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EREM MONS. LANDELINO BARRETO LINS
PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR
Jovens e Estudantes de Paudalho:
Do sociocultural ao político (1967-1982)
PAUDALHO
2012
ISAK LUIZ OLIVEIRA DE CASTRO
Jovens e Estudantes de Paudalho:
Do sociocultural ao político (1967-1982)
Relatório de Pesquisa apresentada à FEBRACE, desenvolvido entre 02/08/2011 a 10/09/2012. ________________________________ Isak Luiz Oliveira de Castro ________________________________ Aluizio Medeiros da Silva Filho
Orientador
Maria Betânia Santos do Monte Coorientadora
Escola Mons. Landelino Barreto Lins Rua quatro, 10 vila Asa Branca
PAUDALHO
2012
i
Dedico a minha mãe, Edilene Angelim
ii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer a José Pereira, Gílson Pereira e João Ernani
por terem contribuído com as suas memórias no caminhar da pesquisa, sem a
rememorização dos mesmos não seria possível chegar aos resultados
alcançados; também deixo os meus sinceros agradecimentos a Aline Pereira
e Patrícia Oliveira pelo apoio no caminhar pratico da pesquisa e ainda na
leitura do trabalho; a gestora Ângela Borba pelo incentivo e por ter cedido
dados do seu arquivo pessoal, já que a mesma foi rainha dos estudantes; ao
Sr. Valdeir José da Silva por ter aberto seu arquivo pessoal; aos meus amigos
Alyson, Gabriel e Pedro pelo apoio; a Profa. Betânia Monte pelo apoio e
incentivo; e finalmente ao Prof. Aluizio Medeiros por todo apoio e pela
oportunidade.
iii
(...) Trajano plantando o sapato de couro cru na palha da cadeira do juiz. Eu vou soltar o rapaz. No sábado reuniu o povo da feira, homens e mulheres, moços e velhos, mandou desmanchar o cercado do vigário, armou todos com estacas e foi derrubar a cadeia. Está aí uma história que narro com satisfação a Moisés. Ouve-me desatento. O que lhe interessa na minha terra é o sofrimento da multidão, a tragédia periódica das secas. Procuro recordar-me dos verões sertanejos, que duram anos. A lembrança chega misturada com episódios agarrados aqui e ali, em romances. Dificilmente poderia distinguir a realidade da ficção.
Graciliano Ramos – Angústia .
iv
Sumário
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... v
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vi
LISTA DE ANEXOS ................................................................................................... vii
LISTA DE SIGLAS......................................................................................................viii
RESUMO..................................................................................................................... 1
Capítulo I - Apresentação ............................................................................................ 2
Capítulo II - História oral e memória ............................................................................ 8
Capítulo III - A política em tempos de repressão ....................................................... 12
Capítulo IV - Do sociocultural a formação política ..................................................... 17
Capítulo V - Considerações Finais ............................................................................ 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 29
ANEXOS.....................................................................................................................31
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Adesivo da V semana do estudante..................................................... 19
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resultado das eleições para prefeito do Paudalho – 1982....................... 26
Tabela 2: Vereadores eleitos no município do Paudalho - 1982............................... 27
vii
LISTA DE ANEXOS
Ata do TRE da eleição do ano de 1976..................................................................... 32
Ata do TRE da eleição do ano de 1982..................................................................... 33
Rainha dos estudantes do ano de 1973.................................................................... 34
Foto do time de futebol do JEP....................................................................... 35
Carteira de sócio do JEP..................................................................................................... 36
Foto do centro da Cidade do Paudalho............................................................................. 37
Foto da prefeitura da Cidade do Paudalho..................................................................... 38
viii
LISTA DE SIGLAS
ABI................................................... Associação Brasileira de Imprensa
ARENA............................................. Aliança Renovadora Nacional
CEBS............................................... Comunidade Eclesiais de Base
CUT...................................................Central Única dos Trabalhadores
CONCLAT..........................................Congresso da Classe Trabalhadora
CACESPE.........................................Não identificada
CLT................................................... Consolidação das Leis Trabalhista
FGTS................................................Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
IPES ................................................Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais
JEP.................................................. Jovens e Estudantes de Paudalho
MDB..................................................Movimento Democrático Brasileiro
MPB................................................. Música Popular Brasileira
OAB................................................. Ordem dos Advogados do Brasil
PP.....................................................Partido Progressista
PDS..................................................Partido Democrático Social
PDT...................................................Partido Democrático Trabalhista
PT................................................... Partido dos Trabalhadores
PMDB................................................ Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PSD.............................................. Partido Social Democrático
PTB................................................Partido Trabalhista Brasileiro
PST................................................Partido Social Trabalhista
SBPC............................................. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
UNE............................................União Nacional dos Estudantes
UFPE......................................... Universidade Federal de Pernambuco
1
RESUMO
A cidade de Paudalho situa-se na Zona da Mata Norte de Pernambuco, sua
economia é voltada para monocultura da cana-de-açúcar e a produção de tijolos
usados na construção civil. No âmbito político ainda se encontra traços do
coronelismo (VILELA, 2008), muito dos atuais políticos descendem de coronéis que
tiveram posição de destaque no estado como é o caso do Senhor Herculano
Bandeira, que foi governador entre 1908 - 1911. A oposição a esses fica por conta
de um grupo de políticos formado no âmbito de uma agremiação, intitulada Jovens
e Estudantes de Paudalho, essa esteve em funcionamento entre as décadas de
1960 e 1980, nesse período se manifestando no campo cultural, todavia foi iniciado
nela por meio de alguns membros, uma associação com a ala jovem do PMDB,
tendo o intermédio de José Pereira de Araujo, que participou de forma ativa na
renovação política após o fim do regime militar, vencendo as eleições como vice-
prefeito e ocupando o cargo de prefeito em eleições seguintes. O trabalho pretende
analisar os Jovens e Estudantes de Paudalho (JEP), visando entender a
configuração do movimento estudantil em plena ditadura militar numa cidade do
interior, assim como compreender a construção de uma liderança política na pessoa
de José Pereira de Araujo.
Palavras-chave: História política, Paudalho, movimentos estudantil.
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Capítulo I – Apresentação
1.1 - Introdução
A cidade do Paudalho situa-se na Zona da Mata Norte de Pernambuco, sua
economia é voltada para monocultura da cana-de-açúcar e a produção de tijolos
usados construção civil. No âmbito político ainda se encontra traços do coronelismo
(VILELA, 2008), muito dos atuais políticos descendem de coronéis que tiveram
posição de destaque no estado como é o caso do Senhor Herculano Bandeira, que
foi governador entre 1908 - 1911. A oposição a esses fica por conta de um grupo de
políticos formado no âmbito de uma agremiação, intitulada Jovens e Estudantes de
Paudalho. Esse grupo esteve em funcionamento entre as décadas de 1960 e 1980,
nesse período se manifestando no campo cultural, todavia foi iniciado nela por meio
de alguns membros, uma associação com a ala jovem do PMDB tendo o intermédio
de José Pereira de Araujo, que participou de forma ativa na renovação política após
o fim do regime militar, vencendo as eleições como vice-prefeito e ocupando o cargo
de prefeito em eleições seguintes. O trabalho pretende analisar os Jovens e
Estudantes de Paudalho (JEP), visando entender a configuração do movimento
estudantil em plena ditadura militar numa cidade do interior, assim como
compreender a construção de uma liderança política na pessoa de José Pereira de
Araujo.
Pouco se tem pesquisado sobre essa recente história política da cidade do
Paudalho, entre as obras que tratam desse tema destaca-se o livro de Severino
Araujo, intitulado “Paudalho Terra dos Engenhos” (ARAÚJO, 1990) que busca fazer
um apanhado geral dos acontecimentos acorridos na cidade, ora tratando dos
aspectos político-administrativos, ora da estrutura sócio-econômica, todavia o autor
não expressa as fontes utilizadas na construção do texto e deixa a desejar a
veracidade das informações; Nesse contexto o JEP é uma interrogação, mesmo
sendo o berço da nova política da cidade, ele aparece apenas como nota no livro de
Araujo (1990), dessa forma aparenta estar excluído da história oficial do município,
existindo apenas na memória de poucos.
1.2 - Por que estudar a história política?
3
“Há camadas subterrâneas na cultura brasileira que convergem para visões inspiradas de emancipação,
solidariedade e justiça, as quais destoam radicalmente do destino de desigualdade, violência e
obscurantismo que marcaram a história do país. Essas trágicas distorções, que forjaram tanto as
mazelas sociais quanto o subdesenvolvimento, decorrem dos processos espúrios do colonialismo e da
escravidão, bases da formação do Brasil, e ainda presentes em múltiplas heranças e desdobramentos
contemporâneos. A crítica sistemática desse legado é a condição necessária para qualquer projeto
democrático”.
(Nicolau Sevcenko)
A restituição da democracia política não é suficiente para eliminar a cultura
política autoritária construída ao longo do processo histórico vivido no continente de
passado colonial. O Brasil republicano se constituiu de arranjos de poder que
sucederam grandes turbulências políticas e que, depois dessas crises, deram
estabilidade ao sistema de governo vigente. A política oligárquica iniciada no
governo de Campos Salles (1898-1902) excluía grande parte da população da
participação política, e os deputados eleitos eram os que tinham apoio dos
governadores sustentados pelo “voto do cabresto”. Esse acordo só iria sofrer
turbulências entre 1930 e 1945, com o movimento operário e o fortalecimento dos
militares.
