um mé-todo ao mesmo tempo científico e filosófico. (MOURA, 1988)
Os filósofos do passado se per-
guntavam: “o que é a verdade? O que
é o conhecimento?” sendo assim, os
modernos começaram a questionar
da seguinte forma: “como se dá o co-
nhecimento verdadeiro?” e “como
ter acesso ao pleno conhecimento?”.
É recorrente vermos que os historia-
dores acerca da filosofia busquem
separar a filosofia renascentista e o
iluminismo da filosofia moderna,
mas a filosofia foi concebida de um e
gerou o outro, para compreendê-la é
necessário conhecermos os pensa-
mentos que levaram à modernidade.
(PORFÍRIO, 2020) Teremos ainda que perguntar até onde vai nosso direito de co-locar as filosofias passadas num dia que é nosso, se podemos nos gabar, como dizia Kant, de compreendê-las melhor que elas próprias o conseguiram, e enfim, até que ponto a filosofia é dona do sentido. Entre nós e o passado, entre nós e o Oriente, entre a filosofia e a religião pre-cisaremos, cada vez, aprender novamente a encadear o hiato e reencontrar a unidade indireta. O leitor verá, então, ressurgir a interrogação que formulamos no início, pois ela não é prefácio à filosofia, mas a própria filoso-
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
fia. (MERLEAU-PONTY, 1980)
Frente a citação acima apre-
sentada, vemos que é necessário en-
tendermos aonde vai nosso direito
de enxergar a filosofia passada como
algo do presente, afim de compre-
endê-la melhor.
1.2 História
A filosofia moderna está loca-
lizada no fim da idade média e com
o fim do sistema feudal da época.
Tudo culminou para a vontade de
atingir o saber a partir de outros
meios, de forma mais racional e em-
pírica.
O fim da idade média e queda de todo o sistema feudal são épocas que marcam o começo da filosofia moderna, a busca pelo saber e pela razão com o fim da época medieval e a cons-tante diminuição do domínio pela igreja acabaram por levar os cientistas e pesquisadores a encontrarem outras forma de atingir a sabedoria de forma a pensar racionalmente e desvin-cular das influências trazidas religiosamente, as marcas da idade média. (PORFÍRIO, 2020)
Com o aumento do pensa-
mento movido pela razão, o mundo
começou a enfrentar algumas trans-
formações, como:
A reforma religiosa;
O começo do renascentismo;
Primeiros estados modernos;
Regimes absolutistas;
Começo da burguesia;
Começo da imprensa.
As grandes descobertas na fí-
sica (entre outras ciências) foram
caracterizadas pelo antropocen-
trismo. O antropocentrismo nos traz
o conceito do homem como o ideali-
zador e o centro de toda a produção
da ciência e a busca por todas as res-
postas racionais que podem ser pro-
vadas de forma científica, represen-
tando a nova forma de se buscar e
atingir o conhecimento e atingir mé-
todos de pesquisa ainda mais desen-
volvidos na época. (CRUZ, 2019)
1.3 Características
Figura 01. David Hume (1711 – 1776)
Fonte: revistazunai.com.br
A filosofia moderna é ampla-
mente marcada pelo ceticismo em
contraponto as crenças da época (re-
ligiosas e costumeiras) e pelo maior
valor empregado a razão frente a
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
emoção, levando a estabelecer limi-
tações para o conhecimento do ho-
mem, pois pela visão dos filósofos
não conseguimos ter certeza de tudo
apenas pela fé, é necessário estuda-
mos os assuntos por meio da ciência
e métodos comprovados para conse-
guirmos um conhecimento con-
creto, irrefutável e científico, apenas
assim podemos enxergar o mundo e
dar mais relevância para a existência
entre a política e o saber. No tempo
da filosofia moderna, podemos citar
os presentes filósofos e pensadores:
(CRUZ, 2019)
Galileu Galilei;
Isaac Newton;
René Descartes;
David Hume;
Francis Bacon; John Locke;
Thomas Hobbes;
Baruch de Spinoza.
Frente a filosofia moderna, é possível observarmos como duas grandes correntes episte-mológicas da modernidade o racionalismo e o empirismo, além de destacar, como figura principal da teoria política mo-derna, o contratualíssimo, que influenciou fortemente o pen-samento iluminista e teorias políticas posteriores, como o socialismo e o liberalismo. Ou-tra característica que não pode ficar de lado para o entendi-mento da Filosofia desenvol-vida na Modernidade é o cienti-ficismo, fruto das novas ideias trazidas, principalmente, por
Galileu e por Newton, que ates-tam o valor do método cientí-fico e da necessidade de uma análise rigorosa da natureza para entendê-la e dominá-la. (CRUZ, 2019)
Figura 02 – O homem vitruviano, Leonardo da Vinci, 1492
Fonte: academiadefilosofia.org
O “Homem Vitruviano” é da-
tado de 1490 e é uma das obras mais
famosas de Leonardo Da Vince. A fi-
gura nos mostra as proporções ide-
ais de acordo com ideais divinos, fa-
zendo uso do número PHI difundido
pelos gregos.
Para a filosofia o homem Vi-
truviano mostra que as proporções
divinas fazem uso de muitos signifi-
cados como a numerologia sagrada e
a divindade. Vemos então que a fi-
gura do ser humano está presente
nas formas geométricas, mostrando
que estamos de acordo com as leis
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
universais e preceitos físicos.
(CRUZ, 2019)
A filosofia pode ser vista por
nuances diferentes ao ser analisada
entre o século XV e XX, tudo depen-
derá do momento a ser estudado e
de qual escola filosófica estaremos
observando.
