Islamismo para uab texto 5 do modulo iii

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A presença muçulmana na África

Andrea Marzano

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

O que seria a islamização O que seria a islamização da África? da África?

Conversão à fé muçulmana Conversão à fé muçulmana mas sem adoção da mas sem adoção da

cultura e da língua árabe.cultura e da língua árabe.

O que seria a africanização O que seria a africanização do Islã (ou arabização)? do Islã (ou arabização)? Adoção da língua e da Adoção da língua e da cultura árabes, para além cultura árabes, para além

dos costumes.dos costumes.

Nas regiões menos ou mais islamizadas...

Milhões de muçulmanos faziam e fazem ainda hoje peregrinação a Meca para expressar a

unidade do mundo islâmico, mesmo com suas diferenças.

EXPANSÃO MUÇULMANA

Onde surgiu o Islamismo? Na Península Arábica (Ásia).

Qual o principal veículo de expansão pelo norte da África? A conquista territorial.

Qual o principal veículo de expansão pela parte subsaariana da África? O comércio.

Contra quem precisaram lutar nessa expansão? Bizantinos, berberes do norte da África, judeus,

cristãos.

Expansão árabe e islâmica pelo mundo séculos VII e VIII

Mapa da expansão árabe e islâmica na África em 1300.

Os povos conquistados pelos árabes eram obrigados a se

converter?

Nem sempre pela violência. Mas davam certas “vantagens e privilégios” aqueles que se

convertiam. Cargos, proteção, isenção de impostos.

Falar a língua árabe e converter-se ao islamismo era uma questão de status e de novas

alternativas de vida.

O islamismo, para os africanos ...

Significava uma religião e cultura mais abrangentes do que os grupos linguísticos

locais.

Siginificava a oportunidade de muçulmanos, dos confins mais remotos, de se manter em contato

com grandes centros.

Dufusão do islamismo

De soldados livres para soldados escravos.De governantes para funcionários.

De senhores para serviçais.De pastores para os agricultores.

Houve, por vezes, uma conversão cotidiana, que se espalhou pelos hábitos de higiene, por

práticas religiosos simples e coletivas.

O islamismo codificado

Gerou segmentos de estudiosos: os ulamás e estes criaram escolas de acordo com as

interpretações das leis islâmicas.

Não havia uma boa aceitação do controle do Califado muçulmano na África.

Então foram criando-se poderes locais autônomos, ou seja, reinos independentes.

Séc. XIII e XIV

- Os cristãos europeus estavam conquistando mais controle do Mar Mediterrâneo (após as Cruzadas).

- A Europa começava a ultrapassar o mundo islâmico em organização tecnológica e a indústria têxtil dava mostras de se sobrepor a do norte africano.

Mas eis que veio a Peste Negra...- Ela dizimou 1/3 da população europeia.- Dizimou ¼ da população só no Egito.- Não bastasse, a pneumonia devastaram o norte

da África por 160 anos.

Mesmo o cristianismo na África, também era africanizado.

Ou seja, o cristianismo também se misturou com características da cultura e religião local, como no caso do Reino da Núbia em que o rei era o

chefe da Igreja e podia rezar missas e administrar os sacramentos. Seguiam a linha matriarcal, sucessão pela linhagem materna. Ex.: A rainha mãe, ou conselheira do Estado,

recebia a proteção da virgem Maria.

E lá, na Núbia, eles também se islamizaram e arabizaram por meio, sobretudo, da imposição

dos Egípcios que invadiram a região.

Mas os árabes conquistadores também

adquiriram características

dos núbios...

Levaram a fé islâmica e

adquiriram a cultura núbia.

Em Darfur, ao sudoeste da Núbia...

Acredita-se que a expansão islâmica e

árabe podem ter acontecido através das migrações de

criadores de camelos, carneiros e bois.

Axum, um reino cristão no século IVA africanização do Islã

Após conflitos com os muçulmanos, estes foram, aos poucos, se apossando do reino. Formaram

sultanatos e as autoridades políticas hereditárias, já convertidas, foram ligando-se,

pelo casamento, a imigrantes muçulmanos árabes.

Lá os Estados muçulmanos eram bem diferentes dos reinos árabes. As mulheres, por exemplo,

ocupavam funções de rainhas e conselheiras … isso indica a presença de traços culturais já

existentes na região.

Mas o cristianismo, contudo, ainda sobreviveu, tímido, à expansão

islâmica.

Nas savanas da África Ocidental

Principal forma de conversão ao islã e arabização

Por meio do comércio. “Parcerias comerciais era muito importantes nessa época”.

A agricultura era limitada. Como transportar? A mosca tsé-tsé impedia uso de animais de

carga. E os veículos com roda? Eles teriam que construir estradas, mas havia pouca população. E mesmo se construíssem, as chuvas tropicais

estragavam tudo rapidamente.

Mas o comércio era organizado.E quem carregava os produtos? Os humanos.

O que se comercializava?

Sal, marfim, nozes de cola, tecidos de lã e algodão, figos, tâmaras, peças de cobre, gado, ouro, cereais, escravos capturados também na África ocidental, sobretudo mulheres e crianças destinadas a haréns controlados por escravos eunucos ou eram transformadas em esposas

ou concubinas. Também eram usados na produção de sal, no Saara, nas caravanas, na manutenção dos oásis, como soldados, como

administradores...