Em 1945, foi introduzido o sistema de competição eleitoral. Aqui a competição
funcionava sob o controle do governo, enquanto não ameaçasse a ordem social. A
participação eleitoral cresceu, e outros fatores também podem ser apontados como
contribuintes tais quais o fortalecimento do movimento sindical urbano, das
associações camponesas e sindicatos rurais e o fortalecimento de partidos de
tendência de centro-esquerda, como o PTB. Porém o sistema não conseguiu
absorver a participação que as regras formais da competição permitia: imprensa
livre, organização livre.
Já em 1988 vamos ver na quarta constituição brasileira a competição eleitoral
“sem clausula de tutela”, em que se tentou instituir a democracia como instrumento
de resolução de conflitos, com ampliação da participação política e liberdade de
imprensa, características de um regime democrático.
A questão que se forma é que esse avanço no que tange à democracia
política não se refletiu até hoje, de maneira sensível, na democracia social como
pode-se observar na ainda permanente má distribuição de renda em gráficos de
crescimento ou crise econômica no Brasil.
O interessante a ser já inicialmente percebido é que a própria introdução à
resposta que venho formulando é uma construção da realidade a partir de uma
óptica política centrada principalmente nas constituições brasileiras, consciente ou
4
inconscientemente (sendo o inconsciente percebido como o vício cultural)
produzindo um modelo de verdade. Se o conhecimento me permite construir uma
verdade que melhor se encaixe a meus anseios, isso também seria verdade para
uma elite brasileira herdeira de um passado colonial disposta a continuar no
comando da nação e a minimizar a atuação popular.
Indo mais longe, romper com a cultura assimilada, mesmo que em fragmentos
dela, pede uma tomada de consciência e amadurecimento sobre a tradição e suas
possibilidades. Assim, “a restituição da democracia política não é suficiente para
eliminar a cultura política autoritária construída ao longo do processo histórico vivido
no continente de passado colonial”.
Desta forma podemos analisar a construção da “estadania” no Brasil, que
segundo José Murilo de Carvalho se explica por uma “... cultura orientada mais para
o Estado do que para a representação (...) contraste com a cidadania” (1991, p.221).
Assim, numa herança cultural do patrimonialismo português a sociedade brasileira
não conquistou mas recebeu os direitos sociais em troca dos civis e políticos, que
acostumou-se a uma certa medida, com o paternalismo, a cobrança, e, a tomada de
consciência não assumiu a forma de uma consciência civil plena, mas sim de
indivíduos em busca de melhorias para si ou para sua representação de classe
(operária, bancários, motoristas...), bem lembrando o “jeitinho brasileiro” descrito por
DaMatta onde temos o “dilema brasileiro”, o dualismo engendrado pelas noções de
indivíduo e pessoa, como se tivéssemos duas bases das quais pensássemos o
nosso sistema. No caso das leis gerais e da repressão, seguimos sempre o código
burocrático ou a vertente impessoal e universalizaste, igualitária, do sistema. Mas no
caso das situações concretas, daquelas que a “vida” nos apresenta, seguimos
sempre o código das relações e da moralidade pessoal, tomando a vertente do
“jeitinho”, da “malandragem” e da solidariedade como eixo de ação.
A “característica” descrita por DaMatta apesar de ser um estereótipo a ser
rompido como defende Maria Cristina Leandro Ferreira (1993) tem-se o
reconhecimento desse clichê constitutivo de um sentido para o brasileiro ser
sustentado de dentro, através do estereótipo, cada ocorrência de uso, ao ser
enunciado por um virtual locutor. No pensamento de José Murilo de Carvalho não
nos sentimos representados para exigir atitude do Legislativo, votamos por
esperarmos favores do Executivo criando uma excessiva valorização do Poder
Executivo, e por não constituirmos uma consciência nacional de nossos direitos
5
terminamos por nos dividirmos nas diversas corporações que vicia a reivindicação
para um interesse coletivo.
No Brasil a desigualdade social sempre foi muito intensa, e ao longo de sua
história foi-se construindo uma verdadeira instituição da desigualdade. No período
colonial a escravidão abria um imenso fosso de diferenças sociais onde a ausência
do direito de vida e, para a maioria, a subnutrição, forma exemplo do desnível, mas
não que este se limitasse aos escravos. A pobreza pode não ser racista, mas a
construção histórica de uma dominação européia mostra que principalmente negros,
índios e mestiços compunham a massa da população pobre.
Ao longo do tempo a população brasileira cresceu, se misturou e alguns
intelectuais como Oliveira Viana pensaram num branqueamento capaz de fazer do
mestiço um brasileiro mais capaz e trazer com os imigrantes europeus a raça mais
desenvolvida para governar, sei que estamos falando de desigualdade social e não
racial no Brasil, mas infelizmente as duas questões se aproximam, pois na
construção do mito da democracia racial o preconceito assumiu formas silenciosas
mas continua atuando e nivelando a sociedade também por sua cor, “procura-se
moças de boa aparência para secretária” diz os anúncios nos jornais, onde essa
“boa aparência” se branqueia na pele, isso só como exemplo de se o Brasil é um
dos países de maior desigualdade social, os negros são os que mais absorveram tal
desproporção.
Numa sociedade capitalista sempre vai existir a figura do patrão e do
empregado, ou daqueles que possuem os meios de produção e os que são
expropriados dos meios e vendem apenas sua força de trabalho, porém, a
distribuição dessa renda pode ser mais justa quando permite que a população pobre
obtenha ao menos uma vida digna, para que isso ocorra na lógica do capitalismo, se
faz necessário não só que aja lucros, mas que a sociedade esteja organizada de
forma suficiente para que possa cobrar melhor partilha, e para isso é necessário
conscientização de seus direitos civis, políticos e sociais.
Porém cada vez mais a sociedade não se reconhece como grupo, mas
imbuída numa mentalidade de consumo o indivíduo busca possuir, ou se este
organiza-se com outros em corporações e movimentos normalmente reivindicam o
direito de consumir, descaracterizando toda a luta por um processo de avanço
democrático, não é o direito que vai ser estendido a todos que está em questão, as
lutas são de corporações, não da sociedade.
6
A inversão da seqüência dos direitos reforçou entre nós a supremacia do Estado. Se há algo importante a fazer em termos de consolidação democrática, é reforçar a organização da sociedade para dar embasamento social ao político, isto é, para democratizar o poder. (CARVALHO, 2001, p.227)
Não basta então instituir a democracia política sem formar uma consciência
política, mas estes são problemas que vão perpassar entre outros tantos, além da
construção histórico-cultural do Brasil, pela própria formação educacional (que não
chega a todos) a que ele se estrutura, voltado a uma reprodução de conceitos
morais vazios de questionamentos e a não formação de uma consciência do cidadão
e inserção de si como agente capaz de modificar o entorno e reformular a realidade.
Durante toda a república tivemos diferentes ordens jurídico-políticas, mas
todas são comuns no afastamento da maioria da população do pleno exercício dos
direitos da cidadania, afirma Vavy Pacheco Borges (1991). O texto segue traçando
uma visão de como foi constituída a História da República como objeto de análise,
buscando também o por que de uma perspectiva político-nacional assumida ainda
hoje.
Assim, como um objeto de reflexão, a História da República tende a ser ligada
a história das classes dominantes que de tão difundidas em sua forma de pensar
herdada da perspectiva nacionalista francesa da revolução de 1789, ainda hoje se
utiliza, mesmo com tantas críticas, da divisão política e institucional.
No reconhecimento do objeto percebe-se que a opção da visão histórica não
fora ingênua, ela visa favorecer a classe no poder. O aprofundamento do campo das
ciências humanas e a própria formação da escola dos Annales buscando por uma
inter e multidisciplinaridade vai ampliar essa compreensão social e abranger o
político. Assim, a história fragmentada abre-se para um leque de possibilidades que
desarticula-se da história linear.
A constituição da República como objeto da História provém desde seu início
pelos desiludidos da proposta idealizada promovendo discussões e disputas a seu
respeito. Assim aos poucos fora-se formando em capítulos de obras gerais, até
firmar-se como objeto em uma visão da história política das elites reforçado por um
otimismo do “novo” e do “progresso” desde o fim da Segunda Guerra.
Os anos posteriores há 64 ampliam os estudos sobre a política na sua própria
dimensão de valores. Pouco a pouco a história política passa a ser repensada,
distinguindo uma história oficial e institucional do que seria a história política ou as
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histórias políticas. Parte para uma compreensão de uma história marginalizada de
pessoas excluídas pelos antigos conceitos. Era o surgimento da produção de temas
acadêmicos sobre os “movimentos sociais”.
Da diversidade de formas de se analisar o mesmo tema surgiu também os
seus modelos de periodização, primeiramente buscando dividir uma República Velha
de uma Nova ou de identificar quatro momentos evolutivos desta República. Abri-se
o parente-se sobre a periodização, em seu contínuo ela apresenta-se como maneira
didática de tratar sobre assuntos, mas não consegue abarcar todas as visões.