Algumas das principais carac-
terísticas da filosofia moderna são o
antropocentrismo e o humanismo,
que vem nos dizer que o homem é o
grande responsável e o centraliza-
dor/norteador das pesquisas empí-
ricas e o único adequado por funda-
mentar cada escolha tomada. A se-
guir abordaremos sobre duas gran-
des características, sendo elas o dog-
matismo e o ceticismo.
1.4 Dogmatismo
Dogma
Ponto fundamental ou mais
importante de uma doutrina religi-
osa que se apresenta como algo in-
discutível ou inquestionável.
Fonte: www.dicio.com.br
A filosofia moderna apresenta
o dogmatismo como uma forma de
crer sem contestar, acreditando de
forma absoluta e verdadeira em
algo. A origem de dogmatismo re-
mete a Grécia Antiga, época em que
os filósofos diziam que suas crenças
eram irrefutáveis. Atualmente nos-
sos dogmas dos tempos modernos
tem influência dos tempos passados,
pois muitos deles como a teoria de
Darwin foram necessários para con-
tar a história dos seres humanos.
Acreditar em um dogma e seguir o
dogmatismo é estar se contrapondo
ao ceticismo, os dogmas podem ser
visto em diversas áreas além da filo-
sofia moderna, como por exemplo
nas ciências jurídicas e no sendo co-
mum. (CHÉROLET, 2019)
Os dogmas podem ser vistos
pela religião pelas crenças que inter-
ferem fortemente na vida dos fiéis e
de toda a comunidade religiosa da-
quela sociedade. Em nosso país, te-
mos registro de muitas religiões,
como: católica, evangélica, budista,
entre outras como apresentaremos
na tabela a seguir.
Católica: 50%
Evangélica: 31%
Não tem religião: 10%
Espírita: 3%
Umbanda, candomblé 2%
Outra: 2%
Ateu: 1%
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
Judaica: 0,30%
Cada religião tem seus princí-
pios, virtudes e verdades a serem se-
guidas, cada fiel decide no que acre-
ditar e quais dogmas serão verdades
incontestáveis em sua vida. Como
exemplo podemos citar o espiri-
tismo, nesta religião o fiel crê que a
vida não irá terminar após a morte
física, sendo assim essa é uma ver-
dade que será pregada aos seus se-
guidores e por meio da aceitação de
uma verdade que não será questio-
nada teremos um dogma. Na bíblia
cristã foram deixados vários dogmas
por Jesus, estes são irrevogáveis e
inquestionáveis por qualquer auto-
ridade religiosa, e nem mesmo o
Papa pode interpretá-las de formas
diferentes do que estão prescritas.
Sendo assim, podemos concluir que
os dogmas em uma religião são leva-
dos muito a sério e com muita fir-
meza. Na época da idade média a in-
quisição tinha o objetivo de punis os
hereges2 , aqueles que questionavam
verdades religiosas. A filosofia é
uma palavra que tem sua origem na
Grécia, e seu significa é “O amor pela
sabedoria”, sendo assim, se funda-
menta no conhecimento da verdade
e existência do ser humano. Platão
defendia de forma dogmática que a
2 Que ou quem professa uma heresia; que
ou quem professa doutrina contrária ao que foi es-tabelecido pela Igreja como dogma.
alma tinha a característica de ser
imortal e até hoje há essa crença. No
meio cientifico ainda há dogmas
com fulcro na razão que ainda são
usados nos tempos modernos, como
por exemplo as ideias de Immanuel
Kant. As ideias trazidas por Kant
vem dizer que a própria ciência/ra-
zão ficará em contradição consigo
mesma ao encontramos provas que
refutem teorias anteriores, sendo as-
sim vemos que a ciência é algo que
está em constante mudança e uma
verdade absoluta hoje por ser con-
traposta com novas evidencias no
futuro. (CHÉROLET, 2019)
Há três formas de estudamos o
dogmatismo, são elas as apresenta-
das a seguir: Dogmatismo racional É o dogmatismo praticado pela filosofia que acredita na possi-bilidade de se alcançar verda-des absolutas. As coisas podem ser aceitas sem questionamen-tos se estiverem baseadas em princípios. Dogmatismo irracional Associado às diferentes deno-minações religiosas, é o con-junto de dogmas ou verdades da fé que não podem ser questi-onados. A verdade absoluta pode ser alcançada por meio da fé ou da revelação. Dogmatismo Ingênuo
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
É o dogmatismo do “senso co-mum”. São todas as posições que assumimos em nosso dia-a-dia a partir de uma primeira impressão ou de outros dogmas aceitos sem nenhum questiona-mento. Apesar dos inúmeros sentidos possíveis, existe um problema que aparece em todas as defini-ções de dogmatismo: nossa re-lação com o conhecimento. Afi-nal, acreditamos em verdades absolutas ou questionamos tudo ao nosso alcance? Essa verdade vem do meu raciocínio individual e autônomo ou é aceito de alguma autoridade? (FILHO, F. 2020)
De acordo com o senso co-
mum, dogma é o modo de pensar
onde determinado grupo de pessoas
se baseia em um conhecimento sem
base científica, algo que foi apren-
dido com a vida por meio de experi-
ências de observações. O conheci-
mento dogmático se contrapõe a ci-
ência, são saberes que são passados
de geração para geração, apenas
como base no senso comum do povo,
é algo que faz parte da cultura e tem
como objetivo nortear a moral de
uma sociedade mesmo que não use
de comprovação científica para isso.
