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7/23/2019 Impacto Da Estimulao Cognitiva Sobre o Desempenho de Idosos Com d.alzheimer Em Tarefas de Memria
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Universidade de Braslia
Instituto de Psicologia
Impacto da Estimulao Cognitiva sobre o Desempenho de Idososcom Demncia de Alzheimer em Tarefas de Memria Lgica e
Recordao Livre
Mariana Balduino de Melo
Braslia2008
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Universidade de BrasliaInstituto de PsicologiaDepartamento de Processos Psicolgicos Bsicos
IIMMPPAACCTTOODDAAEESS TTIIMMUULLAAOOCCOOGGNNIITTIIVVAASSOOBBRREEOODD EESSEEMMPPEENNHHOODD EE
IIDDOOSSOOSSCCOOMMDDEEMMNNCCIIAADDEEAALLZZHHEEIIMMEERREEMMTTAARREEFFAASSDDEEMMEEMMRRIIAALLGGIICCAAEERREECCOORRDDAAOOLLIIVVRREE
MMAARRIIAANNAABBAALLDDUUIINNOODD EEMMEELLOO
Braslia - DF, fevereiro de 2008
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Universidade de BrasliaInstituto de PsicologiaDepartamento de Processos Psicolgicos Bsicos
IIMMPPAACCTTOODDAAEESS TTIIMMUULLAAOOCCOOGGNNIITTIIVVAASSOOBBRREEOODD EESSEEMMPPEENNHHOODD EE
IIDDOOSSOOSSCCOOMMDDEEMMNNCCIIAADDEEAALLZZHHEEIIMMEERREEMMTTAARREEFFAASSDDEEMMEEMMRRIIAA
LLGGIICCAAEERREECCOORRDDAAOOLLIIVVRREE
MMAARRIIAANNAABBAALLDDUUIINNOODD EEMMEELLOO
Dissertao apresentada ao Instituto de
Psicologia da Universidade de Braslia como
requisito parcial para obteno do ttulo de
Mestre em Cincias do Comportamento,
rea de concentrao Cognio e
Neurocincias.
Orientador: Prof. Dr. Srgio Leme da Silva
Braslia - DF, fevereiro de 2008.
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COMISSO EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Srgio Leme da Silva (Presidente)Universidade de Braslia
_________________________________________________
Prof. Dr. Wnia Cristina de Souza (Membro Efetivo)Universidade de Braslia
_____________________________________________________
Prof. Dr. Jaqueline Abrisqueta-Gomez (Membro Efetivo)Universidade Federal de So Paulo
__________________________________________________________
Prof. Dr. Antnio Pedro de Melo Cruz (Membro Suplente)Universidade de Braslia
Braslia - DF, fevereiro de 2008.
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Dedico este trabalho
minha av e madrinha
Cremilda, que me deixou
fazer parte do jardim da sua
preciosa existncia. Eu te
digo: muito obrigada.
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Agradeo a pessoas que me ajudam indiretamente, cuidando de pessoas e coisas
importantes para que eu possa cuidar disto: Rejane e Brulio, Slvia, Tonicesar, Nayla e
Devika.
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SUMRIO
Dedicatria...i
Agradecimentos .ii
Sumrio ..iv
Lista de figuras ..vi
Lista de tabelas ............vii
Lista de anexos ................................................................................................viii
Resumo ................................................................................................................ix
Abstract ................................................................................................................x
