Post on 11-Mar-2016
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CONTINUAR, este é o verbo e nesta perspectiva estamos publicando a segunda edição deste “folhetim” que festeja Uma Década de Teatro do grupo Oigalê.
Parece que toda a comemoração traz consigo um tom de retomada de caminhos trilhados, de conquistas atingidas, uma espécie de reflexão sobre um ciclo que se encerrou para dar início a outro.
Aqui abordamos assuntos cuja raiz se encontra na nossa inquietação, porque além
de criar e produzir, também “atuamos” junto às políticas públicas culturais em busca de melhorias para os coletivos de teatro.
Com esse foco, apresentamos através do texto “Políticas Públicas Culturais: uma busca constante”, a nossa forma de articulação junto a outros grupos e como tais encontros são importantes e positivos para a construção da arte como um bem público necessário à população.
Contamos com a participação da Brava Companhia, uma parceira muito querida da Oigalê e que em muito se assemelha.
Em “Hospital Psiquiátrico São Pedro: uma história de resistência artística”, traçamos um histórico da ocupação cultural e como vem se desenrolando.
Na coluna Ouça-me contamos com o depoimento de Claudius Ceccon sobre o espetáculo “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”.
Finalizamos com um panorama da programação comemorativa da Oigalê, que se estende por todo o ano de 2009.
Tenha uma boa leitura!
Informativo de 10 anoswww.oigale.com.brAno 1 | Edição 2 | 2º semestre de 2009 Porto Alegre/RS | Distribuição Gratuita
uma década de teatro
Página 2Políticas Públicas Culturais
Brava Companhia
Página 3Uma história de resistência artística
Página 4 Oigalê comemora
Ouça-me!
A Brava Companhia é
um grupo de teatro
paulistano que mantém
um trabalho continuo e
ininterrupto desde 1998
com outro nome e “re-fundado”
em 2006 com o nome atual
Durante sua trajetória
de trabalho criou diversos
espetáculos que circularam
por boa parte da cidade de São
Paulo, principalmente nos bairros
populares – cerca de 300 bairros
– além de outras cidades e estados
do País. Em 2007 inicia uma nova
fase do trabalho a partir da criação
de “A Brava” primeiro espetáculo
de um novo repertório de trabalho.
A companhia escolheu a
periferia sul da cidade de São
Paulo como opção maior para
o desenvolvimento de seus
trabalhos, essa escolha se dá
primeiramente pelos integrantes
– em sua maior parte – terem
nascido e crescido em bairros
populares, depois por entender
geograficamente e politicamente
a cidade de São Paulo e constatar
que o acesso ao teatro na cidade
era muito restrito, não só no que
diz respeito ao direito a fruição,
mas também a localização de
teatros públicos, possibilidades de
oficinas e ou cursos oferecidos,
etc. O trabalho da Brava
Companhia é um trabalho de
muita ação e esta ação realizada
durante andanças, errancias e
vivendo diversas circunstâncias
diferentes fez com que o grupo
fosse convidado por lideranças
locais e outros grupos organizados
da região do M`boi Mirim,
especificamente do Bairro do
Pq Santo Antonio, a participar
da luta pela ocupação de um
antigo sacolão hortifrutigranjeiro
e na transformação deste sacolão
em um espaço sócio cultural
e em agosto de 2007, após
anos de batalha os cadeados
que trancavam as portas foram
arrebentados – legalmente – e as
portas se abriram para o Sacolão
das Artes espaço onde a Brava
Companhia construiu como sede.
Outra característica da
companhia é a construção e
criação de espetáculos para
apresentação em espaços não
convencionais e abertos, o
pensamento sobre a rua como
possibilidade criativa como
matéria de pesquisa e opção de
trabalho, não só como espaço
para apresentação de espetáculos.
Esta característica do trabalho fez
com que o grupo se apresentasse
em diversas mostras e festivais de
teatro de rua espalhados pelo país
e durante uma destas mostras,
especificamente em 2008 na
Mostra de Teatro de Rua de Angra
dos Reis, Rio de Janeiro, A Brava
companhia teve a felicidade
de encontrar outra companhia
teatral, a Oigalê. Este encontro
revelou diversas características
semelhantes entre os dois grupos:
trabalho continuado de pesquisa
e ação teatral, participação ativa
em movimentos para pensamento
e construção de políticas públicas,
sede de trabalho mantida dentro
de espaços públicos, além da
afinidade estética que aconteceu
durante a apresentação dos
espetáculos dos dois grupos,
espetáculos diferentes na forma,
mas semelhantes nos processos,
nos meios de produção.