Vavy Pacheco Borges levanta questões a respeito da construção desse
objeto, ou seja, seu conceitual, seu direcionamento e uso pela História,
principalmente dita oficial, deixa lacunas de entendimento nas opções de conceitos
amplos. Exemplificam-se as práticas políticas ditas “oligárquicas” que por vezes
cruzam-se com as “tenentista” de tal forma que indistinguem-se. Comenta Borges
“(...) o conceitual em questão, assim como sua memória, são produtos históricos de
uma disputa político-institucional” (1991, p.19), porém repensada e reescrita em
novas análises, do qual o objeto República e seus conceitos não são palavras vazias
de significados, são constituídos historicamente.
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Capítulo II – História oral e memória
Metodologicamente esse trabalho buscará compreender a formulação e
os desdobramentos do grupo Jovens e Estudantes de Paudalho, como um
movimento que caminhava entre o social e cultural. Observaremos sua
desenvoltura, a maneira que se portavam e como se davam as relações com a
sociedade de sua época. Possíveis vínculos, com instituições como a Igreja Católica
não serão descartadas. Dado esse momento inicial de entendimento, passaremos
para outra etapa.
Essa ira pôr olhos diretamente no objeto, mas agora transcendendo o
ambiente sociocultural onde a politização será o diferencial de um período para
outro. Percebemos que essa mudança de comportamento aconteceu próximo aos
anos que o Brasil sucedeu seu sistema político de uma ditadura militar para uma
democracia constitucional. Observaremos como essa mudança chegou até eles,
quais foram os caminhos tomados para que houvesse a aliança de membros com a
ala jovem do PMDB de Recife, e como essa nova configuração deu origem a uma
renovação política no município tendo como líder o Sr. José Pereira de Araujo.
A coleta dos dados ficará por conta de entrevistas semiestruturadas, feitas
com os membros que participaram de maneira efetiva desses dois momentos da
pesquisa in loco. A partir dessas, é que será possível responder as questões que
indagamos: o JEP de fato era um movimento estudantil; de que maneira ele se
manifestava; como se deram os contatos iniciais com a política? Em contra partida
usaremos as poucas fontes materiais que estiverem à disposição para uma melhor
compreensão do contexto estudado: cartas manuscritas, atas de reuniões e fotos
serão somadas ao trabalho juntamente com dados eleitorais do Tribunal Regional
Eleitoral (TRE).
2.1 – A memória coletiva
A memória, aqui meninas dos nossos olhos, é pluralizada, multifacetada pela
coletividade, e por isso raramente pode-se afirmar que tal acontecimento faz parte
unicamente da recordação de certa pessoa, isso ocorre por que existe uma
memória macro, coletiva, que pertence ao grupo social no qual se está inserido, por
exemplo: um membro de uma comunidade cristã vai saber relatar todo o sofrimento
por qual passou Jesus Cristo, sem nunca ter estado lá, todavia, um ateu não
necessariamente fará o mesmo, pois essa memória não foi compartilhada com ele,
9
não faz parte do seu círculo social.
Quando alguém testemunha um acontecimento, ela está trazendo a tona não
só a sua experiência, mas também uma série de opiniões de outros correligionários,
isso acontece naturalmente, é uma maneira de invocar os diferentes discursos para
dar mais segurança a sua conversação, pois ele está num agrupamento,
compartilhando de uma mesma memória coletiva; assim no ato de memorar, o que é
trazido para si, na verdade, é uma coxa de retalho que vai sendo costurada aos
poucos, memória coletiva incorporada a memória individual. E é isso que Maurice
Halbwachs mostra logo nas primeiras páginas de sua obra: „A Memória Coletiva‟
(2004):
[...] Certamente, se nossa impressão pode apoiar-se não somente sobre nossa lembrança, mas também sobre a dós outros, nossa confiança na exatidão de nossa evocação será maior, como se uma mesma experiência fosse recomeçada, não somente pela mesma pessoa, mas por várias [...] (HALBWACHS: 2004, p. 29)
É assim que se dá à manifestação da memória coletiva, ora ela pode ser
usada para transmitir os costumes de certa comunidade, em outras ela pode servir
para testemunhar um acontecimento, de certo ela sempre está presente,
independente do contexto. Cada agrupamento tem seu ponto de vista. Ninguém
esta sozinho nessa tragédia da vida, pois a memória de cada ser é efeito do que leu,
do que escutou, do que viveu, por onde andou, e o mais importante, dos grupos que
participou.
[...] nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembranças pelos outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivermos envolvidos, e com objetos que só nós vivemos. É porque, em realidade, nunca estamos sós. Não é necessário que outros homens estejam lá, que se distingam materialmente de nós: porque temos sempre conosco e em nós uma quantidade de pessoas que não se confundem [...] (HALBWACHS: 2004, p. 30)
Todavia, o próprio Halbwachs nos alerta para algo que ele denominou de
esquecimento pelo desapego ao grupo, isso é bastante relevante numa pesquisa
onde a fonte oral, a memória coletiva e individual, será de suma importância para
10
compreensão de como o afastamento que o próprio passar do tempo influencia a
rememoração individuo membro do JEP.
[...] É certo que houve um dia em que estive pela primeira vez no liceu, um dia em que entrei pela primeira vez numa classe no quarto ano (...). Todavia, ainda que esse fato possa ser localizado no tempo e no espaço, mesmo que parentes ou amigos disso me fizessem uma descrição exata, acho-me em presença de um dado abstrato, para o qual me é impossível fazer corresponder qualquer recordação viva: não lembro de nada (...) Contudo, as testemunhas estão lá [...] (HALBWACHS: 2004, p. 31-32)
Assim percebe-se que a compreensão da memória coletiva é bastante
significativa para o caminhar da pesquisa, o pesquisador tem que estar atento para
as armadilhas da memória, as apropriações e os rompimentos, tudo deve ser
estudado com olhos bem atentos, pois ato de memorar é como um caminho repleto
de becos e vielas.
2.2 – Caminhos da memória
Entender como o passado atinge o presente através dos indivíduos, ou atores
sociais, não é simples, pode-se dizer que o ontem e o hoje estão separados no ato
de memorar, mas os fatos não chegam coloridos, nítidos, sem nenhuma influência
do momento atual, como foi outrora. Na prática pode-se lembrar o que é
emocionante, os feitos grandiosos, o que verdadeiramente ficou para posterioridade.
Outros momentos podem aparecer apenas como borrões. Assim os caminhos
tomados pela memória não são lineares, e o discurso pode sofrer influencia do meio
onde irá desabrochar, por isso requer uma maior atenção do pesquisador.
Para essa reflexão Alessandro Portelli (1996) apresenta uma situação ímpar,
em sua obra os relatos dos sobreviventes do “massacre de Civitella Val di Chiana”,
que insere o leitor em um debate onde de um lado ,está o discurso oficial que
apresenta o momento como resistência ao nazismo, do outro está às viúvas e filhos
que culpam os membros da resistência que ao matar três nazistas nos muros da
cidade, marcaram a sorte do povoado recebendo a retaliação alemã que matou seus
115 homens. O objetivo aqui é a discussão de uma memória dividida e conflitiva.
O autor ressalta a mudança da memória, sua comunicabilidade com o tempo,
pois:
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[...] assim como o depoimento dos membros da Resistência, o dos sobreviventes também se modifica com o tempo. No depoimento dado no inquérito britânico em 1945 e naqueles colhidos pelo escritor Romano Bilenchi em 1946, o tema da culpa dos membros da Resistência surge ocasional e indiretamente, mas não é o elemento estrutural dominante que passou a ser nas narrativas colhidas meio século mais tarde. (PORTELLI: 1996, p. 109)
Assim pretende-se chegar à discussão em que as representações e os
fatos estão intimamente imbricados no tocante nos estudos da história oral. É deste
ponto que o texto segue discutindo sobre fato, omissão (ou esquecimento) da
lembrança e representação. Onde o narrador tem todo o direito de esquecer um fato
ocorrido, mas o historiador (ou antropólogo) tem o dever de considerar não só o fato,
mas o que representa sua omissão.
O texto ao problematizar a história oral fazendo considerações aos seus
limites e a necessidade de ir além do narrado, na crítica das lacunas, das omissões,
das representações e dos fatos, além da própria construção social da memória em
dada medida volátil no tempo, já que sofrendo influência do presente vivido,
alertando para os usos e abusos da história oral.
Quando compreendemos que "memória coletiva" nada tem a ver com memórias de indivíduos, não mais podemos descrevê-la como a expressão direta e espontânea de dor, luto, escândalo, mas como uma formalização igualmente legítima e significativa, mediada por ideologias, linguagens, senso comum e instituições. Não podemos continuar procurando oposições somente entre campos de memória, e sim também dentro deles. A brilhante definição, "memória dividida", precisa ser ampliada e radicalizada para definir não só a dicotomia (e hierarquia implícita) entre a memória institucional da Resistência e a memória coletiva da comunidade, mas também a pluralidade fragmentada de diferentes memórias. (PORTELLI, 1996, p. 128)
O debate trazido por Portelli torna-se importante para a compreensão dos
relatos a respeito da importância (ou não) do grupo “Jovens e Estudantes de
Paudalho” na consolidação de novas forças políticas na esfera municipal. Para este
trabalho, a respeito do JEP, nos propomos reconstruir sua caminhada no movimento
sociocultural e na passagem para política de alguns de seus membros. O importante
será analisar a memória trazida pelos membros para construção de uma história que
mais se aproxime de uma verdade científica, que ela não seja corrompida pelo
12
momento atual dos seus atores, para isso contrapor uma ou outra fala será
necessário, pois não podemos abrir brechas para omissões ou supostas verdades.
