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Estudo identifi ca gás radioactivo em creches e escolas de BragançaInvestigação encontra radão a mais em infantários de Bragança, onde não há vigilância obrigatória sobre esta substância cancerígena. Noutras escolas do país, a poluição do ar foi associada a problemas de asma Portugal, 10
Mesmo sem sanções nem quotas obrigatórias, quatro países votaram contra. Candidatos às legislativas defendem que UE está obrigada a acolher refugiados p2/3, 15 e 24/25
Escola Nacional de Saúde Pública volta a distinguir o São João como o melhor, ao passo que um estudo de uma empresa espanhola coloca o Santo António no primeiro lugar p14
NOS, MEO e Vodafone dizem que alguém terá de pagar a utilização gratuita das redes nacionais pelos turistas. Anacom admite situação em que “quem não viaja, paga por quem viaja” p20
UE com acordo frágil para refugiados, Portugal recebe 4500
Dois hospitais do Porto no topo dos melhores do SNS
Operadoras dizem que portugueses vão pagar fim do roaming
FRAUDE NOS CARROSVOLKSWAGEN DESVALORIZA 30 MIL MILHÕES EM DOIS DIASEconomia, 21 e Editorial
TOBIAS SCHWARZ/AFP
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QUA 23 SET 2015EDIÇÃO LISBOA
Ano XXVI | n.º 9292 | 1,15€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
PRÉMIOS 2014JORNAL EUROPEU DO ANOJORNAL MAIS BEM DESENHADO ESPANHA&PORTUGAL
Escândalo com custos incertos leva investidores a fugir da Volkswagen, que reserva 6500 milhões para despesas ligadas a este caso
HOJE Portugueses que Fizeram História 2.º vol.Onde Vais, Isabel? Por +7,50€
LEGISLATIVAS 2015
PRINCIPAIS PARTIDOS DESCEM E FICAM MAIS LONGE DA MAIORIA ABSOLUTA
PEQUENOS PARTIDOS RECUPERAM TERRENO
RUI RIO ENTRA NA CAMPANHADestaque, 2 a 9
PaF 38,9%PS 35,7%CDU 7,3%BE 4,4%
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Obrigação de a UE acolher refugiados é unânime entre candidatos
É unânime o consenso entre as
forças políticas concorrentes
às legislativas de 4 de Outubro
quanto à obrigatoriedade de
a União Europeia acolher
os refugiados da Síria que
pressionam as fronteiras dos Estados-
membros limítrofes a leste.
Neste dia em que se realiza mais
um Conselho Europeu sobre refugia-
dos, em Bruxelas, o PÚBLICO ouviu
candidatos em lugares potencialmen-
te elegíveis que são especialistas ou se
têm pronunciado sobre esta questão:
Feliciano Barreiras Duarte, da coliga-
ção Portugal à Frente, Constança Ur-
bano de Sousa, do PS, António Filipe,
da CDU, Catarina Martins, do BE, Rui
Tavares, do Livre/Tempo de Avançar,
e Marinho e Pinto, do PDR.
Feliciano Barreiras Duarte, que
foi responsável pelo pelouro da Imi-
gração na qualidade de secretário
de Estado adjunto do ministro ad-
junto e dos Assuntos Parlamentares
entre 2011 e 2013, é peremptório em
afi rmar: “Devíamos deixar entrar os
refugiados de guerra, os refugiados
ambientais e outros.”
A mesma abertura demonstra a
candidata do PS Constança Urbano
de Sousa, especialista em justiça e
segurança interna, imigração e asi-
lo. “Todas as nações civilizadas da
comunidade internacional têm a
obrigação de proteger estas pesso-
as”, frisando que em causa está “o
direito mais básico, o direito à vida”,
pelo que “devia ser consensual”.
Desabafando que tem “pena que
isto esteja a acontecer”, quando al-
guns responsáveis avisaram o que se
desenhava no horizonte, Barreiras
Duarte, que prepara um doutora-
mento precisamente sobre refugia-
dos e asilo, advertia ontem, numa
altura em que ainda não eram co-
nhecidas as conclusões da reunião
dos ministros europeus da Adminis-
tração Interna (ver págs. 15, 24 e 25):
“Era importante que Europa tivesse
resposta. Estou farto de cimeiras do
croquete, que são muitas vezes con-
troladas pelos países concha do Cen-
tro da Europa, que se esquecem que
este é um fenómeno que veio para fi -
car. Nestas matérias, não há visões de
esquerda ou de direita, o que está em
causa é a nossa tradição democrática
e de defesa dos direitos humanos.”
Da mesma opinião é o vice-presi-
dente da Assembleia da República
e deputado do PCP, António Filipe,
para quem “não há outra resposta
que não seja apoiar estas pessoas do
ponto de vista humanitário, com a
dignidade que qualquer pessoa me-
rece”. Mas o candidato comunista
[também ouvido antes da conclusão
do conselho de ministros do Interior
de ontem] assumia que não tinha ex-
pectativas quanto ao que o Conselho
Europeu venha hoje a decidir. E pre-
via: “Já percebemos que não vai haver
solução comum, não faz sentido fi car
à espera da União, é atitude hipócrita
que não resolve problema nenhum”.
Concluindo que, “perante a falta de
vontade política dos países da UE,
deve remeter-se a decisão para a von-
tade política de cada um dos países.”
Em relação à necessidade de Por-
tugal dar uma resposta como Esta-
do, Barreiras Duarte assume o seu
“orgulho pelo contributo” que deu,
já que Portugal é, “a par dos suecos,
um dos dois países que estão melhor
em relação à integração”. E sustenta
que “o Governo português tem tido
abordagem positiva”, considerando
que a nível nacional “Teresa Tito de
Morais tem a capacidade de liderar
a integração em acordo com o Go-
verno”. “O número actual previsto
para recebermos são cinco mil”, mas
o país pode “integrar mais”, já que
que “Portugal precisa de imigran-
tes”, acrescenta.
O candidato da coligação Portugal
à Frente adverte que “a Europa é um
território em perda demográfi ca”. E
insiste em que “os estudos mostram
que a Europa precisa de uma política
comum de imigração, não só do pon-
to de vista dos seus valores, como
também do ponto de vista económi-
co e demográfi co precisava de passar
do estado de Europa fortaleza que
tem hoje”. E explica que a Alemanha
está a “aproveitar-se, porque precisa
de refrescamento demográfi co”.
Barreiras Duarte lembra que “es-
tas pessoas são as mais qualifi cadas
dos seus países, pelo que os países
do Médio Oriente vão fi car sem os
melhores quadros”. António Filipe,
por seu lado, frisa que “estas pesso-
as querem regressar às suas terras,
pelo que não se trata de migrações
económicas”. De acordo com a AC-
NUR, “90% dos refugiados querem
voltar a casa”, garante Rui Tavares,
candidato do Livre, que, quando no
Parlamento Europeu, elaborou dois
relatórios sobre refugiados.
Repetir 2001Defendendo a necessidade de “uma
política de imigração e asilo”, Bar-
reiras Duarte advoga que “é preciso
criar o que não existe, o que nunca
se conseguiu ao nível dos tratados, já
que Blair tinha uma política conser-
vadora neste domínio”, mas chama
a atenção para a existência de “uma
fi gura jurídica na União Europeia que
permite entrada a todos”.
Constança Sousa argumenta que,
“no plano imediato, a Europa tem a
obrigação de dar protecção a essas
pessoas” até porque os refugiados,
“quando atravessam as fronteiras,
não o fazem ilegalmente, já que to-
dos têm direito de asilo. Está na Carta
dos Direitos Fundamentais da União
A crise dos refugiados domina a política europeia. O PÚBLICO foi ouvir o que os futuros deputados que acompanham este tema propõem como solução
São José Almaieda
Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015
Europeia, que vale tanto como o Tra-
tado Orçamental”.
E, concordando com Barreiras Du-
arte, Constança Sousa concretiza que
“a União Europeia podia ter acciona-
do a directiva de protecção tempo-
rária de 2001, criada por causa do
confl ito da ex-Jugoslávia, o que gerou
um grande fl uxo acolhido pela UE
sem estas situações deploráveis”. A
mesma solução é apontada por Antó-
nio Filipe, ao dizer que “há legislação
sobre asilo por razões humanitárias
devido a confl itos armados, usado
para a Bósnia e o Kosovo”.
Apontando o dedo aos Estados-
membros, Rui Tavares afi rma que a
actual crise é fruto da falência da po-
lítica europeia para refugiados. “Era
preciso instalar 200 mil por ano, se-
gundo os cálculos de 2010, mas des-
tes só foi reinstalada metade: 80 mil
nos EUA, 20 mil no Canadá, Austrália
e Brasil”. “Na UE, só dez dos 27 fa-
ziam instalação e apenas de 4500 por
ano”. Isto faz com que “as pessoas
que estão há quatro anos à espera se
ponham a caminho”. E acusa: “É o
falhanço dos governos nacionais, que
não quiseram aprovar uma grelha de
distribuição, mas apenas aceitaram
apontar para metas voluntárias que
falharam.” Para pedir: “Têm de vol-
tar a fazer reinstalação a partir dos
campos, para as pessoas não se po-
rem em jangadas e fugirem.”
O ex-eurodeputado lembra ainda
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 3
que “a UE tem um fundo de 800 mi-
lhões de euros para melhorar as con-
dições dos que fi cam nos campos e
apoiar os países que integrem refugia-
dos”. Explica que “não é necessário
reinstalar todos nos países da UE”,
mas adverte que “só se em parte o
fi zerem terão autoridade moral para
impor uma solução”. Daí que “os Es-
tados europeus devam aceitar quotas
e fazer uma nova grelha que contem-
ple muito mais que 200 mil por ano”.
Obrigação éticaConstança Sousa entende que os
acontecimentos presentes são “a
negação profunda dos valores euro-
peus” e considera que “a Europa tem
obrigação jurídica, moral, ética” de
acolher os refugiados, já que “duran-
te e a seguir à Segunda Guerra Mun-
dial houve deslocações em massa de
judeus, de alemães e de outros para
países não-europeus”, razão pela
qual “as Nações Unidas aprovaram
a Convenção de Genebra, em 1951.”
O plano ético é evocado também
pelo eurodeputado Marinho e Pinto,
agora candidato pelo PDR. Sustenta
que “a primeira obrigação ética da
Europa é acolher e tratar os refugia-
dos” e que “as questões humanitárias
não devem criar dúvidas”. Marinho
e Pinto é da opinião que “esta hesi-
tação é uma das manifestações do
falhanço do projecto europeu”. O
eurodeputado considera que a UE
ENRIC VIVES-RUBIOO Centro de Acolhimento da Bobadela, o primeiro centro de acolhimento de refugiados em Portugal, foi inaugurado em 1999
“está invadida pelas pulsões e pelo
vírus do nacionalismo e está a trans-
formar-se num bunker para não cum-
prir os seus deveres humanitários.”
A situação é tanto mais incompre-
ensível para António Filipe quanto a
quantidade de refugiados em causa é
mínima. O deputado do PCP salienta
que “os países europeus são os menos
afectados”, comparados com a Jordâ-
nia e a Turquia. E, relativizando a di-
mensão do fenómeno actual, lembra
que “Portugal acolheu meio milhão
de refugiados das colónias em 1975”.
Concretizando, Constança Sousa
explica: “Estamos a falar de 0,05%
da população europeia, isto fi ca em
perspectiva se compararmos com
o Líbano, que alberga mais de um
milhão, quando a sua população é
de quatro milhões e meio”. E salien-
ta que “este afl uxo era previsível”,
já que, “desde 2011, saíram da Síria
mais de quatro milhões de pessoas.
Estão acumuladas em países como
o Líbano, estacionadas em campos
sem perspectiva de vida” e apenas
“os que têm dinheiro vêm para a Eu-
ropa”. Relativizando os números, a
candidata do PS diz que estes “não
são aterradores, são 350 mil, ou seja,
0,5% do total de refugiados sírios, a
grande pressão não é na Europa”.
O que acontece, acrescenta, é que
“a forma desordenada e mediática
como se está a processar dá uma ima-
gem de descontrolo e invasão”.
A porta-voz do BE, Catarina Mar-
tins, clama por “uma actuação ime-
diata” e por “corredores humani-
tários para distribuir os refugiados
pelos vários países”. Sublinha que
“100 mil dos refugiados são crianças,
das quais dez mil viajam sozinhas,
segundo a UNICEF”, a precisarem de
cuidados de saúde específi cos.
Raiz do problemaPara além da actuação imediata no
acolhimento, a União Europeia deve
contribuir para a solução do proble-
ma, dadas as suas responsabilidades.
“A Europa cometeu o erro da inter-
venção no Médio Oriente”, afi rma
Barreiras Duarte, precisando: “Os
franceses e os britânicos intervieram
na Síria, sem os Estados Unidos. Sar-
kozy fez um grupo de trabalho para
ajudar o novo regime democrático da
Líbia e o Médio Oriente. Khadafi dizia
que os europeus iam desestabilizar o
seu regime e que a Líbia ia ser a So-
mália do Norte de África. Em relação
à Síria, também houve avisos.”
Também Marinho e Pinto susten-
ta que “a maioria destes refugiados
foge de problemas criados pela Eu-
ropa no Iraque, na Síria, na Líbia”.
António Filipe traz os Estados Uni-
dos à colação. “As guerras na Líbia,
no Iraque e, fundamentalmente,
na Síria não existiriam se não fosse
a actuação dos EUA e da Grã-Bre-
tanha, que, com a intervenção no
Iraque e na Síria, criaram o Estado
Islâmico”, afi rma o deputado co-
munista, apontando como solução
o fi m da intervenção do Ocidente:
“As responsabilidades da Europa
e dos Estados Unidos resolvem-se
deixando de apoiar terroristas.”
E Catarina Martins defende que
“a ideia de espalhar a democracia à
bomba não colhe”, pelo que “a Eu-
ropa tem na sua mão secar fi nancei-
ramente o Estado Islâmico. Há lava-
gem de dinheiro em off -shores com
permissão europeia e há países que
vendem armas ao EI”.
Ultrapassando a dimensão geoes-
tratégica, Constança Sousa argumen-
ta que é necessária “uma mudança
de política” da UE que conduza à
“adopção de políticas de apoio ao
desenvolvimento e de novas políticas
migratórias”, advertindo que hoje em
dia “o negócio do tráfi co migratório
gera mais lucro do que o da droga”.
Isto, porque, “havendo procura, há
organizações que aumentam o seu
lucro e só os refugiados com capaci-
dade fi nanceira chegam à Europa”.
E Catarina Martins sublinha que “é
preciso arranjar maneira para que
as pessoas a viverem em situação de
guerra possam dirigir-se às embaixa-
das e pedir asilo”. Isto para evitar que
“a União Europeia alimente redes de
tráfi co”. Para isso, “são precisos no-
vos instrumentos políticos, um novo
estatuto de refugiado europeu”.
“Era preciso instalar 200 mil refugiados por ano, segundo os cálculos de 2010, mas destes só foi reinstalada metade: 80 mil nos EUA, 20 mil no Canadá, Austrália e Brasil”. “Na UE, só dez dos 27 faziam instalação e apenas de 4500 por ano”, critica Rui Tavares, autor de dois relatórios sobre refugiados no período em que foi deputado europeu
RITA BALEIA
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Acompanhe emwww.publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015
O socialista António Costa
é visto como mais próxi-
mo e mais competente do
que Pedro Passos Coelho
na síntese exploratória dos
dados da Bússola Eleitoral
(www.bussolaeleitoral.pt) promovida
pelo Instituto de Ciências Sociais
da Universidade de Lisboa. Esta é
uma das conclusões da análise às
respostas, via Internet, de 34.436
cidadãos que, entre os dias 4 e 15
deste mês, responderam aos 30 te-
mas considerados relevantes para
mapear o seu posicionamento po-
lítico e o dos partidos.
“António Costa e Passos Coelho
sobressaem por serem conside-
rados mais competentes que os
restantes candidatos (...) sendo
que Costa leva ligeira vantagem
na média dos inquiridos, não só
em relação à competência como à
proximidade”, refere o relatório da
autoria dos investigadores Marina
Costa Lobo, José Santana Pereira e
Edalina Sanches.
O secretário-geral do PS obtém
valores de 3,6 e 4,1, respectivamen-
te na proximidade e competência,
enquanto o primeiro-ministro al-
cança, nestes itens, 3,4 e 3,9. Por
outro lado, a popularidade de Pas-
sos entre os votantes na coligação
Portugal à Frente (PaF) é equivalen-
te à de Costa entre o eleitorado so-
cialista. O que, assinalam os autores
do estudo, revela que o PaF não se
ressente de ser uma coligação de
dois partidos e de o primeiro-mi-
nistro ser líder de apenas um deles.
Dito de outra forma: a imagem de
Paulo Portas, líder do CDS/PP, não
é considerada.
Entre os líderes dos restantes par-
tidos com representação parlamen-
tar concorrentes às eleições legisla-
tivas de 4 de Outubro, Jerónimo de
Sousa é avaliado com 3,1 em proximi-
dade e 3,2 em competência. A diri-
gente bloquista Catarina Martins em-
pata com o secretário-geral do PCP
em proximidade, mas está duas dé-
cimas abaixo (3,0) em competência.
Nos líderes de formações actual-
mente não representadas no Par-
lamento, a melhor avaliação é de
Rui Tavares, do Livre/Tempo de
Avançar: 2,8 e 2,7 em proximidade
e competência. Segue-se, depois,
Marinho e Pinto, do Partido Demo-
crático e Republicano (PDR), com
1,5 e 1,4. Já o, também advogado,
Garcia Pereira, do PCTP/MRPP, tem
um valor idêntico de 1,2 para pro-
ximidade e competência. Também
com um empate a 0,7 nestes itens
está o actual eurodeputado e diri-
gente do MPT (Movimento Partido
Costa e Passos são considerados mais competentes do que todos os outros candidatos
RAFAEL MARCHANTE/REUTERS
Nuno Ribeiro
Costa é visto como mais próximo e competente do que Passos
Dois terços dos participantes na Bússola Eleitoral já estão certos quanto à sua opção de voto. O PS destaca-se como partido com maior probabilidade de vir a ser o preferido pelos ainda indecisos
licenciados. Por fi m, 55% dos que
responderam ao inquérito têm 35
ou menos anos, faixa etária que
contribui com 39% para a popula-
ção. Ainda assim, este perfi l sócio
demográfi co é considerado repre-
sentativo dos que, em Portugal, se
interessam por política. Daí que as
conclusões sejam interessantes.
Voto útil?“O PS destaca-se dos restantes por
ser o partido com maior probabi-
lidade de voto, seguido de perto
pela coligação de PSD e CDS-PP”,
Proximidade e competência dos líderesProximidade em relação aos líderes e avaliação da sua competência para governar
Fonte: Bússola Eleitoral 2015 (ICS/Kieskompas); dados de 15 de Setembro de 2015 PÚBLICO
AndréSilva
J. InácioFaria
GarciaPereira
MarinhoPinto
RuiTavares
CatarinaMartins
Jerónimode Sousa
PassosCoelho
AntónioCosta
0
10
Nada
Muito
Com
petê
ncia
Prox
imid
ade
3,64,1
3,4 3,93,1 3,2 3,1 3,0 2,8 2,7
1,5 1,4 1,2 1,2 0,7 0,7 0,6 0,7
da Terra), José Inácio Faria, enquan-
to André Silva, do Pessoas Animais
e Natureza (PAN) foi pontuado com
0,6 e 0,7, respectivamente em pro-
ximidade e competência.
A síntese dos dados da Bússola
Eleitoral não pode ser confundida
com uma sondagem. Por um lado,
73% dos inquiridos são homens — e
no censo de 2011 existiam 48% de
indivíduos do sexo masculino —, e
40% dos utilizadores têm licencia-
tura, quando na população portu-
guesa existem, de acordo com da-
dos do ano passado, apenas 17% de
A Bússola Eleitoral não é uma sondagem: os participantes não constituem uma amostra do universo de eleitores
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 5
Uma pergunta por dia
Os debates entre os líderes dos partidos políticos são decisivos?
Os debates entre líderes partidários são relevantes mas, nas condições actuais, dificilmente
são decisivos, sendo que os respectivos efeitos dependem em larga medida da forma como encaixam na dinâmica da campanha.
A proliferação e a dispersão de meios também influenciam os efeitos dos debates. Por um lado, fazem com que os debates em sinal aberto sejam ponto focal de atenção do público, mas, por outro, também dissipam efeitos, dada a fragmentação de comentários, análises e reacções. Mais uma vez, o efeito final depende em boa parte da forma como esse feedback se insere nas dinâmicas e nas mensagens das campanhas.
Entre todos os debates, os frente-a-frente entre Costa e Passos foram naturalmente os de maior impacto. No primeiro, António Costa cumpriu com sucesso por via da agressividade demonstrada o objectivo de animar as hostes socialistas. Uma táctica compreensível para um líder com dificuldades em estar à altura das expectativas criadas e confrontado com uma campanha em risco de colapso interno. Já no segundo debate entre ambos as expectativas geradas pelo primeiro debate e a notória melhor preparação e
disposição de Passos Coelho viraram-se contra Costa, que revelou debilidades sérias numa questão fulcral para muitos como é a da Segurança Social.
A gestão de expectativas é fundamental e foi também em parte por isso que Catarina Martins acabou por se sair globalmente bem dos debates, com destaque para o frente-a-frente com António Costa, que acabou encostado
às cordas pela líder bloquista. Ainda assim, tudo considerado, não parece que os debates tenham produzido alterações drásticas e as sondagens, não obstante as suas discrepâncias,
suportam essa hipótese. Nos tempos que correm, e salvo alguma ocorrência extraordinária, os debates são apenas mais uma peça da engrenagem mediático-política de uma campanha. Uma peça relevante, mas raramente decisiva.André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa
Os partidos mais pequenos
recuperam à custa da coliga-
ção governamental Portugal
à Frente (PaF) e do PS. Este
é o resultado da segunda
tracking poll — inquérito
— da Intercampus para PÚBLICO,
TVI e TSF, num universo de 1005
entrevistas realizadas entre 18 e 21
de Setembro. Para este resultado,
contribuiu a entrada de novos 250
entrevistados, ouvidos telefonica-
mente na segunda-feira.
A PaF de Passos Coelho e Paulo
Portas obtém 38,9% na projecção
com distribuição de indecisos, de-
pois de, no primeiro inquérito, ter
ultrapassado a fasquia dos 40 pon-
tos. Também os socialistas de Antó-
nio Costa descem: alcançam 35,7%,
menos 1,4 pontos. Assim, a diferença
entre as duas principais forças con-
correntes às eleições de 4 de Outubro
passa dos três pontos do primeiro
inquérito para 3,2%, uma décima aci-
ma da margem de erro. Uma escassa
diferença que não desfaz o empate
técnico.
Partidos mais pequenos recuperam terreno
descida do PS e a subida da CDU e do
Bloco de Esquerda. A coligação dos
comunistas e de Os Verdes aumenta
um ponto, a maior subida, obtendo
7,3%. E o BE sobe 0,4, passando para
4,4%. Somando os resultados de PS,
CDU e Bloco, seria obtida uma teórica
maioria absoluta de esquerda na As-
sembleia da República, com 47,4%.
A preferência por outros partidos
tem um incremento de nove déci-
mas, aumentando para 4,4%, igua-
lando o resultado do Bloco de Es-
querda. Também existe uma subida
de 0,3 pontos nos nulos e brancos,
que passam a somar 9,3%.
Entre as formações sem repre-
sentação parlamentar, as subidas
são do PCTP/MRPP (0,3), passando
para 0,7%; do Partido Democrático
Republicano de Marinho e Pinto
(0,1), somando 0,2%, e da coligação
do Partido Trabalhista Português e
Agir (0,2), que obtêm 0,5% cada. Em
contrapartida, o PAN (Pessoas, Ani-
mais e Natureza) tem uma oscilação
descendente de 0,1, passando para
0,7%. Nuno Ribeiro
Tracking poll diária
Fonte: Intercampus PÚBLICO
As intenções de voto
Sondagem realizada pela Intercampus para TVI e PÚBLICO com o objectivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximas eleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada,
FICHA TÉCNICA
21 Setembro Em 22 Setembro
40,1%37,1%
6,3%4,0% 3,5%
9,0%
38,9%35,7%
7,3%4,4% 4,4%
9,3%
Branco/nuloOutroPartido
BE – Blocode Esquerda
CDU – ColigaçãoDemocrática Unitária
PS - PartidoSocialista
Portugal À Frente(Coligação
PSD / CDS-PP)
Resultados
residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 1005 entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estrati-ficação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do
método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos). Os trabalhos de campo decorreram entre 18 e 21 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3,1%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 56,4%.
Também dois terços dos cerca de
35 mil utilizadores não têm dúvidas
quanto à sua opção de voto. E o fac-
to de o eleitorado do Livre, BE, CDU
e PDR se sentir mais próximo de An-
tónio Costa do que de Passos Coe-
lho pode ter consequências. “Estes
eleitores (...), a manterem-se os em-
pates técnicos nas sondagens, pode-
rão mais facilmente ceder à pressão
do voto útil e entregar o seu voto
ao PS com o propósito de facilitar a
obtenção de uma maioria por parte
daquele partido”, concluem os in-
vestigadores.
refere o estudo. Segue-se o Bloco
de Esquerda. Entre as outras forças
políticas concorrentes às eleições,
a análise assinala a performance do
Livre/Tempo de Avançar: “Apesar
de ter tido muito pouco visibilidade
mediática nas últimas semanas, des-
taca-se dos partidos mais pequenos,
como o PAN, MPT, ou PDR, com
uma possibilidade de voto idênti-
ca à da CDU [coligação do PCP com
Os Verdes] e muito próxima da do
BE.” O que, naturalmente, é fruto
da especifi cidade do perfi l dos que
responderam.
No entanto, com estes resultados,
é mais difícil o cenário de maioria
absoluta reivindicado junto aos elei-
tores desde a pré-campanha eleitoral
por Passos e Costa.
Por regiões, em Lisboa a PaF su-
pera o PS, ao contrário do primeiro
inquérito, mantendo-se o resultado
nas outras áreas consideradas. Ou se-
ja, a coligação governamental está à
frente no Norte, Centro e Algarve, en-
quanto o PS mantém a liderança no
Alentejo. Também por faixas etárias,
a PaF continua à frente nos dois pri-
meiros escalões, dos 18 aos 34 anos
e dos 35 aos 54 anos, mantendo os
socialistas a liderança nos indivídu-
os com 55 e mais anos. Finalmente,
por género, as propostas de Passos
e Portas são mais bem consideradas
pelos homens (35,7 face a 24,2% do
PS), enquanto os socialistas mantêm
a liderança entre as mulheres, 29 ver-
sus 22,8% da PaF.
À esquerda, é numericamente pos-
sível encontrar uma explicação para
a diminuição de votos nos socialistas.
Existe uma correspondência entre a
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
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LEGISLATIVAS 2015
Passos saiu à rua no Montijo e foi recebido com simpatia e insultos
Conhecem o pai de Passos Coelho
desde Silva Porto (hoje Cuíto,
em Angola) há mais de 50 anos.
O casal tem uma retrosaria no
centro do Montijo e foi nessa loja
que o líder da coligação PSD/
CDS entrou para cumprimentos,
levado pelo braço da deputada e
candidata local, Mercês Borges. A
conversa foi de memórias, contou
depois ao PÚBLICO a dona da loja,
onde Passos Coelho se demorou
no curto percurso da rua. “Mas
também lhe disse para aliviar os
impostos, mais o IRS”, confessou.
A coligação PSD/CDS saiu
ontem à rua, mas num ponto da
agenda só colocado no próprio
dia (onde constava Paulo Portas)
e que foi até antecipado em
meia hora. Por perto da comitiva
(sem o líder do CDS) estavam
sobretudo os mais simpáticos e
os que pareciam esperar Passos
Coelho, acompanhado da cabeça
de lista por Setúbal e ministra das
Finanças, Maria Luís Albuquerque.
Ao largo, quem passava, soltava
alguns insultos e indignação. “Prá
rua!”, gritava uma mulher que
já tinha entrado numa pastelaria
para o tentar ver. “Não o consegui
ver, está rodeado de seguranças”,
comentou. Numa rua sem trânsito
automóvel, duas reformadas,
de braço dado, olhavam para a
mancha que avançava, formada
por “jotas”, candidatos e
jornalistas. A questão das pensões
deixa-as intranquilas. “Uns dizem
uma coisa, outros dizem outra.
A gente já não sabe”, observa. A
outra complementa: “Se já não
nos tirarem o pouco que temos,
já não é mau”. Não chegam a
cumprimentá-lo.
Os apertos de mão e os beijinhos
mais calorosos aconteceriam numa
esplanada. Uma desempregada
MIGUEL MANSO
Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque saíram à rua no Montijo
Passos Coelho quis mostrar que não tem medo de sair à rua e fez um curto percurso no centro do Montijo, na margem sul do Tejo, território tradicionalmente de esquerda
Partida: Faro
Acontecimento do dia:
Chegada: Setúbal
Coligação PSD/CDS abriu excepção aos ambientes controlados que têm marcado a campanha
Reportagem Sofia Rodrigues
CONTA KM
1253 km
1620 km
que disse estar numa situação
difícil deu a deixa da tarde em
frente às câmaras de televisão.
“O senhor é muito jeitoso. É uma
brasa”, disse. Passos Coelho
confessou: “Até fi co corado”. E
retribuiu: “A senhora também é
muito elegante”.
A marcação de um percurso
na rua em cima da hora parecia
adivinhar as perguntas dos
jornalistas durante a manhã,
no Barreiro, quando Passos
Rio entra na campanha da coligação
Rui Rio entra amanhã na campanha das legislativas. O ex-presidente da Câmara do Porto, que
se prepara para protagonizar uma candidatura à Presidência da República, em 2016, vai aparecer na arruada marcada para a Rua de Santa Catarina, na Baixa do Porto, ao lado dos candidatos locais da coligação Portugal à Frente.
A pouco mais de uma semana da ida às urnas, Rio mergulha na campanha eleitoral, depois de Marcelo ter andado por estes dias pelas ruas de Guimarães e de Vila Nova de Famalicão, onde ouviu garantias de apoio para as presidenciais, vindas de quem assume não votar na coligação. Para trás fica o veto da direcção do PSD à entrada dos presidenciáveis na Universidade de Verão para não confundir eleitores e para não colocar o assunto das presidenciais na agenda mediática.
“Rui Rio pode ser um excelente candidato caso decida avançar para a Presidência da República e terá o meu apoio inequívoco”, declara o conselheiro nacional e vice-presidente da distrital do PSD-Porto, Firmino Pereira, que aplaude a entrada do antigo secretário-geral do partido na campanha. O candidato a deputado diz que Rui Rio, ao participar na campanha das legislativas, “coloca acima de tudo o interesse do país, para que a coligação consiga vencer as eleições e o país possa ter estabilidade política”. Mas, observa, significa também um sinal da sua disponibilidade para concorrer a Belém.
Ao contrário do professor-comentador, que tem participado em várias acções de campanha da coligação, Rio tem tido uma postura mais recatada, um pouco por ter em conta a previsível
instabilidade política pós-eleitoral. Enquanto Marcelo marca terreno à boleia das legislativas, o seu ex-secretário-geral do PSD já fez saber que só depois de 4 de Outubro anunciará a sua decisão. Mas fica claro que Rio só avança se sentir que, na sociedade portuguesa, há muita gente que acredita em si e que acha que pode ser útil ao país.
Uma coisa parece certa: se a coligação ganhar as legislativas, há quase uma inevitabilidade de Rio ser candidato presidencial. Já se a coligação perder, o ex-autarca perde espaço, porque o próprio apoio de Passos Coelho ao candidato presidencial terá menos força dentro do partido. “É muito imprevisível o que pode acontecer depois das eleições”, sublinha uma fonte social-democrata, incapaz de vislumbrar qual vai ser a postura do secretário-geral do PS. “Não sei se António Costa ganhar faz mais drama ou menos drama para tentar um acordo parlamentar”, afirma.
A mesma tese é defendida pelo presidente da Câmara de Viseu. Acreditando que os eleitores não darão uma maioria absoluta a nenhum partido, Almeida Henriques, apoiante incondicional de Marcelo Rebelo de Sousa, defende um acordo de incidência parlamentar para matérias como a Segurança Social. Ao PÚBLICO, Almeida Henriques elogia o perfil e a popularidade do comentador e garante-lhe o seu apoio. “Independentemente de achar que a coligação vai vencer as eleições, penso que
é difícil que uma maioria seja construída só pela coligação, o que vai implicar que tenhamos uma forte preocupação em escolher um Presidente da República
que seja um bom mediador na sociedade”,
defende. Margarida Gomes
esteve no local onde pode ser o
futuro terminal de contentores.
Questionado sobre se tem havido
uma estratégia para evitar a
exposição pública, o líder da
coligação deu uma resposta
negativa e assegurou que a agenda
de campanha “foi fechada há muito
tempo”. Passos Coelho rejeita
qualquer receio de ser confrontado
na rua com lesados do BES com ou
“senhoras de cor-de-rosa”: “Eu não
tenho nenhum problema em falar
com toda a gente que encontro na
rua e foi isso que eu fi z nos últimos
quatro anos, em circunstâncias
bem mais difíceis do que aquelas
que vivemos agora”.
A manhã arrancou, no entanto,
e mais uma vez, num ambiente
controlado. Foi uma visita ao
Museu Industrial da antiga Cuf,
onde se inteirou de todo o antigo
complexo industrial, e também das
capacidades do terminal do porto
de Lisboa. Já no local onde poderá
ser o futuro terminal do Barreiro,
Passos saudou o potencial
investimento privado. Questionado
sobre um possível reembolso ao
FMI ainda este ano, Passos Coelho
reconheceu que, como “não foi
concretizada a venda do Novo
Banco dentro do prazo, o IGCP
[instituição do Estado que faz
a gestão da dívida pública] terá
de adaptar agora a gestão da sua
tesouraria a essa circunstância”.
O ex-autarca do Porto dá um sinal ao partido, participando numa arruada em Santa Catarina
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 7
Uma campanha, seja
publicitária, eleitoral ou
de qualquer tipo, é sempre
redutora na mensagem.
No caso presente nem nos
podemos queixar. A “pré”
foi elucidativa, suscitou questões
e descobriu perguntas que ainda
não tiveram resposta cabal: os
600 milhões da coligação e os 1,1
milhões, em quatro anos, do PS,
ambos relativos aos dinheiros da
Segurança Social.
As televisões, veículos de massa
alimentados pela força do directo,
sofrem esta pressão. A diferença
está na edição, na tentativa de um
olhar próprio. Não é fácil. E, mais
uma vez, cá no burgo, não nos
podemos queixar.
Em Espanha, os grandes
partidos têm o exclusivo do
sinal dos seus comícios que
enviam aos operadores. Qual é o
problema? Filmam
o que querem,
como querem. A
consequência é
uma monotonia
que resiste ao zapping. Afi nal,
o Podemos não é fruto, apenas,
dos indignados da Plaza Mayor
madrilena. E as comparações não
são benignas. Um exemplo: sabe,
leitor, que Júlio Iglesias tem um
lado bom da sua cara, o esquerdo,
que é o focado?
Mas a tentação é grande, pois
algumas imagens e episódios
são determinantes. A campanha
eleitoral reivindica uma política de
proximidade, na qual, por vezes, o
gesto vale mais que a palavra. E a
bonomia dos protagonistas leva ao
insólito, a que é difícil de resistir.
António Costa a saltar, em bom
estilo, no palco em Vila Real foi a
estrela das imagens da 25.ª Hora
da TVI24 de ontem. Nem sempre é
possível resistir ao pronto-a-vestir.
Evitar o pronto-a-vestir
Câmara ocultaNuno Ribeiro
Só faltou a Costa um fato feito à medida
“Eu não sei se posso
fazer já ou se prefere
outra ocasião...”,
sugeria o candidato
ontem de manhã ao
jornalista da TSF.
“Vamos lá despachar a questão
da Segurança Social”, concedeu
Manuel Acácio. Durante 45
minutos, António Costa teve o
microfone da rádio para garantir
que não cortava mil milhões de
prestações sociais “a quem quer
que seja” e que até tenciona
reforçá-las com 1400 milhões.
A campanha socialista em
Viseu parecia um fato à medida
do secretário-geral do PS. A visita
a uma fábrica têxtil serviu para
enaltecer as políticas de Mariano
Gago. A passagem por Santa
Comba Dão assentou que nem
uma luva aos anos de Costa na
Administração Interna. E o passeio
por Viseu teve até direito a um
toxicodependente a pedir emprego
e saúde ao socialista.
Era o caso perfeito para o
candidato mostrar a sua veia
solidária. Numa cadeira de rodas,
Marco Almeida esperou na rua.
Agarrado à droga há 17 anos,
pedia emprego ou apoio social
para vencer o vício. Costa não
desperdiçou a oportunidade
e apontou ao telemóvel de
Marco Almeida, para passar a
imagem de quem arregaçava as
mangas perante um problema.
No almoço-comício, Costa
insistia na resposta ao “disco
riscado” da coligação sobre
propostas do PS. “Que fi que claro:
não vamos cortar mil milhões de
prestações sociais a quem quer
que seja.” O líder socialista fez
questão de alinhar uma sucessão
de exemplos concretos: “Se uma
pessoa está no desemprego e
arranja emprego, deixa de receber
subsídio e complemento”.
Mas foi mais longe. Prometeu um
“reforço das prestações sociais nos
próximos quatro anos” na ordem
dos 1400 milhões de euros graças
à “recuperação do Complemento
Solidário para Idosos, à
recuperação do Rendimento Social
de Reinserção, à recuperação
do Abono de Família e à criação
de uma nova prestação social, o
Complemento Salarial Anual”.
Em Santa Comba Dão, o
contacto com a população foi
ajustado para uma revista às suas
tropas dos tempos em que passara
pela Administração Interna.
A corporação de bombeiros
formou e a iniciativa incluiu até
uma sincronizada aterragem
de um helicóptero — carregado
de operacionais GNR do Grupo
de Intervenção de Protecção e
Socorro (GIPS) — com o momento
em que o candidato descia para o
alcatrão da Base Permanente de
Helicópteros da Protecção Civil.
“Desde 2006 [ano em que a
força foi criada durante o mandato
de Costa] para cá, a dimensão
da área ardida em Portugal caiu
PAULO PIMENTA
António Costa lembrou que foi no seu tempo de ministro que se compraram os helicópteros Kamov
Costa chegou à Base Permanente de Helicópteros no momento em que um aparelho aterra vindo de uma missão. Momento para lembrar o tempo do candidato como ministro da Administração Interna
Partida: Vila Real
Acontecimento do dia:
Chegada: Viseu
a pique”, disse Costa. A poucos
metros estava estacionado um
helicóptero pesado Kamov, que
chegou a Portugal também durante
a passagem do socialista pela
tutela. “A sua efi cácia [dos Kamov
no combate aos fogos fl orestais]
está demonstrada”, afi rmava
o comandante da corporação,
enquanto Costa se preparava para
entrar no aparelho. E assim se
disfarçou a acção de rua em que
o líder conseguiu apertar a mão a
apenas cinco pessoas.
A EuroRalex estava também
ajustada à medida. A fábrica
arrancara por estes dias o teste
ao software de automação
desenvolvido por jovens
engenheiros da Universidade
de Aveiro. Jorge Almeida, de 28
anos, mostrou como controlava
a produção a partir do seu
tablet. O engenheiro mostrava-se
agradecido pela oportunidade
de trabalho. Para o dia perfeito
de Costa só faltou receber um
fato feito à sua medida. Afi nal, há
dois anos, foi o que acontecera ao
antecessor António José Seguro.
Mas desta vez alguém falhou.
O líder socialista negou que vá cortar 1000 milhões à Segurança Social num dia em que tudo lhe correu (quase) na perfeição
Reportagem Nuno Sá Lourenço
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Comício PúblicoUm blogue feito por dez políticos que vivem e acompanham por dentro o dia-a-dia da campanha eleitoral. Entre também e contribua para o debate de ideias!www.publico.pt/legislativas2015
8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
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LEGISLATIVAS 2015
A perguntaPortugal tem o melhor desempenho económico da Europa?
