Post on 09-Nov-2018
ISAT – SEMANA ACADÊMICA
MAIO DE 2013
A CARTOMANTE
EM TRÊS GÊNEROS
ORIENTAÇÃO
Beatriz Damasceno
José Manuel da Silva
ALUNOS
Alan de Almeida Dalles
Cristiana Pereira da Silva
Lídia Mara Soares Luz
Louise Ferreira da Rocha
Rosiel Rosa Vianna
1 Objetivos
2 Autor e Obra
3 Elementos das HQ
4 Comparação dos gêneros
5 Aplicabilidade em sala de aula
ROTEIRO
OBJETIVOS
● Analisar as adaptações
do clássico conto
A Cartomante,
de Machado de Assis,
para HQ e cinema,
analisando sua aplicabilidade
em sala de aula.
OBJETIVOS
● Hoje em dia, o jovem está inserido em um mundo visual.
“(...) há uma nova cultura audiovisual, urbana, que se expressa de
forma dinâmica e multifacética, que responde a uma nova sensibilidade
e forma de perceber e de se expressar” (MORAN, 1992) e que atinge
intensamente os jovens. (LEITE; SAMPAIO, 2002)
(...) a linguagem audiovisual baseia-se fundamentalmente em
falar mais do que escrever, ver mais do que ler e sentir antes de
compreender. (LEITE; SAMPAIO, 2002)
(...) as novas linguagens “geram novos modos de pensar e sentir, e por
conseqüência de aprender” (Belloni, 1991). Portanto, requerem novas
formas de ensinar. (LEITE; SAMPAIO, 2002)
● Como os clássicos chegam aos alunos?
● Na análise do conto que foi adaptado para as HQs e para
o cinema, serão analisadas as diferenças entre os gêneros.
● O trabalho foi dividido em etapas.
OBJETIVOS
► Autor e obra
► Elementos das HQ
► Comparação dos gêneros
► Aplicabilidade em sala de aula
AUTOR E OBRA
MACHADO DE ASSIS
[Rio de Janeiro – 1839-1908]
Escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da
literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros
literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista,
folhetinista, jornalista, e crítico literário. Urbano, aristocrata,
cosmopolita, passou longe do nacionalismo, tendo ambientado suas
histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar.
A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um
mestre da observação psicológica. Desenvolveu inconfundível
estilo desiludido, sarcástico. O domínio da linguagem é sutil e o
estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do
pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido
cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus
contemporâneos.
AUTOR E OBRA
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua
pequena extensão. Mais curto que a novela ou o
romance, o conto tem uma estrutura fechada,
desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num
romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários,
o que não acontece com o conto. O conto é conciso.
(GOTLIB, 2006)
Conto é uma forma breve. Esta afirmação, que aparece
toda vez em que se tenta definir o conto, nos leva a um
conhecido ditado: “No conto não deve sobrar nada,
assim como no romance não deve faltar nada.”
(GOTLIB, 2006)
O CONTO
AUTOR E OBRA
RESUMO
A Cartomante, conto de Machado de
Assis, foi publicado em 1884. Relata
um caso de amor proibido, uma
experiência conflitante e um final
trágico dentro de uma sociedade
recatada na cidade do Rio de Janeiro.
ELEMENTOS DAS HQ
Enquadramento
Plano
Geral
Plano
Total
ELEMENTOS DAS HQ
Recordatório ou Legenda
Onomatopéia
ELEMENTOS DAS HQ
Linhas Cinéticas
ELEMENTOS DAS HQ
Metáforas Visuais
ELEMENTOS DAS HQ
Balões e Rabichos
Balão de
pensamento Balões de
fala
Grito
ELEMENTOS DAS HQ
Texto
ELEMENTOS DAS HQ
Expressividade
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo A casa do encontro era na antiga Rua dos
Barbonos, onde morava uma comprovinciana
de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras,
na direção de Botafogo, onde residia; Camilo
desceu pela da Guarda Velha, olhando de
passagem para a casa da cartomante. (p. 3)
Rua dos Barbonos Rua Evaristo da Veiga
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde
morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela
Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde
residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de
passagem para a casa da cartomante. (p. 3)
Rua das Mangueiras Rua Visconde
de Maranguape
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde
morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela
Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde
residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de
passagem para a casa da cartomante. (p. 3)
Rua da
Guarda Velha
Av. Treze de Maio
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo,
e foi a bordo recebê-lo. (p. 3)
Botafogo
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo Logo depois rejeitava a idéia, vexado de si mesmo, e
seguia, picando o passo, na direção do Largo da
Carioca, para entrar num tílburi. (p. 5)
Largo da Carioca
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo Logo depois rejeitava a idéia, vexado de si mesmo, e
seguia, picando o passo, na direção do Largo da
Carioca, para entrar num tílburi. (p. 5)
Largo da Carioca
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar,
estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu
dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do
futuro, longo, longo, interminável. (p. 7)
Glória
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo
Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar,
estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu
dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do
futuro, longo, longo, interminável. (p. 7)
Glória
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Rio Antigo Lgo da Carioca
Treze
de Maio
Evaristo
da Veiga
Vde de
Maranguape
TM
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ A versão em HQ segue quase integralmente o
conto original, a menos de algumas adaptações
derivadas da transposição de um gênero em
outro. Os editores reconhecem isso na
apresentação: “É importante lembrar que alguns
trechos originais − essencialmente os
descritivos − foram adaptados para a linguagem
dos quadrinhos.”