1. Introduo .................1
1.1 O envelhecimento............................................................................................1
1.2 Memria .........1
1.3 Avaliao neuropsicolgica............................................................................ 5
1.4 A estimulao cognitiva no idoso ...................................................................8
1.5 Teste de memria Lgica I e II da Escala de Memria Weschler ................13
1.6 Teste de Memria da Lista de Palavras ........................................................16
2. Mtodo .........................................................................................................19
2.1 Participantes ..................................................................................................19
2.2 Instrumentos .................................................................................................22
2.3 Procedimento.................................................................................................25.
2.4 Anlise dos dados .........................................................................................28
3. Resultados ....................................................................................................29
3.1 Programa de estimulao ..............................................................................29.
3.2 Teste de memria Lgica I e II da Escala de Memria Weschler.................30
3.3 Teste de Memria da Lista de Palavras ........................................................37
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4. Discusso ......................................................................................................43
5. Referncias Bibliogrficas ..........................................................................51
6. Anexos ..........................................................................................................60
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Lista de Figuras:
Figura 1.Sistemas de memria........................................................................................5
Figura 2:Plano de reabilitao para demncias conforme capacidades preservadas ehabilidades residuais ligadas s suas etiologias ..............................................................11
Figura 3:Etapas do estudo realizado ............................................................................27
Figura 4:Comparao entre os escores de memria lgica neutra 1 x memria lgicavivencial 2, correo literal nos dois grupos..................................................................32
Figura 5:Comparao entre os escores de memria lgica neutra 1 x memria lgicavivencial 2, correo proposicional nos dois grupos.......................................................33
Figura 6:Comparao entre os tipos de correo para os subtestes de memria lgicaneutra antes (a) e depois (b) da estimulao nos dois grupos..........................................34
Figura 7:Comparao entre os tipos de correo para os subtestes de memria lgicavivencial antes (a) e depois (b) da estimulao nos dois grupos.....................................35
Figura 8: Comparao entre os escores dos subtestes de memria lgica (correoliteral e proposicional) entre os grupos...........................................................................36
Figura 9:Figura 9. Recordao em curva de posio serial das Listas Neutras, tempo 1e 2 para os grupos experimental (a) e controle (b)..........................................................38
Figura 10: Recordao em curva de posio serial das Listas Semnticas, tempo 1 e 2para os grupos experimental (a) e controle (b)................................................................39
Figura 11: Recordao em curva de posio serial das Listas Vivenciais, tempo 1 e 2para os grupos experimental (a) e controle (b) ...............................................................40
Figura 12: Comparao entre os escores da lista de palavras meio neutra x semnticanos dois grupos................................................................................................................41
Figura 13: Comparao entre os escores da lista de palavras meio neutra x vivencialnos dois grupos. ..............................................................................................................41
Figura 14: Comparao entre as mdias das listas de palavra meio neutra x semntica xvivencial entre os grupos................................................................................................42
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RReessuummoo::
O envelhecimento acompanhado de declnio em funes cognitivas, especialmentea memria, muitas vezes evoluindo para um quadro de demncia. Este estudo tem
como objetivo avaliar os impactos de um programa de estimulao cognitiva sobre odesempenho de idosos em tarefas de memria lgica e recordao livre. O estudo foirealizado com 16 idosos selecionados por meio de uma avaliao neuropsicolgicacom diagnstico compatvel provvel doena de Alzheimer em fases leve oumoderada. Eles foram divididos randomicamente em um grupo experimental, comoito idosos submetidos s sesses de estimulao cognitiva e um grupo controle,com oito idosos que no foram submetidos a essas sesses. O programa deestimulao durou quatro sesses e foi constitudo de oficinas seqenciais commaterial verbal referente ao tema Passear em grupo realizando uma pescaria, deapresentao repetida a ser evocado por livre recordao, e seguido dereconhecimento, podendo ser facilitado por dicas contextuais ou pr-ativao da
informao requerida. Para aprendizagem das novas informaes, utilizou-se datcnica de terapia de reminiscncias. Os idosos foram avaliados antes do programa euma semana aps o trmino. Os resultados sugerem que a estimulao cognitivamelhora significativamente (p< 0,05) o desempenho nas tarefas de memria lgicade curto prazo com contedo relacionado vivncia do programa. Alm disso, osresultados indicam que a correo proposicional produz escores significativamentemelhores (p
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AAbbssttrraacctt::
Ageing is often associated with the decline of some cognitive abilities, especiallymemory, sometimes progressing to dementia. The current study aimed to evaluate the
effects of a cognitive stimulation program on the development of elderly people withAlzheimers disease in tasks of logical memory and free recall. Sixteen elderly peoplewere evaluated with the diagnosis of probable initial or mild Alzheimers disease. These
people were being treated in the Elderly Center of the Brasilia University Hospital.They were randomly divided into two groups: experimental group with eight elderlywho were submitted to the cognitive stimulation program and control group with eightelderly who were not submitted to these sessions. The program lasted four sessionsandconsisted of a sequencial workshop related to the theme Going for a walk in group tofish. This workshop consisted of verbal material being presented to the elderly severaltimes to be recovered by free recall, followed by recognition. This recognition could befacilitated by contextual tips or pre-activation of the information requested. The
technique of reminiscence was used to the learning of new information. The elderlypeople were evaluated before the program and one week after it. The results suggest thatcognitive stimulation improves significantly (p
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1.1 O envelhecimento
O envelhecimento da populao mundial um dos fenmenos que mais tem sido
discutido nos ltimos anos. Segundo projees estatsticas da Organizao Mundial de
Sade (OMS 2001), a expectativa de vida da populao mundial em 2025 ser de 73
anos e no Brasil ser de 74 anos. Todavia, esse aumento na expectativa de vida no
acompanhado pela expectativa de boa qualidade de vida. As doenas dos idosos, em
geral, so crnicas e mltiplas, assim, demandam mais servios de sade e exigem
cuidados permanentes.