A frase”Economia portuguesa sai da recessão e entra na rota do crescimento, com o melhor desempenho da Europa”.Frase publicada no Facebook da coligação Portugal à Frente
ContextoA discussão sobre o estado da economia aqueceu a campanha depois do primeiro debate entre Pedro Passos Coelho e António Costa. Agora, a coligação PSD/CDS-PP veio deitar mais uma acha para a fogueira, ao publicar no Facebook um conjunto de imagens para mostrar as “dez evidências que a oposição insiste em negar”. Numa delas, salienta o crescimento da economia, comparando-o com o desempenho dos parceiros europeus. Sem indicar valores.
Os factosA frase é vaga, não se referindo a um período exacto. Depois de uma queda superior a 8% entre o primeiro trimestre de 2010 e o primeiro de 2013, o PIB subiu a partir daí 2,8%, estando, porém, longe dos valores anteriores à recessão.
O ano completo de 2013 ainda apresentou uma quebra significativa (um recuo de 1,6%), seguindo-se um crescimento de 0,9% em 2014, esperando-se um crescimento de 1,6% este ano.
No trimestre em que Portugal saiu da recessão, a variação do PIB foi, de facto, nesses três meses de 2013, a maior dos países do euro na comparação em cadeia (não na comparação homóloga), mas se isso aconteceu naquele período hoje já não se verifica.
Se olharmos para o ritmo de crescimento em 2014, o primeiro ano completo em que Portugal já não esteve com a economia a encolher, conclui-se que o desempenho foi idêntico ao da zona euro (0,9%) e inferior à média de todos os países da UE (1,4%). Portugal ficou, por exemplo, aquém do desempenho da Irlanda (4,8%), da Alemanha (1,6%) ou da Espanha (1,4%).
Para este ano, as previsões de Bruxelas apontam para um crescimento da zona euro ligeiramente inferior ao de Portugal (com os 19 países da moeda única a crescerem 1,5%), mas o desempenho de outros países continua a ser superior ao português. Dois exemplos: Espanha (2,8%) e Irlanda (3,6%).
Aliás, os valores já conhecidos para a primeira metade deste ano (primeiro e segundo trimestres) confirmam que a economia portuguesa não está a ter o melhor desempenho da Europa.
O país cresceu 1,5%, tanto no primeiro como no segundo trimestre, em termos homólogos. Se entre Janeiro e Março o ritmo foi superior à média do conjunto da zona euro, outros países voltaram a ter desempenhos superiores ao de Portugal (Espanha é um desses casos, com um crescimento de 2,7%).
O mesmo acontece quando se comparam os valores em cadeia. De Abril a Junho, Portugal teve um desempenho igual ao da média da área do euro, havendo igualmente outras economias com taxas de superiores.
Em resumoSe é verdade que a economia portuguesa saiu da recessão no segundo trimestre de 2013 e que, a partir daí, entrou numa trajectória de crescimento, já não se confirma que o desempenho seja hoje o melhor da Europa. Isso aconteceu momentaneamente no preciso trimestre em que Portugal deixou de estar em recessão técnica. Pedro Crisóstomo
Comparámos o nível de crescimento de Portugal com a evolução dos outros países do euro
PROVA DOS FACTOS Lucinda lia o Avante! no arrozal e ontem fez cozido no Couço
Como sempre e como
dantes, como titula
Camané, a CDU foi ao
Couço, uma paragem
incontornável de qualquer
campanha comunista.
Aqui não é preciso dizer-se “o
PCP”, é simplesmente “o partido”.
Que por cá aparece nas vésperas
das eleições sim, mas também
ao longo de toda a legislatura.
Aparece, não. Está, é. “Estamos em
casa”, vincou Jerónimo de Sousa.
Nas legislativas de 2011, a CDU teve
aqui 51,72% dos votos, menos que
os 64% com que Ortelinda Graça foi
eleita presidente da junta em 2013.
Tirada da escola no fi m da
quarta classe, aos 11 anos, Lucinda
Cochicho foi para a jorna, no arroz.
Depois de almoçarem debaixo
de um sobreiro, iam para trás da
moita ler o Avante!, “em voz baixa,
muito baixa, e ai de quem falasse
sobre o assunto fora do grupo”. A
cozinheira que ontem preparou o
cozido à moda do Couço para 250
militantes e simpatizantes da CDU
que encheram a sala e o telheiro
das traseiras da Casa do Povo era
a mais nova dos seis irmãos e só
ela e o irmão a seguir sabiam ler.
Lembra-se de ler, no arrozal, para
a irmã 12 anos mais velha. Lucinda
Cochicho, a cochichar e a tornar-
se camarada. E compreendia o
que lia? Sim, desde muito cedo.
“Aprendi a conhecer os camaradas
que andavam na luta política
pela maneira como andavam de
bicicleta.”
O trabalho na agricultura era
sazonal. Foi no arroz e no tomate
que aprendeu a “política de
defesa do companheiro de luta,
do camarada, a entreajuda que se
vai cultivando com o convívio mas
que também nasce connosco” — e
Mesmo não sendo preciso,
António Filipe e Jerónimo de
Sousa sobem ao palco da Casa
do Povo para lembrarem que
mais votos e mais deputados na
CDU são menos votos e menos
deputados nos que têm estragado
o país, que roubaram, insistem.
E que vão continuar, avisam, a
olhar pelas propostas que fazem,
reforça Jerónimo, a tirar mais
aos que menos têm. Agora falam
muito das condições de recurso
— “as palavras que eles usam para
enganar os portugueses”, critica o
líder comunista. “Se tiverem uma
casita, um quintal, eles vão fazer
as contas e avaliar e já parece que
têm muito e deixam de receber o
apoio.”
“Vocês, que passaram tanto
na vossa vida, têm de fazer mais,
como fi zeram antes de Abril, em
que tudo parecia perdido, em
que a violência era brutal e vocês
alguma vez desistiram?”, apela
Jerónimo à memória de muitos
que, na sala, calcorrearam montes
e herdades a fugir da polícia nos
anos 50 a 70.
Depois do Couço, uma pequena
arruada no Entroncamento,
onde Jerónimo falou do sector
ferroviário e voltou a recusar
entendimentos com o PS, no dia
em que a CDU fi cou a saber que a
PGR abriu inquérito aos desacatos
de domingo em Lisboa.
Jerónimo pede aos militantes do PCP que mobilizem todos, porque “a batalha tem muitas armadilhas, mistificações e mentirolas”
Partida: Coimbra
Acontecimento do dia:
Chegada: Samora Correia
Jerónimo de Sousa pediu o mesmo empenho que os camaradas mostravam antes do 25 de Abril na vila ribatejana
Reportagem Maria Lopes
CONTA KM
1093km
1611km
se isto não é comunismo, Lucinda
não sabe o que será então.
Pela uma e meia da tarde, na
cozinha improvisada no hall da
Casa do Povo, há um frenesim de
travessas de carne e hortaliça,
tigelas de sopa. No ar há um
cheirinho apetitoso a cozido. Não à
portuguesa, mas à moda do Couço.
Por aqui, a pobreza obriga a que os
trabalhadores se contentem com
o chispe e a cabeça, sobretudo a
orelha, e alguma entremeada.
DANIEL ROCHA
O líder da CDU andou por territórios tradicionalmente comunistas
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESTAQUE | 9
Isso está no programa?O PÚBLICO comparou os programas eleitorais e seleccionou algumas medidas que interessam a dez perfis diferentes de eleitores
PSD/CDSProsseguir com a redução da taxa geral de IRC dos actuais 21% para 20% em 2016 para em 2019 se fixar em 17%; criar o “Portal do Empreendedorismo”, com informação centralizada sobre os apoios disponíveis.
PSLançar o programa Declaração Única, suprimindo obrigações e comunicações obrigatórias com o Estado; criar linha de adiantamento financeiro por conta de crédito fiscal para aumentar a liquidez das microempresas.
CDUPrioridade no acesso às verbas do Portugal 2020 para as PME, fixando um volume garantido de fundos (50%); taxa de IRC de 12,5% para lucros inferiores a 15 mil euros e para micro, pequenas e médias empresas do interior e regiões autónomas.
BEIsenção para as PME da taxa de 0,75% sobre o valor acrescentado das empresas, destinada a financiar a Segurança Social; proibição de contratação pública de empresas que tenham ligações ou integrem outras empresas sediadas offshore ou com planeamento fiscal agressivo
Agir!Apoios financeiros associados ao programa Portugal 2020 e outros incentivos fiscais dirigidos a empresas que promovam a inovação tecnológica e gerem emprego qualificado e permanente.
Empresários
Bloco quer mudar mesmo tudo para que nada fique na mesma
O dia de ontem do Bloco
de Esquerda teve de
tudo: ânimo e promessas
de voto, descrença e
medo de que nada mude
depois das eleições. Teve
hambúrgueres de pescado, gin e
pão de algas. Até teve um polvo
adivinho. Depois do mercado
da fruta, nas Caldas da Rainha,
a porta-voz Catarina Martins
esteve em Peniche, para conhecer
a investigação que se faz no
Cetemares, a sede do centro Mare
do Instituto Politécnico de Leiria.
Cada vez que um jovem
investigador explica o que está
a fazer, a primeira pergunta
que a porta-voz faz é sobre a
situação profi ssional. A resposta
não é a que mais quer ouvir:
muitos são bolseiros e o que
a Catarina Martins desejava é
que tivessem contratos, com
direitos. Apesar desta realidade,
ainda houve tempo para a boa-
disposição. Diante de um tanque
com um polvo, o subdirector do
Politécnico brinca: “Estamos a
treiná-lo para acertar no resultado
das legislativas.”
À margem da visita, a
porta-voz deixou um recado ao
primeiro-ministro, Passos Coelho,
que afi rmou que Portugal tem o
“cofre devidamente apetrechado”.
A bloquista questionou-se: estarão
cheios de dívidas aos pensionistas,
de abonos que foram retirados
às crianças, de complementos
solidários dos idosos, de salários
baixos? “O discurso sobre os cofres
cheios ofende as pessoas.” Sobre
o descuido de Passos — quando
disse que avançaria com um novo
reembolso antecipado ao FMI —,
lamentou que andasse “de lapso
em lapso, atá à mentira fi nal.”
Neste centro de investigação,
ciência é uma prioridade. Assim
como criar condições para que
os investigadores possam ver-se
livres da precariedade.
De manhã, antes de a caravana
chegar ao mercado e quando
fala das expectativas que tem
para estas eleições, Isaura Félix,
vendedora há 35 anos, lembra-
nos a frase d’O Leopardo, de
Lampedusa, aquela que diz que,
para que tudo fi que na mesma,
é preciso que tudo mude. “Eu
queria que as coisas mudassem,
mas nada muda.” E o que mais
lhe dói, no meio disto tudo, é
o desemprego jovem. A fi lha
estudou Gestão e está a trabalhar
numa loja.
O futuro do país preocupa
muitos dos que se cruzam com a
porta-voz do Bloco de Esquerda.
Dizem-lhe que sozinha não vai lá,
tem de se coligar com o PS. “Tive
oportunidade de dizer olhos nos
olhos a António Costa que o BE
não faltará a um Governo que
não congele as pensões, não as
reduza em 1660 milhões de euros,
não fl exibilize despedimentos,
não descapitalize a Segurança
Social com a quebra da TSU. Se
for possível uma conversa nesses
termos, o BE cá está para poder
salvar o país, para que haja um
Governo que reestruture a dívida,
crie emprego, proteja quem cá
vive”, diz Catarina Martins.
Catarina Martins avisa Passos: “O discurso sobre os cofres cheios ofende as pessoas”
Reportagem Maria João Lopes
O combate ao trabalho precário dos investigadores é uma das preocupações do Bloco de Esquerda, que aproveitou o dia de ontem para garantir que também tem como prioridade o investimento público em ciência, que sofreu cortes com este Governo.
Partida: Lisboa
Acontecimento do dia:
Chegada: Leiria
CONTA KM
337km
993kmENRIC VIVES-RUBIO
Mariana Mortágua é a cabeça de lista do BE por Lisboa
dedicado ao mar, Catarina
Martins lembrou a “queda” do
investimento nesta área, agravada
pelos cortes do Governo. Para o
Bloco, o investimento público em O presidente do Partido
Democrático Republicano
anunciou ontem que vai
fazer uma participação
à Comissão Nacional de
Eleições (CNE) e à Entidade
Reguladora para a Comunicação
Social (ERC) sobre o programa de
Ricardo Araújo Pereira na TVI.
“Queria começar esta declaração
por manifestar-me absolutamente
chocado e pessoalmente transtorna-
do pelas imagens que vi ontem [se-
gunda-feira] na TVI no fi nal do Jornal
das 8. Eu sou o presidente do Parti-
do Democrático Republicano, eu sou
candidato por Coimbra à Assembleia
da República e o que vi no fi nal desse
espaço informativo foi uma pessoa
desconhecida a urinar na minha
imagem, a urinar numa fotografi a
minha”, afi rmou Marinho e Pinto, no
fi nal de uma visita à feira de Leiria.
Dizendo ser das pessoas que “mais
se bateu, bate e baterá em Portugal
pela liberdade de expressão”, con-
siderou, todavia, que esta deve ter
“limites”. “Não vale tudo em matéria
política, não vale tudo em matéria
de humor, não vale tudo, sobretudo,
quando se ofendem tão desnecessa-
riamente e tão cobardemente outras
pessoas, outras instituições e a pró-
pria política portuguesa”, declarou,
adiantando que vai participar esta
situação à CNE e à ERC.
Marinho e Pinto rejeitou, contudo,
a possibilidade de dar “ao autor des-
sa infâmia o privilégio de ser réu ou
arguido nos tribunais portugueses,
porque, infelizmente, a generalidade
dos tribunais portugueses não está
à altura da responsabilidade que a
Constituição lhes comete”.
O programa Isso é tudo muito boni-
to, mas é apresentado pelo humoris-
ta Ricardo Araújo Pereira.
No percurso pela feira, Marinho e
Pinto ouviu críticas ao estado da saú-
de e ao “assédio moral” a trabalha-
dores, aconselhou as pessoas a fazer
queixa e prometeu bater-se “pelo re-
forço dos direitos dos trabalhadores
e dos seus representantes”. O presi-
dente do PDR ouviu também muitos
elogios e apelou sistematicamente
ao voto. Lusa
Marinho e Pinto queixa--se de Ricardo Araújo Pereira
A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre as agressões de que foi alvo um apoiante da CDU no domingo em Lisboa
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
SÉRGIO AZENHA
Estudo identifi ca gás radioactivo e outros poluentes em creches e escolas
Medidas simples, como melhorar a ventilação, podem resolver os problemas
Quantidades surpreendentemente
excessivas de radão — um gás ra-
dioactivo cancerígeno — foram en-
contradas em infantários e escolas
primárias do distrito de Bragança,
segundo um novo estudo sobre a po-
luição do ar em estabelecimentos de
ensino em Portugal.
Ao longo de três anos, investiga-
dores da Universidade do Porto re-
alizaram medições detalhadas da
qualidade do ar em 58 salas de 25
creches, jardins de infância e escolas
primárias da Área Metropolitana do
Porto e do distrito de Bragança. Os
resultados — que são hoje apresenta-
dos — mostram um retrato que, em
parte, não é novo: o ar estava mais
poluído do que é admissível na maio-
ria dos casos.
Havia partículas fi nas a mais em
84% das salas avaliadas, de acordo
com os limites sugeridos pela Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS), e
em 54%, de acordo com a legislação
nacional. Metade das salas tinha tam-
bém dióxido de carbono a mais.
O resultado mais inesperado, po-
rém, foi a identifi cação de níveis ele-
vados de radão nos estabelecimentos
do distrito de Bragança. O radão é
um gás natural, normalmente asso-
ciado a solos graníticos. É reconhe-
cido como a segunda causa de can-
cro do pulmão, depois do tabaco. Os
efeitos na saúde dependem do nível
de exposição. O radão está presen-
te em várias zonas do país. Segundo
a legislação nacional, é obrigatório
realizar análises à sua concentração
em grandes edifícios comerciais e de
serviços nos distritos de Braga, Vila
Real, Porto, Guarda, Viseu e Castelo
Branco. Mas em Bragança não.
As análises efectuadas nas creches
e escolas primárias, no entanto, re-
velaram “valores preocupantes”, nas
palavras de Sofi a Sousa, investigado-
ra principal do projecto Inairchild,
liderado pela Faculdade de Enge-
nharia da Universidade do Porto e
envolvendo também a Faculdade de
Medicina da mesma instituição e o
Hospital de São João, no Porto.
Os valores chegam a cerca de 800
becquerels por metro cúbico, duas
vezes o limite máximo previsto na
legislação nacional e quatro vezes
o adoptado em alguns países como
Irlanda, Reino Unido, Espanha e Sué-
cia. Das salas avaliadas no distrito de
Bragança, 65% tinham radão a mais.
“Pode ter a ver com os materiais de
construção”, avalia Sofi a Sousa.
Em parte, o Inairchild confi rma o
que outro projecto de investigação,
o Envirh, liderado pela Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade de
Lisboa, já havia constatado: que há
poluição a mais nas creches e infantá-
rios. Cerca de 95% das 125 salas de 19
estabelecimentos de Lisboa e do Por-
to avaliados no Envirh tinham uma
qualidade do ar inadequada, segundo
os resultados apresentados em 2013.
Agora, os investigadores deram
um passo a mais e procuraram, com
inquéritos e exames respiratórios,
identifi car a ocorrência de asma en-
tre as crianças. O resultado sugere
um aumento de 50% na probabili-
dade de desenvolvimento da doença
nas creches e escolas com excesso de
partículas no ar.
A responsável do projecto diz que
os resultados não são alarmantes e
que medidas simples, como melho-
rar a ventilação, podem resolver os
problemas. As próprias instituições
foram contactadas, com sugestões
sobre o que fazer. Por exemplo, nu-
ma situação verifi cou-se que valores
pontualmente elevados de compos-
tos orgânicos voláteis tinham a ver
com a utilização de produtos de lim-
peza a meio do dia. “Esta prática foi
alterada”, diz Sofi a Sousa.
Noutro caso, sugeriu-se que se as-
pirassem as salas antes da chegada
das crianças, para reduzir o risco de
ressuspensão das poeiras. Mas não
havia dinheiro para um aspirador.
O estudo revelou ainda que há
margem para melhorias na legislação
sobre a qualidade do ar, a começar
pela forma como é calculado o nú-
mero admissível de crianças em cada
estabelecimento. “Encontrámos em
quase todos uma ocupação excessi-
va”, diz Sofi a Sousa.
Os valores não violam o que está
previsto na lei portuguesa, mas estão
além de valores-guia de normas nor-
te-americanas que levam em conta
também a questão da qualidade do ar.
Os resultados são apresentados
hoje, num seminário na Faculdade
de Engenharia da UP. “O que vamos
fazer é tentar que cheguem aos legis-
ladores e a outras pessoas que pos-
sam mudar esse panorama”, afi rma
Sofi a Sousa.
Investigação em dois distritos do Norte encontra radão a mais em infantários de Bragança. Noutras escolas do país, a poluição do ar foi associada a problemas de asma das crianças
Ambiente Ricardo Garcia
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | PORTUGAL | 11
Os estudantes das universidades e
institutos politécnicos não sentiram
grandes efeitos da greve marcada pa-
ra ontem no sector. Apenas escassas
centenas de professores e investiga-
dores aderiram à paralisação con-
vocada pelo Sindicato Nacional do
Ensino Superior (Snesup) e a maioria
das aulas marcadas decorreu com
normalidade. A estrutura sindical
considera, porém, “positiva” a jor-
nada de protesto.
No Instituto Superior de Engenha-
ria do Porto (ISEP), para onde estava
marcado o principal protesto, não
foram mais de 70 os docentes que
participaram na sessão onde, sim-
bolicamente, era “encerrado” o ano
lectivo, como forma de alertar para
as difi culdades de fi nanciamento
e os problemas laborais que põem
em causa o funcionamento do ensino
superior. A greve teve também im-
pacto noutras instituições de ensino
superior, onde foram organizados
debates e reuniões de trabalho para
discutir os problemas do sector. Ao
todo, terão sido poucas centenas de
professores e investigadores a res-
ponder à chamada do Snesup.
No átrio do ISEP viam-se cartazes
com as principais exigências desta
greve: “Chega de cortes no Ensino
Superior. Sem formação não há fu-
turo”, “Reorganizar sim, destruir
não” ou “Por um Ensino Superior e
Ciência acessível a todas as classes
sociais”. Mas essas frases terão sido
Greve não chegou a parar aulas no ensino superior mas “ajudou a passar mensagem”
uma das poucas formas de os estu-
dantes da instituição que pertencem
ao Instituto Politécnico do Porto se
aperceberem do protesto.
“Os números da adesão não eram
o mais importante. A greve servia,
acima de tudo, para permitir aos
colegas participarem nas acções de
protesto”, justifi ca o presidente da-
quele sindicato, António Vicente. O
dirigente considera, por isso, que a
paralisação de ontem teve “efeitos
positivos”. “Ajudou a passar a men-
sagem dos problemas que afectam
o ensino superior e a ciência”, de-
fende, acrescentando que quer entre
professores e investigadores, quer
entre alunos e mesmo junto da opi-
nião pública fi caram claros os moti-
vos da luta dos docentes.
A greve de ontem é a primeira con-
vocada pelo Snesup desde 2009. O
protesto pretendia alertar para os
sucessivos cortes do fi nanciamento
público às instituições de ensino su-
perior que estão, novamente, a cau-
sar à medida que se aproxima o fi m
do ano civil e o nível de precariedade
elevado na docência (45% dos profes-
sores do sector público e 75% dos do
privado não têm vínculo estável para
com as instituições onde trabalham).
A estes problemas junta-se o perigo
de despedimento de centenas de
professores nos politécnicos, que es-
tavam abrangidos pelo período tran-
sitório do Estatuto da Carreira Do-
cente que terminou a 1 de Setembro.
Ao protesto juntaram-se cabeças
de lista pelo Porto às legislativas de
PS (Alexandre Quintanilha), BE ( José
Soeiro) e Livre/Tempo de Avançar
(Ricardo Sá Fernandes). A sua pre-
sença corresponde ao objectivo do
Snesup “de fazer chegar os proble-
mas do superior e da ciência e as nos-
sas soluções aos partidos políticos”,
diz António Vicente. com Lusa
EducaçãoSamuel Silva
Candidatos do PS, BE e Livre juntaram-se ao protesto do Snesup no Porto
DANIEL ROCHA
Advogados do ex-primeiro-ministro garantem que este exercerá o seu direito de voto no dia 4
José Sócrates, que está em prisão
domiciliária no âmbito da Operação
Marquês, ainda não comunicou ao
juiz de instrução criminal, Carlos
Alexandre, a intenção de ir votar nas
eleições de 4 de Outubro, mas garan-
te que o vai fazer. O antigo líder do PS
salienta ainda que não necessita de
pedir qualquer autorização ao ma-
gistrado já que em causa está o exer-
cício de um direito constitucional.
A garantia é deixada num comu-
nicado enviado ontem às redacções.
Nele, a defesa do ex-governante subli-
nha que Sócrates “exercerá, natural-
mente, esse direito, garantido pelas
leis e pela Constituição, e por isso não
pedirá autorização alguma, limitan-
do-se, se ainda for caso disso, a trans-
mitir as informações pertinentes”.
Um dos seus advogados, Pedro
Delille, confi rmou que apenas está
em causa uma comunicação (e não
um pedido de autorização) ao juiz
da vontade de Sócrates votar daqui
a uma semana e meia. “Claro que
José Sócrates garante que vai sair de casa para votar a 4 de Outubro
estamos a falar disso. Estamos a fa-
lar das indicações deixadas pela Co-
missão Nacional de Eleições (CNE)
relativamente a arguidos em prisão
domiciliária. Agora não tem de pe-
dir autorização. Só comunica que
naquele dia sairá a determinada ho-
ra por determinado tempo com esse
objectivo”, explicou o advogado. Já o
outro defensor, João Araújo, salien-
ta: “Certamente que o engenheiro
José Sócrates vai votar”.
Porém, o juiz Carlos Alexandre já
se pronunciou recentemente sobre
pedidos de arguidos que estão em
prisão domiciliária, como o de Ri-
cardo Salgado e Armando Vara, este
também arguido no mesmo processo
de Sócrates. “O dr.º Ricardo Salgado
e o dr.º Armando Vara pediram ao
juiz para exercer o direito de voto,
o que lhes foi concedido”, afi rmou
Amélia Almeida. “Quanto ao enge-
nheiro José Sócrates, não tenho co-
nhecimento se foi feito algum pedi-
do”, acrescenta a juíza.
Amélia Almeida diz que nos despa-
chos do juiz de instrução, relativos a
Ricardo Salgado e a Armando Vara,
não consta nenhuma indicação sobre
a forma como os arguidos irão votar,
nomeadamente se serão escoltados
ou não pela PSP, o que se revela mais
pertinente em relação a Salgado, já
que não está a ser vigiado por pul-
seira electrónica. “No despacho ape-
nas se diz que os arguidos exercerão
o direito de voto de acordo com a
lei eleitoral”, adianta a magistrada.
Em causa está o facto de a lei elei-
toral proibir escoltas armadas a 100
ou menos metros de distância das
assembleias de voto, a não ser que
o presidente da assembleia o solicite
excepcionalmente. Por isso, os agen-
tes que acompanharem os arguidos
terão de o fazer desarmados. A infor-
mação ao juiz será importante para
que a polícia seja avisada da deslo-
cação de Sócrates. O ex-primeiro-
ministro não está a ser vigiado com
pulseira electrónica, pelo que resta
a opção de a PSP o escoltar até à as-
sembleia de voto.
A equipa de advogados acredita
que a questão nem se colocará. Para
a defesa, é provável que nessa altura
Sócrates já nem esteja sujeito à me-
dida de coacção de prisão domicili-
ária. “É uma medida muito precá-
ria que pode ser alterada a qualquer
momento. Acreditamos sempre que
amanhã já não esteja sujeito a essa
medida”, salienta Delille. Os advo-
gados sublinham ainda que Sócrates
“não permitirá — porque parece ser
essa a intenção — que o exercício do
seu direito cívico seja transformado,
por quem quer que seja, em espec-
táculo de humilhação pública dele
e em prejuízo do PS”. Questionada
pelo PÚBLICO, a CNE admitiu ter
conhecimento de um caso em que
um juiz não autorizou a saída de um
homem que estava em prisão domi-
ciliária para ir votar.
JustiçaMariana Oliveira e Pedro Sales DiasEx-governante ainda não comunicou ao juiz a vontade de ir votar, mas irá fazê-lo. Juiz autorizou Vara e Salgado a sair para votar
DIOGO BAPTISTA
O ISEP foi o principal palco dos protestos dos docentes do superior
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
ADRIANO MIRANDA
Os países da Europa ocidental continuam como o primeiro destino
Mais de 100 mil emigrantes de
longa duração deixaram Portu-
gal entre 2012 e 2013, de acordo
com o relatório Perspectivas das
Migrações Internacionais — 2015,
divulgado ontem pela Organiza-
ção para a Cooperação e Desen-
volvimento Económico (OCDE).
“A emigração de cidadãos portu-
gueses aumentou com a recessão,
nomeadamente depois de 2010. O
número de emigrantes a longo prazo
foi estimado em 52.000 em 2012 e
53.800 em 2013, contra 23.700 em
2010”, referiu o estudo publicado
em Paris.
O documento referiu ainda que
“o número total de emigrantes (de
curta e longa duração) situou-se
em 128.100 em 2013, dos quais 96%
portugueses e somente quatro por
cento de estrangeiros — proporções
idênticas ao ano anterior”. Ou se-
ja, 122.980 portugueses deixaram o
país e 5120 estrangeiros saíram de
Portugal naquele ano.
Os países da Europa ocidental,
indicou o relatório, continuam co-
mo o primeiro destino (mais de 60%
de saídas em 2013) dos emigrantes
portugueses, mas certos países não
europeus, como o Brasil e sobretu-
do Angola, tornaram-se destinos
importantes.
“Embora a sua quota esteja a
crescer, as mulheres representam
apenas um terço de todos os emi-
grantes”, segundo o documento,
indicando ainda que “os emigran-
tes qualifi cados são cada vez mais
numerosos, especialmente aqueles
que emigram para o Reino Unido ou
para a Noruega”.
No total, um saldo migratório ne-
gativo de 36.200 pessoas foi regis-
tado em Portugal, no ano de 2013,
segundo a OCDE.
O Governo português confi rmou
que, desde 2010, a emigração tem
aumentado “muito rapidamente”,
adiantando que em 2012 deverão
ter saído de Portugal “mais de 95
mil” pessoas, segundo o Relatório
da Emigração 2014, divulgado pelo
Observatório da Emigração.
De acordo com este documento,
a tendência de emigração está a ter
maior impacto nas zonas urbanas,
Segundo a OCDE, maisde 100 mil portugueses deixaram o país em dois anos
especialmente na Grande Lisboa e,
além dos “destinos tradicionais”, os
portugueses estão agora a optar por
novos lugares, situados “nos mais
variados pontos do mundo”.
O Governo refere “três conjuntos
de países de emigração”. Brasil, Ca-
nadá, Estados Unidos e Venezuela
acolhem emigrantes em “grande vo-
lume”, mas trata-se de populações
“envelhecidas e em declínio”, pois
actualmente registam uma “redução
substancial” na chegada de novos
portugueses, segundo o relatório do
Observatório da Emigração.
Países como Alemanha, França e
Luxemburgo, “com grandes popu-
lações portuguesas emigradas en-
velhecidas, mas em crescimento”,
têm registado “uma retoma” desta
emigração.
Por último, surge “um conjunto
de novos países de emigração”, que
atrai populações jovens, como é o
caso do Reino Unido, “hoje o prin-
cipal destino” dos portugueses (50
por cento) e também “o mais im-
portante pólo de atracção” dos mais
qualifi cados.
De acordo com o Relatório da Emi-
gração 2014, haverá mais de 2,3 mi-
lhões de emigrantes portugueses,
número que mais do que duplica,
se se acrescentar os seus descen-
dentes.
Se é verdade que a crise fez com
que mais portugueses saíssem do
pais, a recessão também teve efeito
na permanência de estrangeiros. Os
números revelam que, entre 2009 e
2013, devido à crise, Portugal deixou
de ser um país tão atractivo para a
procura de uma vida melhor do que
nos seus países de origem. O núme-
ro de estrangeiros a viver em Por-
tugal passou dos 454.000 em 2009
para 401.320 em 2013, segundo os
dados da OCDE.
De acordo com o relatório Pers-
pectivas das Migrações Internacionais
— 2015, o número total de estrangei-
ros vivendo em Portugal sofreu, as-
sim, uma queda de quase quatro por
cento em relação ao ano anterior
(2012)”. “Este recuo é explicado pela
recessão económica e pela subida no
número de naturalizações”, indicou
ainda o relatório anual da OCDE.
“À excepção dos cidadãos de paí-
ses asiáticos e, mais recentemente,
da América do Norte, o número de
estrangeiros provenientes de todos
os continentes diminuiu”, indicou
o estudo.
Segundo dados recolhidos jun-
to do Ministério da Solidariedade,
Emprego e Segurança Social, “o nú-
mero de trabalhadores estrangeiros
situou-se em 114.000 em 2013, 4,5%
dos trabalhadores abrangidos por
esta fonte, dos quais se excluem os
trabalhadores independentes e a
maioria dos funcionários públicos”.
As categorias “actividades de ser-
viços administrativos e apoio” e “ac-
tividades de alojamento e restaura-
ção” representam cada uma 19% do
emprego estrangeiro, vindo a seguir
“comércio grossista e retalho”, “re-
paração de veículos (14%) e “activi-
dades transformadoras” (10%).
Emigração
Embora a sua quota esteja a crescer, as mulheres representam apenas um terço de todos os emigrantes O exame de Inglês do 9.º continuará a ser elaborado por Cambridge
O exame de Inglês do 9.º ano, que
este ano lectivo passará a contar para
a nota fi nal dos alunos, deverá ter
um peso de 20 a 30% na classifi ca-
ção fi nal a esta disciplina, informou
ontem o Ministério da Educação e
Ciência (MEC).
Em Julho passado, quando fez o
anúncio de que este exame passaria
a contar para a nota fi nal dos alu-
nos, Crato indicou que o seu peso
na classifi cação fi nal será determi-
nado por cada escola, “no âmbito da
sua autonomia”. Num comunicado
enviado ontem, dando conta de que
os diplomas sobre a avaliação do bá-
sico e secundário já seguiram para
publicação no Diário da República,
o MEC volta a afi rmar que este valor
será determinado por cada escola,
mas estabelece um intervalo (entre
20% e 30%) para a sua fi xação. No
diploma admite-se, contudo, que “a
escola escolha outro peso que con-
sidere mais adequado”, desde que
fundamente esta decisão.
Tanto no básico como no secundá-
rio todos os exames já existentes têm
um peso de 30% na avaliação fi nal.
O exame de Inglês, denomina-
do Preliminary English Test for Scho-
ols (PET), continuará a ser conce-
bido, como nos últimos dois anos,
pela Universidade de Cambridge e é
obrigatório para todos os alunos. Os
resultados desta prova no ano lectivo
passado, quando ainda não contava
para a nota, mostraram que 61,8%
dos alunos tinham um nível de inglês
elementar, ou seja, abaixo do domí-
Exame de Inglês no 9.º ano terá um peso de 20 a 30% na nota final
nio exigível no 9.º ano, segundo os
padrões estabelecidos pelo Quadro
Europeu Comum de Referência para
as Línguas do Conselho da Europa.
No comunicado divulgado ontem,
o MEC frisa que os novos diplomas
sobre avaliação “introduzem poucas
mudanças, essencialmente consa-
grando actualizações” tornadas ne-
cessárias devido a mudanças já anun-
ciadas. Mas, na prática, as condições
de aprovação dos alunos no fi nal do
1.º ciclo de escolaridade vão ser mais
exigentes.
O MEC esclarece que “a introdução
do Inglês a partir do 3.º ano de escola-
ridade leva a algumas mudanças nos
critérios de aprovação dos alunos,
valorizando o ensino desta língua”.
Mais concretamente, segundo se
pode ler no despacho que estabelece
as novas regras de avaliação, a avalia-
ção interna nesta disciplina, no fi nal
dos três períodos lectivos, será ex-
pressa numa escala de 1 a 5, à seme-
lhança de Português e Matemática,
enquanto nas restantes componen-
tes se mantêm as menções qualitati-
vas de Muito Bom, Bom, Sufi ciente
e Insufi ciente. E, no fi nal do 1.º ciclo,
os alunos passam a fi car retidos se
tiverem, em simultâneo, uma clas-
sifi cação inferior a 3 nas disciplinas
de Português, Matemática e Inglês,
em conjunto com a menção de Insufi -
ciente numa das outras disciplinas.
Até agora, os alunos reprovavam
no 4.º ano, que é o fi nal do 1.º ciclo,
se tivessem, em simultâneo, notas
inferiores a 3 nas disciplinas de Por-
tuguês e Matemática e menção Insu-
fi ciente nas outras áreas.
No ensino secundário haverá
também mudanças na avaliação a
Português que é feita pelas escolas.
Nas notas dadas pelos professores, a
oralidade, “que tinha um peso fi xo
de 25% na nota dos alunos, passa a
ter um peso mínimo de 20%”, reve-
lou o MEC.
EducaçãoClara Viana
Nota a Inglês passa também a contar para a aprovação dos alunos no final do 1.º ciclo de escolaridade50%
O Reino Unido é “hoje o principal destino” dos portugueses (50%) e também “o mais importante pólo de atracção” dos mais qualificados
NELSON GARRIDO
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | PORTUGAL | 13
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Breves
Acidente
Número de mortos de acidente em Castro Verde subiu para cincoO número de mortos da colisão ocorrida segunda-feira perto de Castro Verde, todos da mesma família, subiu para cinco, com a morte do bebé que tinha ficado em estado grave. Na sequência da colisão, envolvendo dois veículos ligeiros e uma carroça, o bebé, de 11 meses e do sexo masculino, foi transportado de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde entrou em paragem cardiorrespiratória e acabou por morrer na segunda-feira à noite.
As organizações que representam os
Centros de Recursos para a Inclusão
(CRI) poderão decidir hoje suspender
o apoio a milhares de crianças com
necessidades educativas especiais
(NEE) que frequentam as escolas do
país. “Não podemos pactuar com es-
te Governo na promoção de uma ‘es-
cola inclusiva de faz-de-conta’, que é
o que existe neste momento”, justifi -
ca Rogério Cação, vice-presidente da
Federação Nacional de Cooperativas
de Solidariedade Social (Fenacerci).
Com a chamada escola inclusiva,
Associações recusam “pactuar com escola inclusiva de faz-de-conta”
os alunos que antes frequentavam o
ensino especial passaram a estar inte-
grados no ensino regular, recebendo
apoio especializado — nas áreas da
psicologia, terapia da fala, fi siotera-
pia, entre outros — de técnicos dos
CRI, centros que são geridos pelos
próprios agrupamentos de escolas
ou por organizações como as CERCI
(cooperativas para a educação e rea-
bilitação dos cidadãos inadaptados).
Os protestos contra o alegado
subfi nanciamento dos CRI e contra
os critérios utilizados para a selecção
das crianças que têm direito a apoios
e aos tipos de apoio a conceder (“em
que a última palavra não é técnica,
mas administrativa, do MEC”, pro-
testa Rogério Cação) não são novos.
Mas, “este ano”, diz o vice-presidente
da Fenacerci, “a situação é de rup-
tura”.
Segundo afi rma, “a gota de água”
foi o Ministério da Educação e Ci-
ência (MEC) “ter ignorado as reco-
Falta de financiamentoGraça Barbosa Ribeiro
Centros que apoiam milhares de crianças com necessidades educativas especiais ameaçam suspender trabalhos
O facto de o MEC não ter em conta
a necessidade dos chamados apoios
indirectos aos professores do ensino
regular que lidam com estas crianças
e às suas famílias e os tempos de des-
locação dos técnicos entre escolas e
agrupamentos de escolas são outras
críticas das organizações, que hoje
se reúnem em Lisboa para decidir
as medidas a tomar.
Em resposta a questões colocadas
pelo PÚBLICO, o MEC sublinha que
“os alunos com NEE não constituem
um grupo homogéneo, não exigindo
todos eles a mesma quantidade e o
mesmo tipo de recursos humanos
especializados” e que “a decisão so-
bre a frequência e a intensidade dos
apoios educativos e terapêuticos tem
em conta o caso concreto e é defi ni-
do, nos termos da lei, no respectivo
Programa Educativo Individual, ela-
borado pelos serviços especializados
da escola com a participação dos pais
ou encarregados de educação”.
mendações que resultaram de uma
avaliação externa promovida pelo
próprio Governo sobre os CRI e to-
das as decisões tomadas na última
reunião da comissão de que fazem
parte, para além de representantes
do ministério, os dirigentes da Fe-
nacerci, a Federação Portuguesa de
Autismo, a Federação Portuguesa da
Paralisia Cerebral, a Unicrisano e a
Humanitas”.
“Ter um psicólogo para 78 alunos
(de agrupamentos de escolas dife-
rentes) ou um aluno com meia hora
por semana de terapia da fala ou de
fi sioterapia é sério? Não é. Mas é o re-
sultado da política absurda da página
de Excel, em que de um lado se põe o
número de crianças com necessida-
des de apoio especial (que tem vindo
a crescer) e do outro o montante de
verbas disponíveis, que não aumenta
de forma proporcional”, disse ontem
Rogério Cação, em declarações ao
PÚBLICO.
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14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Porto lidera dois rankings sobre os melhores hospitais públicos
Com poucas horas de diferença, dois
rankings com critérios distintos co-
locaram os hospitais do Norte entre
as melhores unidades públicas do
país. Num dos trabalhos, da consul-
tora multinacional espanhola Iasist,
o grande vencedor foi o Centro Hos-
pitalar do Porto (Sto. António). No
outro, da Escola Nacional de Saúde
Pública, o primeiro lugar fi cou nas
mãos do Centro Hospitalar de São
João, também no Porto. No resto da
lista, a ocupar as primeiras posições
é também frequente a presença de
instituições da zona Norte do país.