13
Capítulo III – Política em tempos de repressão
“Passo atrás, passo adiante (1964-1985)” é o título de um capítulo de José
Murilo de Carvalho (2001) que bem representa o que significou a ditadura militar
para as conquistas civis e políticas, e para a própria implementação da democracia
no Brasil, um retrocesso. Assim, José Murilo de Carvalho divide o período militar em
três fases distintas: a primeira dominada pelos libertais, entre 1964 – 1968, é o
próprio início do regime que caracterizasse com a crescente repressão e o combate
a inflação conjunta a queda do salário mínimo; a segunda fase, de 1968 – 1974, é o
período dos militares da linha dura paralelo aos altos índices de crescimento, mas o
salário-mínimo continuou em queda livre; a última fase vem com o retorno dos
militares liberais e uma maior abertura do sistema.
O primeiro desses tópicos “Passo Atrás: Nova Ditadura (1964 – 1974)” faz
constante referência ao período de Estado Novo, suas semelhanças e diferenças
com esse novo momento histórico. É o início da ditadura. Com a derrubada de
Goulart, os militares decidem assumir o poder, é o início do governo de Castelo
Branco. Antes, na Primeira República, eles ficaram a margem do poder oligárquico,
em 1930 suas propostas são absorvidas por Vargas, já em 1945 os militares estão
divididos entre populistas e liberais conservadores. Assim, numa primeira explicação
para a atitude dos militares temos a ameaça que a divisão ideológica trazia para a
permanência da organização militar.
Internamente havia ainda um antivarguismo e uma maior preparação política
pelos militares através da Escola Superior de Guerra, além de terem cooptado apoio
de lideranças empresariais devido aos IPES que lutavam contra o comunismo e pela
preservação da sociedade capitalista.
Por estarem mais preparados para assumir o poder, em paralelo ao Estado
Novo, desenvolveram mais extensos meios de controle e repressão violenta. Os
“atos institucionais” foram meios legais para essa repressão, permitindo a cassação
de direitos políticos, suprimindo os direitos civis, dissolvendo partidos e constituindo
um sistema bipartidário de eleição com os militares controlando a maioria através da
Arena. Pouco a pouco o governo militar tinha ferramentas legais para expurgar seus
inimigos e permitir uma frágil oposição oficial através do MDB que servia de engodo
democrático, mas ao mesmo tempo “deixava acesa a chama da oposição” como diz
o próprio autor. Isso ocorreu logo nos primeiros anos, entre 1964 e 1965.
14
Havia mobilização social contrária ao governo, e em 1968 duas grandes
greves operárias marcaram as manifestações. Assim, o governo editou o Ato
Institucional nº 5 que deu plenos poderes ditatoriais e suspendeu o habeas corpus
para crimes contra a segurança nacional. No ano seguinte morria Castelo Branco e
assumia Médici o qual fez as medidas repressivas assumirem seu ponto
culminante.com a introdução da pena de morte e a censura prévia nos meios de
comunicação. Na falta de alternativa para a oposição legal, grupos de esquerda
começaram a agir clandestinamente com táticas de guerrilha urbana e rural.
Desde a década de 1940 o movimento estudantil brasileiro vinha se
organizando em campanhas de grande retorno social, uma delas intitulado “O
Petróleo é Nosso” envolvendo a União Nacional dos Estudantes (UNE) com
participação de varias áreas da sociedade, culminou na criação da Petrobras –
Petróleo Brasileiro S/A. Mas foi na década de 1960 que o movimento estudantil
ganhou maiores proporções, primeiro lutando pela reforma universitária e por mais
investimentos na educação e mais tarde juntando-se a uma luta ampla pela
derrubada do regime militar instalado no Brasil desde 1964. O movimento estudantil
também caminhou para a luta armada, muitos dos grupos de guerrilha urbana tinha
a participação de estudantes; o movimento estudantil foi levado para a ilegalidade, a
UNE foi caçada, mesmo assim vários estudantes continuaram com a sua militância,
muitos foram torturados e mortos.
A máquina do governo se organizou de tal forma a repressão de sua
oposição, e nutriu-se de ferramentas tão diversas que fora possível prisões
arbitrárias, torturas, assassinatos, ao lado de órgão quase autônomos de inteligência
nacionais. Fora um período em que direitos civis básicos defendidos pelo
capitalismo, como a propriedade privada, liberdade de expressão e igualdade judicial
foram violentamente suprimidos. Um verdadeiro passo atrás principalmente nas
conquistas de direitos civis e políticos no Brasil.
Para manter aberto o Congresso, os militares conservaram as eleições
legislativas porém com várias ressalvas, os presidentes eram escolhidos pelos
comandantes militares e seus nomes levados ao Congresso onde o governo
dominava a maioria através da Arena.
As eleições legislativas foram mantidas com restrições, eleições adiadas,
candidatos vetados e censura nas propagandas alterava as normas para manter o
controle. José Murilo de Carvalho mostra como o índice de brasileiros votantes
crescia de 12,5 milhões em 1960 para 48,7 em 1982, e termina perguntando se
15
poderia, nessas circunstâncias, o ato de votar ser visto como o exercício de um
direito político.
Discutindo sobre a economia que vinham decrescendo desde Kubitscheck, o
autor mostra que o período de maior repressão, que foi o do governo Médici, iguala-
se ao de maior crescimento econômico, o que leva a esse “milagre econômico”? Na
verdade foi um crescimento desigual que fazia uma pequena parcela da população
cada vez mais rica (os 10% mais ricos detinham entre 40% - 50% da riqueza
nacional nesse período) mas o aumento da desigualdade não era evidente pela
transformação urbana e crescente oferta de emprego que se diminuía o salário,
possibilitava empregar mais membros da família, o que dava uma impressão de
melhoria, ainda mais se comparada as condições de trabalho no meio rural da
época. Foi um período de grande deslocamento do campo para a cidade.
Um segundo tópico desse capítulo, “Novamente os Direitos Sociais” mostra
como a supressão dos direitos políticos e civis eram “compensados” com a
ampliação dos direitos sociais. Finalmente a previdência é unificada, com exceção
do funcionalismo público, civil e militar, o que termina por uniformizar os benefícios e
a contribuição, além de tirar dos sindicatos a influência, passando a ser totalmente
controlada pela burocracia estatal. A previdência se estendia ao campo mas seu
ônus não recaia diretamente ao proprietário rural, nem mesmo ao trabalhador do
campo, mas em seu final era repassado ao consumidor. Outra novidade foi a
inclusão dos autônomos e das empregadas domésticas entre as categorias da
previdência.
Em contrapartida aos benefícios que iam sendo incorporados, acabou-se a
estabilidade no emprego criando o FGTS, funcionando como seguro desemprego.
Ainda assim criou-se o Banco Nacional de Habitação com a finalidade de facilitar o
trabalhador a conseguir sua casa própria, mas que beneficiou principalmente os
proprietários.
José Murilo de Carvalho (2001) destaca 1974 a 1985 como o período de
retorno aos direitos civis e políticos. É o período que assume Geisel no poder,
general da linha liberal conservadora que não pretendia ficar indefinidamente no
poder, mas outros motivos reuniram-se a estes criando o contexto da abertura do
sistema; a crise do petróleo fez ver que os anos do “milagre” estavam condenados,
cerca de 80% do consumo dependia do petróleo importado. Assim eras preferível a
redemocratização agora do que num período de crise econômica que pudesse
custar o desmantelo da nação. Um terceiro argumento é a proposta do retorno das
16
forças armadas a sua função, a atual estrutura de repressão criou um grupo quase
independente que ameaçava a hierarquia.
Seja como for, Geisel proporcionou um período de maior abertura em 1974,
mesmo ocorrendo um retrocesso em 1978 devido a perda de dois terço do Senado
que implicou na limitação da propaganda eleitoral e a eliminação da exigência de
dois terços dos votos para a aprovação de reformas constitucionais. O governo
continuou o movimento de abertura com o fim do Ato Constitucional de nº 5 e da
censura prévia entre outros. Já em 1979 fora abolido o bipartidarismo, dando lugar a
seis partidos no cenário político, desmembramento da Arena, do MDB e dos antigos
trabalhistas do PTB, mas em meio a todos esses partidos que surgiam (PTB, PMDB,
PP, PTB, PDT) a novidade vinha do Partido dos Trabalhadores em 1980 que vinha
de uma formação de base sindicalista diferente da existente no Estado Novo, o PT
surgiu de reunião ampla e aberta de que participaram centenas de militantes. Três
grupos sustentavam o PT, a ala progressista da Igreja Católica, os sindicalistas
renovadores e intelectuais.
Pouco a pouco o governo lançava medidas liberalizantes, seja permitindo a
eleições diretas para governadores de estados, seja enfraquecendo os órgão de
repressão mas seu desmantelo só se concretizou nos anos 90.