Mesmo que um dogma seja desmis-
tificado, continua sendo passado
para outras pessoas como forma de
estar dando continuidade naqueles
saberes culturais por meio da
crença. Dogmas não estão presentes
apenas nas religiões, como outros
exemplos podemos citar o de um
agricultor que mesmo sem o uso de
tecnologias sabe quando a terra está
fértil e apta para o plantio ou as
crenças de uma cozinheira que ape-
sar de não ter cursos extensos em
áreas da culinária sabe como prepa-
rar a comida da melhor maneira
apenas pelo conhecimentos que fo-
ram passados a ela de forma cultu-
ral. Outro exemplo são as benzedei-
ras que compartilham de seus co-
nhecimentos sobre ervas e chás me-
dicinais para ajudar os outros. Atu-
almente podemos citar também o
chamado de dogmatismo jurispru-
dencial, que está voltado para as ci-
ências jurídicas e com a elaboração e
aplicação das leis e seu devido cum-
primento. Dogmas jurídicos são ver-
dades que não serão contestadas e
serão usadas para a decisão de de-
terminados julgamentos onde pode-
rão ser aplicadas, um magistrado ao
julgar um assassinato deverá pesar
os dogmas de sua profissão, agindo
com imparcialidade a todo instante.
(CHÉROLET, 2019) A dogmática jurídica tem como dogma prefixado a norma jurí-dica. Tal dogma constitui-se de determinadas interpretações da realidade que não devem ser questionadas e, caso o sejam, devem ater-se aos parâmetros fixados pelas próprias normas jurídicas (como, por exemplo, no caso de arguição de inconsti-tucionalidade material de lei
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
ordinária ou incompetência do órgão legislativo), sem prejuízo para a coerência interna do sis-tema normativo como um todo. A forma inquestionável dos pontos de partida, contudo, não significa que os dogmas jurídi-cos sejam interpretações estáti-cas da conduta social, uma vez que eles precisam ser constan-temente revistos a fim de acom-panhar a mutabilidade inerente àquela conduta. A dogmática jurídica consiste exatamente no manejo das regras que garan-tem que esses processos de re-visão e atualização permanece-rão dentro dos limites fixados pelas próprias normas jurídi-cas, estabelecendo modos in-terpretativos e integradores para adaptação da norma ao fato. (ADEODATO3, 2002)
1.5 Ceticismo
O ceticismo pode ser conceitu-
ado como a teoria de que não pode-
mos acreditar verdadeiramente em
nada. Sendo assim, o homem deve
estar em um estado de constante
questionamento com tudo que lhe é
apresentado, seja fenômenos natu-
rais, metafísicos, conceitos pregados
religiosamente, entre outros. Com o
decorrer dos anos o ceticismo foi di-
vidido em duas correntes de pensa-
mento, sendo elas: O ceticismo filo-
sófico e o científico. O primeiro (filo-
sófico) veio buscar a ampliação de
3 ADEODATO, João Maurício. Ética e retó-
rica: para uma teoria da dogmática jurídica. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 31.
ideias teóricas e começou a refutar
as verdades pregadas na época, bus-
cando outros métodos para atingir o
conhecimento e a verdade. O ceti-
cismo filosófico teve como objetivo
fazer uma reanálise da concepção da
verdade. O ceticismo cientifico não é
idêntico ao filosófico, pois a corrente
que fala acerca do científico é re-
cente, nela as pessoas se baseiam
puramente nas práticas científicas
para validar suas ideias, de forma a
conseguir maior validade e certifica-
ção empírica. (JÚNIO, 2020) Sobre
o ceticismo, Hume nos ensina que: A grande destruidora do ceti-cismo de princípios excessivos, é a ação, e os afazeres e ocupa-ções da vida cotidiana. Tais princípios podem florescer e triunfar nas escolas, onde, de fato, é difícil refutá-los, se não mesmo impossível. Mas tão logo deixam a sombra e são co-locados, pela presença dos ob-jetos reais que estimulam nos-sas paixões e sentimentos, em confronto com os princípios mais poderosos de nossa natu-reza, desvanecem como fumaça e deixam o cético mais empe-dernido na mesma condição que os demais mortais. (HUME, 1999)
A busca pelas evidências
científicas acontece com muita fre-
quência na área da saúde/médica,
12
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
visto que as técnicas não podem de
forma alguma colocar a vida de al-
guém em risco. No campo do ceti-
cismo, há os desenganadores, estes
buscam combater os charlatões.
Praticantes do charlatanismo vem
trazer mentiras e fatos não científi-
cos para a sociedade, de forma a en-
ganar as pessoas e lucrar com isso.
De toda forma, o ceticismo pode se
tornar um vício e quem o pratica
pode se tornar fanático por encon-
trar comprovações para tudo cienti-
ficamente ou tecnologicamente.
(JÚNIOR, 2020)
Figura 04. PASCAL.