O ministro da Saúde salientou que
Portugal conta com bons hospitais
e defendeu que estes estudos “são
positivos” para as unidades porque
“indicam possibilidades concretas
de melhoria”. Para os doentes, Paulo
Macedo considera que a “transparên-
cia” também é positiva.
O trabalho da Iasist, intitulado Top
5 — A Excelência dos Hospitais, divi-
de as unidades em cinco grupos, de
acordo com a dimensão dos hospitais
e é apresentado pela segunda vez. O
ranking fi nal apresentado ontem, em
Lisboa, revelou apenas os três me-
lhores classifi cados de cada grupo e
o vencedor fi nal. Para os resultados
são ponderados vários indicadores
relacionados com a “qualidade”,
como é o caso da mortalidade, das
complicações e das readmissões de
doentes — tendo sempre em conside-
ração a gravidade dos doentes aten-
didos. São também estudados crité-
rios de “adequação”, onde entra, por
exemplo, o peso das cirurgias feitas
em ambulatório em relação ao peso
de todas as operações que poderiam
ter sido feitas sem recurso a interna-
mento. No campo da “efi ciência”, é
tido em consideração o tempo mé-
dio de internamento dos doentes,
o número de doentes por médico e
por enfermeiro e os custos por cada
doente tratado.
No “grupo E”, que avaliou os seis
maiores centros hospitalares do pa-
ís, só o Centro Hospitalar do Porto,
o Centro Hospitalar de São João e o
Centro Hospitalar de Lisboa Norte
chegaram ao pódio fi nal. O vence-
dor foi o Centro Hospitalar do Porto,
um repetente, já que também em
2014 tinha conquistado o primeiro
lugar. No “grupo D”, onde entram
oito hospitais médios e grandes, o
vencedor foi o Hospital de Braga.
Entre as 12 unidades médias, no
“grupo C”, venceu o Centro Hospi-
talar Tâmega e Sousa.
No “grupo B”, que avaliou os sete
hospitais mais pequenos do país, o
prémio foi, pela segunda vez, para
o Hospital de Santa Maria Maior, em
Barcelos. Num grupo à parte foram
avaliadas oito unidades locais de saú-
2012. O quarto lugar do ranking dis-
tinguiu o Centro Hospitalar Lisboa
Norte e o quinto foi para a ULS de
Matosinhos. O Centro Hospitalar do
Porto, em primeiro lugar no estudo
da Iasist, aqui surge na sexta posição.
Em dados específi cos há diferenças:
o Centro Hospitalar e Universitário
de Coimbra tem um resultado ligei-
ramente pior na mortalidade do que
no ranking geral, enquanto o Centro
Hospitalar Lisboa Norte tem melho-
res resultados na mortalidade no que
na análise global.
Olhando para algumas doenças, o
Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra é considerado o melhor a
tratar as doenças do aparelho ocular,
as doenças endócrinas e metabólicas
e as ginecológicas, obstétricas e neo-
plásicas. Por outro lado, as doenças
cardíacas, vasculares e digestivas
conquistaram melhores resultados
no São João, assim como as patolo-
gias infecciosas e neurológicas. O
Centro Hospitalar de Tondela-Viseu
lidera as doenças músculo-esqueléti-
cas, o Instituto Português de Oncolo-
gia de Coimbra encabeça as doenças
dos órgãos genitais masculinos e o
Centro Hospitalar Lisboa Norte des-
taca-se nos rins e aparelho urinário.
O Instituto Português de Oncologia
de Lisboa é melhor nas patologias
dos ouvidos, nariz e garganta.
Sobre o trabalho da Iasist, o direc-
tor-geral da empresa em Portugal,
Manuel Delgado, salientou que, so-
bretudo nos grandes hospitais, há
poucas diferenças entre o vencedor e
os restantes membros da lista. No en-
tanto, o antigo presidente da Associa-
ção Portuguesa de Administradores
Hospitalares destacou que ainda há
bastante margem para melhoria.
De acordo com Manuel Delgado, a
demora média de internamento es-
tá a crescer em todos os grupos. Há
também margem para melhorar nas
cirurgias de ambulatório. Nos gran-
des hospitais a taxa é de 69,9%, abai-
xo dos 73,9% que consegue o grupo
D, de hospitais médios e grandes. O
“top 5” comparou também os valores
dos três melhores de cada grupo com
os resultados globais e percebeu que
os nomeados conseguem menos 19%
de mortalidade, assim como menos
8% de complicações nos doentes e
menos 5% de readmissões. Tudo isto
com menos tempo de internamento
(7% inferior) e com custos por doente
27% inferiores.
Os hospitais vencedores têm menos mortalidade e menos complicações nos doentes
Trabalho da empresa Iasist dá o primeiro lugar ao Centro Hospitalar do Porto. Escola Nacional de Saúde Pública distingue o Centro Hospitalar de São João. Edição de 2014 já tinha premiado os mesmos hospitais
SaúdeRomana Borja-Santos
Demasiados doentes nas urgências
Um dos problemas comuns aos hospitais estudados pela Iasist no “top 5” e identificados pelo director-
geral da multinacional em Portugal, Manuel Delgado, está no excessivo número de doentes que chegam aos hospitais de forma não programada. “Não é bom que seja a urgência a alimentar os hospitais”, afirmou, adiantando que em 2014 voltou a crescer o peso das urgências em todos os grupos, com destaque para as ULS, onde 77,2% dos
doentes chegam pela porta das urgências. O valor mais baixo é encontrado nos grandes hospitais, que, mesmo assim, subiram de 60% para 60,5%. No caso das ULS, o responsável destaca que o resultado é mais preocupante, por se pressupor que estas unidades deveriam ter uma melhor articulação entre hospitais e centros de saúde.
Sobre este aspecto das urgências, questionado pelo PÚBLICO, o ministro da Saúde afirmou que o problema é
conhecido. “Nós sabemos, aliás está provado em todas as análises, que temos pessoas mais vulneráveis que chegam às urgências, porque temos pessoas muito mais idosas e em outras condições de vulnerabilidade que obrigam a um maior tempo de observação e a um maior internamento”, justificou Paulo Macedo, que, ainda assim, contrapôs que, “vendo os grandes números, entre 2008 e 2014, o número de urgências decresce”. R.B.S.
de (ULS) e o primeiro lugar foi para
a ULS do Alto Minho.
Os melhores por doençaO ranking da Escola Nacional de
Saúde Pública (ENSP), com o nome
Avaliação do Desempenho dos Hospi-
tais Públicos (Internamento) em Por-
tugal Continental (2014), e divulgado
pouco antes pela Lusa, tem critérios
diferentes e é feito há vários anos.
Não divide os hospitais por grupos,
olhando antes para os resultados
globais das doenças tratadas. Tem
também em consideração os dados
relacionados com a mortalidade, as
complicações e as readmissões.
Na lista geral, o Centro Hospita-
lar de São João, no Porto, mantém
o primeiro lugar, seguido pelo Hos-
pital Beatriz Ângelo, em Loures. O
terceiro lugar foi atribuído ao Centro
Hospitalar e Universitário de Coim-
bra, que tinha vencido na edição de
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | PORTUGAL | 15
Portugal vai acolher “até 4500” refu-
giados que estão em Itália e na Gré-
cia, confi rmou ontem o Ministério da
Administração Interna (MAI) dando
conta dos resultados da reunião de
ontem, em Bruxelas, do Conselho de
Justiça e Assuntos Internos Extraor-
dinário ( JAI).
“Foi hoje [ontem] aprovada, em
Bruxelas, no Conselho de Justiça e
Assuntos Internos ( JAI) Extraordiná-
rio, uma decisão do Conselho que
estabelece medidas adicionais no do-
mínio da protecção internacional a
Ministra da Administração Interna revela que Portugal vai receber até 4500 refugiados
favor de Itália e da Grécia. Portugal,
que votou favoravelmente a proposta
de decisão, acolherá, ao longo dos
próximos dois anos, até 4500 bene-
fi ciários de protecção internacional”,
lê-se no comunicado do gabinete de
imprensa do MAI.
O Ministério dirigido por Anabela
Rodrigues recordou que o Conselho
de ontem (ver pág. 24/25) “aprovou
a proposta de recolocação de emer-
gência para mais 120 mil pessoas re-
querentes de asilo, a que acrescem os
40 mil abrangidos pela Decisão adop-
tada no Conselho JAI Extraordinário
do passado dia 14 de Setembro”. No
texto do MAI, lembra-se também que,
“conforme tinha já referido no Conse-
lho Extraordinário do passado dia 14,
Portugal manifestou abertura para,
em linha com a proposta da Comissão
Europeia, acolher até 4500 requeren-
tes de protecção internacional”.
Em Bruxelas, a ministra conside-
rou que a Europa encontrou uma
Acolhimento Francisco Alves Rito
Decisão do Conselho de Justiça e Assuntos Internos que estabelece medidas adicionais no domínio da protecção internacional
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mara de Palmela, na última reunião
pública do executivo municipal.
O líder da comunidade islâmica
em Portugal, Abdul Vakil, disse na
semana passada que vai receber, no
âmbito do Programa de Apoio as Re-
fugiados (PAR) e com o apoio da Câ-
mara de Lisboa, 250 refugiados, num
terreno em Palmela, cedido à funda-
ção por uma entidade local. “Na zona
de Palmela, a fundação tem uma par-
ceria com uma entidade local que lhe
vai disponibilizar um terreno grande,
onde já existem coisas construídas
e outras que se vão construir mais
tarde”, afi rmou Vakil.
O autarca confi rma que o terre-
no “já tem algumas construções” e
explica que o município, depois de
“consultado acerca da viabilidade
de reabilitação e construção nesse
terreno”, emitiu um parecer “a di-
zer que o terreno não permite, neste
momento, qualquer edifi cabilidade”.
com Lusa
Já chegaram à Croácia os três cami-
ões TIR com quase 60 toneladas de
ajuda humanitária enviada por cida-
dãos residentes em Portugal. Tudo
deverá ser descarregado num ar-
mazém da Cruz Vermelha croata, o
parceiro escolhido pela Aylan Kurdi
Caravan.
O acordo com a Cruz Vermelha foi
formalizado ontem, após contactos
e visitas a diferentes organizações
locais. Pesou a escala, a estrutura, a
capacidade de acolher os donativos
em armazéns próximos dos pontos
críticos e de os distribuir por quem
esta a tentar entrar na UE.
Os donativos serão descarrega-
dos num armazém dos arredores de
Vinkocvi, a cerca de 40 quilómetros
do campo de refugiados de Opato-
vac e a 30 quilómetros de Tovarnik,
na Croácia. A.C.P.
Caravana Aylan Kurdi já chegou à Croácia
“resposta que refl ecte um acordo
equilibrado”, em relação à recolo-
cação de 120 mil refugiados, e infor-
mou que se mantém os números de
pessoas que irão para Portugal.
Quando questionada sobre o nú-
mero de refugiados que Portugal re-
ceberá à luz da decisão de ontem, a
ministra referiu não haver “pratica-
mente alteração em relação aquilo
que tinha sido discutido no último
conselho (de ministros) “pelo que o
país receberá cerca de três mil pesso-
as em relação aos 120 mil refugiados
e no total “cerca de 4500/5000”.
Dúvidas em PalmelaA criação de um campo para acolhi-
mento de 250 refugiados, em Palme-
la, é inviável porque o terreno em
causa, da Fundação Islâmica de Pal-
mela, não permite, de acordo com o
Plano Director Municipal (PDM), as
construções necessárias à adaptação
do espaço, disse o presidente da Câ-
Ajuda portuguesa
NUNCA A 1.A LIGAFOI TÃO EMOCIONANTE
FUTEBOL TÉNIS BASquETEBOLMais informações em www.jogossantacasa.pt | App PLACARD Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h)É proibida a venda de jogo a menores de 18 anos
16 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Mal-estar entre Câmara de Marvão e associação que explora o castelo
PEDRO CUNHA
Gestão e exploração deste monumento nacional foram entregues ao CCM em 2013
A associação Centro Cultural de Mar-
vão (CCM), concessionária da gestão
e exploração do castelo daquela vi-
la alentejana, recusou a medalha de
mérito que a câmara municipal lhe
atribuiu, acusando a maioria PPD/
PSD no executivo de “menosprezar”
o trabalho voluntário feito pelos só-
cios nos últimos dois anos e meio.
Em causa está a abstenção do pre-
sidente da Câmara de Marvão, Vítor
Frutuoso, e de três vereadores do
PPD/PSD na votação da proposta de
atribuição daquela distinção, apre-
sentada pelo único vereador do PS.
Além de se absterem, os sociais-de-
mocratas apresentaram uma decla-
ração a explicar o sentido de voto:
argumentam que a associação fez
um trabalho “normal e aceitável”, e
atingiu os “objectivos mínimos” mas
fi cou “muito aquém” do que tinha
proposto, pelo que não merece re-
ceber a medalha.
A proposta acabou por ser apro-
vada e a entrega estava marcada
para 8 de Setembro, feriado muni-
cipal, mas a associação não compa-
receu. “Conseguimos transformar
um espaço que estava morto num
espaço com vida”, declara o director
do CCM, Tiago Pereira. “A câmara,
principal entidade responsável pelo
castelo, não só não reconhece isso
como ainda faz um ataque feroz à
nossa gestão, pondo em causa todos
os agentes associativos e culturais do
concelho, que colaboraram connos-
co”, acrescenta.
A gestão e a exploração do castelo,
classifi cado desde 1922 como monu-
mento nacional e inserido na área
protegida do Parque Natural da Serra
de São Mamede, foram entregues ao
CCM no início de 2013. Na altura, a
autarquia convidou as associações
do concelho a apresentarem propos-
tas para o espaço. O CCM concorreu,
assim como a associação Terras Sem
Sombra, mas o júri deu mais pontos
ao primeiro, que venceu a concessão.
A contrapartida fi nanceira é a receita
da venda de bilhetes — 1,30 euros por
pessoa, entre Maio e Outubro.
Durante dois anos e meio, o CCM
“lutou para dar visibilidade à vila e
ao castelo”, garante o director, vo-
luntário como os restantes sócios,
mais de uma centena, que se dedi-
foi, de resto, um dos argumentos do
vereador do PS: “Neste momento,
o castelo de Marvão tem uma pro-
jecção nunca antes vista, tem vida
própria e tem um futuro incrível”,
lê-se no texto da proposta.
“Atingimos as 100 mil visitas pagas
há cerca de um mês e meio”, afi r-
ma Tiago Pereira, lamentando que a
maioria no executivo não tenha “uma
palavra de reconhecimento”.
“Eu reconheço o trabalho deles, é
aceitável, mas não extraordinário”,
contrapõe Vítor Frutuoso. O autar-
ca defende que a medalha de mérito
deve ser atribuída a quem faz “servi-
ços excepcionais ao município, que
cumpre todos os requisitos e vai mais
além”, o que, na sua opinião, não
sucedeu. Frutuoso considera que o
CCM não cumpriu na íntegra o pro-
jecto que levou a concurso: critica,
por exemplo, a conversão da antiga
sala do Museu Militar numa loja ar-
rendada a um particular, “ao arrepio”
do que estava na proposta, esque-
cendo que aquele era o único espaço
no recinto interior com instalações
sanitárias, que deveriam ser de uso
colectivo e não particular. O autar-
ca desvaloriza também a referência
feita pelo TripAdvisor, para a qual,
sublinha, contribuíram as condi-
ções proporcionadas pela autarquia.
O contrato anual com o CCM, re-
novável até três anos, termina em
Fevereiro de 2016. “Vamos analisar
a situação e encontrar uma solução,
mas ainda não me debrucei sobre o
assunto”, diz o presidente da câma-
ra, prometendo uma decisão sobre
o futuro do castelo até ao fi nal de Ja-
neiro. Para já, diz apenas que o mu-
nicípio “difi cilmente terá condições”
para gerir o espaço, por falta de re-
cursos, mas vai tentar “tirar mais
proveito da exploração do castelo”,
com a criação, por exemplo, de um
bilhete que inclua outras atracções
do concelho.
Presidente da autarquia classifi ca gestão do monumento como “aceitável, mas não extraordinária”, e por isso não votou a favor da atribuição de medalha de mérito à associação Centro Cultural de Marvão
Património Marisa Soares
Avila histórica de Marvão vai celebrar, de 2 a 4 de Outubro, as suas raízes islâmicas e recriar o
ambiente vivido na época da sua fundação, no século IX. A 10.ª edição do Festival Al Mossassa, organizado em parceria com a cidade espanhola de Badajoz, terá espectáculos musicais, mercados de rua, danças orientais e até passeios de burro e lutas de espadas. o festival é “uma homenagem à cultura islâmica e a Ibn Marúan, figura ímpar e visionária, rebelde fundador das duas localidades”. M.S.
Festival celebra raízes islâmicas
cam também a outras actividades
de dinamização social, desportiva e
cultural do concelho. Tiago Pereira
enumera o trabalho desenvolvido
no monumento: os espaços vazios
foram ocupados por um atelier de
costura, uma galeria de arte, duas
lojas, uma cafetaria, um centro de
interpretação (inaugurado em Junho
na torre de menagem); foi criada
uma agenda cultural e um guia do
espaço em seis línguas; foram orga-
nizadas exposições temporárias; e
realizados trabalhos de manutenção
do jardim e dos edifícios. “Estamos
a trabalhar num áudio-guia acessível
para as pessoas invisuais, em várias
línguas”, acrescenta.
Ao longo de um ano e meio, o cas-
telo foi visitado por mais de 100 mil
pessoas, e em 2014 foi considerado
um dos dez principais pontos de refe-
rência no Portugal Travellers’ Choice,
numa votação promovida pelo site de
viagens TripAdvisor. Esta distinção
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 17
Breves
Mobilidade
Câmara de Loulé
Obras causam condicionamentos de trânsito em Lisboa
Três milhões para recuperar o Solar da Música Nova
O túnel da Avenida João XXI em Lisboa, que liga as freguesias das Avenidas Novas e do Areeiro, vai estar encerrado no período nocturno, entre as 22h e as 6h, a partir de sexta-feira e durante uma semana, até 1 de Outubro. O encerramento deve-se à realização de trabalhos técnicos e será em sentidos alternados, segundo informação da Câmara de Lisboa, mas pode ocorrer nos dois sentidos em simultâneo, “de acordo com a evolução dos trabalhos”. Também na Rua de Gualdim Pais e na Estrada de Chelas haverá condicionamento de trânsito, nos dois sentidos, entre hoje e 6 de Novembro, entre as 8h e as 17h. A autarquia vai proceder a obras de repavimentação nestas artérias.
A Câmara de Loulé vai investir três milhões de euros na recuperação do Solar da Música Nova, onde, durante décadas, funcionou a Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva e para onde deverá regressar. “Impunha-se recuperar aquele edifício”, disse ontem à Lusa o presidente da câmara, Vítor Aleixo (PS), acrescentando que, após as obras, o edifício irá acolher ainda o Conservatório de Música de Loulé e ficará apetrechado com um pequeno auditório.O antigo edifício senhorial está localizado praticamente no coração da cidade, mas está fechado e vedado há mais de uma década, por causa do avançado estado de degradação. As obras devem arrancar em Março ou Abril do próximo ano.
O presidente da Câmara de Monção,
o socialista Augusto Domingues,
anunciou, anteontem à noite, que
não poderá “garantir a continuidade
das aulas” no Agrupamento de Esco-
las de Monção a partir da próxima
segunda-feira, se a Assembleia Muni-
cipal também aprovar, na sexta-feira,
a denúncia do contrato de delegação
de competências celebrado com o Mi-
nistério da Educação e Ciência (MEC).
As declarações de Domingues à
Lusa seguiram-se a uma reunião do
executivo da Câmara de Monção, que
voltou a aprovar este corte de rela-
ções com o MEC, como já fi zera no
fi nal de Agosto.
Este corte terá como consequên-
cias, entre outras, “a transferência
do pessoal não docente das escolas
básicas e da educação pré-escolar
novamente para o ministério, a de-
volução da gestão do parque escolar
no 2.º e 3.º ciclos do ensino básico
e a suspensão de actividades de en-
riquecimento curricular no 1.º ciclo
do ensino básico”.
A proposta aprovada na segunda-
feira prevê ainda “a não afectação,
por parte da autarquia, de qualquer
pessoal para actividades educativas
na área de apoio à família, que pres-
supõe o fornecimento de refeições
ao pré-escolar e 1.º ciclo do ensino
básico, bem como o apoio ao prolon-
gamento dos horários”, o que porá
em causa o seu funcionamento.
Deste modo, a autarquia pretende
pressionar o MEC a homologar a elei-
ção do director do agrupamento de
escolas, realizada em Julho passado,
um procedimento que foi suspenso
pela Direcção-Geral da Administra-
ção Escolar (DGAE) por terem sido
interpostas três acções judiciais. O re-
curso aos tribunais por parte de pro-
fessores e pais tem sido uma cons-
tante desde a constituição do novo
agrupamento, em 2012, e levou já à
repetição, por três vezes, da eleição
do director, sem que em nenhuma
das vezes tivesse sido homologada
pelo ministério. O vencedor foi sem-
pre o docente Sérgio Gonçalves, que
foi vereador socialista na autarquia
de Monção e director do Agrupa-
mento de Escolas Deu-la-Deu Mar-
Monção não garante prosseguimento das aulas a partir de segunda-feira
tins, um dos que esteve na origem
da constituição do agrupamento de
Monção.
O MEC escusou-se a comentar
esta nova votação do executivo da
câmara. Na passada sexta-feira, o
presidente da Câmara de Monção
reuniu-se com o ministro Nuno Cra-
to. No fi nal do encontro indicou que
Crato o informou de que “duas das
três acções movidas por encarrega-
dos de educação foram retiradas”.
Nestas acções contestava-se a eleição
dos representantes dos pais para o
Conselho Geral Transitório do agru-
pamento.
“Para que a eleição do director
eleito seja homologada pela DGAE
falta ser retirada a última das três
acções que correm nos tribunais.
O ministério, e o próprio ministro
Nuno Crato, comprometeram-se a
interceder, junto dos seus autores,
para que a acção seja removida e o
problema ultrapassado”, explicou
Augusto Domingues.
Ao que o PÚBLICO apurou, Nuno
Crato e Augusto Domingues con-
cordaram, nesta reunião, em esta-
belecer um prazo de três semanas
para resolver a questão relativa à
suspensão do processo de homolo-
gação da eleição do director. Caso tal
não viesse a acontecer, acordaram
em reunir-se de novo a 9 de Outubro
para reavaliar a situação.
Na reunião da câmara de anteon-
tem, o autarca informou, contudo,
que logo na sexta-feira à tarde hou-
ve uma reunião com os autores da
terceira acção, movida por um dos
representantes dos pais no Conselho
Geral Transitório do agrupamento,
e que estes apenas indicaram que
iriam convocar uma assembleia geral
para discutir o assunto. Face a esta
posição que, segundo o autarca, só
irá prolongar ainda mais a actual situ-
ação de ímpasse, a câmara resolveu
solicitar de novo a Crato que chame a
si a decisão do processo, nomeando
Sérgio Gonçalves para presidente da
CAP, esclareceu.
O impasse no agrupamento “dura
há demasiado tempo e tem implica-
ções profundas em toda a comuni-
dade escolar. Ninguém merece isto.
As nossas crianças muito menos”,
justifi cou Augusto Domingues.
EducaçãoClara Viana
Novo ultimato ao MEC justificado com a não homologação das eleições para director do agrupamento de escolas
Abreu Amorim foi um dos deputados do PSD que sugeriu os nomes para a primeira direcção do agrupamento
Quatro anos que mudarama vida deles (e a nossa)
PEDROPASSOS COELHO
ÚLTIMO TRABALHO DA SÉRIE ESPECIAL
LEGISLATIVAS 2015
DOMINGO
18 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Portugal ultrapassa China e recupera primazia nas exportações para Angola
NELSON GARRIDO
Vendas para Angola continuam a cair, mas queda foi menos expressiva do que a verificada com a China
Portugal voltou a assumir a liderança
como principal fornecedor de Ango-
la, depois de ter sido ultrapassado pe-
la China no primeiro trimestre, o que
quebrou uma tendência histórica.
De acordo com os dados do Ins-
tituto Nacional de Estatística (INE)
de Angola, o valor de produtos por-
tugueses importados por este país,
entre Abril e Junho, foi de 67.239
milhões de kwanzas (cerca de 475
milhões de euros ao câmbio actual),
contra os 57.511 milhões de kwanzas
de produtos chineses. Deste modo,
no segundo trimestre, Portugal fi cou
com uma quota de mercado de 18%
contra os 15,4% da China.
Mesmo assim, esta alteração ape-
nas ocorreu porque as exportações
de bens chineses para o mercado
angolano sofreram uma queda mais
expressiva do que as de produtos
portugueses. Angola está a comprar
menos devido à crise económica que
atravessa (por causa da queda dos
preços do petróleo). Face ao primei-
ro trimestre, a variação relativa aos
bens vendidos por empresas portu-
guesas foi de -4% (-20% em termos
homólogos), e, no caso das empresas
chinesas, foi de -46,6% (-9,6% em ter-
mos homólogos).
Por outro lado, se os cálculos fo-
rem feitos em termos semestrais, é a
China quem ainda detém a liderança
nas relações comerciais com Angola,
já que o primeiro trimestre foi bas-
tante expressivo. Somando os dois
trimestres, as vendas de produtos
chineses chegaram aos 165.112 mi-
lhões de kwanzas, contra os 137.272
milhões de Portugal.
Já no caso da Coreia do Sul, que
surgiu de forma extraordinária no to-
po dos abastecedores do mercado an-
golano nos primeiros meses do ano,
os dados do INE vieram confi rmar
que havia um efeito extraordinário,
passando agora para a 12.ª posição.
A maior parte das compras feitas
por Luanda está relacionada com
máquinas e com produtos agríco-
las e alimentares, mas o leque de
importações é bastante vasto. Já as
exportações continuam a basear-se
quase exclusivamente no petróleo
(97,9% do total). O facto de a China
se apresentar como o principal clien-
te do petróleo angolano acaba por
colocar as relações comerciais com
Angola num patamar mais elevado
face a Portugal, quando se olha para
as trocas comerciais. Portugal surge
apenas na sétima posição no ranking
de clientes de Angola e, ao contrário
do que sucede com a China, a balança
comercial é positiva para a economia
portuguesa.
Em Agosto, o Governo angolano e
representantes do executivo chinês
assinaram um acordo monetário ao
abrigo do qual as respectivas moedas
nacionais passam a ser aceites em am-
bos os países. A medida vai facilitar
as compras de produtos chineses por
parte de Angola, ao mesmo tempo
que este país consegue contornar o
efeito de escassez de divisas interna-
cionais provocado pela crise.
O impacto do BES AngolaUma das características das relações
entre Portugal e Angola é a forte pre-
sença de empresas neste mercado,
com vários cruzamentos de partici-
pações, e, também, com a presen-
ça de alguns investidores angolanos
em Portugal. Esta situação verifi ca-
se também no sector fi nanceiro. De
acordo com a 10.ª edição do estudo
Banca em Análise, feito pela Deloitte e
apresentado ontem em Luanda, o re-
sultado líquido agregado dos bancos
que operam em Angola sofreu uma
queda de 50% em 2014, face ao ano
anterior, “infl uenciado pelo efeito
dos resultados do ex-BESA”, maio-
ritariamente detido pelo BES e que
colapsou no ano passado, tal como o
grupo da família Espírito Santo.
A análise da Deloitte refere que,
sem o efeito da queda do BES Ango-
la, “os resultados líquidos do sector
teriam registado um crescimento
de cerca de 12%”. Em 2014, os resul-
tados líquidos do sector não foram
além dos 45.400 milhões de kwanzas
(cerca de 321 milhões de euros, ao
câmbio actual). No fi nal de 2014 exis-
tiam 23 bancos a operar em Angola,
vários deles controlados por capitais
portugueses, como o BFA, o Millen-
nium Angola e o Banco Caixa Geral
Totta de Angola. Por seu lado, várias
instituições angolanas estão também
em Portugal, como é o caso do BIC,
BAI, Privado Atlântico e BNI. Já este
ano, o mercado angolano assistiu à
entrada de dois novos concorrentes,
o Banco de Investimento Rural e o
Banco Prestígio, e estão autorizados
outros quatro.
Portugal voltou a assumir a liderança enquanto fornecedor do mercado angolano no segundo trimestre, depois de ter sido ultrapassado pela China, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística de Angola
Comércio Luís Villalobos
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | ECONOMIA | 19
Comissão Europeia optou por não analisar a compra da empresa
DANIEL ROCHA
A Associação Peço a Palavra (APA)
vai questionar a Direcção-Geral da
Concorrência (DGC), em Bruxelas,
pelo facto de esta entidade ter op-
tado por não analisar a compra da
TAP, quando foi pré-notifi cada. “É
incompreensível que nos tenha res-
pondido que a operação não tinha
dimensão europeia, por não atingir
o limiar dos cinco mil milhões de eu-
ros [de volume de negócios global],
quando foi notifi cada a posteriori pela
Atlantic Gateway de que ultrapassava
esse patamar”, disse ao PÚBLICO o
vice-presidente da associação, Bru-
no Fialho.
A venda de 61% da TAP ao consór-
cio formado pela HPGB (de Hum-
berto Pedrosa) e pela DGN (de Da-
vid Neeleman) foi notifi cada à Auto-
ridade da Concorrência (AdC), que
já emitiu um projecto de decisão
favorável à operação. Foi com base
nos dados do processo de notifi ca-
ção, que requereu à AdC enquanto
contra-interessada neste dossiê, que
a APA constatou que o consórcio in-
formou ter pré-notifi cado Bruxelas da
operação, uma vez que “o volume de
negócios global das empresas atingiu
cinco mil milhões de euros”, mas foi
informado pela Comissão “de que
não se encontravam preenchidos os
limites comunitários”. Uma decisão
que a APA estranha, tendo em conta
a resposta que obteve da DGC, em Ju-
Associação Peço a Palavra quer esclarecimentos de Bruxelas sobre a TAP
lho. “Além da contestação ao projecto
de parecer da AdC também iremos
solicitar nova intervenção” da UE,
“suspendendo o processo, até que
esta situação seja completamente es-
clarecida”, disse Bruno Fialho.
Um volume de negócios das em-
presas envolvidas superior a cinco
mil milhões de euros não é, no en-
tanto, o único critério utilizado pela
Comissão para determinar se uma
operação de concentração tem di-
mensão comunitária. Essa dimensão
europeia verifi ca-se também quando
o volume de negócios total realizado
individualmente por pelo menos du-
as das empresas no mercado europeu
for superior a 250 milhões (a menos
que cada uma delas realize mais de
dois terços desta receita num único
Estado-membro). Mesmo quando es-
tes limiares não são ultrapassados,
há outros critérios para decidir se o
negócio tem escala europeia e se é
passível de afectar a concorrência
entre Estados.
Existem também várias metodolo-
gias de cálculo do volume de negó-
cios que podem ser utilizadas, tendo
em conta a alocação geográfi ca das
receitas. Isso é relevante quando está
em causa uma companhia de aviação,
que presta serviços transfronteiriços.
A decisão de notifi car uma transac-
ção é sempre responsabilidade das
empresas envolvidas, que têm de
analisar se o negócio em causa tem
ou não dimensão europeia. Depois
de discutir o caso com Bruxelas, no
âmbito dos procedimentos de pré-
notifi cação, em que são discutidas
matérias legais, o consórcio Atlantic
Gateway optou por notifi car o regu-
lador português. Em todo o caso,
a APA entende que estavam preen-
chidos os critérios para a Comissão
analisar a operação.
PrivatizaçõesAna Brito
Associação cívica diz que volume de negócios global do consórcio e da TAP justificava análise pelas autoridades europeias
PUBLICIDADE
O Banco de Portugal acaba de facili-
tar a denúncia de grandes infracções
cometidas pelas instituições fi nan-
ceiras, ao disponibilizar, através do
seu site, um formulário electrónico
para o efeito.
“O Banco de Portugal incentiva as
pessoas que tenham conhecimen-
to de indícios sérios deste tipo de
infracções a fazer uma participa-
ção através deste formulário elec-
trónico”, refere um comunicado
supervisor do sistema bancário. O
supervisor adianta que o mecanismo
Supervisor incentiva denúncia electrónica de infracções cometidas pelos bancos
agora criado “não se destina à apre-
sentação de reclamações de clientes
bancários relativamente à actuação
de instituições de crédito e de so-
ciedades fi nanceiras”, que podem
continuar a ser apresentadas através
de formulário próprio disponível no
portal do cliente bancário.
As infracções que o Banco de Por-
tugal (BdP) quer que sejam partici-
padas através do formulário agora
criado prendem-se com violações
ao Regime Geral das Instituições de
Crédito e Sociedades Financeiras e às
normas relativas a requisitos pruden-
ciais para as instituições de crédito
e para as empresas de investimento
(Regulamento UE n.º 575/2013, de 26
de Junho de 2013).
Na prática, são infracções como as
que foram cometidas no BES, BPP ou
BPN que o Banco de Portugal preten-
de que sejam comunicadas por quem
tiver conhecimento delas. Apesar de
admitir denúncias anónimas, a insti-
BancaRosa Soares
Banco de Portugal disponibiliza um formulário electrónico para a apresentação de queixas
tuição liderada por Carlos Costa lem-
bra que “a indicação da identidade e
dos contactos do autor da participa-
ção permite ao Banco de Portugal, ca-
so necessário, solicitar informações
adicionais”. O BdP destaca que para
além do formulário preenchido on-
line é recomendada a apresentação
dos documentos que fundamentam
a participação.
O BdP garante a protecção dos da-
dos pessoais recolhidos através do
formulário para participação de in-
fracções, nos termos da Lei n.º 67/98,
de 26 de Outubro.
O supervisor bancário refere ainda
que “é igualmente garantida a confi -
dencialidade sobre a identidade do
autor da participação a todo o tempo
ou até ao momento em que essa in-
formação seja exigida para salvaguar-
da dos direitos de defesa dos visados
pela denúncia, no âmbito das investi-
gações a que a mesma dê lugar ou de
processos judiciais subsequentes”.
28 Setembro 2015 14H30
Auditório 3FUNDAÇÃO CALOUSTE
GULBENKIANPETROLEOem Portugal
14.30 - 15.00 Receção e Registo
15.00 – 15.15 Sessão de Abertura Presidida pelo Senhor Secretário de Estado da Energia
15.15 – 15.45 Enquadramento Institucional ENMC, E.P.E. e Universidades
PROGRAMA 15.45 – 16.15 Abordagem dos Concessionários/Empresas
16.15 – 16.30 Coffee-Break
16.30 – 17.30 Abordagem dos Concessionários/Empresas
17.30 – 18.00 Debate
18.00 – 18.15 Conclusões - Encerramento ENMC, E.P.E.
INCRIÇÕES EM: inscricoes.conferencias@enmc.pt
(inscrições sujeitas ao limite da sala)
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015
PSI 20 -2,4 5011,14 242766351 5126,58 5126,58 4989,09 2,85 4,42ALTRI -4,03 3,62 449164 3,76 3,76 3,58 8,81 45,63BANIF -2,5 0,00 46734830 0,00 0,00 0,00 2,56 -31,58BPI -4,31 0,91 3847906 0,96 0,96 0,90 17,12 -11,31BCP -2,6 0,05 164331670 0,05 0,05 0,05 2,46 -25,88CTT 0 10,11 585761 10,10 10,13 9,99 4,77 26,11EDP -2,23 3,03 6223068 3,10 3,10 3,02 2,45 -5,87EDP RENOVÁVEIS -2,23 5,84 285220 5,94 5,94 5,78 1,58 8,12GALP ENERGIA -0,75 8,86 2638708 9,06 9,06 8,75 4,27 5,10IMPRESA -0,87 0,68 40045 0,69 0,69 0,67 -2,00 -13,58J. MARTINS -3,29 11,89 773986 12,26 12,30 11,84 0,24 42,65MOTA-ENGIL -4,19 2,01 738313 2,12 2,12 2,01 2,69 -24,39NOS -1,54 7,11 722320 7,17 7,23 7,05 0,38 35,70PHAROL -4,29 0,27 8458027 0,28 0,28 0,26 11,55 -68,98PORTUCEL -2,22 3,08 1250743 3,16 3,16 3,06 2,40 -0,03REN -0,82 2,65 414766 2,66 2,68 2,60 2,30 10,06SEMAPA -5,7 11,18 165405 11,88 11,88 11,02 -1,74 11,47TEIXEIRA DUARTE -0,67 0,44 55122 0,45 0,45 0,43 0,68 -37,83SONAE -3,35 1,07 5051297 1,11 1,11 1,06 5,64 4,30
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 164.331.670Banif 46.734.830Pharol 8.458.027EDP 6.223.068Sonae 5.051.297
CTT 0,00%Teixeira Duarte -0,67%Galp Energia -0,75%
Semapa -5,70%BPI -4,31%Pharol -4,29%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
1,110,72
133,484,5074
1,08
-0,038%0,036%
47,151125,36
0,40%2,61%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
2800
3050
3300
3550
3800
4500
5000
5500
6000
6500
0,000
0,035
0,070
0,105
0,140
-2,4%-3,41%-1,09%
NUNO FERREIRA SANTOS
O presidente da PT, Paulo Neves, revelou que a PT Inovação vai trabalhar para todo o grupo Altice
Depois de anos de indefi nição, a
proposta da Comissão Europeia pa-
ra acabar com as tarifas de roaming
no espaço europeu, o tão propala-
do roaming zero, está agendado para
Junho de 2017. Mas a mudança está
longe de trazer benefícios para os
consumidores portugueses, alerta-
ram ontem os presidentes da NOS,
PT (MEO) e Vodafone, na conferência
anual da Anacom.
Miguel Almeida, presidente da
NOS, queixou-se do “equívoco” so-
bre os benefícios do fi m do roaming e
criticou “a ideia peregrina” de que os
países do Norte podem usar de graça
as infra-estruturas que os accionistas
das empresas portuguesas pagaram
“para fazer a vontade aos senhores
de Bruxelas”.
Tratando-se de um país que é gran-
de receptor de turismo, os pratos da
balança fi cam muito desequilibrados
para as empresas portuguesas, pois
terão um grande fl uxo de tráfego gra-
tuito sobre as suas redes, enquanto o
inverso não acontece, queixou-se o
gestor. Para Miguel Almeida, a medi-
da “é inaceitável”, e, garantiu, “só vai
Operadores dizem que portugueses vão pagar fim do roaming na Europa
onerar ainda mais os consumidores
portugueses”, porque “há um custo
que tem de ser pago”.
O presidente da PT Portugal, Paulo
Neves, notou que esta é uma matéria
em que empresas e regulador estão
de acordo. A presidente da Anacom,
que preside ao BEREC, grupo dos re-
guladores europeus das comunica-
ções, alertou anteriormente para a
questão do fi m do roaming e para a
discrepância entre os países do Norte
e os do Sul. Para Fátima Barros, po-
derá criar-se uma situação em que
“quem não viaja, paga por quem via-
ja”, uma vez que os portugueses via-
jam muito menos do que os europeus
do Norte e que, apesar da perda de
receitas com roaming, os operadores
vão continuar a ter um custo que “al-
guém terá sempre de pagar”.
Paulo Neves alertou ainda para os
picos de serviço sazonais, quando “o
Algarve for invadido” por turistas e
houver uma sobrecarga nas redes.
“De certeza que um turista vai utili-
zar o telefone com menos restrições
do que se estivesse numa chamada
em roaming”, notou o novo presiden-
te da PT, que anunciou que o traba-
lho desenvolvido pela PT Inovação
vai ser utilizado pelas 15 empresas
do grupo Altice.