De 2008 pra cá, outros
encontros aconteceram
espontaneamente e outros foram
planejados pelos grupos em suas
cidades a fim de estreitarem os
laços de parceria e trabalho. O
último aconteceu em maio de
2009, em Porto Alegre, durante
o Festival Palco Giratório em
que a Brava Companhia pode
retribuir a visita feita em sua
sede conhecendo o espaço de
trabalho da Oigalê mantido
dentro do Hospital São Pedro.
As coincidências e
semelhanças não pararam
de acontecer, tanto A Brava
Companhia quanto a Oigalê
vivem hoje processos de intenso
esforço para manutenção de suas
sedes mantidas dentro de espaços
públicos. A Brava Companhia
teve recentemente o espaço
interditado e graças ao empenho
de trabalhadores da cultura e a
importância histórica do trabalho
a interdição não foi respeitada e
o espaço continua funcionando
e após longas conversas e lutas
pode-se dizer que o Sacolão
das Artes venceu mais uma.
A Brava Companhia manifesta-
se como grupo amigo e parceiro
da Oigalê a favor dos grupos
que ocupam o teatro São Pedro,
parabeniza os trabalhadores
de teatro de Porto Alegre pela
conquista da Lei de fomento
e espera reencontrar, o mais
breve possível, estes parceiros
de tão pouco tempo, mas de
muitas e fortes semelhanças,
vontades e lutas... Oigalê!
Brava Companhia...encontros e parcerias
Para nós, artistas, inquietação é um termo que nos acompanha e que nos leva a novas criações e a novos desafios. Com certeza, no local em que vivemos a inquietação vai além da cena, além da sala de ensaio e se volta para questões que são primordiais para nos mantermos enquanto profissionais, como a mobilização por Políticas Públicas Culturais. Para tanto, nos reunimos com outros grupos, por afinidades estéticas ou não, em busca de um bem maior para nós todos: o respeito e o reconhecimento dos artistas, de teatro e de dança, enquanto profissionais que realizam trabalho continuado. Guardada a diversidade de nossas obras, somos uma classe trabalhadora e queremos melhores condições de trabalho.
Desde o seu surgimento, a Oigalê vem buscando se articular em alguns movimentos nacionais, tais como o REDEMOINHO - Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral - e mais recentemente na RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua. Nossa participação tem sido de forma bem ativa, tanto virtual como presencialmente. No caso do REDEMOINHO, o último encontro foi em março de 2009 em Salvador/BA e da RBTR, com encontros semestrais, sendo que o último ocorreu em abril de 2009 na Aldeia de Arcozelo/RJ.
Nesses encontros estamos construindo um diálogo coletivo e tomando decisões importantes sobre o nosso fazer teatral. Esse diálogo nacional tem se tornado fundamental para o crescimento dos indivíduos e dos próprios grupos. Organizados, contribuímos para um país mais justo, construindo políticas públicas de estado.
Essa articulação também acontece em âmbito regional. Aqui no Rio Grande do Sul a Oigalê participa do Movimento dos Grupos de Investigação Cênica de Porto Alegre, Este na sua articulação política busca transformar em lei projetos que visam dar suporte aos grupos. Um exemplo de conquista é o Projeto de Lei “Programa Municipal de Fomento ao Teatro e Dança para a cidade de Porto Alegre”, que há cinco anos estava em elaboração e foi aprovado na Câmara de Vereadores em 29 de junho deste ano. (dia de São Pedro, o que vai abrir muitas portas!). Este programa visa especificamente dar sustentabilidade econômica aos grupos de pesquisa, considerando a dificuldade para se obter patrocínios por leis de incentivo para tal atividade.
Neste mesmo âmbito, está acontecendo uma grande discussão em torno da ocupação de prédios públicos ociosos envolvendo grupos de teatro e dança de Porto Alegre. Através da concretização destes ideais coletivos, estamos legitimando e fortalecendo a classe artística ao mesmo tempo em que transformamos a cidade e a sociedade em que vivemos.