Roteiro, desenhos e arte final
de Jo Fevereiro;
cores de Jo e Ciça Sperl.
Os editores ainda fazem um alerta importante:
“Convém ressaltar que essa linguagem não
substitui a forma original da obra, cuja leitura
permanece essencial à boa formação do leitor.”
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Hamlet observa a Horácio que há mais
cousas no céu e na terra do que sonha a
nossa filosofia. Era a mesma explicação
que dava a bela Rita ao moço Camilo,
numa sexta-feira de novembro de 1869,
quando este ria dela, por ter ido na véspera
consultar uma cartomante; a diferença é
que o fazia por outras palavras. (p. 1)
Conto - HQ
— Errou! interrompeu
Camilo, rindo. (p. 1)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ
— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava
ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe. (p. 2)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ No princípio de 1869, voltou
Vilela da província, onde
casara com uma dama
formosa e tonta; abandonou a
magistratura e veio abrir banca
de advogado. Camilo arranjou-
lhe casa para os lados de
Botafogo, e foi a bordo recebê-
lo.
— É o senhor? exclamou Rita,
estendendo-lhe a mão. Não
imagina como meu marido é
seu amigo, falava sempre do
senhor.
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ — Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para
comparar a letra com as das cartas que lá
aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e
rasgo-a... (p. 4)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ
"Quanto antes,
melhor, pensou ele;
não posso estar
assim...“ (p. 4)
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O
senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe
acontecerá alguma cousa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso,
teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu
e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que
deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o
tronco da religião (...) (p. 2)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ Vilela, Camilo e Rita, três
nomes, uma aventura e
nenhuma explicação das
origens. Vamos a ela. Os dois
primeiros eram amigos de
infância. Vilela seguiu a
carreira de magistrado. Camilo
entrou no funcionalismo, contra
a vontade do pai, que queria
vê-lo médico; mas o pai
morreu, e Camilo preferiu não
ser nada, até que a mãe lhe
arranjou um emprego público.
(p. 3)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo
menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela
primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos
ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as
cousas que o cercam. (p. 3)
(...) mas daí a algum tempo Vilela
começou a mostrar-se sombrio, falando
pouco, como desconfiado. (p. 4)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como
uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-
lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na
boca. (p. 3)
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita
subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e
escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o
para matá-lo. (p. 4)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ
Ditas assim, pela voz do outro, tinham um
tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para
quê? (p. 5)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a
cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com
vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou
a esvair-se no cérebro (...) (p. 5)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ
Voltou três cartas sobre a
mesa, e disse-lhe (...) (p. 6)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
Conto - HQ Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe
sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde
sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava
Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com
dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão. (p. 7)
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
O filme, na verdade, é uma releitura do conto
original, porque existem pontos no filme
diferentes do conto, mas há muitos pontos de
contato: (1) todas as personagens estão lá,
incluindo a cartomante, mas outras são
adicionadas; (2) ainda existe a intertextualidade
com Shakespeare e a discussão sobre o
sobrenatural; (3) o cenário ainda é o Rio de
Janeiro. No entanto, algumas variações foram
incluídas no roteiro.