O líder da Vodafone Portugal,
Mário Vaz, considerou ainda que o
roaming é “um caso emblemático”
daquilo que é a fi losofi a da Comissão
em matéria de regulação. O gestor
criticou “o tempo que se perdeu”
com uma tema para o qual “os ope-
radores já tinham encontrado uma
solução” e para o qual bastava a Bru-
xelas “deixar o mercado funcionar”.
“Perderam-se anos” com um tema
que “é menor” em impacto em recei-
tas para o sector quando já se devia
estar a discutir a forma como a regu-
lação deve adaptar-se a novas empre-
sas e aplicações como o Facebook,
o Skype (Microsoft), ou o WhatsApp
(os chamados operadores over the
top ou OTT), que não são reguladas e
prestam serviços que competem com
os dos operadores de telecomunica-
ções em cima das redes em que não
investiram, lamentou Mário Vaz.
Deve a regulação intervir nestes
casos? Deve haver regras também pa-
ra estas empresas? Essas foram ques-
tões levantadas por outros oradores
da conferência da Anacom sobre os
desafi os da regulação europeia pa-
ra os próximos anos. Mas, para os
operadores de telecomunicações, a
resposta tem de ser urgente.
“A regulação ainda olha para os
OTT como se eles fossem emergen-
tes, quando já cá andam há muitos
anos”, acusou Mário Vaz. O presiden-
te da Vodafone entende que a regu-
lação tem de evoluir para um com-
promisso em que os OTT passem a
ter de respeitar regras e em que haja
uma fl exibilização das restrições re-
gulatórias impostas aos operadores
para que estes possam desenvolver
serviços inovadores assentes em
dados que hoje afi rmam não poder
utilizar como, por exemplo, a loca-
lização dos seus clientes.
TelecomunicaçõesAna Brito
Presidentes da NOS, MEO e Vodafone dizem que regras de Bruxelas que acabam com o roaming em 2017 vão ter impacto no mercado
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | ECONOMIA | 21
Um escândalo com custos incertos põe investidores a fugir da Volkswagen
ODD ANDERSEN/AFP
O CEO da VW, Martin Winterkorn (direita), aqui ao lado do CEO of Porsche, Matthias Mueller, recebeu recados de várias frentes, até de Merkel
Multas das autoridades reguladoras
(eventualmente, dos dois lados do
Atlântico), potenciais processos na
Justiça, vendas suspensas, danos de
reputação, a recolha às ofi cinas de,
pelo menos, 482 mil veículos — não
é fácil calcular quanto vai custar à
Volkswagen ter feito batota para pas-
sar nos testes antipoluição dos EUA.
Os investidores acreditam que a con-
ta vai ser muito elevada e apressa-
ram-se a desfazer-se de acções nestes
dois dias. O grupo alemão já pôs de
lado 6500 milhões de euros.
As acções do Grupo Volkswagen
(que vez detém também a Seat, Sko-
da, Audi e Porsche) caíram ontem
18% na Bolsa de Frankfurt, depois
de uma descida de 19% na segunda-
feira. Em dois dias, o grupo perdeu
perto de 30 mil milhões de euros em
capitalização bolsista, cerca de um
terço do total.
A provisão de 6500 milhões, es-
clarece a Volkswagen, servirá para
custear as medidas necessárias para
recuperar a confi ança dos clientes e
terá impactos negativos nas contas
do terceiro trimestre do fabricante
de automóveis alemão, obrigando
a rever a estimativa de lucros para
2015. O grupo acrescentou ainda
que, devido às investigações em cur-
so, “os valores em causa podem ser
sujeitos a uma reavaliação”.
A preocupação com as emissões
poluentes dos carros a diesel esten-
deu-se dos EUA à Europa, onde as
acções de outros fabricantes de au-
tomóveis também foram arrastadas
para terreno negativo, num dia que
foi de perdas generalizadas nas bol-
sas. A BMW e a Daimler (fabricante
dos Mercedes) caíram 6%. Já a Peu-
geot desceu 9%, depois de o Governo
francês ter apelado a uma investiga-
ção em todo o continente.
“Mesmo que seja para tranquilizar
uns e outros, acho que é necessário
fazê- lo também para os fabrican-
tes franceses”, disse Michel Sapin,
acrescentando, contudo, que não
tem qualquer razão para pensar
que a indústria automóvel francesa
teve uma conduta semelhante à da
Volkswagen. “Não se trata de assun-
tos menores. Não estamos a falar da
velocidade ou da qualidade do cou-
ro. Trata -se de evitar que as pessoas
11 milhões de veículos, embora a em-
presa garanta que na Europa as leis
estão a ser cumpridas. “O software
em questão não afecta a manipula-
ção, consumo ou emissões”, frisou a
empresa. Anualmente, a Volkswagen
vende cerca de 10 milhões de auto-
móveis.
Na segunda-feira à noite, em No-
va Iorque, durante o lançamento
do novo Volkswagen Passat 2015, o
responsável da marca naquele país
juntou-se ao pedido de desculpas já
feito pelo grupo na sexta-feira. “A
nossa empresa foi desonesta com
a EPA [Agência de Protecção Am-
biental dos EUA] e com a CARB [o
organismo equivalente à EPA no
estado da Califórnia), assim como
com todos vós. Em alemão, diríamos
que fi zemos asneira” afi rmou Micha-
el Horn.
O escândalo poderá ainda ter re-
percussões para o presidente execu-
tivo do grupo, Martin Winterkorn,
que recentemente teve de enfrentar
uma luta de poderes interna. Esta se-
mana (e tal como já estava programa-
do antes do escândalo) o conselho de
supervisão vai decidir sobre a reno-
vação do contrato de Winterkorn.
Segundo a imprensa alemã, citada
pela agência Reuters, o conselho terá
antecipado uma reunião para ontem
à noite. Até à hora de fecho, nada se
sabia sobre este encontro. Ontem,
Winterkorn gravou um vídeo de des-
culpas e parece não fazer tenções de
abandonar o cargo. “Peço imensas
desculpas aos nossos clientes (...) Tu-
do vai ser posto em cima da mesa, da
forma mais rápida, efi ciente e trans-
parente possível”, disse o executivo,
que já na sexta-feira, em comunica-
do, fi zera afi rmações semelhantes.
com Raquel Martins
Grupo pôs de lado 6500 milhões de euros para despesas relacionadas com o caso. Fabricantes de automóveis caíram nas bolsas europeias, mas a marca alemã voltou a protagonizar a maior descida
EmpresasJoão Pedro Pereira
sejam envenenadas pela poluição”,
reforçou.
Por seu lado, a chanceler alemã
apelou à transparência. “O ministro
dos Transportes está em contacto
com a empresa, a Volkswagen, e es-
pero que os factos sejam postos em
cima da mesa o mais rapidamente
possível”, afi rmou Angela Merkel.
O grupo alemão já reconheceu a
falha, o que poderá ajudar a minimi-
zar as sanções nos EUA. A multa apli-
cada pelo regulador pode, no pior
cenário, ascender a 18 mil milhões
de dólares, o equivalente a 37.500
dólares por veículo vendido nos EUA
onde o software capaz de enganar
os testes foi instalado. No entanto,
os pedidos de desculpas públicos e
o facto de a empresa estar a coope-
rar com as autoridades deverão re-
duzir aquele montante. Em todo o
mundo, as irregularidades abarcam
30Em dois dias, o grupo perdeu 30 mil milhões de euros de valorização em bolsa, cerca de um terço do total
482Nos EUA, o software está instalado em 482 mil automóveis, incluindo um modelo da Audi. O número ascende a 11 milhões em todo o mundo
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
MacosmiA empresa que resistiu à falência, ao 11 de Setembro e a uma penhora do Estado por enganoMacosmi, agora uma fi rma de sucesso na área do calçado, fi cou há três meses com as contas penhoradas. Segurança Social exigia meio milhão de uma dívida que, afi nal, não existia. Ministro da Economia agiu para salvar empresa que viu negócio de milhões crucial falhar após o ataque nos EUA
Sentado num stand
da Mic am, em
Milão, Itál ia, a
maior e mais pres-
tigiada feira mun-
dial de calçado, o
empresário José
Machado vislum-
bra, de surpre-
sa, o ministro da
Economia, António Pires de Lima.
Levanta-se e sorri quando os sapa-
tos do governante fazem caminho
para o espaço da sua empresa, a
Macosmi.
“Temos das mais bonitas e em-
blemáticas fábricas de calçado [em
Santo Tirso]”, anuncia num gesto
romanceado, de braços arguidos,
tratando Pires de Lima, que no iní-
cio de Setembro visitou as empre-
sas portuguesas naquela feira, por
“senhor primeiro-ministro”.
“Foi este o senhor que teve aque-
le tal problema”, diz Manuel Carlos,
director-geral da Associação Portu-
guesa dos Industriais do Calçado,
Componentes e Artigos de Pele e
seus Sucedâneos (APICCAPS), agar-
rando o braço ao ministro. Pires de
Lima solta um “ah!” e um “pois”,
confi rmando o sucedido. Depois,
alegra-se e corrige o empresário
que, porém, insiste em tratar o go-
vernante pelo cargo de Pedro Pas-
sos Coelho.
A deferência talvez encontre ex-
plicação numa ajuda do ministro
que valeu meio milhão de euros à
Macosmi. Em Julho, três meses an-
tes da realização da feira, o telefone
do gabinete de Pires de Lima tocou.
A Segurança Social tinha penhora-
do as contas da Macosmi devido a
uma dívida de 500 mil euros que,
que durante dez dias capturou as
contas da Macosmi.
A fi rma familiar, que conta ago-
ra 15 anos, facturou 11 milhões em
2014 e prevê facturar 15 milhões em
2015. Começou com 12 funcioná-
rios em 1997, a produzir 100 pares
de sapatos por dia. Tem agora 192
funcionários e produz 1600 pares
de sapatos por dia para toda a Eu-
ropa, Estados Unidos da América, e
América do Sul, incluindo projectos
para a Colômbia, onde a indústria
do calçado portuguesa prospera. A
empresa tem a Coque Terra, uma
marca de sapatos de média gama, a
marca Atelier do Sapato, uma mar-
ca de sapatos de luxo e a Jomami,
uma unidade de corte e costura, em
Castelo de Paiva. “É uma empresa-
exemplo”, sintetizou Manuel Car-
los ao ministro, em Itália, durante
a feira que ocorreu entre 1 e 4 de
Setembro.
Do pequeno pavilhão de 500 me-
tros quadrados, onde inicialmen-
te se instalou, em São Martinho do
Campo, Santo Tirso, a empresa foi
comprando os pavilhões em redor
— são agora oito — e passou para os
10 mil metros quadrados. Actual-
mente ainda em obras, com a insta-
lação de novas linhas de produção,
a fi rma está também a construir um
ginásio para oferecer melhores
condições de vida aos trabalhado-
res. Custou 20 mil euros e deverá
estar pronto no próximo mês, a par
das obras num dos pavilhões da em-
presa onde se insere.
“Comprámos agora um outro pa-
vilhão e vamos criar um pequeno gi-
násio para oferecer um estilo de vida
diferente do que hoje temos. Muitos
empregados ainda estão connosco
desde o início. Trabalhamos oito ho-
ras por dia. Queremos dar-lhes algo
diferente”, explica José Machado.
Pedro Sales Diasafi nal, não existia. Foi o ministro
que, em último recurso, desenla-
çou o problema.
O sócio-gerente José Machado ti-
nha, sem sucesso, tentado resolver
a inesperada questão directamente
na Segurança Social. Falou até com
o presidente da instituição, mas só
Pires de Lima, a pedido da APIC-
CAPS que o contactou por telefo-
ne, salvou a empresa. Conta José
Machado que se terão conjugado
“as boas vontades” do ministério
de Pires de Lima (CDS-PP) e do Mi-
nistério da Solidariedade, Emprego
e Segurança Social, de Pedro Mota
Soares (CDS-PP), para que o pro-
blema fosse resolvido.
“Alguém lhe [Pires de Lima] pe-
diu ajuda”, garante, acabando de-
pois por admitir a intervenção da
associação do sector. A acção teve
frutos. A Segurança Social emitiu
uma declaração a admitir o erro
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | ECONOMIA | 23
A própria empresa sempre teve
de fazer um grande esforço, com
constante ginástica nas suas contas,
para se manter viva. De facto, o erro
da Segurança Social não foi a única
adversidade no capítulo das cons-
tantes vicissitudes que assolaram
a Macosmi desde que foi criada. E
nem sempre a empresa teve direito
ao glamour das feiras mundiais de
sapatos, como a da Itália, onde Por-
tugal esteve representado por 93
fi rmas em Setembro deste ano.
Na memória, José Machado ainda
tem marcada a falência em 2001.
Até esse ano, o empresário apostou
tudo no mercado norte-americano.
Juntamente com os outros dois só-
cios, seus cunhados, José Miguel
Rodrigues e Joaquim Gonçalves,
tinha investido tudo o que tinham
na fi rma desde a sua criação: meio
milhão de euros. A facturação não
passava então de 1,5 milhões de eu-
ros por ano. “A nossa rentabilidade
era quase toda para os bancos”, diz
José Machado. Um negócio com a
Nordstrom, uma grande cadeia nor-
te-americana de venda de sapatos,
prometia 1,5 milhões de euros com
a venda de 50 mil pares de sapatos.
“Era um estofo fi nanceiro muito in-
teressante”, lembra o empresário,
com algum lamento.
11 de Setembro de 2001. José Ma-
chado entra manhã cedo num cabe-
leireiro e o que vê na televisão deixa-
o sem chão: “As torres gémeas foram
destruídas”. Durante seis meses, o
prometido negócio com os Estados
Unidos da América esteve parado.
“Ninguém sabia se ia acontecer a
terceira guerra mundial. Da Amé-
rica ninguém nos dizia nada. Não
havia notícias do nosso negócio”,
conta o administrador, que teve, fi -
nalmente, de vender os sapatos a
“preço de saldo”, por cá.
Por cinco euros cada par, conse-
guiu facturar 250 mil euros, bem
longe do tão esperado milhão e
meio de euros. “Foi uma grande
perda e em Março de 2002 perce-
bi que estava tramado. As dívidas
já ultrapassavam o valor da factu-
ração. Com mais um milhão e meio
em cima da dívida de um milhão,
a dívida total passou para dois mi-
lhões e meio. Lembro-me de dizer:
‘Estou tramado. Não consigo supe-
rar isto. É a falência técnica’”, re-
corda o empresário.
A honestidade foi a melhor solu-
ção. José Machado chamou todos
na fi rma: o advogado, os sócios
e os 46 funcionários. Falou-lhes
num plenário, tomado por uma
emoção dúbia, ora governado pe-
la tristeza, ora pela coragem que
fi nalmente vincou no fi nal. “Vocês
conhecem-me. Já estão comigo há
quatro anitos. Não vim aqui para
perder. Parti as pernas, mas vou
recuperar. Confi o em vocês, con-
fi em também em mim”.
O apelo resultou: os funcioná-
rios acreditaram no futuro da em-
presa e o salário nunca lhes faltou.
José Machado recorreu a um Plano
Especial de Revitalização e con-
seguiu também negociar com os
fornecedores um perdão de 30%
das dívidas. Em sete anos, pagou
o restante. O plano contou ainda
com o recurso a bancos, mas, pa-
ra fi nanciar a Macosmi, José Ma-
chado e os cunhados tiveram de
hipotecar as casas e os bens.
O episódio que quase signifi -
cou o fi m da Macosmi tinha já,
contudo, um prenúncio: afi nal,
os problemas começaram logo de
início. Quando, em 1997, José Ma-
chado se candidatou ao Sistema
de Apoio a Jovens Empresários e
avançou, crente no apoio, com a
constituição da empresa, não es-
perava que em 1998 a candidatu-
ra fosse recusada. Já tinha então
investido meio milhão. “Tinham-
me garantido que o projecto tinha
sido aprovado, mas depois recebo
uma carta na empresa que dizia
que afi nal foi recusado por falta
de autonomia fi nanceira. Mas isso
foi treta. O Governo é que não ti-
nha no orçamento a capacidade e
o dinheiro sufi ciente para apoiar a
indústria”, critica o empresário.
Como deu a empresa a volta ao
infortúnio? Mais uma vez, José Ma-
chado, que antes de se aventurar
no sector do calçado tinha quatro
lavandarias, três clubes de vídeo,
uma loja de loiças, uma de deco-
ração, um café e um gabinete de
contabilidade, além de trabalhar
num empresa têxtil, teve de ape-
lar ao génio que desenvolvera an-
teriormente nos vários negócios.
Bateu à porta de todos os ban-
cos que então existiam e conse-
guiu “apoios pontuais a curto
prazo de 100 a 200 mil euros” e
forçou o aumento “do nível produ-
tivo”. De 100 pares de sapatos por
dia, a Macosmi passou a produzir
400. Isso signifi cou também pas-
sar dos 12 para as 42 funcionários
e gerir bem a dívida. “Acabava-se
uma livrança e tinha-se de pagar
outra”, recorda José Machado.
Quinze anos depois, o empre-
sário respira de alívio face aos
contratempos que atingiram a
empresa e contenta-se por nunca
ter desistido. “Face a tantas difi -
culdades, não há quem não pen-
se em desistir. Mas depois dessas
vicissitudes todas, sinto-me enco-
rajado pelo esforço que tivemos.
Sinto-me um homem feliz e orgu-
lho-me do percurso que fi zemos”,
refere. Agora só falta “o ministro
Pires de Lima, que tem ajudado
muito a indústria do calçado”,
responder ao convite e ir visitar
a Macosmi. A fi rma que derrotou
todas as tormentas, “merece ser
vista”, realça.
DIOGO BAPTISTA
Foi uma grande perda e em Março de 2002 percebi que estava tramado. As dívidas já ultrapassavam o valor da facturaçãoJosé MachadoSócio-gerente da Macosmi
24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Acordo sobre distribuição de 120 mil refugiados não disfarça divisões da UE
A União Europeia aprovou “por larga
maioria” o plano para a distribuição
de 120 mil refugiados durante dois
anos, e de forma voluntária. A deci-
são tem de ser ratifi cada hoje pelos
chefes de Estado e de Governo, em
Bruxelas.
A Hungria, a República Checa,
a Roménia e a Eslováquia votaram
contra, apesar de na véspera Bruxe-
las ter deixado cair a ideia, rejeita-
da por vários governos do Centro e
Leste europeus, das quotas obrigató-
rias, que atribuía a cada Estado um
determinado número de refugiados,
de acordo com a riqueza e tamanho
dos países.
Foi o ministro checo, Milan Cho-
vanec, quem primeiro anunciou, via
Twitter, que o seu país, a Hungria, a
Roménia e a Eslováquia tinham vo-
tado contra; a Finlândia e a Polónia
abstiveram-se. Logo depois, Chova-
nec deixou na rede social um comen-
tário ao conteúdo e à praticabilidade
do acordo: “Muito depressa vamos
verifi car que o rei vai nu. Hoje per-
deu-se todo o bom senso”.
Antes do encontro, este grupo de
países que votou contra insistiu que
a decisão fosse tomada por unanimi-
dade, como são todas as que têm im-
plicações na soberania de cada país.
Não conseguiram. Logo à entrada, o
ministro espanhol Jorge Fernandez
Diaz já tinha avisado que, se não hou-
vesse unanimidade, a decisão seria
tomada por maioria.
A distribuição acordada diz respei-
to a 66 mil refugiados que já chega-
ram à Grécia e a Itália. Os restantes
54 mil — inicialmente atribuídos à
Hungria, mas o Governo de Victor
Orbán recusou ser considerado país
de entrada na União Europeia — pas-
sam para uma reserva a que os Esta-
dos podem recorrer se tiverem um
afl uxo excepcional de refugiados.
As 120 mil pessoas a que o acor-
do se destina são sobretudo sírias,
iraquianas e da Eritreia, chegadas,
o mais tardar, há um mês à Grécia e
a Itália. Trata-se de uma gota no pro-
blema, uma vez que no espaço euro-
peu entraram centenas de milhares
de pessoas e o fl uxo não pára. Só na
última semana entraram na Croácia
30 mil pessoas, a maioria sírios.
Por isso, antes mesmo da votação
dos ministros do Interior e da Justiça
no Luxemburgo, a decisão foi consi-
derada insufi ciente pela Agência das
Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR), que propusera que a UE
começasse a trabalhar com um nú-
mero superior (200 mil) e que consi-
dera que as decisões agora tomadas
terão que ser revistas. “Nesta altura
da crise, um programa de distribui-
ção por si só não é sufi ciente para
estabilizar a situação”, disse a por-
ta-voz do ACNUR, Melissa Fleming,
pedindo o alargamento e a melhoria
de condições dos campos de acolhi-
mento em Itália e na Grécia.
Há uma lacuna crucial no acordo
agora alcançado — é pontual, não
tem inscrita a possibilidade de vol-
tar a ser aplicado a um novo grupo
de refugiados, em breve. O ministro
luxemburguês dos Negócios Estran-
geiros — o país detém a presidência
rotativa da UE — disse que serão os
chefes da diplomacia dos 28 quem
discutirá “mecanismos permanen-
tes” de distribuição de refugiados e
pessoas à procura de asilo.
O acordo diz que a aplicação é
obrigatória em todos os países, mas
que não haverá penalizações para os
Estados-membros que não o cumpri-
rem. E, segundo o jornal El País, que
teve acesso ao documento, estipula
que um máximo de 30% dos refu-
giados atribuídos a cada país sejam
recebidos no prazo de um ano; ou
seja, uma decisão sobre o futuro de
uma alta percentagem destas pessoas
não será tomada no curto prazo.
Uma jornalista da Euronews teve
acesso à lista de distribuição e pu-
blicou partes dela no Twitter. Dos
que estão em Itália, por exemplo,
4027 irão para a Alemanha, 3064
para a França, quase três mil para a
Holanda, 54 para Malta; 1201 foram
atribuídos à Polónia, 982 à Finlândia.
O Reino Unido está fora desta distri-
buição — assim como a Dinamarca e
Hungria, República Checa, Roménia e Eslováquia votaram contra. Finlândia e Polónia abstiveram-se. Sírios, iraquianos e eritreus serão os principais grupos a ser recolocados em vários países da Europa
Crise humanitáriaAna Gomes Ferreira
KAI PFAFFENBACH/REUTERS
Migrantes que esperam pela resposta aos seus pedidos de asilo num centro de acolhimento em Hanau, na Alemanha
a Irlanda, devido a excepções nos es-
tatutos que regem a União —, já tendo
anunciado que irá a campos de refu-
giados de sírios na Turquia, Jordânia
ou Líbano, preencher a quota que se
atribui a si próprio.
Resta saber como irão aplicar es-
tas decisões os países que votaram
contra, uma vez que não existe ca-
rácter de obrigatoriedade. Sobre os
outros pontos do plano Juncker — os
apoios fi nanceiros ou a criação de
mais campos de acolhimento — na-
da transpareceu desta reunião que
arrancou a ferros um acordo. Será
matéria para os chefes de Estado e
de Governo discutirem hoje.
O primeiro país a anunciar que não
vai aplicar o acordo foi a Eslováquia e
não se adivinha uma cimeira pacífi ca
em Bruxelas, à luz do que aconteceu
ontem no Luxemburgo — um diplo-
mata que falou à Reuters descreveu a
atmosfera como “terrível”, “um mau
dia para a Europa”.
O ambiente tem sido de batalha en-
tre os Estados-membros. Com mais
intensidade do que há escassos me-
ses, quando a UE enfrentou a crise da
Grécia, fi ca claro que cada país defen-
de princípios próprios e objectivos
nacionais. As declarações rancorosas
têm-se sucedido e ontem voltaram a
ouvir-se. Os primeiros-ministros da
Sérvia e da Croácia, países saídos da
fragmentação da Jugoslávia, quase
fi zeram declarações de guerra. Am-
bos estão envolvidos num jogo de
empurra de dezenas de milhares de
refugiados. Mas foi o encerramento
das fronteiras croatas aos transportes
de mercadorias com destino à Sérvia
(a pretexto de bloquear a possível en-
trada de mais refugiados) que leva-
ram o sérvio Aleksandar Vucic a dizer
que o seu país iria reagir. “A Sérvia
vai reagir com calma, sem violar os
regulamentos, mas mostrando que a
Croácia não pode humilhar a Sérvia
sem que haja consequências”.
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | MUNDO | 25
2000Número de militares que Moscovo quer ter no terreno para defender Latakia, a “capital” do bastião alauita fiel a Assad
A Rússia e o Irão estão preparados
para aumentar a sua presença mi-
litar na Síria e ajudar o regime de
Bashar al-Assad na luta contra os
extremistas islâmicos no país. Dis-
seram-no ontem os dois principais
aliados do Presidente sírio, em Mos-
covo e Teerão, e dizem-no responsá-
veis de governos ocidentais, tendo
por base movimentações de fi guras
militares que sugerem que russos
e iranianos estão prontos para um
esforço concertado no bastião de
poder do Presidente sírio.
“Teerão e Moscovo tencionam
usar todo o seu potencial para aju-
dar a Síria a sair desta crise”, disse
o ministro adjunto dos Negócios Es-
trangeiros iraniano, de visita à Rús-
sia, sublinhando a ideia já repetida
pelo Kremlin de que Assad fará sem-
pre parte de uma solução política
para o confl ito. Na capital iraniana,
o Presidente Hassan Rouhani afi r-
mou por ocasião do 35.º aniversário
do início da guerra com o Iraque que
a região não deve ter demasiada fé
“nos poderes ocidentais como seus
defensores”. “[Se] os terroristas co-
meçarem a expandir, as únicas es-
peranças serão o exército iraniano
e a Guarda Revolucionária.”
Há muito que os dois países
apoiam o Exército de Assad. O Irão
fá-lo através do Hezbollah e outras
milícias iranianas, que se tornaram
aliados indispensáveis para Assad
no terreno. Empresta também mi-
lhares de milhões de euros ao Go-
verno e garante-lhe ainda crédito
para combustíveis. O Governo ira-
niano diz que não tem militares ou
conselheiros seus na Síria, mas são
comuns avistamentos de membros
da Guarda Revolucionária do Irão
na Síria.
Teerão e Moscovo têm relações
diplomáticas próximas, como o
ilustram os frequentes encontros
entre os seus responsáveis diplo-
máticos. Mas agora há informações
de governos no Ocidente que suge-
rem que os dois países estão a co-
ordenar esforços militares na Síria,
como avançou na segunda-feira o
Wall Street Journal. Segundo o diário
norte-americano, o líder das forças
Moscovo e Teerão estão dispostos a aumentar apoio militar a Assad
de elite iranianas e fi gura maior na
Guarda Revolucionária, o general
Qasem Soleimani, visitou recente-
mente Damasco e Moscovo e foi de-
cisivo para a decisão russa de enviar
tropas para a base aérea de Latakia,
no bastião alauita fi el a Assad.
É aí que fi ca a estratégica base
militar do Kremlin na Síria e onde,
segundo responsáveis norte-ame-
ricanos, têm também chegado mi-
litares iranianos. Por enquanto, só a
presença russa é abertamente assu-
mida. Ao longo do fi m-de-semana,
aliás, o Exército intensifi cou osten-
sivamente o seu destacamento em
Latakia.
Há agora 500 marines russos
quando na semana passada havia
apenas 200; mais 24 caças de ataque
terrestre — doze SU-24 e o mesmo
número de SU-25 —, quando antes
havia apenas quatro caças de com-
bate aéreo Flanker; há agora nove
tanques T-90 e 15 helicópteros Hip
e Hind, de transporte e ataque, res-
pectivamente. A protegê-los, há pe-
lo menos dois sofi sticados sistemas
antiaéreos SA-22. De acordo com o
Financial Times, o plano do Kremlin
é ter pelo menos 2000 militares em
Latakia — número normal para gerir
e defender uma base de ataques aé-
reos, segundo o jornal britânico.
Moscovo diz que nunca escondeu
o seu apoio militar a Bashar al-Assad
e que envia tropas para a Síria para
combater grupos extremistas, entre
eles o autoproclamado Estado Islâ-
mico. Na segunda-feira, os russos
começaram a patrulhar o terreno
com drones de vigilância, embora
os seus jactos ainda não tenham le-
vantado da base na costa do Medi-
terrâneo.
A intervenção militar de Moscovo
apanhou o Ocidente de surpresa.
Uma das justifi cações mais credíveis
sugere que o Kremlin se quer posi-
cionar como um actor incontornável
no confl ito sírio e infl uenciar o seu
desfecho político. Vladimir Putin
pode fazê-lo já na Assembleia Geral
das Nações Unidas, no fi nal do mês,
em Nova Iorque, ao centrar o debate
sobre a Síria no combate ao extre-
mismo islâmico e desviar o foco do
regime do Presidente Assad.
O Presidente russo quer também
sair do isolamento diplomático que
lhe valeram as intervenções mili-
tares no Leste da Ucrânia. Nesse
campo, já soma vitórias. Washing-
ton abriu uma linha de contacto na
passada sexta-feira para garantir
que as suas forças não entram em
confronto no espaço aéreo sírio e,
na segunda-feira, Putin recebeu em
Moscovo o primeiro-ministro israe-
lita, Benjamin Netanyahu, que quer
evitar que a intervenção russa arme
ou fortaleça o Hezbollah e o Exérci-
to de Assad. Putin assegurou a Ne-
tanyahu que o Exército sírio “não
tem tempo para uma segunda fren-
te” e que as intervenções russas no
Médio Oriente “foram sempre muito
responsáveis”.
Félix Ribeiro
KARAM AL-MASRI/AFP
Assad continua a bombardear cidades como Alepo
Europa tem “capacidade e experiência” para lidar com crise de refugiados
A crise de refugiados corre o risco de durar, gerando um “sentimento de ansiedade” em numerosos países, mas
a Europa “tem a capacidade e a experiência” necessárias para fazer face ao problema, afirma a OCDE num relatório publicado ontem.
“A crise humanitária actual sem precedentes tem um custo humano aterrador e inaceitável”, sublinha a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico, com sede em Paris, num documento que acompanha o relatório Perspectivas de Migrações Internacionais 2015.
O relatório refere que o número de refugiados é “sem paralelo recentemente” e um milhão de pedidos de asilo poderá ser depositado até ao final de 2015 nos países da União Europeia, com a perspectiva de ser concedida protecção a “350 mil a 450 mil” pessoas.
A estes números acrescenta-se uma “grande diversidade de trajectos, de países de origem e de motivações”, que tornam esta crise “particularmente difícil de resolver”, nota a OCDE, recordando que, por exemplo, os sírios representaram 21% dos requerentes de asilo no ano passado, os kosovares 9,6% e os eritreus 6,4%.
Outras dificuldades: o número “elevado” de menores isolados (4% do total no ano passado), o contexto de crise económica, a situação muito diferente entre os vários países europeus, a evolução “rápida” das rotas migratórias, com os traficantes a adaptarem-se rapidamente aos anúncios e mudanças políticas.
“Nesta crise há várias crises e isso torna tudo mais complicado”, explica o responsável pela divisão de migrações internacionais da OCDE, Jean-Christophe Dumont. “E o principal factor de dificuldade é que não
vislumbramos o fim desta crise.”
Conflito na Síria, incertezas sobre a Líbia, instabilidade no Afeganistão e no Iraque. “A curto prazo, as perspectivas são mínimas de ver a situação estabilizar significativamente nos principais países de origem”, avisa o relatório. Por outro lado, “os factores económicos e demográficos nos países da África subsariana vão continuar a forçar a emigração, bem como a pobreza e o desemprego nos Balcãs ocidentais”.
É por isso que “a situação ultrapassa talvez a simples urgência de curto prazo para ser uma condição mais estrutural, com fluxos importantes nos próximos anos, alimentando um sentimento de ansiedade por causa das migrações em vários países”, insiste a OCDE, que pede uma resposta global e coordenada para atacar alguns dos problemas que contribuem para esta crise, como é o caso da guerra na Síria.
Mas “a mensagem principal é que a Europa tem os meios e a experiência para responder a esta crise”, garante Jean-Christophe Dumont, sublinhando que o número de refugiados é “gerível” em relação à população europeia e que a UE se dotou nas últimas décadas de um arsenal legislativo e jurídico adequado para enfrentar a situação.
Neste contexto, “a opinião pública é determinante”, acrescenta Dumont, porque “os factos são estes: a migração não tem impacto negativo no mercado de trabalho, não reforça os défices orçamentais, os imigrantes contribuem mais do que aquilo que recebem em benefícios individuais”.
A mensagem que tem que ser “repetida e explicada, porque não passa de um dia para o outro”, é a de que estes migrantes e refugiados “não ameaçam a nossa identidade”, insiste Jean-Christophe Dumont.
26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
TONY GENTILE/REUTERS
Graças à aproximação entre Cuba e os EUA, Francisco viajou directamente de Havana para Washington
Aos 78 anos, o Papa que fez das pe-
riferias a sua prioridade visita pela
primeira vez a grande potência, na
segunda etapa de uma viagem que
começou em Cuba. Nos Estados Uni-
dos, vai encontrar-se com o Presiden-
te Barack Obama e discursar na As-
sembleia Geral da ONU, mas é a sua
intervenção no Congresso que gera
mais expectativa — a mensagem de
Francisco adivinha-se difícil de ouvir
para muitos políticos em Washing-
ton, colidindo em quase tudo com a
agenda republicana.
A visita papal arrancou sob o sig-
no da reaproximação entre Cuba e
os EUA, após negociações mediadas
pelo Vaticano. Um desenvolvimento
histórico que tornou possível, por
exemplo, que o avião papal tenha
viajado ontem directamente de Ha-
vana para a base aérea militar de An-
drews, em Washington. À sua espera,
Francisco tinha o próprio Presidente
norte-americano, uma cortesia pou-
co habitual que testemunha o alinha-
mento entre os dois homens ou, co-
Papa chega aos EUA com uma bagagem que desagrada aos republicanos
mo escreveu o The New York Times,
sugere que Obama não tem na actua-
lidade “um aliado mais poderoso” do
que o líder da Igreja Católica.
Além de ter sido facilitador do
diálogo com o Presidente cubano,
Raul Castro, Francisco defende a
urgência de combater as alterações
climáticas (tema da sua última encí-
clica), insurge-se contra as desigual-
dades económicas e critica os pa-
íses que fecham as suas fronteiras
aos imigrantes. Temas que colam
na agenda de fi m de mandato de
Obama, mas que não podiam cair
pior a um Partido Republicano em
plena refrega para decidir quem
será o candidato às presidenciais
de 2016.
Habituados a ver no Vaticano um
suporte moral das suas posições con-
tra o aborto ou o casamento homos-
sexual, os republicanos mais conser-
vadores lamentam que a mensagem
papal seja agora menos doutrinal e
mais política. “Não preciso de rece-
ber lições do Papa sobre as alterações
climáticas”, disse à CNN Paul Gosar,
congressista católico do Arizona que
decidiu boicotar o inédito discurso
que Francisco fará amanhã peran-
te as duas câmaras do Congresso.
“Acho que o Papa está errado. A in-
falibilidade aplica-se apenas a ques-
tões religiosas, não políticas”, disse
Chris Christie, governador do Nova
Jérsia e um dos seis candidatos repu-
blicanos que são católicos, quando
questionado sobre o apoio do Va-
ticano ao fi m do embargo a Cuba.
Receando que a sua intervenção
seja contraproducente, Francisco
evitará referências muito directas
ao embargo quando falar aos con-
gressistas. Mas basta ter passado por
Cuba sem ter ouvido os dissidentes
ou feito críticas directas ao regime
castrista para dar munições aos que,
na direita mais radical, o acusam de
ser “antiamericano” ou “marxista”.
Uma irritação que promete aumen-
tar se, como se espera, Francisco re-
petir em Washington a denúncia de
algumas das características que mais
identifi cam a América, como a hege-
monia económica, o consumismo ou
o capitalismo sem regras.
Os observadores suspeitam de
que a mensagem será implícita,
misturando elogios às liberdades e
conquistas do país com a recorda-
ção de que a prosperidade e a infl u-
ência acarretam responsabilidades
acrescidas. Mas fi cará claro de que
lado está o seu coração quando, logo
depois de discursar no Congresso, se
sentar à mesa com dezenas de sem-
abrigo, imigrantes ilegais e doentes
apoiados por organizações católicas
da capital.
Os americanos parecem mais re-
ceptivos ao Papa e à sua mensagem
— uma sondagem divulgada anteon-
tem indica que 51% têm boa opinião
de Francisco e 49% quer ouvi-lo fa-
lar de questões políticas e sociais.
Igreja CatólicaAna Fonseca Pereira
Alterações climáticas, imigração ou Cuba são alguns dos temas que opõem Vaticano à direita americana
Scott Walker, o governador do es-
tado norte-americano do Wiscon-
sin que ainda há meses era visto
como um dos favoritos à vitória
nas primárias do Partido Republi-
cano, anunciou que está fora da
corrida. Na despedida desafiou
outros candidatos a seguirem-lhe
o exemplo, para que seja possível
descongestionar o debate e permitir
o surgimento de uma “alternativa
conservadora positiva” ao magnata
Donald Trump.
A “suspensão da campanha”
não constituiu uma total surpresa:
Walker cometeu inúmeras gaff es te-
ve um desempenho apagado nos
dois debates televisivos, caindo a
pique nas sondagens — a última
atribuía-lhe apenas 0,5% das pre-
ferências. Alguns dos principais
doadores da sua campanha, uma
das maiores e mais dispendiosas,
começaram a transferir o seu apoio
para outros candidatos mais bem
cotados, entre eles o senador da
Florida Marco Rubio, o neurocirur-
gião reformado Ben Carson ou a an-
tiga presidente da Hewlett-Packard
Carly Fiorina.
Antes de Walker já o antigo gover-
nador do Texas Rick Perry tinha sa-
ído de cena, mas na corrida estão
ainda 15 candidatos, entre fi guras
do aparelho republicano e outsiders,
numa campanha ruidosa e pouco
esclarecedora. Um clima do qual
Scott Walker desiste das primárias republicanas e pede união contra Trump
tem benefi ciado sobretudo Trump,
o mais imprevisível e incontido dos
candidatos, agora à frente das son-
dagens.
“Acredito que fui convocado pa-
ra ajudar a limpar o terreno desta
corrida, para que seja possível o sur-
gimento de uma mensagem conser-
vadora positiva”, justifi cou o gover-
nador, encorajando os candidatos
que, como ele, surgem nos últimos
lugares das sondagens a fazerem o
mesmo. Não mencionou nomes,
mas deixou claro que o objectivo é
deixar o caminho livre para “um nú-
mero limitado de candidatos” que
estejam em condições de oferecer
aos eleitores “uma alternativa po-
sitiva ao actual favorito”.
Trump não pareceu incomodado
e, numa reacção pelo Twitter, elo-
giou o agora ex-adversário, “uma
pessoa simpática e com um grande
futuro”. Mas os analistas acreditam
que a saída de cena do governador,
um conservador que era tido como
alguém capaz de fazer a ponte entre
o partido em Washington e o elei-
torado de direita, poderá favorecer
outros candidatos mais próximos do
aparelho, como o ex-governador da
Florida Jeb Bush ou Rubio, adianta
o The Guardian.
A desistência confi rma também
a extrema imprevisibilidade que
domina as primárias republicanas
a menos de dois meses de os pri-
meiros estados começarem a votar
para decidir quem será o candida-
to do partido às presidenciais de
2016. A candidatura de Trump, vis-
ta inicialmente como pouco mais do
que uma piada, desmentiu todas as
previsões e o magnata, ao contrário
dos adversários, tem sido até agora
imune a vários ataques ou às suas
próprias gaff es.
EUA
Governador do Wisconsin diz que é preciso libertar terreno para que possa surgir uma “alternativa positiva” ao milionário
STEVE POPE/AFP
A última sondagem dava a Walker apenas 0,5% das preferências
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | MUNDO | 27
Presos em França os dois chefes do pouco que resta da ETA
REUTERS
David Pla e Iratxe Sorzabal, juntamente com Izaskun Lesaka, no dia em que leram a declaração do fim “definitivo” da luta armada em 2011
Iratxe Sorzabal e David Pla, conside-
rados os dois dirigentes da cúpula
da organização terrorista basca ETA,
foram detidos ontem de manhã pe-
la polícia francesa numa localida-
de do departamento dos Pirenéus
Atlânticos. Na operação participou
também a Guardia Civil espanhola,
anunciou o Ministério do Interior de
Madrid. Foram detidas duas outras
pessoas não identifi cadas.