PolíticasPúblicas Culturais:
Informativo de 10 anoswww.oigale.com.br
Porto Alegre 2009 | Distribuição Gratuita 2
uma busca constante
Fábio Resende - Brava Companhia São Paulo – Pq. Santo Antônio
e x p e d i e n t eJornalista Responsável: Lisete Ghiggi - MTB 4685 • Criação e Coordenação do Informativo: Juliana Kersting, Roberta Darkiewicz e Vera Parenza • Arte de Capa: Vera Parenza Projeto Gráfico e Diagramação: Carlos Tiburski • Revisão: Wagner Coriolano Colaboradores da Edição: Claudius Ceccon, Brava Companhia, Fábio Rezende, Hamilton Leite, Giancarlo Carlomagno, Carla Costa, Paulo Brasil, Ilson Fonseca, Di Machado, Janaína Mello e Vera Parenza • Impressão: Jornal Pioneiro • Tiragem: 10.000 exemplares
Fábio Hirata
Há nove anos os pavilhões 5 e 6, do Hospital Psiquiátrico São Pedro, começaram a ser usados para
produção e apresentação teatral. Inicialmente, com o grupo Falos e Stercus; logo após veio a Bienal do Mercosul. Vários filmes que foram gravados nos prédios antigos do Hospital.
No final de 2001, a Oigalê entra em contato com a Direção e Oficina de Criatividade do HPSP para uma ocupação continuada, com ensaios, oficinas teatrais, construção e confecção de materiais cênicos, depósito e apresentações periódicas.
Em 2002, a Oigalê leva ao Movimento dos Grupos de Teatro de Rua a intenção de que mais grupos participassem de um projeto de ocupação de espaços públicos ociosos. Desde então, quatro grupos de teatro (Laboratório de Investigação Cênica, Povo da Rua, Corpo Estranho e Oigalê) e dois de dança (Artéria Dança e Purê de Batatas) se instalaram neste espaço.
Cada grupo, naquele momento, passava a ser responsável por uma sala ocupada e, para tanto, dadas as condições de abandono do local, realizariam diferentes benfeitorias: remover piso velho, caiar as paredes, arrancar inço do pátio, etc.
Inúmeras foram as produções fruto desta ocupação: temporadas de espetáculos, a pesquisa realizada no contexto de cada grupo e as oficinas, que contemplaram desde a comunidade dos bairros ao redor e os próprios internos do Hospital, até a classe artística.
Em janeiro de 2003, a nova direção do Hospital troca o cadeado de acesso aos blocos, impedindo a entrada dos artistas ao seu local de trabalho. Após este fato, os grupos buscaram uma parceria
junto ao Instituto Estadual de Artes Cênicas (IEACEN) - órgão responsável pelo teatro e dança da Secretaria de Estado da Cultura, a fim de que tomasse frente desta “empreitada” junto aos grupos.
O IEACEN e os grupos de teatro e de dança lançam o “Primeiro Centro Cênico Estadual”, amplamente divulgado na imprensa escrita de nossa cidade, local visto por muitos artistas, jornalistas e políticos como uma vitória para a cultura de nosso estado. A ideia era que mais Centros Cênicos se espalhassem pelo Rio Grande do Sul, ocupando outros prédios ociosos.
A ocupação estava sendo oficializada e para tanto bastava que o secretário Estadual de Cultura e o secretário Estadual de Saúde assinassem um convênio de seção de uso, legalizando a presença dos grupos no Hospital pelo período mínimo de quatro anos.
Morangos e champanhe
Junto à assinatura deste convênio, os grupos organizaram o evento “Porta Aberta”, cujo objetivo foi, de durante 15 dias, abrir as portas à comunidade de forma gratuita para assistir a espetáculos, realizar oficinas, trocar ideias sobre política cultural e o fazer teatral. Os grupos se organizaram e reformaram, com auxílio do IEACEN e do Hospital, um banheiro existente no bloco 6 e refizeram e ordenaram o quadro de luz de ambos os blocos.
No dia de lançamento do “Primeiro Centro Cênico Estadual”, contávamos com a presença de autoridades, diretores do hospital, membros da classe artística, jornalistas, morangos e champanhe. Esperamos a presença dos secretários de Cultura e de
Saúde, mas não apareceram e nada foi assinado. Este contrato de seção de uso foi protocolado e ficou andando pelas gavetas das secretarias.
Em 2005, após pressão dos artistas da cidade organizados através do Movimento de Grupos de Investigação Cênica de Porto Alegre e grupos do HPSP, foi realizada uma manifestação pacífica na SEDAC, contando com a presença de mais de 80 artistas. O contrato enfim foi assinado.
Paralelo a estas ações políticas, a ocupação aconteceu de forma racional e convicta, e os blocos se tornaram um centro de produção e apresentação teatral da cidade, transformando a imagem do próprio Hospital São Pedro. Muitos dos espetáculos lá produzidos receberam premiações em Porto Alegre e em outros estados. A história desta ocupação vem sendo relatada como uma conquista em encontros e/ou festivais de teatro pelo Brasil afora.