Fonte: estadodaarte.estadao.com.br
Pascal foi um exímio pesquisa-
dor, teólogo e filósofo francês. Sobre
o ceticismo, acrescenta:
Ninguém tem certeza – fora da
fé - se está acordado ou dor-mindo, visto que durante o sono acredita-se estar acordado com tanta firmeza como quando o fazemos. Como mui-tas vezes se sonha que se está sonhando, sobrepondo um so-nho a outro, não pode acontecer que está metade da vida seja ela própria apenas um sonho, so-bre o qual os outros são enxer-tados, e de que acordamos no momento da morte, durante o qual temos tão pouco os princí-pios da verdade e do bem quanto durante o sono natural? (PASCAL, 2005)
Ao analisarmos a teoria cética,
vemos que a verdade não existe. En-
tretanto, essa linha de raciocínio nos
coloca em contradição com a filoso-
fia, visto que a inexistência de uma
verdade PODE ser considerada uma
afirmação concreta. Ou seja, ao afir-
mar algo tem-se uma verdade (in-
contestável ou não). Sendo assim os
filósofos céticos buscaram encontrar
algumas hipóteses para a verdade,
mas não é favorável pensar sobre
algo ser legítimo ou não, devendo
permanecer em um estado de dú-
vida. (ALVES, 2019)
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
2. Escolas da Filosofia Moderna
Fonte: www.eusemfronteiras.com.br4
urante o período da filosofia
moderna houve a criação de
escolas em relação a teoria do co-
nhecimento, sendo elas o raciona-
lismo e o empirismo.
O iluminismo agiu junto ao co-
nhecimento e a moral política, sendo
uma marca da modernidade. Outra
grande característica da moderni-
dade é o ceticismo frente aos assun-
4 Retirados em www.eusemfronteiras.com.br
tos religiosos, políticos, entre ou-
tros. Plínio foi um grande pesquisa-
dor sobre o ceticismo e pode con-
cluir que essa corrente de pensa-
mento buscava se contrapor ao dog-
matismo e aos conceitos trazidos pe-
las verdades absolutas. Com a ideia
de romper com o absolutismo feudal
e com o domínio eclesial da hegemo-
nia do pensamento, a era do Ilumi-
D
15
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
nismo veio com variadas correntes
de pensamento que trouxeram inú-
meras novas interpretações do
mundo e do direito – o que ajudou a
moldar a forma inicial do estado ca-
pitalista como conhecemos atual-
mente.
Thomas Hobbes foi o filósofo
moderno defensor da permanência
das matrizes do absolutismo na Eu-
ropa, porém, seu pensamento serviu
de base para o desenvolvimento do
liberalismo e da nova ideia do jusna-
turalismo.
Sua maior e principal corrente
filosófica é o chamado empirismo,
que se trata do estudo de todas as
coisas com base no seu espaço e no
seu movimento. Thomas Hobbes vai
na contramão à ideia aristotélica do
ser humano ser uma criatura sociá-
vel e que a sociedade é construída da
cooperação entre os homens. Sendo
assim, o homem só aceitou viver em
sociedade porque o seu estado natu-
ral era beligerante, e por temer o seu
fim dentro deste estado de conflito
permanente, foi realizado uma con-
venção social para que eles vivam
em uma sociedade organizada sob o
comando de um líder. As leis natu-
rais no pensamento de Hobbes tem
um caráter imutável e eterno, sendo
a sua existência anterior ao contrato
de convívio social. Para Hobbes, a maior e mais alta expressão da justiça está no
cumprimento das determina-ções do soberano, na medida em que os homens alienaram seus interesses pessoais àquele que lhes dá em troca a segu-rança e a paz. Mas, ao mesmo tempo, essa submissão ao po-der estatal não nega o fato de que haja uma lei da natureza, que se expressa pela razão, e que, justamente pelas insufici-ências dos homens em concre-tizá-la em estado de natureza, é suplantada pela lei civil do so-berano. Se Hobbes peculiar-mente é um absolutista e con-tratualista, é também uma es-pécie de jusnaturalistas que tem por justo o direito estatal (MASCARO, 2018).
2.1 Racionalismo
O racionalismo foi uma cor-
rente de pensamento muito impor-
tante para a filosofia moderna, seu
início foi durante o renascentismo,
todavia Platão já idealiza o princípio
da causalidade. Seu principal obje-
tivo é dissertar e teorizar sobre o
modo de conhecer do homem, sendo
assim outros elementos que não te-
nham fundamento empírico não po-
dem ser vistos como verdadeiros e
não são aceitos. Para os adeptos das
ideias racionalistas as ideias tem ori-
gem na racionalidade, trazendo uma
concepção inata, ou seja, o ser hu-
mano é aquele que concebe as ideias
a partir de seu intelecto. (PORFÍ-
RIO, 2020)
Alguns filósofos racionalistas
que podemos citar no estudo são:
16
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
Descartes;
Spinoza;
Leibniz.
Rousseau buscou em toda a
sua obra um equilíbrio, acenando a
nem se posicionar ao extremo da re-
ligião nem exercer o racionalismo
constante. Sobre os aspectos do ho-
mem na natureza e na sociedade de
Rousseau, nos ensina que: Para Rousseau, o homem natu-ral é um homem bom que a so-ciedade corrompeu, sendo ne-cessário libertá-lo do contrato de sujeição e de privilégios, para se estabelecer um contrato social legítimo, conforme a ra-zão (REALE, 2002).