A grande inovação nesse período de abertura liberal está no surgimento do
PT e no movimento sindical. O novo movimento, iniciado em 1977, diferenciava do
sindicalismo de 1937 primeiramente por sua organização de baixo para cima, de
buscar e respaldar a participação das bases, fora sua independência para com o
Estado o que dificultava a formação de pelegos1 em seus dirigentes. Em 1981
realizasse a primeira conferência nacional, e as duas grandes tendências do
movimento causam uma divisão, de um lado os que insistiam no fortalecimento das
bases formaram a CUT, e do outro, os ligados ao Partido Comunista, insistiam no
controle das cúpulas e nas típicas alianças, formaram a Conclat.
As CEBS era exemplo de uma tendência de abandonar orientações de cúpula
e buscar o apoio das bases.
Paralelo as ações da Igreja houve um afloramento de movimentos sociais
urbanos como associações de bairros e mais além, dois outros grupos se
posicionavam fortemente contrário ao regime, a Ordem dos Advogados do Brasil
1 Pelego: designação comum aos agentes mais ou menos disfarçados do Ministério do Trabalho nos sindicatos operários. Também designado a pessoa ou entidade que visa ocupar os espaços de representatividade de determinada categoria de modo a barrar as lutas/mobilizações da mesma em prol de um outro grupo opressor.
17
(OAB) que via a intromissão ditatorial do governo na aplicação das leis como um
desmantelo à classe, assim como também houve os que lutaram por uma ótica mais
humanitária, de forma semelhante a ABI, a imprensa ansiava por liberdade de
expressão, a luta ajudou a reconstruir a democracia. Soma-se a eles entidades
científicas como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a
oposição mantida por artistas e intelectuais.
Desta forma o governo que inicialmente concedeu maior abertura liberal,
sofreu nesse período maior pressão dos campos de oposição, forçando o governo a
continuar sua abertura, como foi o caso da movimentação pelas diretas. As
engrenagens da democratização começava a funcionar.
José Murilo de Carvalho termina o capítulo realizando “um balanço do período
militar” onde repetindo as táticas do Estado Novo, ampliam os direitos sociais em
troca da restrição dos direitos civis e políticos, paralelo, concedeu a população um
sistema unificado e uniformizado de previdência e beneficiou de tal forma o meio
rural, que fez parecer a população um melhoramento do nível de vida enquanto
alargava o fosso entre os poucos mais ricos, e a imensa quantidade de pobres. No
momento em que a crise fez declinar a taxa de crescimento do país, logo a
população urbana se viu contrária ao governo e contestou a perda de seus direitos
políticos e civis, a participação popular foi ativa, fomentando a criação de um novo
país.
18
Capítulo IV – Do sociocultural a formação política
Ao decorrer do tempo que os “Jovens e Estudantes de Paudalho” estiveram
ativos na cidade, suas ações repercutiram no campo artístico, esportivo e cultural,
mesmo que hoje esses acontecimentos se apresentem imersos em um mar de
esquecimento, não podemos minimizar a importância da agremiação para o
entendimento de como se portavam os grupos estudantis na Zona da Mata de
Pernambuco em tempos de ditadura militar, muito menos deixar passar que o JEP
foi o berço de uma nova política, e que esta veio romper com uma antiga oligarquia2
da cidade.
Em 1967, segundo João Ernani Figueiredo, o JEP ainda não estava montado,
nesse ano ele atendia pela seguinte sigla: CACESPE era um grupo que desenvolvia
atividades de entretenimento na cidade. O CACESPE era formado pelos filhos dos
grandes comerciantes, usineiros e senhores de engenho. Suas manifestações
ficavam retidas a interagir apenas com as elites, porém, seus membros começaram
a se envolver com outras atividades no ambiente pessoal e foram aos poucos saindo
do grupo, a partir daí é que se inicia uma incorporação de jovens pertencentes às
camadas mais populares, dessa reformulação nasceu o JEP, como deixa bem claro
João Ernani, um dos membros fundadores:
[...] o JEP nasceu de um chamado dos fundadores do CACESPE. Esse passou uns quatro anos vivendo aqui em Paudalho, como um grupo de jovens que tinha atividades sociais e de entretenimento, fizeram peças teatrais; era um grupo muito forte, um grupo formado pela pequena burguesia da cidade, que eram: os filhos dos ceramistas, os filhos dos senhores de engenhos e os filhos dos comerciantes (...) Só que esse pessoal foi ficando adulto, se profissionalizado e não tinha mais tempo pra tomar conta, ai eles convidaram um rapaz chamado Reginaldo Valentim para organizar o JEP3.
Em nenhum momento ao ser fundado em 1968 o JEP tinha a intenção político
partidária, nem sustentavam qualquer ideologia principal, pretendiam ser uma
organização de lazer para os jovens de uma cidade onde não se tinha muitas
alternativas nesse campo sociocultural, porém, possuía uma característica
2 Oligarquia é um sistema social sob controle político de uma pequena elite. Ver JOHNSON, Allan. Dicionário
de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. p.161. 3 Todas as citações de João Ernani incluídas neste trabalho sem indicação de fonte foram extraídas da entrevista
realizada em 15 de novembro de 2011, para o projeto Paudalho Digital: História, Patrimônio e Cidadania.
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diferenciada, pois congregavam pessoas de todas as camadas, inclusive nas suas
lideranças, como afirma mais uma vez João Ernani:
[...] o nosso JEP deu continuidade a CACESPE, mas a gente deu uma movimentação mais rápida, porque nos reunimos com todas as classes sociais. [O] antigo era classe média, média alta e, a gente conseguiu por ser de origem humilde levar o JEP a todas classes sociais. Então os presidentes do JEP começaram a sair pela competência, não [por que] é meu filho [ou] é num sei quem, não! Era o cara que trabalhava e, ia ser presidente do JEP.
Mas até que ponto o JEP foi um movimento estudantil? Definir esse conceito
torna-se importante para compreensão de possíveis núcleos que o novo grupo
político herdará ou não da agremiação, ou seja, se ele foi um movimento estudantil,
teria de se prontificar em um esforço coletivo e organizado em prol de uma mudança
social4; ele representaria a sua classe e lutaria pelos seus anseios, dessa maneira
existe uma diferença pontual entre movimento estudantil e os grupos de jovens: o
primeiro de acordo com Castells (1996) são sistemas de práticas sociais
contraditórias à ordem social vigente, com objetivo de transformar a estrutura do
sistema, já o segundo se refere a grupos sociais que mantém laços de afinidade,
direitos e obrigações como sócios do grupo e compartilham uma identidade comum.
Em Paudalho conforme a documentação nos apresenta, vimos à formação de
um grupo de jovens que não se articula em prol de uma mudança social, tendo
apenas ações isoladas; em todas as entrevistas que recolhi foram muito forte os
discursos que punham as ações do JEP como efeito da falta de espaços públicos
voltados para diversão, a ocupação real de lacunas sentidas pela juventude quanto
a lugares de divertimento, lazer e cultura.
Outro aspecto interessante é que sendo o agrupamento de jovens olhados
com suspeita, mesmo o JEP estando dentro do mecanismo da Igreja, isso não
favoreceu sua legitimidade pela sociedade, porém, outros mecanismos para
capturas de jovens tiveram de serem postos em pratica, movidos pelas lacunas
oriundas de uma oligarquia em decadência, isso condiz com a fala de Gílson
Pereira, ex-membro do JEP, ressaltando que o grupo:
[...] era mais voltado para jovens de que realmente para estudantes (...) ele num entrava como um movimento de representação, na
4 Mudança social é qualquer alteração nas características culturais, estruturais, demográficas ou ecológicas de
um sistema social, como uma sociedade.
20
verdade era um preenchimento de uma lacuna que existia, [pois] a juventude não tinha muita opção5.··.
O JEP se apresentava como uma opção, ele era composto comumente por
um grupo que não ultrapassavam vinte pessoas, estas eram distribuídas entre as
secretarias e a presidência. O mandato do presidente durava o período de um ano, e
ficava responsável por organizar as atividades em datas festivas envolvendo a
juventude. De todas as festividades, a que mais se destacou foi à semana do
estudante, ela acontecia na ultima semana de julho, período de férias de meio de
ano, nesse momento o grupo se multiplicava, pois vinham alunos de todas as
escolas do município e faziam uma festa que contagiava toda a cidade.
Figura 1: Adesivo da V semana do estudante
Dentro das atividades da semana do estudante se sobressaíam os
campeonatos de futebol e vôlei, as corridas de pedestres e de ciclistas, as atividades
teatrais e o concurso para escolher a rainha dos estudantes, ela era premiada e
recebia faixa, nos momentos mais formais tinha-se música ao vivo com um grupo
chamado: JEP Som Pop, que ao cantarolar da MPB de sua época aveludava os
ouvidos dos que prestigiavam. Nesses momentos, ao que parece, o JEP deixava de
ser visto com maus olhos, o preconceito era posto de lado, pois eles sabiam
organizar grandes eventos esclarece Gilson, afirmando ainda que contribuiu para a
aceitação o fato de que:
5 Todas as citações de Gílson Pereira incluídas neste trabalho sem indicação de fonte foram extraídas da
entrevista realizada em 16 de julho de 2012, para o projeto Paudalho Digital: História, Patrimônio e Cidadania.
