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LIXO E SAÚDE: QUALIDADE DE VIDA
DOS CATADORES DE MATERIAIS
RECICLÁVEIS
Anandra dos Santos Pizzolato
(Unirg)
Elyézer Rosa de Oliveira
(Unirg)
Lucas Cavalcante Machado
(Unirg)
Resumo Este estudo analisa a produção cientifica sobre a importância da
qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis, destacando à
enfermagem como uma profissão comprometida com a qualidade de
vida. Para isso foi realizado pesquisa bibbliográfica, que teve como
referência sites, artigos científicos, livros e manuais, oferecendo assim,
conhecimento a cerca da qualidade de vida dos catadores de materiais
recicláveis. A qualidade vida dos catadores de materiais recicláveis é
ainda pouca analisada e pesquisada, embora nos dias atuais sejam
diversos os problemas relacionados ao trabalho, ambiente, saúde,
perigos ocupacionais e descaso social com essa classe de
trabalhadores. A partir daí é possível notar que há carência de
informação de como é realizado o trabalho de catação, a saúde dos
catadores de materiais recicláveis e os riscos associados ao ambiente
de trabalho, o descaso social, e a qualidade de vida. O profissional de
Enfermagem, assim como os outros profissionais de outras áreas de
formação, poderá contribuir na minimização dessa problemática a
depender de como desenvolve as ações em saúde junto a essa
população de trabalhadores, hoje visto que está na sua competência a
promoção do ser humano na sua integralidade. Acredita-se que as
informações contidas aquis poderão contribuir no melhor
entendimento do assunto neste contexto.
Palavras-chaves: Qualidade de vida; Saúde e Ambiente; Catadores de
Materiais Recicláveis e Resíduos sólidos.
20, 21 e 22 de junho de 2013
ISSN 1984-9354
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
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1. SITUAÇÃO PROBLEMA
A aceleração dos processamentos de industrialização, urbanização e consequentemente o
crescimento sócio demográfico associado, contribui para um aumento significativo no que se
refere à quantidade e a diversidade da produção dos resíduos sólidos provenientes desta
evolução. Estes por sua vez, passaram a abrigar em suas composições elementos que
apresentam riscos à saúde em virtude das novas tecnologias integradas em suas formulações.
Surgiram os meios de processamento da disposição dos resíduos para amenizar o
acúmulo e suas exposições e dar finalidade ao lixo recrutado, nas quais se destacam a criação
de lixões e aterros e a reciclagem tendo acompanhamento da coleta seletiva. Essas derivações
propiciaram o surgimento da população de catadores de lixo, sendo este um fenômeno na
escala da exclusão social inserida na sociedade, seja pelo consumo exacerbado e/ou pela
formação de resíduos sólidos urbanos.
Estima-se que exista no Brasil aproximadamente um milhão de catadores de materiais
recicláveis (CEMPRE, 2010), sendo que mais de 13 mil estão organizados em cooperativas,
associações ou grupos informais (BRASIL, 2007).
O cotidiano dos catadores de lixo ainda é pouco trabalhado pela saúde pública brasileira e
pouco visualizado no âmbito de pesquisa que referencia os impactos gerados nas condições
sociais, que incluem o lixo, qualidade de vida dos que trabalham com essa prática, e a adesão
e visão que os catadores têm no que diz respeito à exclusão social.
A qualidade de vida dos catadores de lixo trata-se de uma representação social criada a
partir de parâmetros subjetivos (felicidade, bem-estar, amor, prazer, realização pessoal) e
também objetivos, cujas referências são a satisfação das necessidades básicas e das
necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social determinada pela
sociedade.
O profissional de enfermagem tem como um dos princípios fundamental o compromisso
com a saúde e qualidade de vida da população, respeitando a vida, a dignidade e aos direitos
humanos, em todas as suas dimensões de vida social. Mediante a isso o Enfermeiro possui a
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atividade e a competência da promoção do ser humano na sua integralidade, com base no
princípio da ética e bioética. (CEPE, 2007)
Com a ascensão do capitalismo surgido depois da revolução industrial, os catadores de
materiais recicláveis aparecem como herdeiros de um processo de condição excludente.
(FERREIRA e ANJOS, 2001).
O comum é que os catadores de materiais recicláveis trabalhem por dinheiro sem contrato
ou assistência médica, relevando traços semelhantes aos dos demais grupos excluídos da
sociedade brasileira expondo-se a riscos e “cargas” responsáveis por danos a saúde do
trabalhador (LAURELL e NORIEGA, 1989).
A toxicidade e prejuízos a saúde do individuo nestes locais são bem constituídos por
estudos afins, evidenciando risco aos catadores de lixo. Desta forma os riscos a saúde e
qualidade de vida podem está associadas às questões psicossociais.A sociedade constata-se
carente no reconhecimento do trabalho desempenhado pelos catadores de lixo, sendo assim
considerado desqualificado. A história de vida dos catadores de materiais recicláveis pode ser
marcada pela vergonha, humilhação e exclusão social.
Assim, identificar a realidade da qualidade de vida dos trabalhadores do lixão é de
extremaimportância, pois, com esse conhecimento pode-se planejar e adotar ações adequadas
para os tipos de situações encontradas ou abordadas. O desafio é de aprofundar a discussão
sobre a saúde e a qualidade de vida dos catadores de lixo, esperando-se poder contribuir para
estabelecer uma relevância significativa de aprendizagem no contexto abordado aos
enfermeiros e aos trabalhadores da área da saúde, estabelecendo um diálogo interdisciplinar,
permitindo avançar no conhecimento e dar consistência a um tema que consideramos de
grande importância tanto para a teoria como para a prática da saúde coletiva.
Ressalta-se, contudo, estudos que abordam a temática da qualidade de vida dos catadores
de lixo, como se propõe esta pesquisa, são de extrema importância visto que o pouco
reconhecimento e a exposição à área de atuação da classe trabalhadora do lixo podem ser
considerados como um problema social e de saúde pública.
Neste contexto, espera-se com este estudo conhecer a qualidade de vida dos catadores de
material reciclável nos aterros sanitários.