COMÉRCIO TRANSAARIANO

OURO E OURO E ESCRAVOESCRAVO

SS

O império de GanaFicava onde haviam pastores berberes e agricultores negros. Lá

seguia-se uma religião politeísta. Mas os muçulmanos circulavam por lá e acabaram por assumir funções

importantes.

Na capital havia duas partes: a dos muçulmanos e a dos não-muçulmanos.

Um estudioso do Islã, impressionado com o desconhecimento das leis islâmicas na região, teria começado lá uma guerra santa em 1042: movimento reformista militar. Uma invasão

Almorávida. Eles até que resistiram, em parte, mas devido a desagregação em pequenos reinos, jamais atingiram a antiga

prosperidade.

Definição de Almorávidas: dinastia berbere que reinou sobre o Marrocos, o Mahgreb ocidental e parte da Espanha, de 1055

a 1147.

Gana

Mais ao sul, Mali.Também muito voltado para o comércio de ouro e

escravos.

Cedo a elite de lá se converteu ao islamismo. Mas o povo, a maioria, continuava seguindo

suas tradições que eram toleradas pelas autoridades.

Mantinham contato com o Cairo, no Egito, com o Marrocos, com o mundo europeu.

As principais cidades ganharam construções em cores islâmicas.

Obs.: Tuaregues

Tuaregues

Eles são o antigo povo nômade do Deserto do Saara, que por mais de dois milênios atravessam as rotas de comércio trans

saarianas com suas caravanas. O nome tuaregue (abandonados por Deus) foi dado por exploradores e

historiadores. A definição dos tuaregues refere-se a grupos que compartilham a mesma linguagem e a mesma cultura, não como um grupo étnico. O território habitado por eles corresponde a toda esta área azul do mapa , englobando grande parte da Algéria, Mali, Nigéria, Líbia e Burquina.

Originalmente os Tuaregues eram animistas, mas atualmente sua religião sincretisou práticas islâmicas. Ou seja, são

muçulmanos que usam talismãs e amuletos protetores e que acreditam em espíritos capazes de assumir formas humanas e em animais exercendo influência sobrenatural nas pessoas.

Songai (séculos XIV e XVI)

Ecletismo religioso. Mas houve uma guerra santa. Desde então, o islamismo tornou-se o culto

imperial, muito difundido nas cidades, mas sem muito alcance no mundo rural.

A agricultura se dava à base dos escravos e também gerava muitos lucros, além do

comércio de ouro.

Declínio: A região foi atacada pelo sultão do Marrocos que queria controlar o comércio de

ouro e escravos.

Estado de Kanem

Espalharam o islamismo para a região do norte da Nigéria(hoje) onde fica o povo Haussa.

Califado de SokotoQuase todos islâmicos. Medicina islâmica,

exclusão das mulheres … os escravos podiam ser de ganho. A lei islâmica protegia os direitos dos escravos e libertava filhos de escravas com

homens livres. Mas eles sofriam muitos castigos corporais.

Desde o século I havia contato entre árabes e africanos da

costa oriental.

Compravam marfim, talvez escravos, e

vendiam vidro, cerâmica, tijolos …

E na costa oriental?

Na costa oriental da África...

No século XIX, as cidades da costa oriental eram cheias de escravos, imigrantes

e carregadores das savanas. Os árabes foram, acima de tudo, intermediários do

comércio, das técnicas e da religião, e sua influência foi decisiva. O casamento de

comerciantes árabes com mulheres locais teria gerado uma população mestiça.

Costa oriental da África

Os povos da região misturaram práticas islâmicas às suas danças,

músicas e religiões tradicionais, além de integrarem espíritos árabes e europeus no seu

panteão.

Conclusão

Houve um paralelismo ou mesmo complementaridade entre a islamização daÁfrica e a africanização do Islã. A islamização de populações africanas envolveu muitomais do que a simples conversão religiosa. Ao longo de quatorze séculos de Islã, os

africanos têm criado um espaço muçulmano na África em diálogo com as crenças e astradições locais, refazendo-o em sucessivas gerações.

O avanço do islamismo prosseguiu após a chegada dos europeus. O colonialismoestimulou indiretamente a expansão islâmica no século XX. A necessidade de

reconstrução da sociedade após a desorganização resultante da conquista europeiaprovocou conversões em massa na Nigéria, no Senegal, na África Central e Oriental. No

início a fé islâmica foi adotada através do ecletismo, identificando-se Deus com Alá eos espíritos menores das crenças tradicionais com os gênios demoníacos (jinn) doislamismo. Para atrair fiéis, os muçulmanos privilegiavam a adivinhação e a magia

protetora. A insistência na leitura do Alcorão, entretanto, acabou eclodindo o ecletismodo islamismo africano e estimulando a criação de escolas islâmicas independentes que

acabariam formando futuros nacionalistas.Atualmente, a religião muçulmana é a que possui mais adeptos na África,

concentrando-se especialmente no norte, nas savanas ocidentais e na costa oriental.