21
Durante um período o JEP era relativamente aceito por que era formado pelos filhos da elite da época, mas depois isso começou a mudar com participação de jovens menos abastados, começou a complicar, houve períodos onde se dizia o JEP era um bando de maconheiro e as meninas eram garotas de programa (...) então a aceitação, ela oscilava muito, mas no geral era essa ideia que se tinha, agora quando nós desenvolvemos nossas atividades aí nós encontrávamos apoio, isso acontecia, nós tivemos grandes semanas do estudante aqui, grande movimentação mesmo, de lotar ruas da cidade. [grifo nosso]
Percebe-se a partir dos discursos dos entrevistados que a sociedade da
época via o grupo com certo desprezo, para eles, esta era mais uma das estratégias
das elites estabelecidas que representavam a ditadura militar, pois, quando seus
filhos compunham a maioria das cadeiras do JEP, o mesmo era aceito sem muitas
delongas, mas quando o grupo ganhou uma maior mobilidade social e os jovens
menos abastados foram se afiliando e participando da agremiação, começaram a
ser enquadrados como arruaceiros e drogados, uma visão preconceituosa, todavia,
ressaltamos, esse pensamento era amenizado nos momentos em que o JEP
organizava suas atividades socioculturais.
O JEP não tinha nenhuma ligação direta com a Igreja Católica, o que havia
era uma dependência, pois as reuniões aconteciam em um dos prédios da Igreja,
todavia, não era só dela que o grupo dependia, pois os componentes da oligarquia
que dominava a cidade eram os principais patrocinadores das atividades, um
paradoxo, pois reprimia e ao mesmo tempo patrocinava; nesse momento a
distribuição política de Paudalho ficava entre duas tradicionais famílias, cada uma
tinha sua usina de fazer açúcar, de um lado os Bandeiras de Melo, donos da usina
Mussurepe, e do outro os Petribu, donos de uma usina homônima, nesse tempo a
opressão era muito forte, e só entrava-se para a política se tivesse o apoio de uma
dessas famílias.
A trajetória do JEP se entrelaça com a caminhada política de José Pereira de
Araújo, ex-membro do grupo que na eleição de 1982 foi eleito vice-prefeito e que ao
decorre dos anos se tornou um dos principais líderes da política paudalhese, tendo
conquistado três mandatos, fez seu sucessor no ano de 2008 e foi eleito novamente
no pleito do corrente ano, na soma geral ele conquistou cinco eleições, uma como
vice e outras quatro como prefeito; com toda essa bagagem nas costas hoje, não
parece que ele começou sua carreira no grupo estudado nesse trabalho, muito
menos que ele teve o seu primeiro contato com a política lutando nos movimentos
estudantis do fim da década de 1970, na capital de Pernambuco.
22
Segundo José Pereira6,
[...] comecei a minha vida política na verdade antes que eu entrasse nas bancas da universidade, aqui tinha um movimento jovem, chamado Jovens e Estudantes de Paudalho, JEP, que o foco era mais a questão da cultura, a questão do esporte, não era propriamente um movimento político, partidário [...]
Para entender a gênese política do JEP tentaremos analisar brevemente o
movimento estudantil na Cidade de Recife, digo sua presença na Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), pois mesmo existindo uma disparidade entre
ensino superior e secundarista − já que é sabido que os Jovens e Estudantes de
Paudalho eram na sua grande maioria estudantes do que hoje é o ensino
fundamental e médio − contudo, percebe-se no discurso dos entrevistados que a
mudança de postura de grupo de jovens para movimento político tem seu princípio
na ligação de membros com a UFPE.
Desse modo fica indispensável à leitura da dissertação de mestrado de Otávio
Luiz Machado7, onde em meio à discussão de questões ligadas a formação
profissional mesclada à estrutura do movimento estudantil na Escola de Engenharia
da UFPE é que podemos entender o porquê do movimento estudantil ter tomado
uma proporção tão grande na luta contra o regime militar nos anos que sucederam a
ditadura no Brasil.
A partir da leitura de MACHADO8, percebe-se que o movimento estudantil já
era organizado por conta da luta pela Reforma Universitária antes do golpe, a União
Nacional dos Estudantes (UNE) já era formada por uma rede forte e estruturada em
todas as unidades federativas, após 1964 os militares perceberam a força que tinha
esta rede e por várias vezes tentaram implantar a sua reforma universitária que
desentoava da proposta dos veteranos na causa.
O golpe militar de 1964 provocou a interrupção da efervescência vivida pelos estudantes universitários até então. Além do fechamento de entidades estudantis, a prisão dos principais líderes estudantis nos
6 Todas as citações de José Pereira incluídas neste trabalho sem indicação de fonte foram extraídas da entrevista
realizada em 15 de setembro de 2012, para o projeto Paudalho Digital: História, Patrimônio e Cidadania. 7Formação Profissional, Ensino Superior e a Construção da Formação do Engenheiro Pelos Movimentos
Estudantis de Engenharia: A experiência a partir da escola de engenharia da Universidade Federal de
Pernambuco.
23
primeiros dias do golpe, as universidades conviveram a partir daí com inúmeros IPMs (Inquéritos Policiais Militares) buscando averiguar possíveis crimes contra a “segurança nacional”. Por outro lado, o período compreendido entre 1964 e 1975 foi extremamente profícuo em termos de propostas ou mesmo de medidas para a reformulação do ensino superior, como o Plano Nacional de Educação (1965), o Acordo Mec-Usaid, a CPI da Educação Superior, a Comissão Meira Mattos, o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária, a Lei Suplicy e o Decreto-Lei 477. É óbvio que a participação dos estudantes nas decisões sobre os assuntos políticos e universitários foi então muito limitada, dadas as ameaças e as repressões, mesmo assim o movimento estudantil procurou debater alguns temas, como a democratização do acesso. (MACHADO, 2008. pg.60)
O movimento estudantil não foi taxativo na luta contra a ditadura só pelo fato
de ser formado por intelectuais que observaram a desconstrução da democracia de
uma nação e decidiram lutar contra isto, na verdade os militares botaram o dedo na
principal luta dos estudantes até então, que era a reforma universitária, assim, os
estudantes foram esmagados pelo sistema e a reforma foi realizada as avessas.
Tudo isto veio para tremer às estruturas do movimento estudantil que ficou sem um
norte e demorou um tempo para se reestruturar como diz MACHADO:
Em 1965 houve algumas passeatas promovidas a partir de algumas universidades contra a chamada Lei Suplicy. Mas o movimento estudantil nacional apenas conseguiu se reafirmar em julho de 1966, a partir de Belo Horizonte, com a realização do 28º Congresso Nacional de Estudantes da UNE, que apesar de oficialmente extinta pelo regime militar, funcionava com o apoio dos órgãos estudantis e realizava suas reuniões e eleições clandestinamente. Impedido de todas as formas pelo aparato da repressão, o Congresso foi realizado com o apoio dos padres franciscanos num convento. Para Poerner (1979, p. 274), em 1966, o resultado do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Belo Horizonte, foi fundamental para o lançamento de uma palavra de ordem contrária à política educacional do governo e contra o próprio governo, que desencadearia em setembro de 1966 protestos nas ruas de diversas cidades brasileiras contra a cobrança das anuidades e o atentado às liberdades democráticas expressos na repressão policial. (MACHADO, 2008. pg.63)
Dai pra frente o movimento estudantil se organizou novamente e as suas
pautas de reivindicações tomaram outras proporções, mesmo existindo variados
tipos de organizações, com diversas linhas de ação, o que não mudava era o objeto
de combate: a ditadura, para isto fazia-se uso de passeatas, produção de eventos
culturais, esportes, jornais, jornal-mural, trotes e etc.
24
Em seu texto “O Movimento Estudantil nos anos 70: ações e concepções”,
Jordana de Souza9 defende a ideia que após o colapso da luta armada o movimento
estudantil focou suas ações dentro de uma nova ótica, utilizaram do teatro, dos
esportes e de pequenos eventos pelo fato de que na década de 1960 o movimento
ter sofrido uma forte repreção com a morte e a perseguição aos militantes das
organizações clandestinas denominadas de “Nova Esquerda”. Na década de 1970,
com uma nova postura o movimento uniu seus esforços nas lutas: pela reforma
universitária, por uma universidade voltada ao desenvolvimento da ciência e da
pesquisa; por uma universidade gratuita e para preservação das ciências humanas
com o compromisso de foca-las nas problemáticas nacionais.
5.1 novos passos da política
José Pereira conta que foi na Universidade Federal de Pernambuco, quando
entrou para o curso de economia no final da década de 1970, que ele teve o seu
primeiro encontro com um movimento dotado de consciência política, e que foi a
parti da luta pela liberdade de um líder estudantil chamado Cajá10 que ele adentrou
no campo do movimento estudantil.
Segundo José Pereira,
[...] na escola de economia o movimento daquela [época] coincidiu com a abertura política no país e tinha um movimento muito grande dos estudantes da Igreja na cidade do Recife pela liberdade de Cajá, Cajá era um líder estudantil muito conhecido, e aquele movimento me chamou muita atenção; consegui participar do movimento estudantil, conheci Cajá de perto (...) fui recrutado para participar do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (...) e comecei a participar dos movimentos estudantis.