Sorzabal, que usa o nome de
guerra “Ezpela”, de 43 anos, e Pla,
“Mintxo”, de 40, foram os chefes
terroristas que leram o comunica-
do em que a organização declarou o
fi m “defi nitivo” da luta armada, em
20 de Outubro de 2011, encerrando
um ciclo de 40 anos de atentados
sangrentos. Esta decisão foi poste-
riormente aprovada pelo “colectivo
de presos” da ETA.
“Ezpela” milita na ETA desde a
adolescência, passou à clandesti-
nidade em 2001, ascendeu à chefi a
em 2010 e é acusada de três assassí-
nios. Segundo fontes policiais, ela e
Pla asseguravam a direcção do que
resta da organizaçãp, ao lado do
veterano José Antonio Urrutikoe-
txea, “Josu Ternera”, de 65 anos,
um dos líderes da organização nos
anos 1980 e membro da “frente ar-
mada” desde 1971. Depois de ter
cumprido uma pena de prisão e
de ter sido deputado basco, voltou
à clandestinidade em França em
2003. Especulou-se esta manhã
sobre a sua possível detenção, mas
o rumor foi desmentido.
A ETA tem sofrido sucessivas “de-
capitações”, sobretudo na última dé-
cada, acompanhadas pelo desman-
telamento do seu aparelho político-
militar. Em 2014, a polícia afi rmava
que a organização estava reduzida a
15 ou 20 membros clandestinos, lo-
gisticamente apoiados por 40 legais
ou semiclandestinos. Em 2010, teria
60 militantes clandestinos. Nos anos
1980 chegou a ter 500 operacionais.
Tem cerca de 120 fugitivos na Vene-
zuela, Cuba e México. Perto de 500
militantes estão ainda nas prisões
espanholas ou francesas.
A ETA parou de matar em 2011
porque dela já pouco restava, sendo
qualifi cada pelos especialistas como
um “bando tecnicamente em estado
A ETA tem sofrido sucessivas “decapitações”, acompanhadas pelo desmantelamento do seu aparelho político-militar. Na clandestinidade, em França, continua o veterano “Josu Ternera”
EspanhaJorge Almeida Fernandes
de decomposição”. Antes disso ti-
nha sido maciçamente rejeitada pela
população basca. Fracassou em to-
dos os objectivos, suspendeu a “luta
armada”, mas recusou a sua disso-
lução. Continua a exigir a Madrid e
Paris uma “negociação de paz”.
A “decomposição” da ETA teve
um importante efeito político no
País Basco. O seu “braço político”,
hoje representado pelo partido Sor-
tu, emancipou-se pela primeira vez
da organização “militar”, procuran-
do atingir os mesmos objectivos por
meios políticos. Mas não rompeu
com o passado. Explica o analista
Florencio Domínguez, autor de vá-
rios estudos sobre a organização:
“Não é só a ETA, é o conjunto da es-
querda abertzale [“patriótica”]. Es-
tão implicados na tentativa de impor
à maioria da sociedade uma visão
que justifi que a trajectória terroris-
ta passada, para diluir as culpas e
fazer que aqueles que mataram não
tenham nenhuma responsabilidade.
Não são capazes de fazer uma auto-
crítica do seu passado violento.”
As listas independentistas conseguiriam a maioria absoluta nas eleições regionais de domingo
na Catalunha, segundo duas sondagens divulgadas na segunda-feira, as últimas autorizadas antes da votação.
A coligação “juntos pelo sim” — formada pelo partido CDC do chefe do executivo catalão Artur Mas, a ERC (esquerda republicana) e associações independentistas — e a CUP (Candidatura de Unidade Popular, extrema-esquerda independentista, poderiam obter em conjunto 74 a 75 assentos parlamentares e 47,8% dos sufrágios, segundo uma sondagem do instituto Sigma Dos para o jornal El Mundo.
Uma outra sondagem do
instituto Myword encomendada pela rádio Cadena Ser dá aos separatistas 50 a 71 mandatos, mas também sem a maioria dos votos (48,2%).
Para chegar à maioria absoluta no parlamento regional são necessários 68 mandatos — um resultado suficiente, segundo Artur Mas, para iniciar um processo de secessão da Catalunha até 2017. Mas segundo a sondagem do El Mundo, apenas 16,8% dos eleitores consideram que Artur Mas tem “legitimidade para declarar a independência” sem a maioria dos votos (mesmo que tenha a maioria dos assentos parlamentares).
Na sondagem da Cadena Ser, 41% defendem a independência, mas 49% preferem soluções
menos radicais (20% querem que a Catalunha permaneça como comunidade autonómica, 16% desejam um estado federal e 13% preferem um novo acordo sobre a integração da Catalunha na Espanha)
A formação de centro-direita Ciudadanos, criada em 2006 na Catalunha e que defende a manutenção da região em Espanha, seria o segundo partido mais votado logo a seguir ao “juntos pelo sim”, com 14 a 15% dos votos, segundo as duas sondagens. A lista “Catalunha, sim é possível”, que integra o partido de esquerda Podemos e que foi criada em Janeiro de 2014, seria terceira, com 11 a 12% dos votos, seguida dos socialistas catalães e do Partido Popular.
Independentistas a caminho da vitória na Catalunha
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | CIÊNCIA | 29
A Universidade de Coimbra quer con-
tratar dois bolseiros para a “gestão e
administração do procedimento de
cobrança coerciva de dívida de pro-
pinas e taxas”, avança um anúncio
publicado no site Eracareers.
As duas candidaturas para “bol-
sas de gestão de ciência e tecnolo-
gia” estiveram abertas entre 16 e 21
de Setembro e destinavam-se a “li-
cenciados ou mestres em Direito, Ad-
ministração Pública, Gestão e áreas
afi ns”. Os bolseiros serão acolhidos
pela administração da universidade
durante um ano com a possibilidade
de renovação. As bolsas serão pagas
com receitas da universidade.
Há quase um ano, a Universidade
de Lisboa abriu um concurso para
contratar um pedreiro e electricis-
tas com bolsas. “Isto é um problema
para o qual temos vindo a alertar”,
diz Joana Campos ao PÚBLICO, da
associação Precários Infl exíveis, que
combate a precariedade e denunciou
ontem o novo caso. “Isto é o perigo
da generalização da precariedade na
contratação. No caso das universi-
dades [públicas], é o próprio Estado
que está a utilizar falsas bolsas para
substituir por postos de trabalho.”
A reitoria da universidade explica
que se está a proceder à validação
administrativa de dez mil processos
de antigos alunos para a “emissão de
certidão de dívida para envio à Au-
toridade Tributária, única entidade
competente para proceder à cobran-
ça coerciva”, lê-se num comunicado.
E defende a contratação de bolseiros:
“Pela sua dimensão e complexidade,
é um projecto capaz de proporcio-
nar a licenciados ou mestres (...) um
primeiro contacto com a realidade
processual administrativa.”
Mas não há qualquer justifi cação
para este “primeiro contacto” não
ser feito usando contratos de traba-
lho, nem se explica qual a relação en-
tre gestão de processos administrati-
vos de alunos e a gestão do trabalho
científi co ou tecnológico, que é onde
se enquadram as bolsas de gestão de
ciência e tecnologia, de acordo com
o regulamento das bolsas daquela
instituição.
Joana Campos lembra algumas das
diferenças de direitos entre bolseiros
e trabalhadores: “Os bolseiros não
são considerados trabalhadores. São
obrigados a ter um contrato de ex-
clusividade, não têm direito de sub-
sídio de desemprego. Não podem
fazer greve.”
Contratação polémica naUniversidade de Coimbra
BolseirosNicolau Ferreira
JAMES GATHANY/CDC
Os espirros contribuem para a geração do nosso espaço bacteriano pessoal
Um pequeno estudo realizado nos
EUA mostra, pela primeira vez,
não só que todos os humanos ati-
ram para o ar ambiente “nuvens”
de micróbios que assinalam a sua
presença, como também — o que é
muito mais surpreendente, segundo
os autores — que essas nuvens mi-
crobianas parecem ser específi cas
de cada pessoa. A confi rmarem-se
estes resultados, publicados ontem
na revista PeerJ, podem ter aplica-
ções forenses.
Através sobretudo da respiração,
mas também da pele ou do cabe-
lo, libertamos no ar à nossa volta
amostras do nosso “microbioma” —
o conjunto de bactérias, na maioria
não-patogénicas, que vive dentro
do nosso corpo. Estima-se que mais
de um milhão de partículas bioló-
gicas por hora seja assim emitido
pelo ser humano — e há muito que
Cada um de nós cria em seu redor uma nuvem pessoal de bactérias
cada um dos três participantes, foi
possível distingui-los entre si graças
à “combinação única de bactérias”
que tinham deixado no ar, lê-se num
comunicado da PeerJ.
“Estávamos à espera de ser ca-
pazes de detectar o microbioma
humano no ar em torno das pesso-
as”, diz James Meadow, citado pelo
mesmo comunicado. “Mas fi cámos
surpreendidos ao ver que conseguí-
amos identifi car (...) os ocupantes
simplesmente a partir de amostras
da sua nuvem microbiana.”
Diga-se já agora que foi possível
distinguirem a única mulher que
participou nesta primeira expe-
riência porque a sua “nuvem mi-
crobiana” se revelou “fortemente
associada à bactéria Lactobacillus
crispatus, predominante nas amos-
tras vaginais saudáveis”, salientam
os autores.
As bactérias em causa pertenciam
a grupos que costumam coabitar
com os humanos: estreptococos da
boca ou bactérias da superfície da
pele. Mas a equipa constatou que
não era tanto o tipo de bactéria pre-
sente em cada caso que diferenciava
as pessoas, mas a proporção de ca-
da tipo de bactéria que compunha a
sua nuvem microbiana pessoal.
Para testarem esta descoberta, os
se sabe que esta é uma das grandes
vias de transmissão das doenças in-
fecciosas.
Mas o que James Meadow, da
Universidade do Oregon, e colegas
quiseram saber agora foi se, tal co-
mo acontece no caso das pessoas
doentes, é possível detectar uma
nuvem bacteriana nos ambientes
ocupados por pessoas saudáveis. E
fi zeram uma experiência para ana-
lisar a relação entre cada pessoa e o
volume de ar que ela habita.
Numa primeira fase, compararam
o material genético das populações
de bactérias em suspensão no ar
dentro de um cubículo, que, con-
forme os casos, estivera vazio ou fo-
ra ocupado durante um tempo por
um de três voluntários. O cubículo
era esterilizado nos intervalos. As
amostras colhidas permitiram ana-
lisar os micróbios em suspensão,
tendo a certeza que as emissões só
se deviam à presença de um dado
participante.
Como os cientistas esperavam, a
presença das pessoas dentro des-
se espaço foi detectável através das
bactérias especifi camente humanas
em suspensão no ar. Mas esta ex-
periência revelou também algo im-
previsto: depois de quatro horas de
permanência dentro do cubículo de
Microbiologia Ana Gerschenfeld
Quando estamos num local fechado, emitimos para o ar uma “assinatura” microbiana que parece distinguir-nos dos outros
cientistas realizaram uma segunda
ronda de experiências, desta vez
com oito voluntários que perma-
neceram quatro horas dentro do
cubículo. E confi rmaram que era
de facto possível distinguir entre si
a maioria deles.
“Constatámos que cada um dos
oito ocupantes emitia para o ar a sua
própria concentração característi-
ca de partículas”, escrevem ainda.
E, em seis casos, as diferenças de
composição das respectivas nuvens
eram signifi cativas do ponto de vista
estatístico.
Aplicações? “A potencial identifi -
cabilidade das nuvens microbianas
pessoais “sugere claramente uma
aplicação forense (...), por exemplo
para detectar a presença passada de
uma pessoa num espaço fechado”,
concluem os autores.
Mas os próprios são os primeiros
a dizer que se trata de resultados
preliminares, que foram obtidos em
condições de isolamento físico das
pessoas. Ora, na presença de uma
multidão de ocupantes de um mes-
mo espaço — ou se o espaço em cau-
sa for maior — os padrões de emis-
são bacteriana “serão sem dúvida
menos claros”. Resta ver se ainda
será possível distinguir a nuvenzi-
nha de cada um.
30 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
O arquitecto e a sua c
Carrilho da Graça: Lisboa é uma ex-
posição montada sobre um conjunto
de 12 projectos para a cidade de Lis-
boa do arquitecto João Luís Carrilho
da Graça, apresentados através de 16
maquetas, e desenhados entre o fi nal
dos anos de 1980 e 2015.
O mais antigo, a Escola Superior
de Comunicação Social do Instituto
Politécnico de Lisboa, foi projectado
quando o arquitecto tinha 35 anos. A
selecção foi feita a partir de 52 projec-
tos possíveis, para a região de Lisboa,
uma produção singularmente consis-
tente que toca desde a pequena esca-
la, focada em desenhos de interiores,
apartamentos, casas ou até galerias
de arte, como a Módulo (com Carlos
Miguel Dias, 1987-88), por exemplo,
até à abordagem urbanística, que a
encomenda do Programa Valis, Estu-
do e Plano Estratégico de Preserva-
ção do Património Arquitectónico e
Urbanístico de Lisboa representa, e
que lhe permitiria desenvolver uma
ideia para a colina de Santana (com
João Gomes da Silva, 1991). A mos-
tra inaugurou ontem, na Garagem
Sul — Exposições de Arquitectura,
no Centro Cultural de Belém, com a
curadoria de Susana Rato, arquitecta
e colaboradora do atelier Carrilho da
Graça, e de Marta Sequeira, docente
e investigadora da Universidade de
Évora. Privilegiaram-se maioritaria-
mente projectos de grande escala,
por serem certamente os que ex-
põem melhor as peculiaridades ter-
ritoriais da cidade. A Escola Superior
de Música (1998-2008), o Terminal
de Cruzeiros (2010), a nova sede do
BPI (2015), estão entre os projectos
expostos.
Em Carrilho da Graça: Lisboa, ape-
sar do grande espectro temporal que
a mostra abrange, a cronologia é pro-
vavelmente o factor menos relevan-
te. O aspecto antológico — como sa-
lientaram as curadoras na abertura —
também não é o mais determinante.
Decisiva é, todavia, a ideia de cidade
que estas propostas, realizadas ou
não, permitiram consolidar ao seu
autor, ao longo de quase três décadas
de trabalho. Consequentemente, so-
bre a matéria da exposição, há uma
questão que se torna quase óbvia:
pode uma cidade ser revelada através
da perspectiva pessoal de um arqui-
tecto? Porque em Carrilho da Graça:
Lisboa, não é Lisboa que se vê, mas a
cidade e o seu arquitecto, isto é, uma
realidade paralela construída a partir
do imaginário de um autor. O próprio
Carrilho da Graça insiste na ideia de
que pretende comunicar “o valor da
cidade” através da exibição das suas
propostas, colocando o foco em Lis-
boa. Um paralelo que eventualmente
se pode conseguir entre alguns ar-
tistas plásticos, ou entre escritores
e poetas, e o seu lugar de eleição.
Lisboa emerge aqui, portanto, co-
mo o centro da atenção de João Luís
Carrilho da Graça. Uma cidade que
se molda através da arquitectura e,
simultaneamente, molda o arquitec-
to que pacientemente se lhe vai de-
dicando. Interessa, a este propósito,
revisitar uma entrevista que Carrilho
da Graça deu ao JA - Jornal Arquitectos
em 2008, onde fala sobre a escolha
dos lugares para os quais projecta,
e que Marta Sequeira recupera no
seu artigo do catálogo, intitulado O
Território como Invariável. Nessa en-
trevista dada a Ricardo Carvalho e
a José Adrião, confi rma claramente
que há intencionalidade na opção
por lugares que possam estabele-
cer uma relação forte com os seus
edifícios. A predisposição por topo-
grafi as acidentadas, linhas de festo
e cumeadas, promontórios, vales,
são portanto visíveis nos seus pro-
jectos lisboetas. Carrilho da Graça
evoca conceitos e matérias elemen-
tares da geografi a, que elenca como
tópicos no texto Metamorfose, escrito
em 2002, também para o JA, a pedi-
do de Manuel Graça Dias e agora de
novo editado no catálogo. Por tam-
bém convocar todo esse passado,
tratando Lisboa numa perspectiva
autoral e com grande intimidade, é
uma exposição belíssima, uma nar-
rativa da sedução que uma cidade
pode produzir sobre um autor, ar-
quitecto ou não.
O processo de transformação do
território como resultado da acção
da arquitectura pressente-se em toda
Uma exposição belíssima, uma narrativa da sedução que uma cidade pode produzir sobre um autor, arquitect
Percurso por uma cidade pensada pelo arquitecto Carrilho da Graça, um fazedor de olisipografi as construídas a partir de uma perspectiva culta e comovente sobre história, topografi a e futuro
ExposiçãoAna Vaz Milheiro
É uma evidência que as maquetas,
expostas sobre mesas “de trabalho”
e de forma casual — como se a mon-
tagem não tivesse obedecido a um
plano previamente defi nido e “de-
senhado”— refl ectem.
Dedicação de um poetaÀ entrada da exposição, uma maque-
ta de grandes dimensões represen-
ta a topografi a da cidade na escala
1:10.000 (na foto). Sucedem-se mais
15, com escalas variadas, entre con-
juntos urbanos e edifícios isolados.
A representação é um simulacro da
realidade, naturalmente, uma reali-
dade “selectiva” que reforça a pers-
pectiva do arquitecto. Carrilho da
Graça explica melhor: “Uma maque-
ta não tem de expressar a realidade
de uma forma menos poética, mas
aquilo que queremos mostrar.” As
maquetas são o centro da exposição,
provavelmente o que os visitantes
guardarão melhor da sua visita. São
como objectos espalhados pela Ga-
ragem Sul, que direccionam os per-
cursos pela sala. A sua abstracção é
contrabalançada pelos três vídeos
em negativo de Tiago Casanova sobre
Lisboa projectados nas paredes late-
rais e que reproduzem aspectos da
cidade. Na parede oposta expõem-
se diversos documentos (plantas, fo-
a exposição. Carrilho da Graça ex-
plica que a sua relação com Lisboa
decorre do facto de “não ser o mun-
do da sua infância”. Esta convicção
dá-se em contraponto a Portalegre,
onde nasceu em 1952, e de onde saiu,
para estudar arquitectura no conven-
to de São Francisco da Cidade, então
Escola Superior de Belas Artes, aos 17
anos: “É difícil mudar algo na cidade
natal, onde tudo parece perfeito e
está cristalizado nas memórias de in-
fância.” Aos jornalistas, no encontro
com a imprensa, realizado ontem,
confi rma: “Gosto imenso de cá mo-
rar. Todos quantos visitam Lisboa pe-
la primeira vez sentem o fascínio.”
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | CULTURA | 31
cidade
tos, frases) reformulados como uma
cartografi a reinventada a partir dos
projectos e dos tais conceitos geográ-
fi cos de Metamorfose, numa tentativa
de construir uma nova cartografi a.
Carrilho da Graça é um olisipógrafo
da novíssima geração, que trabalha
sobre Lisboa com a dedicação de um
poeta. Os seus projectos estão carre-
gados da geografi a da cidade, da sua
história e da sua literatura. No catálo-
go, Diogo Seixas Lopes propõe como
repto A preto-e-branco, contextualiza-
do o percurso do arquitecto desde o
período da sua formação académica
até à “última paragem” que Lisboa
aqui interpreta, na opinião do crítico
de arquitectura: “Subindo e descen-
do os caminhos tortuosos de Lisboa,
os projectos e obras que ao longo dos
anos Carrilho da Graça tem concebi-
do contribuem para dar coerência a
(uma) visão de sofi sticação e forma
urbana.” É um texto “intrigante” que
nos obriga a reposicionar Carrilho
da Graça na cultura contemporânea
(não só a portuguesa) e a sua busca
incessante (e autêntica) pela beleza.
Há portanto já algum tempo que não
se via em Lisboa, e sobre Lisboa, uma
exposição de arquitectura tão verda-
deira quanto esta.
Crítica de arquitectura
to ou não
DANIEL ROCHA
O trabalho de Carlos Spottorno
É um dos mais antigos festivais de
fotografi a da Europa e, ao chegarem
às 25 edições, os Encontros da Ima-
gem já podem ser considerados ve-
teranos. Na programação deste ano,
o regresso a Braga de Roger Ballen
assinala a celebração dessa memória
histórica.
A data “marcante” levou a que a
preparação da abertura fosse feita
com um “entusiasmo acrescido”,
conta a directora dos Encontros da
Imagem, Ângela Ferreira. Uma das
escolhas especiais foi fazer voltar ao
festival o norte-americano, radicado
há 20 anos na África do Sul, Roger
Ballen. Antes de se ter tornado um
artista reconhecido, Ballen apresen-
tou o seu trabalho num dos primei-
ros festivais. Desta feita, apresenta
um universo surrealista no Museu
da Imagem, com a série Asylum of
the Birds, criada numa casa devolu-
ta de Joanesburgo que é morada de
indigentes e pássaros.
Uma das novidades deste ano é
também uma casa abandonada. Cha-
mam-lhe “Casa das Bombas” e é um
palacete do século XIX, na Rua do
Souto, o eixo do centro histórico da
cidade, que estava devoluto. O festi-
val vai reabrir esse espaço para rece-
ber uma das suas exposições colecti-
vas, Seeing is Believing, uma selecção
de trabalhos de 12 fotógrafos.
Estes trabalhos, como a generali-
dade do programa, jogam-se numa
tensão permanente entre presente e
futuro, o real e a fi cção, seguindo o
mote Poder e Ilusão dos Encontros da
Encontros da Imagem de Braga celebrama sua veterania
Imagem de 2015. O tema foi escolhido
tendo em conta a proximidade das
eleições em Portugal e o momento
político conturbado na Europa. “Se
calhar, nunca se viveu tanta ceguei-
ra em termos políticos. As pessoas
apenas têm uma consciência frag-
mentada do que está a acontecer”,
considera Ângela Ferreira.
Esta edição dá esse contributo pa-
ra a leitura do real, ganhando, neste
contexto, especial relevo o trabalho
de Carlos Spottorno The Pigs, uma
série documental fotografada em
Portugal, Espanha, Itália e Grécia,
os países da Europa do Sul. O lado
documental da fotografi a não é, po-
rém, o único explorado. São várias as
propostas de trabalhos na fronteira
entre o real e a fi cção como This is
What Hatred Did, de Cristina de Mi-
del, uma série fotografada na Nigé-
ria a partir de um livro do escritor
Amos Tutuola, ou Mybe, onde Phil
Toledano se imagina noutras vidas
diferentes da sua.
A 25.ª edição do festival começa
hoje (e prolonga-se até 1 de Novem-
bro) com a inauguração de Illusion
Lab of Happiness (18h, Tibães), que
reúne os trabalhos de 18 artistas. A
selecção resulta de uma call feita pa-
ra que outros fotógrafos pudessem
mostrar as suas visões sobre o tema
da edição.
O circuito inaugural prolonga-se
pelos três dias seguintes. Amanhã,
abrem as exposições na B* Concept
Store (Carlos Sporttorno) e Spaceship
Gallery e Casa das Bombas (vários
autores). Sexta-feira é o dia do con-
certo da banda Ermo e projecções
de trabalhos fotográfi cos (GNRation,
23h), seguido da festa de aniversário.
Para sábado, está reservada a maio-
ria das inaugurações, principiando às
14h30, no Museu D. Diogo de Sousa
(Colectivo e Berto Macial e José Ro-
may), e culminando com a Gala EI
Awards, onde será entregue o prémio
do concurso.
FotografiaSamuel Silva
A 25.ª edição do festival começa esta quarta-feira. O circuito inaugural prolonga-se até ao fim-de-semana
Breves
Paris
Património Mundial
Greve dos funcionários fechou Museu de Orsay
Coimbra estreita relações com universidades
O Museu de Orsay, em Paris, esteve ontem fechado em resultado de uma greve dos trabalhadores, que protestavam contra a anunciada intenção do Governo de manter o museu aberto sete dias por semana, acabando com o tradicional encerramento às segundas-feiras, medida que deverá também ser aplicada noutros grandes museus públicos franceses, como o Louvre ou o Palácio de Versalhes. A convocatória de greve partiu de uma das principais centrais sindicais francesas, a CGT, e obteve o apoio da maioria dos trabalhadores, noticiou a rádio France Info. O museu deverá aplicar o novo horário a partir de 2 de Novembro, mas prevê-se que as segundas-feiras sejam exclusivamente dedicadas às visitas escolares.
A Universidade de Coimbra, a única em Portugal a ter actualmente o estatuto de Património Mundial da Humanidade, assina hoje, no México, um acordo com outras quatro universidades, num protocolo feito apenas com as instituições de ensino superior que possuem esta classificação atribuída pela Unesco. Depois de ter sido reconhecida em 2013 como Património Mundial da Humanidade, a instituição participa agora numa colaboração com as Universidades de Virgínia (EUA), a Central da Venezuela, de Alcalá de Henares (Espanha) e ainda a Nacional Autónoma do México, de forma a criarem parcerias. A colaboração passará pela organização de congressos, publicações, ateliers, etc.
32 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Uma noite com Patti Smith para começar a mudar o mundo
Falta pouco para Patti Smith termi-
nar a sua interpretação integral de
Horses, disco seminal de um punk
que vinha a caminho, lançado há 40
anos, quando a meio do penúltimo
tema, o febril Land, avisa o Coliseu
dos Recreios, em Lisboa, que a mú-
sica vai desacelerar um pouco para
depois voltar a encaminhar-se para o
clímax. A cantora entregou-se já, pos-
suída, aos versos de um poema em
delírio, numa fúria que, por vezes,
lhe empresta uma voz de pirata, e
aproveita, agora que os instrumentos
tentam recuperar o fôlego para não
perderem de vista o inesgotável ím-
peto desta mulher de 68 anos, para
dizer ao público que “estamos nisto
juntos — uma mente, um coração e
tudo está ao nosso alcance”.
Quando Patti Smith, em recente
pplethorpe e Lou Reed), Patti Smith
concentra os seus encores numa ideia
de memória. Não apenas a sua, a dos
seus anos 70, a do marco cultural que
foi Horses e que é naturalmente cele-
brado num concerto que o toma por
centro; mas também a da sua Nova
Iorque que palmilhou com Mapple-
thorpe e a dos Velvet Underground
são homenageados pela sua banda
num medley que inclui Rock & Roll,
Waiting for my man e White light/
white heat, enquanto Smith se retira
momentaneamente de cena.
Depois de um Horses que juraría-
mos investido da vitalidade original,
atravessado por todos os seus fan-
tasmas da poesia beat, intocado na
sua pertinência artística, e após esse
caminho que levaria Patti Smith até
aos Velvet Underground, a cantora
relatou a sua visita à Casa Fernando
Pessoa, espantando-se por ver na co-
lecção dos livros do poeta português
os mesmos que hoje lemos — Rim-
baud, Oscar Wilde, Walt Whitman —,
imaginando ainda que Allen Ginsberg
também estava por lá, porque Pessoa
nunca deixaria de o ler se fosse seu
contemporâneo. E logo em seguida
fomos sugados para o vórtice impa-
rável de Beneath the southern cross,
tema indutor do transe perfeito para
a estocada fi nal.
Numa magnífi ca derradeira se-
quência, Patti Smith recuperou tudo
aquilo de que foi feito um concerto
perfeito, de emoções carregadas,
longe de qualquer reprodução fria e
maquinal de um disco com 40 anos,
histórico na ligação de uma música
de crueza punk e uma poesia de ras-
go beat. Primeiro, ao falar da relação
amorosa que marcou a sua vida, o
casamento com o guitarrista dos MC5
Fred “Sonic” Smith, que volta a ser o
seu namorado, disse, de cada vez que
canta Because the night, canção-hino
soberba escrita a meias com Bruce
Springsteen. Depois, com um Peo-
ple have the power em que lembrou
que o poder de sonhar, votar, fi car e
amar pertence a cada um. E não às
empresas e às multinacionais e aos
“fucking governments” que rogou ao
seu público para que não os deixasse
mandar livremente no mundo.
Mais uma vez, o guião perfeito:
Patti Smith termina com uma ver-
são dos The Who, My generation. Já
antes, Patti havia confessado o seu
orgulho por saber que muitos na-
quela sala não eram ainda nascidos
quando Horses foi editado em 1975,
mas a forma como a cantora puxa
todo o público para dentro das suas
canções, como o convoca, inclui e
inscreve, fi ca ainda mas sublinhado
com My generation. Levanta a guitar-
ra no ar, estica as cordas até as reben-
tar e declara que aquela é a arma da
sua geração, que só o rock’n’roll é ne-
cessário para travar quaisquer lutas.
E olhando para a plateia afi rma: “Vo-
cês são o futuro e o futuro é agora”.
E repare-se então com pormenor
no desenho: um concerto que co-
meça com a cantora consciente da
adoração de que é objecto em palco,
que a meio estraçalha esta relação e
elimina estratifi cações e termina di-
zendo ao seu público que a ele cabe
transformar o mundo que existe fora
do Coliseu dos Recreios. Sim, porque
ali dentro, durante aquelas quase
duas horas, viveu-se no interior de
um mundo perfeito. O trabalho de
quem ali esteve agora é esse: fazer
com que estas canções e esta noite
não se esgotem ao transpor as por-
tas. Não foi para isso que Patti Smith
nos juntou.
Três meses depois de ter apresentado Horses no Porto, Patti Smith tocou o álbum de 1975 em Lisboa, numa noite perfeita de poesia, política e rock’n’roll. É difícil imaginar que um concerto possa ser mais do que isto
ENRIC VIVES RUBIO
entrevista ao PÚBLICO, confessava a
sua admiração pelo Papa Francisco
e anunciava ver nele um verdadeiro
revolucionário movido por um ins-
tinto humanista, talvez aquilo a que
assistimos nesta segunda-feira no
Coliseu (e antes no Nos Primavera
Sound, em Junho, no Porto) lhe equi-
valha nessa busca por uma demanda
colectiva, num gesto que pretende
também unir todos diante de si sob o
efeito de uma vigorosa comunhão de
massas. Se no Primavera Sound, ao
ar livre e para largos milhares de pes-
soas, poderíamos falar quase de uma
bela missa campal, agora, no Coliseu,
a energia estava mais concentrada e
foi matéria quase infl amável.
Patti Smith sabe isso muito bem. E
não é por acaso que escolhe os bre-
ves momentos de acalmia antes de
dar corda de novo à intensidade de-
sabrida de Land. Nos minutos fi nais,
Gloria, tema de abertura de Horses e
do espectáculo em Lisboa, irrompe
novamente em palco, pegando-se
a Land e ateando uma reacção de
absoluto êxtase na sala. E a razão é
simples: da primeira vez que Patti
interpretou a canção esta noite, nu-
ma versão primorosa, havia ainda
papéis clássicos diferenciados; ela
estava lá em cima, no palco, e o pú-
blico dedicava-se a um acto de pro-
funda adoração de uma das criado-
ras musicais mais importantes dos
últimos 50 anos. Da segunda vez, no
entanto, o “G-L-O-R-I-A” de Gloria já
não nos encontra em planos distin-
tos, Smith já esbateu diferenças e nos
convocou de uma forma tão inteira e
arrebatadora para a sua música que
estamos todos nisto juntos. É essa a
mensagem que nos passa e que re-
pete depois de um fi nal demoníaco:
“I am you” [eu sou vocês]. Isto não é
apenas música. Isto é religioso, isto
é poético e isto é político.
O guião perfeitoE é tão político e tão belo que após
o término da apresentação de Hor-
ses, com a tocante Elegie, em que vai
desfi ando os nomes dos mortos que
resgata — nem que seja por segun-
dos — ao esquecimento e os coloca
de novo num palco, a serem aplaudi-
dos (de Jimi Hendrix, Jim Morrison,
Janis Joplin e família Ramones, a Kurt
Cobain, Amy Winehouse, Robert Ma-
Crítica de Música
Patti Smith
Lisboa, Coliseu dos Recreios. Sala
quase cheia
Gonçalo Frota
mmmmm
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | CULTURA | 33
Os dois retratos do jovem casal, aqui mostrados parcialmente
É um caso que se arrasta já desde o
início do ano, mas que parece agora
caminhar para o fi m, depois de o Go-
verno holandês ter decidido intervir.
A família de banqueiros Rothschild
quer vender duas importantes obras
de Rembrandt (1606-1669), que es-
tão há mais de um século em França,
por 160 milhões de euros. A decisão
de venda e a autorização do Estado
francês para a saída das obras insta-
laram a polémica em França e desen-
cadearam o interesse da Holanda. O
Rijksmuseum, em Amesterdão, quer
as obras, mas não tem o dinheiro e,
por isso, o Estado decidiu entrar com
metade do montante.
Em Março, quando se soube que
estes dois retratos de corpo inteiro
pintados pelo mestre holandês em
1634 iam ser vendidos, a direcção do
Rijksmuseum reagiu prontamente:
“Se chegarem ao mercado, será mui-
to interessante”. Apenas um proble-
ma: a falta de orçamento para poder
adquirir as peças.
Em causa estão dois retratos do jo-
vem casal Maerten Soolmans, de 21
anos, e Oopjen Coppit, de 23 anos,
representantes das elites burguesas
de Amesterdão. Rembrandt pintou-
os antes do seu casamento. As pin-
turas estão em mãos privadas desde
Holanda dá 80 milhões de euros para ajudar o Rijks a comprar dois Rembrandt
sempre. Primeiro na família dos pro-
tagonistas das obras e mais tarde na
família Rothschild. Foi em 1877 que
os dois retratos foram comprados
por Gustave de Rothschild. É desde
essa altura que se sabe que as pin-
turas estão em França, país que vão
agora abandonar, uma vez que Éric
de Rothschild, o actual proprietário,
obteve a autorização de exportação,
numa decisão envolta em polémica.
Alguns especialistas esperavam que
as obras fossem classifi cadas como te-
souro nacional, o que não aconteceu.
Também criticada foi a direcção
do Museu do Louvre, em Paris, por
não se ter oposto à venda das pintu-
ras, que só foram expostas ao público
duas vezes no ano de 1956 — as duas
na Holanda, no Rijksmuseum (Ames-
terdão) e no Boymans van Beunin-
gen (Roterdão). Jean-Luc Martinez,
director do museu mais visitado do
mundo, alegou falta de fundos. Na
sua colecção, o Louvre tem o famoso
Betsabé no Banho, entre várias obras
de Rembrandt.
Ainda antes de o Governo holandês
ter anunciado esta semana a decisão
de alocar 80 milhões de euros para a
compra das obras, estudou-se a pos-
sibilidade de uma compra partilhada
entre o museu de Paris e o museu na-
cional holandês, de forma a garantir
que as obras fi cariam disponíveis ao
público. “Seria uma forma original
de manter as obras na Europa”, che-
gou a comentar Jean-Luc Martinez.
O valor de 160 milhões de euros
excede os orçamentos dos dois mu-
seus. Agora com os 80 milhões de eu-
ros dados pelo Governo holandês, é
mais certo que as obras regressem ao
país do seu mestre. “É essencial para
nós que estes quadros, que neste mo-
mento fazem parte de uma colecção
privada, se tornem propriedade pú-
blica para que possam ser vistos pelo
público holandês e se mantenham na
Europa”, disse anteontem à Radio 1
o ministro da Cultura holandês, Jet
Bussemaker, defendendo que seria
“completamente indesejável” que as
obras acabassem por ser compradas
por “uma nação rica em petróleo”.
Ao receber este montante do Esta-
do, o Rijksmuseum, que guarda na
sua colecção importantes obras de
Rembrandt como a celebrada Ronda
da Noite, compromete-se a angariar
os restantes 80 milhões de euros. O
museu está a trabalhar activamente
na procura de mecenas e patrocina-
dores para poder comprar os retratos
à família Rothschild. Caso aconteça, a
compra por 160 milhões de euros se-
ria um recorde para um museu públi-
co na Europa e até nos Estados Uni-
dos, escreve o The New York Times.
Ao diário nova-iorquino numa
entrevista por telefone, Taco Dib-
bits, director de colecções do Rijks,
disse que para o museu esta é uma
oportunidade extremamente rara.
“Rembrandt como estes, isto sim-
plesmente não acontece”, defendeu,
contando que “o último Rembrandt
comparável que apareceu no Mer-
cado foi Aristotle, vendido em 1961
ao Metropolitan Museum of Art [em
Nova Iorque]”. Na altura, foi compra-
do por pouco mais de dois milhões
de euros. As obras pertencem à pri-
meira época de Rembrandt como re-
tratista. Quanto retratou Soolmans e
Coppit, o pintor tinha 26 anos.
PinturaCláudia Lima Carvalho
A família de banqueiros Rothschild quer vender as duas obras por 160 milhões de euros
As ressonâncias e o impacto do colo-
nialismo e do pós-colonialismo nas
sociedades contemporâneas têm
sido o cerne do trabalho de Ângela
Ferreira (Maputo, 1958). A exposi-
ção A Tendency to Forget , patente
no Museu Colecção Berardo até 11
de Outubro, regressa a esse univer-
so e valeu-lhe o Novo Banco Photo
2015, o principal prémio de arte con-
temporânea em Portugal (com um
valor pecuniário de 40 mil euros),
que distingue desde 2007 artistas de
nacionalidade portuguesa, brasilei-
ra ou de países africanos de língua
ofi cial portuguesa.
Para o Museu Berardo, a artista
concebeu uma escultura evocativa
do edifício onde funcionava o Minis-
tério do Ultramar (actual Ministério
da Defesa), através da qual se podem
ver vídeos captados pelo casal Jorge
e Margot Dias, antropólogos, cujo
trabalho sobre o povo maconde de
Moçambique lhes trouxe reconhe-
cimento internacional nas décadas
de 1960 e 1970.
Se, por um lado, esta instalação
questiona a simbologia e a monu-
mentalidade de uma estrutura que
representou o domínio português
sobre as antigas colónias, por outro
questiona o posicionamento cientí-
fi co e académico destes dois inves-
Ângela Ferreira ganha Novo Banco Photo 2015
tigadores. Para a curadora Elvira
Dyangani Ose, A Tendency to Forget
“lida de forma activa com um episó-
dio da história colonial portuguesa”
e “desvela não só a importância dos
feitos alcançados nos primórdios da
chamada Nova Antropologia, como
também realça a agenda política
escondida por detrás das investiga-
ções do casal Dias e das suas alian-
ças com o regime salazarista” ( Jorge
Dias estudou Folclore e Etnologia
na Alemanha nazi). Ao lado da ré-
plica do edifício da Avenida da Ilha
da Madeira (Lisboa), fotografi as do
antigo Ministério do Ultramar e do
Museu de Etnografi a surgem lado a
lado, naquilo que pode ser entendi-
do como provocação ou um convite
à refl exão sobre a proximidade de
dois edifícios que tanto podem ser
antagónicos como complementares.
Em declarações ao PÚBLICO, a ar-
tista afi rmou que sobre o legado co-
lonial há ainda “coisas profundas por
resolver”, mas reconhece que Por-
tugal começa a abrir as portas a
essa discussão, nomeadamente no
campo da arte contemporânea. “Há
que questionar os legados de uma
forma profunda, estabelecer cone-
xões que não seja meramente para
dizer que a culpa é deste ou daque-
le. Temos que tentar compreender
a complexidade dos acontecimentos
para evoluirmos para um momento
em que podemos ultrapassar esse
passado.” Para Ângela Ferreira, ain-
da há algum medo de questionar o
legado colonial e pós-colonial por-
que é “um universo que magoa”.
Para além de Ângela Ferreira,
foram nomeados o brasileiro Ayr-
son Heráclito e o angolano Edson
Chagas.