Vrios estudos e pesquisas vm procurando caracterizar e determinar como as
funes cognitivas se relacionam com o envelhecimento(eg. West et al, 1994; Almeida
e Nitrini, 1995; Balota et al, 2000; Lautenschalager, 2002; Brucki, 2004). Durante o
envelhecimento, mudanas fisiolgicas que ocorrem no sistema nervoso central podem
provocar diminuio da velocidade de conduo nervosa em toda a rede neuronal. Isso
pode levar os indivduos no terem a mesma capacidade de recuperao de
informaes aprendidas anteriormente, com a mesma rapidez.
As alteraes neurobiolgicas do envelhecimento podem ocorrer em diferentes
nveis, que incluem, entre outros, a atrofia de grupos neuronais; a reduo na atividade
sinptica e um decrscimo na plasticidade; o aumento da atividade glial; a diminuio
de determinados grupos de receptores (ex: receptores da acetilcolina); acmulo de
produtos metablicos; e danos aos radicais livres (Kieling et. al., 2006). De forma geral,
os dficits cognitivos mais freqentes dos idosos relacionam-se com a memria.
1.2 Memria
A memria uma das caractersticas fundamentais dos seres vivos. Ela nos
permite adquirir, reter e utilizar informaes. Squire (1986) afirma que memria pode
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ser entendida como uma denominao genrica referente a conjunto de habilidades -
relacionadas aquisio, armazenamento e recuperao das informaes mediadas
por diferentes mdulos do sistema nervoso, que funcionam de forma cooperativa e ao
mesmo tempo independente.
Assim, atualmente o conceito de memria em seres humanos entendido como
uma entidade composta por mltiplos sistemas que se relacionam entre si. Pode-se
analisar esses sistemas em funo da capacidade de armazenamento (durao) da
informao. Nesse sentido, Atkinson e Shiffrin (1971) propuseram que os sistemas de
memria podem ser de curto e longo prazo. O primeiro caracterizado pela reteno da
informao por apenas alguns segundos e por ser de capacidade limitada.
A memria de longo prazo um sistema caracterizado pela reteno de grande
nmero de itens de informao por intervalos longos de tempo. A consolidao da
informao se d pela integrao de novas informaes e pelo estabelecimento de
associaes ou conexes entre as mesmas, sendo passvel de rupturas e distores.
Partindo desse modelo, Baddeley (1992) props o conceito de memria
operacional, que compreende a memria de curto prazo. A memria operacional um
sistema para manuteno e manipulao temporria de informaes durante o
desempenho de tarefas, como compreenso, atividade e raciocnio. Essas informaes
permanecem retidas na memria operacional somente enquanto estiverem sendo
utilizadas.
De acordo com Baddeley, esse sistema compe-se de quatro subsistemas: o
executivo central; a ala fonolgica; o esboo vsuo-espacial e o buffer episdico
(acrescentado por Baddeley ao seu modelo em 2000). O executivo central controlador
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da ateno, no possui especificidade modal e capaz de supervisionar informaes
provenientes dos dois outros sistemas. A ala fonolgica codifica informaes fonticas
de forma temporal e seqencial. O esboo vsuo-espacial codifica informaes por um
componente visual e outro espacial. E por ltimo, o buffer, que responsvel pelo
armazenamento temporrio de informaes provenientes dos sistemas subsidirios e da
memria de longo prazo, numa representao episdica unitria, que integra essas
informaes.
Outro critrio para classificar os sistemas de memria baseado no contedo da
informao armazenada e na forma de sua recuperao ou evocao. Uma das primeiras
distines foi entre memria declarativa e memria de procedimento (Cohen, 1984;
Squire, 1986). No primeiro tipo, as informaes so acessveis de forma consciente,
podendo referir-se a representaes de eventos no passado passveis de serem
declarados, isto , trazidos mente de forma verbal ou como uma imagem.
