Post on 17-Apr-2015
“LA INVESTIGACIÓN CIENTIFICA” (MARIO BUNGE)
Por: Rafael Wanderley e Vanesca Bispo
BUNGE: BIOGRAFIA E LEGADO CIENTÍFICO (I)
Mario Bunge nasceu em Buenos Aires em 1919 e, desde 1963, reside no Canadá. Com o golpe de estado argentino ocorrido em 1963, resolveu sair da sua pátria e se radicar no Canadá. Lecionou no Brasil (Unicamp), México, Estados Unidos e Alemanha. Desde 1966, se instalou em Montreal (Canadá) e tem ensinado,’ desde então, Lógica e Metafísica na McGill University;
É autor de mais de 50 livros (suas obras foram traduzidas em 12 línguas) e de cerca de 450 artigos sobre física teórica, matemática aplicada, fundamentos da psicologia e filosofia da ciência etc.
BUNGE: BIOGRAFIA E LEGADO CIENTÍFICO (II)
Recebeu inúmeros prêmios, como o prêmio Príncipe de Astúrias, e mais de quinze títulos de “doutor honoris causa”. É membro de prestigiosas instituições acadêmicas. Seus principais livros são: “Crisis y reconstrucción de la filosofía”; “Diccionario filosófico”; “La investigación científica: su estrategia y su filosofía”;
Bunge é doutor em ciências físico-matemáticas pela “Universidad Nacional de La Plata” (1952) – tese sobre o spin eletrônico relativista. Foi professor de Física Teórica e Filosofia, tanto em “La Plata” quanto na “Universidad de Buenos Aires”. (1956 -1963)
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSCONHECIMENTO ORDINÁRIO E CIENTÍFICO
CIÊNCIA:
Estilo de pensamento e ação;
Criação humana;– Trabalho – investigação – Produto Final - Conhecimento
Produto Final:
- Conhecimento Ordinário
- Conhecimento Científico
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSCONHECIMENTO ORDINÁRIO E CIENTÍFICO
– CONHECIMENTO ORDINÁRIO:
• Não especializado (prévio);
– CONHECIMENTO CIENTÍFICO:
• Obtido através de um método; • Submete-se à Prova;• Enriquece-se;• Supera-se
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSCONHECIMENTO ORDINÁRIO E CIENTÍFICO
A CIÊNCIA ENQUANTO CONHECIMENTO DE NATUREZA ESPECIAL:
- Inventa e arrisca conjecturas;
- Racionalidade;
- Objetividade; Naturalismo:
– Cria seus próprios cânones de validez;– Teorias;– Dúvida
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSO MÉTODO CIENTÍFICO
CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA:
- Procedimento e objetivo
ENFOQUE CIENTÍFICO:
- Constituído pelo método científico e pelo objetivo da ciência
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSO MÉTODO CIENTÍFICO
MÉTODO/PROCEDIMENTO/PROBLEMAS:
– MÉTODO GERAL: Se aplica à todo ciclo da investigação;
– MÉTODOS ESPECIAIS: Estágio particular da investigação – problemas de certos tipos.
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSO MÉTODO CIENTÍFICO E SUA APLICAÇÃO
– Enuncia perguntas bem formuladas;
– Arbitra conjecturas, fundadas e contrastáveis com a experiência;
– Deriva conseqüências lógicas das conjecturas;
– Arbitra técnicas para testar as conjecturas e contrastações;
– Realiza o contraste e interpretar os resultados;
– Estima pretensões de verdade das conjecturas;
– Determina os domínios em que estão inseridos as conjecturas e as técnica e formular novos problemas.
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSO MÉTODO CIENTÍFICO
METODOLOGIA CIENTÍFICA (Elementos):
– FALIBILIDADE;
– INDICAÇÕES;
– AUTOSUFICIÊNCIA.
MÉTODO É, ENTÃO, UMA ESTRATÉGIA DA INVESTIGAÇÃO
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSA TÁTICA CIENTÍFICA
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSA TÁTICA CIENTÍFICA
O MÉTODO CIENTÍFICO E A ESTRATÉGIA DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA:
- Técnicas:
Conceituais - formulam de modo preciso problemas e conjecturas de certo tipo;
Empíricas – arbitram experimentos; medições; construção de instrumentos para elaborar dados.
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSA TÁTICA CIENTÍFICA
MÉTODO DE APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS
– Investigação científica:
Gradual;
Verdades parciais;
Se corrige a partir da auto-crítica;
PARTE I: ENFOQUE E INTRUMENTOSA TÁTICA CIENTÍFICA
– INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA (gradual; permeada de verdades parciais; característica de auto-correção)
O Método Científico enquanto um modo peculiar de tratamento de problemas intelectuais, sendo aplicável a todo e qualquer ramo do conhecimento
OS RAMOS DA CIÊNCIA
O MÉTODO CIENTÍFICO
Para Bunge, o método científico é uma marca característica da ciência, tanto da pura como da aplicada: onde não há método cientifico, não há ciência.
Segundo o autor, a primeira grande divisão das ciências é entre formais (ou ideais) e fáticas (ou materiais).
AS CIÊNCIAS FORMAIS/IDEAIS E AS CIÊNCIAS FÁTICAS/MATERIAIS
Essa divisão preliminar leva em conta:
a) o objeto de pesquisa de cada uma;
b) a diferença de espécie de enunciados;
c) o método pelo qual os enunciados são testados.
A PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS DE MÁRIO BUNGE
CIÊNCIAS FORMAIS (IDEAIS) – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: (I)
EX: A LÓGICA E A MATEMÁTICA
A Lógica e a Matemática tratam de entes ideais, são abstratos, só existem na mente humana;
Os lógicos e os matemáticos constroem seus próprios objetos de estudo.
A matéria-prima dos lógicos e dos matemáticos não é fática, mas ideal;
CIÊNCIAS FORMAIS (IDEAIS) – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: (II)
São sistemáticas e verificáveis, porém não são objetivas;
Não nos dão informações sobre a realidade: simplesmente não se ocupam dos fatos;
AS CIÊNCIAS MATERIAIS (FÁTICAS) PRESSUPÕEM ÀS CIÊNCIAS FORMAIS
O conhecimento científico e a investigação científica e seus desdobramentos:
- O conhecimento científico é geral, fático, claro e preciso, comunicável, metódico, sistemático, legal (busca leis) e preditivo (imaginando como as coisas eram no passado e como serão no futuro) e verificável;
- A investigação científica é metódica e especializada.
O OBJETIVO DE INVESTIGAÇÃO E O ALCANCE DA CIÊNCIA
“A ciência é uma forma de pensamento e de ação: precisamente o mais recente, o mais universal e o mais proveitoso de todas as formas. Como toda
criação humana, temos que distinguir na ciência entre o trabalho – investigação – e seu produto
final, o conhecimento.” (In: BUNGE, Mário. La ciencia, su método y su filosofía. Buenos Aires: Ediciones Siglo Vei, 1960. p. [?]) (negrito nosso)
A CIÊNCIA E SEUS INTERESSES (I)
Os métodos investigativos são meios arbitrados para se atingir determinados fins científicos;
Os interesses e as formas de pensar dos cientistas impõem uma divisão sistemática da ciência;
O maior objetivo da ciência é produzir explicações para os fatos reais; há problemas que somente podem ser resolvidos por determinado ramo científico.
A CIÊNCIA E SEUS INTERESSES (II)
A ciência pressupõe que a realidade é ordenada e que os acontecimentos obedecem a padrões que o homem busca desvendar;
Na atividade científica, o cientista tem certamente percepções, elabora imagens, segue normas etc., porém, tudo isso está ao serviço da concepção e transformação de idéias;
Na sua busca pela verdade, a Ciência é eficaz no fornecimento de ferramentas para o bem ou para o mal.
A CIÊNCIA E SEUS INTERESSES (III)
A CIÊNCIA E SEUS INTERESSES (IV)
Na ciência, ensina Bunge, as hipóteses funcionam como premissas da argumentação (nas disciplinas formais), ou como suposições relativas a determinados fatos (nas ciências factuais);
Não há uma única explicação para um determinado acontecimento, assim como, não há explicação que seja, propriamente falando, completa.
A “CIÊNCIA DA CIÊNCIA”
DIREÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO
- CONHECIMENTO TÉCNICO: conhecimento especializado, mas não científico (EX: Artes; Habilitações profissionais);
- PROTOCIÊNCIA / CIÊNCIA EMBRIONÁRIA: trabalho cuidadoso mas sem objeto teórico de observação e experimentação;
- PSEUDOCIÊNCIA: um corpo de crenças e práticas que invocam teorias que não têm caráter científico.
A CIÊNCIA E AS SUAS VIZINHAS
AS PSEUDOCIÊNCIAS (I)
Mario Bunge é reconhecido por expressar publicamente sua postura contrária às pseudociências e a certas correntes filosóficas, entre as quais inclui: a psicanálise; a homeopatia; a alquimia; a astrologia; a caracterologia; o comunismo científico; o criacionismo científico; a grafologia; a parapsicologia; e a ufologia;
A pseudociência é um monte de clubes, que é vendida como ciência.
AS PSEUDOCIÊNCIAS (II)
Características e críticas apontadas por Bunge:(Podemos reconhecer uma pseudociência, se ela possui ao menos duas das três características seguintes)
- Invoca entes imateriais ou sobrenaturais inacessíveis ao exame empírico;
- É crédula (não submete suas especulações a prova alguma);- É dogmática (Quando muda, só o faz em pequenos detalhes e
como resultado de brigas entre os crentes);- Rechaça a crítica;- Não encontra nem utiliza leis gerais;- Seus princípios são incompatíveis com alguns dos princípios mais
consagrados da Ciência;- Não interage com nenhuma ciência propriamente dita;- É fácil: não requer muito esforço para aprender
REFERÊNCIAS
BUNGE, Mario. La investigación científica: su estrategia y su filosofía. Barcelona: Editorial Ariel, 1985.
PAVON, Hector. Entrevista a Mario Bunge. Buenos Aires: Jornal Clarín, 2006. Acesso em: 8 Mai 2011, Disponível em: http://www.clarin.com/suplementos/cultura/2006/10/07/u-01285320.htm.