Fotografia Sérgio B. Gomes
Exposição A Tendency to Forget, patente no Museu Berardo, valeu à artista portuguesa prémio no valor de 40 mil euros
Captura de ecrã de um dos vídeos do casal Dias
34 PÚBLICO, QUA 23 SET 2015CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa
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Público, 23/09/2015
VENDA EM CARTA FECHADAPor determinação do Digmo. Administrador da Insolvência, irá proceder-se à venda mediante carta fechada, dos bens infraidentifi cados, apreendidos a favor da Massa Insolvente:
Insolvência de Pinóquio da Marinha Grande - Actividades Educativas Unipessoal, Lda.
Proc. 987/14.6TBMGRComarca de Leiria - Instância Central - 1.ª Secção de Comércio
Bens Móveis Sujeitos a Registo
Viatura com a matrícula 08-88-SV, marca Volkswagen, do ano de 2002 (7 lugares).Valor mínimo: 4.250,00 (Quatro mil duzentos e cinquenta euros)
Viatura com a matrícula 45-87-XT, marca Nissan, do ano de 2004 (9 lugares).Valor mínimo: 4.100,00 (Quatro mil e cem euros)
Bens Móveis Não Sujeitos a Registo
Equipamento diverso: frigorífi co, micro-ondas, televisão.Valor mínimo: 45,00 (Quarenta e cinco euros)
Mobiliário diverso: berços, cadeiras para bebé, brinquedos, diversas loiças, sofás, secretárias.
Valor mínimo: 150,00 (Cento e cinquenta euros)
Visitas: Por marcação prévia.
Regulamento / Condições de Venda1. As propostas serão abertas dia 12 de Outubro de 2015, pelas 11h00, no escritório da encarregada de venda, sito na Rua de S. Pedro n.º 41 - Guarda Nova, 2430-162 Marinha Grande, e deverão ser remetidas por correio ou entregues por mão até esse momento.2. As propostas deverão conter os seguintes elementos: identifi cação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º de contribuinte, telefone/telemóvel, email); identifi cação do processo; identifi cação das verbas, e respetivo valor proposto por extenso; declaração expressa de aceitação integral das presentes condições. No exterior do envelope deve constar a identifi cação do processo, assinalado com a menção proposta em carta fechada.3. Os bens são vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus ou encargos.4. Ao valor da adjudicação acresce uma comissão de 10% acrescida de IVA, à taxa legal em vigor, referente ao pagamento dos serviços prestados pela encarregada de venda.Extrato do regulamento: Não dispensa a consulta das restantes condições de venda, em www.leiloexpert.pt.
T.: + 351 244 838 127 | T.: + 351 961 723 655 | T.: +351 967 626 816 | T.: + 351 961 445 566
Rua de S. Pedro, n.º 41Guarda Nova
2430-162 Marinha Grandegeral@leiloexpert.pt
www.leiloexpert.pt
Bens Móveis Não Sujeitos a Registo
Visitas: Por marcação prévia.
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VENDE-SEComarca de Aveiro
Aveiro - Instância Central - 1.ª Secção do Comércio - J3Insolvência de Pessoa Colectiva (Apresentação)
Processo: 1686/12.9T2AVRInsolvente: S.3.J. - Sociedade de Construção, Lda
NIF: 503.223.263Por determinação da Sr.ª Administradora da Insolvência, e em concordância com o Credor Hipotecário procede-se à venda extra-judicial, do bem imóvel abaixo identifi cado, através da obtenção de propostas em carta fechada, devendo as mesmas ser enviadas para o escritório da signatária até ao dia 7 de Ou-tubro de 2015, inclusivamente.BENS IMÓVEIS:Verba n.º 1 - Fração autónoma designada pela letra “R”, sita em Largo das Ametistas, lote 14, 47ª, 2785-543 São Domingos de Rana, distrito de Lisboa, concelho de Cascais, freguesia de S. Domingos de Rana, descrito na Conservatória do Regis-to Predial sob o n.º 8680 - R e inscrita no artigo matricial n.º 21105 - R, da referida freguesia, pelo valor mínimo de venda de €165.000,00 (cento e sessenta e cinco mil euros).Condições:1. As propostas deverão ser entregues/enviadas em sobres-crito fechado até ao dia 7 de Outubro de 2015, por via postal para um escritório sito na Rua Nelson Neves, 177, 3780-101 Sangalhos (Anadia);2. Informam-se os interessados que o bem objeto do presen-te anúncio poderá ser visto em dia e hora a combinar com a Administradora da Insolvência, Dr.ª Carla Maria de Carvalho Santos, através do telefone n.º 234.604.616;3. A abertura dos sobrescritos e a leitura das propostas serão efetuadas no dia 8 de Outubro de 2015 pelas 9h30 no escritório referido no ponto 1.;4. O sobrescrito deverá mencionar o nome, o endereço com-pleto e o número da identifi cação do proponente, assim como a frase “Contém proposta para o processo n.º 1686/12.9T2A-VR - Massa Insolvente de S.3.J. - Sociedade de Construções, Lda;5. Os ofertantes deverão juntar à proposta, como caução, um cheque visado/bancário no valor de 20% do valor da proposta, à ordem de “Massa Insolvente de S.3.J. - Sociedade de Cons-truções, Lda”;6. A proposta deverá indicar o nome, o endereço completo e o número da identifi cação fi scal do proponente, a identifi cação do processo, bem como indicar claramente a que se propõe: totalidade, verbas e preços;7. O bem será vendido no estado em que se encontra;8. A Administradora da Insolvência reserva-se a faculdade de não aceitar ou rejeitar quaisquer propostas que considerem não se adequar aos interesses da massa insolvente;9. A Administradora da Insolvência adjudicará o bem à melhor proposta (que nunca poderá ser inferior ao valor-base de ven-da estabelecido), e elaborará a respetiva Ata de Abertura de Propostas notifi cando todos os proponentes.
A Administradora da InsolvênciaPúblico, 23/09/2015
VENDE-SEComarca de Aveiro
Aveiro - Instância Central - 1.ª Secção do Comércio - J1Insolvência de Pessoa Singular (Apresentação)
Processo: 708/12.8T2AVRInsolventes: Camilo Figueiredo da Cruz
e Maria Clotilde Guimarães Soares da CruzNIF: 105.245.739 e 110.677.625 respetivamente
Por determinação da Sr.ª Administradora da Insolvência, procede-se à venda extrajudicial, dos bens imóveis abaixo identifi cados, através da obtenção de pro-postas em carta fechada, devendo as mesmas ser enviadas para o escritório da signatária até ao dia 7 de Outubro de 2015, inclusivamente.BENS IMÓVEIS:Verba n.º 1 - Prédio rústico, composto de terreno a pinhal e mato, com área de 910m2, sito em Encosta do Forno da freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda, descrito na Conservatória do Registo de Águeda sob o n.º 7396 e inscri-to na matriz sob o artigo 9452 da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 550,00 (Quinhentos e cinquenta euros);Verba n.º 2 - Prédio rústico, composto de terreno a cultura, com área de 1.100m2, sito em Aguada de Cima, freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda, descrito na Conservatória do Registo Predial de Águeda sob o n.º 7393 e inscrito na matriz sob o artigo 9451 da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 700,00 (Setecentos euros); Verba n.º 3 - Prédio rústico, composto de tereno a pinhal e mato, com área de 2.700 m2, sito no Gorgulhão, freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda, omisso na Conservatória do Registo Predial e inscrito na matriz sob o artigo 9453 da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 1.450,00 (mil quatrocentos e cinquenta euros);Verba n.º 4 - Prédio rústico, composto de terreno a cultura pastagem e pinhal, com área de 2.430m2, sito em Alverca - Assequins, freguesia de Águeda, conce-lho de Águeda, descrito na Conservatória do Registo Predial de Águeda sob o n.º 9244, e inscrito na matriz sob o artigo 5246 que proveio do artigo 5426, da referi-da freguesia, pelo valor-base de venda de € 1.300,00 (mil e trezentos euros);Verba n.º 5 - Prédio rústico, composto de terreno a cultura, com área de 1.750 m2, sito em Areia, freguesia de Águeda, concelho de Águeda, descrito na Con-servatória do Registo Predial que actualmente tem o artigo 9245, e inscrito na matriz sob o artigo 6558 que proveio do artigo 6558, da referida freguesia, pelo valor-base de venda de € 500,00 (quinhentos euros).Condições:1. As propostas deverão ser entregues/enviadas em sobrescrito fechado até ao dia 7 de Outubro de 2015, por via postal para um escritório sito na Rua Nelson Neves, 177, 3780-101 Sangalhos;2. Informam-se os interessados que os Bens objeto do presente anúncio poderão ser vistos em dia e hora a combinar com a Administradora da Insolvência, Dr.ª Carla Maria de Carvalho Santos, através do telefone n.º 234.604.616;3. A abertura dos sobrescritos e a leitura das propostas serão efetuadas no dia 8 de Outubro de 2015 pelas 9h45m no escritório referido no ponto 1.;4. O sobrescrito deverá mencionar o nome, o endereço completo e o número da identifi cação do proponente, assim como a frase “Contém proposta para o processo n.º 708/12.8T2AVR - Massa Insolvente de Camilo Figueiredo da Cruz e Maria Clotilde Guimarães Soares da Cruz;5. Os ofertantes deverão juntar à proposta, como caução, um cheque visado/bancário no valor de 20% do valor da proposta, à ordem de “Massa Insolvente de Camilo Figueiredo da Cruz e Maria Clotilde Guimarães Soares da Cruz”;6. A proposta deverá indicar o nome, o endereço completo e o número da iden-tifi cação fi scal do proponente, a identifi cação do processo, bem como indicar claramente a que se propõe: totalidade, verbas e preços;7. Os bens supraidentifi cados serão vendidos no estado em que se encontram;8. A Administradora da Insolvência reserva-se a faculdade de não aceitar ou rejeitar quaisquer propostas que considere não se adequar aos interesses da massa insolvente;9. A Administradora da Insolvência adjudicará os bens à melhor proposta (que nunca poderá ser inferior ao valor-base de venda estabelecido), e elaborará a respetiva Ata de Abertura de Propostas notifi cando todos os proponentes.
A Administradora da InsolvênciaPúblico, 23/09/2015
5*Exce
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35PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 CLASSIFICADOS
Professor Doutor
ÓSCAR SOARES BARATAMISSA DE 30.º DIA E AGRADECIMENTO
Sua Família participa que amanhã dia 24, pelas 18.30 horas, na Igreja de Santa Joana Princesa, será celebrada Missa pelo seu eterno descanso, agradecem desde já a todos os Amigos que se dig-narem assistir a esta celebração.
Agência Funerária Magno - AlvaladeServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Serviço Funerário Permanente 24 Horas
Agente de Execução, Alexandra Gomes CP 4009, com endereço profi ssional em Rua D. Sancho I, n.º 17 A/B, 2800-712 Almada.Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda do bem adiante designado:Bem em VendaTIPO DE BEM: ImóvelARTIGO MATRICIAL: 11685 - Urbano – Serviço de Finanças: 0728 – Coimbra 1 DESCRIÇÃO VERBA: Fração autónoma desig-nada pela letra D, correspondente ao 2.º andar A, destinada a habitação, do prédio em regime de propriedade horizontal, sito na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10 (atual n.º 309), Vale das Flores, Coimbra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o n.º 773, da freguesia de Santo António dos Olivais, inscrito na matriz sob o artigo n.º 11685, da mesma freguesia, concelho e distrito de Coimbra.PENHORADO EM: 2015/01/27INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM:EXECUTADOS: Jorge Manuel de Oliveira Lopes da Rosa e Flávia Silva Fernandes Lopes da Rosa, casados entre si no regime de comunhão de adquiridos, respetivamente com os con-tribuintes fi scais n.ºs 138172579 e 108236447, residentes na Rua Dr. Paulo Quintela, lote 10, 2.º – A, Vale das Flores, Coimbra.MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante propostas em carta fechada, a serem entregues na Comarca de Coimbra – Coimbra – Inst.
Central – Secção de Execução - J1, sito no Palácio da Justiça – Rua São João de Deus, 3130-250 Soure, pelos interessados na compra, encontrando-se designada como data para abertura das propostas o dia 7 de Outubro de 2015, pelas 14:00 horas.VALOR-BASE DA VENDA: 190.000,00 euros Serão aceites propostas iguais ou superiores a 161.500,00 euros (valor que corresponde a 85% do valor-base). Devem os proponentes indicar o seu nome completo, estado civil e nome do cônjuge (se o houver), morada, números de bilhete de identidade e contribuinte, devendo também juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do agente de execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou garantia bancária no mesmo valor.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: Não Está pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoEstá pendente sentença de graduação de créditos: Não
A Agente de ExecuçãoAlexandra Gomes
Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 AlmadaE-mail: 4009@solicitador.net
Telf.: 212 743 259 - Fax: 217 743 259
Público, 23/09/2015 - 2.ª Pub.
COMARCA DE COIMBRACoimbra - Inst. Central - Secção de Execução - J1
ANÚNCIO DE VENDA
Processo 6223/14.8T8CBR - Execução ComumRef. Interna: PE/324/2014
Exequente: Caixa Económica Montepio GeralExecutados: Jorge Manuel de Oliveira Lopes Rosa e outra
ALEXANDRA GOMESAgente de Execução
CPN 4009
COMARCADE LISBOA
Seixal - Inst. Local- Secção Cível - J1
Processo: 1914/15.9T8SXL
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Jessica Sofi a Em-baixador Alves de MoraisFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Jessica Sofi a Em-baixador Alves de Morais, com residência em: Rua das Flores, n.º 5, 2.º Esq.º Paivas, 2845-367 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 339105019
Seixal, 17-09-2015
A Juíza de DireitoLaura Maria Dias Godinho
Ribeiro RaçõesA Ofi cial de Justiça
Maria José Ferreira Almeida
Público, 23/09/2015
LEILÃO CANCELADO
A CCP - CASA DE CRÉDITO POPULAR, S.A., vem por este meio comunicar que o leilão que iria efetuar no dia 01 de outubro de 2015, pelas 10H30, na RUA ARCO MARQUÊS DO ALEGRETE, 6-A, MARTIM MONIZ, 1100-034 LISBOA, foi cancelado.
Lisboa, 23 de setembro de 2015
A Administração
www.casacreditopopular.pt
Ligue Grátis 800 208 186
Pelo Edital n.º 853/2015, publicado no Diário da República n.º 183, II Série, de 18.09.2015, encontra-se aberto pelo prazo de 30 (trinta) dias úteis, concurso para um lugar de Professor Adjunto, para a área Disciplinar de Ciências Dentárias, subárea de Higiene Oral, para o Instituto Politécnico de Portalegre.
21.09.2015
O AdministradorJosé Manuel Gomes
INSTITUTO
POLITÉCNICO
DE PORTALEGRELEILÃO CANCELADO
A CCP - CASA DE CRÉDITO POPULAR, S.A., vem por este meio comunicar que o leilão que iria efetuar no dia 01 de outubro de 2015, pelas 10H45, na RUA ARCO MARQUÊS DO ALEGRETE, 6-A, MARTIM MONIZ, 1100-034 LISBOA, foi cancelado.
Lisboa, 23 de setembro de 2015
A Administração
www.casacreditopopular.pt
Ligue Grátis 800 208 186
TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE
LISBOA OESTECascais - Instância Local
- Secção Cível(Unidade Orgânica 1)
Processo: 2803/15.2T8CSC
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Maria Piedade DuarteFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerida Maria Piedade Duarte, fi lha de João Jesus Duarte e de Maria José Alves, nascida em 02-12-1935, concelho de São João da Pesqueira, freguesia de Riodades (São João da Pesqueira), domicílio: Casa do Alecrim, R. Joa-quim Miguel Serra Moura, n.º 256, Alapraia, 2765-029 Estoril, para efeito de ser decretada a sua inter-dição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 92676449
Cscais, 21-09-2015
A Juíza de DireitoDr.ª Maria Madalena Martins Lopes
A Ofi cial de JustiçaClara Martins
Público, 23/09/2015
COMARCADE LISBOA
Seixal - Inst. Local- Secção Cível - J1
Processo: 1913/15.0T8SXL
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Sandra Helena Garcia BarrosFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Inter-dição / Inabilitação em que é requerida Sandra Helena Garcia Barros, com residência na Praceta Joaquim Batista Pe-reira, n.º 8, 2.º Esq.º, Amora, 2845-431 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.
N/ Referência: 339101372
Seixal, 17-09-2015
A Juíza de DireitoLaura Maria Dias Godinho
Ribeiro RaçõesA Ofi cial de Justiça
Maria José Ferreira Almeida
Público, 23/09/2015
COMARCADE LISBOA
Seixal - Inst. Local- Secção Cível - J2
Processo: 1949/15.1T8SXL
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerida: Catarina Sofi a Ca-macho FonsecaFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Catarina Sofi a Camacho Fonseca, com resi-dência em domicílio: Av.ª José Afonso, n.º 88, Cave Esq.ª, Cavaquinhas, 2840-736 Seixal, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 339151461
Seixal, 18-09-2015
A Juíza de DireitoDr.ª Célia CraveiroA Ofi cial de Justiça
Maria de Fátima Sousa
Público, 23/09/2015
Eleição dos Deputados à Assembleia da República 2015O Partido Popular Monárquico vem, nos termos e para os efeitos do n.º 4 do artigo 21.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 55/2010, de 24 de dezembro, comunicar que constitui Mandatá-rio Financeiro nacional Tânia Trindade Roldão Geraldes Tomás.
O Presidente da Comissão Política Nacional do PPMPaulo Estêvão
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
AVISOTorna-se público que por despacho da Secretária-Geral do Tribunal Constitucional, de 14 de setembro de 2015, exarado no uso de competências delegadas, foi retifi cado o Aviso n.º 9053/2015, de 17 de agosto, que procedeu à abertura de procedimento concursal comum para preen-chimento de um posto de trabalho na carreira e catego-ria de técnico superior do mapa de pessoal do Tribunal Constitucional (Núcleo de Apoio Documental e Infor-mação Jurídica), na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, conforme Declaração de retifi cação n.º 829/2015, publicada no Diá-rio da República n.º 185, 2.ª Série, de 22 de setembro.É concedido o prazo suplementar de dez dias úteis, a contar da data da publicação da referida Declaração de retifi cação no Diário da República, para apresentação de candidaturas que reúnam os requisitos de admissão previstos naquele Aviso, salvaguardando-se todas as que foram apresentadas no prazo por ele concedido.22 de setembro de 2015
A Secretária-Geral do Tribunal ConstitucionalManuela Baptista Lopes
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36 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
SAIR
CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Sem Saída 15h30, 18h20, 21h30 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Jackie e Ryan M12. 13h35; Ricki e os Flash M12. 15h25, 17h35, 21h55; O Pátio das Cantigas M12. 15h20, 17h30, 19h40; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 19h15, 21h50; O Presidente 19h35; Dior e Eu M12. 13h30, 17h25; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h40; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h35, 15h30 (V.P.); Homem Irracional M12. 13h40, 15h35, 17h40, 19h45, 21h45, Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 14h, 18h; Homem Irracional M12. 16h15, 20h15, 22h CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Mínimos M6. 17h45 (V.P.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h25, 15h30, 17h25, 19h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h20, 17h35, 21h45, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 13h25, 19h50, 00h25; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h 18h45, 17h20, 19h20, 21h30, 21h50, 00h10, 00h30; Divertida-mente 15h35 (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 17h45, 21h55; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h30 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 13h35, 19h55, 00h15; Homem Irracional M12. 13h45, 15h40, 17h45, 19h40, 22h, 00h05; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 00h20; Hitman: Agente 47 13h40, 00h20; A Visita M16. 13h30, 15h25, 20h, 21h55, 24h; A Família Bélier M12. 15h25, 17h30, 21h50; Outro/Eu M12. 19h35 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996Transporter: Potência Máxima M12. 16h, 18h20, 20h45; Homem Irracional M12. 16h40, 19h, 21h40; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h40, 21h30; Sem Saída 16h20, 18h50, 21h20; A Família Bélier M12. 17h, 19h25, 21h55; Mínimos M6. 15h40, 18h (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h30, 17h40; A Visita M16. 16h50, 19h10, 21h50; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h20 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 17h20, 21h30; Hitman: Agente 47 16h30, 21h45; Ricki e os Flash M12. 18h55; O Pátio das Cantigas M12. 16h10, 21h; Férias M12. 18h45; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 16h05 (V.Port.); Vontade de Vencer M12. 18h10, 21h25 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Homem Irracional M12. 13h, 15h30, 18h, 21h20, 23h40; A Visita M16. 13h20, 15h50, 18h20, 21h40, 23h55; Ricki e os Flash M12. 13h40, 16h10, 18h40, 21h, 23h20; A Família Bélier M12. 20h50, 23h35; Sexo, Amor e Terapia M12. 13h10, 15h20, 17h30; O Pátio das Cantigas M12. 21h10, 23h45; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h50, 16h, 18h10 (V.P.); Dior e Eu M12. 18h50; Masaan M12. 12h50, 15h40, 21h30, 24h; O Rosto da Inocência M16. 13h30, 16h20, 21h50, 00h10; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 18h30 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Hitman: Agente 47 00h25 ; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h20, 17h25 (V.P.); O Outro Lado do Sexo 13h25, 15h50, 21h15,
23h45; O Pátio das Cantigas M12. 18h10; Homem Irracional M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h45, 00h10; Sem Saída 12h55, 15h30, 18h, 21h50, 00h25 ; Maze Runner: Provas de Fogo 12h50, 15h40, 18h35, 21h30, 00h30; A Visita M16. 15h15, 15h55, 18h20, 21h, 23h40; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h05, 15h45, 21h05, 00h20; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h30; Transporter: Potência Máxima M12. 13h, 15h35, 18h15, 21h10, 24h; Sala Imax: 13h30, 16h05, 18h45, 21h40, 00h35 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Sem Saída 12h50, 15h20, 17h30, 22h, 00h30; Mínimos M6. 13h30 (V.P.); A Visita M16. 15h40, 18h20, 21h20, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 23h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 16h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h30, 17h40, 20h, 22h10, 00h40; Homem Irracional M12. 13h40, 16h10, 18h30, 21h, 23h40 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200Cool and Crazy 15h30; Drácula, Príncipe das Trevas 15h30; Amateur 21h30; Cool and Crazy on the Road 22h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Homem Irracional M12. 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 15h05, 17h20, 19h40, 22h; Dior e Eu M12. 19h45; O Rosto da Inocência M16. 11h40, 13h40, 15h40, 17h40, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h50; A Visita M16. 11h50, 13h50, 15h50, 17h50, 21h50 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362O Meu Tio M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30 São JorgeAv. da Liberdade, 175. T. 213103402Queer Lisboa - Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Jackie e Ryan M12. 19h25, 00h20; O Pátio das Cantigas M12. 14h15, 16h40, 21h50; Mínimos M6. 13h50 (V.P.); A Visita M16. 14h20, 16h50, 19h15, 21h25, 23h50; Transporter: Potência Máxima M12. 16h05, 19h20, 00h25; A Ovelha Choné - O Filme M6. 14h10, 16h25 (V.P.); Sexo, Amor e Terapia M12. 18h45,21h35, 23h45; A Família Bélier M12. 14h, 16h45, 19h10, 21h40, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h40, 16h20, 19h05, 21h45, 00h30; As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto M12. 13h55, 19h10, 21h45; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h45, 16h35, 21h40, 00h15; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 16h50, 00h25; O Jovem Prodígio T.S. Spivet M12. 19h15; Rio Perdido M12. 14h25, 16h35, 19h20, 21h55, 00h05; O Rosto da Inocência M16. 14h05, 16h25, 18h50, 21h25, 23h45; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h35, 24h; Maze Runner: Provas de Fogo 13h40, 16h20, 19h05, 21h50, 00h30; Sem Saída 13h50, 16h10, 18h55, 21h30, 23h50; Ricki e os Flash M12. 14h10, 16h30, 18h55, 21h30, 23h55
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996A Visita M16. 13h10, 15h35, 18h30, 21h40, 24h; Transporter: Potência Máxima M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h30, 23h50; Sem Saída 13h, 16h, 18h50, 21h50, 00h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h25, 18h20, 21h15, 00h10; Férias M12. 20h50, 23h20; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h30, 16h10, 18h40; O Outro Lado do Sexo 12h50, 15h20,
Homem IrracionalDe Woody Allen. Com Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey. EUA. 2015. 95m. Drama, Thriller. M12. O professor de Filosofi a Abe
Lucas está numa fase difícil. Ao
mudar-se para uma nova cidade,
onde vai integrar o Departamento
de Filosofi a da Universidade
de Braylin, acaba por se ver
emocionalmente envolvido com
duas mulheres muito diferentes:
uma professora que apenas
deseja libertar-se da infelicidade
do casamento; e uma aluna
inteligente que se sente atraída
pela sua aura de sabedoria e
desespero algo existencialista. Mas
a vida de Abe muda quando ouve
a conversa de uma desconhecida...
MasaanDe Neeraj Ghaywan. Com Richa Chadda, Sanjay Mishra, Vicky Kaushal. FRA/Índia. 2015. 109m. Drama. M12. Personagens de diferentes castas
cruzam-se em Varanasi (Índia),
a cidade sagrada dos hindus.
Piyush e Devi estão num encontro
fortuito num quarto de hotel.
Deepak é um jovem que trabalha
na cremação de cadáveres
e que se sente inferiorizado
devido à condição social. Estas
duas histórias decorrem em
simultâneo com a de Jhonta, um
pequeno órfão que apenas deseja
encontrar uma família a que
possa chamar sua.
Maze Runner: Provas de FogoDe Wes Ball. Com Dylan O’Brien, Kaya Scodelario, Thomas Brodie-Sangster. EUA. 2015. 131m. Thriller, Ficção Científica. Depois de conseguirem escapar
do labirinto onde se encontraram
presos sem explicação, Thomas
e os seus companheiros de
cativeiro têm de encarar uma
realidade diferente, mas nem por
isso menos assustadora...
O Outro Lado do SexoDe Josh Lawson. Com Bojana Novakovic, Damon Herriman, Josh Lawson. Austrália. 2014. 96m. Comédia. Cinco casais lutam por manter
acesa a chama da sua vida íntima:
Paul é um fetichista que descobre
que a mulher tem a fantasia de
ser violada por um estranho; Evie
e Dan tentam salvar o casamento
com jogos sexuais; Phil evita
qualquer tipo de aproximação
com a sua companheira de anos;
Rowena não consegue encontrar
prazer na sua relação com
Richard até ao dia em que o vê
chorar; e Sam é um artista surdo
que usa um serviço de tradução
de língua gestual para interpretar
uma chamada erótica...
O Rosto da InocênciaDe Michael Winterbottom. Com Cara Delevingne, Kate Beckinsale, Daniel Brühl. ITA/GB/ESP. 2014. 101m. Drama. M16. O cineasta Thomas Lang é
contratado para adaptar a obra da
jornalista Simone Ford que relata
o julgamento de Jessica Fuller pelo
homicídio de Elizabeth Pryce,
violada e esfaqueada numa casa
que partilhavam em Itália. Para que
ele se “situe“ no caso e na polémica
que gerou no mundo inteiro,
Simone leva-o ao lugar onde tudo
aconteceu. Mas, durante a visita,
Thomas começa a pôr em causa
não apenas as motivações de todos
os que o rodeiam, mas também as
suas próprias.
Rio PerdidoDe Ryan Gosling. Com Christina Hendricks, Iain De Caestecker, Matt Smith. EUA. 2015. 95m. Drama. M12. Numa cidade devastada, Billy
esforça-se por sobreviver com
os dois fi lhos. Para conseguir
dinheiro para manter a casa
de família, vê-se obrigada a
trabalhar numa discoteca
decadente, onde tem de dar vida
às fantasias mais grotescas dos
seus clientes. Revoltado, o fi lho
mais velho decide aventurar-se
na descoberta de uma mítica
cidade submersa...
Sem SaídaDe John Erick Dowdle. Com Pierce Brosnan, Owen Wilson. EUA. 2015. 103m. Thriller. Quando Jack é convidado para
um cargo numa empresa no
Sudeste da Ásia, encontra aí a
oportunidade por que ansiava
para iniciar uma nova vida com
a sua mulher e fi lhas. Porém,
pouco depois de se instalarem,
dão-se conta de que algo está para
acontecer. Quando, na manhã
seguinte, Jack vai à rua, vê-se
subitamente envolvido numa
insurreição chefi ada por rebeldes
armados que não se coíbem de
executar todos os estrangeiros...
Em estreialazer@publico.ptcinecartaz@publico.pt
17h45, 21h, 23h30; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h15; Ricki e os Flash M12. 12h50, 15h25, 17h55, 21h15, 23h45; O Pátio das Cantigas M12. 12h40, 15h15, 18h, 20h50, 23h30; Homem Irracional M12. 13h05, 16h05, 18h45, 21h05, 23h55; A Família Bélier M12. 17h20, 20h45, 23h20; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h10, 15h15 (V.Port.); Jackie e Ryan M12. 18h55; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h50, 21h25, 00h05; Mínimos M6. 13h20,15h55, 18h20 (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 20h45, 23h15; Hitman: Agente 47 12h55, 15h45,18h15, 21h10, 24h
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Quarteto Fantástico M12. 13h15; O Pátio das Cantigas M12. 15h15, 17h25, 19h35, 21h45, 00h10; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 15h30, 21h55, 00h20; Ricki e os Flash M12. 13h30, 17h45, 19h55, 21h55; Homem Irracional M12. 13h50, 15h50, 17h55, 19h55, 22h00, 00h05; Maze Runner: Provas de Fogo 13h20, 16h, 17h20, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50, 00h10; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h30, 21h40; Hitman: Agente 47 15h35; A Visita M16. 20h, 22h10, 00h15; Transporter: Potência Máxima M12. 13h40, 17h35, 19h45, 21h50, 23h55; Férias M12. 00h30; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 13h35, 15h30, 17h20 (V.P.); Insidious: Capítulo 3 M16. 00h25 ; Mínimos M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (V.P.); Hitman: Agente 47 13h25, 00h05; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h25 (V.P.); Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 17h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 15h55, 17h50 (V.P.); Sem Saída 13h35, 15h40, 19h35, 21h35, 23h50 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Transporter: Potência Máxima M12. 13h50, 16h20, 19h10, 21h45; Maze Runner: Provas de Fogo 13h35, 16h20, 19h05, 21h50; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 13h35, 16h15, 21h45; Hitman: Agente 47 19h10; Sem Saída14h15, 16h35, 19h15, 21h40; Rio Perdido M12. 13h45, 16h05, 18h50, 21h25; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 13h35, 15h50 (V.P.); Vontade de Vencer M12. 18h45; O Pátio das Cantigas M12. 19h05, 21h40; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 14h05, 16h20 (V.P.); American Ultra - Agentes Improváveis M12. 21h30; A Visita M16. 14h10, 16h40, 19h15, 21h55; Mínimos M6. 13h40, 16h, 18h30 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h35; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h55, 16h10, 18h45 (V.P.); Ricki e os Flash M12. 21h25, 23h50; Homem Irracional M12. 14h, 16h30, 19h, 21h30
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h15; A Visita M16. 13h30, 16h, 21h40, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 20h50, 23h30; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h10, 15h30, 17h40; Sem Saída 12h40, 15h10, 17h50, 21h10, 23h50; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 13h, 15h40, 18h, 21h, 23h20; Maze Runner: Provas de Fogo 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Mínimos M6. 13h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h50, 18h30, 21h05, 23h40; Homem Irracional M12. 12h50, 15h05, 17h30, 21h30, 00h10
Homem Irracional
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 37
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Bando de Raparigas mmmmm mmmmm mmmmm
Dior e Eu mmmmm – mmmmm
Homem Irracional mmmmm mmmmm –Dior e Eu mmmmm – mmmmm
Jackie & Ryan – mmmmm –As Mil e uma Noites: O Inquieto mmmmm mmmmm mmmmm
O Presidente mmmmm mmmmm mmmmm
O Rio Perdido mmmmm – –O Rosto da Inocência – mmmmm –A Visita mmmmm mmmmm –
Sintra
Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h20, 17h15(V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 17h30, 16h, 18h45, 19h10, 21h30, 21h50; A Família Bélier M12. 17h30, 19h35, 21h45; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 15h35, 17h20 (V.P.); Homem Irracional M12. 15h30, 17h35, 19h30, 21h35; Missão Impossível: Nação Secreta M12. 19h05, 21h45; Absolutely Anything - Uma Comédia Intergaláctica M12. 20h10; Ricki e os Flash M12. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 15h45 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h55; Mínimos M6. 15h30(V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 17h50; Transporter: Potência Máxima M12. 15h55, 20h, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Homem Irracional M12. 15h15, 17h15, 19h15, 21h40; Ricki e os Flash M12. 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h50; O Outro Lado do Sexo 15h20, 17h20, 21h45; Mínimos M6. 15h (V.P.); Hitman: Agente 47 21h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.P.); Maze Runner: Provas de Fogo 15h40, 18h30, 21h30; O Pátio das Cantigas M12. 15h35, 18h20, 21h20; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h15; Vontade de Vencer M12. 17h, 19h
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Ricki e os Flash M12. 12h55, 15h25, 18h05, 21h10, 23h40; Maze Runner: Provas de Fogo 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; American Ultra - Agentes Improváveis M12. 18h; A Visita M16. 13h10, 15h35, 21h35, 24h; O Pátio das Cantigas M12. 21h25, 00h10; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h05, 15h20, 18h20 (V.P.); Transporter: Potência Máxima M12. 13h15, 15h40, 18h15, 21h20, 23h45; Homem Irracional M12. 13h20, 15h45, 18h10, 21h40, 00h05; Sem Saída 13h25, 15h55, 18h25, 21h15, 23h50
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h20, 15h20,17h20, 19h15 (V.P.); O Agente da U.N.C.L.E. M12. 21h20; Mínimos M6. 13h, 15h (V.P.); O Pátio das Cantigas M12. 19h, 21h30; Vontade de Vencer M12. 17h; Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h25, 17h30, 19h35, 21h40
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Missão Impossível: Nação Secreta M12. 21h10; Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 14h30 (V.P.); Hitman: Agente 47 21h20; O Agente da U.N.C.L.E. M12. 16h20, 18h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 15h, 17h (V.Port.); Vontade de Vencer M12. 19h; Maze Runner: Provas de Fogo 15h50, 18h30, 21h30; Transporter: Potência Máxima M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h45; Mínimos M6. 15h10, 17h10 (V.Port.); O Pátio das Cantigas M12. 19h10, 21h35; Sem Saída 15h40, 18h40, 21h40
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Homem Irracional M12. 13h20, 15h50, 18h10, 21h30, 23h45; A Visita M16. 13h30, 16h, 18h30, 21h40, 23h50; O Pátio das Cantigas M12. 21h25, 23h55; A Ovelha Choné - O Filme M6. 13h, 15h10, 17h15, 19h20; Transporter: Potência Máxima M12. 13h10, 15h40, 18h, 21h05, 23h35; Maze Runner: Provas de Fogo 12h40, 15h30, 18h20, 21h15, 00h05
TEATROLisboa@ RibeiraR. Ribeira Nova, 44 - Cais Sodré. T. 915341974 Ró-Ró, Passadas, Eu Não De Samuel Beckett. Grupo: Teatro Língua. Enc. Miguel Sopas. De 16/9 a 27/9. 4ª a Dom às 22h. M/12. Duração: 60m. Espaço KarnartAvenida da Índia, 168 (Belém). T. 213466411 Hermaphrodita De Eugénio de Castro (a partir). Comp.: Karnat. De 7/9 a 30/9. 2ª a 6ª às 16h. Sáb e Dom às 16h e 19h. Hospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. De 11/9 a 17/10. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. M/18. Duração: 90m. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 As Raposas De Lillian Hellman. Enc. João Lourenço. A partir de 11/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (na Sala Azul). M/12. Teatro da CornucópiaRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Hamlet De William Shakespeare. Enc. Luis Miguel Cintra. Mús. Teatro da Cornucópia. De 18/9 a 17/10. 4ª às 19h. De 18/9 a 18/10. 6ª e Sáb às 20h. De 18/9 a 17/10. Dom às 16h. M/12. Duração: 240m. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Jogadores De Pau Miró. Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 23/9 a 24/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Sete Pecados Mortais ou As Técnicas de Legítima Defesa - bloqueios, retenções e alavancas De Miguel Castro Caldas. Comp.: Gato que Ladra. Enc. Rute Rocha. De 10/9 a 4/10. 4ª a Sáb às 21h45. Dom às 17h (na Sala Estúdio). M/12. Duração: 60m.
Teatro do BairroRua Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 Se Eu não Fechar os Olhos Enc. Miguel Graça. De 23/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 19h. M/16. Teatro MeridionalR. Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T. 218689245 António e Maria De António Lobo Antunes. Comp.: Teatro Meridional. Enc. Miguel Seabra. De 9/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Duração: 75m. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Agamémnon Enc. Tiago Rodrigues. De 23/9 a 27/9. 4ª às 19h. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h (na Sala Garret). Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 23/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 24/9 a 25/10. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Duração: 100m. Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 O Contrabaixo De Patrick Süskind. Grupo: O Teatro/Conservatório de Música de Coimbra. Enc. António Mercado. De 17/9 a 27/9. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Duração: 60m.
BatalhaAuditório Municipal da BatalhaR. Infante D. Fernando. T. 244769110 Fardo De Ángel Fragua, Noelia Domínguez, Sérgio Agostinho, Hernán Gené. Comp.: Peripécia Teatro. Dia 23/9 às 21h30 (20.º Acaso - Festival de Teatro). M/12. Duração: 75m.
EXPOSIÇÕESLisboaArquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 (Ante) Câmara - Negativo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Objectos. (Ante) Câmara - Processo Cromogéneo De 3/8 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia, Documental.
Café do ImpérioAv. Almirante Reis, 205 A/B/C. T. 218476052 Diálogos a Carvão De Luís Dourdil. De 8/11 a 30/9. Todos os dias das 12h às 00h. Desenho. Casa Fernando PessoaRua Coelho da Rocha, 16 - Campo de Ourique. T. 213913270 Os Testamentos de Orpheu De Pedro Proença. De 26/3 a 26/9. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Desenho, Pintura. Estação Roma-AreeiroAvenida Frey Miguel Contreiras. T. 0 A Ponte Que nos Liga De 4/9 a 30/9. 2ª a 6ª das 05h às 01h30. Sáb, Dom e feriados das 05h30 às 00h50. Fotografia. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria Torreão Nascente da Cordoaria NacionalAvenida da Índia - Edifício da Cordoaria Nacional. T. 213646128 A ONU em Imagens - 70 Anos de História De 4/9 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fotografia. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 20h (Horário de Verão), das 09h às 18h (Horário de Inverno). Botânica. Jardim Botânico Tropical Largo dos Jerónimos - Belém . T. 213637023 Pato Mudo A partir de 25/10. Todos os dias 24h. Instalação, Azulejo. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. LX FactoryRua Rodrigues Faria, 103. T. 213143399 Oxalá. Antes e Depois do Samba De Elisabete Maisão. De 17/9 a 1/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 15h às 19h Na studioteambox. Fotografia. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Hotel Globo De Mónica de Miranda. De 4/7 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Instalação, Vídeo. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura. Mude - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 TAP Portugal: Imagem de Um Povo De vários autores. De 15/7 a 1/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design, Objectos. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (horário de Inverno), das 10h às 20h (horário de Verão). Design. Exposição permanente. Museu Colecção BerardoPraça do Império - Centro Cultural de Belém. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Novo Banco Photo 2015 De Ângela Ferreira, Ayrson Heráclito, Edson Chagas. De 17/6 a 11/10. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Fotografia, Outros. O Olhar do Coleccionador De vários autores. De 20/5 a 27/9. 3ª a Dom das
10h às 19h (Última entrada 18h30). Pintura, Escultura, Fotografia. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 19h (Última entrada 18h30). Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Sáb às 16h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Design, Outros. Exposição Permanente. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Sáb das 14h às 18h (encerra 24 e 31 de Dezembro). Objectos, Outros. Exposição Permanente. Museu de Lisboa – Santo AntónioLargo de Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Namban De Luís Cohen Fusé. De 3/7 a 27/9. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Pintura, Escultura. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Encerra 1 de Janeiro e 25 de Dezembro. Objectos, Outros. Museu Nacional de ArqueologiaPraça do Império - Edifício dos Jerónimos. T. 213620000 Antiguidades Egípcias A partir de 18/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra de 30 de Dezembro a 2 de Janeiro). Joalharia, Arqueologia, Objectos, Outros. Exposição permanente. Quem nos Escreve Desde a Serra De 30/5 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Objectos, Documental. Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes. T. 213912800 Aqua. Faianças da Colecção do MNAA De 18/6 a 27/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Cerâmica, Desenho. Luca Cambiaso e o seu Círculo De 7/7 a 18/10. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho. Museu Nacional de História Natural e da CiênciaR. Escola Politécnica, 58/60. T. 213921800 A Aventura da Terra: um Planeta em Evolução A partir de 19/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h (última admissão às 16h). Sáb e Dom das 11h às 18h (última admissão às 17h). Ciência, Outros. Draperies De João Castro Silva. De 3/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h Na Sala do Veado. Sáb e Dom das 11h às 18h. Instalação. Francisco Arruda Furtado (1854-1887), Discípulo de Darwin De 6/3 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 17h (Última entrada 16h30). Sáb e Dom das 11h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Desenho. Jóias da Terra - O Minério da Panasqueira A partir de 1/8. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência. Memórias da Politécnica - Quatro séculos de Educação, Ciência e Cultura De 16/2 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Outros. Primário #2 De Nuno Delmas. De 10/9 a 27/9. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Outros.