Para alcançar tal objetivo, foram pesquisados: as características socioeconômicas dos
catadores de materiais recicláveis, e a associaçãodo trabalho e ambiente aos diversos
problemas de saúde.Através de uma revisão bibliográfica, buscando as bases conceituais e os
fundamentos teórico-práticos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Resíduos sólidos
Um dos grandes problemas do Brasil, enfrentado pelo o governo vem sendo a geração de
resíduos sólidos, com produção desenfreada. (GRIMBERG, 2004).
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2008) observou a
destinação final dos resíduos, constatando-se os vazadouros a céu aberto (lixões) constituírem
o destino final dos resíduos sólidos em 50,8% dos municípios brasileiros, 22,5% em aterros
controlados e 27,7% em aterros sanitários.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2008 p.8) descreve:
Que 26,8% das entidades municipais que faziam o manejo dos resíduos sólidos em
suas cidades sabiam da presença de catadores nas unidades de disposição final
desses resíduos. Tal atividade é exercida, basicamente, por pessoas de um segmento
social marginalizado pelo mercado de trabalho formal, que têm na coleta de
materiais recolhidos nos vazadouros ou aterros uma fonte de renda que lhes garante
a sobrevivência. Contudo, não se tem conhecimento, dentro da escala de valores das
categorias profissionais, de nenhuma outra atividade que seja tão estigmatizada e
desprestigiada socialmente como o trabalho dos catadores.
A disposição final do lixo urbano sendo realizada de forma errônea provoca poluição das
águas que se dá por meio de fenômenos naturais como arrastamento, percolação, lixiviação,
etc; do ar pelos efluentes gasosos na emitidas na atmosfera; e principalmente o solo pelo
contato direto e indireto pela associação com os outros elementos, água e ar (SIQUEIRA e
MORAIS, 2009).
Ferreira e Anjos (2001) diz que maior parte das cidades da América Latina tem sua
situação agravada devido a má disposição dos resíduos no solo de forma inapropriada em
reservatórios a céu aberto (lixões).
A excessiva geração de resíduos põe o desperdício com enfrentamento na ótica de
necessidades de mudanças. Hoje no Brasil 69% são resíduos orgânicos, anualmente 14
milhões de toneladas de sobras, viram lixo devido a procedimentos inadequados com a
mesma. Diariamente 19 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas com as sobras
desperdiçadas (GRIMBERG, 2004).
A intensa produção e o duplo desperdício de resíduos sólidos deixam-se preconizada a
sua interação é importância ao reciclar materiais como: vidro, papel, papelão, metais,
plásticos. Sendo assim, diminuindo a grande quantidade de resíduos com disposição final em
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lixões, aterros sanitários. Proporcionando assim, um mercado gerador de trabalho e renda, na
catação dos materiais recicláveis (GRIMBERG, 2004).
2.1.1 PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.
Os resíduos são consequências do processo de industrialização, urbanização, que são
provenientes de um longo período histórico, nos séculos XVIII e XIV, que desencadeou
consequências na saúde advindas da problemática ambiental (BOTTOMORE, NISBET,
1980).
O resíduo sólido pode ser descrito como um problemático tão velho quanto a
humanidade, apesar de que nos primórdio os problemas não eram de grande proporção,
devido ao homem ser nômade, ter muito espaço para viver. No entanto, a medida que a
população crescerá, começa então a formação de tribos, vilas e cidades, e com isso começa as
problemáticas de ordem ambiental, devido ao desconhecimento do homem quanto a hábito de
higiene, os rios e lagos são poluídos com esgoto e resíduos (RUSSO, 2003).
O manejo dos resíduos sólidos no final do século XIX tinha relação com a saúde pública,
com isso, inicia-se um programa na Inglaterra de condições de salubridade que se vive, a lei
afirmava aproibição de lixos em rios, diques e águas, em vigor no ano 1888 (RUSSO, 2003).
Com o passar do tempo, e a modernidade podem destacar que as diversas estruturas de
gestão de resíduos sólidos, contribuem para uma política integrada na reutilização de resíduos,
na reciclagem, baseada na redução da fonte, proporcionando a transformação de resíduos e a
qualidade da deposição em aterros (RUSSO, 2003).
2.1.2 RESIDUOS SÓLIDOS E OS PROBLEMAS ASSOCIADOS.
Os resíduos sólidos são uma ameaça a saúde da população, principalmente a dos
trabalhadores de lixo que apresentam ligação direta com as excretas residuais. A produção
exacerbada proporcionou essa problemática ambiental que se relaciona diretamente com a
saúde da população.
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Agusto (2003), expõe a idéia que as condições de saúde são resultantes das condições de
vida e ambiente que relaciona a forma de manejo dos resíduos, que viabilizam a degradação
da saúde frente aos impactos diretos e indiretos que o ambiente se submete.
Machado e Prata Filho (1995), descrevem em seus estudos que anualmente cerca de 5
milhões de pessoas acabam morrendo em virtude de aquisição de enfermidades referentes aos
resíduos que se propagam no ar, água e solo.
Uma das fontes de resíduos que mais gera a degradação do meio ambiente, são os
resíduos sólidos gerados em órgãos de saúde, que podem entrar em contato com o meio
ambiente, tendo um risco potencial de contaminação do meio. A preocupação de órgão de
saúde, prefeituras, ambientais, técnicos e pesquisadores da área vêm sendo a problemática
devido ao mau gerenciamento dos resíduos nos locais onde são prestados os serviços de saúde
(COELHO, 2000).
Os resíduos sólidos refletem uma problemática que sempre esteve presente, entretanto
nas últimas décadas, adquiriu uma grande importância no âmbito ambiental. Devido a
consciência aos resíduos sólidos, a qualidade de vida e qualidade ambiental (NUNESMAIA,
2001).
O gerenciamento de resíduos sólidos municipais, contendo agentes químicos, físicos e
biológicos, é capaz de prejudicar a saúde do ser humano e o meio em que vive (FERREIA e
ANJOS, 2001).
Os resíduos sólidos químicos dentre eles a pilha e baterias, óleos e graxas, pesticidas,
solventes, tintas, produtos de limpeza, cosméticos, remédios e aerossóis podem ter efeitos
desastrosos a saúde da população e meio ambiente. Assim como, chumbo, cádmio e mercúrio
podem interferir na saúde humana, provocando patologias diversas (FERREIRA e ANJOS,
2001).
Os resíduos sólidos derivados de componentes biológicos são responsáveis pela
transmissão direta e indireta de patologias diversificadas. Devido aos microorganismos
patogênicos encontrados em curativos, fraldas descartável, papel higiênico, absorvente,
agulhas e seringas, camisinha, e resíduos originados de laboratórios, farmácias, clinicas e
hospitais. A transmissão indireta pode ser originada por vetores encontrados pela proliferação
de nos resíduos, e também por resíduos infecciosos dos serviços de saúde relacionados a
doenças infecciosas (FERREIRA e ANJOS, 2001).
Uma das ordens que leva os resíduos sólidos a ser um problema público de saúde e meio
ambiente é a geração de problemas de ordem estética da saúde pública, os vetores e animais
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domésticos, obstrução dos rios, as inundações que são provocadas, trazendo consigo as
epidemias como fator associado (FERREIRA e ANJOS, 2001).
2.2 OS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS E AS CARGAS DE
TRABALHO
Segundo Antunes (1995), conceitua a própria condição humana como “ineliminável”, o
trabalho é uma condição natural, gerado por uma ação que caracteriza as relações entre
ohomem e a natureza, e entre a natureza e a sociedade.
A relação do home com o trabalho, expressa um dimensão transformadora, mediante ao
século XIX, assim visualizada por Marx (1978, p. 148):
Ante de tudo, o trabalho é um processo entre o homem, por sua própria ação, media,
regular e controla o seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a
matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais
pertencentes à sua corporalidade, braços, pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-
se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. A atuar, por meio desse
movimento sobre a Natureza externa a ele, e ao modificá-la, ele modifica a sua
própria natureza.
Apenas uma pequena parte do lixo produzido no País é seletivamente coletada. A maior
parte da reciclagem é feita por catadores, autônomos ou associados em cooperativas, que
retiram do lixo os materiais de mais alto valor, sendo esta atividade insalubre, de baixa
remuneração, realizada muitas vezes em lixões e aterros, ocupando trabalhadores de baixa
qualificaçãoprofissional, muitos deles menores de idade, quase sempre à margem dos direitos
trabalhistas, e que cresce nos períodos de crise econômica e de aumento do desemprego
(IBGE, 2010).
Há evidências de consequências psicossociais relacionadas ao trabalho assalariado, pois
pode ser avaliado como identidade do ser humano. O sofrimento mediante ao emprego, e o
sofrimento mediante ao trabalho, pode ter relação direta ou indireta com a identidade do sem
humano. Possui uma ligação ligada à crise do trabalho assalariado e aos desempregados
(DEJOURS, 1999).
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Com o aumento do desemprego, as exigências para o acesso no mercado de trabalho
formal, por motivos de idade avançada, condições social e baixa escolaridade. Sujem a
crescente população de catadores de materiais reciclável (MAGERA, 2003; IPT, 2003;
MIURA, 2004).
Segundo Birbeck (1978), caracteriza os catadores de materiais recicláveis como “self-
employedproletarians”, pois o ele define que o auto emprego não passa de ilusão, os catadores
auto de empregam, contudo vendem a sua força de trabalho, para as industrias de reciclagem,
trabalham sem qualquer condição de segurança social relacionado aos parâmetros do
criteriosos ao se trabalhar.
Como o lixo é considerado um achado valioso pela população carente, os catadores
constituem-se em uma comunidade de risco, não apenas para sua própria integridade física e
de saúde, como também são submetidos a uma condição de marginalidade social e
econômica, que muitas vezes se confunde como próprio conceito de lixo (CALDERONI,
1999).
O comércio de materiais recicláveis é realizado por catadores, que depois passa por
atravessadores, que são os sucateiros, e assim vendido para as empresas de reciclagem. O
trabalho de catador dependendo do dia ele arrecada cerca de 2 a 5 reais dependendo do
material coletado (MEDEIROS e MACÊDO, 2006).
A partir da década de 1980, com o crescente aumento da população de catadores de
materiais reciclável, essa população começou a se organizar em associações e cooperativas,
encarando a busca pelo reconhecimento da profissão. Foram promovidos alguns encontros,
com a finalidade do reconhecimento da importância do catador e sua contribuição como
profissional no mercado de trabalho, com o apoio de instituições não governamentais
(MAGERA, 2003).
Mediante aos acontecimentos históricos na construção da categoria de catadores de
materiais recicláveis, podemos notar o reconhecimento dessa população como profissional
oficializada na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, no ano de 2002 (MEDEIROS e
MACÊDO, 2006).
A coleta seletiva de lixo e a conscientização da população para separar os resíduos, antes
de descartá-los, podem aumentar não apenas a eficiência da reciclagem, como também trazer
melhorias na qualidade de vida de catadores e de outros trabalhadores que lidam com resíduos
(IBGE, 2010).
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Segundo Migueles (2004, p.14), “para que a sociedade perceba o catador como um
trabalhador qualquer é preciso associar o trabalho de catação a significativos positivos”.
A criação de cooperativas e associações no Brasil são recentes, uma das cooperativas
mais antiga é a Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais
Reaproveitáveis – COOPAMARE, fundada no ano de 1985, em Belo Horizonte (MAGERA,
2003).
Segundo Nunesmaia (1997), a reciclagem vem sendo expandida como forma de
tratamento dos resíduos sólidos urbanos, visando reduzir o volume e o potencial de
periculosidade do lixo. A recuperação de materiais recicláveis presentes no lixo possibilita seu
reaproveitamento e pode ser também considerada fonte de matéria-prima secundária na
fabricação de novos produtos.
Sisinno (2002) diz que, os resíduos sólidos urbanos frente às consequências de seu
manejo e disposição final inadequado acabam refletindo direto e indiretamente na vida e
saúde da população que devem ser compreendidos como um problema de saúde pública.
2.3 Qualidade de vida
O Código de Ética do Profissional de Enfermagem (CEPE) (2007) associa a qualidade de
vida de um indivíduo, família e coletividade, ligada diretamente a profissão de enfermeiro que
por sua vez se integra nas ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde,
no qual o mesmo presta assistências que visem satisfazer as necessidades de saúde da
população e dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais.
A expressão qualidade de vida vem sendo referência para inúmeras pesquisas e
discussões políticas, acadêmicas, entre outros, desencadeando um interesse com a mensuração
de níveis de qualidade de vida pela as Nações Unidas. Ainda hoje o seu conceito e de caráter
indefinido a respeito teórico devido às várias formas em que se define (CORRÊA, 2005).
A Organização Mundial de Saúde – OMS (1996) conceitua Qualidade de Vida no
contexto em que refere a posição de vida nas percepções individuais de cada individuo, no
contexto de valores e cultura que vive, de acordo com as expectativas, preocupações, metas e
padrões. Promovendo uma abrangência na saúde física, relações sociais, crenças pessoais,
estado psicológico, nível de dependência e a características de relacionamento que destaca-se
no ambiente.
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Forattini (1991, p. 75), refere que a qualidade de vida se traduz em satisfação pela vida.
De acordo com o autor;
O estado de satisfação ou insatisfação constitui na verdade, experiência de caráter
pessoal e está ligado ao propósito de obtenção de melhores condições de vida. O
grau de ajustamento às situações existentes, ou então, o desejo de mudança poderá
servir para avaliar a presença ou ausência de satisfação.
A Organização Mundial de Saúde (1994) refere um conceito de natureza multifocal da
qualidade de vida. Sendo assim, desenvolveu um instrumento WHOQOL-100, que possibilita
a avaliação da qualidade de vida que posteriormente definiu seu conceito sendo uma
percepção que indivíduo tem em relação à posição de vida baseado nas suas perspectivas,
objetivos, padrões e preocupações, reconhecendo a multidimensionalidade que envolvem o
domínio físico, níveis de independência, relação social, domínio psicológico, meio ambiente,
religião e crenças pessoais.
Qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao
grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria
estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os
elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo
abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de
indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias
diferentes, sendo, portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural
(MINAYO et al., 2000).
É importante observar também que, em todas as sondagens feitas sobre qualidade de
vida, valores não materiais, como amor, liberdade, solidariedade e inserção social, realização
pessoal e felicidade, compõem sua concepção (MINAYO et al., 2000)
Praticar esportes, manter hábitos saudáveis, cuidar do corpo, entende-se que qualidade de
vida e referente aos cuidados com a saúde, vivendo assim em equilíbrio (COSTA, 2008).
Segundo Martins (2006), a melhoria quanto a qualidade de vida do povo, é dever do
governo, com o objetivo de construir uma sociedade democrática, social, humana, livre e
fraternal.
A Organização Mundial de Saúde (1994) desenvolveu um instrumento WHOQOL-100
(Qudro1), que possibilita a avaliação da qualidade de vida que posteriormente definiu seu
conceito sendo uma percepção que indivíduo tem em relação à posição de vida baseado nas
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suas perspectivas, objetivos, padrões e preocupações, reconhecendo a multidimensionalidade
que envolvem o domínio físico, níveis de independência, relação social, domínio psicológico,
meio ambiente, religião e crenças pessoais.
Quadro 1 - Domínios e facetas do WHOQOL-bref.
Domínio 1 - Domínio físico
1. Dor e desconforto
2. Energia e fadiga
3. Sono e repouso
9. Mobilidade
10. Atividades da vida cotidiana
11. Dependência de medicação ou de tratamentos
12. Capacidade de trabalho
Domínio 2 - Domínio psicológico
4. Sentimentos positivos
5. Pensar, aprender, memória e concentração
6. Autoestima
7. Imagem corporal e aparência
8. Sentimentos negativos
24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Domínio 3 - Relações sociais
13. Relações pessoais
14. Suporte (Apoio) social
15. Atividade sexual
Domínio 4 - Meio ambiente
16. Segurança física e proteção
17. Ambiente no lar
18. Recursos financeiros
19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e
qualidade
20. Oportunidades de adquirir novas informações e
habilidades
21. Participação em, e oportunidades de recreação/
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lazer
22. Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)
23. Transporte
FONTE: OMS (1994).
2.4 Saúde e ambiente
No Brasil urbano cerca de vinte milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada;
setenta e cinco milhões não dispõem de serviços de esgoto, e sessenta milhões não são
atendidos por coleta de lixo. Apenas 3% do lixo urbano têm disposição final adequada, 63%
são lançados em cursos de água e 34%, a céu aberto (SABROZA; LEAL, e BUSS, 1992).
Diferentemente do que se acreditava, a crise do meio ambiente urbano está tendo um
impacto na saúde, em grande proporção e mais rápido do que o esperado, de problemas
ambientais considerados prioritários, como as alterações climáticas no mundo, chuvas ácidas,
destruição de florestas tropicais, como também desmatamento nas proximidades urbanas e
desaparecimento de diversas espécies animais e vegetais (ROSSI-ESPAGNET et al., 1991).
A Organização Mundial da Saúde - OMS(2000), define que: Saúde ambiental é o campo
de atuação da saúde publica que se ocupa das formas de vida, das substancias e das condições
em torno do ser humano, que podem exercer alguma influencia sobre a sua saúde e seu bem
estar. Segundo Augusto (2003), é como essa definição que o conceito de saúde mostra-se
claramente como resultante das condições de vida e do ambiente.
Porto (2000, p.8), refere-se ao risco a saúde dos catadores de maneira genérica, entendido
como:
Toda e qualquer possibilidade de que algum elemento ou circunstância existente
num dado processo e ambiente de trabalho possa causar dano à saúde, seja através
de acidentes, doenças ou do sofrimento dos trabalhadores, ou ainda através da
poluição ambiental.
A construção do conceito de saúde passa assim a não ser abstrata, definindo-se no
contexto histórico da sociedade e em seu processo de desenvolvimento, englobando as
condições de alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, emprego, lazer,
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liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde (SIQUEIRA E MORAES,
2009).
Conforme Rouquayrol (1986 apud Sisinno e Oliveira, 2000), o lixo representa um
elemento que não deve ser desprezado no estudo da estrutura epidemiológica, uma vez que,
pela sua variada composição, poderá conter agentes biológicos patogênicos ou resíduos
químicos tóxicos quem poderão alcançar o homem direta ou indiretamente, afetando-lhe a
saúde.
De forma semelhante, Zanon (1992 apud Eigenheer, 1999) afirma que a remoção dos
resíduos sólidos hospitalares ou residenciais é muito mais uma agressão sensorial à visão e ao
olfato, do que um risco infeccioso.
2.5 AGRAVOS EM SAÚDE X TRABALHADORES DO “LIXO”
Existem poucos estudos referentes à saúde do trabalhador de coleta de lixo no que diz
respeito aos aspectos epidemiológicos e a organização do sistema de gerenciamento de
resíduos municipais, mesmo em países desenvolvidos (AN et al, 1999).
O manejo manual dos resíduos na qual os trabalhadores se submetem os induz a
exposição no ambiente de trabalho, a agentes biológicos, como vírus, bactérias, fungos,
protozoários, artrópodes e helmintos que em contato com o homem podem provocar doenças,
se enquadrando nos riscos ocupacionais biológicos. Estão inclusos também, ataques de
animais peçonhentos, domésticos e/ou selvagens (LAZZARI e REIS,2009).
Segundo Ministério da Saúde do Brasil (2007), através do Programa de DST/AIDS, a
contaminação com vírus, como os do HIV e os das Hepatites B e C, pode ocorrer através da
lesão ocasionada por agulhas contaminadas descartadas nos resíduos. Em Brusque/SC
comprovou-se a contaminação de um catador de materiais recicláveis, com o vírus HIV, por
contato com uma agulha contaminada em virtude de um acidente de trabalho.
Constatou-se em uma pesquisa realizada com catadores do lixão do Jangurussu,
Fortaleza – CE, como maior perigo existente nessa ocupação a possibilidade de cortarem a
pele com materiais perfurocortantes (cacos de vidro, lâminas e lascas de madeiras).
Referencia também doenças ocupacionais associadas a esse meio conforme relatados pelos
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catadores a respeito de micoses, frequentemente encontrados, onde suas vestes colaboram
para o desenvolvimento de microorganismos (CALVALCANTE e FRANCO, 2007).
Apesar dos trabalhadores terem alguns recursos para sua proteção os mesmo ainda são
pouco efetivos e os riscos ainda não são ausentes, os materiais apresenta periculosidade. Esses
materiais acabam por provocar lesões nos trabalhadores, através do contato das sacolas com
os membros superiores e inferiores. Essas lesões são portas de entrada para microorganismos
presentes no lixo (LAZZARI e REIS,2009).
Há retratos também de perigos associados a incêndios que podem se desencadear em
razão do uso de cigarros pelos catadores pela presença materiais inflamáveis (pilhas e
aerossóis). Além da exposição ambiental a agentes físicos, químicos e biológicos, os perigos
dessa ocupação englobam ainda fatores ergonômicos, no que se refere às limitações e
dificuldades no trabalho de catação, tal como ato contínuo de vergar o corpo para apanhar o
lixo ou carregar peso excessivo. Ainda no contexto de risco os agentes danosos podem ter sua
ação ampliada por certas posturas e hábitos adotados pelos catadores tais como o horário e a
qualidade do alimento ingerido, o tabagismo e o consumo de álcool que resulto em efeitos
deletérios à sua saúde, bem como aumentam os riscos de acidentes (CALVALCANTE e
FRANCO, 2007).
2.6 Emancipação e exclusão social dos catadores de lixo
Segundo Santos (1997), a concepção multicultural de direitos humanos pode servir como
instrumentos para se atingir a emancipação social.
Os riscos à saúde e qualidade de vida desses catadores referem-se às questões
psicossociais. Segundo Gesser e Zeni (2004), a história de vida dos catadores de materiais
recicláveis é marcada pela vergonha, humilhação e exclusão social; sua ocupação é sentida
como sendo desqualificada e carente de reconhecimento pela sociedade.
Por sua vez, conforme Minayo (2001 p. 23),
a exclusão social pode ser definida como um processo múltiplo de apartação de
grupos e sujeitos, presente e combinado nas relações econômicas, sociais, culturais e
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15
políticas, dele resultando discriminação, não acessibilidade ao mundo oficial do
trabalho e do consumo.
Na análise de Escorel (1999), a dimensão sócia familiar (constituída das relações
familiares, de vizinhança e de comunidade) mantém-se como a principal referência para o
indivíduo, sendo o suporte mais estável frente às frequentes adversidades oriundas do
mercado de trabalho, da precariedade das proteções sociais e dos estigmas reinantes na
sociedade.
Winnicott (1975) se refere à criatividade do sujeito como uma condição universal para ele
estar vivo, isto é, a interação da sua realidade interna com a realidade externa. Num sujeito
com capacidade cerebral razoável e inteligência suficiente para se tornar uma pessoa ativa e
participar da vida comunitária, tudo o que acontece é criativo. Inversamente, fatores
ambientais que venham a sufocar seus processos criativos podem torná-lo submisso e doente.
3 METODO
3.1 Tipo de pesquisa
Trata-se de uma pesquisa do tipo bibliográfica, descritiva e exploratória, onde foram
utilizados publicações e sites científicos, buscando os estudos com os seguintes descritores:
qualidade de vida, catadores de lixo, materiais recicláveis e resíduos sólidos, com ênfase
naparticipação e capacidade de análise dos sujeitos em relação ao processo de trabalho,
condições de vida e estado psicossocial.
A pesquisa visa conhecer um fenômeno sem modificá-lo, a fim de entender o objeto de
interesse em um determinado espaço e tempo (SELLTIZ, COOK e WRIGHTSMAN, 1987).
Segundo Lakatos (1991, p. 190): “trata-se de um levantamento de toda bibliografia já
publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e impressa escrita”.
De acordo com Abrantes (2008, P. 14) “a pesquisa bibliográfica, como o próprio nome
indica, é de eventos e da internet. Toda pesquisa tem sua fase bibliográfica, pois todas têm de
ter a fundamentação teórica e a revisão de literatura.”
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16
A pesquisa descritiva objetiva a descrição de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis (ARAÚJO, 1997).
Segundo Malhotra (2001, p. 108), a pesquisa descritiva “tem como principal objetivo a
descrição de algo”, um evento, um fenômeno ou um fato.
A pesquisa exploratória foca na maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-
lo mais explícito ou a facilitar a construção de hipóteses. Esse tipo de pesquisa tem como
principal objetivo o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições, novas idéias. A
pesquisa exploratória é extremamente flexível, de modo que quaisquer aspectos relativos ao
fato estudado têm importância. Grande parte das pesquisas do tipo envolve levantamento
bibliográfico, documental e entrevista ou questionário envolvendo pessoas que tiveram
alguma experiência com o problema. Geralmente são de natureza qualitativa (ARAÚJO,
1997).
3.2 Critérios de inclusão
Estudos relacionados ao tema, os artigos da Scielo, artigos da BVS, artigos do Google
Acadêmico, Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente, Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem e dentro do período de 1970 até 2012. Em que constou o nome
do autor e que tenha pertinência com o tema proposto. Utilizando como descritores: qualidade
de vida, resíduos sólidos e catadores de materiais recicláveis. Foi utilizados artigos em
português, inglês, espanhol e francês.
3.3 Critérios de exclusão
Foram usadas no critério de exclusão: todos os artigos não relacionados com o tema,
descritores e pesquisas realizadas fora do período estipulado.
3.4 Local da pesquisa
As buscas ocorreram basicamente em bibliotecas virtuais, sendo elas: Scielo, BVS,
Google Acadêmico.
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17
3.5 Análise de dados
A análise de dados ocorreu, após o estudo criterioso dos artigos selecionados,sendoos
mesmos tabulados compreendendo as variáveis estudadas, a partir da analise de similaridade.
4 RESULTADOS e DISCUSSÃO
Os estudos encontrados totalizaram 96 artigos, destes apenas 65 foram incluídos na
pesquisa, pois se encaixavam nos critérios de inclusão.
Apresenta-se a seguir estudos válidos e que foram considerados neste trabalho. O
Quadro2 mostra as bibliotecas pesquisadas, autor, título e ano.
Quadro 2: Estudos incluídos na pesquisa.
BIBLIOTECA AUTOR TITULO ANO
BVS
COELHO, H;
Manual de gerenciamento de resíduos
de serviço de saúde; 2000
FERREIRA, J. A.
Lixo hospitalar e domiciliar:
Semelhanças e diferenças – Estudo de
Caso do Municipio do Rio de Janeiro;
1997
GESSER, M;
ZENI, A. L. B
A educação como uma possibilidade de
promover cidadania aos catadores de
materiais recicláveis
2004
NUNESMAIA,
M. F S.
Lixo: soluções alternativas - projeções a
partir da esperiencia UEFS; 1997
PORTO, m. f. s. Análise de riscos nos locais de trabalho 2000
Porto et al
Lixo, trabalho e saúde: um estudo de
caso com catadores em um aterro
metropolitano no Rio de Janeiro, Brasil
2004
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BVS
Schimtt, J. C A historia dos marginais 1990
ACADÊMICO
ARAUJO, A. O;
OLIVEIRA, M.
C.
TIPOS DE PESQUISA 1997
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Self-employed prolaterians in an
informal factory: the case of cali’s
garbage dump
1978
BOTTOMORE,
T; NISBERT, R. Historia da analisesociologica 1980
BRASIL, M. A
Secretaria Nacional de Economia
Solidária, Atlas de Economia Solidaria
no Brasil.
2003
Casa Civil Presidência da Republica; Lei Federal 2010
CEMPRE Compromisso Empresarial para
Reciclagem 2010
CEPE Códido de Ética do Profissional de
Enfermagem 2007
CERVO, A. L;
BERVIAN, P. A. Metodologia científica 2002
Corrêa, l. b. a A educação ambiental e os resíduos
sólidos dos serviços de saúde 2005
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observador de resíduos. 1999
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GRINBERG, E . A política nacional de resíduos sólidos: 2004
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a responsabilidade das empresas e a
inclusão social
IBGE Pesquisa nacional de amostra por
domicilio 2008
IPT Cooperativa de catadores de materiais
recicláveis: guia para implantação 2003
LAKATOS, E.M;
MARCONI, M.
A.
Fundamentos de metodologia cientifica 1991
LAURELL, a. c;
NORIERA, m.
Processo de produção e saúde: trabalho
e desgaste operário 1989
MALHOTA, N.
K.
Pesquisa de marketing: uma orientação
aplicada; 2001
MARTINS, H. E.
S. Qualidade de Vida 2006
MATTOSO, J. O.
Brasil desempregado: como foram
destruídos mais de 3 milhões empregos
nos anos 90
1999
MINAYO, M. C.
S.
Condições de vida, desigualdade e
saúde: a partir do caso brasileiro. 2001
MINAYO, M. C.
S; GOMEZ, C,
THEDIM-
COSTA, S. M. F.
Precarização do trabalho e desproteção
social: desafios para a saúde coletiva. 1999
NOBRE, M. R. C. Qualidade de Vida 1995
OLIVEIRA, M.
C.
Analise do conteúdo e da forma dos
periódicos nacionais de contabilidade 2001
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento
Basico 2008
ROUQUAYROL
M. Z; ALMEIDA
N. F.
Epidemiologia e saúde. 1986
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ACADÊMICO
RUSSO, M. A. Tratamento de resíduos sólidos 2003
SISINNO, C. L.
S.
Destino dos resíduos urbanos e
industriais no estado do Rio de Janeiro:
Avaliação da toxicidade dos resíduos
em sua implicações para o ambiente e a
saúde humana
2002
SCIELO
AN, H. et al
Occupational health and safety amongst
municipal solid waste workers in
Florida
1999
ANTUNES, R.
Adeus ao trabalho¿ Ensaio sobra às
metamorfoses e a centralidade do
mundo do trabalho.
1995
AUQUIER, P;
SIMEONI, M. C;
MENDIZABAL,
H.
Approchesthéoriquesetméthodologiques
de laqualité de vieliée à lasanté. 1997
CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. 1999
CASTEL, R. As metamorfoses de questão social:
uma crônica do salário. 1998
CATAPRETA, c.
a. n; HELLER, L.
Associações de coleta de resíduos
sólidos domiciliares e saúde. 1999
CAVALCANTE,
S; FRANCO, N.f.
a.
Profissão perigo: percepção de risco a
saúde entre os catadores do lixão de
Jangurussu.
2007
COIMBRA, J. A. O outro lado do meio ambiente 1985
ESCOREL, S. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão
social. 1999
FERREIA, J. A;
ANJOS, L. A .
Aspectos de saúde coletiva e
ocupacional associados a gestão dos
resíduos sólidos municipais
2001
FORATTINI, O.
P.
Qualidade de vida do meio urbano: a
cidade de São Paulo, Brasil. 1991
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SCIELO
GIANCHELLO,
A. L
Health outcomes researth in
Hispaniccs/Latinos 1996
GOLD, M. R; et
al Identifying and valuing outcomes 1996
LAZZARI, M. A;
REIS, C. B.
Os coletores de lixo urbano no
município de Dourados (MS) e sua
percepção sobre os riscos biológicos em
seu processo de trabalho.
2009
MACHADO, C;
PRATA FILHO,
D. A.
Gestão de resíduos sólidos urbanos em
Niterói/RJ 1999
Magera, M. Os empresários do lixo: um paradoxo
da modernidade 2003
MEDEIROS, L.
F. R; MACêDO,
k. b.
Catador de material reciclável: uma
profissão para alem da sobrevivência¿ 2006
MIGUELES, C. P
Significado do lixo e ação econômica – a
semântica do lixo e o trabalho dos
catadores do Rio de Janeiro
2004
MINAYO, M. C;
HARTZ, Z. M. A;
BUSS, P. M.
Qualidade de vida e saude: um debate
necessário. 2000
OMS
Um manual para profissionais de saúde
de nível superior (médicos, enfermeiros,
nutricionistas, e outros) e suas equipes
auxiliares.
2000
OMS Glossário de promoção da saúde 1996
PELICIONI, M.
C. F
Qualidade de vida das mulheres
trabalhadoras das creches conveniadas
o bairro Bela Vista do Município de São
Paulo.
1998
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SCIELO
RUEDA, S.
Habitabilidad y calidad de vida:
aproximaciónal concepto de calidad de
vida
1997
ROSSI-
ESPAGNET, A.,
GOLDSTEIN,
G.B.
TABIBZADEH, I.
Urbanization and health
in developing countries: a challenge for
health for all
1991
SABROZA, P. C;
LEAL, M. C;
BUSS, P. M.
A Ética do desenvolvimento a proteção
às condições de saúde 1992
SANTOS, B. S. Por uma concepção multicultural de
direitos humanos 1997
SELLTIZ, C;
WRIGHTSMAN,
L. S; COOK, S.
W.
Métodos de pesquisa nas relações
sociais 1987
SIQUEIRA, M.
M; MORAES, M.
S.
Saúde coletiva, resíduos sólidos urbanos
e os catadores de lixo. 2009
SISINNO, C. L.
S; OLIVEIRA, R.
M.
Resíduos sólidos, ambiente e saúde:
uma visão multidisciplinar 2000
VELLOSO, M. P;
SANTOS, E. M;
ANJOS, L. A.
Processo de trabalho e acidentes de
trabalho em coletores de lixo domiciliar
na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
1997
WINNICOTT, D.
W. O brincar e a realidade. 1985
WHOQOL
The developmente of the World Health
Organization quality of life assessmente
instrument (ther WHOQOL)
1994
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
23
4.1 Qualidade de vida dos catadores de materiais reciclável
De acordo 100% dos estudados, destacou-se que a qualidade de vida tem relação direta
com a saúde, ambiente e situações adversas, colocando assim a condição dos catadores de lixo
em uma ligação sem precedentes, direta com seu trabalho mediante as situaçõesvivenciadas
no dia a dia, e o ambiente onde desenvolvem suas atividades.
Em relação aos trabalhadores, a qualidade de vida não pode ser desvinculada, devido
ao favorecimento e surgimento de sérios problemas referentesautoestima, sentimentos
negativos quanto a sua vida, imagem corporal e aparência. O sentimento de baixa auto estima,
surge mediante a pouca importância da classe, no critério de organização de associações e
organizações, e o desconhecimento da sociedade sobre o trabalho de catação e a sua
importância laboral. Precisa-se incorporar nos catadores de materiais recicláveis o sentimento
de presença social, e influenciar a sociedade de maneira que imagem negativa dos
catadorespossa mudar, melhorando assim a auto imagem e autoestima.
Castel (1998), diz que a vulnerabilidade social é uma zona intermediária nos parâmetros
de vivencia coletiva, sem estabilidade que condizem com a precariedade do trabalho e a
fragilidade dos suportes de proximidade, favorecendo a exclusão e não inserção da classe
trabalhadora.
Uma das formas consideráveis como requisito fundamental no principio de qualidade de
vida é a moradia. A falta de moradia de grande parte dos catadores de materiais recicláveis
mediantea baixa qualidade de vida podeser consideradauma forma de influenciar
negativamente os domínios considerados no instrumento para avaliar a qualidade de vida:
psicológico, relações sociais e o do ambiente. Sobre tudo, influenciando no critério de
segurança, proteção da família, alimentação e na auto identidade do catador de materiais
recicláveis.
Ao verificaram-se similaridades dos autores pode-se destacar a importância dos catadores
de lixo para a sociedade, e as suas necessidades e a busca de qualidade de vida. É importante
ressaltar os domínios de qualidade de vida: ambiente e das relações sociais dos catadores
mostra-se coerente, devido alguns por sua vez, ser morador de rua, descriminado por suas
vestimentas, por muitas vezes ter baixa escolaridade.No entanto, os catadores de materiais
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24
recicláveis tem um tipo de trabalho significativo, comparado à percepção de qualidade de
vida.
4.2 Características socioeconômicas de catadores de materiais recicláveis
Na considerável análise de 100% dos autores estudados, todos destacaram as baixas
condições de vida dos catadores de materiais recicláveis mediante a baixa escolaridade,falta
de opção de trabalho, dificuldades de emprego, gerando assim, a facilidade de conseguir
dinheiro induzindo ao trabalho na coleta de materiais recicláveis. Alguns estudos mostraram
uma avaliação sucinta que a maioria dos catadores de materiais recicláveis tem o grau de
escolaridadebaixa, sendo assim, relacionadas diretamente com as condições de vida.Um dos
aspectos considerados relevantes que podemos destacar devido ao baixo grau de escolaridade,
gira em torno da significativa deficiência em hábitos saudáveis, educação alimentar e
conhecimento sobre prevenções de doenças. Colaboram então para o aparecimento de
doenças e dificuldade de condições de vida.
Uma questão abrangente e negativa no trabalho de catação de materiais recicláveis
éodesempenho do trabalhonão formal, gerando renda de acordo com o material coletado,
portanto a renda esta relacionada diretamente com a produção individual dos trabalhadores.
Esta informalidade do trabalho associada a baixa renda financeira, possuem suas residências
no ambiente de trabalho, colocando assim todos da família envolvidos com a catação,
coletando mais materiais e lucrando mais.
4.3 Associação do trabalho e ambiente com os diversos problemas de saúde
De 100% dos autores estudados, 50% dos autores destacaram uma associação do trabalho
a problemas de saúde na forma direta, 50% dos autores associaram o trabalho relacionado de
forma indireta a saúde.
As formas de trabalho desempenhadas pelos catadores de materiais recicláveis exigem
muita força e esforço físico, e com a rotina do trabalho acarretam problemas associados a
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
25
dores corporais, problemas ósteoarticulares, hipertensão e nervosismo, no domínio físico do
instrumento de avaliação de qualidade de vida, essa é uma das formas indiretas do trabalho
influenciando na saúde do catador.
Os geradores de riscos indiretos a saúde do trabalhador, são os agentes físicos, químicos e
biológicos, os quais os catadores de materiais recicláveis ficamexpostosnos locais de coleta
sem qualquer equipamento de proteção individual.
Os materiais perfuro cortantes, muitas vezes presente nos resíduos sólidos, representam
de forma direta um risco a saúde do trabalhador, podemos destacar, neste caso, os cortes com
perfuro cortantes e materiais como: cacos de vidro, lâminas e lascas de madeira nos locais de
coleta, além de ataques de animais peçonhentos, domésticos e/ou até selvagens e acidentes
provocados no local por máquinas.
A falta de conhecimento mediante a prevenção de agravos à saúde e promoção a saúde, e
a não procura dos serviços disponíveis na sociedade, podem estar associados a dificuldades
para um bom estado de saúde do catador de material reciclável.
Os autores destacam a importância do ambiente e que o mesmo exerce influencia na
qualidade de vida e saúde do catador, sendo esse um dos pontos a serem visados pela saúde
pública, como meio de se moldar um plano de cuidados ao ambiente e ao mesmo tempo aos
indivíduos que se inserem no âmbito. A OMS (2000), diz que saúde ambiental é o campo de
atuação da saúde publica que se ocupa das formas de vida, das substancias e das condições em
torno do ser humano, que podem exercer alguma influencia sobre a sua saúde e seu bem estar.
4.4 Políticas públicas e enfermagem: a relação neste contexto
De acordo com CEMPRE (2010), hoje no Brasil a população de catadores de matérias
recicláveis ultrapassa um milhão de pessoas.
Podemos abordar a temática do desconhecimento e descaso referente à classe
trabalhadora de catadores de materiais recicláveis pela população, governantes, na qual a
classe de enfermagem estende seus valores éticos a ate mesmos as classes menos favorecidas,
que tem como seu princípio fundamental o compromisso com a saúde e qualidade de vida da
população, respeitando a vida, dignidade, direitos humanos, em todas as dimensões sociais.
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
26
Mediante a isso, a atividade do enfermeiro deve ser de extrema competência de conhecer e
promover a promoção da saúde dos catadores de materiais recicláveis em toda sua
integralidade, com base no princípio ético e bioético (CEPE, 2007).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho expôs a idéia de que o ser humano possui uma necessidade de ter uma
qualidade de vida adequada bem como de saúde que a integra. O tema propôsuma abordagem
a essa temática relaciona a qualidade de vida dos trabalhadores de materiais recicláveis com o
lixo e os efeitos provocados à sua saúde.
Através desse estudo podemos conhecer a realidade da qualidade de vida dos
trabalhadores do lixo, sua importância para a sociedade, os desafios que classe trabalhadora
enfrentadas em seu cotidiano, as características socioeconômicas, e os problemas de saúde
associados ao ambiente.
A compreensãodas seguintes variáveis, foi viável através do estudo, sendo elas: qualidade
de vida, catadores de lixo, materiais recicláveis, resíduos e papel do enfermeiro Através destes
constatou-se informações a cerca da temática e dos problemas associados a saúde, ambiente,
ralação social e econômica desta classe trabalhadora, ressaltando assim as dificuldades
enfrentadas pelo trabalhador de coleta de materiais recicláveis e por outro lado podendo
ressaltar a importância do olhar holístico do profissional de enfermagem neste contexto.
Uma das dificuldades encontradas para a elaboração desse trabalho foi a pouca
disponibilidade dos acervos, arquivos, trabalhos de conclusão de curso, artigos científicos, ou
qualquer estudo de cunho científico, que compreendem o tema proposto, havendo limitações
na busca de conceitos e maior integralidade dos assuntos abordados.
O estudo constata uma preocupação referente à qualidade de vida dos catadores de
materiais recicláveis. Para que haja uma melhoria na situação de qualidade de vida desta
população, deve haver um despertamento da sociedade, principalmente dos governantes a
cerca da formulação e aplicação de políticas públicas destacando a promoção de saúde no
cuidado dos catadores de materiais, pois os mesmos sofrem danos referentes aos domínios
estipulados pelo instrumento para avaliação da qualidade de vida.
A enfermagem neste contexto assume papel relevante, considerando que um dos seus
princípios fundamentais, é o compromisso com a saúde, qualidade de vida, respeito à vida e a
dignidade e os direitos humanos em toda a dimensão social sem exclusão ou acepção de
IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013
27
pessoas. Possui, assim, a função que lhe é atribuída na elaboração da promoção, prevenção e
assistência como um todo à saúde coletiva também dos catadores de materiais recicláveis em
toda sua integralidade, com base em princípios éticos e bioéticos, sendo os mesmos incluídos
na sociedade e como ser humano.
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