O racionalismo diz que o co-
nhecimento humano é concebido
pelo intelecto do homem, sendo as-
sim, as experiências práticas aca-
bam por não ter um conhecimento
cognitivo, sendo passíveis até
mesmo de nos levar a erro por uma
impressão errônea. (PORFÍRIO,
2020)
De acordo com Porfírio, vemos
que as ideias racionalistas surgiram
em um contexto renascentista,
sendo assim o autor afirma que: É no contexto do Renascimento que as ideias racionalistas co-meçam a ganhar força na Eu-ropa. Defendendo um retorno aos ideais da Grécia Antiga e uma valorização do conheci-
mento humano, os renascentis-tas operaram uma significativa revolução cultural em sua época. Invenções do período, como a imprensa, impulsiona-ram também a vontade de co-nhecer. A ciência começa a tor-nar-se mais específica e revela novas descobertas na passagem do Renascimento para a Mo-dernidade, o que coloca no cen-tro das discussões filosóficas a seguinte pergunta: como é pos-sível o conhecimento? Esse questionamento, que surge no início da Modernidade por conta do desenvolvimento inte-lectual renascentista, faz surgir a epistemologia ou teoria do co-nhecimento, tendo como prin-cipais divisões, no decorrer desse período, o racionalismo e o empirismo. (PORFÍRIO, 2020)
2.2 Empirismo
O empirismo bem como o raci-
onalismo tem como objetivo a inves-
tigação dos problemas filosóficos so-
bre o conhecimento, para isso são
feitas algumas perguntas base como:
Qual seria a origem do conhe-cimento humano?
Como esse conhecimento é ad-quirido?
Quais seriam seus limites?
O filósofo John Locke diz que
que o homem é como uma folha
branca quando nasce, e as experiên-
cias da vida e a convivência com a
sociedade é o que molda o caráter, é
17
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
a experiência com o mundo exterior
que vem preencher essa folha em
branco. Locke é um dos defensores do direito natural, que assumem, em sua perspectiva, uma faceta muito distinta daquela da visão clássica, aristotélica. Para Aris-tóteles, o direito natural é ad-vindo da própria condição so-cial humana. Mas Locke, sepa-rando um estado de natureza individual de um estado civil social, identifica o direito natu-ral não com a sociedade, mas sim com o estado de natureza individual, pois a lei natural, como diretriz para a conduta humana, aí já se apresenta (MASCARO, 2018).
A palavra “empirismo” pode
ser utilizada para determinar as pro-
postas que foram surgindo durante
o período da filosofia moderna que
teve como objetivo defender a ideia
de que o conhecimento deve ser
construído com base na experiência.
A origem da palavra está no termo
EMPEIRIA5 e tem o sentido de ex-
periência para a língua portuguesa
em analogia. Na Grécia Antiga havia
a medicina empírica, que buscava
entender o funcionamento da saúde
pela observação de casos e aconteci-
mentos semelhantes com outros pa-
cientes. Os médicos não teorizavam
5 Conjunto de dados ou acontecimentos co-
nhecidos através da experiência, por intermédio das faculdades sensitivas
6 David Hume (1711-1776) foi um filósofo, historiador, ensaísta e diplomata escocês. Tornou-
sobre as doenças do povo, buscando
por vivenciar experiências médicas
para aperfeiçoar o conhecimento,
adotando medidas e técnicas especí-
ficas para isso. (OLIVEIRA, 2004)
Os principais pensadores do empi-
rismo são John Locke e David
Hume6. Há, inicialmente na Filosofia, duas vertentes sobre a questão do conhecimento: o raciona-lismo e o empirismo. O Racio-nalismo e o Empirismo expres-sam em comum a preocupação fundamental face aos proble-mas do conhecimento, ponto de referência básico da Filosofia Moderna (MEIRO, 2011)
se conhecido por seu radical sistema filosófico ba-seado no empirismo, ceticismo e naturalismo. Fonte: E-Biografia.
19
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
3. Galileu Galilei
Fonte: revistagalileu.globo.com7
alileu nasceu em 15 de feve-
reiro de 1564, foi um exímio fi-
lósofo, matemático e astrônomo e
teve grande relevância para a filoso-
fia moderna. Galileu foi fundamen-
tal para toda a revolução científica
nos séculos seguintes.
A maior parte de sua vida e
obra foram em Pisa, Florença. O fi-
lósofo foi pioneiro em desenvolver
7 Retirado em revistagalileu.globo.com
estudos que mostravam o movi-
mento do pêndulo, estudando sua
aceleração de forma uniforme. Foi
responsável também pelas melhoras
no telescópio refrator e isso o ajudou
na descoberta das manchas solares e
aspectos rochosos da lua. Suas des-
cobertas astronômicas vão além,
como as fases de vênus e os satélites
de Júpiter. Tudo isso culminou para
G
20
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
um grande desenvolvimento da ci-
ência não apenas astronômica como
também filosófica. Galileu defendia
o empirismo, fazendo um corte com
o método aristotélico que era mais
usado na época. Galileu pode ser
considerado hoje como o pai da ci-
ência moderna. (MARCONATTO,
2018)
Galileu renovou a ciência
abrindo mão do senso comum e da
tradição, buscando fazer algo de
forma livre e abdicando de tudo que
o prendia a cultura, como a teologia
por exemplo. Para Galileu a teologia
e os preceitos religiosos não devem
ser usados para nortear o conheci-
mento científico. Sendo assim, a ci-
ência deve ser analisada quantas ve-
zes for preciso para que seja com-
provada através de experimentos,
para que assim as teorias sejam afir-
madas ou refutadas. De acordo com
o filósofo moderno, não devemos
usar de livros sagrados para despre-
zar o conhecimento que a natureza
nos mostra todos os dias, pois essa é
algo que precisamos estudar, a natu-
reza deve ser analisada diariamente
afim de compreendermos melhor
sua essência e sua organização natu-
ral. (MARCONATTO, 2018)
Sobre a importância de Galileu
para a filosofia moderna, o autor
Sandro Lima nos diz que: Galileu, após publicar as suas ideias, teve de enfrentar uma
grande resistência por parte da Igreja, pois essa questionava as ideias de Aristóteles que, por conseguinte, questionava toda a filosofia cristã e seus dogmas. Galileu, então, passou por todo um processo que visava julgar suas ideias como heréticas (contrárias aos dogmas da Igreja). Ao longo de muitos anos de sua vida foi condenado ao silêncio pela inquisição e teve que renegar as suas ideias perante o papa. Isto durou até a ascensão da burguesia euro-peia, quando a igreja perdeu parte do seu poder econômico. Foi quando as ideias de Galileu ressurgiram com o movimento protestante, atestando assim o nascimento da ciência mo-derna. (LIMA, 2015)
Vemos então que Galileu Gali-
lei foi um grande norteador para as
ideias do mundo moderno, e um dos
motivos que o levou a isso é o fato de
ter conseguido a união de dois cam-
pos do saber que viviam separados,
unindo a experimentação ao raciocí-
nio lógico.