Em oposio memria declarativa, o contedo da memria de procedimento
independente da conscincia e s pode ser verificado por meio do desempenho do
sujeito nas mesmas operaes em que o conhecimento foi adquirido. A memria de
procedimento subdividida em habilidades e hbitos motores, perceptuais ou
cognitivos; pr-ativao (priming); e condicionamento clssico simples ou operante
(Squire, 1986).
Outra diferenciao frequentemente encontrada contrape memria explcita
memria implcita (Schacter, 1987). Esses conceitos so descritivos e referentes
experincia da pessoa no momento da evocao. Na literatura, esses termos geralmente
so usados como sinnimos de memria declarativa e memria de procedimento,
respectivamente.
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Tulving (1972) props a diviso entre subsistemas de memria declarativa,
sendo um a memria semntica e outro a episdica. A memria semntica refere-se a
fatos e conhecimentos independentes do contexto temporal e espacial, tais como
conhecimentos aritmticos, geogrficos, histricos, o significado de palavras e conceitos
e a relao entre eles. A memria episdica compreende o armazenamento de eventos
ou episdios situados em um tempo e espao especficos, incluindo informaes
autobiogrficas.
Percebe-se, assim, que a memria um conjunto de habilidades mentais que
dependem de diferentes sistemas e estruturas cerebrais. A partir de estudos de
neuroimagem com pacientes portadores de leses cerebrais, Budson e Price (2005)
correlacionaram alguns sistemas de memria e suas derivaes com as principais
estruturas cerebrais envolvidas (figura 1).
Sistemas deMemria
Principais estruturasanatmicas
Capacidade dearmazenamentodas informaes
Tipo deconhecimento
Exemplo
Episdica Lobo temporal media;ncleo talmico anterior;corpos mamilares;fornix; crtex pr-frontal
Minutos a anos Explcito,declarativo
Lembrar o quealmoou no diaanterior
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Semntica Lobo temporalinferolateral
Minutos a anos Explcito,declarativo
Saber que paraatender o telefonedeve-se pegar ogancho do fone,colocar na posiocorreta entre a orelha
e a boca, e dizer al
Saber quem foi oprimeiro presidenteeleito do Brasil
Procedimento Gnglios basais;cerebelo; rea motorsuplementar
Minutos a anos Explcito ouimplcito,No declarativo
Andar de bicicleta;
Tocar um instrumentoOperacional Fonolgica: crtex pr-
frontal, rea de Brocca,rea de Wernicke
Espacial: crtex pr-frontal e reas deassociao visual
Segundos aminutos
Explcito,declarativo
Fonolgico: reter umnmero de telefone,utilizando-se de
exerccios derepeties ouassociaes com apossibilidade de aomesmo tempo realizaroutras atividades.Espacial: seguir ummapa mental paralocalizar um lugarutilizando-se tambmde estratgiasoperacionais
Figura 1.Sistemas de memria (adaptao de Budson e Price, 2005).
1.3 Avaliao Neuropsicolgica
Vrios fatores podem interferir de maneira mais intensa na memria dos idosos:
os estados de ansiedade, a depresso, o estresse e as demncias.
Demncia se caracteriza pelo desenvolvimento de dficits cognitivos
mltiplos que incluem comprometimento da memria e pelo menos um dos
seguintes transtornos cognitivos: afasia, apraxia, agnosia ou distrbio da
funo executiva. Os dficits devem ser suficientemente severos para
comprometer o funcionamento ocupacional ou social e representar um declnio
em relao a um nvel anteriormente superior de funcionamento. O diagnstico
no deve ser feito se os dficits ocorrerem exclusivamente durante o curso de
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delirium. (American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical
manual of mental disorders (DSM-IV), 1994).
Existem diversas possveis etiologias para os quadros demenciais. Entre as mais
freqentes esto as degenerativas (demncia do tipo Alzheimer, doena de Pick,
demncia por corpos de Lewy, doena de Parkinson, coria de Huntington, hidrocefalia
de presso normal, esclerose mltipla), as vasculares, aquelas derivadas de leses,
aquelas derivadas de infeces (encefalites, neurissfilis, HIV), outras derivadas de
deficincias vitamnicas (B12, folato, tiamina) e demncias txicas (lcool e
envenenamento por metais pesados) (Almeida & Nitrini, 1995).