É no palco do Teatro Municipal São Luiz que Filipe Pinto-Ribeiro inaugura a rota internacional de apresentação de Piano Seasons, o novo trabalho. A data de hoje não foi escolhida ao acaso: corresponde ao Equinócio de Outono. Harmoniza-se assim com o tema do disco, que é inspirado nas estações do ano.
O pianista passeia-se por peças de compositores como Tchaikovsky ou Piazzolla, e estreia mundialmente a obra que lhe foi dedicada por Eurico Carrapatoso, Quatro últimas estações de Lisboa. O concerto está marcado para as 21h, na Sala Principal do teatro. O preço dos bilhetes varia entre 12€ e 15€.
Estações do (pi)ano em LisboaRITA CARMO
38 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Se Eu não Fechar Os Olhos, com texto e encenação de Miguel Graça, está em cena no Teatro do Bairro
DR
SAIRMuseu Nacional do AzulejoRua Madre de Deus, 4. T. 218100340 A Arte Interior. Siza Vieira e o Desenho de Objectos De 17/7 a 15/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Objectos, Design, Arquitectura. Exposição Permanente A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Azulejo, Documental. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Tempos de Dança. Evocação do Estúdio-Escola de Dança Clássica de Anna Mascolo De 29/4 a 30/9. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Documental, Objectos, Fotografia. Museu Nacional dos CochesPraça Afonso de Albuquerque. T. 213610850 Exposição Permanente de Coches Reais A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Objectos, Documental. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Luís Filipe e a Farsa da Vida De 19/9 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h Na Galeria. Documental, Desenho. Núcleo de Interpretação da Muralha de D. DinisLargo de S. Julião. T. 213213240 Exposição Permanente de Interpretação da Muralha de D. Dinis A partir de 3/2. 4ª a Sáb das 10h às 18h. Documental, Objectos. Núcleo Museológico do Castelo de São JorgeCastelo de São Jorge. T. 218800620 Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge A partir de 18/12. Todos os dias das 09h às 18h (Horário de Inverno; última admissão às 17h30), das 09h às 21h (Horário de Verão; última admissão às 20h30). Arqueologia. Exposição Permanente. Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Florestas Submersas De Takashi Amano. De 22/4 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h Horário de Verão. Última entrada às 19h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. A partir de 22/4. Todos os dias das 10h às 19h
(piano). Dia 23/9 às 21h (na Sala Principal. M/6). Apresentação de “Piano Seasons”.
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Ciclo de Fado De 2/9 a 30/9. 4ª às 22h (Lounge D). Com Ana Sofia Varela e Salvador Taborda (dias 2 e 16), Liliana Luz e Francisco Sobral (dias 9 e 23), Teresa Brum e Gonçalo Castelbranco (dia 30).
FESTIVAISLisboaGoethe-InstitutCp. Mártires Pátria, 37. T. 218824510 Festival Cantabile 2015 - A Arte da Música de Câmara De 22/9 a 27/9. 3ª a Dom. 6.ª edição.
PêraPêraSilves. Fiesa 2015 - XIII Festival Internacional de Escultura em Areia De 16/9 a 20/10. Todos os dias às 10h. Informações e reservas: 969459259 / 282317084 / fiesa@prosandart.com
SantarémSantarémSantarém. FITIJ - Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude De 18/9 a 27/9. Todos os dias (em vários espaços). Informações: 914658455, 919898408 ou fitijsantarem@gmail.com.
DANÇA VilamouraCasino de VilamouraPraça Casino de Vilamoura. T. 289310000 Kings & Queens Coreog. Regina Alencar. De 2/9 a 30/9. 4ª e 5ª às 20h30 (jantar) e 22h30 (espectáculo).
FESTAS E FEIRASLisboaMartim MonizLargo Martim Moniz. Mercado de Fusão do Martim Moniz A partir de 1/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 10h às 22h (food court). 6ª e Sáb das 10h às 00h (food court). Sáb e Dom das 10h às 19h (Feira/Mercado Fusão). Mais informações: geral@ncs.pt e comunicacao@ncs.pt
AmadoraParque Delfim GuimarãesVenteira. Mercado Agrobio da Amadora A partir de 3/10. 4ª das 16h às 20h.
CacilhasCacilhas Mercado Biológico de Almada A partir de 1/1. 4ª das 14h às 20h. Junto ao chafariz da Rua Cândido dos Reis.
Santa CruzSanta CruzTorres Vedras. Onda de Verão 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.
TaviraTavira Verão em Tavira 2015 De 1/7 a 30/9. Todos os dias.
SAIRHorário de Inverno. Última entrada às 18h. Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Bilhete dá acesso à exposição permanente. Instalação, Ciência. Pavilhão de PortugalAlameda dos Oceanos - Parque das Nações. T. 218919898 A Cidade Imaginada De 28/5 a 30/9. Todos os dias das 10h às 18h. Documental, Arquitectura. Pavilhão do Conhecimento - Ciência VivaAlameda dos Oceanos, Lote 2.10.01 - Parque das Nações . T. 218917100 A Casa Inacabada De Cité des Sciences et de l Industrie de Paris. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Explora De Exploratorium de São Francisco. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Loucamente: uma exposição sobre o bem-estar da mente De 30/10 a 30/9. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Documental, Crianças, Objectos. Mulheres na Ciência De Luísa Ferreira. De 8/3 a 8/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Fotografia. Vê, Faz, Aprende! De Techniquest e Heureka. A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Didáctica. Exposição permanente. Perve Galeria de AlfamaR. Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 7+5=1 De vários autores. De 1/9 a 3/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura, Escultura. Antologia de Martins Correia De 17/9 a 24/10. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Escultura. Praça do Comércio (Terreiro do Paço)T. 0 A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. artEUSEBIOheart De Eugénio Silva. De 7/8 a 30/9. Todos os dias das 10h às 20h No Torreão Poente. Desenho, Ilustração. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Que Grande Pouca-Vergonha (Morde com
Todos os Dentes Que Tens na Língua) De Sofia Areal. De 23/9 a 24/10. 3ª a 6ª às 17h até ao final do espectáculo. Sáb às 15h até ao final do espectáculo. Pintura. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 Música no D. Maria II - A Colecção de Partituras De 11/9 a 30/12. 3ª a Sáb das 15h às 18h 4ª e Dom. 30 min antes do início dos espectáculos da Sala Garrett. Documental, Objectos. SyntaxRua Feio Terenas, 23. T. 912325052 Nocturnal Measurements and The Invisible State of Shine De Katarína Poliaciková, Nikolai Nekh. De 18/9 a 24/10. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação.
MÚSICALisboaFundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Solistas do Festival Cantabile Com Sebastian Manz (clarinete), Barnabás Kelemen (violino), Katalin Kokas (violino), Laszlo Fenyö (violoncelo), Ricardo Ramos (fagote), Kenneth Best (trompa), Manuel Rêgo (contrabaixo). Dia 23/9 às 19h (no Grande Auditório. Festival Cantabile 2015). Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Septeto do Hot Clube de Portugal Dia 23/9 às 22h30 e 24h. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24 - Cais do Sodré. T. 213430107 Yardangs + We Bufalo + God Hates a Coward Dia 23/9 às 22h. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Filipe Pinto-Ribeiro Com Filipe Pinto-Ribeiro
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço PermanenteCurie (Palhavã) - Av. Madame Curie, 15 - A - Tel. 217270194 Jaime Matos (Igreja dos Anjos(Alm. Reis)) - Rua Álvaro Coutinho, 8 - 10 - Tel. 218121671 Linaida (Campo de Ourique) - Rua Ferreira Borges, 42 - 48 - Tel. 213952641 Reis Oliveira (Olivais Sul - C. G. D. e B. B. & I.) - R. Cidade de Nampula - Ed. París - Lt. 534 - Tel. 218533696 Vieira Borges (Rato - Marquês de Pombal) - Rua Alexandre Herculano, 28 - 30 - Tel. 213140536 Planalto (Lumiar) - Rua Frederico George, nº 31 - Tel. 213462350
Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Belo Marques Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Matos Coelho Aljustrel - Dias Almada - Pragal, Rainha Santa (Cova da Piedade) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Aurea Alpiarça - Leitão Alter do Chão - Alter, Portugal
(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Confiança (Damaia), Carenque (Mina) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Parreira Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Miguel Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Perdigão Campo Maior - Central Cartaxo - Correia dos Santos Cascais - Cascais, das Areias (Estoril), São Domingos de Rana (S. Domingos de Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho
(Castanheira) Castelo Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - António Lucas Estremoz - Grijó Évora - Misericórdia Faro - Palma Batista Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Silva Leiria - Higiene Loulé - Nobre Passos (Almancil), Avenida Loures - Paula Costa, Tojal Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Caré (Ericeira), Medeiros (Fânzeres) Marinha Grande - Sta. Isabel
Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Nova Fátima (Baixa da Banheira) Monchique - Moderna Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Freitas (Lavre/Montemor-O-Novo) Montijo - Nova Montijo Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Ferreira da Costa Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Codivel, Cruz Correia Oeiras - Miramar, Varela Baião, Alto da Barra Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Fonseca (Atouguia), Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Galiano (Quinta do Anjo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Higiénica Pombal - Paiva Ponte de Sor - Cruz Bucho Portel - Misericordia Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de
Monsaraz - Martins Rio Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Verissimo Santiago do Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Novais Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Leão Setúbal - Marques, Monte Belo Silves - Guerreiro Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Rico (Agualva), Claro Russo (Mercês), Zeller (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Maria Aboim Tomar - Misericórdia Torres Novas - Palmeira Torres Vedras - Calquinha (Carvoeiro-Runa) Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Raposo, Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Moderna Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 39
FICAR
CINEMAStarman - O Homem das Estrelas [Starman]TVC3, 20h35Filme de fi cção científi ca de
John Carpenter onde Jeff Bridges
interpreta o papel de um
alienígena que vem à Terra e
cria um corpo humano a partir
do ADN de um fi o de cabelo.
Acontece que o cabelo era do
marido morto de uma jovem
mulher, com quem vai criar uma
ligação. Juntos vão atravessar os
Estados Unidos em busca do local
onde se encontra a nave.
A Pantera Cor-de-Rosa 2 [The Pink Panther 2]FOX Movies, 21h15Depois da recompensa por ter
resolvido o último mistério, o
inspector-chefe Dreyfus começou
a destacar o desastrado inspector
francês Jacques Clouseau para
tarefas menores. Mas quando o
famoso diamante cor-de-rosa volta
a ser roubado, Dreyfus é obrigado
a incluir Clouseau na equipa,
constituída pelos melhores
detectives e especialistas
do mundo e destacada para
recuperar os objectos roubados.
É a oportunidade de Clouseau
mostrar os seus talentos além-
fronteiras.
O Último Samurai [The Last Samurai]Hollywood, 21h30O Capitão Nathan Algren (Tom
Cruise) é um homem que entrou
numa espiral de autodestruição.
As batalhas que travou no
passado, pelas quais arriscou
a sua vida, parecem agora
fúteis e distantes. Os interesses
substituíram a honra, o sacrifício
e a coragem. Num país muito
distante – o Japão – um outro
soldado vê também a sua vida
a desmoronar-se. O seu nome
é Katsumoto, o último de uma
antiga linhagem de guerreiros,
os samurais, que dedicaram as
suas vidas a servir o imperador
e o país. E os seus caminhos vão
cruzar-se.
Um Quente Agosto [August: Osage County]TVC1, 17h10 e 1h10Agosto, Osage County (EUA).
Esta é a história dos Weston,
uma família disfuncional que
se reúne devido ao estranho
desaparecimento do patriarca. À
medida que os dias passam e eles
são forçados a uma convivência
imposta pelas circunstâncias,
tudo vem ao de cima: as crises,
os ciúmes, os ressentimentos e as
fragilidades de cada um. Porém,
no meio de tudo isso, haverá
espaço para reencontrar o amor
que, apesar de tudo, ainda teima
em uni-los...
MAGAZINE
Curtas às QuartasTVC2, 21h00Estreia. Espaço unicamente
dedicado a curtas-metragens,
onde os realizadores são
convidados a falar sobre os
próprios fi lmes. No primeiro
episódio, Filipa Reis e João Miller
Guerra falam sobre as suas
curtas, que têm a característica
de abordar temas da sociologia
urbana. Os bairros sociais e os
seus habitantes são presença
constante nos fi lmes dos
realizadores, retratando os mais
desfavorecidos, caso de Nada
Fazi (2015) e Bela Vista (2012),
sobre os bairros de Casal da
Boba (Amadora) e Bela Vista
(Setúbal); de Fragmentos de Uma
Observação Participativa (2013),
sobre a comunidade brasileira
em Portugal; e de Fora da Vida
(2015).
Contentor 13RTP2, 22h55Inicialmente dedicado a
escritores, o programa realizado
por Pedro Miguel Rocha faz
agora uma viagem ao mundo
das artes plásticas. Ao longo dos
episódios, os diferentes artistas
falam sobre o seu percurso, obras,
processo criativo e projectos.
Este apresenta Horácio Frutuoso,
artista plástico do Porto. Nasceu
em 1991 e licenciou-se em Artes
Plásticas pela Faculdade de
Belas-Artes da Universidade do
Porto, que lhe atribuiu o Prémio
Aquisição de Artes Plásticas
2012/2013. Expõe regularmente
desde 2009, colabora com outros
artistas e tem especial interesse
pela pintura e performance.
DESPORTO
Futebol: Liga EspanholaSPTV1, 20h00 | Atl. Bilbau x Real
Madrid
O Grande Mestre, RTP2, 23.32
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.21 Os Nossos Dias 15.03 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.00 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 19.22 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.08 Bem-vindos a Beirais 21.55 Quem Quer Ser Milionário - Alta Pressão 22.56 Portugueses pelo Mundo - Tunes (Tunísia) 23.50 Sob Suspeita 00.43 Os Seguidores 1.32 Jikulumessu 3.02 Os Nossos Dias
RTP 27.00 Zig Zag 11.10 Desalinhado 13.16 Johnson 14.00 Sociedade Civil 15.05 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.08 Zig Zag 19.30 Campeonato do Mundo de Ciclismo de Estrada - Directo 21.00 Jornal 2 21.41 Campanha Eleitoral - Legislativas 2015 22.02 Fortitude 22.55 Contentor 13 - Horácio Frutuoso 23.32 Filme: O Grande Mestre 1.30 Cinemax Curtas 2.12 Euronews
SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Duas Caras 15.45 Grande Tarde 18.40 Babilónia 19.00 Tempo de Antena 19.30 Alto Astral 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.20 Totoloto 22.25 Poderosas 23.10 A Regra do Jogo - Estreia 00.00 Império 00.50 Investigação Criminal 1.30 Investigação Criminal Los Angeles 2.35 Podia Acabar o Mundo
TVI6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Mundo Meu 15.12 Feitiço de Amor 16.00 A Tarde é Sua 19.00 Campanha Eleitoral 19.27 Cristina 20.00 Jornal das 8 21.27 A Única Mulher 22.30 Jardins Proibidos 23.32 Fascínios 00.50 Ora Acerta 2.00 Dr. House 2.53 Filme: Red Faction - Origens 4.27 Filha do Mar
TVC19.55 Um Amor de Cão 11.25 Need for Speed: O Filme 13.35 Savannah 15.25 100% Cachemira 17.10 Um Quente Agosto 19.15 Need for Speed: O Filme 21.30 Uma Entrevista de Loucos 23.30 Lovelace 1.10 Um Quente Agosto 3.15 Uma Entrevista de Loucos 5.15 Lovelace
FOX MOVIES9.47 Os Miseráveis 11.56 O Primeiro Cavaleiro 14.05 O Homem da Máscara de Ferro 16.08 Sinais 17.48 Louca por Compras 19.29 O Dilema 21.15 A Pantera Cor-de-Rosa 2 22.49 Johnny English 00.14 Dragão Vermelho 2.12 O Fiel Jardineiro 4.17 Uma Comédia Sexual numa Noite de Verão
HOLLYWOOD10.30 A Rainha 12.10 Morte num Funeral 13.40 Ela é Demais para Mim! 15.25 O Pacificador 17.30 Speed Racer 19.50 Aeon Flux 21.30 O Último Samurai 00.05 Beijos que Matam 2.05 Oh Não! Outro Filme de Adolescentes 3.35 O Ás Vale Mais 5.35 Regresso ao Futuro II
AXN14.07 Arrow 15.42 Forever 17.19 C.S.I. 19.02 Arrow 20.36 Forever 22.15 Chicago Fire 00.10 C.S.I. 1.50 Mentes Criminosas 3.17 Arrow 4.43 Chicago Fire
AXN BLACK13.05 Sobrenatural 14.32 Filme: Vidas Roubadas 15.39 Filme: África dos Meus Sonhos 17.48 Sobrenatural 19.50 Filme: Vidas Roubadas 21.25 Filme: África dos Meus Sonhos 23.21 Filme: Rapto Brutal 00.51 Filme: Fomos Soldados... 3.07 A Rainha das Sombras 3.55 Sangue Fresco 4.46 Crossing Lines 5.35 A Rainha das Sombras
AXN WHITE13.46 Traição 14.33 Franklin e Bash 15.21 Filme: Dança Feroz 17.30 Smash 19.04 Pequenas Mentirosas 21.30 Filme: Dança Feroz 23.35 Filme: Amar-te-ei Até Te Matar 1.13 Pequenas Mentirosas 2.00 Gossip Girl 2.47 Mágoas de Grandeza 4.21 Trocadas à Nascença 5.08 Traição 5.54 Pequenas Mentirosas
FOX13.11 Os Simpsons 13.58 Investigação Criminal: Los Angeles 15.31 Hawai Força Especial 17.03 Sob Suspeita 18.44 Hawai Força Especial 20.30 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 Scorpion 23.11 Agents of S.H.I.E.L.D. 00.07 Investigação Criminal: Los Angeles 00.57 Hawai Força Especial 1.46 Sob Suspeita 3.20 Spartacus, A Vingança 5.21 Casos Arquivados
FOX LIFE13.08 Em Contacto 13.53 Filme: Nora Roberts: Luzes do Norte 15.29 A Patologista 17.08 Filme: Nora Roberts: Inocência Perdida 18.46 Rizzoli & Isles 19.44 Em Contacto 21.26 Rizzoli & Isles 22.20 Os Mistérios de Laura 00.12 Filme: Nora Roberts: Refém do amor 1.50 My Kitchen Rules 2.57 A Patologista 4.39 Rush 5.28 Parenthood
DISNEY15.05 Aladdin 15.55 Galáxia Wander 16.20 Gravity Falls 16.45 Phineas e Ferb 17.10 Os 7A 17.35 O Meu Cão Tem um Blog 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.45 Austin & Ally 20.06 Jessie 20.30 Violetta 21.25 Riley e o Mundo 21.50 A Minha Babysitter é um Vampiro 22.13 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 00.33 Casper - O Fantasminha 00.57 Rekkit Rabbit
DISCOVERY17.20 Pesca Radical 19.10 A Febre do Ouro 21.00 A Minha Casa Numa Árvore 22.55 Super Piscinas 00.40 A Minha Casa Numa Árvore 2.20 O Regresso do Tubarão-Branco 3.05 Sharkzilla 3.50 Os Caçadores de Mitos 4.35 Guerra de Propriedades 5.00 Mestres do Restauro 5.45 Super Piscinas
HISTÓRIA17.36 Alienígenas 18.20 II Guerra Mundial a Cores 19.13 Tecnologia Impossível 21.17 O Preço da História 22.00 Caça Tesouros 23.28 Loucos por Carros 1.33 O Preço da História 3.40 Alienígenas 4.24 Os Últimos Dias dos Nazis 5.07 O Livro Dos Segredos 5.48 O Livro Dos Segredos
ODISSEIA17.42 Cuba, Refúgio de Vida 18.36 Curiosidades da Natureza com Attenborough 19.22 Mundos Invisíveis 20.12 Lugares Frenéticos 20.57 50 Formas de Matar a Tua Mamã 21.42 Rude Tube 22.30 A Origem das Coisas 23.15 Fábrica de Combate 23.58 A Origem das Coisas 00.44 Fábrica de Combate 1.28 Mundos Invisíveis 2.18 Lugares Frenéticos 3.04 50 Formas de Matar a Tua Mamã 3.49 Rude Tube 4.39 Clima Extremo À Prova 5.02 França Selvagem
lazer@publico.pt
Os mais vistos da TVSegunda-feira, 21
FONTE: CAEM
TVISICTVISICTVI
14,814,211,811,411,0
Aud.% Share
30,329,125,924,927,8
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
14,8%%
1,9
20,7
22,5
30,0
A Única MulherCoração d’OuroJornal das 8Jornal da NoiteJardins Proíbidos
40 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
JOGOSCRUZADAS 9293
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11º 23º
Bragança10º 25º
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Viseu12º 27º
Aveiro12º 23º
Coimbra13º 26º
Leiria13º 25º
Santarém14º 31º
Portalegre15º 29º
Lisboa16º 28º
Setúbal12º 31º Évora
11º 31º
Beja12º 30º
Castelo Branco14º 31º
Sines14º 23º
Sagres16º 22º
Faro16º 25º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
18º 23º
18º 23º
Flores
Terceira17º 23º
21º 26º
22º 28º
17º 23º
22º
19º
07h25
Cheia
19h33
03h5028 Set.
0,5-1m
1-2m
23º
1-2m
25º0,5-1m
24º1,5-2m
11h28 2,800h10* 2,8
17h52 1,206h20* 1,2
11h04 2,823h47 2,8
17h31 1,305h56* 1,3
11h11 2,823h50 2,7
17h27 1,205h51* 1,2
1,5-2,5m
1,5-2,5m
1-2m
17º
18º
*de amanhã
Horizontais: 1. Paraíso terreal. Amolar. 2. Adoçar com mel. Queimam. 3. Limpar com areia, cinza, etc. Mulher celibatária (popular). 4. Símbolo de li-bra (unidade de massa). Graceja. Curar. 5. Tontura. Mulher nobre. 6. Descansa no sono. Alguma coisa. 7. Firmamento. Prover de aba. Preposição que indica lugar. 8. Poeira. Um, entre dois ou mais. 9. Mulher que cria uma criança alheia. Fingir. 10. Décima sexta letra do alfabe-to grego. Atrair a si com força. República Dominicana (domínio de Internet). 11. Homem da aldeia. Aprovação (fig.).
Verticais: 1. Rival. Folha metálica. 2. Preposição que designa posse. Bacia oblonga para lavar as partes inferio-res do tronco. Dez vezes cem. 3. A pessoa ou coisa feminina de que se fa-la. Vestuário. 4. Relatar. Parlamento Europeu. 5. Soberano. Símbolo de miliampere. Carne da parte inferior do lombo do porco. 6. Por baixo. 7. Entremez. Pedaço de madeira ou metal entre a sola e a palmilha de um sapato. 8. Vogal (pl.). Angústia (fig.). 9. Sideral. Rio português que passa por São João da Madeira e desagua na Ria de Aveiro. 10. Fronteira. Gema de ovo batida com açúcar e um líquido quente. 11. A cor da casca da castanha. Lista.
Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Nuno Camarneiro (4 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Move. Faceta. 2. Arisco. Olor. 3. NBA. Hipnose. 4. DE. Mu. As. Aa. 5. LEVANTE. 6. DEIXA. Casco. 7. Onde. Canto. 8. Lerdo. Teia. 9. Ter. Rane. Sc. 10. Aiar. Rã. Lar. 11. Porém. Ova. Verticais: 1. Mandado. TAP. 2. Orbe. Enleio. 3. Via. Liderar. 4. Es. Mexer. Ré. 5. CHUVA. Dr. 6. Foi. Coar. 7. Panca. NÃO. 8. CONSTANTE. 9. Elo. Este. LA. 10. Tosa. COISA. 11. Areado. Acre. Provérbio: Chuva de levante não deixa coisa constante.
Oeste Norte Este Sul 2 ♦ (1)passo 2 ♠ (2) passo 2STpasso 3 ♣ passo 3 ♥passo 3 ♠ passo 3STpasso 4 ♦ passo 4 ♥passo 5 ♥ passo 6 ♥Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Forcing de partida (2) Um Ás rico
Carteio: Saída: J ♦. Qual a melhor linha de jogo?
Solução: Marcou o cheleme com a cer-teza de encontrar no parceiro um Ás ri-co, um apoio a copas (3 espadas garan-te o fit a copas), e o controlo a ouros. Cabe-lhe agora a tarefa de o cumprir.É evidente que uma repartição 3-2 dos trunfos lhe permitirá realizar todas as vazas ao cortar dois ouros no morto. Mas se os trunfos estiverem 4-1, pode-rá ter de conceder uma vaza a trunfo. E essa hipótese obriga-o a assegurar as outras vazas. Se cortar dois ouros e encaixar duas vazas a trunfo, pode ficar
Dador: SulVul: Ninguém
Problema 6358 Dificuldade: Fácil
Problema 6359 Dificuldade: Médio
Solução do problema 6356
Solução do problema 6357
NORTE♠ AQ107♥ 8632♦ 5♣ 9642
SUL♠ KJ5♥ AKQ9♦ A64♣ AK7
OESTE♠ 96♥ J1075♦ J1093♣ Q103
ESTE♠ 8432♥ 4♦ KQ872♣ J85
João Fanha/Pedro Morbey(bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
em posição de não conseguir usufruir das quatro vazas a espadas.É nessa eventualidade dos trunfos 4-1 que, para guardar o controlo do naipe de trunfo, deve jogar de imediato o 9 de copas, golpe em branco a trunfo!Graças a esse golpe em branco, sobre qualquer retorno de Oeste, poderá cor-tar dois ouros no morto, acabar de des-trunfar e reclamar o resto das vazas.
Considere o seguinte leilão:
Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2 ♦ X ?
O que marca em Sul, com cada uma das seguintes mãos?
1. ♠ AJ8 ♥ K5 ♦ AQ54 ♣ K982 2. ♠ 972 ♥ K962 ♦ AQ ♣ AQ1023. ♠ AJ10 ♥ AK2 ♦ 10872 ♣ AJ9 4.♠ Q1076 ♥ AJ84 ♦ 1087 ♣ AK2
Respostas:
1. Passe – Para lidar com um dobre de uma voz de transfer propomos o se-guinte: passar com apenas duas cartas no naipe do parceiro; anunciar o rico com três cartas no naipe do parceiro e mínimo; redobrar com três cartas de copas e máximo; anunciar em salto o rico se tiver quatro cartas desse rico e defesa a ouros; marcar o cue-bid com quatro cartas de fit no rico mas sem de-fesa a ouros. Com esta mão, com ape-nas duas cartas a copas, a resposta é simples: passe.2. 3 ♥ – Quatro cartas de copas e defesa a ouros.3. XX – Com três cartas de copas e má-ximo.4. 3 ♦ – Quatro cartas de copas, sem de-fesa a ouros.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESPORTO | 41
Desporto espanhol também vai a votos e o Barça pode ser quem mais perde
GUSTAU NACARINO/REUTERS
A Espanha pode deixar de ter o Barcelona como um dos seus símbolos de sucesso no desporto internacional
Ninguém imagina os campeonatos
espanhóis de futebol e basquetebol
sem a rivalidade Barcelona-Real Ma-
drid, mas esse é um cenário que está
a ser discutido em Espanha, a dias
das eleições regionais na Catalunha,
transformadas ofi ciosamente num
referendo sobre a independência.
Neste momento, a política também
entra em campo.
O Barcelona, o clube de referência
da região, famoso a nível mundial,
esforçou-se por se mostrar neutral.
“O clube demonstrou que está fora
da campanha eleitoral. Falamos sem-
pre de desporto e não fazemos cam-
panha”, afi rmou o presidente Josep
Maria Bartomeu. Mas o Barcelona,
símbolo do nacionalismo catalão,
nunca poderia fi car de fora desta
discussão. Os seus adeptos gritam
“independência!” durante os jogos
do clube, que tem um equipamento
alternativo com as cores da Catalu-
nha e antes se juntou às vozes que
reclamavam um referendo.
Caso vençam as eleições do pró-
ximo domingo — resultado previsto
pelas sondagens — por uma margem
sufi ciente, os partidos independen-
tistas querem abrir um processo de
separação do resto da Espanha que
culmine numa declaração de inde-
pendência em menos de dois anos.
Se este cenário se concretizar, o Bar-
celona e os restantes clubes catalães
poderão deixar de competir nas com-
petições espanholas.
“Se a Catalunha for independente,
os clubes catalães não poderão jogar
no campeonato”, disse o presidente
da Liga Espanhola de Futebol, Javier
Tebas. “A Lei do Desporto é clara:
o único Estado estrangeiro que po-
de jogar em competições nacionais
é Andorra. Se não houver negocia-
ções bilaterais, é impossível que os
clubes catalães possam jogar na Li-
ga”, concluiu.
Poderá sempre haver espaço pa-
ra uma negociação sobre a alteração
da lei, mas a pressão exterior conti-
nuou na fi gura de Miguel Cardenal,
presidente do Conselho Superior
dos Desportos, que considerou que
o desempenho de um clube como
o Barcelona desceria num cenário
independentista para o colocar ao
nível de “um Ajax, um Celtic ou um
independência, a grande parte dos
atletas catalães famosos tem tentado
manter-se à parte da discussão. “De-
vemos apreciar os sucessos de todos
os desportistas, independentemente
da sua comunidade autónoma. Pen-
so que se pode ser simultaneamente
espanhol e catalão”, disse Mireia Bel-
monte, múltipla campeã mundial de
natação, citada pelo jornal Marca.
Exemplos de outros paísesOs adeptos do Barcelona e do Es-
panyol, que há vários anos partici-
pam também na Taça da Catalunha,
enfrentam um dilema, pois podem
ver-se condenados a disputar um
campeonato menor e sem grande
viabilidade económica. São as duas
únicas equipas catalãs na Liga espa-
nhola. No escalão seguinte estão o
Girona, o Llagostera e o Nàstic.
No entanto, há bastantes exemplos
de clubes integrados nas competi-
ções de outros países ao qual não
pertencem, sobretudo por razões
geográfi cas, mas igualmente por ra-
zões históricas ou políticas. O mais
conhecido de todos é o Mónaco, que
já colocou o seu nome no lote de ven-
cedores do campeonato de França.
Os sete clubes do Liechtenstein
actuam todos na Suíça, com desta-
que para o Vaduz, presente no esca-
lão principal. O Swansea, na quinta
época seguida na Premier League, é
um dos seis emblemas galeses que
jogam em Inglaterra. Na MLS, em
conformidade com o que sucede
noutras ligas desportivas dos EUA,
existem três clubes canadianos (To-
ronto FC, Vancouver Whitecaps
FC e Montreal Impact). E a lógica
estende-se nalguns casos a provas
internacionais, como acontece com
a selecção australiana (que joga na
Ásia) e os clubes e a selecção israe-
litas (europeus no futebol).
Eleições regionais na Catalunha do próximo fi m-de-semana podem sentenciar um futuro diferente da realidade que agora existe em Espanha. Clubes catalães sob a ameaça de saírem das ligas profi ssionais
FutebolManuel Assunção
em futebol, andebol e hóquei em
patins e também já foi coroado no
passado em basquetebol e futsal. No
basquetebol, merece também des-
taque o Joventut Badalona, uma das
melhores formações dos anos 80 e
90 e um viveiro de talentos para Es-
panha (Villacampa, Rudy Fernández,
Ricky Rubio, Raul López), que tam-
bém ganhou a Euroliga em 1994.
O hóquei em patins seria talvez a
modalidade em que os efeitos se sen-
tiriam menos. Apesar da qualidade
de algumas equipas de outras zonas,
especialmente o Liceo da Corunha, é
na Catalunha que está o coração do
desporto. Os clubes desta região são
responsáveis por 38 dos 44 títulos de
campeão europeu do país e os seus
jogadores compõem a maioria da
selecção espanhola que tantos pro-
blemas tem dado a Portugal.
Com as excepções sonantes de Pi-
qué, Xavi ou Guardiola, apoiantes da
Standard de Liège”, e que poderia
aspirar, no máximo, “aos oitavos ou
quartos-de-fi nal da Champions”.
Forte infl uênciaTrata-se apenas de uma possibilida-
de, mas se fosse concretizada signi-
fi caria um terramoto no desporto
espanhol, que tem na Catalunha
uma parte infl uente no sucesso des-
portivo do país. Oito das 17 medalhas
olímpicas de Espanha nos Jogos de
Londres tiveram desportistas cata-
lães na sua origem. Três dos 12 jo-
gadores que conquistaram há dias o
Europeu de basquetebol, incluindo a
superestrela Pau Gasol, são catalães,
tal como sete membros dos plantéis
que ganharam os Mundiais de ande-
bol (2013) e futebol (2010).
O Barcelona não é só uma força
nacional. Já se sagrou campeão eu-
ropeu nas suas cinco principais mo-
dalidades. É o actual rei continental
42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
Lewandowski festeja um dos seus cinco golos em nove minutos frente ao Wolfsburgo, um feito histórico
Quando, no minuto 60 do Bayern
Munique-Wolfsburgo, Robert
Lewandowski marcou à meia vol-
ta o quinto golo dos bávaros, Pep
Guardiola sorriu e, incrédulo, levou
as mãos à cabeça. No duelo que co-
locava frente a frente o campeão e
o vice da Bundesliga, “Bobek”, al-
cunha que vem dos tempos em que
Lewandowski começou a dar os pri-
meiros pontapés na bola no Legia
Varsóvia, começou no banco, mas
com o Bayern em desvantagem ao
intervalo, Guardiola lançou o pola-
co. O resto é história: em nove mi-
nutos, Lewandowski marcou cinco
golos, uma proeza sem paralelo no
futebol alemão.
Marcar uma mão cheia de golos
num jogo de um dos principais
campeonatos europeus é um fei-
to raro e está ao alcance de muito
poucos — desde Agosto de 1991 que
ninguém o conseguia na Bundesliga
—, mas o que Robert Lewandowski
conseguiu ontem no Allianz Arena
é ainda mais surpreendente. Sen-
Lewandowski demorouseis minutos a aquecer, depois fez história na Bundesliga
pé esquerdo (51’), com o direito (52’
e 57’), às três tabelas (55’) e à meia
volta (60’), Lewandowski destroçou
o Wolfsburgo e deixou incrédulos
todos os que assistiram em directo a
nove minutos mágicos do polaco.
De Itália também chegou uma no-
tícia surpreendente: Mario Balotelli
marcou um golo. Titular pela pri-
meira vez desde que regressou ao
AC Milan, o excêntrico avançado de-
morou cinco minuto para colocar os
milaneses em vantagem em Udine,
com um grande remate na marcação
de um livre directo — os rossoneri
acabaram por vencer a Udinese, por
3-2. Balotelli não marcava num jogo
ofi cial desde 19 de Fevereiro.
Em maus lençóis está Nuno Espí-
rito Santo. Muito contestado pelos
adeptos do Valência nas últimas
semanas, o treinador português
viu a sua situação complicar-se
com a derrota dos valencianos em
Barcelona, contra o Espanyol (1-0).
“Não tenho dúvidas sobre o meu
trabalho e o dos meus jogadores.
A vitória vai chegar”, disse no fi -
nal o técnico. Em Madrid, o herói
continua a ser Griezmann. Depois
de marcar os dois golos da vitória
do Atlético contra o Galatasaray, o
francês bisou no triunfo frente ao
Getafe (2-0).
Em Inglaterra, o Manchester City
regressou às vitórias com um triunfo
fácil em Sunderland, para a Taça da
Liga (4-1).
tado no banco de suplentes até ao
intervalo, o polaco foi o trunfo que
Guardiola lançou para tentar dar a
volta ao Wolfsburgo, que vencia por
1-0, e “Bobek” precisou de apenas
seis minutos para aquecer e come-
çar o seu espectáculo a solo. Com o
Futebol internacionalDavid Andrade
O avançado polaco marcou os cinco golos mais rápidos de sempre no campeonato alemão. Nuno Espírito Santo em situação difícil
CLASSIFICAÇÕESESPANHAJornada 5Atlético de Madrid-Getafe 2-0Espanyol-Valência 1-0Granada-Real Sociedad 0-3Celta de Vigo-Barcelona hoje, 19h, SP-TV2Levante-Eibar hoje, 19hRayo Vallecano-Sp. Gijón hoje, 19hAthletic Bilbau-Real Madrid hoje, 20h, SP-TV1Las Palmas-Sevilha hoje, 21h, SP-TV2Málaga-Villarreal hoje, 21hBetis-Deportivo amanhã, 21h, SP-TV2
J V E D M-S PBarcelona 4 4 0 0 8-2 12Atlético de Madrid 5 4 0 1 9-2 12Real Madrid 4 3 1 0 12-0 10Celta Vigo 4 3 1 0 10-5 10Villarreal 4 3 1 0 10-4 10Espanyol 5 3 0 2 6-11 9Eibar 4 2 1 1 5-3 7Valência 5 1 3 1 2-2 6Deportivo Coruña 4 1 2 1 6-5 5Betis 4 1 2 1 2-6 5Sporting Gijón 4 1 2 1 3-3 5Real Sociedad 5 1 2 2 5-4 5Rayo Vallecano 4 1 1 2 2-6 4Athletic Bilbau 4 1 0 3 4-7 3Granada 5 1 0 4 4-11 3Getafe 5 1 0 4 3-8 3Las Palmas 4 0 2 2 3-5 2Levante 4 0 2 2 3-7 2Málaga 4 0 2 2 0-2 2Sevilha 4 0 2 2 2-6 2
MICHAEL DALDER/REUTERS
políticos à conversanum bloguede campanha
Comício Público
LEGISLATIVAS 2015
PARTICIPE EMBLOGUES.PUBLICO.PT/COMICIOPUBLICO
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | DESPORTO | 43
JOHN SIBLEY/REUTERS
Diego Costa discutindo com adversários durante o último jogo do Chelsea com o Arsenal
José Mourinho e Arsène Wenger bem
tentaram desanuviar o clima de cris-
pação entre ambos, com um aperto
de mão antes do Chelsea-Arsenal do
último sábado (2-0), mas, no fi nal do
encontro, o gesto diplomático estava
enterrado e esquecido. Tudo porque
Diego Costa, avançado dos londri-
nos, reacendeu com vigor a inimi-
zade entre os dois técnicos, agre-
dindo um adversário e provocando
a expulsão injusta de outro. Atitudes
que levaram a federação inglesa de
futebol a castigar o jogador dos blues
com três jogos de suspensão.
É claro que Mourinho e Wenger
têm leituras diametralmente opostas
sobre o protagonista dos incidentes
de Stamford Bridge. “Ele joga como
tem de jogar e é por isso que os es-
tádios estão cheios e os jogos são
transmitidos por televisões de todo
o mundo”, comentou o português,
garantindo que o seu jogador foi “o
melhor em campo”. O francês discor-
dou e carregou na adjectivação: “Ele
foi asqueroso e desrespeitoso.”