Com a troca de governo, em janeiro de 2007, os grupos voltam a procurar a SEDAC, que reafirmou o apoio ao trabalho já efetuado pelos grupos. No entanto, o destino do espaço é seguidamente mudado, conforme demandas políticas. Consequentemente, forçando os grupos a desocuparem o local. Foi feito um levantamento de prédios pelos grupos de teatro e pela Secretaria da Cultura, mas infelizmente não encontramos um que possa ser utilizado.
Determinaram a permanência dos grupos, sendo que foi feita uma vistoria, apontando as condições do local e uma futura reforma. Para nossa surpresa, numa manhã de março de 2007, durante um ensaio, recebemos uma carta assinada pela atual secretária de Cultura, informando que deveríamos fazer uma desocupação imediata, pois o laudo resultante da vistoria aponta o local como insalubre. Coincidentemente o prazo de nosso contrato estava por terminar.
Ocupação de espaçosociosos
Foi decidido que os grupos podem se manter no espaço até encontrarem outro espaço público “ocioso” e ficam proibidas as apresentações ao público em geral no local, devido às condições do local.
Fomos novamente em busca dos espaços públicos ociosos e mantemos nossa sede funcionando. Novas reuniões aconteceram e novos “despejos” foram encaminhados. Constatamos que a cada reunião que passava algo novo era dito: necessidade de acessibilidade aos pavilhões, depois teríamos que desenvolver projetos conjuntos com a UERGS, posteriormente teríamos que ter um trabalho na área da saúde mental, enfim... A mudança de pensamento era tamanha que ficava claro que existiam outras questões políticas que envolviam a manutenção dos grupos no hospital.
Não nos negamos a deixar o local, apenas queremos assegurar outro espaço que comporte as necessidades do grupo. Até o momento não o encontramos, e o prédio solicitado vem seguidamente sendo negado. Esperamos que o Governo do Estado, ao encaminhar esta situação, considere os bens culturais ali produzidos e delibere em favor dos grupos teatrais que tem no Hospital Psiquiátrico São Pedro o seu local de trabalho.
A Oigalê não só quer trazer a sociedade um pouco da história dos grupos de teatro do HPSP, mas quer também que se coloque na prática a ocupação de espaços públicos ociosos por grupos de teatro e dança, constituindo assim centros culturais numa parceria público-privada.
Hoje resistem no local os grupos teatrais: Oigalê, Falos e Stercus, Povo da Rua, Neelic e Caixa Preta.
Se você quiser saber mais sobre a ocupação e expressar a sua opinião a respeito, entre no site: www.oigale.com.br/blog
Informativo de 10 anoswww.oigale.com.br
Porto Alegre 2009 | Distribuição Gratuita 3Hospital Psiquiátrico São Pedro:
uma história de resistência artística
A comemoração Uma Década de Teatro da Oigalê iniciou cedo com as temporadas dos espetáculos de
rua no Parque da Redenção durante os meses de janeiro, fevereiro e março. Já em abril, aconteceu a estreia do espetáculo “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”. Em sua primeira temporada no Teatro do SESC, Centro de Porto Alegre, a peça foi apresentada para um público de mais de 1.600 pessoas, contemplando escolas públicas da rede municipal e o público em geral.
Quem esteve presente também foi o autor do livro que inspirou a obra: Claudius Ceccon. Ele realizou, juntamente com a diretora e o elenco, um bate-papo com as crianças e adultos após a apresentação da peça. As escolas também receberam do autor a doação de um exemplar do livro “Era uma Vez”, no qual foi baseada a história que a Oigalê conta. A peça gerou polêmica, o próprio grupo não sabia exatamente qual seria a reação do público, pois trata-se de um espetáculo com bastante pretensões e ousadias estéticas. Veja a opinião do autor Claudius Ceccon a respeito de “Era Uma Vez...
Uma Fábula Assombrosa” na coluna “Ouça-me”.
Ainda no primeiro semestre de 2009, a Oigalê reensaiou os espetáculos “O Negrinho do Pastoreio” e “MBoitatá”, e tornou a circular com a “Trilogia Pampiana”, composta pelos dois espetáculos já citados mais “Deus e o Diabo na Terra de Miséria”. A Trilogia - que reúne as primeiras obras do grupo - viajou em junho para o Festival de São José dos Campos e marcou presença no FILO – Festival de Londrina com o espetáculo “O
Negrinho do Pastoreio”. Já o espetáculo
“Miséria, Servidor de Dois Estancieiros” esteve no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto participando, além da mostra de espetáculos em Rio Preto, da “Extensão Regional” que contemplou seis cidades próximas.