A demncia de Alzheimer (DA) um quadro patolgico crnico-degenerativo
cuja sndrome principal caracterizada por declnio cognitivo progressivo, que ocorre
no estado normal de conscincia. Os fatores de risco mais conhecidos para a DA
incluem idade avanada, histrico familiar e baixo nvel de escolaridade
(Lautenschalager, 2002). Esse autor afirma, ainda, que os marcadores
neurofiosiopatolgicos mais conhecidos da demncia de Alzheimer so os emaranhados
neurofibrilares e as placas senis.
A demncia de Alzheimer definida com o critrio de provvel doena de
Alzheimer atravs da associao de diversos sinais clnicos, mas s confirmada com a
evidncia histopatolgica obtida por bipsia ou autpsia. A doena acomete
inicialmente a formao hipocampal, com posterior comprometimento de reas corticais
associativas e relativa preservao dos crtices primrios. Dessa forma, o quadro clnico
desta demncia caracterizado por alteraes cognitivas, comportamentais e de
atividades de vida diria, com preservao do funcionamento motor e sensorial at as
fases mais avanadas (eg. Bertolucci, 1994; Hodges & Patterson, 1995; Baddley &
Wilson, 2002).
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O primeiro sintoma da demncia de Alzheimer, usualmente, o declnio da
memria, especialmente para fatos recentes (memria episdica) e desorientao
espacial. Com a evoluo do quadro, podem aparecer alteraes de linguagem
(principalmente anomia), distrbios de planejamento (funo executiva) e de
habilidades visuoespaciais. (Caramelli & Barbosa, 2002).
Na literatura recente (eg. Almeida, 1999; Abrisqueta-Gomez., 2004; Alchieri,
2004; Da Silva et. al., 2007), estudiosos recomendam a utilizao de instrumentos de
rastreio e de baterias neuropsicolgicas, com instrumentos cognitivos e entrevistas
estruturadas para a identificao e monitoramento de possveis sndromes demenciais .
A avaliao neuropsicolgica auxilia na diferenciao entre demncia, declnio
cognitivo, distrbios psiquitricos (por exemplo, depresso) e outras sndromes
neuropsicolgicas focais, tais como apraxia e agnosia. Alm disso, os instrumentos
permitem quantificar o grau de comprometimento cognitivo, identificar as capacidades
funcionais residuais e estabelecer metas e possibilidades para o programa de
estimulao cognitiva com os portadores da demncia (eg. Prigatano,1995; Wilson,
1997;De Vreese,2001).
1.4 A estimulao cognitiva no idoso
A estimulao cognitiva em idosos vem tornando-se algo possvel em funo de
um conceito muito estudado em neurocincias (eg. Clare, Wilson et. al., 2000; Davis et.
al., 2000; Pascual-Leone, 2005; Da Silva et. al. 2007), a plasticidade cerebral.
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Em 1998, Peter S. Eriksson, Fred H. Gage e seus colaboradores publicaram
evidncias de que o crebro humano adulto capaz de gerar novos neurnios. Essa foi
uma das mais importantes descobertas cientficas das ltimas dcadas, que ps fim a um
dos dogmas da neurocincia que postulava que os neurnios no se reproduziam no
indivduo adulto. A partir do estudo do comportamento animal, pesquisadores (eg.
Rosenzweig et. al., 1962) mostraram que ratos vivendo em ambiente enriquecido
aumentavam o peso enceflico e aumentavam, tambm, a taxa de alguns
neurotransmissores. Essas evidncias fazem referncia ao conceito de plasticidade
neural ou plasticidade cerebral.
Pascual-Leone et al (2005) afirmam que:
(...) a plasticidade neural uma propriedade intrnseca do Sistema
Nervoso que ocorre ao longo de toda a vida e no possvel entender
funes psicolgicas normais ou conseqncias de uma doena, sem se
remeter a concepo de plasticidade neural. O crebro, entendido como a
fonte do comportamento humano, moldado pelas presses e mudanas
ambientais, modificaes fisiolgicas e experincias. Esse o mecanismo
para aprendizagem e desenvolvimento mudanas nos inputsde qualquer
sistema neural ou nos alvos de suas conexes eferentes vo ocasionar uma
reorganizao do sistema que pode ser percebida no nvel do
comportamento, da anatomia, da fisiologia e em nveis mais profundos de
clulas e molculas. Assim, a plasticidade no um estado ocasional do
Sistema Nervoso, pelo contrrio, ela o estado normal de funcionamento do
Sistema Nervoso durante toda a vida. (pp. 378-379)
Um dos caminhos mais abrangentes e ricos para o estudo destas questes a
neuropsicologia, pois por meio dela possvel promover avanos tanto sobre o
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maioria dos autores j citados afirma que no envelhecimento, especialmente nas
demncias, h uma reduo de recursos de processamento de informaes, entre os
quais a ateno, a velocidade de processamento, os mecanismos inibitrios e,
principalmente, a memria.