Incendiário Diego Costa é castigado e enterra tréguas entre Mourinho e Wenger
Não é novidade que o estilo de
futebol quezilento que caracteriza
o avançado brasileiro, naturalizado
espanhol, de 26 anos, teve sempre o
condão de extremar opiniões e desta
vez levou ao rubro o derby londrino
dentro e fora das quatro linhas. Perto
do fi nal da primeira parte, agrediu
Laurent Koscielny com as duas mãos,
acabando por escapar à expulsão. E
seria Gabriel Paulista a ver o cartão
vermelho, após ter partido em defe-
sa do seu companheiro do Arsenal.
Com mais um jogador em campo, a
tarefa do Chelsea fi cou facilitada.
Após rever as imagens televisivas,
a federação inglesa não só moveu um
processo disciplinar ao avançado
dos blues, na última segunda-feira,
como, já ontem, reconheceu o erro
na amostragem do cartão vermelho
ao defesa brasileiro. “O recurso do
Arsenal alegando a expulsão injusta
de Gabriel foi aceite na sequência de
uma audição da Comissão Regulado-
ra Independente”, anunciou o orga-
nismo, confi rmando que foi retirado
ao futebolista um castigo com três
jogos de suspensão e aplicando-o ao
internacional espanhol.
Para tornar tudo mais difícil para
Diego Costa, o seu companheiro de
equipa, Kurt Zouma, foi particular-
mente desastrado ao partir em sua
defesa no fi nal do jogo: “Não fi cámos
surpreendidos com a atitude dele, já
o conhecemos. Ele gosta imenso de
provocar e de pôr o adversário fora
do jogo.” Declarações que incendia-
ram mais os ânimos e que obrigaram
o defesa central francês a retractar-se
mais tarde, na rede social Twitter.
“Peço desculpa pela confusão. O in-
glês não é a minha primeira língua e
não tive intenção de acusar ninguém
de batota. O Diego é um jogador que
gosta de pressionar os adversários
e temos imenso respeito por ele”,
emendou.
Esta não é a primeira vez que Die-
go Costa está debaixo de fogo devi-
do ao excesso de agressividade nos
relvados, nomeadamente nesta sua
aventura no Chelsea, iniciada na úl-
tima temporada, depois de ter sido
contratado ao Atlético de Madrid, a
troco de 38 milhões de euros. Em Ja-
neiro deste ano, pisou um adversário
do Liverpool (Emre Can) e acabou
punido com três jogos de suspen-
são. Durante a partida, o avançado
apenas viu um cartão amarelo, mas
a federação britânica acabou por
recorrer às imagens televisivas para
castigar mais severamente o jogador.
Um comportamento que valeu
alguns reparos críticos por parte
do treinador do Manchester City,
Manuel Pellegrini. “É um grande
jogador, muito importante. Tem ca-
rácter, mas não é um carácter fácil.
Acho que era bom para ele mudar
no futuro. Não precisa de fazer es-
tas coisas porque é um jogador de
topo”, comentou na altura o técnico
chileno.
Futebol internacionalPaulo Curado
Federação inglesa considerou que o avançado do Chelsea teve uma conduta violenta no derby londrino contra o Arsenal
Nos oitavos-de-fi nal da Taça do Mun-
do, a disputar-se na capital do Azer-
baijão, Bacu, mais dois dos grandes
favoritos caíram, os terceiro e quinto
do ranking mundial, Veselin Topa-
lov e Fabiano Caruana, mas a nota
de maior destaque vai para o apura-
mento do mais jovem dos 128 partici-
pantes, o chinês Wei Yi de 16 anos, já
apontado por muitos como a maior
ameaça no futuro próximo à hege-
monia de Magnus Carlsen.
A eliminação do búlgaro não se
pode considerar uma total surpre-
sa, pois Peter Svidler não é nenhum
desconhecido, pese embora os resul-
tados menos bons da última época.
Mas o heptacampeão russo, e ven-
cedor desta competição em 2011,
ultrapassou Topalov com inteiro
mérito, vencendo a primeira par-
tida e aceitando a proposta de em-
pate na segunda, sufi ciente para o
apuramento, apesar de usufruir de
vantagem decisiva.
Também Caruana não foi capaz de
recuperar da derrota sofrida na pri-
meira partida, frente a Mamediarov,
apesar de ainda ter colocado o repre-
sentante local sob bastante pressão
na segunda partida. Como compen-
sação, o norte-americano deixa a
Taça do Mundo com o recorde de
ter decidido todos os encontros sem
recurso ao desempate.
Já o apuramento de Wei Yi frente
ao seu compatriota e número sete
mundial, Ding Lirem, ocorreu no
encontro mais prolongado desta
fase, apenas decidido nas partidas
rápidas de dez minutos. Seguem tam-
bém em frente o norte-americano
Hikaru Nakamura, o francês Maxime
Vachier-Lagrave, o holandês Anish
Giri, o ucraniano Pavel Elianov e o
russo Sergei Karjakin, que elimina-
ram respectivamente o inglês Ada-
ms, o norte-americano So, o polaco
Wojtaszeke e os russos Jakovenko e
Andreikin.
Topalov e Caruana fora da Taça do Mundo
XadrezJorge Guimarães
O chinês Wei Yi, de apenas 16 anos, está nos quartos-de-final da prova e é uma das grandes surpresas
O chinês Wei Yi surge cada vez mais como o principal opositor ao domínio de Magnus Carlsen na modalidade
Breves
Futebol
Corrupção
Eva Carneiro deixa Chelsea e ameaça com tribunais
Tribunal decide sexta-feira extradição de Jack Warner
Eva Carneiro, médica do Chelsea, estava proibida de desempenhar funções na equipa principal desde o desentendimento que teve com José Mourinho nos últimos minutos do jogo entre os blues e o Swansea City, a 8 de Agosto. Mas esperava-se pelo seu regresso na passada sexta-feira, o que não aconteceu. A médica recusou voltar ao clube e pondera ir para o tribunal. Na altura, Mourinho acusou Eva Carneiro de cometer um erro quando decidiu entrar em campo para assistir Eden Hazard, perdendo minutos que podiam ainda levar ao triunfo no jogo. A reacção de Mourinho foi alvo de um processo da Federação Inglesa, por alegados comentários sexistas e pode dar origem a um castigo de cinco jogos.
Um tribunal de Trindade e Tobago aceitou um recurso dos advogados de Jack Warner e decidirá sexta-feira se aprova a extradição para os Estados Unidos do antigo vice-presidente da FIFA. A equipa de advogados de Warner, em liberdade a troco de uma caução de quase 400.000 dólares (cerca de 358.000 euros), depois de ter sido detido em finais de Maio, alega que o governo de Trindade e Tobago mostrou “parcialidade” neste processo, com “manifestações persecutórias” contra o antigo dirigente, mas a decisão final será agora tomada por um tribunal na sexta-feira. Warner foi vice-presidente da FIFA entre 1983 e 2011 e é uma das principais figuras no escândalo de corrupção que assola o organismo.
44 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA
Europa e refugiados, uma não-solução
A tecnologia alemã ao serviço da fraude
Os que esperavam da União Europeia
uma decisão clara e fi rme na crise dos
refugiados terão fi cado estupefactos.
O plano de distribuição voluntária
de 120 mil pessoas, que foi ontem
aprovado por maioria na reunião dos 28
Estados-membros da UE (com os votos
contra de Hungria, República Checa,
Roménia e Eslováquia e a abstenção da
Finlândia), não chega a ser uma solução,
embora quem o aprovou possa vir tentar
convencer-nos do contrário. Em primeiro
lugar, o facto de não ter obtido unanimidade
é já de si um óbice e gerou uma autêntica
“guerra” no interior da própria reunião.
Depois, com tal fraqueza já aceite como
inevitabilidade, o que poderia comprometer
os países acabou por tornar-se quase
“facultativo”. Ou seja: a distribuição dos
O plano dos 28 parece um muro esburacado a balas. Resolve muito menos do que aquilo que adia
120 mil refugiados será “voluntária”, pois
caíram as quotas obrigatórias, que só
poderiam sair de uma aprovação unânime.
E, apesar de a aplicação do acordo ser, no
papel, “obrigatória”, se alguém não cumprir
o acordo não será penalizado por isso.
Mais: os países podem demorar um ano
a demorar a receber 30% dos refugiados
que lhes forem atribuídos (onde, e como,
esperarão os outros 60%?). E tal atribuição,
segundo ontem adiantava o El País depois
de ter acesso ao documento, abrangia
apenas 66 mil refugiados que já chegaram
à Grécia e a Itália, fi cando os restantes 54
mil (os que entraram pela Hungria, que
recusa ser classifi cada ofi cialmente como
“porta de entrada” de refugiados na União
Europeia) numa reserva a que os estados
poderão recorrer se tiverem um afl uxo
excepcional de refugiados. Com tal lassidão,
aquilo que o plano resolve é muito menos
do que aquilo que adia. E o que adia é o
destino de muitos milhares de pessoas, cujo
destino poderá ser esperar, sem prazo à
vista, em campos a que alguns já chamam
(voluntariamente ou por lapso) “de
concentração”. Se isto é a Europa, é preciso
repensá-la. E com urgência, por favor.
Um grupo ambientalista usou um carro
feito pela Volkswagen para o mercado
americano e um modelo da BMW
para mostrar que era possível fabricar
carros a diesel com níveis baixos
de poluição. No caso da Volkswagen, do
tubo de escape saíram bastante mais gases
nocivos para a saúde do que aquilo que
se esperaria. E foi assim, quase por acaso,
que foi descoberto um esquema fraudulento
da empresa alemã que instalava um software
em carros a gasóleo que fazia com que estes
emitissem menos gases poluentes quando
estavam a ser testados. “Em alemão,
diríamos que fi zemos asneira”, disse o
director-geral da Volkswagen América. Em
português, diríamos que o que fi zeram foi
enganar as pessoas. A empresa enganou
deliberadamente os clientes. Uma coisa é
cometer um crime ambiental por descuido,
o que, já de si, é grave. Mas, como dizia
o FT, outra bem diferente é instalar um
sofi sticado software num automóvel por
descuido.
Sobre a Hungria
Em 1956, cerca de mil tanques
do Exército Vermelho entraram
em Budapeste. Foi a resposta
soviética ao levantamento popular
que rapidamente desembocou
numa revolução contra o regime
estalinista. 20.000 húngaros
foram assassinados, mas 200.000
conseguiram fugir, tornando-se
refugiados em países ocidentais,
nomeadamente na Áustria. A
Hungria é hoje um país da UE
dirigido por um senhor que faz
Marine Le Pen parecer uma
moderada. Através do apoio de
dois terços do Parlamento que lhe
permitiu alterar a Constituição,
limitou os poderes dos tribunais,
legalizou a censura governamental
à imprensa, proibiu os sem-abrigo,
institucionalizou a perseguição
a homossexuais e comunistas
e, eliminando as garantias de
laicidade, implementou um estado
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Contactos do provedor do Leitor
Email: provedor@publico.pt
Telefone: 210 111 000
confessional. Mas isto pode ser
só a ponta do icebergue. Viktor
Órban constrói muros de arame
farpado tentando travar quem
foge ao horror, mas não deixa de
enfrentar uma oposição interna
que o considera demasiado frouxo.
Prevê-se que daqui a três anos
a disputa eleitoral seja entre o
Fidesz de Órban e o Jobbik, partido
nazi que, durante a II Grande
Guerra, teve um braço armado
responsável pelo extermínio de
judeus e ciganos e que actualmente
defende a criação de listas das
pessoas de ascendência judaica
residentes no país. Entretanto, a
Europa, atolada até ao pescoço de
responsabilidades nos confl itos do
Médio Oriente, andou entretida
a discutir se um outro Estado-
membro deveria ser expulso da
zona euro por não aceitar que
lhe exigissem manter o défi ce um
ponto abaixo ou um ponto acima.
André Baptista, Porto
Drama humano
O drama de milhares de seres
humanos que fogem da fome, da
guerra e da pobreza, fez com que
os líderes europeus acordassem
para uma realidade que, face
à proximidade geográfi ca, à
instabilidade e à abertura de
fronteiras, há muito que deveria ter
sido acautelada, sendo essa uma
razão pela qual as medidas que
agora começam a ser adoptadas
talvez não venham resolver os
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
problemas que poderão vir a
ocorrer. Não está em causa a
existência da solidariedade, que
deve ser a atitude que caracteriza
todos os povos, mas sim a falta
de regras que poderão colocar
em causa uma coexistência
pacífi ca entre povos de diferentes
culturas, onde a falta de tolerância
e a não-aceitação das diferenças
poderão fazer aumentar o risco
de convulsões sociais e confl itos
armados. É preciso termos a noção
de que muitos daqueles que fogem
estão a alimentar fi nanceiramente
as redes de tráfi co de seres
humanos, pelo que a problemática
da migração e dos refugiados,
não sendo um problema de fácil
resolução, merece uma refl exão
de todos nós sobre a forma
como olhamos para as causas e
as consequências dos actos do
presente para evitar mais dramas
no futuro.
Américo Lourenço, Sines
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
Normalidade ou anormalidade domada?
Santana Castilho
A imagem que perdura neste
início de ano lectivo é de
“normalidade”. Pelo menos,
como tal se vai falando na
comunicação social, na
ausência dos escândalos que
marcaram o ano passado. Em
plena campanha eleitoral,
a Educação parece ser um
grande tabu, protegida por um
qualquer acordo entre os protagonistas, de
referir pouco, de aprofundar ainda menos.
Domados, os professores regressaram
aos seus postos, tristes, desmotivados e
descrentes. Será normal que um professor
possa ser contratado por uma escola, sem
submissão a um concurso, quando a lei
fundamental diz “que todos os cidadãos
têm o direito de acesso à função pública,
em condições de igualdade e liberdade,
em regra por via de concurso” (art.º 47,
n.º 2 da CRP)?
Será normal que um professor, acabado
de sair da escola de formação, ocupe
um posto de trabalho numa escola,
quando outro, do mesmo grupo de
recrutamento, com dezenas de anos de
contratos consecutivos com o ministério da
Educação, fi ca no desemprego?
Será normal que a um professor com 30
anos de serviço num quadro de escola seja
recusado um lugar em benefício de um
colega recém-vinculado, em pleno período
probatório, ou seja, sem sequer ter ainda
um vínculo confi rmado?
Será normal termos acabado de assistir a
dezenas de casos de professores que, tendo
um lugar de quadro e tendo concorrido
para se aproximarem da residência, foram
miseravelmente ludibriados, sem reacção
adequada por parte dos sindicatos, por,
afi nal, a “vaga” para que concorreram não
existir?
O Tribunal de Justiça da União Europeia
tomou há dias uma decisão que visa
impedir que, no espaço comunitário, se
ultrapassem 48 horas de trabalho semanal.
Diz a decisão que as deslocações de casa
para o local de trabalho, sempre que esse
local seja variável, passam a contar para o
cômputo fi nal a considerar no horário. Ora
parece-me bem que os sindicatos estejam
atentos ao precedente estabelecido pelo
Tribunal de Justiça da União Europeia e
inquiram, junto dos tribunais nacionais,
se a norma se aplica aos professores
itinerantes, cujos locais de trabalho são
vários.
Será normal que os professores
portugueses estejam coagidos a semanas de
trabalho com duração superior às 48 horas,
que o Tribunal de Justiça da União Europeia
defi niu como linha vermelha? Exagero
meu? Então façamos um exercício, que
está longe de confi gurar as situações mais
desfavoráveis.
Tomemos por
referência uma
distribuição
“simpática” de
serviço, nada
extrema (há muito
pior), de um
hipotético professor
com seis turmas, 25
alunos por turma e
três níveis de ensino
(7.º, 8.º e 9.º anos).
Tomemos ainda
por referência as
13 semanas que
estão estabelecidas
no calendário
escolar ofi cial,
como duração
do 1.º período
lectivo de 2015-
16. Continuemos
em cenários que
pequem por
defeito: as turmas
do mesmo nível
são exactamente
homogéneas, não necessitando de aulas
diferentes, e o professor tem os mesmos
alunos duas vezes por semana. Então,
este professor terá que preparar seis aulas
diferentes em cada semana. Se pensarmos
numa hora de trabalho para preparar cada
lição (o que é mais que razoável), estaremos
a falar de seis horas por semana. Nas 13 do
período, resultarão 78 horas.
O nosso hipotético professor vai
fazer dois testes a cada turma. Nas 13
semanas lectivas fará 12 testes. Voltemos a
considerar apenas uma hora para conceber
cada teste (concebê-lo propriamente,
desenhar a grelha de classifi cação e digitar
tudo requer mais tempo). Claro está que
os testes têm que ser corrigidos. Se o
nosso professor-cobaia for razoavelmente
experiente e despachado, vamos dar-lhe
meia hora para corrigir cada um dos 300
testes. Feitas as contas, transitam para a
soma fi nal 162 horas.
O que se aprende tem que ser
“apreendido”. Os exercícios de aplicação e
de pesquisa são necessários. Então agora,
com a “orientação para os resultados”
com que o assediam em permanência,
o nosso professor não pode prescindir
Professor do ensino superior. Escreve quinzenalmente à quarta-feiras.castilho@netcabo.pt
Será normal que os professores portugueses estejam coagidos a semanas de trabalho com duração superior às 48 horas?
dos trabalhos de casa e de outros tipos de
práticas. Imaginemos que apenas pede um
trabalho em cada semana e que vê cada um
deles nuns simples cinco minutos. Então
teremos de contabilizar mais 162 horas e
meia, relativas a todo o período.
Se este professor reservar duas escassas
horas por semana para cuidar da sua
formação contínua e actualização científi ca,
são mais 26 que devemos somar no fi m.
Acrescentemos, fi nalmente, as
horas de aulas e as denominadas
horas de componente não lectiva “de
estabelecimento”. São mais 318 horas e
meia. Somemos tudo e dividamos pelas 13
semanas, para ver o número de horas que
o professor trabalhou em cada semana: 57
horas!
Além disto, há actividades
extracurriculares, visitas de estudo,
conversas com alunos e pais, reuniões que
não caem dentro das horas não lectivas de
estabelecimento e, em anos de exames,
pelo menos, algumas aulas suplementares.
Miguel Esteves Cardoso interrompe a sua crónica durante o mês de Setembro, para férias, voltando ao espaço habitual em Outubro
NUNO FERREIRA SANTOS
46 | PÚBLICO, QUA 23 SET 2015
RUI GAUDÊNCIO
“Estavas, linda Inês, posta em sossego...”
Em memória de Maria Alzira Lemos,
Madalena Barbosa e Ana Vicente,
que sempre nos animam
e cuja voz nos falta
“Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo o doce fruito,
Naquele engano d’alma ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
(...)”
Luís de Camões, Os Lusíadas, canto III, estância 120
Quando, subitamente, te
vieram dizer que a tua
vontade de pouco valia, que
eras mesmo incapaz de ter
vontade se não fosses ajudada
a construí-la, e que quem te
podia ajudar vinha embuçado,
que não tinhas nada que saber
quem se andava a meter na
tua vida nem porquê, que a
ti só te cabia obedecer, e que o melhor era
estares muito agradecida e mesmo pagar
qualquer coisita a quem perdia tempo com
a tua humilde pessoa, que já estavas a dar
muito trabalho e grande prejuízo à pátria
por não te conformares em cumprir as tuas
obrigações, afi nal a razão última para que
nasceste e te criaram. E que isto era apenas
o começo, que não se foge ao destino, e o
teu era morrer pela tua rebeldia e por não
teres sabido que há regras, nem demonstrar
que uma mulher não se pode atrever a
levantar a cabeça ou mesmo a voz, se ela for
dissonante do que é suposto ser, e, assim,
a querer ser mais do que é, e sempre foi e
será. Mesmo com o amor de um príncipe.
Sobretudo, quantas vezes, para que esse
amor não se assuste e fuja, que nisto de
amores nada é certo neste mundo.
Pois assim estávamos nós, ainda que nem
sempre lindas mas postas no sossego da
confi ança nas instituições que ajudamos a
eleger, naquele engano d’alma ledo e cego
de que éramos cidadãs livres e iguais em
dignidade e direitos, neste ano da República
de 2015, cerca de setecentos anos após Inês
mas no país de Inês, rainha de Portugal
depois de morta.
Quando...
... subitamente, nos vieram dizer que a
nossa vontade de pouco valia, que éramos
mesmo incapazes de ter vontade se não
fôssemos ajudadas a construí-la, e que
quem nos podia ajudar vinha embuçado,
que nós não tínhamos nada que saber
quem se andava a meter na nossa vida
nem porquê, que a nós só nos cabia
obedecer, e que o melhor era estarmos
muito agradecidas e mesmo pagar qualquer
coisita a quem perdia tempo com a nossa
humilde pessoa, que já estava a dar muito
trabalho e grande prejuízo à pátria por
não se conformar em cumprir as suas
obrigações, afi nal a razão última para
que nascemos e nos criaram. E que isto
era apenas o começo, que não se foge
ao destino, e o nosso, se fosse preciso,
era morrer pela nossa rebeldia e por não
termos sabido que há regras mais fortes e
poderosas do que as leis, e que é preciso
mostrar a toda a gente que uma mulher,
diga o que disser a respeito a Constituição
da República, não se pode atrever a
levantar a cabeça ou mesmo a voz, se ela
for dissonante do que é suposto ser, e assim
a querer ser mais do que é, e sempre foi
e será. E se insistir, há-de pagar por isso
em sofrimento e euros, e toda a gente que
queira há-de saber quem ela é. Foi assim,
este Verão, na Assembleia da República,
cerca de 700 anos depois de Inês, no
Portugal de Inês. Ainda e apesar. Ao grito
gritado de “vergonha”, ao grito em silêncio
do nosso desespero no espanto incrédulo
do “como foi possível?”, nos disseram,
com a superioridade tolerante de quem
se entende iluminado, com a tonitruância
de quem sabe o que pode e não aguenta o
que lhe custa ouvir, que era por bem e pela
“equidade social”, que isto não tinha nada a
ver com o resultado do referendo de 2007,
que nem pensar, pois não, que nem pensar,
que o crime não voltava para a lei, então
para quê tanto alarido e despropósito.
Que não custava nada, que eram só três
pequenos “comprimidos” que nos haviam
de curar de vez, que era só a democracia
a funcionar e, que, afi nal, eram a maioria
eleita e por isso mandavam porque sim. E
que para provar o erradas que estávamos
acerca da maldade da mudança, até
nos davam, a todas, na mesma vezada e
em troca de nós mesmas, outras coisas
muito boas, como estudar e trabalhar aos
Mal refeitas da desilusão e da afronta, fomos, com quem nos entende e nos respeita, institucional-mente, pedir Justiçaç
Paulo Rangel interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral. Por lapso, esta informação não foi publicada na edição de ontem, terça-feira
bocadinhos, cheias de modernidade e de
Internet, para fi carmos no descanso do lar
a ter muitos meninos e muitas meninas,
que são precisos braços e cabeças para
o trabalho, e gente a descontar para a
segurança social, e a pagar impostos, e a
votar, feliz, a sua servidão. E, para as que
quisessem mesmo a IVG, entre aconchegos
às “coitadas” sempre pensadas e tratadas
“outras”, entre devassas muitas e diversas,
também davam umas “ajudas monetárias
ou em espécie”, e mais umas “remoções”
porque talvez. E mais o mais que se,
adiante, se veria.
E assim fomos tiradas do sossego da
confi ança e do engano d’alma ledo e cego da
cidadania para metermos na cabeça e no
coração, que nisto do controlo social e do
controlo do Estado
sobre a capacidade
reprodutiva das
mulheres — onde
começa e acaba
todo o controlo
sobre elas — é coisa
muito séria que
há que recuperar
por lei enquanto é
tempo de maioria
garantida, com
pena de exclusão e
de ferrete mesmo
que já sem crime,
em nome da boa
ordem das coisas,
e que tudo e o
mesmo é certo
neste mundo.
Por isso, mal
refeitas da desilusão
e da afronta,
mas cidadãs que
se sabem e se
Debate Lei do abortoMaria do Céu da Cunha Rêgo
assumem livres e iguais em dignidade
e direitos e assim querem ser, estar,
permanecer, continuar, legatárias de Novas
Cartas Portuguesas, que nos inspiram e
que não nos falham, fomos, com quem nos
entende e nos respeita, institucionalmente,
pedir Justiça.
Mas o tempo pesado que nos impuseram
e que de nós exige uma fi rmeza nova é um
tempo também de outras opções. Estará
este povo de homens e mulheres — cuja
participação directa e activa na vida política
constitui, nos termos do artigo 109.º da
Constituição, condição e instrumento
fundamental de consolidação do sistema
democrático — disponível para apoiar quem
não reconhece as mulheres como pessoas
iguais e livres, a quem nada impede de
identifi car com incubadoras utilitárias,
dispensáveis noutros voos, que o tempo
é de crise, que entende que connosco
se não for a bem vai a mal, que acha que
para quem é, não há Constituição nem
é preciso? Há-de vir quem diga que são
miudezas de mulheres e que o importante
não reside em nós, pretensiosas, a julgar
que sim. E eu digo que o que parece nada é
tudo, porque este parecido nada subverte
o Estado de direito democrático. E lembro,
que o artigo 115.º n.º 3 desta esquecida
Constituição que contra tudo ou quase
nos defende diz que só pode ir a referendo
questão de relevante interesse nacional. E
que portanto reside em nós o importante
sim. Mesmo que a causa tenha sido outra.
E que quem foi capaz de maltratar mais
de metade da população chamando-lhe
incapaz “por natureza” e humilhando-a na
sua dignidade — porque, queiram ou não
reconhecê-lo, todas somos destino deste
agravo —, quem foi capaz de fazer o que
fez, não é de confi ança, nem merece, como
se nada, prosseguir.
Em breve saberemos quanto valem e o
que podem as mulheres em Portugal, o
que querem para si próprias, para as suas
fi lhas e para as suas netas, qual o nível de
auto-estima em que se encontram, que
desconfortos e violências estão disponíveis
a suportar em defesa da igualdade. Ou
do que insistem julgar ser o seu sossego.
Saberemos se querem recusar a submissão
quando, agora e de novo por lei, as obrigam
a ela. Saberemos da sua fi bra e da sua real
autonomia como eleitoras conscientes, 40
anos depois do fi m da discriminação legal
que então sofriam as portuguesas também
em matéria de sufrágio. E saberemos
quanto delas gostam e o que delas querem
os homens do seu país. Saberemos.
Jurista, ex-secretária de Estado para a Igualdade
PÚBLICO, QUA 23 SET 2015 | 47
AFP
Europa: 25.ª hora?
Quando se assiste ao drama
dos que esperavam encontrar
refúgio na Europa e se
deparam, em muitos países,
com muros, arame farpado,
violência e desconfi ança,
não pode deixar de vir à
memória outro drama: o dos
refugiados da Segunda Guerra
Mundial. Alguns refugiados
célebres deixaram relatos dramáticos,
como O Mundo de Ontem. Recordações
de Um Europeu, o livro de memórias de
Stefan Zweig. Após perder a nacionalidade
(austríaca), Zweig refugiou-se na Grã-
Bretanha; em 1940, teve de abandonar
Londres e procurar hospitalidade nas
Américas e sobre esse momento escreveu:
“eu sabia que de novo o passado se ia, de
novo fi cava reduzido a nada o que fora
construído — a Europa, a pátria comum
para a qual vivêramos, estava destruída
muito para lá da nossa vida terrena”. Li O
Mundo de Ontem em 1992, em plena guerra
da Bósnia, e tive consciência de como o
progresso inexorável é uma perigosa ilusão
— a Europa não era, não é, apenas a terra de
Voltaire, é também a da limpeza étnica, de
Srebrenica.
Os fantasmas da Europa reapareceram
na convicção absurda da superioridade
civilizacional, da pureza étnica, no medo do
outro, especialmente se é muçulmano e vem
do Médio Oriente. Reaparecem nas divisões
europeias, mas sobretudo na incapacidade
de resposta da União quando um estado-
membro, como a Hungria, desrespeita os
valores políticos da adesão.
É fácil prever que a actual crise dos
refugiados se vai agravar, pondo em risco
a coesão da União Europeia, incapaz de
chegar a acordo para receber 120 mil
refugiados. Hoje, existem 7,6 milhões de
deslocados na Síria; nos países vizinhos, são
cerca de 4 milhões de refugiados. Fogem à
guerra que, desde 2011, já matou 300 mil
pessoas.
A violência do regime de Assad contra
a sua população, com utilização de
armas químicas, bombardeamentos
indiscriminados e cerco a cidades
controladas pela oposição, tem vindo
a intensifi car-se com o apoio militar do
Irão e da Rússia. Da violência e do caos na
Síria e do vizinho Iraque nasceu e cresceu
o ISIS, grupo extremista anti-xiita, o que
dividiu e enfraqueceu a oposição a Assad
e transformou a luta contra a ditadura
numa guerra sectária. A emergência do ISIS
aumentou a desintegração do Iraque, o que
provoca também um êxodo de iraquianos
(há mais de um milhão de deslocados
internos no Iraque).
Na situação actual, nada indica que
esteja próxima
uma solução
para a guerra na
Síria. A solução
interna é muito
pouco provável,
pois nenhum
dos beligerantes
parece ser capaz
de destruir o outro:
nem o regime tem
capacidade de
destruir a oposição
armada, nem a
oposição armada
do Exército Sírio
Livre e da Frente
Islâmica, envolvida
em duas frentes
— Assad e o ISIS
—, tem condições
de derrubar o
Governo. Uma
solução diplomática,
produto de um
acordo entre os
EUA e a Rússia,
parece, igualmente,
improvável, dadas as
desavenças entre as
antigas superpotências, o recuo estratégico
americano e a falta de ambição europeia.
A solução regional, assente num acordo
entre o Irão, a Arábia Saudita e a Turquia,
com apoio das Nações Unidas, parece a
mais realista, apesar das difi culdades que
resultam do envolvimento da Arábia Saudita
numa guerra anti-xiita no Iémen.
Neste momento, há cerca de 270 mil
A 25.ª hora europeia pode não ter chegado, mas é certamente mais do que tempo de a prevenir, se não queremos ver ruir o projecto de paz pela integração
pedidos de asilo de sírios na Europa. Tudo
leva a crer que este número aumentará
exponencialmente, na medida em que os
países vizinhos da Síria já não têm condições
para receber mais refugiados: segundo
os dados da ONU, existem 1,8 milhões na
Turquia, 250 mil no Iraque, 630 mil na
Jordânia, 132 mil no Egipto, 1,1 milhões no
Líbano e 24 mil noutros países do Norte de
África. Muitos dos que encontraram refúgio
nos países vizinhos tinham a esperança de
que fosse uma situação temporária, mas
hoje procuram na Europa um local para
trabalhar e educar os seus fi lhos.
Ao mesmo tempo, os quase oito milhões
de deslocados internos encontram-se numa
situação de enorme privação. O Fundo
Alimentar Mundial só consegue prover
as necessidades de um milhão de sírios,
quando em 2014 alimentava dois milhões
— situação que também leva muitos dos
deslocados a procurarem abandonar a Síria.
Perante a ausência de uma solução para
o confl ito, um cálculo realista do número
de sírios que pode vir a procurar refúgio
na União Europeia aponta para números
muito mais signifi cativos, a que se somam
os potenciais refugiados iraquianos, para
falar só do Médio Oriente. No Magrebe, não
sabemos quais serão as consequências da
desintegração da Líbia, o que por sua vez
ameaça a democracia e a estabilidade na
Tunísia.
Perante a desintegração de países na sua
fronteira sul, o grande vizinho do Norte,
a União Europeia, tem sido irrelevante na
procura de uma solução para as guerras
e vê-se rodeada por um eixo de Estados
falhados. A afi rmação de que quer combater
Debate Crise dos refugiadosÁlvaro Vasconcelos
as causas profundas da crise dos refugiados
não passa, até agora, de uma declaração
bem-intencionada e a operação naval
no Mediterrâneo é mais um factor de
instabilidade regional.
Qual será a reacção europeia a uma vaga
de refugiados comparável à situação que
se vive na Turquia? Triunfará a perspectiva
de hospitalidade, anunciada, num primeiro
momento, por Merkel, ou prevalecerá
a perspectiva nacionalista xenófoba do
Governo húngaro? O nacionalismo pode
triunfar, como os muros que se erguem
indiciam, mas também pode ser que a
sociedade civil europeia, que é uma força
poderosa, seja capaz de impor a visão
solidária que tem manifestado, forçando
a União a regressar aos seus valores
fundamentais.
A minha geração devorou livros como
os de C. Virgil Gheorghiu, que relatam
o drama da Europa durante a II Guerra
Mundial, na sua 25.ª hora — título de uma
das suas obras —, a hora do desespero, onde
já não há tempo para fugir à destruição. A
25.ª hora europeia pode não ter chegado,
mas é certamente mais do que tempo de
a prevenir, se não queremos ver ruir o
projecto de paz pela integração.
O Portugal democrático honrou os que
se notabilizaram na defesa dos refugiados,
como Aristides Sousa Mendes, em Bordéus,
ou Teixeira Branquinho e Sampaio Garrido,
na Hungria. São esses exemplos que
devemos seguir, se queremos ajudar a salvar
os refugiados e, com eles, a União Europeia.
Investigador, director de projectos no Arab Reform Initiative (ARI)
269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e
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ESCRITO NA PEDRA
“Em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades”Alexis de Tocqueville (1805-1859), historiador e escritor francês
QUA 23 SET 2015
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail publico@publico.pt Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Agosto 35.268 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem
Portugal recupera, após ter sido ultrapassado pela China no primeiro trimestre p18
Emitimos uma “assinatura” microbiana que parece distinguir-nos dos outros p29
Num cenário em que a Catalunha seria independente essa era a consequência p40
Portugal volta a ser principal exportador para Angola
Cada um de nós cria uma nuvem pessoal de bactérias
E se o Barcelona tiver de sair da Liga espanhola?
Euromilhões
14 23 26 27 29 7 10
37.000.000€1.º Prémio
SOBE E DESCEÂngela Ferreira
A artista nascida em Moçambique ganhou o Novo Banco Photo
2015, o principal prémio de arte contemporânea em Portugal, no valor de 40 mil euros, e que distingue desde 2007 artistas de nacionalidade portuguesa, brasileira ou de países africanos de língua oficial portuguesa. Foi com a exposição A Tendency to Forget (ainda no Museu Colecção Berardo) que Ângela Ferreira foi distinguida e na qual regressa ao colonialismo e ao pós-colonialismo. (Pág. 33)
Robert Lewandowski
O avançado polaco fez história no Bayern Munique-
Wolfsburgo. Entrou no jogo após o intervalo e em apenas nove minutos marcou cinco golos, algo que até ontem nunca tinha acontecido no campeonato alemão em tão pouco tempo. Foram nove minutos mágicos de Lewandowski e o seu feito tem ainda outra raridade associada: desde Agosto de 1991 que ninguém marcava cinco golos num jogo da Bundesliga. (Pág. 42)
Conquistou duas Ligas dos Campe-
ões, 13 títulos da Premier League,
cinco Taças de Inglaterra e quatro
Taças da Liga Inglesa. Falamos de
sir Alex Ferguson, ex-treinador que
comandou a equipa do Manchester
United durante 26 anos. Portanto,
quando este fala, ouve-se. E neste
caso, quando escreve, lê-se.
No novo livro, Leading, coloca-
do ontem à venda em Inglaterra, o
antigo treinador — agora director
no United e professor na Harvard
Business School — aborda assuntos
como a transição depois da sua saí-
da do Manchester United, em 2013,
os únicos quatro jogadores de clas-
se mundial com quem trabalhou, a
saída de Pogba para a Juventus, a
ponderada contratação de Mario
Balotelli e ainda a questão de Ryan
Giggs como futuro treinador.
Ao longo de 448 páginas, o esco-
cês revela que a primeira opção pa-
ra seu sucessor foi na verdade Josep
“Pep” Guardiola, actual treinador
do Bayern Munique. Aliás, os dois
tiveram até um encontro em Nova
Alex Ferguson revela mais segredossobre o Manchester United em novo livro
Iorque, em 2012, no qual Ferguson
pediu a Guardiola para ligar antes
de aceitar qualquer oferta de ou-
tro clube. No entanto, o catalão não
atendeu ao pedido e acabou por
se juntar ao Bayern Munique em
Julho de 2013. Ferguson confessa
agora que desejava ter ligado ao ex-
treinador do Barcelona antes de ter
contratado David Moyes. José Mou-
rinho, Carlo Ancelotti, Jurgen Klo-
pp e Louis van Gaal — actual treina-
dor do Manchester United — foram
as outras hipóteses consideradas.
Quanto aos seus jogadores favori-
tos, Ferguson revela que foram ape-
nas quatro os futebolistas que con-
sidera serem de classe mundial e
que treinou no Manchester United.
Paul Scholes, Eric Cantona, Ryan
Giggs e Cristiano Ronaldo fi zeram
a diferença e compõem a restrita
lista. De fora fi caram jogadores co-
mo David Beckham, Peter Schmei-
chel, Wayne Rooney e Roy Keane.
O melhor jogador que treinou em
toda a carreira? Cristiano Ronaldo.
“Dos quatro, Cristiano Ronaldo foi
como um enfeite no topo da árvore
de Natal”, conta.
Para Alex Ferguson, o grande erro
de David Moyes, seu sucessor no co-
mando do Manchester United — fez
apenas 34 jogos na Liga Inglesa —,
foi a decisão de despedir a equipa
técnica, incluindo Mike Phelan. No
livro, o ex-treinador acusa Moyes de
ter sentido necessidade de mostrar
masculinidade e acrescenta que o
abdicar do assistente mostrou fra-
queza. Na opinião do escocês, Mike
Phelan deveria ter sido o que Ryan
Giggs é hoje para Van Gaal.
Também o dinheiro é abordado
em Leading. Depois da propos-
ta de renovação que implicava o
aumento de salário de Wayne Ro-
oney, em 2010, o então treinador
do Manchester United pediu para
ver o salário dobrado, de forma a,
no mínimo, igualar o do jogador.
Quem o diz é o próprio no novo
FutebolAdriana Reis
O ex-técnico diz que Cristiano Ronaldo foi o melhor jogador que treinou e que Guardiola era o preferido para seu sucessor
Legenda Em delit am conullum
Rui Tavares interrompe a sua crónica durante a campanha eleitoral
livro. “Disse-lhes que não era justo
o Rooney ganhar o dobro daquilo
que eu ganhava”, podemos ler. O
resultado foi simples: nenhum jo-
gador poderia ganhar mais do que
Sir Alex.
O ex-treinador do Manchester
United revela ainda os bastidores
que envolveram a dispensa de Pog-
ba. O jogador tinha contrato com os
red devils por três anos, com mais
um de opção. Mas acabou por ru-
mar à Juventus, onde agora brilha.
E o escocês confessa que o que fa-
lhou foi mesmo a relação de Fergu-
son com o agente do jogador, Mino
Raiola. Sir Alex conta no livro que a
primeira reunião com o agente foi
um verdadeiro fi asco e revela que
este é um dos poucos agentes de
quem não gosta.
Já sobre Mario Balotelli, cuja con-
tratação foi ponderada em 2010,
Ferguson explicou que, depois de
algum trabalho de casa, o resultado
foi claro: a contratação era dema-
siado arriscada tendo em conta o
comportamento do jogador.
Por fi m, um elogio a Ryan Giggs,
que será um óptimo treinador devi-
do em grande parte à inteligência,
presença e conhecimento, segundo
Ferguson. “Se se tivesse retirado
nos seus trinta, em vez de o ter feito
já com 40 anos, havia todas as hipó-
teses de ter sido o meu assistente
nos últimos cinco anos que fi z no
United”, refere. Texto editado por Jorge Miguel Matias
SAIBA TUDO EM publico.pt/legislativas2015
LEGISLATIVAS 2015 TRACKING POLLA evolução diária das intenções de voto dos eleitores
269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E