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22
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
4. Descartes
Fonte: www.todoestudo.com.br8
escartes foi um grande filósofo
francês nascido em março de
1596, é considerando um dos pais da
filosofia moderna. Por ser notório na
história da filosofia, até hoje suas
obras são usadas para nortear o pen-
samento de filósofos modernos.
Descartes deu início ao pensamento
racionalista, usando um pensa-
mento crítico amplamente baseado
na razão. De acordo com o filósofo,
duvidar de alguma coisa é o ponto
principal e primordial para que pos-
samos começar a buscar a verdade,
ou seja, o conhecimento deve ser
8 Retirado em www.todoestudo.com.br
buscado através do questionamento
por algo.
4.1 O Método Cartesiano
O método cartesiano elabo-
rado por Descartes tem como obje-
tivo o desenvolvimento de uma solu-
ção mais eficaz para que problemas
encontrados no processo de conhe-
cimento sejam solucionados.
Ou seja, busca resolver proble-
mas encontrados na matemática, fi-
losofia, entre outros campos de es-
tudo.
D
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
O plano é fixado em quatro
passos para serem seguidos, são
eles: A evidência, a análise, a síntese
e o controle.
Evidência Jamais acolher alguma coisa como verdadeira que não co-
nhecer evidentemente como tal
Análise Dividir cada uma das dificuldades que examinar em tantas
parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las.
Síntese
Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos ob-jetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir,
pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os
que não se precedem naturalmente uns aos outros.
Controle Fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões
tão gerais, a fim de ter a certeza de nada omitir.
Fonte: Esquema idealizado com as ideias de Domingues, 2002.
Com a metodologia do plano
cartesiano, o filósofo tenta mostrar a
evidência do “próprio ser” ao dizer
“penso, logo existo”. Sendo assim,
vemos que a forma de buscar o co-
nhecimento está pautada no ceti-
cismo metodológico, levando o pes-
quisador a alcançar o verdadeiro co-
nhecimento sem aceitar insatisfação
com os resultado obtidos. (DOMIN-
GUES, 2002) Usando as palavras do
próprio filósofo, vemos que: Encontrar em geral os princí-pios, ou primeiras causas, de tudo quanto existe, ou pode
existir, no mundo, sem nada considerar, para tal efeito, se-não Deus só, que o criou, nem tirá-las de outra parte, exceto de certas sementes de verdades que existem naturalmente em nossas almas. (DESCARTES, 1979)
Figura 07 – O método esquematizado
Fonte: www.resumov.com.br
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
De acordo com o esquema
apresentado acima e as ideias expos-
tas anteriormente, vemos que de
acordo com Descartes, devemos se-
guir a Teoria, partir para a análise,
fazer toda a observação necessária
até podermos concluir nossa pes-
quisa por meio da confirmação.
4.2 Filosofia e Ciência
De acordo com Descartes, não
há necessidade de separar o conhe-
cimento científico da filosofia pois
tudo pode ser visto como partes de
um todo. Para o filósofo, o conheci-
mento é como as raízes de uma ár-
vore, é solidificado por si próprio e
os galhos dessa árvore são as formas
do conhecimento e as áreas onde po-
demos estudar. A filosofia por essa
visão é algo que serve de suporte
para as outras ciências, não é algo
abstrato e confuso, e sim determi-
nado e responsável por solidificar as
outras áreas do ensino. Descartes
teve relevância no estudo da luz,
inércia e somas infinitesimais, so-
brepujados por Newton. Sua maior
atuação além da filosofia foi na geo-
metria, estabelecendo seu método
cartesiano com bases geométricas,
desenvolvendo assim a geometria
analítica. Assim, conseguiu aplicar
os métodos matemáticos afim de so-
lucionar os problemas por etapas, de
forma metódica e eficaz. René Des-
cartes foi um grande estudioso no
campo da teologia, de forma a tentar
provar a existência de Deus através
da razão. No campo da medicina es-
tudou sobre o sistema circulatório e
nervoso, adentrando especifica-
mente nos reflexos humanos. (DO-
MINGUES, 2002) Algumas das re-
flexões mais conhecidas do referido
filósofo são: “Não existem métodos
fáceis para resolver problemas difí-
ceis” e “Não há nada no mundo que
esteja melhor repartido do que a ra-
zão: todos estão convencidos de que
a tem de sobra.” (DESCARTES,
1641)
4.3 O Discurso do Método – 1637
A publicação do livro “O dis-
curso do método” de descartes foi
um grande marco para o nascimento
da filosofia moderna, pois com essa
obra nasceu um novo modo de ana-
lisar os problemas e as maneiras téc-
nicas de solucioná-los. A partir de
então a filosofia começa a ser vista
como uma ciência onde grandes
obras são publicadas para a socie-
dade em geral. A obra foi escrita sob
o domínio da igreja católica, Descar-
tes pode ser considerado um pio-
neiro ao escrever sobre métodos de
se buscar a sabedoria que não fos-
sem os tradicionais católicos, onde o
conhecimento era guiado pela fé em
Deus e sob os dogmas religiosos.