Assim, nesse estudo, partimos da hiptese de que idosos com demncia de
Alzheimer, quando submetidos a um programa de estimulao cognitiva ambiental, tm
um melhor desempenho em tarefas que envolvem memria lgica e recordao livre.
Dessa forma, temos como objetivos especficos verificar, primeiro, se o desempenho na
tarefa de memria lgica melhor quando h insero de uma histria relacionada
vivncia referente ao contexto da estimulao cognitiva aplicada; e segundo se o
desempenho na tarefa de lista de palavras melhor quando h insero de palavras
semanticamente relacionadas ou relacionadas vivncia referente ao contexto da
estimulao.
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Nota: PaFI: Pares Associados Fceis I; PaDI: Pares Associados Difceis I; PaFII: ParesAssociados Fceis II (30 minutos depois); PaDII: Pares Associados Difceis II (30 minutosdepois); HLNI: histria de Luria Nebraska I; HLNII: histria de Luria Nebraska II (30minutos depois).
Realizou-se uma ANOVA para verificar se haviam diferenas significativas
entre os grupos nos escores acima descritos. Observou-se que os sujeitos dos dois
grupos foram pareados pela idade; anos de escolaridade; EDG; CDR; escores do Mini
Mental, do relgio, animais, semelhanas, dgitos inversos, pares associados facis I,
pares associados fceis II e histria de Luria Nebraska I (tabela 3). Pode-se verificar
que os grupos so homogneos em todas as medidas analisadas.
As estatsticas para os pares associados difceis I e II e histria de Luria
Nebraska II no puderam ser computadas, pois o erro padro da diferena foi zero.
Tabela 3: Escores (mdia, desvio padro, soma dos quadrados, quadrado da mdia,esfericidade e significncia) para os dados e testes de triagem entre grupos. * p< 0,05.
Dado/ Teste Experimental(N=8)
Controle(N=8)
Soma dosquadrados
df Quadradoda mdia
F Sig.
Idade M=79,12( 8,60)
M=83,00( 6,56)
60,06 1 60,06 1,02 0,329
Escolaridade(anos)
M=7,75( 2,49)
M=7,37( 1,92)
0,56 1 0,56 0,11 0,741
EscalaDepressoGeritrica
M=6,12( 2,64)
M=6,37( 2,44) 0,25 1 0,25 0,03 0,847
ClinicalDementiaRating
M=1,37( 0,52)
M=1,37( 0,51)
0,00 1 0,00 0,00 1,000
Mini Mental M=20,12( 4,32)
M=20,25( 2,60)
0,06 1 0,06 0,00 0,945
Relgio M=4,87( 2,16)
M=6,00( 1,85) 5,06
1 5,06 1,24 0,283
Animais M=8,50( 3,54)
M=9,70( 2,49) 6,25
1 6,25 0,66 0,428
Semelhanas M=9,50( 5,09) M=10,12( 7,10) 1,56 1 1,56 0,04 0,843
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Escala de Aval iao das At ividades de Vida Diria (AVD) ndice de Katz Essa
escala deve ser respondida pelo cuidador. Investiga a capacidade funcional do indivduo
no dia a dia por meio de perguntas que englobam duas reas: atividades bsicas da vida
diria, tal como banho e atividades instrumentais, tal como lidar com dinheiro.
Cl in ical Dementi a Rating (CDR) Essa escala deve ser respondida pelo cuidador.
Avalia cognio, comportamento e influncia das perdas na capacidade de realizar as
Atividades de Vida Diria. dividida em seis categorias: memria; orientao;
julgamento; relaes comunitrias; lar; e cuidados pessoais. Cada categoria
classificada em: nenhum (0); questionvel (0,5); leve (1,0); moderado (2,0); e grave
(3,0). Ela classifica diversos graus de demncia e identifica tambm casos
questionveis.