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
Camilo
[Luigi Baricelli]
Vilela
[Ilya São paulo]
Rita
[Deborah Secco]
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
Antonia
[Silvia Pfeifer]
Karen
[Giovanna Antonelli]
A Cartomante
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
Horóscopo
Conversa - Cartomante
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
Conversa - Shakespeare
COMPARAÇÃO DOS GÊNEROS
O Filme
Região do
Largo da Carioca
Av. Niemeyer
Zona Sul
● Motivação
● Construção do leitor por caminhos diversos
● Trabalhar a linguagem, o vocabulário, registros
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
“O emprego das histórias em quadrinhos
já é reconhecido pela LDB (Lei de
Diretrizes e Bases) e pelos PCN
(Parâmetros Curriculares Nacionais).”
(RAMA et al., 2006)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Por que as histórias em quadrinhos auxiliam o ensino?
Existem vários motivos que levam as histórias em quadrinhos a terem
um bom desempenho nas escolas, possibilitando resultados muito
melhores do que aqueles que se obteria sem elas. Vejamos alguns
deles:
► Os estudantes querem ler os quadrinhos;
► Palavras e imagens, juntos, ensinam de forma mais eficiente;
► Existe alto nível de informação nos quadrinhos;
► As possibilidades de comunicação são enriquecidas pela
familiaridade com as histórias em quadrinhos;
► Os quadrinhos auxiliam no desenvolvimento do hábito de leitura;
► Os quadrinhos enriquecem o vocabulário dos estudantes;
► O caráter elíptico da linguagem quadrinhística obriga o leitor a pensar
e imaginar;
► Os quadrinhos têm um caráter globalizador;
► Os quadrinhos podem ser utilizados em qualquer nível escolar e com
qualquer tema.
(RAMA et al., 2006)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Arcaísmos
caleça: (cf. caleche):
variedade de carruagem com quatro rodas e dois assentos,
puxada por dois cavalos em parelha; caleça
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Arcaísmos
tílburi:
é um carro de duas rodas e dois assentos (tilbureiro e passageiro), sem
boleia, com capota e tirado por um só animal. Foi inventado por Gregor
Tilbury, na Inglaterra, em 1818, e trazido ao Rio de Janeiro como
transporte coletivo, através da França, em 1830.
(...) e seguia, picando o
passo, na direção do
Largo da Carioca, para
entrar num tílburi. (p. 5)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Arcaísmos
deveras:
utilizado para dar ênfase, destacar ou realçar o teor
verdadeiro daquilo que se fala; sinônimos: em verdade,
realmente, a valer, a sério, de fato.
— Tu crês deveras nessas
cousas? perguntou-lhe. (p. 2)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
cousa: (cf. coisa)
tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea.
Arcaísmos
Tudo lhe parecia agora melhor,
as outras cousas traziam outro
aspecto (...) (p. 7)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Intertextualidade
“A intertextualidade stricto sensu (...)
ocorre quando, em um texto, está
inserido outro texto (intertexto)
anteriormente produzido, que faz parte
da memória social de uma coletividade
ou da memória discursiva (...)”
(KOCH;BENTES;CAVALCANTE, 2008)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Intertextualidade There are more things in heaven and earth, Horatio,
Than are dreamt of in your philosophy.
(Act I, Scene V)
Há muita coisa mais no céu e na terra, Horácio,
do que sonha a nossa pobre filosofia.
(Ato I, Cena V)
Existem mais coisas entre o céu e a terra do
que sonha a nossa vã filosofia.
(Ato I, Cena V)
Hamlet observa a
Horácio que há mais
cousas no céu e na
terra do que sonha a
nossa filosofia. Era a
mesma explicação
que dava a bela Rita
ao moço Camilo,
numa sexta-feira de
novembro de 1869,
quando este ria dela,
por ter ido na véspera
consultar uma
cartomante; a
diferença é que o
fazia por outras
palavras. (p. 2)
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Intertextualidade
Homem Vitruviano
Leonardo Da Vinci
Assim é o homem, assim são as cousas
que o cercam. (p. 3)
Apolo (gr. Ἀπόλλων)
era o deus das
profecias, da medicina
e da música, também
associado ao
pastoreio e ao sol. Na
época clássica o sol
era por vezes
chamado de "carro de
Apolo" e, talvez por
isso, ele tenha sido
considerado também o
deus da luz e da
juventude.
APLICABILIDADE EM SALA DE AULA
Intertextualidade A velha caleça de praça, em que pela primeira vez
passeaste com a mulher amada, fechadinhos
ambos, vale o carro de Apolo. (p. 3)
Obrigada!!!