O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) aqui citado por José
Pereira, não mais mantinha a postura que tanto lhe deu notoriedade, falo do
momento em que ele militava na luta armada contra a ditadura e que teve como
ponto alto o sequestro do embaixador americano Charles Burk Elbrick, em parceria
com a Aliança Libertadora Nacional (ALN), esse MR-8 ficou adormecido com o
colapso da luta armada após 1970, passou a ser um núcleo dentro do PMDB e hoje
9 Mestranda de Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unesp. 10Edval Nunes da Silva (Cajá) membro da “Comissão de Justiça e Paz” da Arquidiocese de Olinda e Recife,
sequestrado e preso no dia 12 de maio de 1978, no Recife, por Policiais Federais, sob acusação de tentar
reorganizar o Partido Comunista Revolucionário.
25
pode-se dizer que compõe o Partido Pátria Livre (PPL).
José Pereira remete além dos movimentos estudantis uma forte influência de
Miguel Arraes na sua formação política, nas manifestações em prol do Diretório
Acadêmico de Economia da UFPE ele conheceu Marcos Arraes, filho de Miguel
Arraes de Alencar, que fez o link entre o então estudante e o ex-governador que
acabava de chegar do exílio. José Pereira esclarece que,
[...] antes de eu conhecer Eduardo [Campos], eu conheci Marcos Arraes, tio de Eduardo, filho de Miguel Arraes de Alencar, e Marcos me conheceu nos movimentos, na luta pelo DA de economia e Marcos um dia me chamou e disse papai que te conhecer, eu disse você é filho de quem, ele disse de Miguel Arraes, eu disse ah você é filho de Arraes, marcamos um dia e eu fui almoçar na casa de Arraes, Arraes era recém-chegado do exílio, fizemos uma amizade, foi a parti daí, que eu já tinha uma admiração histórica, Arraes foi caçado em 1964, passou 16 anos no exílio e pela história que eu acompanhava e pelos movimentos eu tinha uma admiração muito grande por Dr. Arraes, e foi através de Arraes e do movimento estudantil que despertou em mim fazer política na minha terra.
Miguel Arraes, foi eleito governador de Pernambuco em 1962, no ano
seguinte foi aprovado à Legislação Trabalhista Rural que se apresentava como um
braço do fim da escravidão para os trabalhadores do campo, para muitos ela só foi
aprovado por conta que se pensava que nunca seria posta em pratica, todavia foi, e
no Estado de Pernambuco. Na zona canavieira, ela teve uma aplicabilidade mais
ferrenha que em outras localidades. Arraes ganhou grande popularidade com isso,
pois a legislação atendia às revindicações feitas pelos militantes das Ligas
Camponesas e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais que mesmo tendo
ideologias diferentes trabalhavam em conjunto.
A lei é vista como um divisor de águas, pois até então não se havia tomado
uma iniciativa parecida para dar ao trabalhador do campo – o camponês – uma
regulamentação trabalhista, como tinha feito Vargas com o trabalhador urbano.
Durante quatro séculos de escravidão e de latifúndio (...) os canavieiros haviam sido entregues ao bel prazer de seus donos. Apesar da Independência, da Abolição e da República, a cidadania não existia para os trabalhadores rurais, teórica ou praticamente (Dabat, 2006, p.151).
O poder político ficava na mão dos latifundiários e coronéis do açúcar, isso
26
criava na zona canavieira de Pernambuco um ambiente privatizado onde não se
constatava diferença entre o público e o privado, com toda essa autonomia os
políticos ruralistas conseguiram abortar qualquer tentativa anterior de dar direitos
aos trabalhadores rurais, excluíram a categoria até da CLT de 1943.
No inicio da década de 1960, no Brasil, e principalmente em Pernambuco com
o governo de Miguel Arraes, que dispunha de um grande esforço para fazer uso de
uma autoridade legalista e moderna nesse campo tão delicado, que é o ambiente
rural, começou uma interlocução do governo estadual e federal em prol dos
movimentos sociais ruralistas, com o discurso de que só poderia se chegar a uma
reforma de base se o homem do campo tivesse uma melhoria na condição de vida.
Como esclarece Dabat (2006), graças ao apoio do governo de Arraes aos
movimentos sociais que lutavam por uma reforma agrária, é que começaram a
crescer em um clima democrático, novo e precário, permitindo aos trabalhadores
rurais se organizarem em movimentos sociais livres. Esses trabalhadores agora
eram atores sociais plenos, enquanto classe. As ações das Ligas Camponesas sob
a direção de Francisco Julião desde 1955, e dos Sindicatos dos Trabalhadores
Rurais, deu a luta de classes nos canaviais uma dimensão só vista nos quilombos e
outras revoltas de escravos. Houve uma reviravolta, pois até então o que era para
ser da página policial virou manchetes de capa de jornal, o movimento social
camponês foi crescendo impressionantemente, multiplicando-se em outras
organizações, e começou a causar ameaças aos grandes proprietários, até que para
por fim a uma já possível reforma da base as elites organizaram um golpe militar em
1964 com apoio norte-americano, que perseguiu e caçou todos os políticos que
tinham ligação com os movimentos sociais do campo, entre eles Miguel Arraes.
Influenciado por toda essa conjuntura, já com uma consciência política
formada, José Pereira começou a organizar movimentações na cidade de Paudalho,
perto da redemocratização. Segundo ele o PMDB incentivava à formação de grupos
político-partidário para disputar a eleição do ano de 1982. Um desses momentos o
JEP se reuniu para uma manifestação encabeçada por José Pereira, Gilson Pereira,
Francisco Correa, Faelante Filho e João Ernani, esses respectivamente seriam os
remanescentes que embarcariam para o campo da política e ficariam conhecidos
como “meninos buchudos”, a movimentação era em prol da não derrubada de uma
quadra esportiva, percebemos que o JEP nunca abandonou seu caráter de promotor
de lazer.
Segundo José Pereira,
27
[...] eu me lembro que o prefeito da época, seu Zé Fidelis, queria derrubar uma quadra esportiva, a gente fez um movimento de protesto na frente da prefeitura, criamos uma quadra improvisada na prefeitura, porque só tinha uma quadra no município e o então prefeito Zé Fidelis queria derrubar essa quadra.
Um jornal em formato de panflete chamado: Voz do Itaíba também foi
montado para funcionar como órgão de comunicação, segundo nos informam os
entrevistados, ele tinha uma postura de esquerda mais voltada para as questões do
trabalhador rural, pois a cidade vivia da monocultura da cana-de-açúcar e a vida da
classe rural era dura, ficavam a mercê do senhor de engenho, que torturava,
maltratava ao seu bel prazer, os canavieiros não tinha direito, tinha pau na cara, nas
costas, no corpo todo; o novo grupo político começou a nascer dessas
manifestações que os jovens organizavam pondo em foco o trabalhador, até ao
ponto que os “meninos buchudos” se aliaram ao movimento dos Sindicatos Rurais
que começava fazer greves e manifestações no fim da década de 1970.
Segundo José Pereira,
[...] criamos o Jornal Voz do Itaíba, isso eu já voltando da faculdade, esse jornal o foco era estreitamente político, a gente questionava, por exemplo: a violência dos senhores de engenho com os trabalhadores, me lembro de uma capa „usineiro bate em trabalhador‟ era o Herculano Bandeira [Filho] que deu uma pisa num trabalhador (...)
O estreitamento de Pereira com os trabalhadores e os sindicatos da zona
canavieira foi aumentando e dois anos antes da eleição de 1982, segundo a
memória invocadas pelos entrevistados, começou-se a organizar reuniões nas mais
variadas localidades da cidade, apresentando uma nova visão de política, um
discurso que passava uma mensagem onde trabalhador não era obrigado a eleger
o patrão como seu representante, e que ele tinha todo direito de votar em uma
pessoa que conhecesse a sua vida árdua, que lutasse para melhorar as condições
do trabalhador da zona rural.
As primeiras reuniões organizadas por eles tinha um numero muito reduzido
de participantes, mas isso foi mudando a partir da militância de base, os encontros
começaram a ganhar uma maior dimensão, chegando a contar até com a presença
de Miguel Arraes, e foi nesse contexto que se deu a gênesis de um novo grupo
político, que não tinha nenhum vínculo com as elites vigentes no poder, como
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elucida José Pereira,
[...] A primeira reunião foi com seis pessoas, terminamos com concentrações com mais de 5 mil (...) a primeira vez que eu trouxe seu Arraes aqui, foi no Clube Estrela, ta certo, foi os “meninos buchudos” que fez o encontro [...] ele era uma marca muito forte [...] Arraes não era comunista ele era um social democrata, mas quando eu trouxe Arraes, para a oligarquia foi o mesmo que vê o demo, e fizemos uma caminhada com Arraes na cidade, subimos aquele auto com Arraes a pé, num era período de eleição não, e ele foi conhecendo a cidade e povo atrás, a gente agitou muito (...)