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26
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
5. Thomas Hobbes
Fonte: www.infoescola.com9
homas Hobbes foi um impor-
tante filósofo moderno e con-
tribuiu muito com seu estudo deta-
lhado sobre o contrato social, tra-
zendo uma teoria minuciosa e espe-
cífica bastante necessária para aper-
feiçoarmos o conhecimento sobre a
sociedade e os conceitos de cidada-
nia.
9 Retirado em www.infoescola.com
Hobbes era inglês, nascido no séc.
XVII e também é conhecido como
um dos fundadores da ciência polí-
tica e da filosofia moderna. Apesar
de ter argumentos que pendessem
para a monarquia absoluta, Hobbes
foi altamente responsável por trazer
ideias relevantes para o liberalismo
europeu.
T
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
Em “O leviatã” Hobbes disserta so-
bre a fundação do estado e a forma-
ção de uma moral objetiva. (MA-
CIEL, 2013)
Sobre o estado de natureza
muito discutido por Thomas
Hobbes, podemos ver que: A maior parte daqueles que es-creveram alguma coisa a propó-sito das repúblicas ou supõe, ou nos pede ou requer que acredi-temos que o homem é uma cri-atura que nasce apta para a so-ciedade. Os gregos chamam-no ZOON POLITIKON; e sobre este alicerce eles erigem a dou-trina da sociedade civil como se, para se preservar a paz e o governo da humanidade, nada mais fosse necessário do que os homens concordarem em fir-mar certas convenções e condi-ções em comum, que eles pró-prios chamariam, então, leis. Axioma este que, embora aco-lhido pela maior parte, é con-tudo sem dúvida falso – um erro que procede de considerar-mos a natureza humana muito superficialmente (HOBBES, 2002)
Analisando a citação de Hob-
bes elencada acima, vemos que o fi-
lósofo também foi de grande impor-
tância para integrar a tradição con-
tratualista nomeada de estado de
natureza.
De acordo com o filósofo mo-
derno, a vida do homem é natural e
deve ser protegida sobre todos os
outros direitos, pois essa é a funda-
mentação da existência do contrato
e do estado.
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
6. Revolução Científica
Fonte: www.estudopratico.com.br10
revolução científica teve co-
meço no século XV e nos
trouxe um conhecimento voltado
para o uso de práticas empíricas do
saber de forma a verificarmos os fa-
tos necessários.
Durante a idade média a forma
de se alcançar o conhecimento ainda
estava presa a religiosidade da
10 Retirado em www.estudopratico.com.br
época, de forma a seguir as concep-
ções de vida ali propostas. Com o
surgimento de novas ideias no sé-
culo XV a reformulação das ideias se
tornou possível, trazendo novas for-
mas de se pensar, comprovar e tes-
tar.
A revolução científica vem tra-
zer prática, observação, solidez para
A
30
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
o saber. Essa era marca a ruptura
com as ideias da idade média e com
a igreja católica, que por sua vez vi-
sava ditar o conhecimento com base
na religião. (JÚNIOR, 2020)
Sobre as ferramentas adquiri-
das pela ciência com a revolução ci-
entífica, o autor Júnior vem nos di-
zer que: A ciência ganhou muitas novas ferramentas. Passou a ser mais aceita e vista como importante para um novo tipo de sociedade que nascia. As comprovações empíricas ganharam espaço e reduziram as influências das in-fluências místicas da Idade Mé-dia. O conhecimento ganhou impulso para ser difundido com a invenção de Joahannes Gu-tenberg, a imprensa. A capaci-dade de reproduzir livros com exatidão e espalhá-los por vá-rios lugares foi fundamental para a Revolução Científica na medida em que restringia as possibilidades de releituras e interpretações equivocadas dos escritos. O modo místico da Igreja Católica de determinar o conhecimento perdeu ainda mais espaço com a Reforma Protestante. Os reformistas eram favoráveis à leitura da Bí-blia em todas as línguas e tam-bém acreditavam que as desco-bertas da ciência eram válidas para apreciar a existência de Deus. (JÚNIOR, 2020)
A revolução científica trouxe
muitos efeitos positivos para a soci-
edade e mudou nossa história, com
ela foi provada que a terra girava em
torno do sol e não o contrário. A fí-
sica veio para explicar muitos fenô-
menos naturais antes sem explica-
ção, trazendo verdades e fatos que
puderam ser comprovados por meio
da repetição e da prática.
Os maiores nomes a contribuir
com a revolução cientifica foram:
Isaac Newton;
Galileu Galilei;
René Descartes; Francis Bacon;
Nicolau Copérnico;
Louis Pasteur;
Francesco Redi. (JÚNIOR,
2020) Como pode a terra não ser o centro do universo? Os astros espaciais não estão nos circu-lando? O sol não está em movi-mento? Estes e alguns outros questionamentos embalaram o mundo científico de forma mais evidente por mais de duzentos anos, período entre 1500 a 1700. Este tempo ficou conhe-cido como Revolução Cientí-fica. Espera-se que este traba-lho proporcione uma reflexão sobre a importância deste epi-sódio da história da humani-dade e do pensamento filosó-fico e antropológico, pois a Re-volução Científica também é co-nhecida como a revolução que abriu as portas aos novos pen-samentos, “ensinou os homens a pensar diferentemente” (BRONOWSKI E MAZLISCH, 1960)
31
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
Frente a citação acima, de Bro-
nowski, vemos que o homem estava
adaptado a ideia de que as respostas
para suas dúvidas já estavam pron-
tas com base em sua fé, acreditando
que ao terra era o centro de tudo e
tudo girava ao nosso redor com a
concepção de que somos o centro do
universo.