De volta à Porto Alegre, o grupo realizou quinze dias de programação com diversas atividades no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre (confira nesta página).
Atualmente, a Oigalê está arrumando as malas para ir à cidade de Barueri/SP e Cuiabá/MT com o espetáculo “O Negrinho do Pastoreio”. Ao retornar, segue para Portugal para participar do
Mito - Mostra Internacional de Teatro de Oeiras, com o espetáculo “Deus e o Diabo na Terra de Miséria”.
Mas o ano de aniversário não para por aí, e o grupo ainda tem em sua agenda, entre outras atividades, o Festival Porto Alegre Em Cena e a Feira do Livro de Porto Alegre.
Para ficar por dentro da programação mensal da Oigalê, acesse www.oigale.com.br e cadastre seu email para receber as notícias pela internet.
Estávamos em 1969, em pleno Ato V, que suspendeu todos os direitos, permitiu demisssões, prisões arbitárias, tortura, morte, e esse crime hediondo, que foi “desaparecer” pessoas e negar às famílias o direito de saber e de enterrar seus queridos. Naquele momento, um grupo de porraloucas resolve criar o Pasquim, para ridicularizar a ditadura. Conseguiu, no princípio, driblar a censura de várias maneiras, rompendo a asfixia que se instalava. Humor subversivo, esse negócio de escrever do jeito que se falava, com (*) em lugar do palavrão proibido, tornando-o ainda mais forte. A fábula, meio clássico de criticar os poderosos falando de bichos, foi meu jeito de expressar o que estava preso na garganta das pessoas, traduzindo suas próprias reflexões. Anos mais tarde, essas fábulas se transformaram no livro Era Uma Vez. E continuam atuais.
Quando o Oigalê propôs encená-las, achei o máximo, mas não tinha idéia de como iam conseguir fazer isso. Assisti ao espetáculo como uma criança curiosa e fiquei absolutamente encantado. Trilha sonora ao vivo, um grupo talentoso e experiente, capaz de manter a atenção de uma variadíssima platéia, usando teatro de sombras, dança, humor, transmitindo-lhe uma visão crítica, que emociona, mobiliza e faz pensar. A distribuição de sementes de árvores nativas, ao final do espetáculo, é o convite para que todos passem à ação, fazendo a ligação perfeita entre a fantasia e a realidade que ela ajuda a transformar.
Minha sugestão é que as Secretarias de Educação incluam o Grupo Oigalê nos programas que propõem uma escola integral e integrada. Crianças, educadores, mães e pais muito se beneficiarão. E os gestores públicos inteligentes, também.
Claudius Ceccon - Autor do livro no qual foi baseada a peça “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”
Ouça-me!
Informativo de 10 anoswww.oigale.com.br
Porto Alegre 2009 | Distribuição Gratuita 4Oigalê comemoraaniversário durante o ano inteiro
Deus e o Diabo na Terra de Miséria1/8 sábado – 16h – Chafariz da Redenção
9/8 domingo – 11h – Brique da Redenção
O Negrinho do Pastoreio2/8 domingo – 16h – Chafariz da Redenção
15 e 16/8 – 16 horas – Chafariz da Redenção
Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa5 e 6/8 quarta e quinta – 20h – Teatro Renascença
8 e 9/8 sábado e domingo – 16h – Teatro Renascença
Miséria, Servidor de Dois Estancieiros10/8 segunda – 20h – Centro Municipal de Cultura
Coquetel
Atividades para a quinzena
Iluminação com Nádia Luciani/PR1 a 8/8 – 9h às 13h – Sala Álvaro Moreira
Máscaras com Roberto Inoccente/Itália3 a 10/8 – 14h às 18h – Sala Álvaro Moreira
Dramaturgia com Mário Bortolotto/PR12 a 16/8 – 13h às 17h – Studio StravaganzaO
ficin
as
Todas as atividades são gratuitas e livre para todas as idades
Começando pelo começo
Carlos Sillero
Kiran
Carlos Sillero
Carlos Sillero
Negrinho do Pastoreio
Miséria, Servidor de Dois Estancieiros
Deus e o Diabo na Terra de Miséria
Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa