Post on 17-Apr-2015
Lesão e Morte celular
Prof. Luciano A. Mello
LESÃO CELULAR
LETAL SUB-LETAL
MORTE
NECROSE
PROCESSOS ADAPTATIVOS
Dist de
crescimento
DEGENERAÇÕES
Irreversível reversível
Hidrópicas
Gordurosa
Hialinas
Mucóides
Glicogênica
CALCIFICAÇÃO
A
P
O
P
T
O
S
E
Do grego “ cair fora” introduzida em 1972
É uma forma distinta de morte celular ( morte programada)
Manifestada pela condensação da cromatina
Fragmentação do DNA
Cuja a função é de:
Deleção de células no desenvolvimento normal
Organogênese
Funcionamento imune
APOPTOSE
Conceito: Morte celular programada em tecidos normais como uma forma de regulação da população celular
É responsável por vários eventos fisiológicos e patológicos:
- Destruição programada das células durante a embriogênese
- Involução hormônio-dependente do adulto:
- atresia folicular ovariana
- regressão da mama após a lactação
- descolamento das células endometriais durante o ciclo menstrual
- Descamação celular do epitélio da cripta intestinal
- Morte celular em tumores
- Morte de células imunológicas ( Linfócitos B e T )
- Histologicamente:
- não há inflamação no local, em contraste a necrose
APOPTOSE
Corpo apoptótico em carcinoma em língua.
Definição: Perda irreversível das atividades integradas da célula
MORTE CELULAR
- com conseqüente incapacidade de manutenção de seus mecanismos de homeostasia
- isto é, perda do “equilíbrio” da célula com o seu meio.
• É a ação degradativa progressiva de enzimas sobre a célula
letalmente lesada levando a uma digestão enzimática da célula e
desnaturação de proteínas, que ocorrer após a morte celular
NECROSE
A etiologia da necrose envolve todos os fatores relacionados às agressões,
podendo ser agrupadas em agentes físicos, agentes químicos, agentes
biológicos, Imunes e Distúrbios Nutricionais :
1) Agentes físicos:
Ex.: traumatismos mecânicos
variações de temperatura
variações repentinas de pressão atmosférica
radiações ionizantes, que produzem radicais livres
2) Agentes químicos: compreendem substâncias tóxicas
Ex.:drogas, que podem produzir lesões celulares
venenos biológicos
arsênico, álcool, medicamentos, detergentes, fenóis
substâncias de uso diário:
- poluentes ambientais
- inseticidas
- herbicidas etc.
Etiologia das necroses:
3) Agentes biológicos: Ex.: vírus parasitos bactérias protozoários fungos
4) Mecanismos Imunes: Ex.: - Reação anafilática - Enfermidades auto-imunes
5 ) Distúrbios Nutricionais: Ex.: - Deficiências nutricionais, especialmente def. vitamínicas - Excesso de alimentos
MECANISMO DE AGRESSÃO CELULAR
- Inibição de enzimasda fosforilação oxidativa - Desconexão da fosforilação oxidativa - Hipoglicemia - Hipoxia
Produção de ATP
-Produção de
Radivais livres
-Ativação do complemento
- Lise enzimática
- Resposta imune
Função da membrana
-Anomalias Genéticas herdadas
-Anomalias Genéticas adquiridas
-Toxinas exógenas
-Acúmulos de produtos tóxicos endógenos
Alterações genéticas
Alterações metabólicas
Células morfologicamente normal e funcionalmente anormal
Acúmulos citoplasmáticos anormais
Ausência de produção de ATP
Lise da memb. celular
Ausência de proteínas
vitais
Falha das reações metabólicas vitais
MORTE CELULAR
Agressão não letal
Agressão não letal
Morfologia Microscópica
As mudanças se dão, principalmente, nos núcleos, os quais apresentam alteração de volume e de coloração à microscopia óptica. Essas alterações são denominadas de:
1) Picnose(gr. "Picnos" = espessamento) : o núcleo apresenta um volume
reduzido e torna-se hipercorado, tendo sua cromatina condensada;
característico na apoptose;
2) Cariorrexe (gr. "Rhexes" = Ruptura) : a cromatina adquire uma
distribuição irregular, podendo se acumular em grumos na membrana
nuclear; há perda dos limites nucleares;
3) Cariólise ou cromatólise (gr. "lysis" = dissolução) : há dissolução da
cromatina e perda da coloração do núcleo, o qual desaparece
completamente.
Alterações nucleares:
Alterações citoplasmáticas:
Aumento da acidofilia citoplasmática: devido ao desacoplamento ribossômico
(Diminuição de RNA no citosol), ao aumento de acido láctico no citosol, e à
desnaturação de cadeias peptídicas com incremento de cargas negativas.
Granulação citoplasmática: devido a tumefação e posterior ruptura de
organelas (principalmente mitocôndrias e REL).
Homogeneização citoplasmática: com a lise das organelas e coagulação das
proteínas forma-se uma massa opaca e acidófila, vista principalmente nas
necroses coagulativas.
Ruptura da membrana celular: com liberação do material intracelular,
formando uma massa indistinta eosinofílica homogênea, vista
principalmente nas necroses de caseificação.
Características Macroscópica:
Perda da cor do tecido, que fica pálido
Perda da elasticidade do tecido, que torna-se friável
Os músculos assumem um aspecto de “carne cozida”
Tipos de Necrose: Padrões Morfológicos
1) Necrose de Coagulação
É o tipo mais comum de necrose podendo ser chamada de Necrose Isquêmica
macroscopicamente:
- Amarelo pálido
- Sem brilho
- Limites mais ou menos precisos de forma irregular ou triangular,
dependendo do órgão atingido e do tipo de circulação.
Em 99% das vezes é dependente da obstrução de ramo arterial em órgão com circulação terminal
Na sua grande maioria a necroses de coagulação é observadas nos Infartos: - Coração - Rim, - Baço - Tumores de crescimento rápido
Necrose de Coagulação
Podemos observar:
Preservação do contorno básico da célula coagulada por pelo menos alguns dias
- O aumento da acidose intracelular - desnatura as proteínas estruturais e enzimáticas -bloqueia a proteólise da célula
" O processo de necrose coagulativa é característico da morte provocada por hipóxia células, em todos os tecidos exceto no cérebro
Exemplos:
Infarto do miocárdio Necrose focal da placenta bovina na Brucelose Necrose focal em ruminantes em infecções pelo Fusobacterium
Baço – Infarto de origem vascular
Músculo esquelético
Necrose de Coagulação - Microscópica
Hepatócitos íntegros
Hepatócitos em necroseHepatócitos em necrose
Necrose de Coagulação - Microscópica
2) Necrose de Liquefação
Ao contrário da necrose de coagulação o tecido morto se encontra liquefeito
Resulta da ação de enzimas hidrolíticas
- Com dissolução enzimática rápida e total do tecido morto
- Favorecida pela estrutura e constituição do mesmo.
É característica de infecções bacterianas focais
- presença de grande quantidade de neutrófilos e outras
células inflamatórias (os quais originam o pus)
O pús, é o resultado da agressão celular por agentes que evocam reação inflamatória supurativa
- Quando localizado é denominado: Abscesso
- Se difuso, sem limites definidos: Flegmão
- Se em cavidade pré-formada, como toráxica, vesícula biliar, etc édenominado: Empiema
Necrose de Liquefação
É encontrada, principalmente, no Tecido Nervoso que é rico em lipóides, água e enzimas lisossomais e pobre em proteínas
- Apresenta pouca capacidade de coagulação - O que facilita a sua liquefação e a molecimento
microabscesso.
Características:
Estrutura semelhante a “caseum” (queijo branco e fresco)
- Apresenta- se como:
Massa amorfa e esbranquiçada
Sem brilho e consistência pastosa
Friável e seca
Microscopicamente, o tecido exibe uma massa amorfa composta predominantemente por proteínas.
- É freqüente em focos de infecções crônicas granulomatosas:
Tuberculose bovina ( Mycobacterium bovis)
Linfadenite caseosa dos ovinos (Corynebacterium pseudotuberculosis)
Tularemia ( Pasteurellatularensis)
3) Necrose Caseosa ou de Caseificação
Tuberculose pulmonar exsudativa com extensa necrose caseosa
Tuberculose intestinal
Necrose caseosa em tuberculose pulmonar. Esse tipo de necrose é caracterizado pela perda dos contornos celulares, diferentemente da necrose por coagulação. No citoplasma, bastante eosinofílico, notam-se também vacuolizações (setas).
4) Necrose Gordurosa enzimática
É uma forma de necrose do tecido adiposo na qual a gordura é desdobrada pela ação de lipases pancreáticas
Mecanismo:Lesão liberação de Lipases pancreáticas células adiposas liberando os triglicerídeos, que são hidrolisados pela lipase pancreática, produzindo Ácidos Graxos liberados se combinam com o Cálcio para produzir áreas brancas saponificadas.
Ocorre:
No tecido peripancreático ( pancreatite aguda)
No tecido gorduroso da glândula mamária
Necrose Enzimática
Esteatonecrose
Necrose enzimática gordurosa (NE) em pâncreas. Há intensa liberação de lipases nesse órgão, as quais podem atingir o próprio tecido adiposo pancreático, destruindo-o.
Corte longitudinal de pâncreas exibindo extensa área de necrose enzimática (NE).
5) Necrose hemorrágica: Quando há presença de hemorragia no tecido necrosado.
É mais uma denominação macroscópica do que microscópica
Exemplos :
Necrose hemorrágica no pulmão (geralmente por embolia)
Necrose hemorrágica no cérebro
6) Necrose Gomosa: Necrose do tecido inflamado em resposta ao agente causador da sífilis ( Treponema Pallidum)
Características:
Encontrada especialmente na sífilis congênita, tardia ou terciária
A área necrótica apresenta-se compacta, uniforme e elástica
7) Necrose fibrinóide (Degeneração fibrinóide) : É representada por alteração granular, eosinofílica da parede vascular, o tecido necrótico adquire uma aspecto hialino, semelhante a fibrina.
Pode aparecer:
Nas paredes dos vasos Na úlcera péptica Em casos com Lúpus Poliartrite
Necrose fibrinóide (NF) em úlcera péptica (estomacal). O tecido necrosado apresenta um aspecto hialino e está rodeado por infiltrado inflamatório
(IC) (HE, 100X).
8) Necrose Gangrenosa (Gangrena) As gangrenas são necroses que ocorrem com:
Isquemia
Liquefação as custas de bactérias e leucócitos onde as bactérias geralmente são anaeróbicas levando a putrefação do tecido necrótico
É encontrada em tecidos de fácil acesso para as bactérias saprofíticas, tais como:
Pele Pulmão Intestino Glândula mamária
Tipos de Gangrena : Seca, Úmida e Gasosa
Gangrena Seca: Desidratação dos tecidos necrosados secos e duros, semelhante a múmias Mumificação
Localização em extremidades como:
Nariz Orelha Membros
Características: Não apresentando o fator “dor” Apresentando macroscopicamente, linha demarcatória entre a área normal
e o tecido necrosado Côr pode variar de amarelo esverdeado à pardo enegrecido, em decorrência
da decomposição local da Hemoglobina
Etiologia :
Causa isquêmica causada através do congelamento ou vasoconstrição.
Gesso e bandagens muito apertadas;
Ocorre fisiologicamente no Cordão Umbilical
A causa da necrose por coagulação foi uma obstrução arterial aguda.
Gangrena seca, em área que sofreu necrose coagulativa. Superfície externa de membro fixado em formol.
Gangrena Úmida
Etiologia :
Causada por isquêmia e liquefação (proliferação de microrganismos)
Ocorre preferencialmente:
Nos pulmões:
Pneumonias agudas por aspiração de corpos estranhos;
Mucosa uterina:
Metrite purulenta e/ou morte fetal;
Intestino:
Evolução de apendicites e colecistites graves;
glândula mamária:
Mastite aguda por coliformes e/ou estafilococos
" É geralmente fatal, devido ao quadro de Toxemia Sistêmica
Gangrena úmida
Gangrena úmida
Gangrena Gasosa
É também conhecida como "Gangrena enfizematosa", "gangrena crepitante" ou "gangrena bolhosa".
• Quando o microrganismo infectante produz gás, como o Clostridium.
Característica:
Ação de bactérias anaeróbias gasógenas sobre o tecido necrosado
São causadas por bactérias anaeróbicas produtoras:
De gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2),
E ácido acético.
De ácido butírico (de onde o odor característico de manteiga rançosa)
Conseqüências das Necroses
O tecido necrótico comporta-se como um corpo estranho (devido à liberação de Antígenos escondidos), provocando uma reação inflamatória na tentativa de eliminar a área necrosada.
Absorção: Se a área afetada for mínima. Fagocitose por Macrófagos.
Drenagem: Se área for próxima à vias excretoras ou se ocorrer fistulação (Ruptura e drenagem de abscessos/necrose coliquativa).
Cicatrização: Proliferação fibroblástica e substituição do parênquima necrótico por tecido conjuntivo fibroso.
Calcificação distrófica: Deposição de sais de cálcio no tecido morto. Comum na necrose caseosa.
Encistamento ou Seqüestro: Formação de pseudo-cistos, quando a área de necrose é ampla limitando a absorção. Comum nas necroses do cérebro
Diferenças básicas entre apoptose e necrose
Características APOPTOSE Morte Celular Programada
NECROSE Morte Celular Acidental
Estímulo
Fisiológico (Ativação de um relógio bioquímico,
geneticamente regulado) ou patológico.
Patológico (Agressão ou ambiente hostil).
Ocorrência
Acomete células individuais, de maneira
assincrônica. Eliminação seletiva de
células.
Acomete um grupo de células. Fenômeno
degenerativo, conseqüência de lesão
celular severa e irreversível.
Reversibilidade Irreversível, depois da ativação da
endonuclease.
Irreversível, após o "ponto de não retorno"- Deposição de material floculento e amorfo na
matriz mitocondrial.
Morfologia:•Célula
Enrugamento, projeções
digitiformes da membrana celular e formação de corpos
apoptóticos.
Tumefação celular, perda
da integridade da membrana e posterior
desintegração.
Adesões entre células e Membrana Basal
Perda (precoce) Perda (tardia)
Liberação de enzimas lisossômicas
Ausente. Presente.
Fagocitose pelas células da vizinhança
Presente, antes mesmo da lise celular
("Canibalismo celular").
Ausente - Macrofagocitose pode
ocorrer, após a lise celular.
Formação de cicatrizes Ausente.
Pode ocorrer, se a área de necrose for ampla.
MORTE SOMÁTICA
Conceito: Morte do indivíduo como um todo.
MORTE SOMÁTICA
Quando é que um indivíduo morre ?
1) Perda de consciência
2) Desaparecimento dos mov e do tônus muscular
3) Parada dos mov. Respiratórios e batimento cardíaco
4) Perda da ação reflexa a estímulos táteis, térmicos e dolorosos
5) Parada de função cerebrais
Alterações Cadavéricas
Após a morte, existe uma série de alterações seqüenciais:
1) Algor Mortis (frio da morte)
2) Rigor Mortis (Rigidez cadavérica)
3) Livor Mortis (manchas cadavérica)
4) Alterações Oculares
5) Putrefação
Livor Mortis (manchas cadavérica)
Rigor Mortis (Rigidez cadavérica)
Alterações Oculares
Putrefação
Putrefação
PatologiaCaso Clínico 1Caso Clínico 1
Paciente de 60 anos, diabético, com traumatismo, inchaço e dor na região genital, febre alta. Exames de laboratório indicam uma leucocitose maior que 50.000 cel/mm3. Exame microbiológico esclarece uma flora bacteriana mista (Gram + e -). Diagnóstico: Gangrena de Fournier. Terapêutica: Extirpação cirúrgica e administração de antibioticoterapia. Evolução: Boa resposta do paciente.