A revolução científica veio com
a função de abrir os olhos, as portas
e a mente do homem para que pu-
déssemos pensar além do que estava
sendo pregado, pensar além de dog-
mas com aspectos irrefutáveis. Os
maiores responsáveis pela impor-
tância da revolução científica foram
Copérnico, Kepler e Galileu.
Copérnico surge como um filó-
sofo e cientista moderno ao contes-
tar o modelo antigo que dizia que o
homem estava no centro de tudo e
sugere uma nova concepção, di-
zendo que o sol estava no centro e
tudo e este era apenas uma estrela
no meio de tantas outras espalhadas
pelo universo.
Com isso, o filósofo abre cami-
nhos para novos pensamentos filo-
sóficos. Muitas teorias sobre o mo-
delo de como funciona o universo fo-
ram lançadas com o começo da revo-
lução científica. (MARCONDES,
2002)
Galileu foi o responsável pela
forma empírica de alcançar o saber e
possibilitou a prática de muitas ex-
periências no mundo científico. Em
uma de suas cartas, diz: Eu creria que a autoridade das Sagradas Letras tivesse tido em mira somente persuadir os ho-mens daqueles artigos e prepo-sições, que, sendo necessários para a salvação e superando todo discurso humano, não po-diam por outra ciência nem por outro meio se tornar críveis, a não ser pela boca do inteiro Es-pírito Santo. (REALE, ANTI-SERI, p.221, 2006)
Material Complementar
Elencaremos abaixo alguns
links gratuitos para estudo comple-
mentar acerca do tema Filosofia Mo-
derna acerca de temas que não fo-
ram apresentados no material.
Artigo: Conceitos de filosofia
na escola e no mundo e a formação
do filósofo segundo I. Kant
Autor: MARCOS CÉSAR.
Livro: O Ensino da Filosofia
no limiar da contemporaneidade
Autor: RODRIGO PELLOSO
GELAMO.
Livro: Filosofia, história e so-
ciologia das ciências I: abordagens
contemporâneas
Autor: VERA PORTOCAR-
RERO.
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
Livro: A pragmática na filoso-
fia contemporânea
Autor: DANIELO MARCON-
DES.
Anexos
Fonte: Tabela conceitual for-
mada com as ideias extraídas de: Descartes e Bacon, Razão e Dúvidas, Ídolos e experiências.
Fonte: SCIELO. Principais li-
nhas epistemológicas contempo-râneas
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
7. Atividade de Fixação
As atividades a seguir são para fixação do conhecimento adquirido com o
estudo da presente apostila, não há necessidade do envio das respostas para
correção. São questões discursivas elaboradas com base no estudo apresentado
sobre a filosofia moderna, seus princípios, fundamentos e principais filósofos.
As respostas podem ser encontradas no material exposto acima e no material
complementar.
1) Conceitue com suas palavras o que é filosofia moderna.
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_____________________________________________________
2) Quais são os principais filósofos da filosofia moderna?
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3) Diferencie dogmatismo e ceticismo.
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4) Defina empirismo.
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5) Quem foi Thomas Hobbes e qual sua relevância para a filosofia moderna?
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
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6) O que é o método cartesiano?
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7) Qual a relação da filosofia com a ciência?
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8) Quando e como ocorreu a revolução científica?
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9) Quais são as correntes de pensamentos sobre o ceticismo?
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10) Quais preceitos Thomas Hobbes trouxe para a filosofia moderna e como
podem ser aplicados em nosso estudo?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
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37
HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA
8. Referências Bibliográficas ADEODATO, João Maurício. Ética e retó-rica: para uma teoria da dogmática jurí-dica. São Paulo: Saraiva, 2002. BRONOWSKI, J. e MAZLISCH Bruce. A tradição intelectual do ocidente. Lisboa: Edições 70, 1960. ALVES, Jéssica. Ceticismo. 2019. Disponí-vel em: <https://www.educamaisbra-sil.com.br/enem/religiao/ceticismo> Acesso em 18 de dezembro de 2020. APIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Ja-neiro: Jorge Zahar Editor. JOHNSON, Al-lan G. Dicionário de Sociologia: Guia Prá-tico da Linguagem Sociológica. Rio de Ja-neiro: Jorge Zahar Editor. TOMAZI, Nel-son Décio. Sociologia Para o Ensino Mé-dio. 2 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MAR-TINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Mo-derna. INCONTRI, Dora e BIGHETO, Alessandro Cesar. Filosofia: Construindo o Pensar. 3 Ed. São Paulo: Escala Educacio-nal, 2010. BITTAR, Eduardo. ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia. São Paulo: Atlas, 2005. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática. São Paulo, 2000. Disponível em: <http://home.ufam.edu.br/anderson-lfc/Econo-mia_Etica/Convite%20%20Fi-losofia%20-%20Marilena%20Chaui.pdf>. Acesso em 18 de dezembro de 2020. CHÉROLET, Brenda. Dogmatismo. 2019. Disponível em: <https://www.educamais-brasil.com.br/enem/religiao/dogma-tismo> Acesso em 18 de dezembro de 2020.
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