E foi agitando o povo e enfrentando as elites que os “meninos buchudos”
juntamente com lideranças sindicais da cidade montaram uma chapa para disputar
as eleições pelo PMDB no ano de 1982, Pereira foi escolhido vice-prefeito da chapa
que tinha como prefeito o Sr. Ulisses Roque, sindicalista e professor que por muitos
anos foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paudalho, além
desses também compunham o novo grupo políticos remanescentes do antigo MDB
que apresentavam um discurso desgastado para a nova época, todavia, como
declara Pereira, o sucesso da eleição foi devido ao trabalhador rural que queria dar
um “chega pra lá” nos mandos e desmandos da elite estabelecida,
[...] eu acho que o grande movimento não foi liderado por mim, o grande movimento foi os trabalhadores rurais de Paudalho, foi os sindicatos rurais de Paudalho para se fazer justiça, esses começaram a questionar as condições de trabalho dos trabalhadores no campo e a questão salarial [...] foi uma aliança de estudante com trabalhador que deu certo, a primeira disputa eleitoral que disputados ganhamos, a segunda também. A gente se colocou como representante de trabalhador, de família pobre, ta certo, que era maior que a oligarquia e aquela oligarquia estava em processo de decadência, usina falindo e o povo num tinha voz.
O movimento citado por Pereira é fruto do momento de abertura política por
qual passava o Brasil, como já ponderamos aqui, os partidos vigentes na capital
Recife estimulavam a construção de núcleos politizados nas cidades menores para
disputar a eleição do ano de 1982, em Paudalho esse núcleo só teve chance reais
de vitória por ter se aliado aos trabalhadores rurais e a partir dessa ligação foi
possível interromper com poder de uma velha oligarquia estabelecida ao longo das
décadas, tendo sua raízes fincadas desde a primeira república;
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Para avaliarmos o poder que tinha essa oligarquia faz-se necessário verificar
a ata da eleição do ano anterior11, além de eleger o prefeito José Fidelis da Silva, a
oligarquia também ganhou todas as cadeiras da Câmara Municipal na eleição de
1976, os nove vereadores, incluindo todos os suplentes e o prefeito eram afiliados
ao ARENA, partido da ditadura militar, dessa maneira pode-se ver que não existia
uma oposição atuante na cidade de Paudalho, como foi comum durante todo o
período da ditadura.
A eleição municipal de 1982 mudaria esse quadro político, depois de 27 anos
um prefeito sem vínculo direto com as elites da cidade seria eleito novamente,
segundo Araújo (1990) Almany de Sá Barreto Sampaio tomou posse no dia 15 de
novembro do ano de 1955, filiado ao Partido Social Trabalhista (PST) desenvolveu,
digamos assim, um primeiro governo popular da cidade, todavia em 1964 já como
deputado estadual e líder da bancada do então governado Miguel Arraes, teve seus
direitos políticos caçado, e em 1982 ele fazia parte de uma ala mais conservadora
do PMDB em Paudalho, por isso denominou os jovens remanescentes do JEP de
“meninos buchudos” um dito popular referentes a pessoas adultas que demonstram
comportamento de criança.
Depois do governo do social trabalhista Almani, a cidade de Paudalho foi
governada por prefeitos de direita – oligarcas – que se intercalaram entre o Partido
Social Democrático (PSD) isso anterior ao golpe militar, pois que depois do Ato
Institucional N° 2 (AI-2) que entre outras coisas decretou o bipartidarismo, eles se
mudara para o interior da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e após a volta do
multipartidarismo em 1979, esse gruo ficou no PDS que surgiu como sucessor direto
da ARENA.
11 Segundo o Livro de Atas 1480. P.145 do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
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Tabela 1: Vereadores eleitos no município do Paudalho - 1982
Fonte: Atas do TRE
O livro de atas 2286. P. 519, do TRE nos apresenta uma coposição totalmente
nova, pela primeira vez em décadas um grupo de oposição à oligarquia ganharia a
maioria das vagas da Câmara Municipal, nesta eleição o PMDB elegeu 5 vereadores
contra apenas 4 do PDS, essa mudança também foi acompanhada no quadro
executivo como podemos analisar na tabela a baixo,
Candidato Partido Nº de votos
Ulisses Roque da Silva
José Pereira da Silva
PMDB 1 3.454
José Geraldo dos Santos PMDB 2 765
Eufrásio Campos Gouveia PDS 1 1.571
Antônio Cristovão da Silva PDS 2 1.322
Bartolomeu do Rego Cavalcanti PDS 3 1.145
Epitácio Dantas Firmino PT 5
Nivaldo Natalício de Oliveira PTB 136
VOTOS EM BRANCO 906
VOTOS NULOS 619
TOTAL DE VOTANTES 9.926
Tabela 2: Resultado das eleições para prefeito do Paudalho – 1982
Fonte: Ata do TRE
Na eleição estudada a legislação possibilitava o uso pelos partidos de um
mecanismo intitulado sublegende, ele autorizava que uma mesma chapa laçasse
Candidatos eleitos Partido Nº de votos
João Amaro da Silva PMDB 600
Maria Luiza Amarante PMDB 592
Francisco José Q. C. de Oliveira PMDB 368
Rivaldo José C. de Souza PMDB 334
Gilson Pereira de Araujo PMDB 280
José Pinheiro C. Gouveia PDS 330
Edvaldo Bento de Amorim PDS 326
Alberto Roosevelt C. Azevedo PDS 318
Rinete de Melo Rangel PDS 295
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mais de um candidato, como podemos vê no quadro acima em 1982 o PMDB laçou
duas sublegendas enquanto o PDS entrou no páreo com três nomes, nesse contexto
o candidato mais votado recebia os votos dos demais, se fosse superior ao seu
concorrente ele seria eleito prefeito; o voto vinculado que obrigava o eleitor votar em
candidatos de um mesmo partido também foi decisivo para a conquista do PMDB
nas urnas, isso por conta do seu candidato ao senado ser Marcos Freire que muito
respeitado pela cidade parece ter conseguido transferir parte de seus votos para
Ulisses Roque. No final das contas o PDS teve 4038 votos e o PMDB 4219, uma
diferença de 181 votos deu vitória à sublegenda formada por um líder sindical e um
estudante universitário.
. A trajetória de JEP se intercruza com a trajetória dos “meninos buchudos” na
política paudalhense. Formado em 1968 os Jovens e Estudantes de Paudalho
ocuparam uma lacuna existente no âmbito sociocultural até inicio da década de
1980, quando finalmente saem de sena e deixam oficialmente de existir em 1982.
Porém um grupo que se formou e cresceu dentro do JEP passa a estabelecer
contato com outras demandas sociais e políticas, emergindo daí “os meninos
buchudos” dentro PMDB, tendo com expoente José Periera de Araujo.
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Considerações Finais
O êxito da pesquisa foi constatar a partir da documentação que o JEP teve
uma grande importância na construção de ambientes de lazer através de suas
atividades socioculturais, provocando assim mudanças no cotidiano da cidade, tendo
construído um mecanismo com maior mobilidade social, angariando a participação
de jovens de todas as camadas sociais ao contrario do seu antecessor que só
comunicava-se com as elites vigentes. O JEP não fez uso consciência política plena,
pois a atmosfera de um país em pleno regime militar, vivendo numa cidade da Zona
Canavieira de Pernambuco onde o órgão de repreção era o próprio Coronel, o dono
do engenho, não possibilitou que a juventude da cidade erguesse um engajamento
pleno e consciente.
Porém em meados de 1970, com o contato de José Pereira de Araújo com os
movimentos politizados da capital, primeiramente nas lutas universitárias e depois
no Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que funcionava como uma cédula
dentro do PMDB, partido esse que na época contava com participação de um
grande personagem da política brasileira o Sr. Miguel Arraes de Alencar, e é
influenciado por ele que se começa a desenvolver com membros do JEP em
Paudalho um grupo para disputar o pleito do ano de 1982, eles ficaram conhecidos
como “meninos buchudos” por serem novos de mais para entra na política segundo
o imaginário da época, todavia, foi a partir da aliança do grupo jovem "meninos
buchudos" com líderes do sindicato dos trabalhadores rurais do Paudalho que foi
possível vencer as eleições no ano 1982, rompendo com a linha de poder de uma
velha oligarquia.
Diante do exposto, pudemos na pesquisa experiência técnicas e métodos
com fontes primárias que possibilitaram uma maior compreensão sobre o fazer do
historiador. A medida que novos documentos traziam a tona informações novas
sobre o período da ditadura vivenciado pela política local novas questões puderam
ser lançadas para a continuidade da pesquisa que pretende abarcar a influência do
governo Arraes na política paudalhense e os reflexos do momento histórico
imediatamente posterior, que marca seu exílio no exterior e o processo de formação
da ditadura no Brasil.
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Referência Bibliográfica
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VILELA, Márcio Ananias. “A construção de um líder político: Francisco Heráclito do Rêgo Limoeiro, 1945 a1955. Recife: o autor, 2008.
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35
Anexo
36
Ata do TRE da eleição do ano de 1976.
37
Ata do TRE da eleição do ano de 1982.
38
Rainha dos estudantes do ano de 1973, foto do arquivo pessoal de Ângela Borba.
39
Foto do time de futebol do JEP, do arquivo pessoal do Sr. Valdeir José da Silva.
40
Carteira de sócio do JEP, do arquivo pessoal do Sr. Valdeir José da Silva.
41
Foto do centro da Cidade do Paudalho, do aquivo do Gurpo Paudalho Digital: História, Patrimônio e Cidadania.
42
Foto da prefeitura da Cidade do Paudalho, do aquivo do Gurpo Paudalho Digital: História, Patrimônio e Cidadania.