22..33PPrroocceeddiimmee nnttoo::
A estimulao cognitiva realizada somente com o grupo experimental consistiu
de quatro sesses de duas horas realizadas em duas semanas (duas vezes na semana). As
trs primeiras ocorreram no Centro de Medicina do Idoso e a quarta em um Pesque-
pague de Braslia. Foram realizadas oficinas em grupo, baseadas no plano de
reabilitao para demncias (vide quadro 2), sugerido por Da Silva (2007).
A estimulao teve como objetivos promover a associao de estmulos e
potenciais de aprendizagem a partir de trabalho sistemtico e organizado com o tema
especfico de pescaria. Por meio de repeties e do uso de associaes semnticas e
reminiscncias, foi realizada a estimulao da memria, consolidando as novas
informaes aprendidas referentes cor do salva-vidas, nmero da vara de pescar e s
histrias ocorridas no contexto do evento.
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dos idosos no tema, para verificar o impacto disso nas tarefas de memria. Novamente,
foram realizadas as atividades de recuperao livre da escolha da cor do colete, do
nmero da vara e seus significados. Aps isso, o grupo ficou livre para a pescaria. O
encontro foi finalizado com um almoo constitudo pelos peixes pescados pelos
participantes.
No grupo experimental, a primeira aplicao dos instrumentos (anexo 1) foi
realizada de 7 a 15 dias antes do programa de estimulao. A segunda aplicao dos
testes foi realizada sete dias aps o trmino do programa. Em um segundo momento, os
testes foram aplicados no grupo controle, respeitando-se esse intervalo de tempo entre a
primeira e segunda aplicao dos instrumentos. Segue abaixo um esquema para melhor
visualizao das etapas do estudo (figura 3).
Figura 3.Etapas do estudo realizado.
6 mesesPesquisa nos pronturios
2 meses
TriagemAplicao da bateria neuropsicolgica
7 a 15 dias antes1 Aplicao dos testes
Memria LgicaLista de Palavras
EXPERIMENTAL
2 semanas de estimulao
CONTROLE
2 semanas sem atividades
7 dias depois2 Aplicao dos testes
Memria LgicaLista de Palavras
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Para o experimento, foram realizados dois testes de memria (Anexo 1):
Subteste Memr ia Lgica I e I I da Escala de Memria Wechsler/EMW - Envolve
duas histrias de memria declarativa verbal. Avalia a capacidade do sujeito de
memorizar um contexto verbal de uma histria a curto e longo prazo. Para evitar a
fadiga dos sujeitos, somente uma histria desse subteste, dividida igualmente por uma
seleo randomizada,foi aplicada em cada sujeito.
Para verificar o desempenho dos participantes quando a narrativa relatada relaciona-se
vivncia pessoal, foi criada uma histria com o mesmo nmero de unidades da histria
dessa escala, mas com contedo relacionado s atividades da referida estimulao
cognitiva.
A histria original do teste foi denominada de memria lgica neutra e a histria criada
foi denominada de memria lgica vivencial.
Para a correo desse teste, realizamos uma anlise literal (conforme os critrios
originais dos autores) e uma anlise de proposies do contedo das histrias, seguindo
os critrios de Johnson et. al., 2003.
Memria da L ista de Palavras (adaptao de Da Si lva, 1999) Verifica fixao da
memria verbal. Foram utilizadas nove listas de palavras, sendo cada uma com 15
palavras do uso cotidiano, lidas uma a uma. Logo em seguida foi realizada a
recuperao livre, isto , para cada lista perguntou-se ao sujeito quais palavras que ele
se lembrava - em qualquer ordem - daquelas que foram lidas. Quatro listas
apresentavam relacionamento semntico nas palavras de posio 7-8-9; quatro listas
apresentavam palavras nas posies 7-8-9 que se relacionam ao contexto da vivncia
da estimulao cognitiva ambiental realizada (referida anteriormente); e quatro listas
no tinham nenhum tipo de associao. As palavras nas trs primeiras posies
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representam a primazia, enquanto as palavras nas trs ltimas posies representam a
recncia.
22..44AAnn lliissee ddooss ddaaddooss::
A anlise estatstica foi realizada pelo Pacote SPSS 16.0. Inicialmente, foram feitas
comparaes dentro dos grupos (experimental e controle), empregando-se o teste T de
Student para comparao de dados emparelhados mdias dos testes analisados no
primeiro e segundo momentos de aplicao dos instrumentos (Teste T Pareado).
Valores de p < 0,05 foram considerados significativos. Depois, foram realizadas
anlises de varincia paramtrica (ANOVA) entre os grupos. Tambm valores de p